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Os Benefícios dos Serviços de Meteorologia para a Agricultura - O Caso do Brazil - 70% do total de terras utilizadas no mundo são com a agricultura e silvicultura: 12% para culturas anuais e perenes 31% para florestas plantadas 27% para pastagens A agricultura é também fonte essencial de divisas para os países em desenvolvimento. A produção agrícola é altamente dependente do tempo, do clima e da disponibilidade de água, e é adversamente afetada pelos desastres meteorológicos. Tempo/Clima x Agricultura 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Year Da m ag e (M ill io n $U S) Variação anual dos danos estimados para a agricultura devido aos desastres meteorológicos Source: Sivakumar (2005) Source: Sivakumar (2005) Porcentage dos danos causados por diferentes desastres meteorológicos 0 10 20 30 40 50 60 Floods Windstorms Droughts Forest Fires Extreme Temp. Landslides Other Pe rc en t Total amount of estimated damage = $412.65 billion Valor médio anual dos danos causados = US$ 41,3 milhões Source: Sivakumar (2005) P o rc e n ta g e m Porcentagem do total dos danos causados pelos desastres meteorológicos nos diferentes continentes 29% 2% 19% 49% 1% Source: Sivakumar (2005) Tempo/Clima x Agricultura Agricultura é altamente dependente das condições de tempo e clima e os agricultores na maioria das vezes não tem controle sobre eles Cerca de 80% da variabilidade na produtividade agrícola se deve à variabilidade das condições meteorológicas durante a estação de cultivo, especialmente para as culturas de sequeiro O impacto da variabilidade do tempo não é apenas sobre o crescimento e produtividade das culturas, mas também sobre as práticas agrícolas: preparo do solo, semeadura, irrigação, pulverização, colheita, etc... Se estima que, direta ou indiretamente, as condições do tempo são responsáveis por 75% das perdas anuais das propriedades agrícolas Influência do Clima e do Tempo na Produtividade Agrícola Tipos e Níveis de Produtividade Produtividade Potencial Prod. Atingível Prod. Real Nível de Produtividade T ip o d e P ro d u ti v id a d e RS, T, N, Genotipo Fatores Determinantes Fatores Limitantes Disponibilidade de água (P – ETP) e nutrientes no solo Fatores Redutores Pragas, Doenças e Daninhas (T, RH, P e DPM) Variabilidade da produtividade da soja no Sul do Brasil Fonte: IBGE and CONAB Estado do Rio Grande do Sul 4 milhões ha de soja Efeito da seca na produtividade Em 2005, as perdas no RS com a seca na cultura da soja chegaram a US$ 2,5 milhões Tempo/Clima x Sistema Agrícola Basicamente, o clima é o primeiro fator a ser considerado para a definição de que tipo de cultura pode ser explorado numa dada região, da época de cultivo, do nível de produtividade que pode ser esperado e do tipo de sistema agrícola a ser adotado. Por outro lado, as condições do tempo num dado ano irá controlar o nível de sucesso da cultura, definindo o momento mais adequado para as práticas agrícolas, o nível de produtividade realmente obtido como conseqüência das condições meteorológicas adversas, como seca, granizo, geada, inundação, etc, e as medidas a serem adotadas para a minimização dos riscos. Agricultura e/ou o Agronegócio é uma das principais atividades econômicas no Brasil, responsável por: • 35% do PIB • 42% das Exportações • 37% dos Empregos O Brasil tem 388 milhões ha de terras agricultáveis sendo que 23% delas ainda não são utilizadas O tempo/clima exerce papel preponderante na produção agrícola, sendo responsável pela diversidade das culturas, pelos níveis de produção e pela variabilidade da produtividade. Uma breve noção da relação entre clima e agricultura no Brasil Brasil é um país muito grande, apresentando vários tipos de clima Temp. média e Chuva para diferentes regiões do Brasil Manaus, AM 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 300 350 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Cuiabá, MT 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Santa Maria, RS 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Pindorama, SP 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Recife, PE 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 300 350 400 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Quixeramobim, CE 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 R ai n fa ll (m m ) Rainfall Avg Temp Carolina, MA 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Months A ve ra g e T em p (o C ) 0 50 100 150 200 250 300 R ai n fa ll (m m )Rainfall Avg Temp Os diferentes climas resultam em diferentes regimes do balanço hídrico, que juntamente com a temperatura, irá determinar o zoneamento agrícola e o tipo de sistema agrícola a ser empregado Balanço hídrico climatológico de diferentes regiões do Brasil Extrato do Balanço Hídrico Mensal -200 -100 0 100 200 300 400 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal -100 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal -50 0 50 100 150 200 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Extrato do Balanço Hídrico Mensal -150 -100 -50 0 50 100 150 200 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Sistema Agroflorestal Agricultura de Subsistência Agriculture de alta tecnologiaClima úmido e sub-úmido Clima super- úmido Clima semi-árido Clima x Sistemas Agrícolas Como as informações meteorológicas e agrometeorológicas podem auxiliar a agricultura ? Essas informações podem ser utilizadas para melhorar os níveis de produção, minimizando os impactos adversos, ou seja, o risco climático, As informações meteorológicas / agrometeorológicas podem ser utilizadas das seguintes formas: a) Para propósitos estratégicos b) Para propósitos táticos c) Para obtenção de resiliência Propósitos Estratégicos Levantamento da capacidade de produção, da disposição das culturas na propriedades e da escolha do tipo de empreendimento baseados na interpretação do clima do local Basicamente, isso está relacionado ao planejamento agrícola – zoneamento agroclimático, épocas de semeadura, risco climático e planejamento topoclimático da propriedade Zoneamento agroclimático e épocas de semeadura para a cevada no Estado do Rio Grande do Sul Fonte: Embrapa Trigo Zoneamento agroclimático e épocas de semeadura para o feijão no Estado do Paraná Safra das Águas Safrinha ou Safra da Seca Safra de inverno Zoneamento agroclimático e risco climático para a cultura do feijão, semeado em janeiro, no Estado de Goiás Chuva anual, zoneamento agroclimático, épocas de semeadura e risco climático para a cultura do caupí no Estado do Piauí B a ix o M é d io A lt o O risco de ocorrência de geadas é outra informação importante para o planejamento agrícola Probabilidade de ocorrência de geadas (Tmin < 0oC) em uma dada região subsidia o planejamento topoclimático da propriedade Probabilidade de Tmin<0oC (%) Fonte: CIIAGRO/IAC Planejamento Topoclimático Nos lugares onde há probabilidade de ocorrência de geadas, os produtores devem escolher as melhores condições topográficas para o cultivo de culturas perenes, de modo a se minimizar o risco de danos. Cultura perene Planejamento topoclimático E xp o s iç ã o d o t e rr e n o Locais corretos para o cultivos de culturas anuais e perenes Cultura anual de inverno Cultura perene Vegetação alta e densa Planejamento Topoclimático Escolha da melhor configuração do terreno para o cultivo de culturas anuais e perenes, objetivando se minimizar os riscos de danos por geadas Configuração do terreno Propósitos Táticos Criar flexibilidade no sistema de produção, em função do acompanhamento das condições do tempo, da disponibilidade hídrica do solo e da previsão do tempo/clima Isso permite se ter uma idéia de como está e/ou de como será a estação de crescimento, auxiliando nas tomadas de decisão Extrato do Balanço Hídrico Mensal -50 0 50 100 150 200 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez m m DEF(-1) EXC Balanço Hídrico do Solo – Piracicaba, SP – CAD = 100mm Excedente hid. Deficiência hid. Data média de semeadura Data média de semeadura para culturas anuais de sequeiro baseada no balanço hídrico normal de Piracicaba, SP Spoil water budget - Piracicaba - CAD = 100mm -50 0 50 100 150 200 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D m m 1985 1986 Balanço hídrico do solo - Piracicaba, SP – CAD = 100mm Conhecendo-se as condições hídricas de um ano como esse, os produtores podem adotar estratégias para a minimização das perdas, como redução da área de plantio, ou mesmo não semear a cultura. Informações de balanço hídrico podem ser obtidas de várias fontes, como os mapas publicados pelo INMET, com os valores mensais de excedente e deficiência hídrica... April 2006 May 2006 June 2006 Soil water storage (mm) Rainfall (mm) Actual Evapotranspiration (mm) Soil water budget – Northeastern Region, Brazil ... ou armazenagem, chuva e ET real para uma região específica do país. 09 July 2006 Balanço hídrico e previsão do tempo são importantes também para tomadas de decisão para as culturas irrigadas, proporcionando assim racionalização do uso da água na agricultura Produtividade (Kg/ha) Lâmina de irrigação Ymax Ymin Produtividade afetada pelo déficit hídrico Produtividade afetada pelo excesso de água: lixiviação, erosão, mudança do microclima, etc... Produtividade x Irrigação Lâmina ótima Lâmina de irrigação (% of ECA) Produtividade (kg/ha) 75 11,206 100 11,968 125 16,232 150 14,036 175 13,800 Lâmina de irrigação x Produtividade da Banana Mapas de índices de conforto animal auxiliam na tomada de decisão a respeito da adoção de estratégias de minimização do estresse causado pelas condições ambientais Without Stress Medium Stress High Stress Without Stress Medium Stress High Stress Previsão de geada – é uma informação importante para a tomada de decisão. Medidas de curto-przao podem ser adotadas para minimizar os danos nas culturas, como nos cafezais e nas fruteiras Risco de Geada Alto Médio Baixo Sistema de Previsão de Geadas - CPTEC/INPE Cobrindo as plantas jovens com solo ou palha Irrigando a cultura durante a noite de geada Começo da irrigação Fim da irrigação O conhecimento da evolução dos fenômenos El Niño / La Niña é uma ferramenta muito importante para a previsão do clima da estação de cultivo, o que ajuda os agricultores na tomada de decisão El Niño 1997-1998 La Niña 2005-2006 Efeitos do El Niño No Brasil, a seca é mais intensa na região NE, ... ... A temperatura é mais alta do que o normal na região SE ... ... e as chuvas ficam acima do normal da região S. Efeitos da La Niña No Brasil, as chuvas atingem valores acima do normal na região NE, ... ... a temperatura fica abaixo do normal na região SE, ... ... e as chuvas ficam abaixo do nromal na região S, com intensificação da seca. Estado Perda de grãos (ton) Rio Grande do Sul 1.693.777 Santa Catarina 1.626.298 Paraná 1.568.700 Total para a Região Sul 4.888.775 Efeitos do El Niño de 1982/83 na perda de grãos no Sul do Brasil (Source: www.senado.gov.br/web/relatorios/elnino/fenomeno.htm) Áreas com potencial de inundação no Brasil As inundações foram a causa das perdas apresentadas acima Entretanto, em anos em que o El Niño promove apenas chuvas um pouco acima do normal, os efeitos na produtividade agrícola são positivos: Anos de El Niño Produtividade Soja (kg/ha) % de aumento em relação à média (1.480 kg/ha) 1976/77 1.650 11,5 1986/87 1.610 8,8 1991/92 1.960 32,4 1992/93 1.980 33,8 1994/95 1.730 16,9 1994/95 1.950 31,8 Efeitos da La Niña nas perdas de grãos (soja + milho) no Estado do Rio Grande do Sul (Fonte: Berlato & Cordeiro, 2005) A estiagem foi a principal causa dessas perdas Ano Perdas (milhões ton) Perdas (milhões US$) 1995/96 2,8 522,5 1998/99 2,8 335,4 1999/00 2,3 307,8 A previsão sazonal do clima, do CPTEC/INMET, é uma ferramenta muito importante para os produtores com relação aos propósitos táticos Em anos de La Niña, as secas são esperadas para a Região Sul do Brasil, e assim os agricultores podem adotar as seguintes medidas: a) Reduzir a área de plantio ou mesmo não plantar b) Usar variedades mais tolerantes à seca c)Usar o planti direto ou o cultivo mínimo para reduzir a evaporação da água do solo d) Usar a irrigação quando e onde possível Em anos de El Niño effects, chuvas acima do normal são esperadas para a Região Sul do Brasil, e assim os agricultores podem adotar as seguintes medidas: a) Evitar os plantios de áreas sujeitas a inundação b) Manuter e conservar os sistemas de drenagem c) Investir mais em fertilizantes, já que normalmente se espera obter maiores produtividades d) Usar variedades de ciclo mais curto Obtenção de Resiliência Fortalecimento dos sistemas agrícolas por meio da diversificação e das estratégias de manejo dos riscos Resiliência se refere à capacidade e abilidade do sistema agrícola de enfrentar condições meteorológicas adversas inesperadas e severas, como secas prolongadas, etc. A resiliência dos sistemas agrícolas pode ser melhorada por meio das seguintes ações: Diversificação de culturas, variedades e datas de plantio – reduz a exposição das culturas às condições adversas em estágios críticos, tal como florescimento e enchimento dos grãos Utilização do cultivo mínimo ou do plantio direto – reduz a evaporação da água do solo, resultando num melhor uso da água pelas culturas e dando mais flexibilidade para o escalonamento dos plantios. Correção das deficiências nutricionais e controle integrado de pragas e doenças – melhora o vigor das culturas, permitindo maior tolerância às condições meteorológicas adversas IPM Uso de quebra-ventos para redução da evapotranspiração das culturas e da demanda de alimentos pelo animais Uso da irrigação, onde haja condições para isso, especialmente nos períodos mais críticos das culturas, como no estabelecimento, florescimento e enchimento dos grãos Considerações Finais As informações meteorológicas/climáticas são extremamente importantes para a agricultura e para a realização de práticas agrícolas. A importância dessa informações relativas ao tempo e ao clima são para fins estratégicos, táticos e também para obtenção de resiliência. Um sistema racional de informações agrometeorológicas deve contar com especialistas das mais diversas áreas, entre elas: meteorologia, agrometeorologia, agronomia, extensão rural, economia e irrigação. Os serviços nacionais de meteorologia são essenciais nesse contexto, não apenas como fornecedores de dados meteorológicos ou de previsões do tempo e do clima, mas também fornecendo produtos agrometeorológicos específicos para os agricultores, por meio de um Sistema de Informações Agrometeorológicas Obrigado !!!! Continua ....
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