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Aula online-Pesquisa em Serviço Social III (1)

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Pesquisa em Serviço Social III
AULA 1 
Introdução
Na disciplina de Pesquisa em Serviço Social II, vocês puderam estruturar seus projetos de pesquisa. Na aula de hoje, estaremos discutindo aspectos metodológicos que deverão servir para que possam não apenas fazer uma revisão do que construíram, mas, principalmente, voltarem-se sobre seu projeto criticamente, procurando corrigir e aperfeiçoar aquilo que considerarem necessário para melhor desenvolvimento de sua pesquisa monográfica. Esse é o espírito crítico com o qual o pesquisador deve se munir para conduzir seu trabalho.
Premissa. Na disciplina de Pesquisa em Serviço Social II, você pode estruturar seu projeto de pesquisa. 
Na aula de hoje estaremos discutindo aspectos metodológicos que deverão servir para que possa fazer uma revisão do que construiu, procurando corrigir e aperfeiçoar aquilo que considerar necessário para melhor desenvolvimento de sua pesquisa monográfica.
Pensemos três aspectos do conceito de metodologia. Primeiro, a metodologia científica.
Revisão. Sua monografia deve ser um trabalho científico relacionado a uma disciplina científica, no nosso caso o Serviço Social. 
Que critérios devem ser atendidos pelo Serviço Social para que seja admitido no seleto clube da ciência? 
Ou, colocando de outra maneira, o que deve ser o Serviço Social para ser reconhecido como disciplina científica?
ATENÇÃO. Essa é uma questão epistemológica e que procura responder qual o método a ser seguido pela ciência ou por uma determinada disciplina científica. O que define uma disciplina científica é sua adesão a aplicação de alguma modalidade do método científico. 
Nas disciplinas anteriores, vimos como a distinção entre pesquisa pura e aplicada hoje tem pouco prestígio. 
Toda pesquisa, por mais teórica que seja, insere-se em um contexto de práticas, interesses e lutas que interferem tanto naquilo que elege como objeto a ser estudado quanto nos resultados que oferece. 
Contudo é interessante inicialmente contrastar a disciplina de Serviço Social com a Sociologia. Saltará imediatamente aos olhos a orientação mais prática do Serviço Social.
SOCIOLOGIA. Não importa quão elaboradas, as definições de serviço social sempre enfatizarão este aspecto prático do trabalho do assistente social. Está dado logo de saída seu compromisso com uma ação na comunidade que vise alterar práticas que perpetuem a injustiça e o sofrimento de grupos sociais ao mesmo tempo fomentando práticas que busquem uma sociedade melhor. 
ORIENTAÇÃO MAIS PRÁTICA. Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade. (...). O objeto de estudo da sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais. 
(Acessado em: http://www.significados.com.br/sociologia/). 
Relação com as políticas públicas. O assistente social trabalha permanentemente com as políticas públicas, seja procurando fazê-las valer na prática, seja criticando-as e propondo alternativas. 
Sua atividade exige uma crítica social permanente, no sentido de evitar tornar-se agente passivo das práticas ideológicas que sempre ultrapassam nossa consciência no aqui agora de nossa ação social.
ATENÇÃO. Uma primeira questão para revisão de seu projeto seria pensar se a pesquisa que ele antecipa atende a essa orientação geral. 
Qual a diferença, então, da prática do cientista que trabalha fazendo pesquisa teórica em se gabinete e do cientista que trabalha em direta relação com o processo de transformação, assumindo essa intenção e emprestando seu corpo mesmo a este processo, ao fazer ciência no próprio aqui agora do objeto que pesquisa? 
Foco das intervenções. A intervenção do assistente social deve pautar-se em saberes científicos e especialmente naqueles que tomem a sociedade e as práticas sociais como objeto. Entretanto, por outro lado, a prática do assistente social traz subsídios para o desenvolvimento do conhecimento científico sobre a sociedade em geral. 
Ou podemos ainda comparar a relação entre o serviço social e a sociologia com aquela entre etnografia e etnologia. Enquanto o etnógrafo sai a campo para coletar dados e redigir documentos, o etnólogo debruça-se sobre estes documentos com o intuito de extrair daí teorias que expliquem os fenômenos observados e registrados pelos etnógrafos.
ATENÇÃO. Há entre estes pares de disciplinas uma relação circular. Uma fornece subsídios à outra e, enfim, se formos bastante exigentes, pode mesmo ficar difícil estabelecer suas fronteiras, pelo menos com clara distinção e sem apelar para convenções. Porém se levássemos à frente as oposições sugeridas, teríamos que os resultados da psiquiatria e do serviço social seriam avaliados pelo que conseguem transformar (pelo rigor de suas práticas), enquanto a psicopatologia e a sociologia pelo que conseguem conhecer (pelo rigor de seus conceitos). 
PSICOPATOLOGIA E A SOCIOLOGIA. Daí a pesquisa que ora se preparam para elaborar dever ter uma forte vertente prática, que envolve o assistente social em contato imediato (sem mediação) com seu objeto de estudo. 
Metodologia de pesquisa
Ao longo das disciplinas anteriores, também foi necessário que você conhecesse melhor o próprio conceito de pesquisa e os diferentes tipos de pesquisa disponíveis e melhor credenciados para o trabalho em Serviço Social. Nessa perspectiva, foram sistematicamente apresentados os elementos que existem em comum em toda pesquisa que se pretenda científica e também às especificidades de cada tipo de pesquisa. 
Aprendeu que, do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa pode ser pura e aplicada; de sua abordagem, pode ser quantitativa e qualitativa; de seus objetivos, pode ser exploratória, descritiva ou explicativa. Já quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser bibliográfica, documental, de campo, histórica, comparada entre outras. 
Que o tema deve ser bem delimitado, que a pergunta feita pela pesquisa deve ser passível de ser respondida, que deve haver um objetivo geral e outros específicos, que as citações obedecem a critérios convencionados, que as referências bibliográficas devem aparecer de determinada maneira e finalmente que o texto deve ser claro e situado dentro de uma cuidadosa revisão de literatura. 
Enfim, todos estes aspectos falam da metodologia de pesquisa em geral e não da metodologia da sua pesquisa. 
Em linhas gerais, admite-se que uma apresentação / introdução de uma pesquisa, quando bem feita, permite que o leitor entenda o que o pesquisador quer fazer, por que deseja fazê-lo e finalmente como deseja fazê-lo. 
A metodologia da sua pesquisa deverá explicitar para o leitor os aspectos relacionados ao “como”.
ATENÇÃO. Todas essas formalidades são resultado da aplicação da razão à produção de conhecimento. Não devem ser encaradas como caprichos, mas sim como racionalidade concentrada em um método, que não pode ter outro objetivo que a máxima clareza na apresentação da questão da pesquisa, do desenvolvimento que lhe foi dado pelo pesquisador, das fontes consultadas e dos resultados encontrados. 
Universalidade. Fala-se contra a universalidade do método científico. Quer-se afirmar que vários são os métodos e que eles devem estar adaptados aos objetos de estudo específicos de cada área de pesquisa. 
Certamente que se pode pensar assim; porém o que não se pode perder de vista jamais é o compromisso com alguma metodologia e a sua explicitação para o eventual pesquisador / leitor de sua pesquisa e, ao fazer assim, dificilmente o pesquisador poderá se afastar de determinados marcos fundamentais que justamente lhes foram expostos nas aulas das disciplinas anteriores. 
A metodologia responde por nosso compromisso com a clareza e seráum guia para que você não se perca ao colocar sua pesquisa em prática. Cotidianamente, em meio ao senso comum, falamos de maneira tão rica quanto imprecisa sobre infinitos assuntos. 
Discorremos com elegância muitas vezes, embora na maioria delas com pouca clareza. Seu trabalho monográfico caminha em direção contrária. Nele você discorrerá sobre um tema único, procurando compensar com a clareza e a precisão o que perderá da riqueza com que discorreria sobre ele em contextos não acadêmico-científicos. 
Aplicando esses conceitos à sua pesquisa. No seu projeto, há uma parte específica destinada à explicitação de sua metodologia. 
Em sua pesquisa você necessariamente irá colher dados, seja lá qual for o tipo de sua pesquisa. Da mesma forma, terá de interpretá-los e daí extrair algumas conclusões, preliminares que sejam. 
Para realizar essas três etapas, terá que seguir algum método. Este deverá estar explicitado em sua metodologia.
COLHER DADOS. Que tipo de dados pretende reunir? Quais são suas fontes? Eles são acessíveis? Onde? Por outro lado, como eles serão tratados, de maneira tal que sirvam para que sejam tiradas algumas conclusões e / ou dar suporte a determinados argumentos e hipóteses? 
ATENÇÃO. Considerando a especificidade do serviço social e sua natureza interventiva, estaremos examinando os aspectos metodológicos ligados ao trabalho de campo. Segundo o dicionário de psicologia da APA (American PsychologicalAssociation), o trabalho de campo é definido como “pesquisa ou prática realizada em ambientes cotidianos do mundo real, e não em laboratório ou sala de aula” (2010, p.967).
Claro está que quando os dados são colhidos em experimentos de laboratório, tem-se uma possibilidade muito maior de controle. Também quando se sai a campo para observar o trabalho das formigas. 
Contudo quando no trabalho de campo o que será observado envolve o comportamento de seres humanos surge imediatamente o problema de que seres humanos não fazem sempre a mesma. 
Observar o movimento dos astros e o comportamento das formigas nos coloca diante do que retorna sempre no mesmo lugar.
O MOVIMENTO DOS ASTROS E O COMPORTAMENTO DAS FORMIGAS. Com os seres humanos não é assim. A diversidade é tão imensa que, ou colocamos em questão a possibilidade de encontrar leis gerais que recubram universalmente o comportamento dos seres humanos, ou arriscamos encontrá-las e com isso nada acrescentar de interessante ao conhecimento científico e à vida das pessoas.
Além disso, os seres humanos, o sujeito em sociedade, quererão estes dois conceitos designar a mesma coisa? Quiçá seria possível dizer sem exagero que não, pois considerar o ser humano em sua dimensão de animal determinado pela natureza é uma coisa, enquanto considerá-lo submetido a uma ordem simbólica é outra. Fazer essa divisão não é de forma alguma deixar de reconhecer a base biológica que existe em todo comportamento humano, mas apenas admitir que as causas do comportamento dos sujeitos em sociedade e dos grupos sociais não precisam ser localizadas no aparato biológico dos agentes envolvidos. 
Aplicando esses conceitos à sua pesquisa
Tomemos um exemplo: 
Um homem assiste constantemente a ação de assaltantes, próxima à sua casa; toma a decisão de pegar a arma que herdara de seu pai e desce para enfrentar os assaltantes. 
Qual a causa de sua decisão? O fato de a arma ter sido de seu pai? Sua intenção de proteger seus filhos? O significado que “enfrentar assaltantes com uma arma” tem em uma cultura machista? Ter sido humilhado pelo chefe naquele dia? A briga que teve com sua esposa, que lhe exige melhor desempenho? Algumas reações neuroquímicas em seu cérebro? Todas essas coisas?
 
A complexidade é tamanha que cabe ao pesquisador aceitar que vários níveis de análise são possíveis e saber o mais precisamente possível qual é o seu. Como fica claro no exemplo, sujeitos (sempre sociais e humanos,no sentido em que emprego aqui o termo) atribuem razões a seus comportamentos e, se quiser levá-las em consideração em sua pesquisa estarão assumindo a responsabilidade de lidar com o universo de significações que devem ser interpretadas e não “observadas”. 
Não poderá apenas observar, mas terá também que escutar e interpretar, compreender. Se fosse somente isso já seria complicado, porém há mais. Isso porque cada sujeito é atravessado por muitas determinações. Na maior parte das vezes percebe-se que os sujeitos não sabem tão bem assim o que estão fazendo e que temos que encontrar os determinantes de seu comportamento para além do que se passa em suas consciências imediatas, ou seja, das razões que atribuem para o que fazem.
Reflexão. Não é preciso apelar ao inconsciente freudiano para reconhecer isso. A noção marxista de ideologia já apontava que de certa maneira é possível afirmar que as pessoas não sabem o que fazem, estão alienadas e precisam ser conscientizadas de sua posição nas trocas sociais para que então possam fazer resistência aos mecanismos de exploração capitalista.
Por outro lado o século vinte foi pródigo na produção de intelectuais ligados às chamadas ciências humanas e sociais que mostraram como as verdades universais e eternas de cada época se devem ao modo como os sujeitos em cada cultura podem ver o que é universal e eterno. 
Ou seja, a verdade tem data e endereço e não mora no céu das ideias.
ISSO. A busca pela razão.
A realidade em si nos é e será sempre desconhecida. Olhamos para ela sempre de dentro do mundo e isso causa necessariamente um desvio, irredutível. Fazemos parte do quadro que estamos pintando, mesmo quando fazemos ciência. É assim que você deve encarar o que tratará como o dado, ou seja, aquela parte do mundo que parece estar frente aos olhos. 
Isso não deve levar, nem ao desalento, nem à ideia terrível de que então todo dado é possível, tanto faz. No primeiro caso, desisto de colher dados, já que eles são sempre “falsos”; no segundo caso, assumo a ideia de que todo e qualquer dado é possível, ou seja, pode-se dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa e nunca poderemos decidir qual a explicação melhor. 
ATENÇÃO. Entramos na pesquisa científica com a orientação de fazer afirmações e contestações firmemente apoiadas no método científico. Ao assim fazermos, assumimos que tal método é o melhor que temos para garantir que nossos enunciados científicos não sejam meramente opiniões calcadas mais em nossos desejos do que em qualquer outra coisa. 
Concluindo... 
No mínimo, assumimos que se estamos querendo fazer ciência, temos que seguir os critérios segundo os quais ela é reconhecida como tal. Podemos até achar que certas verdades sobre o homem são ditas com mais acuidade na bíblia. Mas não será segundo o método bíblico que agiremos.
O dado será sempre um recorte assumido e explicitado pelo pesquisador. Será então tabulado – que podemos razoavelmente traduzir como “criteriosamente organizado em tabelas” e tratado conforme metodologia explicitada que poderá ser quantitativa ou qualitativa. 
Quando se faz a matemática funcionar, a tendência á acharmos que a coisa vai por si, sem a contaminação do pesquisador. Mas já vimos que se quantificando se corre menos riscos, por isso mesmo pode-se perder o essencial da pesquisa, quando o campo é da natureza daquele em que atua o assistente social. 
LINK. Para concluir acrescento um comentário sobre a própria noção de campo. Importantíssimas contribuições à psicologia social foram prestadas por Kurt Lewin (1890-1947), psicólogo alemão radicado nos EUA, que trouxe da física teórica a noção de campo para aplicação na psicologia. Clique aqui.
AULA 2 
Introdução. A pesquisa qualitativa e o trabalho de campo são emblemáticos da pesquisa sem serviço social. Nesta aula, você estará acompanhando uma apresentação do contexto em que surge o paradigma qualitativo e especialmente sua relação com as limitações do método positivista quando aplicado às ciências sociais. Estará também refletindo sobre o problemada interpretação e compreensão dos dados qualitativos no contexto de uma pesquisa científica.
Premissa. Principalmente ao longo do século 20, surgem diversas críticas ao ideal de um método científico único, aplicável a todo e qualquer objeto. 
Essas críticas emergem principalmente na medida em que se verifica a pobreza dos resultados obtidos através do método científico tradicional quando aplicado às ciências humanas e sociais.
Um tanto genericamente, ataca-se com essas críticas o dito modelo positivista.
ATENÇÃO. Contudo tal formulação do problema é inadequada, pois jamais fica bem claro o que se quer designar com o termo (modelo positivista, positivismo). Se o que está sob mira é a crença de que o pesquisador através do método positivo pretende mostrar como a realidade é em si mesma, independentemente do pesquisador e do contexto científico e cultural de onde ele necessariamente parte para conhecer o mundo, então está se fazendo muito barulho por pouco, uma vez que tal modelo já não vigora sequer entre as próprias ciências chamadas naturais ou exatas.
A questão ultrapassa a disputa em torno da impossibilidade de fazer surgir a verdade como uma fotografia exata da realidade. 
A questão é que não é possível abandonar o esforço de fazer ciências humanas e sociais e as comunidades científicas percebem muitas vezes que há “dados” que devem ser levados em conta embora não sejam facilmente assimiláveis às exigências da pesquisa experimental e suas quantificações sem dúvida maravilhosas.
Que um homem, através da tecnologia tenha conseguido mandar uma sonda a marte é realmente extraordinário e isso não seria possível sem a física e a matemática.
Porém,será que conhecemos melhor alguém ouvindo a pessoa falar, ou fazendo exames neurofisiológicos, completos e acessando seu genoma? Os dados neurofisiológicos e genéticos são mais afeitos a medidas exatas enquanto os dados colhidos pela entrevista junto à pessoa nem tanto. 
Mas por isso deveríamos admitir que o que as pessoas dizem não faz parte do que pode ser estudado pela ciência? Uma pesquisa qualitativa tipicamente leva em conta o que as pessoas dizem, enfrentando o desafio de interpretar seus dizeres sem a certeza absoluta de que esta interpretação seja a mais exata ou a única possível.
Papel do pesquisador neste contexto. 
Mas isso não é tudo.
Quer-se levar em conta o que as pessoas dizem em meio ao seu ambiente natural, ou seja, sem o controle de variáveis que pode ser alcançado em pesquisas experimentais feitas em laboratório. 
Finalmente considere que o próprio pesquisador é uma das variáveis de difícil controle na pesquisa!  
ATENÇÃO. O pesquisador que uma vez no campo não observa sem interferir, mas, ao contrário, participa do meio em questão e isso não apenas por estar sendo percebido pelos outros, mas pelo que ele introduz de sua subjetividade, com suas ações verbais e não verbais. 
Papel do pesquisador neste contexto. 
Na pesquisa qualitativa, não haverá recuo em relação a estas interferências aos ideais do método científico tradicional e nem tampouco recuo em relação à exigência de rigor.
Este é o desafio a ser enfrentado na execução de sua pesquisa e para isso você vem trabalhando em etapas tendo na última delas (pesquisa em serviço social II) dado um formato inicial ao seu projeto que servirá como um mapa na execução de seu trabalho. 
A ciência moderna. Mas contra quê o paradigma qualitativo se rebela?
Tudo que se passa hoje em dia no campo da ciência é marcado pela grande virada em que consistiu o aparecimento da chamada ciência moderna. 
Estamos muito acostumados a pensar o termo moderno como correspondendo à época atual. Isso está errado quando se aplica o termo em relação à história do pensamento filosófico e científico. 
Para essa história, o período em que vivemos hoje é o pós-moderno, enquanto que o período moderno inicia aproximadamente no século 17, durando até meados do século 20 - século de transição do moderno ao pós-moderno.
Quando foi percebida a ciência moderna? A chamada ciência moderna inaugura-se com o astrônomo Galileu e sua expressão mais simbólica é o ato de Galileu jurando com a mão sobre a bíblia que a terra não se move, ao mesmo tempo em que sussurrava baixinho: 
“E pur si muove”. E no entanto, Ela se move. 
Deve ser notado quanto a essa passagem emblemática que, ao insistir que a terra não era o centro do universo, Galileu estava indo contra aquilo que nossos sentidos nos revelam todos os dias. 
Basta olharmos o céu a cada dia para notarmos que o sol se move enquanto a terra permanece parada.
SAIBA MAIS. Ora, o passo fundamental da ciência moderna, na esteira de Galileu e Descartes, foi justamente abandonar essa referência fundamental ao que pode ser percebido diretamente na observação. Os dados da sensibilidade são enganosos, principalmente porque se coordenam maravilhosamente com aquilo que desejamos: e como seria bom se a terra fosse o centro do Universo! Teríamos então a certeza de que o criador nos quer de um modo especial! 
Quando foi percebida a ciência moderna? A ciência moderna condensa rompe com a expectativa de que ao final, entenderemos o sentido do mundo. 
Foi um momento histórico marcante, deve ser entendido no seu contexto. Seu método, suas práticas, são temperadas pela frieza da matemática que mantém ao máximo fora da operação científica o sujeito pesquisador. 
Para a ciência moderna devemos confiar na matemática e buscar conhecer as leis que podem explicar o sensível.
LEITURA. Uma fórmula matemática não tem sentido, significado. É vazia. Ninguém pergunta, diante de uma equação matemática, “O que isso quer dizer?”. Uma equação não quer dizer nada. 
Nela o pesquisador acrescenta o valor das variáveis e o resto funciona sozinho. O resultado não é o que se quis dizer, mas o que é. Além disso, a participação do pesquisador é reduzida ao mínimo; ele pode querer o que ele quiser, pois o resultado da equação será sempre o mesmo. É certo que hoje se sabe que uma redução total da interferência do pesquisador, uma plena objetividade, é impossível, mesmo nestas ciências tidas como exatas e, sem dúvida, isso também concorreu para que com o tempo surgissem críticas à ideia de que as ciências sociais e humanas devessem se submeter ao único método que supostamente permitiria a objetividade.
 
Ciência antiga x Ciência moderna
Para a ciência antiga, a terra era o centro do universo. 
Era um modelo fortemente baseado naquilo que podíamos perceber, pois efetivamente percebemos o sol mover-se no céu a cada dia. Para Copérnico, um dos primeiros críticos deste modelo, o sol ocupava esse lugar. 
Já foi um primeiro choque tanto que o astrônomo foi obrigado pela igreja a recuar em relação a estas teses. 
Mas Copérnico ainda mantinha a confortante idéia de que havia um centro.
CIÊNCIA ANTIGA. Aristotélica 
CENTRO DO UNIVERSO. Geocentrismo 
SOL OCUPAVA ESSE LUGAR. Heliocentrismo 
Ciência antiga x Ciência moderna. Para a ciência moderna, o Universo não tem qualquer centro. A ideia de um universo centrado já faz parte da necessidade do ser humano em dar sentido a tudo que está a sua volta. Uma das mais notórias consequências de nossa necessidade de dar sentido a tudo é a postulação de um criador do Universo, que tinha intenções quando inventou tudo isso.
Para a ciência moderna, se tivesse havido tal criador, seria mais exato dizer que ele “sabia matemática”, uma vez que esta é encontrada em todos os cantos do Universo. Os objetos do universo parecem saber matemática. Dos planetas às abelhas, pois obedecem às leis da matemática, como se o Universo tivesse sido escrito em linguagem matemática.
O sentido da prática científica. Na contramão dessa grande virada, o paradigma qualitativo e as diversas tendências que se alinham a ele voltam a dar lugar ao sentido na prática científica. 
Correlatas ao sentido, estão a interpretação e a compreensão. Interpreto os acontecimentos,fazendo sentido sobre eles. Interpreto as ações humanas, dando sentido a elas. Ao dar sentido, compreendo. Isso implica pensar uma prática científica da qual a subjetividade é parte inerente.
O termo sentido é em geral utilizado quando se quer enfatizar que não há um significado pré-estabelecido para uma palavra ou uma frase sendo usada; que é preciso interpretar o que está sendo dito, pois somente naquele contexto, no momento em que está sendo dito, terá um sentido e não um significado que pudesse ser colocado no dicionário. 
SENTIDO E NÃO UM SIGNIFICADO. Assim, a palavra “bola” tem alguns significados escritos no dicionário; porém é possível utilizar a palavra “bola” de infinitas maneiras, em diversos sentidos, na medida em que colocamos a linguagem em ação, ou seja, na medida em que participamos de um laço social. Assim podemos dizer que palavra “bola” pode assumir diversos sentidos. 
Fácil perceber como essas reflexões tocam em pontos extremamente relevantes para a pesquisa que você propõe seja porque ela envolve a consideração de dados qualitativos, seja porque ela se dá fora do laboratório, em meio ao próprio objeto que ela deve investigar.
O Paradigma qualitativo
O termo paradigma ficou consagrado pelo trabalho do epistemólogo americano Thomas Kuhn. 
Não enxergamos a realidade como ela é, e nem os cientistas. Estes partem sempre de um lugar feitos de valores culturais e conceitos científicos. Quando muda um paradigma, outros problemas são colocados e outras soluções. 
Durante muito tempo vigorou na ciência o paradigma positivista, com a glorificação do método científico.
LEITURA. para ver as contribuições de Kuhn na construção do paradigma. 
O Paradigma qualitativo. Essencialmente, na pesquisa qualitativa, nos dados qualitativos, trata-se de significações a serem interpretadas e compreendidas. 
Se a ciência moderna supõe um universo vazio de sentido, no qual um conjunto de leis tão econômico quanto possível rege a o maior número possível de fenômenos observáveis, no caso das ciências interpretativas, o sentido é trazido com toda força para o campo da prática científica, assim como o pesquisador é chamado a interpretar e compreender. 
Notem que tocamos aqui no problema da observação do comportamento humano, já mencionado na aula anterior. 
Tal aspecto é diretamente ligado ao fato de que seres humanos não fazem sempre a mesma coisa, o que torna a discussão sobre o livre arbítrio uma das mais antigas e controversas no campo da filosofia. 
OBSERVAÇÃO. Observar seres humanos é observar seres que falam, o que introduz na observação a dimensão da escuta e da compreensão / interpretação. 
REFLEXÃO. Se o ser humano age livremente, isso quer dizer que seu comportamento é imprevisível e / ou que a causa de seu comportamento é sempre redutível às suas intenções? Clique no ícone abaixo e veja como vários são os pressupostos teórico-epistemológicos e metodologias específicas que permitirão ao pesquisador em ciências sociais não recuar diante do desafio de rigor posto por qualquer prática que se pretenda científica.
 
Pesquisa qualitativa. 
A pesquisa qualitativa é definida no Dicionário de Psicologia da APA (2010) como uma “abordagem em ciência que não emprega a quantificação das observações feitas” (p.707). 
Importante notar que o paradigma qualitativo aceita a pesquisa quantitativa, bem como que a pesquisa qualitativa pode ser utilizada dentro de um paradigma positivista, genericamente falando.
QUANTIFICAÇÃO. Expressão na forma numérica 
LEITURA. Portanto é importante não confundir o termo “paradigma qualitativo” com “pesquisa qualitativa”. 
Os dois conceitos querem dizer coisas bem diferentes. Conforme procurei mostrar acima, quando se fala em paradigma qualitativo, quer-se indicar que se está assumido que a realidade social não é singular nem objetiva, mas antes disso é plural e formada pelas experiências humanas e pelos contextos sociais, sendo por isso melhor estudada em seu contexto sócio histórico através da consideração das interpretações subjetivas de seus vários participantes. Isso contrasta com o paradigma positivista que assume que a realidade é relativamente independente do contexto, do qual deve ser abstraída e estudada de maneira analítica (sendo dividida em partes) com a utilização de técnicas objetivas e medidas padronizadas. Um pesquisador utilizará um enfoque interpretativo ou positivista dependendo de considerações quanto à natureza do fenômeno a ser considerado e à melhor maneira de estudá-lo. 
Já quanto à polaridade entre pesquisa quantitativa e qualitativa, o que está em jogo remete a considerações relacionadas aos dados e a seu tratamento. 
A pesquisa qualitativa apoia-se, sobretudo em dados não numéricos, obtidos tipicamente em entrevistas e observações, em contraste com a pesquisa quantitativa que emprega dados numéricos. 
Uma pesquisa em ciências sociais pode recorrer a ambos os enfoques (ALVES MAZZOTTI & GEWANDSZNAJDER, 1998, GOLDENBERG 1997). Portanto não se esqueça que você pode utilizar dados qualitativos e quantitativos dentro de um paradigma qualitativo. 
Trabalho de campo 
O trabalho de campo do assistente social poderá ser dar em diversos contextos de pesquisa que estaremos examinando na próxima aula. De todo modo, destaca-se para o assistente social a coleta de dados qualitativos em meio ao seu trabalho de campo. 
Que se combinem duas características tão tabus para alcançar o rigor exigido pela ciência, só pode se justificar pela riqueza inestimável dos dados que tem sido assim coletados e tratados. Algo cuja importância não pode ser negligenciada e que forçou a busca de princípios metodológicos que pudessem incluir tais práticas e não estigmatizá-las.
SAIBA MAIS. O dicionário de psicologia da APA define trabalho de campo como “pesquisa ou prática realizada em ambientes cotidianos do mundo real, e não em laboratório ou sala de aula”  (2010, p.967). 
Concluindo... 
A pesquisa científica nas ciências naturais envolve o exame crítico de informação existente sobre um dado fenômeno natural e, a partir daí, a formulação de uma hipótese que possa ser submetida a um teste experimental. 
O equivalente ao teste experimental, nas ciências sociais, é a Pesquisa de Campo, materializada no trabalho de campo realizado junto com os sujeitos que estão sofrendo todas as ricas tensões com que se apresenta a realidade. 
Conforme dito acima nas ciências sociais os dados colhidos na pesquisa de campo são, sobretudo, qualitativos e exigem a interpretação do pesquisador. 
INTERPRETAÇÃO DO PESQUISADOR. Que tais interpretações estejam atravessadas pela subjetividade do próprio pesquisador e pelas representações sociais que dominam o contexto em que a pesquisa é realizada é considerado como inevitável e, portanto, torna-se parte do processo mesmo de produção do conhecimento. 
A riqueza das observações, a possibilidade de repeti-las exaustivamente corrigindo distorções mais sensíveis e o espírito crítico que deve predominar entre os pesquisadores são de certa maneira compensações que se podem evocar em nome do esforço de trabalhar com pesquisa de campo qualitativa. 
A pesquisa de campo é o procedimento básico da antropologia e da etnografia, mas terminou por disseminar-se pelas ciências sociais em geral. O trabalho de campo rompe com a especulação abstrata dos conhecimentos anteriores relativos aos domínios do que hoje se estuda nas ciências sociais. 
Conforme diz Lacerda, “A abordagem antropológica de base, a que todo pesquisador considera hoje como incontornável, quaisquer que sejam suas opções teóricas, provém de uma ruptura inicial com qualquer modo de conhecimento abstrato, especulativo ou conjectural, isto é, que não esteja baseado na observação direta dos comportamentos sociais a partir de uma relação humana” (LACERDA, 2013, p. 3). 
Referências 
ALVES MAZZOTTI, A.J. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais. Pesquisa quantitativa equalitativa. SP: pioneira. 1998
VANDENBOS, G.R. (org.) Dicionário de Psicologia. American Psychological Association (APA). 2010. 
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro, Record. 2007.
LACERDA, Eugênio Pascele. Trabalho de campo e relativismo. Acessado em: http://www.antropologia.com.br/arti/colab/a5-eplacerda.pdf. acessado em 27/04/13
AULA 3 
Introdução. Nesta aula, estaremos pensando a partir de alguns exemplos práticos, para ganhar clareza sobre as possibilidades de trabalho com dados quantitativos e qualitativos. Introduziremos também alguns instrumentos para coleta de dados, como as entrevistas e questionários e algumas vantagens e desvantagens de sua utilização.
O trabalho de campo
Retomo pelo ponto que encerramos nossa última aula: o trabalho de campo. É muito provável que sua pesquisa envolva o trabalho de campo dentro de um paradigma qualitativo, ou seja, dentro de uma tradição interpretativa e compreensiva. Embora os dados colhidos possam ser quantitativos e trabalhados quantitativamente, é predominantemente com dados qualitativos e tratamento que a pesquisa em Serviço Social tem acontecido.
No trabalho de campo os dados qualitativos são colhidos através da observação e interação com a população / meio estudado, porém também através de questionários, entrevistas e ainda pela análise de documentos e mídias variadas somente disponíveis àqueles que se dispuserem a investigar o próprio campo sob pesquisa e não limitar-se a colher os dados da literatura disponível ou das estatísticas oficiais.
DADOS QUALITATIVOS. O fundamental é que com os dados qualitativos temos informações não numéricas, ou seja, estamos no domínio da significação e do sentido e daí a chamada à interpretação e à compreensão. 
Lembrando que além de todas as questões levantadas pela pesquisa envolvendo dados qualitativos em ciências sociais, o trabalho de campo implica a impossibilidade do controle de variáveis que se pratica nos experimentos de laboratório. Isso traz desafios consideráveis quando levamos em conta a exigência de rigor típica da ciência.
Entretanto, o leque de possibilidades aberto pelo trabalho de campo em ciências sociais é extremamente rico e vai desde a posição mais reservada possível do pesquisador, procurando interferir ao mínimo no meio estudado, até a assunção radical de que sua subjetividade faz necessariamente parte do meio e, enquanto tal, do objeto da pesquisa. 
O trabalho de campo e a coleta de dados na pesquisa qualitativa. 
Imaginem cinco grandes especialistas do futebol chamados a decidir quem é o melhor jogador de todos os tempos: Pelé ou Maradona. Discussão iniciada, as considerações estilísticas são intermináveis e tão espetaculares quanto inconclusivas até que se chega à posição de que será conveniente recorrer à frieza dos números.
Estabelece-se então o que deverá ser medido. Como os dois ex-jogadores foram atacantes, os parâmetros a guiar a coleta de dados são o número de: 
Gols.
Assistências.
Vitórias.
Jogos pela seleção nacional.
Títulos locais.
Títulos Nacionais.
Títulos internacionais. 
O trabalho de campo e a coleta de dados na pesquisa qualitativa. Em seguida coletam-se os dados. Os pesquisadores não precisam ir a campo, pois todos os dados devem ser procurados em arquivos já existentes e oficiais. Fazem-se as contas (processamento dos dados) e lá está. Um dos jogadores é proclamado o melhor por atingir o melhor somatório considerando-se as variáveis convencionadas para responder a pergunta.
ATENÇÃO. Após o resultado, um impressionante número de amantes e especialistas do futebol e que tiveram acesso à pesquisa continuará questionando quem na verdade é, ou foi, o melhor. A matemática não tem o peso definitivo que tem nas ciências exatas e naturais, quando o assunto são as humanidades. Isso quer dizer que a metodologia escolhida não foi boa? Não. Por melhor que pudesse ser, a discussão continuaria. A pesquisa tampouco precisa ser considerada inócua apenas por não ter gerado resultados incontestáveis. 
ATENÇÃO. O desenvolvimento de seu tema deve obedecer a essas exigências, considerando que se trata de uma monografia de graduação: compromisso com o discurso científico e compatibilidade com debates já existentes na comunidade de pesquisadores em ciências sociais e / ou Serviço Social mais especificamente. Você deverá ter mostrado isso em sua revisão de literatura, resenhando autores que já discutiram o tema proposto, ou que emprestam fidedignidade ao método escolhido para pensar uma situação que pode ser específica da sua experiência. Nada impede, seria mesmo praticamente impossível, que seu trabalho apresente pontos de novidade, mas não é isso que ele visa. 
O que se espera de sua pesquisa é que ela entre no debate corrente sobre o tema que você escolheu e não que ela encerre qualquer discussão.
Mas espera-se também que você explicite os critérios que o(a) levaram a escolher seu tema, a optar por certo enfoque metodológico e a propor conclusões sempre passíveis de crítica e contestações. 
Domínio do trabalho de campo em Serviço Social. Brevemente considerado o exemplo anterior, passemos agora ao domínio do trabalho de campo em Serviço Social. Por exemplo, uma pesquisa visa determinar qual política pública gerou os melhores resultados em determinada comunidade, ou em comunidades próximas e que apresentam desafios sociais semelhantes. Você escolherá trabalhar com dados quantitativos ou qualitativos? Ou ambos? Todas essas possibilidades estão abertas para você. O que se tem defendido não é que métodos quantitativos não sirvam às ciências sociais, mas sim que eles não sejam os únicos reconhecidos como válidos para investigar os processos sociais.
Repare que enquanto no primeiro exemplo (melhor jogador de futebol), o trabalho de investigação dos dados pode ser feito sem a observação no campo, no segundo os dados terão ser recolhidos em trabalho de campo. Mas que dados estarão sob foco da observação e análise? Quais os indicadores de que tal ou qual política pública deu um melhor resultado? Quando trabalhamos com dados quantitativos temos sempre uma apresentação numérica. Então, por exemplo, número de:
a) Homicídios,
b) evasão escolar,
c) matrículas escolares.
d) Casas com água e esgoto tratados
e) Renda familiar 
Ou você poderia utilizar também indicadores já disponíveis como, por exemplo, aqueles adotados para medir o índice de desenvolvimento humano (IDH). 
Conforme vimos no exemplo sobre a escolha do melhor jogador de futebol, ao final dessa pesquisa não teríamos assunto encerrado, pois os resultados quantitativamente apresentados indicam “tendências”, ou “evidências de que...”, mas são e devem ser passíveis de discussão, ainda que sempre apoiados nos mais sólidos argumentos possíveis. Mas não está excluída a possibilidade de uma investigação que siga esse percurso apresente resultados que estão em desacordo com a percepção dos moradores das respectivas comunidades. 
Matematicamente o resultado é tal; porém como entender que os moradores da comunidade percebam “outra realidade”?
Há uma diferença entre os resultados quantitativos da métrica utilizada para responder a essa questão e o enunciado de que a água ferve a 100 graus Celsius. É muito difícil encontrar pessoas discutindo se a água ferve mesmo a 100 graus ou não e, caso ocorra a alguém discutir o assunto, ele poderá ser decidido pelo uso do termômetro, excelente exemplo de instrumento científico, por apresentar resultados que não variam conforme aquele que o estiver utilizando. Não temos nada semelhante ao termômetro para medir a questão sobre a eficácia de determinadas políticas públicas, ainda que possamos explorar a investigação quantitativa.
Entrevistas e questionários. 
Conforme Goldenberg (2007), esses instrumentos podem ser estruturados de diferentes maneiras: 
ATENÇÃO. Reparem que na letra b do item 1, a respostaé livre, porém a pergunta dirige minimamente a resposta. Não se trata de falar livremente a partir de um tema, mas de responder ao que foi perguntado, ainda que mais livremente, sem que existam respostas previamente estabelecidas a serem “escolhidas” pelo pesquisado. Já no item 2, a entrevista não é orientada por uma pergunta mas sim por um tema, sobre o qual o entrevistado poderá discorrer livremente. 
1. Podem ser rigidamente padronizados com as perguntas feitas com as mesmas palavras e na mesma ordem, de modo a assegurar que todos os entrevistados respondam à mesma pergunta. As perguntas podem ser:
A) Fechadas: respostas limitadas às alternativas apresentadas. Padronizadas, facilmente aplicáveis, analisáveis de maneira rápida e pouco dispendiosa;
B) Abertas: resposta livre, não limitada por alternativas apresentadas, o pesquisado fala livremente sobre o tema que lhe é proposto. A análise das respostas é mais difícil; 
2. Podem ser assistemáticos: solicitam respostas espontâneas, não dirigidas pelo pesquisador. A análise do material é muito mais difícil; 
3. Entrevista projetiva: utiliza recursos visuais (quadros pinturas, fotos) para estimular a resposta dos pesquisados. 
Entrevistas e questionários 
Quanto aos questionários, eles poderão ser enviados pelo correio, mas neste caso o pesquisador deve pensar uma estratégia para fazer aumentarem as chances dele ser respondido e no prazo mais breve possível. Essa estratégia deve considerar o envio do questionário a um número maior de pessoas, contando que alguns deles não retornarão com as respostas.
Um ponto importante quanto aos questionários diz respeito à garantia do anonimato. Você pode ter o cuidado de enviar uma carta que assegure de que maneira a identidade do respondente estará preservada. Nessa carta você poderá tentar mostrar ao entrevistado a importância de sua participação, ainda que com um texto breve e sucinto.
Vantagens e desvantagens do questionário 
Vantagens. Vantagens do questionário (GOLDENBERG, MIRIAM, 2007, pp. 87-90):
• É menos dispendioso;
• Exige menor habilidade para aplicação;
• Pode ser enviado pelo correio ou entregue em mão;
• Pode ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo;
• As frases padronizadas garantem maior uniformidade para mensuração;
• Os pesquisados se sentem mais livres para expressar opiniões que temem ser desaprovadas ou que poderiam colocá-los em dificuldades;
• Menor pressão para uma resposta imediata. O pesquisado pode pensar com mais calma. 
Pode coletar informações de pessoas que não sabem escrever;
As pessoas têm maior paciência e motivação para falar do que para escrever;
Maior flexibilidade para garantir a resposta desejada;
Pode-se observar o que diz o entrevistado e como diz, verificando as possíveis contradições;
Instrumento mais adequado para a revelação de informações sobre assuntos complexos, como as emoções;
Permite maior profundidade;
Estabelece uma relação de confiança e amizade entre pesquisador-pesquisado, o que propicia o surgimento de outros dados.
Repare como estes itens apontam para aspectos típicos da perspectiva qualitativa, o que fica especialmente claro nos itens 4 e 5. 
Desvantagens. 
• Tem um índice baixo de resposta;
• A estrutura rígida impede a expressão de sentimentos;
• Exige habilidade de ler e escrever e disponibilidade para responder.
DICA. Os questionários tipicamente poderão ser construídos com alternativas binárias de resposta (Sim ou Não) ou com respostas previamente construídas como se fosse uma questão de múltipla escolha, em que o pesquisado deverá escolher entre cinco aquela que melhor representa sua posição.
O entrevistador afeta o entrevistado;
Pode-se perder a objetividade tornando-se amigo. É difícil estabelecer uma relação adequada;
Exige mais tempo, atenção e disponibilidade do pesquisador: a relação é construída num longo período, uma pessoa de cada vez;
É mais difícil comparar as respostas;
O pesquisador fica na dependência do pesquisado: se quer ou não falar, que tipo de informação deseja dar e o que quer ocultar. 
Considerações finais 
Na próxima aula estaremos enfocando alguns cuidados específicos que devemos ter na construção destes instrumentos e trabalharemos também direções para tratamento dos dados obtidos através deles.
Para finalizar, é ainda importante que esteja claro para você que um pesquisador pode também optar por fazer diferentes tipos de imersão no ambiente / campo em que desenvolve sua pesquisa. Nesse caso não recorreria a entrevistas ou questionários, mas antes faria anotações extensivas a respeito de seu tempo de convívio naquele meio. Voltaremos a falar dessa e outras possibilidades nas aulas seguintes.
AULA 4 
Introdução. Um questionário é um instrumento de pesquisa que 
consiste em uma série de perguntas (itens) voltada para captar respostas dos sujeitos respondentes de um 
modo padronizado.
As perguntas de um questionário podem ser estruturadas e não estruturadas. Perguntas não estruturadas permitem que o sujeito responda com suas palavras; perguntas estruturadas pedem que o sujeito escolha entre algumas alternativas aquela que representa melhor sua posição.
A construção do questionário. A construção de um questionário é uma tarefa extremamente delicada. Você terá de tomar uma série de decisões quanto às perguntas que irá fazer, tanto no que diz respeito ao conteúdo, quanto às palavras escolhidas e construção das frases e finalmente quanto à sequência das perguntas. Você deverá manter-se em contato estreito com o tutor da disciplina quanto a este item do seu trabalho, no caso de optar por construir um questionário. Cada variável que mencionei acima e que será ainda mencionada abaixo pode afetar o resultado de sua pesquisa e, mesmo considerando que uma neutralidade absoluta é inalcançável, é necessário manter uma atitude crítica quanto a todos estes aspectos para não incorrer em tendenciosidade ingênua. A seguir veremos alguns pontos importantes.
Formato das respostas. Conforme já indicado acima, suas perguntas podem ser estruturadas ou não estruturadas. As respostas a questões estruturadas são obtidas através de alguns diferentes formatos, entre os quais os principais são:
Você pode achar conveniente criar alternativas de resposta que sigam outro padrão, como por exemplo, com preenchimento de lacunas, ou com respostas que obedeçam a uma escala previamente estabelecida, mas deverá discutir seu uso antecipadamente com o tutor de sua disciplina. Lembre-se que não existe método de pesquisa ruim, mas sim adequado ou inadequado para o estudo em questão. O mesmo vale para o padrão de resposta de seu questionário.
Resposta dicotômica. Quando se solicita aos sujeitos que selecionem uma de duas escolhas possíveis, tais como verdadeiro/falso, sim/não, concordo/discordo. Um exemplo de pergunta desse tipo seria: “Você é a favor da redução da menoridade penal?” Alternativas: Sim/não.  
Resposta nominal. Quando os sujeitos têm mais do que duas opções não ordenadas, tais como: “qual é seu ramo de atividade profissional?” Alternativas: Manufaturas / consumidor / comércio / serviços / educação / saúde / turismo / esporte / outros.
Resposta ordinal. Quando os sujeitos tem mais do que duas opções ordenadas, tais como: “Qual seu grau mais alto de educação?” Alternativas: Ensino fundamental / ensino médio / ensino superior. 
Conteúdo das perguntas e escolha das palavras. As respostas obtidas em um questionário são muito sensíveis aos tipos de pergunta feitos e daí a montagem do questionário ser uma tarefa delicada e trabalhosa. Não recue diante disso. Primeiro procure montar um questionário de modo mais solto, embora sempre tendo o tema de seu trabalho, seu objetivo geral e objetivos específicos como um norte. Crie as perguntas e depois passe a corrigi-las, refiná-las, até chegar a um ponto que considere mais próximo do ideal.
Jamais parta do princípio de que vocênão sabe fazer, que está lhe faltando competência para montar o questionário. Não! Construir um questionário é sempre uma tarefa delicada e qualquer um tem de desempenhá-la em etapas até chegar ao ponto ótimo. Para isso, o caminho é apenas um: abrir o computador e por mãos à obra. 
Dicas importantes. Vejamos alguns pontos a serem evitados ou dicas que podem ajudar você em sua tarefa. Perguntas fora do contexto ou ambíguas tenderão a receber respostas igualmente sem sentido e com muito pouco valor para sua pesquisa:
 A pergunta está clara e compreensível? As perguntas do questionário devem ser enunciadas em linguagem bastante simples, preferencialmente na voz ativa e sem palavras complicadas ou jargões que possam não ser entendidos por um sujeito respondente típico. Todas as perguntas de seu questionário devem ser escritas de maneira similar para que os sujeitos possam lê-las e compreendê-las facilmente. A única exceção acontece no caso de seu questionário estar dirigido a um grupo especializado, por exemplo, médicos, professores ou operários de certa área de produção, que utilizam tal vocabulário ou jargões por força de suas atividades.
Perguntas feitas de modo negativo. Construa as perguntas sempre de modo direto. Veja um exemplo: “O governo não deveria aumentar o imposto sobre carros importados?” Perguntas feitas dessa maneira tendem a confundir e devem ser evitadas. O exemplo pode ser caricato, mas o fato é que podemos nos distrair e transpor para o questionário vícios que habitualmente carregamos no uso cotidiano da linguagem. Outro modo de construção de frase que deve (sempre) ser evitado é aquele em que se utiliza duas negativas como, por exemplo: “Não se deve.... senão quando...”.
Palavras de significado vago. Evite perguntas com termos como “raramente”, “frequentemente”, pois podem ser interpretados de modos diferentes pelos sujeitos respondentes.
Ambiguidade. Cuidado com termos e expressões que possam ser diferentemente entendidos por diferentes sujeitos. Sabemos que as palavras podem adquirir múltiplos sentidos quando usadas em diferentes contextos e por isso mesmo devemos ter o cuidado de construir perguntas que evitem ao máximo esse tipo de deslizamento. Por exemplo: Quando se pergunta pelos rendimentos anuais de alguém, pode haver dúvida quanto a “salário” ou “aplicações”, “renda familiar” ou “da própria pessoa”. Ou quando, por exemplo, se pergunta se os funcionários de uma empresa acreditam no projeto da empresa, eles podem ficar em dúvida se isso diz respeito ao sucesso da empresa no mercado ou no modo como a empresa trata seus funcionários, o que pode estar perfeitamente em desacordo.
Imparcialidade da pergunta. A maneira como algumas perguntas são construídas pode favorecer certas respostas. Vejamos alguns exemplos: “ajuda aos pobres” pode atrair mais respondentes do que “investimentos na área social”, ao passo em que essas duas expressões possam estar se referindo à mesma coisa. “Interromper o aumento do crime” pode atrair mais do que “reforçar o cumprimento da Lei”; o mesmo com “resolver os problemas das grandes cidades” e “assistência às grandes cidades”. Mesmo sem ficar obsessivamente tentando evitar qualquer influência nas respostas, é importante que cuide desse aspecto no momento de formular suas questões. Algumas investigações em serviço social envolvem aspectos ligados ao sofrimento da população estudada e se você não souber construir as perguntas de modo adequado poderá despertar passionalidades e levar a respostas tendenciosas.
Perguntas referidas a mais de um item. Por exemplo, se você pergunta “se o professor está satisfeito com as condições do campus e acesso a tecnologia da escola”, o respondente pode estar satisfeito com o primeiro, mas não com o segundo e, assim, ficará na dúvida sobre o que responder. Outro exemplo: “Sua família está satisfeita com a programação da TV aberta?” Repare que alguns membros podem estar enquanto outros não, ou podem estar satisfeitos com a programação para adultos, mas não com a programação infantil. Separe essas perguntas em duas e evitará o problema. Se as mantiver assim, a pergunta admitirá múltiplas respostas para um mesmo respondente, o que não é exatamente o mesmo que “ambiguidade”. Quando temos ambiguidade, o respondente fica em dúvida sobre como interpretar o que está sendo perguntado. No tipo de pergunta que agora destacamos, ele entende a pergunta, mas não tem a opção certa para respondê-la, pois a resposta é, para ele, “sim e não”.
Perguntas muito gerais. Se você pergunta o quanto uma pessoa gostou de tal livro e cria alternativas que incluem, por exemplo, “bastante agradável”, caso o respondente escolha essa opção, o que isso quer dizer exatamente? Você poderá tentar perguntas mais “comportamentais” como: “Pretende indicar o livro para outras pessoas?” ou “pretende ler outros livros do mesmo autor?”. Repare que “bastante agradável” é uma resposta subjetiva e não se sabe exatamente o que isso pode querer dizer. Outro exemplo: “Qual o tamanho de sua escola? (grande, média, pequena)” Pode ser substituída por “Quantos funcionários trabalham em sua escola”. Repare que o que é geral demais aqui são os termos que parecem admitir muitas interpretações por parte do pesquisador que irá interpretar a resposta.
Perguntas muito detalhadas. Evite perguntas com detalhes desnecessários. Por exemplo: Você acha que sua família tem poucas crianças ou acha que o número de crianças está adequado? O exemplo é caricato, mas serve para você perceber que pode muitas vezes cortar até metade da pergunta. Tome como lema que quanto menos palavras você puder utilizar para perguntar a mesma coisa, melhor.
Perguntas que pressupõe avaliações. Se você pergunta sobre os benefícios do corte dos impostos, está pressupondo que tal corte é benéfico. Há pessoas que podem não considerá-lo benéfico de forma alguma, como por exemplo, aqueles que acham que os impostos são o que garante a possibilidade de investimentos na área social e que seu corte somente favorece aos capitalistas gananciosos.
Perguntas muito imaginarias. área social e que seu corte somente favorece aos capitalistas gananciosos. Perguntas muito imaginárias. Uma pergunta muito popular em programas de auditório na televisão é: “O que você faria se ganhasse dez milhões de reais?” Muitas pessoas podem jamais ter se perguntado isso, pois mal podem fazer ideia do que significaria tal quantidade de dinheiro. Os respondentes podem então dar respostas bem gerais como “fazer uma volta ao mundo”, “abrir uma pousada”, “ajudar os parentes”, ou que tais. Perguntas imaginárias têm respostas imaginárias que usualmente não são ideais para os propósitos de um trabalho científico.
Os respondentes têm a informação necessária para responder as perguntas feitas? Por exemplo, estudantes de ensino médio em princípio não devem ser chamados a responder sobre a necessidade de uma reforma partidária. Note que, caso a pergunta lhes seja encaminhada, eles responderão, mas, suas respostas serão úteis para quê? Você pode até considerar que o que desejava com sua pergunta era uma resposta baseada em pré-conceitos e intuições e que era isso que desejava medir, mas é importante que isso esteja claro para você. 
Procure sempre oferecer alternativas de respostas que esgotem as possibilidades para o que foi perguntado. Mas você poderá eventualmente utilizar o recurso de usar uma alternativa como “outras respostas não incluídas acima”. Passemos agora a pensar a questão do sequenciamento das questões.
A sequência das questões
Auditória Governamental. Em geral, as questões devem fluir logicamente de uma para outra. Para atingir o melhor índices de repostas, as questões devem fluir das menos delicadas para as mais delicadas, ou das mais simples para as mais complexas ou das mais gerais para as mais específicas, por exemplo. Você pode até optar entre um destes seqüenciamentos, mas não deixe de tentar obter algum fluxo lógico no seu questionário. Vejamos algumas dicas:
 
• Comececom perguntas simples e simpáticas, “não ameaçadoras”, que possam ser respondidas sem qualquer esforço. Boas alternativas são idade, sexo e grau de educação para questionários individuais e instituição, período e curso para um grupo de estudantes universitários, por exemplo.
• Jamais comece com uma pergunta aberta, ou seja, cujo assunto não esteja claramente definido e exija maior reflexão do respondente. 
• Caso siga uma sequência histórica de acontecimentos, utilize ordem cronológica, indo do mais antigo ao mais recente.
• Pergunte sobre um conjunto de assuntos de cada vez. Quando mudar de assunto, utilize recursos de transição como “Na próxima seção estaremos examinando suas opiniões sobre ...”. 
• Se considerar conveniente, utilize “filtros” para o prosseguimento do questionário, como por exemplo: “Caso tenha respondido ‘sim’ à última pergunta, vá para a seção 2. Caso tenha respondido ‘não’, vá para a seção 3”.
Lembre-se: aja com seus respondentes da maneira como gostaria que agissem com você. Seja atencioso com o tempo, a atenção, e a confiança que ele lhe dedica. O tempo das pessoas é valioso. Mantenha seu estudo tão sucinto quanto possível, limitando-o ao que seja estritamente necessário. Os respondentes costumam não gostar de dedicar mais de dez a quinze minutos a um questionário, não importa o quão importante ele seja. Questionários longos tendem a perder em quantidade e qualidade das respostas. 
Sempre garanta confidencialidade aos respondentes e sempre explique como irá proceder com as informações que estão sendo colhidas – incluindo com os resultados de sua pesquisa serão divulgados. Para questionários aplicados a grupos em empresas ou instituições, garanta aos respondentes que você irá mandar para eles uma cópia com os resultados finais de sua pesquisa - e não deixe de cumprir com essa promessa. Jamais deixe de agradecer aos seus respondentes pela participação que tiveram em sua pesquisa.
Essas recomendações dizem respeito ao manejo da relação que você estabelece com a população que lhe interessa investigar. Esse aspecto é extremamente importante e tanto mais quando você estiver fazendo entrevistas ou interagindo diretamente com a população em um trabalho de campo. Os questionários, por sua natureza, podem ser aplicados de modo mais impessoal, já que suas perguntas são padronizadas e estabelecem antecipadamente certa distancia entre pesquisador e respondente. Mas, como em qualquer contexto relacionado ao trabalho de campo, é importante que você tenha uma boa noção quanto ao lugar que vem ocupar em relação ao objeto que está sob foco de sua pesquisa. 
É importante que esteja claro para você que as respostas obtidas em um questionário prestam-se tanto a um tratamento qualitativo quanto quantitativo. Você poderá estar interessado em uma ou outra perspectiva ou em ambas. Por exemplo: se você faz uma pesquisa sobre intenções de voto, uma resposta como 75% das pessoas responderam que irão votar em tal candidato traz uma informação relevante, dada em caráter numérico. Mas, você poderá também fazer considerações qualitativas sobre essa intenção de voto, a partir do mesmo resultado. Poderá sugerir que, tendo em vista esse resultado e outros dados qualitativos obtidos ao longo de sua pesquisa, parece haver uma maior consciência da população em relação a tais ou quais aspectos e que houve um amadurecimento da prática democrática a partir do momento em que certas políticas públicas foram postas em andamento. Estaremos examinando aspectos relacionados ao tratamento dos dados obtidos em questionários em aulas seguintes. 
Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor online utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Construa um questionário voltado para algum aspecto relacionado ao tema e ao objetivo geral de sua pesquisa. Se você já tiver construído o seu questionário, examine seus pontos fracos ou pontos que lhe deixaram em dúvida e reflita sobre as principais dificuldades que podem se interpor a sua construção ou aplicação.
Referências:
ALVES MAZZOTTI, A.J. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais. Pesquisa quantitativa e qualitativa. SP: pioneira. 1998
(Bhattacherjee, Anol, Social Science Research: Principles, methods, and practices, Florida: University of South Florida, 2012).
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro, Record. 2007.
AULA 5 
Premissa. Na última aula trabalhamos a construção e uso dos questionários. Nesta aula vamos falar da utilização de entrevistas na pesquisa em ciências sociais. 
Primeiramente vamos falar das entrevistas estruturadas, quando perguntas são fixadas de antemão e colocadas ao entrevistado em ordem fixa. Mas uma entrevista também pode ser feita de modo mais livre, com entrevistado e entrevistador conversando durante algum tempo não necessariamente pré-estabelecido e com a produção de uma gravação a ser estabelecida como texto para análise em momento posterior.
Finalidade e características. Não importa o quanto seja estruturada, a entrevista é um instrumento que exige mais do pesquisador ainda que possa seguir um protocolo semelhante àquele utilizado nos questionários (isto é, um conjunto de perguntas padronizado). 
Nas entrevistas, o entrevistado responde com suas próprias palavras às perguntas elaboradas enquanto nos questionários as respostas também estão determinadas e limitadas de antemão.
ATENÇÃO. A entrevista é também uma forma de pesquisa mais personalizada que os questionários. Em parte por esse motivo, conta bem mais com a capacidade do entrevistador estabelecer uma relação adequada com o entrevistado. Somando a isso o caráter qualitativo do tratamento dos dados obtidos em entrevista, o recurso às entrevistas aumenta a responsabilidade do pesquisador, no sentido de seu cumprimento do rigor científico.
Objetivo. Como tenho dito em nossas aulas, ainda que a objetividade seja, pelo menos em certo sentido, um mito, assim como a neutralidade, não devemos tomar isso como motivo para achar que considerações metodológicas sejam “caretice”, coisa de positivistas fanáticos. 
Por isso, você precisará deixar claro porque o uso das entrevistas pode contribuir para sua pesquisa científica.
ATENÇÃO. Lembre-se que o paradigma qualitativo lhe dá grande margem de manobra, desde o uso de questionários e entrevistas, até o método biográfico, estudo de caso, pesquisa ação, quando se estará a distância razoavelmente longa de qualquer positivismo em sentido estrito.
Como tenho dito em nossas aulas, ainda que a objetividade seja, pelo menos em certo sentido, um mito, assim como a neutralidade, não devemos tomar isso como motivo para achar que considerações metodológicas sejam “caretice”, coisa de positivistas fanáticos. Por isso, você precisará deixar claro porque o uso das entrevistas pode contribuir para sua pesquisa científica.
VOCE PRECISAR[A. Você deve se preocupar em mostrar que seus achados são mais do que sabedoria de senso comum disfarçada por termos mais ou menos complicados. Faça valer o compromisso de abrir-se à discussão crítica de suas análises e conclusões. Mostre que está atento à delicadeza do uso de cada instrumento de coleta de dados que utilizou e do caminho que seguiu para propor algumas hipóteses e conclusões. Por outro lado, não deixe de utilizar a metodologia que lhe pareça mais interessante para estudar o seu tema. 
DEIXAR CLARO. Você deve se preocupar em mostrar que seus achados são mais do que sabedoria de senso comum disfarçada por termos mais ou menos complicados. Faça valer o compromisso de abrir-se à discussão crítica de suas análises e conclusões. Mostre que está atento à delicadeza do uso de cada instrumento de coleta de dados que utilizou e do caminho que seguiu para propor algumas hipóteses e conclusões. Por outro lado, não deixe deutilizar a metodologia que lhe pareça mais interessante para estudar o seu tema.
Pontos importantes. Vejamos então alguns pontos que merecem atenção no uso das entrevistas, seja para otimizar seu uso, seja para evitar tendenciosidade na coleta que possa interferir na análise dos dados. 
Como disse acima, são considerações que se prestam mais às entrevistas estruturadas. Com as entrevistas abertas, a ênfase do trabalho científico recairá em outros pontos, especialmente no trabalho de interpretação dos “dados”.
• Nas entrevistas estruturadas, embora as perguntas sejam fixas, o entrevistado responde livremente. Apara melhor manejar com a massa de informação que receberá, o roteiro das entrevistas pode conter instruções específicas para o entrevistador que não são vistas pelo entrevistado e podem incluir espaço para que o entrevistador faça o registro de observações e comentários pessoais.
• Também ao contrário do que ocorre com questionários (mais ainda quando feitos a distancia, como aqueles enviados por correio), com as entrevistas o entrevistador tem a oportunidade de esclarecer quaisquer tópicos sobre os quais o entrevistado manifeste dúvida e fazer perguntas não previstas inicialmente, mas que considere necessárias ou convenientes para o melhor esclarecimento dos pontos em questão.
ATENcao. As entrevistas disponibilizarão um material muito mais rico, embora também impreciso, ou pelo menos de mais difícil tratamento. Indiscutivelmente, entretanto, a riqueza do material fornecido em certas entrevistas permite igualmente uma análise bastante rica.
Desvantagens. Você terá que estabelecer um texto a partir do que foi gravado ou taquigrafado. Somente isso já dará bastante trabalho a você, mas restará ainda saber o que fazer com o que foi estabelecido, com as informações coletadas. Acerte bem no cronograma de seu trabalho o período para realizar as entrevistas e realizar, armazenar os dados e tratá-los.
As entrevistas têm também algumas “desvantagens”. Em primeiro lugar, elas consomem mais tempo não apenas em sua execução, mas também no tratamento dos dados - a riqueza das respostas é a vantagem e a desvantagem das entrevistas. 
 O entrevistador é considerado parte do instrumento de medida e deve “pró-ativamente” cuidar, seja para não dirigir as respostas, seja para justificar de que modo seu tratamento dos dados coletados na entrevista enfrenta o problema da tendenciosidade no uso deste instrumento.
Tipos de entrevista: individual. A forma mais típica de entrevista é pessoal e feita, frente à frente, com o entrevistado. Nesse caso você irá trabalhar diretamente com o sujeito respondente, gravando suas respostas. Essas entrevistas podem ser feitas na própria casa do respondente, em seu lugar de trabalho ou em lugares que façam parte da rotina de vida do entrevistado.
ATENCAO. Você deverá sempre cuidar para que estímulos externos, o contexto enfim, não interfira nas respostas de modo inconveniente ou deverá incluir na sua metodologia de trabalho estas interferências.
INTERFERENCIAS. Por exemplo, no caso de você entrevistar alguém em uma praça ou ambiente público em que o sujeito possa se distrair ou preocupar com elementos externos ao que lhe está sendo perguntado. Mas você também pode mostrar em seu trabalho como determinada pessoa ou pessoas, em dado ambiente – por exemplo, praça pública na presença de outras pessoas – respondeu às suas perguntas. Veja que você pode tirar conclusões interessantes das duas maneiras e o importante será deixar claro o caminho que seguiu para o seu leitor.
Tipos de entrevista: individual. Você deverá sempre cuidar para que estímulos externos, o contexto enfim, não interfira nas respostas de modo inconveniente ou deverá incluir na sua metodologia de trabalho estas interferências.
Por exemplo, no caso de você entrevistar alguém em uma praça ou ambiente público em que o sujeito possa se distrair ou preocupar com elementos externos ao que lhe está sendo perguntado. 
Mas você também pode mostrar em seu trabalho como determinada pessoa ou pessoas, em dado ambiente – por exemplo, praça pública na presença de outras pessoas – respondeu às suas perguntas. 
Veja que você pode tirar conclusões interessantes das duas maneiras e o importante será deixar claro o caminho que seguiu para o seu leitor.
No caso de uma entrevista feita na casa do respondente, cuide para que ele não se sinta desconfortável com a sua presença, pelos mais variados motivos. Desde a exposição a um estranho de sua própria casa, até a preocupação com a percepção de familiares ou residentes com a realização da entrevista, suas respostas etc. 
 Você deverá utilizar neste momento talentos que não são em princípio facilmente ensináveis para criar um ambiente adequado para a realização da entrevista. Digo isso especialmente considerando que, em se tratando de uma monografia de graduação, talvez você esteja fazendo esse tipo de pesquisa e utilizando especificamente esse instrumento (entrevista) pela primeira vez.
SAIBA MAIS. Mas o bom ambiente criado para a realização da entrevista tem enorme importância para sua eficácia máxima e você terá que usar suas capacidades aprendidas dentro e fora da universidade para enfrentar essa experiência.
Tipos de entrevista: em grupo. Uma variante da entrevista pessoal é a entrevista em grupo. Com essa técnica, um pequeno grupo de respondentes (normalmente entre seis e dez) é entrevistado em um mesmo local. 
O entrevistador, nestes casos, é essencialmente um facilitador cuja tarefa é promover o debate e a circulação de idéias e garantir que cada pessoa tenha a oportunidade de responder. 
Esse tipo de atividade em grupo permite um exame diferente de tópicos, muitas vezes complexos, na medida em que, ao ouvir as outras pessoas falando os participantes do grupo tendem a pensar e dizer coisas que antes não passaram por suas mentes, ficando também mais a vontade para falar. 
Claro que para isso você terá de ter cuidado na montagem do grupo de entrevistados.
ATENCAO. Em uma entrevista em grupo uma das pessoas com personalidade dominante pode acabar sobressaindo indevidamente na discussão. Você deverá atuar então como alguém que faz a palavra circular, tentando impedir que ela seja monopolizada por uma ou duas pessoas. E quando algumas pessoas mostram-se relutantes em emitir sinceramente suas opiniões se colocadas no mesmo grupo em que estão seus companheiros e / ou superiores? Leia sobre isso aqui.
A entrevista pode perfeitamente cumprir um papel em pesquisa social registrando os modos como as pessoas de interesse para o estudo falam de determinado assunto, mas para essas falas sejam analisadas não como enunciados de verdades individuais, mas como representações que percorrem o tecido social e participam assim de uma rede de causalidade que é trans-individual.
TRANS-INDIVIDUAL. Veremos isso na próxima aula quando falaremos mais detidamente do entrelaçamento de poder e discurso e da análise de representações sociais e análise do discurso. 
Tipos de entrevista: por telefone. Um terceiro tipo de entrevista que você poderá utilizar é a entrevista por telefone. Com essa técnica, você poderá entrar em contato com potenciais sujeitos respondentes escolhidos randomicamente através de uma lista de telefones relacionada à população sob foco em sua pesquisa.
A vantagem óbvia dessa técnica é o alcance maior e menos trabalhoso que você poderá ter de sujeitos respondentes.
A desvantagem óbvia é que você terá muito menos controle sobre os aspectos contextuais que poderiam ser levados em conta quando ouvimos o que as pessoas estão dizendo diretamente.
ATENCAO. Conforme dissemos nas primeiras aulas dessa disciplina, uma mesma frase dita em contextos diferentes pode ter um significado completamente diferente. Por exemplo, se uma esposa responde a você ao telefone na mesma sala em que está o seu marido, suas respostas podem ter um sentido completamente diferente do que teriam se ela estivesse falando na presença apenas de seus filhos. Leia algumas precauçõesque o entrevistador tem que seguir.
Conduzindo a entrevista. Antes da entrevista você deve preparar um “kit” que inclui uma carta de referência da Universidade, assinada pela pessoa competente para autorizá-lo a pesquisar em nome de seu curso de Serviço Social, seus documentos pessoais e um número de telefone possa confirmar a autenticidade de suas intenções. O sujeito respondente poderá não requisitar nada disso, mas você tomará a iniciativa de apresentar a carta e seus documentos e informar sobre a possibilidade de confirmação através do número tal etc.
Alguns desses recursos são:Silêncio. Se você simplesmente não passar a outra pergunta, como se continuasse a ouvir o sujeito, aguardando um pouco mais de elaboração, isso poderá ser suficiente para fazer com que o entrevistado enriqueça sua resposta.
Breves expressões de incentivo. Expressões como “sim”, “entendo”, “uh-hum” podem ser utilizadas para incentivo à continuidade da elaboração.
Solicitação de elaboração. Você pode ser ainda mais enfático e solicitar: “Você poderia elaborar um pouco mais esse ponto?” ou “Um pouco antes você mencionou uma experiência que teve na escola. Poderia falar um pouco mais sobre isso?”
Reflexão. Você pode utilizar o truque de repetir o que o entrevistado disse. Por exemplo: “Entendo que você considerou a experiência um tanto traumática” e então silenciar e aguardar por alguma elaboração do entrevistado.
ATENCAO. Após terminar a entrevista, agradeça ao entrevistado pela disponibilidade que teve e informe quando os resultados estarão prontos. Não saia apressadamente, mas, imediatamente após deixar o local faça observações que lhe pareçam permitir interpretar melhor as respostas dadas pelo entrevistado.
Cuidados com a contaminação dos dados no uso de questionários e entrevistas. Falaremos agora de alguns cuidados que devem ser tomados para evitar influências não desejáveis sobre as respostas dos entrevistados e ou interpretações tendenciosas das respostas fornecidas por eles.
 
Apesar de toda sua utilidade o uso de questionários e entrevistas sempre gera o temor de parcialidade por parte do pesquisador, seja no momento de conduzir a aplicação do instrumento, seja no momento de interpretar as respostas recebidas. Mencionaremos aqui alguns elementos simples que podem ser trazidos para sua reflexão caso opte por fazer uso desses instrumentos.
INFLUENCIAS N’AO DESEJAVEIS. Antes disso, quero destacar que se utilizo a expressão “influências não desejáveis” é porque tenho o cuidado de não falar em “neutralidade” ou “objetividade”.
Falar em aspectos que podem interferir no valor de suas respostas é trazer o risco de você confundir isso com a busca de objetividade e/ou neutralidade, quando não se trata disso. 
Já vimos exaustivamente que, enquanto prática social, uma pesquisa é sempre feita em certo contexto e estará sempre marcada tendenciosidade que esse contexto impõe. Além disso, quando adotamos um paradigma qualitativo, essa questão é relativizada.
Isso não impede considerar quando você conta com um instrumento metodológico como um questionário ou entrevista, há aspectos relacionados à impossibilidade de neutralidade / tendenciosidade que são específicos do uso desse instrumento. Isso absolutamente quer dizer que o instrumento é ruim, mas apenas que você deverá saber como utilizá-lo.
Procure se certificar de que seu trabalho se insere em um contexto de práticas científicas na sua área e que participe em uma rede de diálogo crítico. 
Sugiro que você considere como um ideal que seu trabalho seja suficientemente bom para ser criticado, ou seja, para merecer a atenção e a crítica de outros pesquisadores da área e, assim, que entre no debate contemporâneo dentro da área concernente ao serviço social estimulando o surgimento de novas hipóteses e conclusões.
LEITURA. Análise dos pontos típicos.
Conclusão. Finalmente lembre-se de que as respostas a um questionário ou entrevista dependem da motivação e da memória. Portanto, especialmente quando o que estiver em pauta disser respeito a assuntos que aconteceram em passado distante, lembre-se de que os respondentes podem não se lembrar adequadamente do que aconteceu ou mesmo que eles podem sequer se lembrar de alguns fatos passados. 
Por exemplo, se for solicitado a um respondente que ele se lembre do uso que fazia do computador um ano antes, sua resposta pode não ser precisa. O mesmo pode ser verdadeiro para datas de infância etc.
ATENCAO. Na próxima aula estaremos vendo algumas possibilidades de análise qualitativa dos dados que me parecem especialmente importantes para a pesquisa em ciências sociais em geral e em serviço social em particular. Lembrando que o trabalho de campo não e resume a entrevistar e aplicar questionários, estaremos vendo também outras possibilidades do paradigma qualitativo dentro do trabalho de campo em ciências sociais.
Referências
ALVES MAZZOTTI, A.J. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: Pesquisa quantitativa e qualitativa. SP: pioneira. 1998
BHATTACHERJEE, A. Social Science Research: Principles, methods, and practices, Florida: University of South Florida, 2012).
GOLDENBERG, M. Social Science Research: Principles, methods, and practices, Florida: University of South Florida, 2012).
GONDELBERG, Mirian. Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro, Record. 2007.
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