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FORMAS MEIOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

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Prof. Zanzoni
GESTÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
FORMAS E MEIOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
A fim de afastar quaisquer dúvidas, é fundamental frisarmos a diferença entre Administração Pública Direta e Administração Pública Indireta. 
DIRETA – Aquela realizada pelos próprios órgãos do ente político. (Presidência da República, Ministérios, Secretarias dos Ministérios, etc)
INDIRETA – Relativa às tarefas reservadas para pessoas jurídicas criadas pelo ente político, ou seja, tarefas realizadas INDIRETAMENTE pela administração pública. (Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista)
Um contrato celebrado pelo Ministério da Fazenda com um particular não gera direitos e obrigações para o próprio Ministério, mas para a União, a entidade política. 
Se o mesmo contrato fosse celebrado por uma autarquia, uma entidade administrativa, geraria direitos e obrigações para a própria autarquia, que é dotada de personalidade jurídica, como ressalta o conceito legal. 
Em caso de descumprimento do contrato, seria ela a ocupante do pólo passivo de uma eventual ação judicial movida pelo prejudicado (e não a entidade política que a criou).
CÍRCULOS DE PODER
Existe outra diferença importante. É a existente entre órgão público e entidade. 
A Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo em âmbito federal, diferencia as duas figuras jurídicas, ao definir:
ÓRGÃO - como “a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da Administração indireta” (estrutura interna do ente político)
ENTIDADE – como “unidade de atuação dotada de personalidade jurídica” (pessoa jurídica que o ente político criar)
Órgãos públicos, portanto, constituem meros centros de competência despersonalizados, partes componentes de uma entidade política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou entidade administrativa (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas). 
Entidade (política ou administrativa), por sua vez, é uma pessoa jurídica, logo, ente com personalidade própria.
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO ADMINISTRATIVA
DESCONCENTRAÇÃO administrativa é mera divisão de competências efetivada na intimidade de uma mesma pessoa jurídica, sem quebra da estrutura hierárquica. 
Não há, no caso, criação de pessoa jurídica ou transferência de atribuições a uma já existente, mas apenas divisão de tarefas entre os órgãos da própria pessoa jurídica, seja esta um ente político ou uma entidade administrativa.
Descentralização e desconcentração são dois conceitos inconfundíveis.
DESCENTRALIZAÇÃO pressupõe a existência de duas pessoas, uma das quais receberá determinada competência (ou seu exercício) de outra; 
DESCONCENTRAÇÃO existe apenas uma pessoa, e sempre uma pessoa jurídica, que distribui suas competências entre os diversos órgãos que a integram.
Quando não há esta divisão de atribuições entre órgãos (algo meramente hipotético), dizemos que há atuação administrativa concentrada, quando há, dizemos que é desconcentrada.
A desconcentração pode-se dar em função de: 
MATÉRIA
- Ministério da Saúde;
 Ministério da Fazenda. 
HIERARQUIA (criando-se órgãos superiores e subordinados ou mesmo por motivos geográficos)
- Delegacia da Receita Federal de Rio Grande/RS;
- Delegacia da Receita Federal de Santa Maria/RS.
FORMAS/MEIOS DE PRESTAÇÃO – SERVIÇOS PÚBLICOS
Primeiramente, deixemos claro como a CF/88 definiu a atuação do Estado e de particulares:
CABE AOS PARTICULARES
  Atuar na área relativa ao domínio econômico (atividade lucrativa e busca de clientela).
CABE AO ESTADO
 Atuar na prestação de serviços públicos
FORMAS/MEIOS DE PRESTAÇÃO – SERVIÇOS PÚBLICOS
PARTICULARES
  Só podem atuar na prestação de serviços públicos mediante uma delegação do Estado.
ESTADO
 Só pode atuar no domínio econômico nos casos de relevante interesse público e imperativos da segurança nacional
FORMAS/MEIOS DE PRESTAÇÃO – SERVIÇOS PÚBLICOS
A Administração Pública pode prestar diretamente serviços públicos.
Neste caso:
CENTRALIZADAMENTE
  Administração Direta
DESCENTRALIZADAMENTE
 Administração Indireta
Podem, alternativamente, ser delegados a particulares, por meio de celebração de contrato de concessão ou de permissão de serviços públicos.
A prestação de serviços públicos por particulares é, também modalidade de prestação descentralizada.
Obs: a característica essencial da descentralização administrativa é a existência de duas pessoas, uma transferindo certa competência ou seu exercício a outra.
FORMAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Na prestação DESCENTRALIZADA do serviço, esta será sempre feita, mediante outorga ou delegação, por uma pessoa jurídica diferente daquela que representa a Administração Direta competente para a prestação (União, Estado-membro, DF, Município).
OUTORGA
Quando a descentralização ocorre mediante outorga do serviço, há uma criação por lei, ou autorização legal para a instituição de uma entidade com personalidade jurídica própria, à qual é atribuída a titularidade da prestação daquele serviço.
Em resumo, a prestação de serviço descentralizada em que o serviço é outorgado à pessoa jurídica é realizada pelas entidades da Administração Indireta.
Deverá ser observado o disposto no inciso XIX do art. 37 da CF:
“somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.
Concurso do TJDFT – prova aplicada em 24/3/2013
A respeito da administração direta e indireta e dos conceitos de centralização e descentralização, julgue os próximos itens.
1. Quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público, ocorre a descentralização por meio de outorga.
2. A criação, por uma universidade federal, de um departamento específico para cursos de pós-graduação é exemplo de descentralização.
DELEGAÇÃO
A segunda forma de prestação descentralizada consubstancia-se na delegação de um serviço público a particular, portanto, a não integrante da Administração Pública, a qual, pode-se dar, atendidos os requisitos do art. 175 da CF e da lei, por:
CONCESSÃO
PERMISSÃO
AUTORIZAÇÃO
PRESTAÇÃO POR PARTICULARES
Como ensina Vicente Paulo:
A prestação de serviços públicos por particulares é possível por delegação. A delegação consiste em transferir ao particular, sempre temporariamente, a incumbência de prestar, mediante remuneração, determinado serviço público. 
A titularidade do serviço, em qualquer hipótese, permanece sendo do Poder Público, que possui o poder-dever de fiscalização da adequada prestação do serviço, podendo, sempre que verificada alguma falta, nele intervir de diversas formas, inclusive decretando a caducidade da delegação, o que acarreta a reversão do serviço para ele, Poder Público.
A Constituição, no art. 175, refere-se a apenas duas modalidades de delegação de serviços públicos a particulares, a concessão e a permissão. Todavia, há ainda uma terceira modalidade, prevista no art. 21, XI e XII, da Constituição, que é a autorização.
O legislador constituinte, no parágrafo único do art. 175, determinou que lei disciplinasse a prestação de serviços públicos mediante concessão e permissão. 
Obedecendo ao comando constitucional foi editada a Lei 8.987/95, que é nossa lei de normas gerais sobre concessão e permissão de serviços públicos, alcançando a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Desde já devemos ressaltar que, em qualquer hipótese, a regulamentação e a fiscalização dos serviços públicos são atribuições próprias e indelegáveis do Poder Público. 
A Lei 8.987/95, atenta a este ponto, declara no art. 3º que as concessões e permissões de serviços públicos “sujeitar-se-ão à fiscalização do poder concedente responsável pela delegação, com a cooperação dos usuários”.
CONCESSÃO?!?
Modalidade mais complexa de delegação, formalizada por contrato
administrativo, e adequada para os serviços que exigem grande investimento para sua implantação. 
Em face disso, a Lei não admite que pessoas físicas possam ser concessionárias de serviços públicos, mas apenas pessoas jurídicas ou consórcio de empresas.
OBS: Licitação (Concorrência)
PERMISSÃO?!?
Delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco (inciso IV do art. 2º da Lei 8.987/95).
A permissão de serviços públicos será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos da Lei 8.987/95, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.
A permissão é modalidade de delegação menos complexa do que a concessão, adequada para os serviços públicos de porte médio, assim considerados aqueles que exigem um investimento não desprezível para o início de sua execução, mas num grau menor do que aqueles típicos de concessão.
É em função dessa menor complexidade que a Lei admitiu a permissão não só a pessoas jurídicas, mas também a pessoas físicas.
DIFERENÇAS ENTRE CONCESSÃO E PERMISSÃO
CONCESSÃO
Transfere a prestação do serviço, não o serviço em si;
a licitação deve ser feita na modalidade concorrência;
é celebrado um contrato administrativo (bilateral) sem peculiaridades próprias;
o cessionário é pessoa jurídica ou consórcio de empresas;
o contrato tem prazo certo e longo.
PERMISSÃO
a licitação pode ser feita conforme a modalidade própria de cada caso;
é celebrado um ato de natureza unilateral ; 
o permissionário é pessoa física ou pessoa jurídica; 
o contrato é feito a título precário (não gera direito adquirido à continuidade do benefício, pode ser revogado a qualquer tempo).
AUTORIZAÇÃO?!?
Modalidade mais simples de todas. Como vimos, o art. 175 da Constituição não menciona a autorização. Apenas em alguns dispositivos esparsos da Constituição, como nos art. 21, XI e XII, e no art. 223, encontramos referência a esta terceira modalidade de delegação.
Os inc. XI e XII do art. 21 elencam diversos serviços de titularidade da União, e expressamente permitem a ela sua exploração direta “ou mediante autorização, concessão ou permissão”. 
O art. 223, por sua vez, assevera ser competência da União “outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens”.
A autorização de serviços públicos é a modalidade de delegação em que não se faz necessário grande especialização do prestador de serviços nem grandes investimentos para sua implantação.
Trata-se de um ato administrativo unilateral, discricionário e precário, passível de revogação a qualquer tempo sem qualquer direito à indenização para o administrado. 
Em face de seu caráter precário, não se aplica à autorização a exigência de licitação, admitindo-se, também, que ela seja concedida por prazo indeterminado, ressalvando-se, sempre, a possibilidade de sua revogação a todo momento pela Administração, sem qualquer indenização.
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO
Permissão é outorgada predominantemente no interesse público.
Autorização o interesse predominante é o do particular autorizatário (beneficiário).
Exemplo: Permissão para taxistas
Exemplo: Autorização para colocação de mesas de bar em área pública. 
REFERÊNCIAS:
 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 20. ed. São Paulo: Método, 2012.
 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987compilada.htm
Obrigado!
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