Prévia do material em texto
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO Escrever é uma atividade fundamental. Afinal, quem não envia mensagens por e-mail, escreve relatórios, desenvolve apresentações, redige currículos para oportunidades de emprego ou redações para vestibular, por exemplo? Escrever nunca esteve tão em alta. Contudo, a arte de escrever pressupõe conhecimento teórico e reflexão. Nesta unidade de aprendizagem, você se aprofundará na estrutura textual, analisará os elementos que a compõem e pensará sobre o texto em situações de comunicação AULA 4 – ESTRUTURA TEXTUAL Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Identificar a estrutura de um texto. • Definir um texto e seus elementos. • Reconhecer o texto em diferentes situações comunicativas. 1 ESTRUTURA TEXTUAL Segundo GALEANO (2001), a palavra “texto” vem da palavra latina textum e significa “tecido”. Isso significa que, quando alguém escreve, ele tece pensamentos com palavras. Ele procura evitar falhas e distorções para que seu propósito comunicativo seja totalmente completo. Pode até parecer um tanto complexo, mas um texto pode ter zero, uma ou milhares de palavras, porque ele varia em estilo e tamanho. Pode ser oral ou escrito, verbal ou não verbal; pode ser formal ou coloquial; ou quem sabe uma imagem, etc. Além disso, existem vários tipos de texto: literário, técnico, oficial, comercial, jornalístico, filosófico, didático, etc. Em todos os tipos, porém, deve ser apresentado um significado completo para formar um sentido claro. Tal unidade pode ser alcançada através do uso de duas fontes de texto: clareza e concisão. Além disso, todos os tipos de texto possuem uma estrutura básica que os mantém organizados para que sejam imediatamente compreendidos e reconhecidos como texto. Essa estrutura é dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão. Seja ele escrito ou não. A primeira parte do texto, a introdução, conduz o leitor ao tema em discussão. Nesse ponto, é importante dar uma visão geral do assunto para revelar brevemente as ideias que serão desenvolvidas nos parágrafos seguintes. É um momento de encantar o leitor. O tema deve ser desenvolvido de modo que desperte a curiosidade, o desejo no leitor para que ele prossiga a leitura, este é um convite à obra. É importante salientar que a introdução é variável, ela está associada ao gênero textual. Por exemplo, em textos informativos a introdução é mais curta em relação a textos acadêmicos como dissertações e teses, nesses casos a introdução é mais longa e introduz a complexidade do texto e específica o que é abordado no artigo. Em textos jornalísticos, a introdução é mais direta. Como explicam Squarisi e Salvador (2015), é importante ir direto ao ponto, começando pelo que é mais importante, usando uma frase que envolva, desperte o interesse do leitor e o estimule a continuar lendo. Como o público-alvo do autor é variado, o desafio é atingir o maior número possível de leitores. Para fazer isso, o escritor deve usar uma linguagem, objetiva e clara, informações precisas e um estilo atraente. Isso não significa que, em textos acadêmicos a introdução não seja atraente; pelo contrário, deve também manter fluidez, coerência e coerência e coesão. O objetivo é entrelaçar e apresentar ideias de forma que o leitor fique com vontade de descobrir o que as próximas linhas de pesquisas trarão para o avanço do conhecimento. Assim, cada gênero textual tem características próprias, mas todos compartilham questões em comuns. Consideremos, por exemplo, o texto informativo do Ministério da Saúde, cujo objetivo é informar a população sobre algo importante relacionado à prevenção de doenças. Esse texto também deve chamar a atenção na introdução, certo? A linguagem deve ser considerada e utilizada de forma que a informação afete o grupo- alvo. Assim como em uma campanha de vacinação, você já percebeu elementos textuais que chamam a atenção do público alvo e os estimulam a se locomoverem até ao posto de saúde e se vacinarem? Isso mesmo, cada gênero mantém suas próprias características, mas alguns aspectos são comuns. Machado (2017), traz a segunda etapa da estrutura do texto, ou desenvolvimento. O tema apresentado na introdução deve ser continuado e detalhado. Aparentemente, o grau de desenvolvimento depende do tipo de texto. Se você observar os mesmos exemplos anteriores (textos de revistas e dissertações), verá que ambos desenvolveram características únicas. A tese apresenta o referencial teórico, material de pesquisa e análise dos dados. Em um texto jornalístico, por outro lado, esses elementos também podem ser apresentados, porém diretamente, de forma mais simples. Pois, um texto impresso em um jornal tem um limite de caracteres, que deve ser respeitado. No poema, por exemplo, também há desenvolvimento, mas o contexto, o assunto (ou assuntos) com os quais o diálogo é conduzido e os meios de comunicação influenciam diretamente nas formas de apresentação. Finalmente, a estrutura do texto termina com uma conclusão. Após expor um ponto de vista durante o desenvolvimento, podendo ou não, apresentar ponto e contraponto, o autor expõe a conclusão do seu pensamento. Os tipos de conclusões podem variar de acordo com o gênero textual. No caso de textos acadêmicos, a conclusão indica se as hipóteses de pesquisa foram confirmadas ou rejeitadas e aponta para possíveis pesquisas futuras. Por exemplo, no caso de um conto, a conclusão é o último momento da história, é o resultado final. Em geral, a conclusão conclui a ideia, responde à pergunta da introdução e oferece uma solução para o problema. Como se pode ver, a divisão básica do texto inclui introdução, desenvolvimento e conclusão. O que não quer dizer que um texto seja formado exclusivamente por três parágrafos. Um texto pode apresentar todos esses elementos em apenas um parágrafo, assim como uma tese com mais de duzentas páginas, não deixa de ser um texto e também apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão, a lógica estrutural tanto de um quanto do outro é a mesma. Segundo Antunes (2010, p. 30), todo enunciado com função comunicativa tem as propriedades de textualidade ou correspondência com o texto. Em outras palavras, em toda língua as situações interativas, sejam elas quais forem, são marcadas pela textualidade como forma de manifestação. Portanto, há gênero textual. Assim, o autor conclui que não há ação na língua fora da textualidade. Se existe comunicação, então existe um formato de texto. Isso mostra que é errado dizer que primeiro você aprende as palavras, depois as frases e por fim o texto. Afinal, todos os eventos comunicativos, desde as primeiras tentativas de fala da criança, podem ser entendidos como parte de um todo denominado “texto”, onde existe a textualidade. Segundo Antunes (2010, p. 30), a questão aqui é que “[...] assumir a textualidade como princípio que manifesta e regula as atividades linguísticas [...]”. Os elementos textuais mencionados nos parágrafos anteriores aparecem em diferentes gêneros textuais, formados de acordo com o contexto do texto. No entanto, as noções de textualidade e evento comunicativo são assumidas em todos os casos. 1.1 Elementos textuais Muitas dúvidas podemsurgir quanto a quis elementos do texto devem ser analisados, se o texto é toda ocasião comunicativa da língua, então tudo pode ser analisado. O problema é que nem todos os textos vão apresentar elementos linguísticos de uma determinada língua e todos os aspectos relacionados à funcionalidade da interação sociocomunicativa. Segundo Antunes (2010), os textos são campos naturais para que se possa analisar os fenômenos da comunicação humana. Portanto, é no texto que se observam aspectos relacionados ao fazer e ao receber uma apresentação verbal em uma língua específica. Tentar analisar tudo em um texto pode levar a uma análise superficial. Ao tentar analisar todos os aspectos, pecasse-se a não analisar nada, pois o texto é um leque de muitas possibilidades de interpretação. Isso requer que a operação seja produtiva ao olhar para os elementos. Antunes (2010), diz que, o mais importante é não reduzir o texto a um mero campo para amostras de questões gramaticais, também ele não deve ser observado limitando à construção textual apenas à estrutura do texto relacionada ao vocabulário e aos recursos gramaticais. Pelo contrário, o texto deve ser o centro em si. O objeto de pesquisa, análise e descrição é o texto em sua multiplicidade (estrutura do parágrafo, linguagem utilizada, objetivo comunicativo, mensagem, ideias secundárias e fatores extratextuais como contexto social e histórico). Por exemplo, a gramática está lá, mas como um componente essencial que não pode ser substituído. Sem gramática, não há texto dentro de seus parâmetros definidos; regras de compatibilidade, regência, pontuação, etc. Mas esta não é a única consideração ao analisar um texto. Nesse sentido, é possível estudar o texto como um todo ou selecionar partes a serem analisadas. De uma dimensão ampla, podem ser observados os seguintes elementos no eixo dessa coerência (ANTUNES, 2010): Fonte: adaptado Antunes (2010). Esses são apenas alguns elementos que ilustram a estrutura e a análise do texto. Mas podem surgir dúvidas de como identificar esses elementos no texto. Por - Universo de relevância a que remete o texto ('real ou fictício); - Campo de circulação do discurso (acadêmico-científico, jurídico, jornalístico, político, de informação, informal, literário, entretenimento, etc.); - Ideia central; - Função comunicativa; - Critério de subdivisão da estrutura (parágrafos); - Direcionamento argumentativo; - Representações de mundo (explícitas ou implícitas); - Intertextualidade e hipertextualidade (ou seja, relação com outros textos). exemplo, considere o campo relevante ao qual o texto se refere. Compare textos biográficos (biografias de pessoas importantes de um determinado país) com romances de ficção como Harry Potter e a Pedra Filosofal. Você percebe que o escopo relevante é especificado para cada um desses textos? No primeiro caso, se refere a lugares existentes, pessoas e situações reais, histórias verídicas, origem social real do lugar da história, etc. No entanto, no caso de romances de fantasia, você pode encontrar seres fictícios, lugares imaginários, épocas diferentes, etc. Da mesma forma, os domínios que permitem que o discurso flua, usam palavras e estruturas diferentes e comunicam funções únicas a cada texto. Como vimos até aqui, o texto é algo abundante e complexo, é composto por diversos elementos, que vão além de sua estrutura sintática básica. Além disso, o texto existe em qualquer contexto de comunicação e interação em um determinado idioma. 1.2 Situações de comunicação Como transmitir comunicação é a função de todo texto. Podemos dizer que todos os textos tem uma finalidade. Portanto, quando alguém não compreende o que seu interlocutor fala, ele pergunta: "não entendi, que você quis dizer?". Se a pessoa for responsável pela fala, é possível perguntar aos ouvintes: "Vocês compreenderam o que eu quis dizer?". Isso acontece principalmente quando o falante percebe expressões de dúvidas e incompreensões. Pense, por exemplo, o ambiente da sala de aula. Um professor de um determinado curso/disciplina deve interagir repetidamente com o público para verificar se há consistência, se há compreensão, se o que ele fala cumpre o propósito desejado de compreensão. Dá para perceber que a palavra "dizer" está presente? Isso mesmo, o dizer vem antes do texto e está relacionado ao seu propósito. Para Antunes (2010, p. 69), “[...] esse propósito, que é parte de qualquer atividade de linguagem [...]” que pode ser; explicar, expor, convencer, persuadir, defender um ponto, sugerir uma ideia, expor um fato, etc. A lista é enorme. Você pode mover entre eles. Por exemplo, você pode começar com conhecimento de uma informação qualquer e depois defender sua posição. Você também pode defender uma ideia e revelar um fato com base na apresentação de dados. Em outras palavras, em diferentes situações de comunicação, o dizer vem antes do texto, os textos são criados após a especificação do objetivo da comunicação. Você precisa compreender que em qualquer situação, é necessário entender o texto. Por isso, pressupõe-se a capacidade dos sujeitos em reconhecer o propósito que ele se destina. Em algumas circunstâncias, entender o propósito comunicativo de um texto é a realização de habilidades de reconhecimento. Afinal, isso exclui situações que não fazem parte do propósito da comunicação. Portanto, a união do interlocutor é necessária para concordar com a situação de comunicação. Mesmo para argumentar o oposto, ele deve entender o objetivo da comunicação e ter uma visão clara. Para Antunes (2010), esse fato reforça a posição de que não há neutralidade na atividade de linguagem. Desta forma, para toda situação de comunicação tem um propósito, seja explícito ou implícito. É possível, inclusive, reconhecer quando alguém reproduz um texto com segundas intenções. Os elementos verbais e não verbais é que definem a situação de comunicação e funcionam como indicadores para identificar as intenções. No entanto, segundo o autor, a identificação de intenção é o ponto central para a compreensão discursiva. Nesse cenário analítico, a situação comunicativa é compreendida como todos os processos relacionados à comunicação. Portanto, contexto, transferência de informação, emissor, receptor, canal e ambiente estão incluídos. O contexto é imediato e inclui a situação em que o discurso ocorre, e os gêneros discursivos pertencem a essa fase. Os comunicadores usam seu conhecimento cultural e de mundo para usar o gênero textual mais adequado em um determinado contexto para transmitir sua mensagem e atingir seus objetivos. Por isso, é que reiteramos que os textos seguem um modelo de organização e apresentação. Isso acontece de forma que, quando os textos de compartilhamento entram em situações de comunicação, eles são rapidamente reconhecidos. Como já vimos também não é só as palavras criam textos. Sinais, imagens, incluindo a linguagem não-verbal, funcionam como textos, pertencem a diversos gêneros e são imediatamente interpretáveis e provocam reações no receptor. Considerando como exemplo, as cores de um semáforo. É fato que no vermelho você deve parar e no verde você deve continuar. Esta é uma situação comunicativa e seu objetivo é demonstrar o comportamento correto na presença de um sinal. Nesse caso, os sujeitos leem, interpretam e agem sem palavras. Finalmente, Antunes (2010) argumenta que os textos seguem padrões regulares de organização devido ao tipo e ao gênero. Portanto, toda situação comunicativa é uma fronteira social, e as atividades de linguagem estão sujeitas a padrões linguísticos socialmente estabelecidos. 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, I. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. GALEANO,E. Tejidos - Antología. Barcelona: Ediciones Octaedro, 2001 MACHADO, J. C. Leitura e produção de textos. Santa Maria: UFSM, 2017. SQUARISI, D.; SALVADOR, A. A arte de escrever bem: um guia para jornalistas e profissionais do texto. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2015.