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Religião do Egito Antigo- Eraldo Luis P Gasparini

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RELIGIÃO DO EGITO ANTIGO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eraldo Luis Pagani Gasparini 
 2 
 
RELIGIÃO DO EGITO ANTIGO 
 
 
Eraldo Luis Pagani Gasparini1 
 
 
De acordo com alguns autores o Egito Antigo é considerado uma Monarquia 
Absoluta Teocrática, isto quer dizer que o governante exerce o cargo de rei (monarca), 
aquilo que ele diz ao povo é lei (absolutismo) e que, o mesmo, é um “deus” na terra 
(teocracia). Os egípcios criam que o seu rei era um deus capaz de conservar a 
prosperidade do país através de seus poderes divinos. Dessa maneira pode-se notar que 
a política foi intimamente ligada a religião no Egito Antigo. Isto pode ser observado 
nesse trecho do “Hino a Aton”: 
“Ó senhor de todos! Rei de todas as casas. Nas regiões mais 
distantes, fazes o Nilo celeste para que desça como chuva e açoite as 
montanhas, como um mar para regar os campos e jardins estranhos. 
Acima de tudo, porém, fazes o Nilo do Egito que emana do fundo da 
terra. E assim, com os teus raios, cuidas de nossas hortas. Nossas 
colheitas crescem; e crescem por ti (...) Tu estás em meu coração. Eu 
te conheço, sou teu filho, Akenaton. Tu me revelaste os teus planos e 
o teu poder. (...)” 
Logo, a religião servia para justificar as estruturas existentes no Egito Antigo. Os 
Sacerdotes desfrutavam de imensos privilégios e benefícios, já que os mesmos eram 
detentores dos mistérios da fé (a mágica – prestidigitação – teve início nos templos 
egípcios), bem como das ciências e tecnologias da época. O faraó não os obrigava a 
pagar a Corvéia, um imposto em forma de trabalho que fornecia mão-de-obra ao 
governo. Os sacerdotes usavam milhares de pessoas para trabalhar nos templos e terras 
divinas. Assim sendo chegaram, inclusive a ameaçar a autoridade central, como foi no 
caso dos sacerdotes de Amon, da cidade de Tebas, o que motivou a reforma religiosa 
ordenada por Amenófis IV (Akenaton), na qual houve a tentativa de implantação do 
Monoteísmo, com o culto exclusivo ao deus Aton. 
 
 
 
As Divindades Egípcias 
 Como todos os povos da antigüidade, os egípcios eram politeístas. Como não 
conheciam os mecanismos da natureza, os diversos fenômenos - as inundações do Nilo, 
o ciclo solar, a germinação, o dia e a noite - eram mistérios para os egípcios, a fim de 
explicá-los, imaginaram que fossem produzidos por vontades superiores - deuses - ora 
benéficos e protetores, ora maléficos e impiedosos. 
No começo, cada tribo (nomos) tinha seu conjunto de divindades próprias. Com a 
unificação do Império, os deuses locais foram reunidos e uniformados num conjunto de 
grandes deuses nacionais adorados em todo o Egito. Os principais eram Amon e Rá, que 
acabaram fundindo-se num só: Amon-Rá. Representavam-se os deuses ora sob figura 
humana (antropomorfismo), ora sob a forma de animais como boi, gavião, íbis, 
escaravelho, gato, crocodilo (zoomorfismo), considerados sagrados. Ou, mais 
freqüentemente, sob forma híbrida: animal + homem (antropozoomorfismo). A divindade 
principal era o deus-sol, que tinha diversos nomes de acordo com as regiões, Rá, Ptá ou 
Ftá, Amom e Amon-Rá. O faraó era sua imagem na terra, seu representante vivo. 
 3 
Rá era considerado o criador do universo: 
“Quando abro os olhos, reina a luz no mundo, quando fecho reina a morte (...). 
Envio aos homens a inundação e o fogo.” 
Entre os demais deuses, destacavam-se Osíris (deus da fertilidade e do além) e Ísis 
(sua esposa). Osíris, embora subordinado a Rá, foi o deus mais popular do Egito. 
Entre outras divindades pode-se citar: 
• Anúbis: deus do mundo dos mortos; simboliza a grande necrópoles, é protetor 
das tumbas e dos corpos; 
• Aker: deus da terra representa o leste e o oeste, o ontem e o amanhã; 
• Apep: deusa serpente inimiga de Rá, personificação da força da escuridão; 
• Aton: deus sol, representado por um disco solar, que era o poder vivificante do 
sol; 
• Bastet: deusa, com cabeça de gato, da guerra, da fertilidade, da alegria; 
• Hator: deusa da alegria, esposa de Rá, a bondosa deusa mãe fornecedora de 
leite e proteção ao mundo; 
• Hórus: deus dos céus e da luz, filho de Ísis e Osíris; 
• Ísis: deusa da magia, da fertilidade, esposa de Osíris; 
• Sekhmet: deusa de cabeça de leão, a vingadora dos deuses contra a maldade 
humana; 
• Seth: deus do mal e do deserto, inimigo de Osíris e Hórus; 
• Tot: deus da erudição, das letras e da sabedoria. Inventor da escrita, protetor 
das artes e dos escribas. 
Os deuses no Egito Antigo são ambivalentes: o bem e o mal, o sofrimento e a 
ajuda, tudo isso emana de um princípio divino. A religião egípcia não é, de modo algum, 
dualista: não há um princípio do mal. O cosmos egípcio é uma coincidência de opostos, 
estável, uma manifestação da ordem e harmonia divinas. O universo não é uma coisa, ele 
está vivo, pulsa com a bondade. Porém, o princípio do mal não pode existir 
separadamente. Só pode existir como parte do contínuo divino, do cosmos vivo. A 
morte, a enfermidade, a mentira, o engano, tudo isso são perturbações da ordem natural 
e são um mal e, não obstante, no sentido mais amplo são parte da ordem que transcede e 
inclui tanto a ordem como a desordem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Anúbis, guardião dos mortos e das tumbas. 
 
 
 4 
 
 
As práticas e crenças religiosas 
No aspecto doutrinal os egípcios acreditavam numa vida após a morte. 
Acreditavam que as almas compareciam perante Osíris, para julgamento, onde haveria 
recompensas e/ou punições. Afirmavam que os componentes espirituais do homem - Ka 
e Ba - não podiam sobreviver separados do corpo. Daí as práticas de mumificação e do 
sepultamento do morto junto com alimentos, móveis, roupas, armas, ferramentas, etc... 
Os egípcios punham especial cuidado na conservação dos cadáveres. Embalsavam-nos e 
convertiam-nos em múmias. Alcançaram tamanha perícia nessa arte que, ainda hoje (após 
mais de 3 mil anos), muitas múmias acha-se em perfeito estado. Também junto aos 
mortos das classes privilegiadas, era colocado o Livro dos Mortos, um rolo de papiro 
que continha ensinamentos de como proceder na vida além-túmulo e durante o 
julgamento de Osíris. Assim diz um trecho do mesmo: 
“Não fiz mal, não cometi violências, não roubei, não matei, não menti, não fiz 
ninguém chorar. Não sou caluniador. Sou puro, sou puro!” 
E para alojar as múmias dos reis, com toda de sorte de quinquilharias para servi-los 
na vida após a morte, eram construídos túmulos monumentais, dos quais haviam três 
tipos: as mastabas, as pirâmides e os hipogeus. 
Muitos desses aspectos da religião estiveram restritamente ligados à realeza até a 
quarta dinastia egípcia, sendo gradativamente adotados por toda a população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Julgamento de Osíris. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
O castigo da Humanidade por Rá 
Um mito egício conta que o deus-sol Rá criou o mundo de maneira adequada, mas 
a humanidade trama o mal e Rá é obrigado a castiga-la. 
Rá criou a humanidade feliz, boa e em harmonia com o seu criador. Mas a 
humanidade rebelou-se, conspirou contra ele e depois fugiu, com medo. 
 E a majestade de Rá disse: “Vede, eles fugiram para o deserto com os corações 
temerosos pelo que disseram.” 
E os cortesões lhe disseram: “Mandai vosso olho, para que os mates para vós. 
Deixai que ele vá como Hathor.” 
Assim a deusa Hathor assume a forma de Sekhmet, “a poderosa”. A deusa de 
cabeça de leão é o olho escaldante de Rá, o vingador dos deuses contra a maldade 
humana. E então essa deusa foi e matou a humanidade no deserto. HathorSekhmet 
deleita-se com o sangue humano e exulta com a morte. Sekhmet torna-se a deusa da 
batalha e da crueldade. 
“Pela tua vida, diz ela a Rá, dominei os homens e isso é agradável para o meu 
coração.” 
O desejo de sangue de Sekhmet cresce a ponto de aborrecer Rá, de modo que para 
impedir o extermínio dos últimos vestígios da raça humana, ele tem de recorrer a um 
ardil. Manda seus servos buscarem uma tinta vermelha, que misturam com sete mil jarros 
de cerveja. Eles vão e derramam a cerveja vermelha no caminho de Sekhmet, que a toma 
erroneamente por sangue que se embebedando, dorme e cessa a sua destruição. Temos 
mais uma vez a história do pecado original e o castigo subsequente da humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Amom-Rá sendo servido. 
 
 
 6 
 
A lenda do deus Osíris 
Qualquer sociedade humana tem nas suas práticas um reflexo do seu universo 
mental. Não seria diferente com os egípcios. Eles eram extremamente ligados ao rio 
Nilo e à agricultura que as cheias lhes permitia fazer vinculado muitos dos seus símbolos-
míticos a elementos aquáticos e a fenômenos que podiam ser observados ao seu próprio 
redor. No cerne das práticas funerárias está inserida uma lenda, explicativa de um ideal 
que já esteve atado somente a realeza até a quarta dinastia egípcia. Posteriormente as 
mesmas foram estendidas a membros da corte até serem difundidos por toda a 
população. Esta é a lenda do deus Osíris: 
O deus Geb, a terra e a deusa Nut, os céus, se casaram, mas Rá se opôs à união e 
eles se separaram. Apesar da separação, Geb e Nut tiveram vários filhos. Entre eles 
estavam Osíris, Ísis e Seth. 
Originalmente Osíris pode ser sido deus da vegetação, especialmente das plantas 
que crescem na terra fértil ao longo do Nilo. A deusa Ísis pode ter representado a 
fertilidade feminina. Seth era o deus do deserto, onde a vegetação fenece e morre por 
falta de água. 
Osíris tornou-se então Faraó e tomou sua irmã Ísis para sua rainha. Seth foi 
ficando com ciúmes da posição de Osíris e matou-o. Em algumas versões desse mito, 
Seth cortou o corpo de Osíris em pedaços, colocou-os em uma caixa e pôs a caixa para 
flutuar no Nilo. Ísis recusou-se a aceitar a morte do marido como definitiva. Procurou os 
restos mortais de Osíris com a ajuda de sua irmã Néftis e de vários outros deuses e 
deusas. Ísis encontra afinal os restos de Osíris. Enquanto Osíris está morto, Ísis tem um 
filho, Hórus, concebido sem relação ou então gerado por Osíris durante sua morte. Com 
o auxílio de outras divindades, ela reconstituiu o corpo, devolvendo Osíris à vida. Ele 
tornou-se então deus da vida após a morte. 
Seth tornou-se Faraó do Egito após matar Osíris. No entanto, Hórus, filho de 
Osíris e Ísis, depôs Seth e tornou-se Faraó. Assim as forças da vegetação e da criação - 
simbolizadas por Osíris, Ísis e Hórus - triunfaram sobre as forças do mal representadas 
por Seth. Porém, o que é mais importante, Osíris tinha desafiado a morte. Os egípcios 
acreditavam que se Osíris podia triunfar da morte, os seres humanos também poderiam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Acadêmico do curso de história da UFMS – Campus de Coxim. 2002.

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