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Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. prof. augusto alves “Art. 1º A República Federativa do Brasil, ... tem como fundamentos:” “I - a soberania;” Poder supremo e independente, não estando limitado por nenhum outro na ordem interna e independente porque na ordem internacional não tem que acatar regras que não sejam voluntariamente aceitas. Soberania é atributo básico do Estado, estabelecendo sua independência em relação aos demais entes estrangeiros. A soberania significa que o poder do Estado brasileiro, na ordem interna, é superior a todas as demais manifestações de poder, não é superado por nenhuma outra forma de poder, ao passo que, em âmbito internacional, encontra-se em igualdade com os demais Estados independentes. prof. augusto alves “Art. 1º A República Federativa do Brasil, ... tem como fundamentos:” “II - a cidadania” O constituinte está utilizando essa expressão em sentido abrangente, e não apenas técnico-jurídico. Cidadania não é a simples atribuição formal de direitos políticos ativos e passivos aos brasileiros que atendam aos requisitos legais. Impõe-se ao Poder Público atuar concretamente, a fim de incentivar e oferecer condições propícias à efetiva participação política dos indivíduos na condução dos negócios do Estado, fazendo valer seus direitos, controlando os atos dos órgãos públicos, cobrando de seus representantes o cumprimento de compromissos assumidos em campanha eleitoral, enfim, assegurando e oferecendo condições materiais para a integração irrestrita do indivíduo na sociedade política organizada. Representa um status e apresenta-se simultaneamente como objeto e um direito fundamental das pessoas. É a participação popular na tomada de decisões políticas, bem como as condições mínimas para que o cidadão esteja consciente de seus direitos e deveres, inserindo-se na sociedade. prof. augusto alves “Art. 1º A República Federativa do Brasil, ... tem como fundamentos:” “III - a dignidade da pessoa humana;” Preceito basilar que impõe o reconhecimento de que o valor do indivíduo, enquanto ser humano, prevalece sobre os demais. A dignidade da pessoa humana estabelece o Brasil como uma Estado centrado no ser humano, e não em qualquer outro referencial. A razão de ser do Estado brasileiro não se funda na propriedade, em classes, em corporações, em organizações religiosas, tampouco no próprio Estado (como ocorre nos regimes totalitários), mas sim na pessoa humana. Na feliz síntese de Alexandre de Moraes, "esse fundamento afasta a ideia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual". São vários os valores constitucionais que decorrem diretamente da ideia de dignidade humana, tais como, dentre outros, o direito à vida, à intimidade, à honra e à imagem. A dignidade da pessoa humana assenta-se no reconhecimento de duas posições jurídicas ao indivíduo. De um lado, apresenta-se como um direito de proteção individual, não só em relação ao Estado, mas, também, frente aos demais indivíduos. De outro, constitui dever fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. prof. augusto alves “Art. 1º A República Federativa do Brasil, ... tem como fundamentos:” “IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;” Estabelece o Brasil como um Estado obrigatoriamente capitalista e, ao mesmo tempo, assegura que, nas relações entre capital e trabalho será reconhecido o valor social deste último. No art. 170, a Constituição reforça esse fundamento, ao estatuir que "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social". É através do trabalho que o homem garante sua subsistência e o crescimento do País; quanto à livre iniciativa, é fundamento que busca proteger o empreendedor, o micro, pequeno ou macro empresário contra práticas ilícitas, abusivas, que tenham por intuito restringir a competitividade do mercado. prof. augusto alves • “Art. 1º A República Federativa do Brasil, ... tem como fundamentos:” • “V - o pluralismo político.” • Por último, nossa Carta arvora o pluralismo político em fundamento da República Federativa do Brasil, implicando que nossa sociedade deve reconhecer e garantir a inclusão, nos processos de formação da vontade geral, das diversas correntes de pensamento e grupos representantes de interesses existentes no seio do corpo comunitário. • Demonstra a preocupação do legislador constituinte em afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país. • Princípio de democracia que consagra valor às idéias políticas de qualquer segmento. • Veda o unipartidarismo. prof. augusto alves • “Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” • O dispositivo afasta qualquer dúvida sobre a titularidade do poder político no estado Brasileiro: o povo. Este o titular único e absoluto do poder político. prof. augusto alves • “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” • Estabelece uma divisão de caráter funcional e orgânico quanto ao exercício das três funções estatais: a legislativa, a jurisdicional e a administrativa. • Princípio da Separação dos Poderes. Cláusula pétrea, não se admite emenda constitucional tendente a aboli-lo. Organização dos Poderes FUNÇÕES TÍPICAS ATÍPICAS LEGISLATIVO Legislar e Fiscalizar Administrar e Julgar EXECUTIVO Administrar Julgar e Legislar JUDICIÁRIO Julgar Administrar e Legislar Sistema de freios e contrapesos. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art. 2º) prof. augusto alves “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: “COGAERPRO” I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” Esses objetivos têm em comum assegurar a igualdade material entre os brasileiros, possibilitando a todos iguais oportunidades, bem como para autodeterminar e lograr atingir suas aspirações materiais e espirituais, condizentes com a dignidade inerente a sua condição humana. Segundo José Afonso da Silva, alguns dos objetivos assinalados "valem como base das prestações positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social e cultural, a fim de efetivar na prática a dignidade da pessoa humana". Nossa doutrina vem considerando esse dispositivo como de natureza programática – princípios programáticos: ações que o Estado tem que fazer! prof. augusto alves • “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: • “AINDA NÃO CONPREI RECOOS” • I - A utodeterminação dos povos; • II - IN dependência nacional; • III - DE fesa da paz; • IV - NÃO -intervenção; • V -CON cessão de asilo político. • VI - PRE valência dos direitos humanos; • VII - I gualdade entre os Estados; • VIII - RE púdio ao terrorismo e ao racismo; • IX - COO peração entre os povos para o progresso da humanidade; • X - S olução pacífica dos conflitos; prof. augusto alves • “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: • I - independência nacional;” • Esse princípio reafirma o (fundamento) da soberania, que o Brasil nas suas relações internacionais, não poderá abrir mão de sua independência, na sua condição de nação soberana. • “II - prevalência dos direitos humanos;” • Significa o princípio que o Brasil evitará travar alguma relação jurídica com Estados que desrespeitem os direitos humanos do seu povo ou do povo brasileiro. Assim, o inciso II do art. 4 enuncia como princípio fundamental internacional a prevalência dos direitos humanos, o que, em casos extremos de afronta a esses direitos por um Estado, pode levar o Brasil a apoiar a interferência de outros Estados naquele, a fim de impedir a continuação de situações de profunda degradação da dignidade humana. Nesses casos, de que são inúmeros os exemplos concretamente ocorridos, os direitos humanos prevalecem à própria soberania. prof. augusto alves • Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: • “III - autodeterminação dos povos; • IV - não-intervenção;” • A autodeterminação dos povos e a não-intervenção reforçam a segunda aplicação do princípio da independência nacional (soberania), proibindo o Brasil de tomar parte em ações ofensivas à soberania de outro Estado. – Têm origem no reconhecimento da igualdade entre os Estados. Respeita-se a soberania de cada um, assegurando-se que, no âmbito interno, os Estados não devem sofrer Ingerência na condução de seus assuntos. Vale lembrar que não existem princípios absolutos, devendo sua convivência seguir a lógica da ponderação. prof. augusto alves • Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: • “V - igualdade entre os Estados;” • Trata-se, aqui, de uma igualdade formal, essencialmente jurídica, uma vez que na esfera econômica são absurdamente desiguais as condições existentes entre os Estados. De toda sorte, uma noção de busca de igualdade material se manifesta no princípio da colaboração entre os Estados. A Constituição de 1988 agrega ao princípio da colaboração o fim a ser perseguido mediante essa cooperação mútua, qual seja, o progresso da humanidade (cooperação entre os povos para o progresso da humanidade - art. 4, IX). prof. augusto alves • “VI - defesa da paz; • VII - solução pacífica dos conflitos;” • São dois princípios intimamente relacionados, na verdade complementares. O primeiro é de acepção mais genérica, e abrange não só ações negativas, de repúdio a conflitos armados já deflagrados, mas também ações positivas, que objetivam evitar a explosão do conflito. • Já o segundo princípio, de sentido mais estrito, aplica-se perante conflitos já deflagrados, impondo ao Brasil que auxilie na resolução das divergências que o ocasionaram o uso de instrumentos pacíficos, a exemplo da arbitragem internacional. prof. augusto alves • “VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;” • Reforço aos Direitos Humanos. • Repúdio é mais do que simples rejeição. É uma rejeição qualificada pela repulsa, por se entender que terrorismo e racismo são modos desumanos de atuação, que merecem ser eliminados da face da terra. O terrorismo, por ser um modo covarde de agressão de inocentes no mais das vezes, mesmo quando seja por uma causa justa. O racismo por ser forma agravada de discriminação que importa a idéia de domínio de uma raça sobre outra. prof. augusto alves • “IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;” • Reconhecida em vários documentos internacionais. Assim, é um dos propósitos explícitos da carta da ONU conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas de caráter econômico, social, cultural ou humanitário. prof. augusto alves • “X - concessão de asilo político.” • O Brasil é signatário da Convenção sobre Asilo Diplomático assinada em Caracas (1954). O asilo político consiste na acolhida de refugiado político em representação diplomática do Estado asilante e no recebimento de estrangeiro no território nacional, a seu pedido, sem os requisitos de ingresso, para evitar punição ou perseguição no seu país de origem por delito de natureza política ou ideológica. prof. augusto alves O asilo político compreende dois institutos, inconfundíveis, mas conexos: o asilo diplomático e o asilo territorial. Ambas as formas estão abrangidas aqui, com a diferença de que o asilo diplomático depende de acordos internacionais, e o asilo territorial é instituto de Direito interno. O Brasil é signatário da Convenção sobre Asilo Diplomático assinada em Caracas (1954), já ratificado. Consiste ele na acolhida de refugiado político em representação diplomática do Estado asilante. Já o asilo territorial consiste no recebimento de estrangeiro no território nacional, a seu pedido, sem os requisitos de ingresso, para evitar punição ou perseguição no seu país de origem por delito de natureza política ou ideológica. Sendo ato discricionário do Presidente da República. prof. augusto alves • “Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.” • Fundamenta o Mercosul. Não se trata de simples faculdade, mas de um mandamento constitucional a ser cumprido pelo Estado Brasileiro, buscando a integração, com o objetivo de formar uma comunidade latino- americana de nações.
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