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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS
Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras”.
Medicina Veterinária
Bioestatística
PROF: Alexandra Martinez
3° PERÍODO
Artigos DIC e DBC
Pablina Gallas Schwendler
Foz do Iguaçu - PR
2014
1 - Utilização de indicadores para estimar a digestibilidade aparente em gatos
  Use of markers to estimate the apparent digestibility in domestic cats
 
 
R.S. VasconcellosI; A.C. CarciofiII, *; L.D. OliveiraI; F. PradaIII; G.T. PereiraII
IAluno de pós-graduação - UNESP – Jaboticabal, SP 
IIFaculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n 14.884-900 – Jaboticabal, SP 
IIIUniversidade de São Paulo – São Paulo, SP
 
 
RESUMO
Compararam-se os métodos de coleta total (CT) e dos indicadores óxido crômico (Cr2O3), cinzas insolúveis em ácido (CIA) e lignina na determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) dos nutrientes para gatos. Os CDA de quatro rações foram determinados pela CT e estimados pelos diferentes indicadores em teste. Foram utilizados 24 gatos adultos castrados, alojados em gaiolas metabólicas individuais, totalizando seis animais por ração. O experimento seguiu um delineamento inteiramente ao acaso, em parcelas subdivididas, sendo as rações as parcelas, os métodos as subparcelas e cada gato uma unidade experimental. Os CDA foram significativamente menores pelo método da lignina em uma das rações estudadas (P<0,05). Os métodos Cr2O3, CIA e CT resultaram em CDA iguais em todas as rações (P>0,05). As taxas de recuperação dos indicadores, médias±erro-padrão da média, foram, respectivamente, de 97,1±2,5%, 97,3±2,9% e 83,9±9,1% para o Cr2O3, CIA e lignina. A CIA e o Cr2O3 mostraram grande potencial para utilização como indicadores, enquanto a ampla variabilidade dos resultados obtidos com a utilização da lignina não justificou seu emprego como substância índice para felinos.
Palavras-chave: gato, óxido crômico, lignina, cinzas insolúveis em ácido, digestibilidade aparente
ABSTRACT
The total collection (TC) method was compared to chromium oxide (Cr2O3), acid-insoluble ash (AIA) and lignin marker methods for determining the coefficients of apparent digestibility (CAD) of nutrients in domestic cats. The CAD of four diets were determined by TC and estimated for the three markers through tests. Twenty-four adult neutered cats were housed in individual metabolic cages, totaling six animals per diet. The experiment was carried out using a completely randomized design in subdivided blocks where diets were blocks, methods were sub-blocks and each cat an experimental unit. CAD for the lignin method was significantly lower than TC method (P<0.05) in one of the studied diets. CAD for the Cr2O3, AIA and TC methods were similar in all diets. Recuperation rates of Cr2O3, AIA and lignin markers were 97.1±2.5%, 97.3±2.9% and 83.9±9.1% respectively. AIA and Cr2O3 methods showed high potential for use as markers while the higher variability in results obtained with the use of lignin did not justify its usage as an indicator substance for felines.
Keywords: cat, chromium oxide, lignin, acid insoluble ash, apparent digestibility
 
 
INTRODUÇÃO
A digestibilidade dos alimentos pode ser determinada in vivo pelo método de coleta total de fezes, ou estimada com o uso de indicadores (Andreasi, 1956). O método dos indicadores representa uma alternativa à coleta total quando se torna difícil ou inconveniente mensurar-se a ingestão ou coletar-se totalmente as fezes (Zeoula et al., 1992). Recuperação completa e precisão na determinação laboratorial dos indicadores são essenciais para que essas substâncias sejam consideradas apropriadas para o uso em ensaios de digestibilidade (Saha e Gilbreath, 1991).
Em gatos domésticos, o óxido crômico tem sido o indicador mais utilizado na avaliação da digestibilidade e taxa de passagem dos alimentos pelo trato digestório (Pencovic e Morris, 1975; Hendriks et al., 1996; Peachey, 2000). Apesar disso, não foram encontrados na literatura estudos que apresentassem informações sobre sua taxa de recuperação, nem tampouco validando-o frente à coleta total de fezes.
Uma preocupação em relação ao crômio é seu potencial efeito cancerígeno para o pesquisador e o animal experimental. O cromo trivalente, como encontrado no óxido crômico, é muito pouco reativo com o DNA, além de ser pobremente absorvido pela membrana celular, ao contrário do cromo hexavalente, presente em dicromatos solúveis ou outros complexos do cromo, que apresenta alta reatividade e solubilidade nas membranas (Ferreira, 2002; Bastarache, 2005). O emprego de óxido crômico anidro também aumenta a segurança do procedimento por ser altamente insolúvel e estável em diferentes condições de pH e temperatura. No entanto, a solubilização do cromo para posterior quantificação laboratorial forma dicromatos, o que torna indispensável o cuidado com o manuseio e o descarte do resíduo de análise (Pauling, 1966).
Embora os gatos sejam animais classificados pelo seu hábito alimentar como carnívoros estritos, os alimentos comerciais para esta espécie apresentam grande quantidade de ingredientes de origem vegetal em sua composição (Crane, 2000). Esse fato poderia viabilizar o emprego das cinzas insolúveis em ácido (CIA) e da lignina como indicadores internos nos estudos de digestão, substâncias até então não estudadas para a espécie. Carciofi et al. (1998) encontraram taxa de recuperação da fibra em detergente ácido (FDA) e fibra bruta (FB) próximas a 100% em gatos.
Este trabalho teve por objetivo comparar, em gatos domésticos, os coeficientes de digestibilidade aparente obtidos pelo método de coleta total àqueles estimados pelos indicadores óxido crômico, CIA e lignina.
 
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas quatro rações experimentais para gatos, denominadas R1, R2, R3 e R4, formuladas para atender as recomendações nutricionais da Association... (2004). Essas apresentavam composição nutricional semelhante e variaram apenas quanto ao principal ingrediente de origem vegetal (milho, sorgo, farinha de mandioca ou quirera de arroz), permitindo-se com isso quatro avaliações de cada método. Adicionou-se Cr2O3 na mistura dos ingredientes das rações, anteriormente à extrusão, como indicador externo, de forma a obter-se uma concentração final de 0,35% na matéria seca. A lignina e as CIA foram utilizadas como indicadores internos. A fórmula e a composição química das rações, incluindo a concentração dos indicadores, encontram-se na Tab. 1.
Foram utilizados 24 gatos adultos, sem raça definida, com peso médio de 4,28±0,56kg. Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos de seis gatos, cada um recebendo uma das rações experimentais. A digestibilidade foi estimada em cada grupo utilizando-se quatro métodos: coleta total, lignina, Cr2O3 e CIA.
Todos os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas individuais em inox, com dimensões de 80x80x90cm durante o experimento, que teve duração de 14 dias, sendo sete dias de adaptação e sete de coleta total de fezes. Durante todo o período experimental, o alimento foi fornecido aos animais duas vezes ao dia (7h30min e 17h30min), e as sobras quantificadas imediatamente antes da próxima refeição. As quantidades fornecidas foram estimadas segundo a equação do Nutrient... (1986). As fezes de cada gato foram coletadas duas vezes ao dia, pesadas e congeladas para posterior análise.
Ao final do período de coleta, as fezes foram descongeladas e homogeneizadas, compondo uma única amostra por animal, que foi posteriormente seca em estufa com ventilação forçada a 65ºC durante 72 horas e moídas em micromoinho, em peneira de 1mm, para proceder-se às análises laboratoriais.
Nas rações e fezes foram determinados, segundo a metodologia descrita pela AOAC (Official..., 1996), os teores de matéria seca (metodologia 4.1.06), proteína bruta (metodologia 4.2.02), gordura em hidrólise ácida (metodologia4.5.02) e matéria mineral (metodologia 4.1.10). A energia bruta foi determinada em calorímetro1. A lignina em detergente ácido (Van Soest) foi quantificada seguindo-se a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Para a determinação do óxido crômico, utilizou-se o método colorimétrico de Fenton e Fenton (1979).
As CIA foram quantificadas com base nas descrições de McCarthy et al. (1974) e van Leeuwen et al. (1996), porém com adaptações na metodologia original. Para a determinação das concentrações deste indicador nas amostras, pesaram-se três gramas de fezes e cinco gramas de ração em cadinho de vidro de fundo poroso. Estes foram posteriormente levados à mufla à temperatura de 450ºC por 12 horas. As cinzas remanescentes no cadinho após a queima foram imersas em 50ml de solução de HCl -3N e mantidas em banho-maria a 90ºC por um período de 30 minutos. Em seguida, foram filtradas a vácuo e lavadas com água destilada aquecida até a retirada do excesso de ácido. Repetiu-se o tratamento ácido uma segunda vez buscando maximizar a eliminação do óxido crômico das amostras. Após o segundo banho em solução ácida, as cinzas remanescentes nos cadinhos foram queimadas durante quatro horas à temperatura de 550ºC.
A taxa de recuperação (TR) dos indicadores e os coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes (CDAN) e da matéria seca (CDAMS) foram calculados, pelo método dos indicadores, com as equações a seguir:
O arranjo dos tratamentos seguiu um esquema em parcela subdividida com medidas repetidas, sendo as parcelas constituídas pelas quatro rações e as subparcelas os quatro métodos de avaliação da digestibilidade, em um delineamento inteiramente ao acaso, com seis animais para cada ração, totalizando 24 gatos. Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Essas análises foram realizadas com auxílio do programa computacional SAS (Schlotzhauer e Littell, 1997).
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo médio de ração, assim como o peso dos animais não diferiu entre os grupos experimentais (dados não apresentados). A interação ração x método foi significativa (P<0,05) e, desse modo, os métodos foram comparados em cada ração. A digestibilidade não foi influenciada pelos métodos nos grupos que receberam as rações 2, 3 e 4, mas foi menor (P<0,05) quando estimada com o uso da lignina no grupo que recebeu a ração 1 (Tab. 2).
A lignina apresentou baixa TR na ração 1, com valores menores que os demais indicadores (p<0,05), explicando o porque da menor digestibilidade estimada por este indicador nesta ração. Cr2O3 e CIA apresentaram TR semelhantes entre si (P>0,05) e mais uniformes, resultando em menores coeficientes de variação (Tab. 3).
No presente experimento, a obtenção de elevada TR e baixo coeficiente de variação dos resultados indicam que o Cr2O3 é um substância índice passível de emprego para gatos. As diferenças entre os CDA determinados pela CT e estimado por este indicador foram, para a proteína bruta, de apenas 0,02 pontos percentuais para a ração 1, de 0,18 pontos percentuais para a ração 2, de 0,59 pontos percentuais para a ração 3 e de 1,54 pontos percentuais para a ração 4. Kane et al. (1981) não observaram diferenças entre o método de CT e do Cr2O3 na determinação dos CDA dos nutrientes de oito rações para gatos. Os autores não apresentam, no entanto, as TR do indicador. Presume-se que tenham sido superiores a 100%, em virtude dos maiores coeficientes de digestibilidade encontrados por este método quando comparados à CT. No entanto, as TR do Cr2O3 podem variar entre os estudos e ser mais ou menos satisfatórias. Andreasi (1956) verificou TR de 97,8% enquanto Hill et al. (1996) a obtiveram de apenas 87%, em trabalhos com cães.
Ao estudarem a CIA como indicador, Lôbo Jr. et al. (2001) encontraram TR de 93,9% para cães e Rowan et al. (1991) de 90,0% para suínos, dados ligeiramente inferiores à média encontrada no presente estudo, de 97,3%.
Van Keulen e Young (1977), ao estudarem a CIA em ovinos, verificaram que, apesar dos CDA obtidos com o indicador terem sido semelhantes aos determinados pela CT, alimentos com menor teor de CIA (0,21%) apresentaram maior variabilidade dos resultados. Os ingredientes vegetais comumente empregados nas rações para felinos não apresentam elevadas concentrações de CIA, como pode ser observado pelos resultados de Zeoula et al. (1992), que constataram concentrações de CIA de 0,67% no farelo de soja, 0,14% no milho moído, 0,15% na raspa de mandioca e 0,24% no sorgo moído.
Thonney et al. (1985) verificaram que teores de CIA nas rações inferiores a 0,75% aumentam os erros na quantificação laboratorial desta substância, sendo necessário número maior de repetições para uma mesma amostra a fim de que sejam obtidos resultados analíticos confiáveis. Embora no presente estudo os resultados referentes à taxa de recuperação das CIA tenham sido adequados para todas as rações, suas concentrações nas dietas, entre 0,11% e 0,18%, foram inferiores aos valores mínimos recomendados por Thonney et al. (1985).
A TR da lignina foi altamente variável entre as quatro dietas deste estudo; na ração 3 a TR foi de 128% e na ração 1, 25%, o que resultou em elevado coeficiente de variação, 53,4%. As diferenças entre os CDA determinados pela CT e estimadas por esse indicador foram, para a proteína bruta, 44,72 para a ração 1, 6,20 para a ração 2, 3,54 para a ração 3 e 0,35 pontos percentuais para a ração 4, indicando uma substância índice inadequada, que pode sub ou superestimar a digestibilidade dos alimentos.
A lignina em detergente ácido é relativamente inespecífica, sofrendo interferências de outros compostos presentes no alimento ou nas fezes, que podem ser quantificados como lignina (Cherney, 2000). Fadel et al. (1988) demonstraram que os teores de lignina praticamente dobraram com a extrusão de um alimento. A formação de produtos da reação de Maillard, resultantes da ligação entre os grupos amino e carbonil do alimento, pode explicar o aumento nas concentrações de lignina após a extrusão das rações, uma vez que é conhecido que a presença de proteínas danificadas pelo calor induz a uma elevação na quantificação laboratorial da lignina (Chuyen, 1998).
Mesmo sabendo-se que a lignina não é digerida, autores encontraram digestão ileal e fecal negativa da substância, o que sinaliza a formação de compostos resistentes à ação do H2SO4 durante a análise laboratorial ou mesmo a produção de artefatos de lignina no trato gastrointestinal dos animais, que quando empregados na fórmula de cálculo da digestibilidade resultaram em valores negativos, ou seja, maior recuperação fecal do que ingestão do composto (Graham et al., 1986 citado por Fadel et al., 1988). Isso pode explicar a recuperação superior a 100% desta substância índice na ração 3, no presente experimento.
As diferenças nas propriedades físicas das rações, consumo alimentar pelos animais e tipo de alimento são fatores que contribuem para as variações nas concentrações fecais e na taxa de passagem dos indicadores (Iturbide, 1967). A composição química da lignina dos alimentos é bastante variável, uma vez que este polímero é composto por unidades de p-cumaril álcool, coniferil álcool e sinapil álcool, que variam amplamente em proporções de acordo com a região anatômica em que a lignina está presente na planta, o estágio de maturidade e entre os diferentes vegetais (Sundstøl e Owen, 1984). As diferenças entre as ligninas presentes no sorgo, milho, quirera de arroz e farinha de mandioca, bem como a reação destas ao tratamento de extrusão, podem ter sido responsáveis pela variação nas taxas de recuperação deste indicador e justificar, por exemplo, o desaparecimento parcial desta durante sua passagem pelo trato digestório na R1, levando à baixa TR do indicador e à subestimativa dos CDA da ração. Isso sinaliza a importância de se testar várias dietas, com diferentes alimentos, no estudo de indicadores internos.
 
CONCLUSÕES
O Cr2O3 e a CIA apresentaram TR satisfatóriasem gatos, podendo ser utilizados como indicadores de digestibilidade nessa espécie. A lignina não se mostrou um indicador adequado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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 2 - Alimentação de leitoas pré-púberes com dietas contendo aflatoxinas ou zearalenona
Feeding of pre-pubertal gilts with diets containing aflatoxins or zearalenona
 
 
Andretta, I.1*, Lovatto, P.A.1, Lanferdini, E.1, Lehnen, C.R.1, Rossi, C.A.R.1, Hauschild, L.1, Fraga, B.N.1, Garcia, G.G.1 e Mallmann, C.A.2
1Setor de Suínos. Departamento de Zootecnia. Universidade Federal de Santa Maria. CEP 97105-900. Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil. *ines_andretta@mail.ufsm.br 
2Laboratório de Análises Micotoxicológicas. Departamento de Medicina Veterinária Preventiva. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil.
 
 
RESUMO
Um experimento foi realizado para avaliar o desempenho, a morfologia vulvar e os pesos de órgãos viscerais e de trato reprodutivo em leitoas pré-púberes alimentadas com dietas contendo aflatoxinas ou zearalenona durante 28 dias. Foram utilizados 18 animais com peso médio inicial de 11 quilogramas. Três tratamentos (dieta controle - DC; DC + 1 mg kg-1 de aflatoxinas; DC + 2 mg kg-1 de zearalenona) foram utilizados em um delineamento inteiramente casualizado com seis repetições. As aflatoxinas reduziram (p<0,05) em 30% o consumo de ração (DC x DC + aflatoxinas: 1,087 x 0,758 kg), em 27% o ganho de peso (0,608 x 0,441 kg) e em 16% o peso vivo dos animais ao final do experimento (27,4 x 22,9 kg). A zearalenona não alterou (p>0,05) o consumo de ração (DC x DC + zearalenona: 1,087 x 0,986 kg), a conversão alimentar (1,85 x 1,86), o ganho de peso (0,608 x 0,539 kg) e o peso vivo dos animais (27,4 x 25,5 kg) em relação ao grupo controle. Os pesos relativos de fígado e coração também não foram alterados (p>0,05) pelas micotoxinas. Porém, a zearalenona aumentou (p<0,05) o volume vulvar, o peso e o comprimento do trato reprodutivo. Os resultados indicam efeitos estrogênicos associados à zearalenona e perdas em produtividade às aflatoxinas presentes nas dietas.
Palavras chave: Desempenho. Micotoxinas. Órgãos. Reprodução. Suínos.
SUMMARY
An experimentwas carried out to evaluate performance, vulvae morphology, visceral organs and reproductive tract weight in pre-puberal gilts fed diets containing aflatoxins or zearalenone during 28 days. Eighteen animals with an average initial weight of 11 kg were used. Three treatments (control diet - CD; CD + 1 mg kg-1 of aflatoxins; CD + 2 mg kg-1 of zearalenone) were utilized in a completely randomized design with six replications. Feed intake, weight gain and final live weight were reduced (p<0.05) by 30% (CD x CD + aflatoxins: 1.087 x 0.758 kg), 27% (0.608 x 0.441 kg) and 16% (27.4 x 22.9 kg) for animals fed diets containing aflatoxins. Feed intake (CD x CD + zearalenone: 1.087 x 0.986 kg), feed conversion ratio (1.85 x 1.86) and final live weight (27.4 x 25.5 kg) were not affected (p>0.05) by zearalenone in comparison to control group. The relative weight of liver and heart were not altered (p>0.05) by mycotoxins. However, zearalenone increased (p<0.05) the bulk of vulva, the length and weight of reproductive tract. Feeding diets with aflatoxins or zearalenone prejudices performance and stimulates estrogenic effects in gilts.
Key words: Mycotoxins. Performance. Pigs. Organs. Reproduction.
 
Introdução
O milho é um ingrediente muito apreciado pela indústria da alimentação animal, especialmente pela sua disponibilidade e qualidade nutricional. Porém, do cultivo ao armazenamento, o milho está sujeito à contaminação por uma microbiota fúngica diversa. Os fungos podem alterar direta e indiretamente a qualidade do cereal, influenciando negativamente algumas propriedades nutricionais e bioquímicas dos grãos (Bhattacharya e Raha, 2002). Além disso, sob condições de estresse, alguns fungos produzem metabólitos secundários tóxicos denominados micotoxinas (Dilkin, 2002).
Umidade e temperatura são fatores críticos para a produção das micotoxinas, à medida que se relacionam com o desenvolvimento fúngico. Porém, outros fatores como a composição e a integridade do substrato também regulam a prevalência micotoxicológica em contaminações naturais. Diversas micotoxinas estão associadas com a indução de efeitos tóxicos em animais. Na suinocultura, entre as de maior relevância clínica e econômica estão as aflatoxinas e a zearalenona.
As aflatoxinas são substâncias com toxidade elevada produzidas por fungos do gênero Aspergillus (Coulombe, 1993). Apesar da estrutura química semelhante, as aflatoxinas diferem entre si pela frequência em contaminações naturais e pelo grau de atividade biológica. A aflatoxina B1 é a mais tóxica, seguida pela G1, B2 e G2 (Oliveira e Germano, 1997). As aflatoxinas têm sido encontradas em aproximadamente 38% das rações para suínos no Brasil (Dilkin, 2002), impactando a atividade de forma expressiva. Suínos são animais bastante sensíveis aos efeitos as aflatoxinas, sendo 0,6 mg kg-1 a DL50 para a espécie (Moss, 2002). Sinais clínicos de aflatoxicose incluem anorexia, neoplasias, imunossupressão e hepatopatias (Marin et al., 2002).
A zearalenona, produzida por fungos Fusarium, é descrita como uma lactona do ácido fenólico resorcílico (Gaumyet al., 2001). Bastante resistente à maioria dos tratamentos utilizados na fabricação dos alimentos, esta micotoxina possui metabolismo complexo, onde predominam reações de conjugação. A flexibilidade na conformação espacial da zearalenona e dos produtos de sua biotransformação hepática permite a fixação competitiva em receptores estrogênicos celulares. Esta interação incrementa a síntese protéica e a proliferação celular, o que se manifesta principalmente pelo aumento de volume nos tecidos do trato reprodutivo (Gaumy et al., 2001; Dänicke et al., 2005). A zearalenona apresenta atividade anabólica e estrogênica em várias espécies e seus efeitos tóxicos são frequentemente associados com complicações nas funções reprodutivas (Diekman e Green, 1992). Entre os animais domésticos, os suínos possuem a maior sensibilidade à presença da micotoxina, podendo apresentar sinais clínicos de intoxicação a partir de 50 μg kg-1 de ZEA nas dietas (Bauer et al., 1987).
Quando ingeridas, as micotoxinas podem causar alterações metabólicas e lesões em alguns órgãos, interferindo na eficiência alimentar e reprodutiva dos animais (Diekman e Green, 1992; D'Mello et al., 1999). Pela prevalência em produtos destinados à alimentação animal, as micotoxinas são consideradas fatores limitantes para a manutenção de índices produtivos adequados, especialmente na suinocultura. Este trabalho foi realizado, portanto, com o objetivo de estudar o desempenho e as características de alguns órgãos em leitoas alimentadas com dietas contendo aflatoxinas ou zearalenona.
 
Material e métodos
As micotoxinas foram produzidas pelo Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), situada na região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As aflatoxinas foram preparadas a partir da cepa NRLL 2999 do Aspergillus parasiticus por fermentação em arroz parboilizado, de acordo com o método proposto por West et al. (1973). Para a produção da zearalenona, esporos foram cultivados por cinco dias a 25oC e, após, lavados com água estéril e solubilizados. Posteriormente foi aplicado 1 ml desta solução no material de cultura. A incubação compreendeu dois períodos com temperaturas de 28 e 15oC, respectivamente. Após, os materiais de cultura das micotoxinas foram secos, triturados, quantificados e estocados em temperatura adequada até a mistura nas dietas.
O experimento foi realizado de novembro a dezembro de 2006, no Setor de Suínos do Departamento de Zootecnia da UFSM. Foram utilizadas 18 leitoas pré-púberes, geneticamente homogêneas, oriundas de cruzamentos industriais e desmamadas aos 21 dias de idade. Os animais foram alojados individualmente em baias elevadas, equipadas com comedouro semi-automático e bebedouro tipo concha. Inicialmente, houve um período de adaptação dos animais ao ambiente e a dieta, visto que a desmama, período crítico para os leitões, poderia influenciar no comportamento alimentar. Todas as avaliações iniciaram após o período de adaptação. O peso médio dos animais ao início do período experimental foi de 11 ± 1,5 quilogramas. A temperatura da sala foi mantida na zona de conforto para a fase (22 a 26oC).
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos (dieta controle - DC; DC + 1mg kg-1 de aflatoxinas - sendo 90% do tipo B1; 5,5% G1; 3% B2 e 0,5% G2 - e DC + 2 mg kg-1 de zearalenona) e seis repetições cada, sendo o animal a unidade experimental. As dietas foram isonutritivas elaboradas com milho, farelo de soja e premix vitamínico-mineral conforme modelo e recomendações nutricionais do National Research Council (NRC, 1998). O milho utilizado nas dietas era do tipo dentado, proveniente de plantas híbridas e estocado com 12% de umidade em condições limitantes para o desenvolvimento fúngico. O farelo de soja foi obtido após tratamento para extração industrial do óleo por solvente.
A quantificação das micotoxinas nas matérias-primas e nas rações foi realizada por cromatografia líquida de alta eficiência, com um limite de quantificação de 0,012 mg kg-1 e um coeficiente de recuperação de 89%. O milho e o farelo de soja utilizados na formulação das dietas não apresentaram contaminação para as principais micotoxinas (aflatoxinas, fumonisinas e zearalenona) quando analisados por este método. Assim, aos animais do grupo controle era garantida dieta livre de contaminação micotoxicológica. Após a adição do material de cultivo das micotoxinas nas demais dietas (que seguiam a mesma formulação utilizada para a dieta controle), amostras da ração foram analisadas novamente para certificação dos níveis pretendidos para cada tratamento.
As dietas experimentais foram fornecidas à vontade aos animais durante 28 dias e o acesso à água foi livre. Os dados de ganho médio de peso foram obtidos por pesagens individuais no início do experimento e aos 7, 14, 21 e 28 dias. Os dados referentes ao consumo de ração foramobtidos pela quantidade de ração fornecida descontadas as sobras ao final de cada período. A conversão alimentar foi estimada a partir das medidas anteriores.
As alterações na morfologia vulvar das leitoas que receberam dieta controle e dieta com zearalenona foram acompanhadas por medidas verticais, horizontais e de profundidade, mensuradas a cada três dias com paquímetro. O volume vulvar foi obtido pela multiplicação destas três medidas.
Ao final do experimento, os animais foram submetidos a oito horas de jejum alimentar, insensibilizados por eletronarcose e eviscerados imediatamente depois do abate. Após observações gerais, fígado e coração foram pesados individualmente e os valores ajustados ao peso vivo do animal, de forma a serem expressos em percentual. A escolha dos órgãos avaliados em cada tratamento teve como critério a atividade das micotoxinas. Assim, nos animais alimentados com dietas contendo zearalenona, também foram aferidos peso e comprimento do trato reprodutivo.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM, sendo as diferenças entre as médias comparadas pelo teste de Tukey. As análises estatísticas foram realizadas com o programa Minitab (McKenzie e Goldman, 1999).
 
Resultados e discussão
Os resultados de desempenho são apresentados na tabela I. O consumo de ração foi influenciado (p<0,05) pela inclusão de aflatoxinas na dieta a partir da segunda semana experimental. No resultado médio do período, as aflatoxinas reduziram (p<0,05) em 30% o consumo de ração. A conversão alimentar das leitoas não foi alterada pela presença de aflatoxinas. Porém, houve redução (p<0,05) no ganho de peso dos animais alimentados com dietas contendo aflatoxinas na segunda e terceira semanas do experimento. No período total, as aflatoxinas reduziram (p<0,05) em 27% o ganho de peso dos animais. Ao final do experimento, o peso vivo das leitoas que recebiam aflatoxinas nas dietas foi 16% menor (p<0,05) em relação ao grupo controle.
As alterações no desempenho dos animais que recebiam dieta com aflatoxinas podem ser explicadas pela ação hepatotóxica desta micotoxina. As aflatoxinas reagem com macromoléculas celulares como o DNA e o RNA, interferindo nas propriedades funcionais do fígado e na síntese protéica (Oliveira e Germano, 1997). Relatos de aflatoxicose incluem ainda imunossupressão, alterações na síntese e cinética de algumas enzimas e no metabolismo de proteínas e lipídeos (Marin et al., 2002). Suínos alimentados com dietas contendo níveis de aflatoxinas semelhante aos utilizados neste trabalho (0,8 mg kg-1) apresentaram redução no coeficiente de metabolização da energia e na retenção relativa de nitrogênio (Hauschild et al., 2006). Estas interferências podem justificar a queda no desenvolvimento dos animais.
Os animais alimentados com dietas contendo zearalenona apresentaram desempenho semelhante (p>0,05) ao do grupo controle, com exceção da segunda semana experimental, quando a micotoxina reduziu (p<0,05) o ganho de peso das leitoas. A análise de comparação de médias também mostrou semelhança (p>0,05) entre os animais alimentados com dietas contendo zearalenona e aqueles que recebiam aflatoxinas para algumas variáveis (consumo de ração na segunda e terceira semanas e no período total, ganho de peso na terceira semana e na média do experimento e peso vivo aos 14, 21 e 28 dias).
A zearalenona, conhecida por suas propriedades estrogênicas, em geral não é associada a baixos índices produtivos, mas a problemas de ordem reprodutiva nos animais (D'Mello et al., 1999). A exposição alimentar a concentrações de zearalenona maiores que as utilizadas neste trabalho (10 mg kg-1) não influenciou a conversão alimentar e o ganho de peso em leitoas pré-púberes (Green et al., 1990). A zearalenona também não altera a digestibilidade de dietas nem o metabolismo protéico ou energético de suínos (Hauschild et al., 2007). Porém, algumas alterações metabólicas são descritas em ratos quando alimentados com dietas contendo níveis elevados da micotoxina (Nogowski, 1996; Szkudelska, 2002). Devido à semelhança fisiológica dessa espécie com os suínos, alguns efeitos negativos poderiam ser esperados quando da exposição alimentar a altas concentrações de zearalenona, evidenciando até mesmo alguns mecanismos adicionais de toxidade (Abid-Essefi et al., 2004).
A tabela II apresenta os resultados da avaliação de órgãos. Os animais que receberam dietas com aflatoxinas apresentaram fígado com aspecto pálido-amarelado, sinais macroscópicos sugestivos de edema intralobular e focos hemorrágicos na superfície parietal. Apesar dos sinais patológicos indicarem efeitos tóxicos, a alimentação de leitoas com 1mg kg-1 de aflatoxinas não alterou (p>0,05) os pesos relativos de fígado e coração. Em trabalho semelhante, também não foram observadas diferenças nos pesos de fígado, coração, baço e rins de suínos intoxicados experimentalmente com dietas contendo aflatoxinas e deoxinivalenol (Harvey et al., 1989).
A alimentação de leitoas com dietas contendo 2 mg kg-1 de zearalenona não alterou (p>0,05) os pesos relativos de fígado e coração. Entretanto, a zearalenona aumentou (p<0,05) em aproximadamente 180% o peso relativo e em 30% o comprimento do trato reprodutivo. As manifestações de hiperestrogenismo também foram acompanhadas durante este trabalho pelas alterações na morfologia vulvar das leitoas (figura 1). Houve diferença (p<0,05) entre os tratamentos para os volumes vulvares a partir do sexto dia experimental. Ao final do período, os volumes vulvares foram 3,8 vezes maiores nas leitoas alimentadas com dieta contendo zearalenona em relação aos animais controle.
 
As alterações morfológicas no aparelho reprodutivo das leitoas são resultado da competição da zearalenona e dos produtos de sua biotransformação hepática com o 17β-estradiol por receptores estrogênicos celulares (Turcotteet al., 2004). A zearalenona apresenta maior efeito estrogênico comparada ao 17β-estradiol devido ao modo de ação e tempo de permanência dos metabólitos no núcleo das células (Gaumy et al., 2001). A alta sensibilidade dos suínos aos efeitos da zearalenona pode ser explicada por sua metabolização predominantemente em α-zearalenol. Este processo pode ser considerado de ativação para a toxina, uma vez que o isômero α é o mais tóxico dos metabólitos da zearalenona (Malekinejad et al., 2006).
Algumas micotoxinas, em intoxicações sub-clínicas, podem interferir no desempenho e nas funções reprodutivas dos animais, caracterizando perdas econômicas muitas vezes não mensuradas. Entretanto, quando em níveis elevados na dieta, as aflatoxinas por reduzirem significativamente o desempenho animal e a zearalenona por interferir no trato reprodutivo, levam a perdas drásticas na produção de suínos. Por esta condição e pela alta prevalência das micotoxinas em produtos destinados à alimentação animal, a identificação dos pontos críticos na cadeia produtiva dos cereais e o monitoramento micotoxicológico através de metodologias analíticas confiáveis apresentam caráter relevante na suinocultura.
 
Conclusões
As aflatoxinas reduzem o consumo de ração, o ganho de peso e o peso vivo de leitoas em creche. Porém, não alteram os pesos relativos de fígado e coração. Dietas contendo zearalenona não alteram o desempenho de leitoas em creche. Entretanto, a zearalenona aumenta o volume vulvar, o peso relativo e o comprimento do trato reprodutivo.
 
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas de Produtividade em Pesquisa de Paulo Alberto Lovatto e de Iniciação Científica de Ines Andretta.
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3 - Desempenho de vacas leiteiras em pastagem de alfafa suplementada com silagem de milho e concentrado e viabilidade econômica do sistema
 
Performance of dairy cows on alfalfa pasture supplemented with corn silage and concentrate and its economic viability
 
 
D. Peres NettoI; A. de A. RodriguesII; F.S. WechslerIII; R.P. FerreiraII; F.C. MendonçaII; A.R.FreitasII
IDepartamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural - UFSC. Rod. Admar Gonzaga, 1346 - 88034-001 - Florianópolis, SC 
IIEmbrapa Pecuária Sudeste - São Carlos, SP 
IIIDepartamento de Produção Animal - Unesp - Botucatu, SP
 
 
RESUMO
Avaliou-se o efeito da substituição parcial de silagem de milho por pastagem de alfafa no desempenho de vacas leiteiras e na viabilidade econômica do sistema. Utilizaram-se 24 vacas da raça Holandesa, em estádio médio de lactação, em delineamento em blocos ao acaso. Os tratamentos foram: dieta à base de silagem de milho em confinamento, silagem de milho substituída parcialmente por pastejo restrito (PR) e pastejo irrestrito (PI) de alfafa. O sistema de pastejo foi rotacionado, e a quantidade de concentrado igual em todos os tratamentos. A massa de forragem foi de 2.338 e de 1.878kg de MS/ha, e a oferta de 1,8 e 4,2kg de MS/100kg de peso vivo, nos tratamentos PR e PI, respectivamente. A produção de leite não diferiu entre os tratamentos, cujas médias foram de 25,9; 25,8 e 25,2 litros por vaca por dia no confinamento, no PR e no PI, respectivamente. A produção diária de leite por área foi de 59,3L/ha no PR e de 63,0L/ha no PI, enquanto no confinamento foi de 45,7L/ha. A substituição parcial de silagem de milho por alfafa em pastejo não limitou o desempenho produtivo dos animais e mostrou-se economicamente vantajosa em relação ao confinamento.
Palavras-chave: produção de leite, rentabilidade, leguminosa, pastagem
ABSTRACT
The effect of partial replacement of corn silage for alfafa grazing on dairy cows performance and profitability was evaluated. Twenty-four Holstein dairy cows in mid-lactation were used in a randomized block design. Treatments were: a corn silage-based diet fed on drylot, or partial replacement of corn silage for either restricted alfalfa grazing or unrestricted grazing. A rotational grazing system was used and the amount of concentrate fed was the same in all treatments. Forage availabilities were 2,338 and 1,878kg/ha of dry matter (DM) and offered at 1.8 and 4.2kg of DM/100kg of live weight under restricted and unrestricted grazing, respectively. No difference in milk production was observed among treatments, averaging 25.9, 25.8, and 25.2 liters per cow on feedlot, restricted grazing, or unrestricted grazing, respectively. Milk production per hectare was 59.3L/day on restricted grazing and 63L/day on unrestricted grazing, whereas it was 45.7L/day on drylot. Partial replacement of corn silage for alfalfa grazing did not limit animal performance and it would be economically advantageous as compared to drylot feeding.
Keywords: profitability, milk yield, legume, pasture
 
 
INTRODUÇÃO
A intensificação da produção de leite em pastagens é fundamental para tornar essa atividade competitiva e economicamente rentável. Contudo, o uso de forrageiras de má qualidade e o elevado preço de alimentos concentrados, que representam aproximadamente 30% do custo total de produção (Anuário...,2008), têm sido apontados como os principais fatores responsáveis pela baixa lucratividade da atividade leiteira. Uma das alternativas mais econômicas para melhorar a nutrição do rebanho leiteiro é o uso de forrageiras produtivas e de boa qualidade. Entre essas, destaca-se a alfafa, por apresentar elevada produtividade, excelente qualidade de forragem e boa aceitabilidade pelo animal, sendo, por isso, indicada para vacas de alto potencial de produção de leite (Rodrigues et al., 2008).
Embora pastagens de alfafa, consorciadas ou não, constituam a base da alimentação dos rebanhos leiteiros na Argentina (Comeron e Romero, 2007), informações sobre seu uso sob pastejoem regiões tropicais na dieta de vacas leiteiras e em sistemas intensivos de produção de leite são escassas. Em condições tropicais e usando vacas Holandesas com média de produção de 6.000 litros de leite por lactação, Vilela et al. (1994) mostraram que a alfafa em pastejo proporcionou média de produção diária de 20 litros por vaca, sem comprometer o peso corporal e a eficiência reprodutiva dos animais.
Em experimento sem adição de concentrado à dieta, no qual se avaliou a alfafa na forma de pastejo, observou-se que a produção de leite foi superior a 5.000 litros por lactação (Comeron et al., 2002). Entretanto, Castilho e Gallardo (1995) afirmaram que, quando o objetivo for incrementar a produtividade leiteira de sistemas baseados em pasto de alfafa com vacas capazes de produzir mais que 6.000 litros de leite por lactação, é necessário elevar a qualidade da dieta mediante o uso de concentrados e de forragens conservadas de boa qualidade. Assim, a alfafa utilizada como parte da dieta poderia contribuir para equilibrar a relação energia:proteína da dieta (Rodrigues et al., 2008), aumentar a produção de leite por área (Jahn et al., 2000a) e reduzir o risco de timpanismo quando comparado ao risco causado pelo uso exclusivo da alfafa em pastejo (Davies e Mendez, 2007). Além disso, Vinholis et al. (2008) observaram, mediante simulação, que a alfafa, associada à suplementação concentrada e volumosa, reduziu o custo de produção final em aproximadamente 15%, em comparação a um sistema em confinamento. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da substituição parcial da silagem de milho por pastagem de alfafa no desempenho de vacas leiteiras e na viabilidade econômica do sistema.
 
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP. O clima da região é subtropical, com inverno seco e verão quente/úmido, apresentando médias de temperatura de 16,3ºC (julho) a 23ºC (fevereiro) e média anual de precipitação pluviométrica de 1.502mm. O solo da área experimental é do tipo argissolo vermelho-amarelo distrófico, de textura média a argilosa (Primavesi et al., 1999). Em abril de 2007, foi feito o preparo do solo e a semeadura da alfafa com a variedade crioula (20kg/ha de sementes). O ensaio foi dividido em dois períodos, um de 15 dias pré-experimental e outro de 84 dias (setembro a dezembro de 2007) experimental, quando foram aplicados, em cobertura, 100kg/ha de K2O a cada dois ciclos de pastejo.
Os tratamentos foram: 1) confinamento (CONF), no qual os animais permaneceram confinados em área de descanso, onde receberam dieta completa à base de silagem de milho e concentrado; 2) pastejo restrito (PR), em que o pastejo de alfafa foi limitado a quatro horas por dia - das oito às 10h e das 17 às 19h - e os animais permaneceram em área de descanso durante 16h, receberam silagem de milho e concentrado; e 3) pastejo irrestrito (PI), no qual os animais tinham livre acesso ao pasto de alfafa e à área de descanso, onde receberam silagem de milho e concentrado.
A composição das dietas foi calculada de modo a serem similares em proteína bruta (16%) e em energia (70% de nutrientes digestíveis totais). Foram fornecidos 4,5kg de matéria seca (MS) de concentrado por vaca por dia em todos os tratamentos. O fornecimento da silagem foi à vontade, com até 10% de sobras no tratamento CONF; de 10,5kg de MS por vaca por dia, no tratamento PR; e de 6,6kg de MS por vaca por dia, no tratamento PI. Os concentrados foram formulados com diferentes teores de nitrogênio (Tab. 1), para manter constante o teor de proteína bruta da dieta, e amostrados em cada lote processado. A silagem e o concentrado foram fornecidos às 10 e às 16h. As sobras de silagem foram pesadas uma vez por semana, e a oferta do volumoso foi ajustada conforme o necessário no tratamento CONF. Também, semanalmente, colheram-se amostras de silagem e das sobras.
 
 
A alfafa foi manejada em sistema de pastejo rotacionado, com cerca elétrica fixa, e irrigada por sistema de aspersão em malha. O período de ocupação dos piquetes foi de um dia, e o de descanso 30 dias, com taxa de lotação fixa. Os tratamentos PR e PI tiveram duas repetições de área, com 31 piquetes cada. Os piquetes mediam aproximadamente 180m2 no tratamento PR e 525m2 no tratamento PI. Quando necessário, foram utilizadas vacas não lactantes para consumo da forragem residual e para rebaixamento da alfafa para 5 a 8cm de altura. Nas áreas de descanso, os animais tinham livre acesso a água e a sombra natural.
Foram utilizadas 24 vacas da raça Holandesa em um delineamento em blocos ao acaso, agrupadas de acordo com a produção de leite, idade, peso vivo, número de partos, estádio de lactação e condição corporal, sendo oito vacas por tratamento (quatro animais por repetição de área). A média de peso vivo das vacas foi de 576kg (variação de 558 a 594kg), e a de dias em lactação de 176 (variação de 158 a 194 dias) no início do experimento.
Semanalmente, foi estimada a quantidade de forragem disponível e de forragem residual da pastagem, considerando-se a quantidade de forragem cortada antes (forragem disponível) e após o pastejo (forragem residual), a 5cm do nível do solo. A amostragem foi feita mediante um quadrado de 1m de lado, lançado aleatoriamente quatro vezes nos piquetes de 180m2 e seis vezes nos de 525m2. Nessa mesma ocasião, mediu-se a altura da forragem disponível e da forragem residual, tomando-se 20 pontos por piquete.
O consumo diário de matéria seca da alfafa foi estimado a cada semana pela diferença entre a quantidade disponível e a quantidade residual da forragem. A eficiência de utilização da pastagem, por sua vez, foi obtida da razão entre a massa de forragem consumida e a massa de forragem disponível.
Por meio da técnica de simulação de pastejo, descrita por Johnson (1978), amostras do pasto foram coletadas quinzenalmente, em oito pontos por piquete, para determinar a qualidade da forrageira consumida. Com base nessas amostras, foi determinada a relação folha:caule.
Para determinação da matéria parcialmente seca, amostras dos alimentos e das sobras foram secadas em estufa de ventilação forçada a 55ºC, por 72h. Após moagem, as amostras foram analisadas quanto aos teores de MS, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido e lignina, e quanto à digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), segundo procedimentos descritos por Nogueira et al. (2005).
As vacas foram ordenhadas mecanicamente às seis e às 19h. A cada semana, foi registrada a produção individual e foram colhidas amostras para análise dos teores de gordura, de proteína e de nitrogênio ureico do leite, realizadas no laboratório da Clínica do Leite, do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP. A produção de leite (PL) foi corrigida para 3,5% de gordura (PLC), conforme Sklan et al. (1992). A produção diária de leite por área foi obtida pela divisão da produção anual total de leite por 365 dias e pela soma das áreas de silagem e de alfafa necessárias para cada tratamento, considerando-se que todos os ingredientes do concentrado foram comprados.
A taxa de lotação potencial foi calculada para 1ha, considerando-se: 1) a média da produção de 2100kg/ha de MS de alfafa, obtida nos tratamentos PR e PI, a cada 30 dias; 2) a eficiência de utilização da pastagem de 70%; e 3) o consumo diário de alfafa nos tratamentos - 5,3 e 10,6kg de MS nos tratamentos PR e PI, respectivamente. Para o tratamento em que os animais permaneciam confinados, foram considerados produtividade de silagem de milho de 12t/ha por ano e consumo de 17,5kg de MS de silagem por vaca por dia. No início, aos 42 dias e no final do experimento, mediu-se o peso corporal e estimou-se o índice de condição corporal (ICC) dos animais, na escala de 1 a 5 (Wildman et al., 1982).
As mensurações semanais ou quinzenais foram consideradas medidas repetidas no tempo e analisadas pelo procedimento MIXED, do programa computacional SAS (2001). O modelo empregado incluiu os efeitos fixos de tratamento ede semana e a interação de tratamento e semana; e os efeitos aleatórios de áreas dentro de tratamento e os resíduos. Presumiu-se a autocorrelação de primeira ordem entre medidas sucessivas. As médias ajustadas de tratamentos foram comparadas por meio do teste Tukey, com nível de significância de 5%.
A análise econômica foi realizada para o período de um ano, com base na média de produção de leite obtida por vaca e na taxa de lotação potencial de cada tratamento, levando-se em consideração as áreas necessárias. Para o cálculo do custo de produção, foi considerada a estrutura dos custos operacional efetivo (COE), operacional total (COT) e total (CT) de produção (Matsunaga et al., 1976). No custo de oportunidade da terra, foi considerada a média do valor do arrendamento para produção de cana-de-açúcar (120t/ha) na região de São Carlos, SP. Os preços foram colhidos em janeiro de 2008 e expressos em real (R$). Para cálculo dos custos da pastagem de alfafa, foram levadas em conta as despesas de formação e de manutenção. Consideraram-se, em média, quatro anos de vida útil para a cultura da alfafa. No cálculo da remuneração anual do capital investido, usou-se a taxa de poupança (6% ao ano.). Remunerou-se a média, considerando-se o valor inicial mais o valor de sucata dividido por dois, do capital investido em máquinas, implementos e benfeitorias. Para cercas, cochos, bebedouros e conjunto de irrigação, o valor de sucata atribuído foi de zero, e para as demais benfeitorias e máquinas, atribuíram-se 20% do valor inicial.
Os indicadores de rentabilidade usados na análise foram a margem bruta e líquida, conforme descrito por Lopes et al. (2004). Os preços da mão de obra, da silagem de milho (incluindo o custo de retirada, de transporte e de distribuição), dos demais insumos e das benfeitorias foram obtidos no banco de dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, cotados em dezembro de 2007, no estado de São Paulo. Para o leite, o farelo de soja e o milho em grão, utilizou-se a média do valor do ano, obtido da mesma fonte.
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise química dos ingredientes e das dietas utilizadas estão descritos na Tab. 2. As dietas foram planejadas para serem isoproteicas, entretanto, após colheita e análise de amostras no decorrer do experimento, foi observado maior conteúdo proteico nas dietas PR e PI. Esta diferença se deve ao maior teor de PB da forragem aparentemente consumida em relação à planta inteira.
Na Tab. 3, apresentam-se os aspectos mais relevantes das condições de pastejo. Era esperado que a massa de forragem (MF) disponível e a altura antes do pastejo fossem similares entre o PR e o PI, pois o manejo da pastagem e as adubações de manutenção realizadas foram semelhantes em ambos os tratamentos. Entretanto, observou-se que a MF disponível e a altura do pastejo foram 24,0% e 14,0%, respectivamente, maiores no PR.
A oferta de forragem (OF) foi maior no PI. Bargo et al. (2003) afirmaram que, para maximizar a produção de leite por animal, a OF deve ser, aproximadamente, duas vezes o consumo esperado ou 25kg de MS por vaca por dia quando usada suplementação. Isto equivale a cerca de 4,2kg de MS/100kg PV por dia, considerando-se uma vaca de 600kg de peso vivo. No presente trabalho, a OF no pastejo restrito ficou abaixo do preconizado por esses autores, entretanto a similaridade observada entre o PR e o PI quanto à massa e à altura residual de forragem sugere não ter ocorrido limitação ao consumo de alfafa no PR, pois, em caso contrário, provavelmente os animais teriam rebaixado a forragem mais intensamente neste tratamento. A relação folha:caule do material aparentemente consumido não diferiu entre tratamentos (P>0,05), sendo de 2,4 e de 2,7 no PR e no PI, respectivamente, o que sugere que os estratos pastejados foram semelhantes.
A diferença entre tratamentos nos teores de PB, FDN e na DIVMS da planta inteira (25%, 37% e 70%) e da alfafa consumida (26,9%, 35% e 73%) sugere que houve seleção da forragem aparentemente consumida. Reforça esta inferência o fato de a eficiência de pastejo ter sido baixa: 51% e 43% nos tratamentos PR e PI, respectivamente. Não se observou interação de tratamentos e de medidas repetidas em nenhuma das variáveis relacionadas ao desempenho. Nas Tab. 4 e 5, são apresentadas as médias de consumo e de produção segundo os tratamentos.
 
 
O consumo de MS de alfafa foi duas vezes maior no PI; esta diferença era esperada, em razão da menor oferta de silagem, da maior oferta de forragem (Tab. 3) e do maior tempo disponível para pastejo neste tratamento. O consumo de alfafa, 5,3, e o de 10,6kg de MS por vaca por dia no PR e no PI, respectivamente, representaram aproximadamente 25% e 50 % da dieta total. Muitos são os fatores que interferem no consumo de MS em pastagens, incluindo a massa de forragem pré-pastejo e a OF (Bargo et al., 2003). Jahn et al. (2000b) mostraram que valores de massa de forragem de 1.500kg de MS/ha, o que equivaleu à OF de 1,2kg de MS/100kg de PV, limitaram o consumo de alfafa de vacas leiteiras. Neste trabalho, os valores de MF disponível e de OF encontrados (Tab. 3) estão acima desse limite, e isso sugere que o CMS de alfafa não foi limitado pela oferta de forragem.
A média de CMS total (alfafa, silagem e concentrado) foi de 21kg por vaca por dia e de 3,7% do PV (Tab. 4). Segundo o NRC (Nutrient,...2001), no caso de vacas de raças grandes, como a Holandesa, e de produção diária de leite de 25kg em estádio médio de lactação, espera-se consumo diário de 19,6kg de MS por animal, valor próximo às médias observadas, o que sugere que o CMS total não limitou o desempenho dos animais.
As médias de PL e PLC não diferiram entre tratamentos (Tab. 5), portanto a substituição parcial da silagem de milho por pasto de alfafa não prejudicou a produção de leite. A produção de leite por área no CONF, no PR e no PI foi de 45,7, 59,3 e 63,0 litros/ha por dia, respectivamente.
A taxa de lotação potencial no CONF, no PR e no PI foi, respectivamente, de 2,0, 9,0 e 5,0 animais/ha. Se for considerada a participação de silagem na dieta dos animais em pastejo, a taxa de lotação equivaleria a 3,0 e 3,2 unidades animais por hectare no PR e no PI, respectivamente. Essa diferença se deve à produção de MS por área das forrageiras e ao consumo diário de alfafa ou de silagem em cada tratamento. No trabalho de Vilela et al. (1994), o pastejo exclusivo de alfafa, sem suplementação, permitiu PL de 20kg por vaca por dia e PL por área de 51kg/ha por dia. Esses resultados são mais baixos que os encontrados no presente trabalho, e isso indica que a suplementação com silagem e concentrado incrementou tanto a produção de leite por animal como a produção por área. Salado et al. (2007) afirmaram que dieta à base de pasto de alfafa e silagem, em diferentes proporções durante o ano, e adequada suplementação com concentrado, seria o esquema alimentar mais viável e mais sustentável para atingir eficiência produtiva e econômica, em sistemas de produção baseados em alfafa.
Não se observaram diferenças nos teores de gordura e de proteína do leite (Tab. 5), o que é esperado, uma vez que as produções de leite foram semelhantes e a quantidade de concentrado foi moderada (4,5kg de MS por vaca por dia).
A concentração de N ureico no leite foi, em média, 28,7% maior quando os animais tiveram acesso à alfafa, o que pode ser atribuído à elevada degradação ruminal da proteína desta forrageira. Segundo Castilho et al. (2007), a degradação ruminal da proteína de forragens frescas, especialmente de leguminosas, como a alfafa, é alta e normalmente excede os requisitos de amônia das bactérias fibrolíticas do rúmen. Esse excesso de amônia ruminal acarreta alta concentração de nitrogênio amoniacal no rúmen (Castilho e Gallardo, 1995) e de nitrogênio não proteico no plasma e no leite (Castilho et al., 2007). Butler (2004) observou que as taxas de prenhez de vacas leiteiras reduziram-se em aproximadamente 20%, quando o N ureico no leite (NUL) ultrapassou 19mg/dL. Emboraa concentração de NUL encontrada no presente trabalho (Tab. 5) esteja abaixo desse valor crítico, os tratamentos com alfafa redundaram em valores de nitrogênio ureico próximos ao limite acima do qual ocorreria prejuízo reprodutivo.
Não se observou efeito de tratamento sobre a variação de peso vivo (Tab. 5), que foi positiva, e isso indicou que as vacas estavam em balanço energético positivo. Corrobora esta inferência o aumento da média do ICC no decorrer do experimento: 2,6 no início, 2,7 aos 42 dias e 3,1 no final. Assim, é de se esperar que a reprodução tampouco fosse prejudicada por deficiência da condição corporal.
Na Tab. 6, apresentam-se as estimativas de custos de produção e de indicadores de rentabilidade dos sistemas avaliados. Para efeito comparativo, somente os dois fatores de maior participação no custo operacional efetivo - silagem e concentrado - são apresentados.
Ocorreu redução de aproximadamente 30,6% e 41,5% no COE do pastejo restrito e do pastejo irrestrito, respectivamente, em comparação ao COE do confinamento. Este resultado pode ser explicado pela redução da participação da silagem e do concentrado no COE, componentes onerosos da dieta, à medida que aumentou a participação da alfafa na alimentação. Além disso, a redução do teor proteico do concentrado de 43% no CONF para 30% no PR ou 20% no PI (Tab. 1) contribuiu para diminuir o custo deste componente da dieta. Com vacas em estádio de lactação semelhante ao do presente trabalho, Salado et al. (2007), ao compararem dieta à base de pasto de alfafa mais 9,5kg de concentrado com outra à base de silagem de sorgo e feno mais 6kg de concentrado, observaram que o custo de alimentação foi 30% menor no tratamento com alfafa em pastejo. Na composição do COE, a silagem e o concentrado foram os fatores mais representativos. Ambos representaram 73,0% no tratamento CONF, 68,0% no tratamento PR e 57,0% no tratamento PI do custo de alimentação. Tupy et al. (2000) mostraram que esses dois componentes são responsáveis por 77% do custo de alimentação, valor superior ao deste trabalho.
A diferença entre o COT dos tratamentos foi menor do que a observada no COE. Isso se deve à maior participação da depreciação das benfeitorias, das máquinas e do pasto no COE. Não obstante, os tratamentos com alfafa na dieta apresentaram menor custo total e maior lucro por litro de leite em relação ao confinamento (Tab. 6).
A margem bruta foi positiva em todos os tratamentos, mas foi em média 45% maior nos sistemas baseados em pastagem, o que indicou menor desembolso para aquisição de insumos (principalmente concentrado proteico) e maior probabilidade de sobrevivência da atividade no curto prazo. Na análise da margem líquida, todos os tratamentos apresentaram resultado positivo, e isso indicou que a atividade tem possibilidade de se manter no longo prazo. Os melhores resultados foram dos tratamentos com pasto, em que a margem líquida foi aproximadamente 42% maior do que a do confinamento.
 
CONCLUSÕES
Concluiu-se que a substituição parcial da silagem de milho por pastejo restrito ou irrestrito de alfafa não limitou o desempenho produtivo dos animais e mostrou-se economicamente vantajosa em relação ao confinamento, nas projeções de curto e de longo prazo.
 
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4 - Manejo aversivo em bovinos leiteiros e efeitos no bem-estar, comportamento e aspectos produtivos
Aversive management in dairy cattle and effects on well-being, behaviour and productive aspects
 
 
Peters, M.D.P.1A*, Barbosa Silveira, I.D.1B, Pinheiro Machado Filho, L.C.2, Machado, A.A.3 e Pereira, L.M.R.4
1Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas-FAEM-UFPel. Pelotas, RS. Brasil. A*monipaulapeters@yahoo.com.br,Bbardi@supersul.com.br 
2Departamento de Zootecnia. Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. Florianópolis, SC. Brasil. 
3Departamento de Matemática, Estatística e Informática. Instituto de Física e Matemática. Universidade Federal de Pelotas-IFM-UFPel. Pelotas, RS. Brasil. 
4Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça. Universidade Federal de Pelotas. CAVG-UFPel. Pelotas, RS. Brasil.
 
 
RESUMO
Este estudo avaliou os efeitos do manejo, aversivo e não aversivo, na condução de vacas da raça Holandês, através das seguintes variáveis: reatividade (Re), defecação (De), micção (Mi), tempo de permanência na sala de ordenha (TPO), tempo de ordenha (TOR), produção de leite (PL), composição química do leite e contagem de células somáticas (CCS). Utilizou-se 32 vacas, com idade entre 60 e 96 meses, criadas em sistema semi-intensivo, submetidas aos seguintes tratamentos, segundo um delineamento blocos casualizados: T1= manejo aversivo e T2= manejo não aversivo. Foram encontradas diferenças significativas para reatividade (p<0,0001), defecação (p= 0,0208) e micção (p= 0,0007). Vacas manejadas aversivamente foram mais reativas e apresentaram maior ocorrência de defecação na sala de ordenha. No entanto, vacas submetidas ao manejo aversivo apresentaram menor ocorrência de micção. Houve interação significativa (p<0,0001) entre os tipos de manejos e os dias com relação ao TPO e TOR. Na produção de leite a interação entre manejo e idade foi significativa (p= 0,0062), de maneira que vacas com idade média de 60 meses submetidas ao manejo aversivo apresentaram menor produção de leite do que as submetidas ao não aversivo, com valores de 8,68 kg/leite/dia e 11,50 kg/leite/dia, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas para os componentes do leite e contagem de células somáticas. O manejo aversivo altera o comportamento das vacas na sala de ordenha, prejudicando o bem-estar animal, com redução na produção de leite de vacas com idade média de 60 meses.
Palavras chave: Etologia. Leite. Tratador. Vacas.
SUMMARY
This study evaluated the effects of aversive and non-aversive management on behaviour of Holstein cows for the following variables: reactivity (Re), defecation (De), urination (Mi), time spent in the milking parlour (TPO), duration of milking (TOR), milk production (PL), chemical composition of milk and somatic cells counting (CCS). Thirty two 60-96 months old Holstein cows, raising under semi-extensive system were used and submitted to the following treatments, in complete randomized blocks: T1= aversive management and T2= non-aversive management. Significant differences were found between managements for reactivity (p<0.0001), defecation (p= 0.0208) and urination (p= 0.0007). Cows aversively managed were the most reactive and showed the highest occurrence of defecation in the milking parlour. However, cows submitted to aversive management showed the lowest occurrence of urination in the milking parlour. There was significant interaction (p<0.0001) for management and days, regarding to TPO and TOR. For milk production there was significant interaction (p= 0.0062) between management and cow age. Cows averaging 60 months of age, submitted to aversive management produced less milk than cows non-aversively managed (8.68 kg milk/day and 11.50 kg milk/day), respectively. No significant differences were found for milk components and somatic cells. The aversive management alters the behaviour of dairy cows in the milking parlour, affecting the animal well-being and reducing milk production of cows with an average age of 60 months.
Key words: Ethology. Milk. Handler. Cows.
 
Introdução
Com o processo de domesticação dos animais de produção, intensificou-se a interação humano-animal. Havendo estudo que associou a interação com animais a uma melhor qualidade de vida para o homem (Blackshaw, 1996).
Na bovinocultura leiteira existe intensa interação entre humanos e animais, pois tratadores e vacas interagem diariamente durante o desenvolvimento de atividades de rotina, como ordenha, alimentação e cuidados sanitários (Hemsworth e Coleman, 1998). Alguns pesquisadores não reconhe-cem o relacionamento entre humanos e bovinos como valioso para ambas as partes, pois apontam os bovinos puramente como objetos de trabalho, que não se alteram com a qualidade da interação desenvolvida pelo homem. Apesar desta contradição, pesquisas têm sido desenvolvidas visando conhecer melhor as relações entre humanos e animais de produção (Rosa, 2002 e 2004; Hötzel et al., 2005). Breuer et al. (2000) encontraram que o tipo de interação no momento da ordenha pode causar mudanças comportamentais da vaca na ordenha. Interações negativas resultaram em maior reatividade, apesar da produção de leite não ter sido alterada. Entretanto, Hemsworth et al. (2000) não confirmam tal conclusão, uma vez que a interação negativa, durante a ordenha, foi negativamente correlacionada com a produção de leite e teores de proteína e gordura e positivamente correlacionada com a concentração de cortisol, o que indica a possibilidade de aumentar a produtividade através de interação positiva ordenhador e vaca leiteira.
Desta maneira, os reais efeitos da interação homem-animal nos sistemas de produção de leite ainda não estão bem explicados e entendidos. Além disso, a interação homem-animal na condução dos animais ainda não foi estudada, sendo a condução uma etapa importante do manejo, pois de acordo com a natureza da interação (positiva, neutra ou negativa/aversiva) pode-se encontrar diferentes respostas dos animais, com efeitos no bem-estar animal e, conse-quentemente, na produtividade, pois segundo Paranhos da Costa (2000), animais em situação de bem-estar são mais produ-tivos. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do manejo, aversivo e não aversivo, na condução das vacas da sala de espera para a ordenha, sobre o bem-estar, comportamento e aspectos produtivos e qualitativos do leite de vacas da raça Holandês.
 
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido durante 24 dias no setor leiteiro do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça da Universidade Federal de Pelotas (Brasil), no período de maio a junho de 2007.
Foram utilizadas 32 vacas da raça Holandês, com idade entre 60 e 96 meses, estádios de lactação variando de 20 a 635 dias em lactação, produção de leite média de 9,8±3,6 litros/dia, submetidas aos tratamentos: manejo aversivo e manejo não aversivo, segundo um delineamento de blocos casualizados. A idade dos animais foi o fator de variação utilizado para o bloqueamento, resultando em dois blocos, um com idade média de 60 meses e outro com idade média de 96 meses. Dentro dos blocos, separadamente, os tratamentos foram casualizados às unidades experimentais. A vaca foi considerada a unidade experimental, resultando em dezesseis repetições por tratamento.
O tratamento aversivo consistiu em bater com vara, conduzir com gritos, e não respeitar a velocidade de deslocamento dos animais para a sala de ordenha (Adaptado de Hötzel et al., 2005). As ações de manejo características do aversivo foram adaptadas com base no manejo rotineiro e efetivamente aplicado em boa parte das propriedades leiteiras da região Sul, justificando assim a escolha das ações de manejo citadas anteriormente. O tratamento não aversivo consistiu em não promover estimulação ativa às vacas, ou seja, não era empregada

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