Buscar

Artigo de Lore Reich sobre Reich e Anna Freud

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Lore Reich Artigo de Lore Reich sobre Anna Freud
http://acorgone.free.fr/AFreudVersusWReich.html (aqui tem o texto em francês) 
Eu vou retratar aqui a historia e as confusões de Reich e Anna Freud nos anos 20 /30 e colocando-as no contexto das tendências ideológicas e politicas que dominavam a época. Essas confusões serão encaradas as vezes sobre o aspecto político e a partir do ponto de vista do desacordo entre as personalidades, desacordo que terminara com a expulsão de Reich da sociedade psicanalítica internacional. Escrevo este artigo com dois objetivos : o primeiro é aquele de uma psicanalista que tenta interpretar os documentos acessíveis deste assunto, o segundo, de natureza pessoal, porque Reich era o meu pai.
Durante estes últimos anos, a medida que os protagonistas desaparecerem e que não pode mais exercer-se de censura, grandes panos da história põem-se à crédito, descoberto pelas cartas e as biografias. Dois livros, pelo menos, apareceram sobre Anna Freud, que vou utilizar como fonte para descrever a sua personalidade e a seu temperamento. Um é uma biografia Elizabeth Yong-Bruehl (1) e outro é nomeado “The Last Tiffany” de Michael Burlingham (2). A avó deste autor era Dorothy Burlingham que foi a amiga Anna Freud ao longo de toda a sua vida.Ultimamente alguns novos livros sobre Reich também foram publicados em Viena e em Basileia: Karl Fallend Reich in Wien (3), Fallen et Nitzschke, eds. Der Fall Wilhelm Reich (4) e o livro de Fenichel Rundbriefe, publicado por Stoemfed Verlag. O Rundbriefe contem dez anos de uma interessante correspondência que manteve Fenichel com um grupo de psicanalistas escolhidos nos anos 34-44. Entraram na minha possessão pela mediação da minha mãe. Apesar das pressões, em vez de enterrá-los no Freud Arquivos da biblioteca do Congresso, dei estas cartas a um editor. Informações mais pessoais provêm de conversações com a minha mãe e outros membros da minha família.
Eu vou agora apresentar-lhes sucintamente a vida do meu pai. Ele não era um santo. Era uma pessoa muito difícil, mas não vou insistir muito neste aspecto logo na ocasião do seu aniversário.Eu acho mais interessante o fato que tratava-se de um homem entusiasmado, enérgico, fiel à psicanalise. Foi praticamente apos o fim do seu serviço militar, apos a primeira guerra mundial que ele veio até a psicanalise, ao mesmo tempo em que era estudante de medicina em Vienna. Ele chegou rapidamente na ponta da clinica psicanalítica em Vienna. Ensinou também a técnica psicanalítica em seminário ao longo dos anos 24 à 1930, no instituto psicanalítico de Vienna. De acordo com as fontes citadas acima deste artigo, ele era muito estimado pela maior parte dos múltiplos amigos da comunidade psicanalítica. Richard Sterba, descreve que esta comunidade era extremamente importante para Reich, como um círculo particularmente íntimo, cujo a unidade era tanta que os membros, por exemplo, jovens que vieram até a psicanalise apos a segunda guerra mundial, encontraram maridos e esposas no grupo. Foi o caso do meu pai e da minha mãe, que tornou-se também uma psicanalista. No entanto, Reich teve alguns problemas com o seu segundo analista, Paul Federn. Nos dias de hoje, nos somos bem sensíveis ao fenômeno de transferência e contra-tranferência. Bem, ele, Paul Federn, tinha uma boa noção de transferência, mas nenhuma de contra transferência. Federn, eu acho, desenvolveu uma forte contra-transferência sobre o meu pai, e ignorava todas as regras deontológicas, hoje modernas, de confidencialidade do que podíamos ou não dizer aos pacientes. Ao contrario, ele passa anos tentando fazer a cabeça de Freud para que este se desfaça de Reich, que o demita do seminário psicanalítico e que o faça sair da clinica. 
Meu pai se queixa à Freud, disso que ele chamou de perseguição. Federn não tinha nenhuma idéia que se tratava ali de uma contratransferencia : ele considerava Reich louco e tentava todo tempo de fugir dele. E interessante dizer aqui que Freud não deu ouvidos à Federn até 1930, momento onde outras vozes e particularmente a de Anna Freud, se levantaram contra Reich.
As reações de meu pai às perseguições de Federn são interessantes. Eu creio que ele entrou rapidamente em uma depressão, mesmo que isso não esteja documentado em livro algum. Eu as reconstituo à partir das remarcas de minha mãe sobre uma grave depressão que ele sofreu em 1927 e que o levou a contrair uma séria tuberculose. Em seguida, apos retornar do sanatório de Davos, meu pai começa a trabalhar em cima de uma inovação técnica muito elegante, brilhante e nova. Ele da ênfase à maneira de emergir da transferência negativa do paciente. Me parece que o que decidiu fazer, não sei se de maneira consciente ou inconsciente, foi ensinar seu analista a maneira da qual ele deveria ter conduzido a análise. Foi então que Reich começa a escrever « Análise do caráter ». Tanto que as 100 primeiras páginas do livro é consagrada à transferência negativa e sobre a maneira como ela deve ser entendida antes que o futuro terapeuta pretenda analisar quem quer que seja. Não é uma teoria tão surpreendente nos dias de hoje. A psicanalise evoluiu tanto no controle da transferência e da contratransferencia que esta idéia é efetivamente atual. Mas nesta época, o conceito de contratransferencia era suficientemente revolucionário e dificilmente admitido pelos psicanalistas.
Reich tinha uma maneira muito criativa, eu acho, de localizar o que era realmente um traumatismo. Esta maneira de proceder, que se resume em ser contrariado para em seguida descobrir novas conclusões teóricas, foi presente em toda sua vida. Ao mesmo tempo, um outro de seus mecanismos de defesas revigorante fez a sua lenta aparição : quando ele é expulso de um grupo, ele forma um outro e assim faz novos amigos. Todo ao longo de sua vida, Reich criou varias novas teorias em resposta às suas opositoras formando outros grupos. Mas, continuemos nossa história.
Enquanto Federn não consegue depreciar Reich no pensamento de Freud ou no da sociedade psicanalítica, Anna Freud agia da maneira que vou expor mais adiante. Reich se afastava do grupo psicanalítico, e a mesma medida, se investia cada vez mais, primeiro no socialismo e depois no comunismo. E quando foi expulso do grupo psicanalítico, ele deixa Vienna e vai para Berlim em 1930, indo formar uma nova sociedade e um outro suporte para ele mesmo ( notemos que em 1934 Reich foi expulso do grupo de comunistas e torna-se um anticomunista tímido, pelo menos ao que sabemos).
Então, dissemos que Reich deixa Vienna por Berlim em 1930, este é o momento onde ele se torna mais radical : a razão mais patente dada por ele a essa mudança foi que ele veio à Alemanha para combater os nazistas. Segundo ele também, Vienna se tornava cada vez mais fascista e ele estava em perigo potencial. Provavelmente um desses motivos contribuíram para que ele mudasse de lugar, mas ele sofria pressões da parte de seu antigo grupo psicanalítico. Mas, na verdade, foi um outro fator mais doloroso e mais pessoal a causa desta mudança. No fim dos anos 20, ele era um comunista militante. E ao mesmo tempo, muitos, mas não todos os seus colegas vienenses eram profundos conservadores. Alguns psicanalistas eram de esquerda ou radicais. Os Freud, Anna e Sigmund, eram completamente conservadores. Nestes tempos difíceis, Reich manteve sua posição radical. Os Freud, ficaram constrangidos por isso : Eles sentiam que o espírito do público podia associar a psicanalise ao comunismo. Eu falo disso a vocês, mesmo que eu não saiba verdadeiramente até qual medida ele, Sigmund Freud tinha conhecimento próprio disso.Seu câncer foi diagnosticado em 1923 e gradualmente, Anna Freud toma um lugar preponderante no curso da organização psicanalítica. Em 1932, meu pai tinha a intenção de publicar um artigo sobre o caráter masoquista. Freud recusou categoricamente sua publicação, alegando que o artigo era essencialmente comunista.
Por outro lado, houveram pressões da parte de Freud e finalmente, ele concordacom a publicação, mas com a condição que o jornal acrescente uma nota de impugnação contraditória, especificando que tratava-se de um artigo comunista. Foi somente sobre pressão de pessoas como Ersnt Kris et Siegfried Bernfeld que este artigo foi publicado na revista internacional de psicanalise. Este artigo esta incluído no livro « Análise do caráter ». Eu o reli recentemente e é um belo artigo sobre o masoquismo!
Neste artigo, o que Reich fez foi atacar o instinto de morte, teoria que Freud acabara de desenvolver. Os comunistas, evidentemente, afirmavam que não podia existir instinto de morte devido à proveniência social de todos os problemas que as pessoas tinham. Freud também sentiu o ataque de meu pai sobre o instinto de morte como uma emanação do ponto de vista comunista. Bem evidentemente, tiveram outros teóricos do momento que acreditaram na teoria de instinto de morte freudiana, considerando os aspectos da sua formulação pessimista e de algumas alterações. Mas, o artigo de Reich situava-se perfeitamente no quadro da psicanalise. E notável que ele atacava abertamente uma das teorias de Freud. Falando francamente, não era a conduta esperada dos psicanalistas. Os psicanalistas tinha tendência a reverenciar Freud e se eles se encontravam em desacordo com este, eles mudavam os artigos sutilmente, atribuindo suas idéias ao mestre. Sem nenhuma dúvida, em 1932, meu pai era considerado um membro integral e era apreciado pelos Freud, e ele sabia disso, e conseqüentemente, ele não tinha que dissimular tanto as suas divergências com os Freud. 
Em 1933, tiveram algumas cartas, publicadas agora, nas quais Anna Freud escreve à Ernest Jones na Inglaterra que Freud, seu pai, não tinha tempo de discutir e que ele queria somente se livrar de Reich. Eu não sei, como já disse antes, se é somente a opinião da Anna Freud ou se ela provem do próprio Sigmund Freud. Mas esta correspondência entre Anna e Jones deixa muito claro o fato que ela considera Reich um embaraço e ela consegue pouco a pouco convencer Jones que finalmente era a coisa mais oportuna à se fazer. Ela se levanta particularmente contra o fato que Reich, 1933, tenha deixado a Alemanha e voltado a Vienna a fim de dar uma conferência radical. Ela achava que isto colocava em perigo o movimento psicanalítico. A idéia de Anna é que não podemos misturar politica e psicanalise. Jones, que defendia primeiro o direito das pessoas de terem uma opinião política, vinha pouco a pouco se juntar ao ponto de vista de Anna Freud. Quando, depois de ter encontrado pessoalmente com Reich, tendo o apreciado, ele amolece na sua resolução, Anna tinha dado alguns toques à ele, revelando materiais extraídos da análise que ela fez com a esposa de Reich, minha mãe. Jones então acata uma vigorosa campanha contra Reich. Ele escreve ao governo dinamarquês e mais tarde ao governo holandês, prevenindo-os de Reich. E ele escreve, como Freud o fez, à Associação psicanalítica alemã para pedir a exclusão de Reich da lista de seus membros.
O maior medo dos Freud e de Jones, era que a psicanalise fosse assimilada ao comunismo. Jones, depois de ter lutado com a sua própria consciência de libertário civil inglês, sugere que um psicanalista não deveria ser ativamente engajado em política! Parece que Anna e Freud contataram Max Eitingon. Em 1933, um pouco depois de Hitler chegar ao poder, Eitingon que dirigia o instituto de Berlim, escreveu a Reich dizendo que este fique afastado deste estabelecimento porque estes não queriam a princípio que Reich fosse considerado sem razão. Eitingon faz esta mensagem chegar até Reich que, por cortesia, deixou o instituto de Berlim. Devemos notar que quando Reich deixou Vienna em 1930, Anna lhe diz que ele não podia ser membro de duas sociedades (alemã e vienense) ao mesmo tempo, e assim ele deveria, sobre esta precedente razão, abrir mão de sua participação como membro.
Esta historia da voluntária desistência de Reich da sociedade alemã, que eu tomei como verdade na primeira versão deste artigo, mesmo que aceita pela maior parte dos psicanalistas, se revela completamente falsa! Ao contrário, depois de uma nova leitura do livro de Fenichel (Rundbriefe) que eu tinha lido primeiro em papel avulso, fica bem claro que Reich não tinha nenhuma idéia de que fora vetado da lista de membros. Ele descobre durante a leitura do caderno da associação internacional de psicanalise, na sua chegada ao congresso de 1934. Lá, cheio de ironia, ele se dirige a Anna Freud para pedir-lhe ajuda, pensando que tinha sido obra da dupla Muller-Braunschweig, executadas durante seu mandato (este ultimo substitui Eitingon). Para mais detalhes sobre a expulsão de Reich da sociedade internacional de psicanalise, ler o livro de Fallend. Neste livro de Fallend& Niestchke podemos ver o que acontecia com os analistas alemães durante o período nazista. Existe alguns desapontamentos tais que a alternativa de saber quais dos analistas cooperavam ou não com o regime nazista. Nietschke pensava que eles cooperavam sim. Para colocar o conjunto deste período em perspectiva, tenho certeza que Ernest Jones, da mesma maneira que os Freud e também Churchill, neste exato momento pensavam que os comunistas eram de longe mais perigosos que os nazistas.
Em 1934, o congresso de psicanalise acontece em Lucerna, Suiça. Meu pai se apresenta, inocentemente. Ele vivia na Dinamarca, mas estava prestes a ser expulso. A responsabilidade da parte de Ernest Jones nas disposições desta expulsão é desconhecida. Ele veio a este congresso e percebeu que tinha sido vetado da lista de aderentes da sociedade alemã. Neste momento, Anna Freud fazia parte do comitê executivo e Jones era presidente da Sociedade internacional de psicanalise. Os dois disseram que como ele não era membro de nenhuma associação local ele não podia ser membro da associação internacional. O estatuto dizia que ele não podia ser membro! Desta maneira, eles se apoiavam na base de um ponto puramente técnico, cujos eles mesmos tinham criado as condições. Claro, que ele precisou a Reich que se ele fosse reintegrado à uma organização local, ele poderia se reintegrar também na sociedade internacional, mas sem dizer que Jones encontrou todas as sociedades que fazem parte da IPA e obteve delas o consentimento de não aceitarem Reich entre eles. Por outro lado, a aceitação da Sociedade escandinava foi datada posteriormente, recusaram integrar essa associação à IPA sobre a precisão que esta tinha recusado a qualidade de membro à Reich. Mas quando um ano ou dois antes o meu pai instalou-se na Noruega, quando os noruegueses afirmaram a sua qualidade de membro como organização local, o IPA não quis integrar a nova organização norueguesa na Associação internacional. Assim Reich nunca mais pode se reintegrar como um dos seus membros (5: carta viii). Foi muito bem organizado. Em primeiro lugar, eles manobraram de modo que ele não seja mais membro de uma organização local para seguidamente fazer com que ele seja expulso da Internacional. Fenichel, que primeiramente tinha elaborado resoluções para defender Reich, foi seguidamente passado para trás ao detrimento de simples protestos procedurais.
Fenichel, durante uma confrontação numa reunião em pequeno Comitê - composto de Fenichel, Hartman, Waalder, Glover, Sarsin e Anna Freud - para examinar os seus protestos, viu-se dizer que, de modo que Reich fosse restabelecido, era necessário que as pessoas o pedissem, ora ninguém não o pedia. De modo que era preferível que Reich ficasse fora do IPA, devido às suas posições políticas e o seu desacordo com Sigmund Freud sobre o instinto de morte: Reich, tendo combinando as suas idéias numa teoria de Economia sexual, eles acrescentaram, a IPA não podia sofrer as conseqüências. Lendo o « Rundbriefe » fica claro que Fenichel não tinha a mais mínima idéia que Anna Freud tinha conspirado este cenário com Jones. Ela era totalmente capaz de permanecer no pano de fundo, dissimulando como um simples membro do grupo. Quero falar agora das conseqüências desta expulsão.Estava com o meu pai neste verão. De automóvel, percorremos a Suíça, bem felizes. Tínhamos tomado uma embarcação da Bélgica à Dinamarca e lá contornado da Alemanha. Tinha passado todo o verão com o meu pai que estava em perfeita disposição e passamos bons momentos. Mas em seguida, ele foi expulso da IPA, e ficou, o que os meus amigos chamam “enragé” [enraivecido]. Ficou verdadeiramente « enragé » e brigou igualmente com a minha mãe em nossa presença. Estava realmente fora de si. Saiu-se rapidamente utilizando a técnica eficaz que mencionei antes. Ele forma primeiro um grupo na Noruega, um grupo que, tanto quanto permanece membros ainda vivos, se recordam dele afetuosamente. Depois, rompe a barreira psicanalítica que ergueu-se sobre o «tocar o corpo», e se orienta mais para o desenvolvimento da técnica que nomeou “vegetoterapia” (que evoluíra mais tarde em bioenergia).Retornando à história, o que parece importante é que os psicanalistas que suportaram Reich - Fenichel, o conjunto do grupo berlinenses e muitos dos Vienenses – sentiram-se intimidados: não lhes tornou mais possível de dizer o que quer que seja. Temiam à sua volta ser postos à porta. Penso que este perigo era real. Fenichel, por exemplo, sentiu-se tratado como um filho prodigo que retorna ao berço; e os seus colegas viennenses diziam-lhe “agora sabes que Reich é louco” (5: 280). A minha mãe, outro exemplo, foi misteriosamente demitida da sua qualidade de membro da Sociedade psicanalítica alemã quando mudou para Berlim em 1931 - desafiou os desejos de Anna Freud indo juntar-se ao meu pai. Assim, sentindo-se sem socorros, Fenichel consolou-se escrevendo o Rundbriefe. Estas cartas eram tidas quase clandestinas [tese letters were very hush, hush]. A minha mãe era um dos destinatários do Rundbreife. Vários anos mais tarde, quando ela estava sobre o ponto de morrer, uma pessoa de confiança veio no seu gabinete e os rouba de modo que não se pudesse mais conhecer a existência, nem quem foi o destinatário - e também no temor que o seu passado marxista e que a sua oposição à organização psicanalítica não seja conhecida. Aquilo mostra quanto esta antiga asa de psicanalistas de esquerda era assustada por ter sido reconhecida como os confidentes do livro « Rundbriefe. » Contudo, o ladrão que se sentido culpado, confessou-me e me trouxe o Rundbriefe num saco de supermercado. É a razão pela qual tivemos êxito a salvar o documento. Houve outras cópias, certamente, mas tenho o jogo mais completo.
Abordaremos agora o que ocorreu com outros psicanalistas. O grupo de esquerda estava realmente assustado pelo fato que eles podiam também serem expulsos e reduzidos à inatividade, mesmo se eles formavam um grupo coerente e secreto e tinham o Rundbriefe. O resto dos analistas envolveu-se na conspiração do silêncio. A história do como Reich foi expulso da Associação internacional é contida apenas no livro Rundbriefe de Fenichel. Se não, ninguém nunca mencionou o que tinha ocorrido à Reich. É assim é que houve uma revisão da história. Ernest Jones escreveu uma biografia de Freud onde há que Reich “se demitiu da Associação Internacional Psicanalítica”, “que a política de Reich o conduzido ao mesmo tempo a dissensões pessoais e científicas” (10: 191).
Mas a expulsão foi organizada por Jones mesmo! A verdade é que, depois que Reich foi privado da sua qualidade de membro e rejeitado, seguidamente avisado que ele não podia mais, devido às suas idéias “de economia sexual”, ser membro de novo, Reich ficou louco de raiva e gritou à Jones «que ele seria a partir de agora somente um economista sexual». Deste momento, os analistas começaram a descrever Reich como “mentalmente perturbado” e a afirmar que era esta a verdadeira razão pela qual tinha sido expulso. Deve ser sublinhado que de dar a alguém o rótulo de «mentalmente perturbado” foi um meio utilizado na expulsão de várias outras pessoas da comunidade psicanalítica, entre as quais Rank, Rado, Tausk, e tinha sido previsto de expulsar Ferenczi sobre o mesmo motivo. Na verdade, ao momento preciso em que Reich foi expulso, Anna Freud colocava as cartas para livrar-se de Rado (11: 281-82).
Alguns analistas, às altas risadas, começaram a fazer circular uma história. Trata-se de um humor tipicamente vienense. Diziam que Reich tinha vindo à Luzerna para plantar a sua tenda exatamente à dianteira do Congresso e ficou lá com a sua amante. Diziam também que Reich tinha em mãos uma faca enorme.
Comparando à verdade, a história é bem menos espinhosa! Reich não tinha se instalado na frente do hotel do Congresso, mas em um camping. A mulher não era a sua amante, mas a sua esposa (a minha mãe tinha iniciado um procedimento de divórcio, mas o abandonou em seguida). Ele não tinha muito dinheiro, conseqüentemente, alugou uma tenda; e é indispensável estar fornecido de uma faca quando acampa-se. Eles colocavam adiante, além disso, o seu estado de espírito posterior à expulsão para mostrar o quanto ele tinha perdido o seu controle. Ninguém não tinha tomado o cuidado de dizer o que se tinha acontecido às suas filhas. Não tínhamos nenhuma idéia porque ele estava fora de si a este Congresso. Parecia que ele tinha explodido de raiva [blew his stack].
Os anos passaram e há agora alguns analistas que vêm encontrar-me. Vieram com estes que divertida expressão ao rosto, misturada de embaraços e constrições, para dizer: “Era realmente um grande homem. O que é aconteceu com ele? Não é triste?”. Habitualmente, não se vem encontrar as crianças de alguém para dizer-lhe “o Vosso pai era louco”, seria muito descortês de fazê-lo e não se o faz simplesmente. É que há uma espécie de pressão por trás disso. Devem fazê-lo. É compulsivo. Penso que sentem-se culpados pelo fato de que eram todos os presentes a este congresso, que sabiam todos o que aconteceu e que ninguém não disse nada. 
E começaram por reescrever história! Vou apenas evocar alguns exemplos. Eis o de Sterba. Era um grande amigo de meu pai. Há numerosas fotografias que datavam, eu acho que de 1931, deles dois descendo uma inclinação a esqui costa à costa num lugar onde passaram bons momentos (7). Mas ele disse à Myron Sharaf (6: 147) que teve dificuldades com Wilhelm Reich a partir de 1927. Porque, portanto, estava a esquiar com ele nos anos 30? Sterba emigrou para Detroit. Nos anos 50, veio à Nova Iorque para apresentar um artigo (12). Neste - que passou no Quarterly Psychoanalytic - falava da análise do caráter como um livro particularmente ruim. Sterba diz que aqui se podia perfeitamente afirmar Wilhelm Reich paranóico após a leitura deste livro. Porque Sterba escreveu aquilo? Se não era para ser um artigo que avançava o conhecimento psicanalítico, pelo menos, fosse um que ajudasse a restabelecê-lo na comunidade psicanalítica. Sobre o fato de ele ter sido um «amigo» de Reich, ele é bem suspeito. Assim, a fim de ficar “in” com os analistas emigrantes europeus que estavam, particularmente em Nova Iorque, extremamente próximo Anna Freud, ele apresentou este artigo. 
Uma outra pessoa que reviu a história foi Helene Deutsch que publicou uma biografia nomeada Confrontações With Myself (13) na qual ela escreveu um panegirico de três páginas sobre Anna Freud (13: 140-43). Este livro foi difundido em 1973, o que faz presumir a sua escrita alguns anos mais cedo. Na introdução da segunda edição do seu Deutsch biography (11: vii-viii), há que Anna Freud tinha posto uma enorme pressão sobre Deutsch depois que ela pôs em 1968 uma obstrução à publicação do livro de Roazen Brother Animal - um livro crítico sobre o embargo de Sigmund Freud sobre Victor Tausk. Roazen diz que após isso Deutsch provocou a cessação de qualquer contato com ela durante vários anos. Em outros termos, Deutsch escreveu esta biografia exatamente um ano ou dois apos estar em sérias dificuldades com Anna Freud. É por isso que parece-me que esta parte da sua biografia que trata de Anna Freud corresponde à uma parte dela tentando entregar-se nas boas graças do grupo “in”. Anna nessa época tinha um forte poder sobrea IPA e a Associação psicanalítica estados-unidense, e particularmente na costa leste. Anos depois, Deutsch remete-se com Roazen que deu-lhe a permissão de ler a sua correspondência e escrever a sua biografia (11). Uma imagem totalmente diferente emergiu das suas relações amigáveis com Anna e Sigmund Freud. Aparentemente Deutsch tinha muitas dificuldades com cada um dos dois Freud. É claro que Deutsch deixou Viena para vir à Bóston em 1933 não somente devido à sua situação política na Áustria mas também pelo fato que não se sentia qualquer conforto no círculo que Anna tinha estabelecido ao redor de Freud nos seus anos de declínio. “O que é bom para o gênio de Freud, para a sua idade e que levava a própria Anna ao nível das idéias paternais, relegava o resto, e os outros, a neurose de massa” (11: 288). [What is god for Freud' s genius and his age and for Anna yielding herself up to the paternal idea, is becoming for others a mass neurisis]. No entanto, para completar, Deutsch provou a necessidade de distorcer a história para o que tocava Reich. Apesar da grande reputação de Deutsch em psicanálise, penso também que sentiu-se “poluída” pela sua associação com Reich e percebeu que devia restabelecer-se de si própria. Tinha observado com horror a maneira como Rado tinha sido posto fora do círculo “in”.Cercada de outros problemas, “Anna não tinha aprovado o ambiente caloroso memorável sobre Ferenczi que Rado tinha publicado em 1933” (11: 281).A conclusão é que Anna tinha as suas exceções, sendo amigável com pessoas que eram “out” [fora] e se colocava por outro lado também “out”.
Deutsch também tinha expressado idéias positivas sobre Reich.Tinha participado dos seus seminários,quando Anna tinha de suportar dar os seus ao mesmo tempo.Aqui, ela - de acordo com Sharaf (6: 152) -“tomou prazer e tinha aproveitado muito dos seminários técnicos vienenses propostos por Reich”, embora achando-o “um fanático”. Ela era mesmo uma das raras analistas à tê-lo encontrado após a sua migração nos Estados Unidos. Mas, na sua biografia, não somente é muito crítica no que diz respeito a Reich e diz que verdadeiramente freqüentou seus seminários, mas escreveu que ela mesma iniciou o seminário técnico sobre a proposta de Reich “desacreditando as suas idéias do tratamento exclusivo pela transferência negativa a partir da fase de abertura” (13: 157-58).
Mas isto não esta de acordo, não somente porque afirmou que teve prazer, mas também porque o seminário tinha começado em 1924 e que Deutsch estava em Berlim este ano. É por isso que penso que voltando no grupo “in” com Anna Freud, Deutsch sentiu-se obrigada a desfazer a sua deslealdade pelo menos de uma quinzena de anos anteriormente, apontando apenas o fato de que não tinha tomado parte nos seminários técnicos de Reich se não que para desacreditá-lo.
O último acontecimento que quero destacar é o onde, Sharaf e eu tínhamos sido convidados pela Associação psicanalítica estados-unidense, em 1986, com o propósito de uma participação na História da psicanalise. Os filhos dos psicanalistas vienenses tinham sido solicitados lá para falar dos seus pais.Convidaram os filhos de Reich, Siegfried Bernfeld e Ernt Kris.Na minha pequena comunicação, relatava eventualmente que Robert Waelder não queria publicar o artigo de Reich sobre o masoquismo. E ao fim da sessão, Gutmacher, psicanalista da Filadelfia, estudante do grupo de Waelder e agora falecido, levantou-se para dizer: “Não esqueceu de dizer algo?”. Eu interroguei: «O que?». Não compreendia de que falava. Respondeu: “Reich era louco: é o que omites”. Somente tempos depois entendi que tinha dito aquilo porque eu tinha atacado Waelder sobre a sua recusa de não publicar o artigo sobre o masoquismo. Gutmacher era um estudante de Waelder. No momento mesmo, eu não tinha compreendido à que se referia. Quando eu ouvi novamente a banda de som desta comunicação, fiquei entristecida em perceber que, exatamente no momento deste incidente, procedia-se a mudança desta banda: não houve registro.
Porque então todos estavam assim tão pouco à vontade com Reich? Qual era o ambiente que fazia-os continuarem a ser tão discretos de modo que possam rever a história para dissociar-se de Reich? A enorme confusão que reinava na Europa é uma razão de uma certa parte. Os nazistas estavam ao poder, as pessoas eram postas em estado de detenção, os comunistas promoviam ativamente a revolução. Qualquer uma destas coisas tornava os psicanalistas particularmente receosos. Mas aqui ainda, algo passava-se na comunidade psicanalítica. Um período de ortodoxia teve lugar em 1911 (14) mas nos anos 20 e 30, os problemas de ortodoxia confrontavam-se com Anna Freud que acariciava a cabeças de todos para supervisionar a Sociedade psicanalítica de Viena e, lá, a Associação internacional. E era ajudada por Freud para consolidar este poder. É que Anna, como dissemos, tinha também uma desordem de personalidade. Queria realmente ser o número um (1), o que dava-lhe a aparência de uma pessoa particularmente permissiva [unobstructive]. Ninguém não tinha previsto que podia ser tão manipuladora e tão determinada: que era tão importante para ela ser a primeira e ser adorada de todos. Mas o facto era que se você não se coligasse com Anna Freud, estava “fora” [out]. Por exemplo, Sterba era “out”; todas as pessoas de Viena que eram que estavam “dentro” [in] eram os seus grandes amigos. Quando chegou a Inglaterra em 1938, este traço de personalidade ficou mais claramente preponderante. Passou a ser mesmo evidente para todos, para Ernest Jones que anteriormente tinha-a defendido.
Quando Anna chegou a Inglaterra, encontrou Mélanie Klein, a sua grande rival em matéria de análise infantil, com quem tinha diferenças teóricas e técnicas, esta estava bem estabelecida lá e era admirada de todos. Anna procedeu com cada um da mesma maneira: ou permanece leal para com ela ou “não é um analista”. Era o mesmo meio sutil que tinha utilizado em Viena. Enquanto, aqui, utilizava-o abertamente (EUA). A comparar que os Britânicos estão próximos da democracia e que não quiseram este tipo coisa. Tanto que um grupo se junta à Mélanie Klein e que Anna Freud foi isolar-se de si própria à Hampstead, com um pequeno grupo de discípulos leais, enquanto o seu grupo analítico realmente “in” situava-se nos EUA. O resto dos Britânicos foi chamado de “o grupo do meio”, que não queriam participar desta batalha partidária.
Para retornar à situação de Viena, devo também dizer que o meu pai também não era ele um parceiro [equipa player]: devia ser ele também um número um. Podia apenas resultar uma confrontação violenta. O fato é que ele não compreendeu as necessidades de Anna Freud de ser a primeira. Como disse, parecia muito discreta e muito pouco obstrutiva. De acordo com Fenichel, no Instituto vienense, havia apenas um corredor: numa sala de cursos à uma extremidade, Anna Freud ensinava o que foi publicado depois sob o título o Ego e os seus mecanismos de defesa enquanto na outra à extremidade Reich ensinava o que foi chamado depois a análise do caráter. Os seus cursos ocorriam ao mesmo momento e não se podia assistir aos dois simultaneamente. Estes dois livros são uma abordagem muito diferente da teoria da estrutura do caráter e, constatando-o, pode-se retrospectivamente aperceber-se do estado de espírito partidário em relação a estas teorias, que reinava em Viena. É a razão pela qual Deutsch que assistiu os seminários do meu pai, deveu proceder depois uma reavaliação do seu respeito por ele alguns anos.
A idéia que um facciosismo teórico pudesse ser aceito foi estendida em Nova Iorque nos anos 1950. Quando eu era estudante no Instituto psicanalítico de Nova Iorque, Mélanie Klein era pouco conveniente [was just a BAD name]. Não era lida e vista de parte superior, enquanto Anna Freud era considerada como a «grande guru». Hoje em dia, Mélanie Klein tornou-se apreciada e considerada como uma pessoa de vanguarda da teoria da relação de objeto, e está muito mais próxima do que se passa no meio psicanalítico. AnnaFreud é amalgamada com psicologistas do ego e o seu trabalho não é mais apreciado do que isto.
O que também era encoberta é esta contra-transferência presente em Anna Freud, que a conduziu a este desejo de expulsar Reich. Diziam primeiro que, ao redor de Viena, Anna Freud recebia o apelido de “donzela de ferro”: este instrumento de tortura medieval formado de uma estátua de mulher oca, coberta interiormente de pontas de ferro, na qual era colocado a infeliz vítima. Algumas vezes, recebia o nome “virgem de ferro”. Não tinha parceiro sexual no momento em que Reich a conheceu. Algumas pessoas pensam que Dorothy Burlingham tornou-se depois a sua amante. Mas outros pensam que esta relação nunca não foi de ordem sexual, embora o fato de as duas terem ido viver juntas no fim de sus vidas. Seja como for, o que é certo é que não teve nunca um homem como amante.
Seguidamente, as vezes Sigmund Freud, do tempo onde o meu pai era membro da comunidade psicanalítica, e Anna Freud puseram adiante a sublimação através do trabalho [valued sublimation through work]. Não tinha que exprimir abertamente a tua sexualidade, podia sublima-la (1: 107). Por exemplo, em The last Tiffany (2: 203, 208), é claro que Dorothy Burlingham enlanguescia para o seu marido, enlanguescia sexualmente. Os Freud trabalharam duro para guardar Dorothy separada do seu marido. Mantinham que trabalhando duro não tinha necessidade de relações sexuais. Freud diz à Robert Burlingham quando este último veio de entrevistá-lo. Toda a importância teórica Anna Freud baseava-se na defesa contra os instintos. O que faz, estou certo, que sentia-se pessoalmente atacada por Reich que mantinha que se não tivesse orgasmos completamente satisfatórios era neurótico e que orgasmos incompletos eram uma fonte de neurose. E aqui temos uma mulher que não tinha orgasmo. De acordo com Young-Bruehl, quando Anna era jovem, devia debater-se com a masturbação e é assim que Freud a tomou em análise (1: 103-7); o que faz que analisou realmente a sua própria filha e a sua própria sexualidade!
Com o fio do tempo, apercebe-se que durante a sua vida Freud foi muito casto, que tinha renunciado à sua vida sexual à idade de quarenta anos quando a sua mulher ficou reticente, apos dar nascimento a seis crianças. Por conseguinte, ao mesmo tempo Anna e Sigmund tinham idéias atrasadas relativas ao sexo. Freud, porém, evoluiu para interesses mais íntimos. De acordo com a nova correspondência completa de Freud e Fliess (15: 44), durante o seu primeiro casamento Freud tinha muitos problemas sexuais e tinha encarado uma cura para neurastenia. “A única alternativa seria livres relações sexuais entre jovens rapazes e jovens moças, sem laços… se não as alternativas são a masturbação, a neurastenia… sífilis… em ausência de tal solução, a sociedade parece destinada de cair em incuráveis neuroses”.
Vê-se que os pensamentos originais de Freud em relação à sexualidade e a sociedade estão muito próximos dos que meu pai defendia, de liberdade sexual para os adolescentes e a necessidade de alterar a sociedade pela liberação da vida sexual da população. No entanto, Reich e Freud nunca puseram-se de acordo a propósito da masturbação. Com o tempo Freud que nos seus sessenta anos descobre um câncer, não provava mais tanto interesse para o que vinha do sexo. O meu pai chegou com atraso à psicanálise.
Peter Heller evoca Anna Freud durante algumas férias passadas em Gruendlesse (16) 1930 - eu também passei vários verões neste lugar e não estou certa da precisão das datas de Heller. Ela se isolava numa ponta do lago e, na outra, os jovens analistas tinham relações sexuais e banhavam-se nus.E Anna ficava muito decepcionada por isto (16: 337-38). Heller relata que Berta Bernstein teve uma relação sexual numa embarcação bem no meio do lago (16: 340). Embora tivessem a mesma idade, pode-se deixar pensar que estes jovens analistas eram muito diferentes de Anna Freud. Infelizmente para Reich, ele chegou à psicanálise justo no momento em que o conjunto da teoria sobre a sexualidade evoluía num balanço para a exploração do ego. Para Anna Freud, as teorias de Reich deviam indicar-lhe que não era ela mesma normal. 
Uma outra fonte de contra-transferência de Anna para com Reich tem a ver com as relações complicadas que mantinha com os seus doentes e com as crianças. De um lado Steiner (9) dá uma boa medida da devoção materna que mostrou no que diz respeito aos refugiados potenciais (depois de os nazistas acederam ao poder) - menos com Reich - como o seu “Sorgenkinder”. Por outro lado, quando Anna não se encontrava neste papel de proteção, as pessoas tornavam-se seus rivais. Também mostrou uma forte tendência a possessão de seus analisados, especialmente para as crianças, e uma tendência a querer separá-los dos seus rivais. Em outras palavras, referindo-se às crianças dos Burlingham, que teve por doentes, “ tive dos pensamentos que se prosseguiam no meu trabalho mas que não têm lugar limpo a haver… Penso às vezes que não quero não somente tornar-lhes saudáveis mas também, ao mesmo tempo, tê-los para mim”. Infelizmente para as crianças dos Burlingham, apesar deste entendimento perspicaz, Anna não realizou o seu desejo de se tornar “uma segunda mãe” nem tanto quanto o de analista (2). E Sigmund Freud, no seu estado de fraqueza, implicou-se neste programa.
Conseqüentemente, Anna Freud desenvolveu teorias sobre as técnicas psicanalíticas das crianças que insistiam no fato de uma criança é um ser a tornar-se, de modo que o analista devesse também educá-lo: de fato, fazer um melhor trabalho que os seus pais. É certo que esta possessividade implicou em larga parte nas suas relações com minha mãe que foi a sua paciente em 1927 (mais abaixo). Há algumas semelhanças entre o que ocorreu à minha família e o que se passou com os Burlingham. Anna Freud tinha começado a analisar s quatro das crianças dos Burlingham ao mesmo momento em que começava a sua próxima amizade com a minha mãe. Os dois Freud trabalhavam duro para guardar afastadas as crianças de seu pai, Robert Burlingham, porque ele era “louco” também. Aparentemente, ele tinha uma desordem bipolar: e por isso foi considerado como perigoso para as crianças ter ou fazer qualquer coisa com Robert. Anna escreveu à Robert para dizer-lhe que a sua viagem dos Estados Unidos para vir fazer-lhes uma visita os colocou fora de si [upset] e que devia ficar afastado (2: 201-2). Ao mesmo momento, Anna tentava convencer as crianças que ver o seu pai era mau para eles. Anna deu ainda Dorothy a Freud para uma análise e tomaram feriados conjuntos, Freud, Dorothy, suas crianças e Anna. Foi realmente uma situação delicada [cozy] e nada “neutra” como a técnica psicanalítica do momento impunha. Quando, apesar de tudo, Robert apresentou-se, Freud diz-lhe que ele estava ajudando Dorothy a exceder as suas necessidades sexuais para com Robert (2: 203, 208). As crianças nunca excederam o seu conflito de terem sido separadas do seu pai.
Infelizmente,esta história deve pôr-se em paralelo com que ocorreu à minha família. A minha mãe estava em análise com Anna Freud em 1927.Anna tinha-lhe dito que cessasse todas as relações sexuais com Reich porque era “louco”. Anna pediu à minha mãe que não tenha uma segunda criança (que era eu). 
Creio que Anna, privando os pais de sair das suas perturbações maritais, tentava influenciar Freud contra Reich, da mesma maneira que fez Federn. A minha mãe desafiou Anna em 1931 e volta com o meu pai brevemente, e depois separaram-se. Penso que Anna nunca esqueceu a minha mãe por esta deslealdade e que minha mãe tenha desejado a sua liberdade após ter ficado no círculo da psicanálise vienense “in”.
A minha irmã, e felizmente eu não, foi enviada em análise com Berta Bornstein que era supervisionada por Anna Freud (embora Young-Bruehl parece não concordar em haver nenhum outro que pudesse tomar-la em supervisão). A minha irmã contou-me que a análise consistia para Berta a dizer-lhe ainda e ainda que seu pai era “louco”. Aí está a análise.
Uma vez -a minha mãe, Berta, a minha irmã e eu - subíamos uma montanha, recordo-me que a minha irmã, com cerca de de vinte anos, e enquanto Berta Bornstein não parava de dizer “agora você sabe que ele é louco. Não percebeu?” a mandou pastar, de tanta raiva que estava. Mas para prosseguir a analogia com os Burlingham, Berta Borsntein escreveu uma carta ao meu pai (1934, carta Wilhelm Reich Annie REich, cotado de Bornstein, não publicado). Nesta carta pedia-lhe para permanecer afastado das suas crianças, não lhes escrever nem telefonar-lhes, porque aquilo interferiria com a análise de Eva. Ele, ingênuo e sem se dar conta da manipulação, aceitou-o. Diz mesmo: “Não quero interferir com a análise”. Aquilo teve um efeito deletério para mim, pelo fato o meu pai ter simplesmente desaparecido da minha vida por vários anos. Sem que tenha a mais mínima idéia do porque. Esta experiência causará depois outra separação.
Para resumir, Anna Freud tinha motivações neuróticas e pessoais que levaram-na a desembaraçar-se de Wilhelm Reich e ao mesmo tempo, a sua personalidade tornou difícil para os outros analistas tomar partido dele. Dado as condições políticas do momento, era impossível a estes dois indivíduos de evitar a disputa irremediável, o que conduziu finalmente à expulsão de Reich.
Referências
1. Young-Bruehl E. Anna Freud: a biography. New York: Summit
Books, 1988.
2. Burlingham M. The last Tiffany: a biography of Dorothy Tiffany
Burlingham. New York: Atheneum, 1989.
3. Fallend K. Wilhelm Reich in Wien: Psychoanalyse und Politik.
Wien: Geyer Edition, 1988.
4. Fallend K, Nitzschke B, eds. Der Fall Wilhelm Reich: Beitrage
Zum Verha¨ltniss von Psychoanalyse und Politik. Frankfurt am
Main: Suhrkamp Taschenbuch, 1997.
5. Fenichel O. Rundbriefe: (1934–1945). Vol. I, 119 Reichmayr J,
Mu¨hlleitner E, eds. Frankfurt am Main und Basel: Stroemfeld,
6. Sharaf M. Fury on earth: A biography of Wilhelm Reich. New
7. Sterba R. Erinnerungen eines Wiener Psychoanalytikers. Frank-
8. Reich W. Character analysis: 3rd ed. New York: Orgone Institute
9. Steiner R. It is a new kind of diaspora. Int Rev Psychoanal, 1989;
10. Jones E. The life and work of Sigmund Freud. Vol. III. New York: St Martins Press, 1983.
11. Roazen P. Helene Deutsch: A psychoanalysts life. 2nd ed. New
Brunswick: Transaction Publisher, 1992.
12. Sterba R. Character resistance. Psychoanal Q., 1951;20:72–76.
13. Deutsch H. Confrontations with myself: an epilogue. New York:
WW Norton & Co., 1973.
14. Bergman M. The historical roots of psychoanalytic orthodoxy.
Int J Psychoanal, 1997;78:69–86.
15. Freud S. The complete letters of Sigmund Freud to Wilhelm
Fliess: 1887–1904. Masson J, ed. Cambridge MA: Belknapp
Press, 1985.
16. Heller P. A child analysis with Anna Freud. Madison CT:
International Universities Press, 1990.
*é pécisément este artigo que aderiu à Reich o presente tradutor, em 1976.
**tinha publicado à conta de autor “Psicologia de massa do fascismo”. NdT

Outros materiais