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UNIDADE 1 (CONTINUAÇÃO). 1.2 – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO TRIBUTO: O artigo 3º do Código Tributário Nacional define tributo como: “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” . O artigo em questão é abrangente e completo, pois não deixa nenhum campo descoberto, prevendo, detalhadamente, no conceito de tributo, as maneiras para o contribuinte identificar se está diante de uma espécie tributária ou não. Dessa forma, vamos dissecar o conceito, comentando cada parte isoladamente para entendermos a conceituação: - toda prestação pecuniária, quer dizer toda prestação em dinheiro, pois, como sabemos, a obrigação tributária é uma obrigação de dar, dar dinheiro ao Fisco no momento do pagamento do tributo; - compulsória, pois não fica restrita à vontade do contribuinte, uma vez que a prestação tributária é compulsória, independendo da vontade das partes, como acontece em outra qualquer obrigação de direito privado, assim mesmo com exceções, pois mesmo sendo privada a obrigação deve ser oriunda de um contrato, e o próprio contrato faz lei entre as partes, surgindo para o credor o direito de demandar o devedor em juízo, se este descumprir qualquer cláusula do mesmo. - em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, pois no Brasil não se aceita o pagamento de tributo através de bens ou serviços, devendo ser pago em dinheiro ou, no máximo, em índices oficiais que expressem o valor da moeda, como a UFIR. - que não constitua sanção de ato ilícito, pois sanção de ato ilícito é multa, e multa não é tributo porque este decorre de ato ilícito; - instituída em lei, pois existe o princípio tributário de suma importância, que é o princípio da legalidade, previsto no art. 150, I, da CF, o qual veda a criação de tributo sem ser pela lei; - cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, porque não pode ocorrer o juízo de conveniência e oportunidade, típico dos atos administrativos discricionários, onde a vontade do administrador pode ser levada em conta, ainda que em pequena escala. Portanto, Caracteriza-se o tributo pela compulsoriedade, pelo pagamento em dinheiro ou valor equivalente, pelo seu caráter não punitivo, pela previsão legal e pela sua cobrança vinculada, sem margem de discricionaridade.� Qualifica-se cada tributo pelo fato que lhe dá origem (fato gerador), e não pela sua destinação ou pelos nomes eventualmente adotados pela lei (CTN, art. 4º). 1.3 – ESPÉCIES DE TRIBUTOS: há textos legais que dividem os tributos em impostos, taxas e contribuições de melhoria (CF, art. 145; CTN, art. 5º). Mas devem também ser considerados tributos os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais (também chamadas de parafiscais). Por isso, na verdade, dividem-se os tributos em quatro categorias: impostos, taxas, empréstimos compulsórios e contribuições, sendo estas últimas subdivididas em contribuição de melhoria e contribuições sociais. O imposto é um tributo de caráter genérico que independe de qualquer atividade ou serviço do poder público em relação ao contribuinte. O imposto é simplesmente exigido, sem contraprestação e sem indicação prévia sobre a sua destinação. A aplicação posterior será para custeio da administração, e para serviços em benefício de toda a comunidade. Em geral, como ocorre, por exemplo, com os serviços de saúde pública, sem destinatário específico. Dispõe o art. 16 do CTN que “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Taxa é um tributo relacionado com a prestação de algum serviço público para um beneficiário identificado ou identificável. O serviço pode ser efetivo ou potencial, considerando-se como potencial o serviço posto à disposição, ainda que não utilizado. Como dispõe o art. 77 do CTN, taxa é o tributo cobrado em razão de atos decorrentes do poder de polícia ou da utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Serviço específico é um serviço definido e delimitado a uma determinada pessoa ou grupo de pessoas. Ou, como dizem os autores, serviço específico é o de espécie definida e prestado em unidades autônomas, uma para cada contribuinte. Serviço divisível é o que pode ser medido, de acordo com o que foi prestado a cada beneficiário. Empréstimo compulsório é um tributo qualificado pela promessa de restituição. De acordo com uma corrente, o empréstimo compulsório teria natureza de contrato, embora ditado ou coativo. A maioria, porém, coloca o empréstimo compulsório entre os tributos. Contribuição de melhoria é um tributo sobre a valorização de imóvel particular, decorrência de obras públicas realizadas. A contribuição de melhoria, embora de nome semelhante, tem natureza diversa das outras contribuições. Contribuições sociais, também denominadas especiais ou parafiscais, são tributos destinados à coleta de recursos para certas áreas de interesse do poder público, na Administração direta ou indireta, ou na atividade de entes que colaboram com a Administração. A contribuição social tem destinação certa, sendo recolhida com uma finalidade predeterminada, indicada na lei que a instituiu. Ex.: contribuições para a seguridade social (CF, art. 149), para órgãos profissionais, ou para outros entes, de colaboração com o poder público, como o SENAI (CF, art. 240). QUADRO DE TRIBUTOS Competência da UNIÃO Competência dos Estados, DF e Municípios Impostos Taxas Contribuição de melhoria Contribuições sociais diversas Empréstimos compulsórios Impostos Taxas Contribuição de melhoria Somente contribuição social previdenciária, cobrada de seus servidores em benefício destes (CF, art. 149, § único) QUADRO DE IMPOSTOS FEDERAIS ESTADUAIS MUNICIPAIS Importação (II) Exportação (IE) Produtos industrializados (IPI) Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores imobiliários (IOF) Renda (IR) Propriedade territorial rural (ITR) Transmissão causa mortis e doações (ITCD) Circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal; e de comunicação (ICMS) Propriedade de veículos automotores (IPVA) Propriedade predial e territorial urbana (IPTU) Transmissão (onerosa) inter vivos de bens imóveis (ITBI) Serviços de qualquer natureza (ISS) � Como foi visto na disciplina Fundamentos de Direito, chama-se ato administrativo vinculado aquele que não deixa margem para ao administrador escolher conveniência e a oportunidade do ato. No ato discricionário, ao contrário, o administrador tem certa liberdade para escolher a conveniência e oportunidade do ato.
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