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Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 i ISSN 1414-8862 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA SOBRAEP VOL. 6, Nº 1, DEZEMBRO DE 2001 ÍNDICE Corpo de Revisores................................................................................................................. ii Editorial................................................................................................................................... iii Retificadores de alta qualidade com comutação em alta ou em baixa freqüência – um estudo comparativo José Antenor Pomilio, Giorgio Spiazzi, Simone Buso......................................................................... 1 Retificador trifásico isolado com correção do fator de potência empregando o conversor CC-CC SEPIC em condução contínua Denizar Cruz Martins, Anderson H. de Oliveira e Ivo Barbi................................................................. 8 Novo reator eletrônico com elevado fator de potência para múltiplas lâmpadas fluorescentes tubulares Fabio Toshiaki Wakabayashi, Carlos Alberto Canesin........................................................................ 16 Análise e Modelagem do Filtro Ativo de Potência PWM Monofásico Fabricio L. Lirio, Márcio do Carmo Barbosa Rodrigues e Henrique A. C. Braga...................................... 25 Retificador trifásico isolado com alto fator de potência utilizando o conversor Zeta no modo de condução contínua Denizar C. Martins, Márcio M. Casaro e Ivo Barbi............................................................................. 33 Normas para Publicação de Trabalhos na Revista eletrônica de potência.............................. 41 Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001ii Corpo de Revisores desta edição de Eletrônica de Potência Ivo Barbi – UFSC Edison R. Cabral da Silva– UFPb Wilson Aragão Filho – UFES Fernando Antunes – UFC Pedro Donoso Garcia – UFMG Henrique Braga – UFJF Hélio Leães Hey – UFSM Valdeir José Farias – UFU José Luiz F. Vieira – UFES João Batista Vieira Jr. - UFU Carlos Alberto Canesin – UNESP Walter Kaiser – USP Fábio Wakabayashi – UNESP Cláudio Duarte – UCPEL Giorgio Spiazzi – Universidade de Pádua Alexandre Campos – UFSM Domingos S. L. Simonetti - UFES Waldir Pó – USP Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 iii EDITORIAL O ano de 2001 marcou o Brasil com a iminência da crise energética. A maioria de nós colaborou ativamente com a adesão forçada ao racionamento de energia elétrica. Também a revista “Eletrônica de Potência”, da nossa Sociedade, passou o ano de 2001 em baixa. A submissão de artigos foi bastante reduzida, e o processo revisório demorado. Por um momento viveu-se a sensação de que a revista não representava mais, aos estudiosos de Eletrônica de Potência do nosso país e de alguns países mais afins, um fórum balizado e conceituado na área. Chegou-se a aventar a possibilidade de extinção da revista. As discussões (provocadas) no COBEP 2001, em Florianópolis, e depois via correio eletrônico mostraram que o pensamento dos afiliados da SOBRAEP é justamente de valorização da revista. A finalização das discussões ocorreu ao mesmo tempo em que conseguíamos fechar um número correspondente a 2001. Esperamos em 2002 que haja uma maior submissão de artigos pelos diversos grupos de pesquisa em eletrônica de potência e aplicações. Paralelamente, começamos a fazer chamadas específicas para seções temáticas. O assunto de estréia é a Retificação com Alto Fator de Potência, cujo Editor de Seção é o Prof. Carlos Canesin. Os detalhes estão na chamada inserida nesta revista. Aproveito para agradecer aos autores que submeteram trabalhos. Agradeço também aos nossos revisores, que garantem o alto índice técnico da publicação. E um agradecimento especial ao nosso Editor Associado, Prof. Marcelo Godoy Simões. Aos leitores, a certeza que o próximo encontro com a “Eletrônica de Potência” será menos demorado. Domingos Sávio Lyrio Simonetti Editor Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001iv SOBRAEP Diretoria (2000-2002) Presidente: José Antenor Pomílio - FEEC - UNICAMP Vice-Presidente: Domingos Sávio Lyrio Simonetti - UFES 1.o Secretário: Carlos Alberto Canesin - FEIS - UNESP 2.o Secretário: Enes Gonçalves Marra - EEE - UFG Tesoureiro: Carlos Rodrigues de Souza - FEEC – UNICAMP Conselho Deliberativo Alexandre F. de Souza Arnaldo J. Perin Cícero Cruz Denizar C. Martins Edison R. C. da Silva Enio V. Kassick Falcondes J. Mendes de Seixas Fernando Antunes Ivo Barbi José Renes Pinheiro Wilson Aragão Filho Endereço atual SOBRAEP FEEC – UNICAMP C. P. 6101 13081-970 – Campinas – SP Fone: +55.19.3788.3710 Fax.: +55.19.3289.1395 http://www.sobraep.org.br Eletrônica de Potência Editor: Prof. Domingos Sávio Lyrio Simonetti UFES - DEE C. P. 01-9011 CEP 29060-970 Vitória - ES – Brasil Responsável pela edição:José Antenor Pomilio Eletrônica de Potência é distribuída gratuitamente a todos os sócios da SOBRAEP Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 1 RETIFICADORES DE ALTA QUALIDADE COM COMUTAÇÃO EM ALTA OU EM BAIXA FREQÜÊNCIA – UM ESTUDO COMPARATIVO José Antenor Pomilio Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação Universidade Estadual de Campinas C. P. 6101 13081-970 Campinas – Brasil e-mail: antenor@dsce.fee.unicamp.br Giorgio Spiazzi, Simone Buso Departamento de Eletrônica e Informática Universidade de Pádua Via Gradenigo 6A - 35131 Padova - Itália e-mail: giorgio@dei.unipd.it - simone@.dei.unipd.it Resumo – Retificadores com alto fator de potência, em conformidade com normas internacionais têm sido largamente estudados. São bastante conhecidas as soluções que utilizam comutação em alta freqüência, enquanto são mais recentes as topologias que utilizam comutação em baixa freqüência. Estas últimas representam uma alternativa para aplicações de grande volume de produção nas quais não é necessária uma regulação precisa da tensão de saída, sendo possível atender às limitações da norma com valores de indutância inferiores àqueles usados em soluções passivas. Além disso, devido à operação em baixa freqüência, as perdas de comutação se tornam desprezíveis e os valores de di/dt e dv/dt são inferiores aos dos circuitos comutados em alta freqüência, minimizando a emissão de interferência eletromagnética. Este artigo revisa os princípios de funcionamento de alguns retificadores deste tipo. São feitas comparações com a solução de alta freqüência em termos de complexidade circuital, volume dos indutores e desempenho, permitindo estabelecer critérios de escolha dentre as topologias. Abstract - High power factor rectifiers, complying with international standards have been deeply studied. Two main approaches are usually used: high frequency control of the input current and line-frequency commutated rectifiers. These last represent an alternative for large volume applications that do not need a precise output voltage regulation. They provide compliance with the standard using a smaller inductor as compared to a conventional rectifier with passive filter. Moreover, being the switch turned on and off only twice per line period, the associated losses are very small and the di/dt and dv/dt are lower compared to high-frequency commutated rectifiers, thus reducing the high-frequency noise emission and EMI filter requirements. This paper reviews the operating principles of some line-frequency commutated rectifier topologies. A comparison among low and high frequency high power factor rectifiers, in terms of circuit complexity, overall reactive component size and performance, is made, thus allowing selection of the most convenient topology for a given application. I. INTRODUÇÃO Retificadores de alta qualidade (em inglês “Power Factor Correctors – PFCs”) têm substituído retificadores com filtro capacitivo devido aos limites para as componentes harmônicas impostos por normas internacionais como a IEC-61000-3-2 [1]. Os PFCs com comutação em alta freqüência levam a um fator de potência praticamente unitário, além de permitirem regular a tensão de saída, às custas de um aumento no custo e no volume total do retificador. O PFC baseado no conversor boost operando no modo de condução contínuo (MCC) com comutação em alta freqüência (AF – boost), é a estrutura apontada na literatura como das mais indicadas para a implementação de um retificador de alta qualidade, devido à inerente baixa ondulação da corrente de entrada, à excelente forma de onda e à facilidade de comando do transistor. Não obstante, algumas aplicações de produção maciça, como eletrodomésticos de maior potência, da chamada “linha branca” (aparelhos de ar condicionado, máquinas de lavar roupa, etc.) ainda utilizam topologias convencionais devido ao menor custo e maior confiabilidade, com filtros passivos para se conformarem à norma, mesmo que isto signifique um significativo aumento no volume dos elementos reativos na medida em que aumenta a potência [2]. Recentemente [3-7] foram propostas topologias que representam uma solução de compromisso entre os retificadores com comutação em alta freqüência (que normalmente comutam em dezenas de kHz) e os com filtros passivos. Tais circuitos fazem uso de um interruptor comutado no dobro da freqüência da rede, de modo que praticamente são eliminadas as perdas por comutação. O atendimento às especificações da norma é obtido com importante redução no valor dos elementos reativos, especialmente indutâncias, quando comparado com a solução ativa. Além disso, os limitados valores de di/dt e dv/dt permitem a minimização de emissões de alta freqüência, possivelmente eliminando a necessidade de filtros de linha. Circuitos deste tipo têm sido utilizados industrialmente, como se verifica em [8] para o caso de aparelhos de ar condicionado. Algumas alternativas para conversores trifásicos também têm sido estudadas [9-11] mas fogem do escopo deste artigo pois normalmente não ocorrem em aplicações domésticas. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 20012 Neste artigo são revistas e analisadas quatro destas topologias. Uma comparação com o AF – boost é realizada, observando aspectos como: distorção na corrente de entrada, fator de potência, regulação da tensão de saída, complexidade do circuito, esforços de tensão e de corrente nos interruptores, tamanho dos elementos reativos, etc. São estudados casos na faixa de potência entre 600 W e 1,2 kW. II. RETIFICADORES COM COMUTAÇÃO EM BAIXA FREQÜÊNCIA Além do AF – boost, as demais topologias de retificadores que serão consideradas neste artigo estão mostradas na figura 1. Cada uma possui um indutor, L e um capacitor, C, ambos dimensionados para operação em baixa freqüência. Além disso, as topologias T1 e T2 são comutadas em baixa freqüência e utilizam um circuito auxiliar que emprega um transistor, S e um diodo, D. A topologia T2 também emprega indutor e capacitor auxiliares, La e Ca, respectivamente. Exceto pelo diodo D, todos os demais componentes são dimensionados para uma pequena fração da potência de saída. Estes conversores permitem atender aos limites impostos pelas normas de distorção harmônica da corrente, fazendo uso de componentes passivos (L e C) de valores inferiores aos utilizados em circuitos que empregam apenas filtragem passiva para o mesmo fim. Dado que a corrente de entrada é descontínua, o posicionamento da indutância pode ser feito tanto do lado CA quanto do lado CC do retificador. Os princípios de funcionamento são brevemente descritos a seguir. Topologia T1 – boost com comutação em baixa freqüência (BF – boost): Este circuito é topologicamente idêntico ao conversor boost com comutação em alta freqüência, no entanto o comando do transistor se faz no dobro da freqüência da rede, ou seja, apenas uma comutação em cada semiciclo. Quando o transistor entra em condução, a tensão retificada da rede, ug, é aplicada à indutância e se tem corrente absorvida da rede com antecedência em relação ao que ocorreria sem a ação deste interruptor. Quando o transistor é desligado, ocorre uma ressonância entre L e C, através do diodo, até que a corrente se anule, assim permanecendo até o próximo semiciclo. A forma de onda típica está mostrada na figura 2.a). Topologia T2 – (BF - boost modificado): Este conversor opera de forma diversa do anterior. O interruptor S é acionado nas proximidades do cruzamento da tensão da rede com o zero. Isto provoca uma descarga (parcial) do capacitor Ca através do indutor Lª. Quando o transistor é desligado o processo de descarga prossegue através de Da até que a corrente pelo indutor auxiliar vá a zero. Ao final deste intervalo o capacitor está carregado com uma fração da tensão de saída, levando a uma condução antecipada dos diodos da ponte retificadora. A corrente de entrada varia de maneira ressonante, carregando Ca, até que o diodo D entre em condução. Então se tem a ressonância entre L e (C+Ca), que se mantém até que a corrente se anule. Formas de onda típicas estão mostradas na figura 2.b). a) ug Uo L RL ig i ii C b) ug Uo L S D RL ig ui ii C Circuito auxiliar c) ug Uo L D RL iLa ui C ++ - - Da + - ii S LaCa + uCa ig Circuito auxiliar Fig. 1 –Topologias de retificados de alto fator de potência: a) Filtro passivo; b) T1: BF- boost; c) T2: BF - boost modificado. a) ii Ti/20 b) ii T /20 i Fig. 2 – Formas de onda típicas da corrente de entrada dos retificadores com comutação em baixa freqüência: a) T1; b) T2. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 3 III. COMPARAÇÕES ENTRE AS TOPOLOGIAS As tabelas I e II mostram dados das quatro topologias selecionadas para a análise comparativa, incluindo aquela com filtro passivo (LC com célula única). Todos os valores referem-se a uma tensão de entrada de 230 V, como prescreve a norma. O valor da indutância é o mínimo que permite a obediência aos limites da norma (classe A), tendo sido obtido por método numérico, seguindo procedimentos indicados em [4-7]. Para o conversor boost de alta freqüência, operando no MCC, o valor da indutância foi calculado considerando os seguintes valores: ondulação da corrente de entrada (pico-a- pico) de 2,6 A, a 70 kHz, com tensão de saída de 380 V. A. Conformidade às normas de distorção harmônica da corrente Para o conversor com comutação em alta freqüência, supondo operação no modo de condução contínuo, com controle pela corrente média, a corrente da rede reproduz a forma de onda da tensão de entrada, o que garante o atendimento das restrições da norma. No modo de condução descontínuo, depois da filtragem da alta freqüência, tem-se uma distorção harmônica mais elevada [12], como mostra a figura 3, mas muito aquém dos limites da norma. 0 Fig. 3 – Forma de onda típica de retificador “boost” no modo de condução descontínuo: tensão da rede e corrente filtrada. A emenda 14, introduziu alterações na norma IEC 61000- 3-2 [13], determinando que apenas aparelhos de TV e computadores e monitores de uso pessoal, com potência até 600 W são incluídos na classe D. Nesta classe os limites estabelecidos para cada harmônica são uma percentagem da componente fundamental. Foi abolida a definição do envelope dentro do qual a corrente deveria se conformar, desta forma, não existe mais a possibilidade de se alterar ligeiramente a forma de onda de modo a passar-se da classe D para a classe A. Para os outros aparelhos (exceto os de iluminação – classe C, as ferramentas portáteis – classe B e os da classe D), o equipamento é considerado em classe A, existindo valores absolutos a serem respeitados, independentemente da potência. Por exemplo, a terceira harmônica pode ter um valor de pico de até 3,25 A. Utilizando os valores indicados na Tabela I, foram verificados os espectros das correntes de entrada de um retificador com filtro passivo e das topologias T1 e T2, garantindo-se a mesma potência de saída (para 1200 W). Os resultados estão mostrados na figura 4. Pode-se verificar que para o circuito com filtro passivo o limite é dado pela componente de mais baixa ordem (3ª harmônica). A forma suave da onda limita fortemente as componentes superiores. Na topologia T1 verifica-se que a redução nas componentes de baixa ordem vem acompanhada de uma elevação daquelas de ordem superior. Neste caso o limite foi dado pela 17ª harmônica. Na topologia T2, por também apresentar um perfil mais suave de variação da corrente em relação a T1, este efeito de aumento nas componentes de ordem elevada não se observa, e o limite de potência é dado pelas 5ª e 7ª harmônicas, que estão associadas à ondulação da forma de onda mostrada na figura 2. Observe-se que, de acordo com a Tabela I, a conformidade com a norma é obtida com indutância cada vez menor quando se passa do circuito passivo para as topologias T1 e T2. �������� �������� ������� ������� �������0 ,5 1 ,5 2 ,5 3 ,5 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 L im ite �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� ���������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� ������� ������� ���������� ���������� ���������� ���������� ���������� ������������� ������������� ������������� P a s s iv o ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� ������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� ������� ������� ������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� ���������� ������������� ������������� T 1 �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� �������� ������������� ������������� ������������� T 2 O rd e m h a rm ô n ic a Fig. 4 – Comparação entre espectros da corrente de entrada de retificadores com filtro passivo, topologias T1 e T2 e os limites da norma (valores de pico em [A]). Po = 1200 W. B. Regulação da tensão de saída Para o AF – boost é possível se obter uma excelente regulação da tensão de saída, tanto para variações na carga quanto para variações na entrada. A solução passiva não oferece nenhum tipo de regulação e, além disso, devido à queda de tensão sobre a indutância, a tensão CC é significantemente menor do que o valor de pico da tensão de entrada. O efeito boost (elevação da tensão de saída em relação à de entrada) está presente também nos conversores com comutação em baixa freqüência. A energia armazenada durante o intervalo de condução do interruptor é transferida subseqüentemente à saída, elevando a tensão CC. Esta elevação, por depender da energia acumulada na indutância, está diretamente ligada à duração do intervalo de condução do transistor, o qual é limitado pelo máximo esforço de corrente admitido para este dispositivo, como será discutido no próximo item. Desta maneira, é possível se obter regulação da tensão de saída, numa faixa relativamente ampla de variação da carga mas numa faixa limitada de variação da tensão da entrada. Uma vez que o critério de dimensionamento da indutância é o de minimizar seu valor, mantida a conformidade com a norma, o tempo de condução do Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 20014 interruptor é relativamente curto, uma vez que tempos maiores exigiriam indutâncias mais elevadas com a finalidade de limitar a corrente que circularia pelo interruptor. Sendo pequeno este intervalo de tempo, sua redução pode compensar um aumento na tensão de entrada apenas numa pequena faixa. Não é possível fazer compensação de sub-tensão, pois isso implicaria no aumento do tempo de condução, com o conseqüente aumento no esforço de condução de corrente. Em termos da variação da carga, na medida em que a corrente da carga se reduz, o tempo de condução do transistor deve ser reduzido de maneira a manter constante a tensão de saída. Para um dado valor mínimo de corrente consumida, o intervalo ton se anula e o retificador passa a se comportar como um conversor com filtro passivo. Abaixo deste valor de corrente da carga não é possível regular a tensão de saída, a qual tende a se elevar, chegando ao valor de pico da tensão de entrada. Quanto maior o valor da indutância do circuito, maior a queda de tensão sobre esta. Assim, na topologia T1 verifica- se uma significativa diminuição da tensão CC, enquanto em T2 consegue-se aproximar do valor da tensão de pico da entrada em toda faixa de potência estudada. C. Esforços de tensão de corrente Para os circuitos com comutação em baixa freqüência, o esforço de corrente do interruptor depende tanto do valor da indutância quanto do tempo de condução do transistor. Quanto maior for este intervalo de tempo maior a faixa de regulação da tensão de saída. Mas isto implica em um maior valor de pico da corrente pelo indutor ou em uma maior indutância, o que traz implicações no aumento do volume do indutor. A topologia T2 apresenta um maior esforço de corrente, uma vez que utiliza indutância menor através da qual se faz a descarga do capacitor auxiliar. A figura 5 mostra formas de onda de tensão e de corrente no circuito auxiliar. Além do transistor e do diodo, também o capacitor fica submetido a um importante esforço de corrente, indicando a necessidade de uso de um componente com baixa resistência série equivalente a fim de limitar as perdas neste componente. O esforço de corrente para o AF - boost, no modo de condução contínuo, é igual ao valor de pico da corrente pelo indutor. O esforço de tensão ao qual estão submetidos os interruptores é igual à tensão de saída para todos os três conversores, mas normalmente será maior para o caso de alta freqüência devido à maior tensão de saída obtida. D. Fator de Potência Considerando as formas de onda mostradas na figura 2, é possível determinar as respectivas distorções harmônicas totais (DTH), fatores de deslocamento da componente fundamental (cos φ1) e os conseqüentes fatores de potência (FP). Consultando a Tabela I, verifica-se que os resultados para o AF – boost são os melhores, enquanto a topologia com filtro passivo apresenta o pior desempenho em termos de fator de deslocamento e fator de potência. Devido à forma de onda suave, sua DHT é inferior às das topologias T1 e T2. Fig. 5 – Formas de onda no circuito auxiliar: {1}: Tensão no transistor (200 V/div.) {2}: Tensão no capacitor auxiliar (200 V/div.) {3}: Corrente no indutor auxiliar (20 A/div.) Horiz.: 1 ms/div. Quanto aos retificadores com comutação em baixa freqüência, os resultados para T2 são melhores do que para T1. Isto se explica considerando que a corrente de entrada para a topologia T2 apresenta-se com menores valores de pico e eficaz, o que implica numa redução da distorção e um aumento do FP. E. Tamanho do indutor Uma estimativa do tamanho dos indutores pode ser obtida por meio do produto de áreas AeAw (sessão transversal do núcleo x área da janela ocupada pelo enrolamento), bastante utilizado nos procedimentos de dimensionamento deste tipo de elemento. A tabela I mostra os valores deste produto considerando os parâmetros e características dados a seguir. Para os conversores com operação em baixa freqüência considera-se um núcleo de Ferro - Silício, uma densidade de campo magnético Bmax = 1,5 T, uma densidade de corrente J = 5 A/mm2, e coeficiente de ocupação da janela pelo enrolamento kR = 0,4. Para o AF – boost, considera-se o emprego de ferrite (Micrometals) com densidade de campo magnético Bmax = 0,15 T, no caso de potência de saída de 600 W. Um núcleo de pó de ferro, tipo kool-µ (Magnetics) com Bmax = 0,6 T foi considerado para potências mais elevadas (900 e 1200 W). A elevação de temperatura admitida é de 40 ºC. Na tabela II têm-se estimativas dos volumes externos do indutor e apenas do núcleo, com base em valores típicos de produtos comerciais. Como esperado, o conversor com comutação em alta freqüência apresenta os menores valores de volume do indutor. A diferença se torna mais significativa à medida que aumenta a potência. Dentre as soluções de baixa freqüência, T2 é a que apresenta menores valores, mesmo adicionando-se no cômputo o volume do indutor auxiliar. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 5 TABELA I. COMPARAÇÃO ENTRE RETIFICADORES PARA DIFERENTES POTÊNCIAS: ESFORÇOS DE TENSÃO E DE CORRENTE E FATOR DE POTÊNCIA Po [W] Uo [V] Uo/USpk [V] L [mH] La [mH] Igpeak [A] Igrms [A] Igavg [A] ISpeak [A] ILapeak [A] ILarms [A] DHT cos(φ1) FP AeAw [cm4] AeAw [cm4] 600 - P 294,8 0,90 6,5 8,62 3,68 2,04 0,87 0,938 0,708 6,87 600 - T1 303,4 0,93 4,5 8,84 3,63 1,98 1,33 0,9 0,964 0,716 4,81 600 – T2 315,2 0,97 3 0,8 8,26 3,48 1,92 7,74 7,74 1,01 0,88 0,994 0,747 2,87 0,21 600 - AF 380 1,17 0,52 3,7 2,61 2,35 4,33 4,33 2,61 ~0 ~1 ~1 2,47 900 - P 258,9 0,80 18,5 9,8 5,12 3,47 0,52 0,861 0,763 30,9 900 - T1 290 0,89 9 10,0 4,82 3,11 2,66 0,61 0,952 0,812 14,5 900 – T2 316,2 0,97 5,2 1 8,34 4,54 2,96 24,4 24,4 3,35 0,59 0,999 0,861 6,56 2,72 900 - AF 380 1,17 0,52 5,53 3,91 3,52 5,53 5,53 3,91 ~0 ~1 ~1 4,83 1200 - P 230,7 0,71 29 12,1 6,97 5,2 0,31 0,799 0,762 73,0 1200 - T1 273,6 0,84 16 11,2 6,16 4,42 3,53 0,43 0,923 0,846 36,8 1200 –T2 310,6 0,95 6,8 1,2 9,51 5,65 4,13 34,4 34,4 4,84 0,41 0,997 0,922 12,2 6,66 1200 - AF 380 1,17 0,52 7,38 5,22 4,7 7,38 7,38 5,22 ~0 ~1 ~1 4,84 P = filtro passivo; T1 = BF - boost; T2 = BF – boost modificado, AF – boost. Po: potência de saída; Uo: tensão de saída; USp: valor de pico da tensão de entrada; Ig: corrente (eficaz e pico) de entrada; IS: corrente no interruptor (eficaz e pico); ILa: corrente no indutor auxiliar (eficaz e pico); TABELA II. COMPARAÇÃO ENTRE RETIFICADORES PARA DIFERENTES POTÊNCIAS: VOLUME E PERDAS Po [W] Vext [cm3] Vfe [cm3] Vext aux [cm3] Vfe aux [cm3] PCu* [W] PFe* [W] Prect [W] Pswitch** [W] Pcap [W] Área do dissipador [cm2] Volume do filtro de IEM [cm3] 600 - P 48 38,4 4,08 0,91 4,08 600 - T1 38,4 30,7 3,22 0,73 3,96 1,98 11 600 – T2 26,1 21,5 3,58 2,82 2,59 0,58 3,84 1,94 0,92 11 600 - AF 6,84 5,3 1,47 4,70 20,5 149 131 900 - P 141 112 13,6 2,67 6,94 900 - T1 90 72 7,04 1,71 6,11 3,14 17,6 900 – T2 48 38,4 26,1 21,5 6,01 1,42 5,92 3,18 7,76 17,9 900 - AF 10,5 3,35 2,84 7,04 31,8 282 194 1200 - P 262 206 25,8 4,88 10,4 1200 - T1 164 131 14,8 3,11 8,84 4,5 25,6 1200 –T2 75 60 48 38,4 10,5 2,33 8,26 4,64 15,2 26,3 1200 - AF 21,3 3,76 2,81 9,40 43,6 495 194 * Inclui o indutor auxiliar para T2 ** Inclui o transistor e os diodos Po: potência de saída; Vext: volume externo do indutor; Vfe: volume do núcleo; P: perda de potência no enrolamento (PCu), no núcleo (PFe), no retificador de entrada (Prect), no interruptor e no diodo auxiliar (Pswitch) e no capacitor auxiliar (Pcap). F. Perdas As perdas de potência associadas aos elementos magnéticos e ao retificador de entrada foram calculadas para todas as topologias e níveis de potência. Foi suposta uma queda de 1 V por diodo e, sendo conhecida a corrente média de entrada, determina-se a potência. No retificador de entrada não há perda de comutação significativa em nenhuma das topologias. Para os indutores foram consideradas as perdas no núcleo (com base em dados de catálogo que indicam as perdas em função da freqüência, do valor de B e da massa do núcleo) e no enrolamento. Os valores não são significantemente diferentes entre si, exceto pelas perdas nos enrolamentos, que são muito maiores nos indutores das topologias com comutação em baixa freqüência. A razão para tal é que foi utilizado, para efeito comparativo, o mesmo valor de densidade de corrente (5 A/mm2) no dimensionamento de todos indutores. Este não é um bom valor para indutores de baixa freqüência, uma vez que o número de espiras exigido implica em uma resistência elevada. As perdas no capacitor auxiliar, associadas à sua resistência série equivalente, (topologia T2) têm valor próximo às do indutor, por causa do alto valor da corrente eficaz que circula por Caux. Para os semicondutores (exceto a ponte retificadora) foram utilizados dois métodos diversos. Para os circuitos de baixa freqüência as perdas foram estimadas considerando tensão e corrente médias pelo transistor e diodo, desprezando perdas de comutação. Para a topologia AF – boost, foi tomado como base um valor de rendimento global de 95%, freqüentemente reportado na literatura, válido para a faixa de potência estudada. Subtraindo as outras perdas estimadas anteriormente, atribui-se a diferença ao transistor e ao diodo. Os valores obtidos são cerca de dez vezes maiores do que aqueles dos circuitos com comutação em baixa freqüência, Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 20016 podendo-se atribuir este aumento essencialmente às perdas de comutação. G. Dissipador de calor Para todos os conversores foi suposto que o os interruptores (diodo e transistor) tivessem encapsulamento TO-247 (resistência térmica Rθjc= 0,7 ºC/W). A área do dissipador de calor foi calculada considerando a resistência térmica de uma placa de alumínio brilhante de 1 mm de espessura, em posição vertical [14]. Os valores elevados obtidos para a topologia com comutação em alta freqüência têm um importante impacto no volume total destes conversores. H. Filtro de Interferência Eletromagnética - IEM Devido à comutação em baixa freqüência, as topologias com filtro passivo, T1 e T2 não necessitam de filtros de IEM, o que já não ocorre com o AF – boost. Uma vez que o projeto de tais filtros não é objeto deste artigo, a Tabela II indica o volume de filtros comerciais (atenuação entre 50 e 60 dBµV entre 150 kHz e 30 MHz). Note-se que o volume do filtro é muito maior do que o do indutor, sendo similar ao volume do indutor estipulado para o retificador com filtro passivo. I. Circuitos eletrônicos O circuito eletrônico usado tanto em T1 quanto em T2 é essencialmente um gerador de pulso sincronizado com a rede. Se for implementada a regulação da tensão de saída, torna-se necessário um circuito adicional para ajustar a largura do pulso. Este circuito poderia ser facilmente implementado, por exemplo, com um TCA 785. Para o retificador com comutação em alta freqüência, seria empregado um circuito integrado comercial, que exige três sinais de entrada: tensão retificada, tensão de saída e corrente pelo indutor. Embora este último caso apresente uma complexidade um pouco maior, não há diferenças muito importantes neste aspecto entre os retificadores. Obviamente, o retificador com filtro passivo não faz uso de nenhum circuito eletrônico. VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS As figuras 6 e 7 mostram formas de onda para as topologias T1 e T2. Em ambos os casos o conteúdo harmônico está dentro dos limites da norma. O valor de indutância utilizado para T1 é aquele indicado na Tabela I. Os resultados experimentais são consistentes com os teóricos apresentados na mesma tabela. Para a topologia T2, por ter sido testada em 60 Hz, o valor foi recalculado, obtendo-se, como esperado, valores inferiores àqueles de 50 Hz. O esforço de corrente é de 20A. O fator de potência medido foi 0,85, sendo determinado pela distorção da corrente, que equivale a uma DHT de 59%. O rendimentos da topologia T1 foi de 97%, enquanto para T2 foi obtido 96%, o que é coerente com os valores expressos na Tabela II. O menor rendimento de T2 deve-se ao aumento das perdas devido ao modo de funcionamento do circuito auxiliar. ug ii U o Espectro Fig. 6 – Tensão de entrada retificada (100 V/div), corrente de entrada (2 A/div) e seu espectro (0,4 Arms/div) Ui = 225 Vrms, Uo = 284 V, 50 Hz e Po = 600 W. Fig. 7 – Tensão de entrada Ui (100 V/div), corrente de entrada ii (5 A/div) Ui = 230 Vrms, Uo = 292 V, Po = 900 W, 60 Hz, L = 6 mH, La = 1 mH, Ca = 44 µF. V. CONCLUSÕES Esta análise comparativa entre retificadores de alta qualidade empregando comutação em alta ou em baixa freqüência visou dar informações para a escolha de uma solução que considere aspectos relacionados com o volume dos elementos magnéticos empregados, o volume total do retificador, a possibilidade de regulação da tensão de saída, a geração de IEM e outros aspectos, sempre garantindo a conformidade com normas de distorção da corrente. As topologias que empregam comutação em baixa freqüência têm como principal vantagem a não necessidade de uso de filtro de IEM e a eliminação das perdas de comutação, o que implica numa drástica diminuição do volume dos dissipadores, resultando ainda num maior rendimento. Para valores de potência mais elevados (acima de 900 W), os tamanhos do dissipador e do filtro de IEM se tornam muito significativos no conversor com comutação em alta freqüência, enquanto o indutor se torna muito grande na solução passiva. Por outro lado, pode-se esperar uma redução do volume total do conversor com o emprego das topologias T1 e, principalmente, T2. A topologia T2, mesmo utilizando dois indutores, Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 7 minimiza o volume do conversor. Sua principal desvantagem é o esforço de corrente presente nos componentes do circuito auxiliar, o que resulta num menor rendimento em comparação com T1. Em termos das perdas totais, a solução de alta freqüência apresenta os piores resultados devido às perdas de comutação dos interruptores. A grande vantagem do AF - boost é a regulação da tensão de saída, que permite compensar plenamente variações na tensão de entrada e na carga. Já as outras topologias (exceto a passiva) conseguem compensar reduções da corrente de carga até cerca de 50% do valor nominal (valores obtidos experimentalmente), enquanto praticamente não têm atuação frente a variações na tensão de entrada. Caso a aplicação não exija este tipo de regulação (por exemplo, se os conversores alimentados pela saída CC puderem operar com variação nesta tensão) e aspectos de densidade volumétrica de potência e simplicidade de operação do conversor forem mais relevantes, as topologias T1 ou T2 podem ser uma escolha conveniente. AGRADECIMENTOS Os autores desejam agradecer à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelos financiamentos das visitas do Dr. Spiazzi e do Dr. Buso ao Brasil e do projeto 99/09400-2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] IEC 61000-3-2, International Electrotechnical Commission, 3, Genève, Switzerland, 1998. [2] M. Jovanovic, D. E. Crow, "Merits and Limitations of Full-Bridge Rectifier with LC Filter in Meeting IEC 1000-3-2 Harmonic-Limit Specifications," Proc. of the IEEE Applied Power Electronics Conf.. (APEC), pp. 354- 360, March 1996. [3] I. Suga, M. Kimata, Y. Ohnishi, R. Uchida. “New Switching Method for Single-Phase AC to DC Converter,” Proc. of the Power Conversion Conference (PCC), pp.93-98, 1993. [4] L. Rossetto, G.Spiazzi, P. Tenti, “Boost PFC with 100 Hz Switching Frequency Providing Output Voltage Stabilization and Compliance with EMC Standards”, Proc. of the Industry Applications Society Annual Meeting, St. Louis, USA, pp. 1567-1573, 1998. [5] G. Spiazzi, S. Buso, "A Line-Frequency Commutated Rectifier Complying with IEC 1000-3-2 Standards," Proc. of the IEEE Applied Power Electronics Conf., March 1999. [6] J. A. Pomilio, G. Spiazzi, "A Double-Line-Frequency Commutated Rectifier Complying with IEC 1000-3-2 Standards" Proc. of the IEEE Applied Power Electronics Conf., March 1999. [7] J. A. Pomilio, G. Spiazzi, "A Low-Inductance Line- Frequency Commutated Rectifier Complying with IEC 1000-3-2 Standards," CD record. of the IEEE Power Electronics Specialists Conf. (PESC), June 1999. [8] Y. Shimma and K. Iida: “Inverter applications to air conditioning field”, Proc. Of IPEC 2000, May 2000, pp. 1747-1750. [9] J. Salmon and D. Koval: “Improving the operation of 3- phase diode rectifiers using an asymmetrical half-bridge dc-link active filter”, CD record of IAS Annual Meeting, October 2000. [10] E. L. M. Mehl and I. Barbi: “An improved high-power factor and low-cost three-phase rectifier”, IEEE Trans. on Industry Applications, vol. 33, no. 2, pp. 485-492, March-April 1997. [11] S. Hansen, P. N. Enjeti, J. Han and F. Blaabjerg: “An integrated single-switch approach to improve harmonic performance af standard PWM adjustable speed drives”, Proc. of IAS Annual Meeting, pp. 789-795, Oct. 1999. [12] B. Mammano, L. Dixon: “Choose the Optimum Topology for High Power Factor Supplies”, PCIM Magazine, pp. 8-18, March 1991. [13] EN 61000-3-2 prA14, European Committees for Electrotechnical Standardization – CENELEC, Brussels, Belgium, March 2000. [14] D. S. Steinberg: “Cooling Techniques for Electronic Equipment”, John Wiley & Sons, Inc., 1980. DADOS BIOGRÁFICOS José Antenor Pomilio nasceu em Jundiaí – SP em 1960. É engenheiro eletricista (1983), Mestre (1986) e Doutor em Eng. Elétrica (1991) pela Universidade Estadual de Campinas. De 1988 a 1991 foi chefe do grupo de eletrônica de potência do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Em 1993/1994 realizou um estágio de pós-doutoramento junto à Universidade de Pádua – Itália. Foi editor da revista Eletrônica de Potência (1999/2000). Atualmente é presidente da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência e membro eleito do Comitê Administrativo da The IEEE Power Electronics Society. É professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp deste 1984. Suas principais áreas de interesse são técnicas de eletrônica de potência aplicadas à qualidade da energia elétrica, condicionamento elétrico aplicado a fontes alternativas de energia. Giorgio Spiazzi nasceu em Legnago (província de Verona, Itália) em 1962. Graduou-se em Engenharia Elétrica na Universidade de Padova em 1988. Em 1993 obteve seu doutorado em Eletrônica Industrial e Informática no Departamento de Eletrônica e Informática da mesma Universidade, onde é professor desde 1993. Suas áreas de interesse são técnicas de controle avançadas para conversores de potência, pré-conversores de alto fator de potência e técnicas de comutação suave. Simone Buso nasceu em Pádua, Itália em 1968. Recebeu os graus de mestre em Engenharia Elétrica e de Doutor em Eletrônica Industrial pela Universidade de Pádua, em 1992 e 1997, respectivamente. Desde 1993 é pesquisador junto ao Departamento de Eletrônica e Informática da mesma universidade. Seus principais interesses de pesquisa incluem conversores CC/CC, circuitos integrados “smart power”, controle digital e controle robusto de conversores de potência. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 20018 RETIFICADOR TRIFÁSICO ISOLADO COM CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EMPREGANDO O CONVERSOR CC-CC SEPIC EM CONDUÇÃO CONTÍNUA Denizar Cruz Martins, Anderson H. de Oliveira e Ivo Barbi Universidade Federal de Santa Catarina - INEP - Instituto de Eletrônica de Potência Fone:(048) 331.9204 Fax:(048) 234.5422 e-mail: denizar@inep.ufsc.br Cx.Postal 5119 CEP:88.040-970 Florianópolis – SC Resumo - Neste artigo é proposto um retificador trifásico utilizando o conversor CC-CC SEPIC operando no modo de condução contínua para a correção do fator de potência. As principais características desta estrutura são: simplicidade e robustez do circuito de potência, possibilidade de operação como elevadora ou abaixadora de tensão, baixa distorção harmônica da corrente de entrada, ser naturalmente isolada e processar toda a energia em um único estágio, utilizando apenas uma chave controlada. O conversor opera à freqüência constante e a transferência de energia para a carga é controlada através da modulação PWM. É feito um estudo da estrutura em regime permanente e apresentado um procedimento de projeto. Os resultados teóricos são comprovados através de um protótipo de laboratório. Abstract - This paper presents an analysis of a three- phase rectifier with high power factor using a SEPIC DC- DC converter operating in continuous conduction mode (CCM). The structure is particularly simple and robust. Its main features are: one power processing stage, which can operate as step-down or step-up converter, lower harmonic distortion in the line current and natural isolation. The converter works with constant frequency and PWM modulation. A study for steady state conditions, a design procedure, and experimental results obtained from a laboratory prototype are presented. I. INTRODUÇÃO Os sistemas de alimentação trifásico, disponíveis em aplicações industriais, geralmente são mais indicados para sistemas de potências elevadas (acima de 1kW), onde a conversão CA/CC tem sido dominada por retificadores convencionais a diodos e tiristores. A característica não ideal da corrente de entrada destes retificadores cria problemas para a rede comercial de energia elétrica, dentre os quais podem ser destacadas: • Distorção da tensão de alimentação devido aos altos picos de corrente requeridos pelo retificador, podendo prejudicar o funcionamento de outros equipamentos conectados ao mesmo ponto; • Interferência eletromagnética nos sistemas de comunicação e controle; • Aumento das perdas nos elementos das redes de transmissão e distribuição; • Redução do fator de potência na entrada do estágio retificador; • Necessidade de geração de grandes quantidades de potência reativa, elevando os custos de todo o sistema; • Diminuição do rendimento da estrutura devido ao elevado valor eficaz da corrente de entrada do retificador. Muitos trabalhos têm sido apresentados pela comunidade científica a fim de proporcionar a utilização de retificadores trifásicos com fator de potência unitário e baixo conteúdo harmônico na corrente de linha [1-7]. Uma das estruturas mais empregadas, como pré-regulador, é o conversor Boost [1,2]. Essa estrutura não é naturalmente isolada, somente opera como elevador de tensão e trabalha no modo de condução descontinua. O conversor proposto em [2] tem um bom desempenho, mas sua estrutura é composta de três interruptores sincronizados, três indutores Buck- Boost conectados em Y, e um interruptor adicional para controle da tensão contínua de saída. Além disso o conversor opera em condução descontínua com elevado valor eficaz de corrente. Em [4] as principais vantagens são a simplicidade e o bom desempenho da estrutura; contudo, o sistema opera em condução descontínua e apresenta elevados esforços de corrente nas chaves. Os trabalhos apresentados em [5,6] são muito interessantes, e apresentam um fluxo constante de energia. Entretanto, os circuitos de comando e controle são excessivamente complexos, e particularmente em [5] a transferência de energia é processada em duas etapas. Os conversores não são independentes e, por essa razão, a confiabilidade do sistema fica comprometida. Na referência [7] são obtidos excelentes resultados em termos do rendimento do sistema, operando com fluxo constante de energia, mas há grandes dificuldades em nível de implementação dos circuitos de comando, devido sua complexidade e transferência de energia em dois estágios. Diante desses inconvenientes e procurando melhorar a performance dos conversores CA-CC de alta potência, este artigo apresenta a análise e o desenvolvimento de um retificador trifásico, com alto fator de potência, operando com freqüência constante, com um único estágio de processamento de energia, e empregando o conversor CC-CC Sepic em condução contínua. A estrutura proposta é naturalmente isolada, e utiliza apenas uma chave para o controle do fluxo de potência, tornando o circuito de comando extremamente simples, e não necessita de filtros de linha entre a rede e o retificador. Além disso, o sistema pode operar como elevador ou abaixador de tensão, e o reduzido número de componentes aumenta a confiabilidade do sistema, tornando-o bastante atraente para aplicações industriais de alta potência. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 9 II. CIRCUITO PROPOSTO E PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO O circuito de potência do retificador proposto é apresentado na Figura 1. A fim de facilitar o estudo da estrutura, serão consideradas as seguintes simplificações: • A análise é feita para o circuito operando em regime permanente; • Todos os componentes são considerados ideais; • O transformador é representado pela sua indutância magnetizante referida ao lado primário; • As ondulações de tensão nos capacitores C1 e Co são consideradas nulas; • As tensões de rede são consideradas constantes em um período de chaveamento do conversor. Referindo os parâmetros secundários do conversor para o lado primário tem-se o circuito equivalente da Figura 2, onde Vin = 2,34.V1eficaz e: Ro Np Ns Ro Co Vo= ⋅ ′ ⋅ ′ ⋅ ′ 2 2 ; Co = Ns Np ; Vo = Np Ns (1) V1 D2 D3D1 Lin C1 Ds RoNp Ns Co S1V2 D4 V3 D5 D6 Vo + - Figura 1: Diagrama básico do retificador trifásico utilizando o conversor CC/CC Sepic. D3 Lin C1 Ds Ro Co S1 Lm Vo + - Vin Figura 2: Diagrama básico do retificador trifásico utilizando o conversor CC/CC Sepic, com os parâmetros referenciados ao lado primário do transformador. O conversor Sepic operando em condução contínua apresenta duas etapas de operação , mostradas a seguir: • 1a etapa : intervalo (0 < t < D.T). Nesta etapa a chave S1 está conduzindo. A energia proveniente da rede de alimentação é armazenada no indutor de entrada Lin e o capacitor C1 transfere energia para a indutância magnetizante Lm. A tensão no capacitor C1 é considerada constante e igual a Vin, ela representa a tensão média de um retificador trifásico convencional. As correntes ie e iLm crescem linearmente com uma taxa de variação igual a Vin/Lin e Vin/Lm respectivamente. Durante esta etapa, o diodo Ds permanece bloqueado e o capacitor Co fornece energia para a carga Ro. O circuito equivalente desta etapa é mostrado na Figura 3. Vin Lin Ds Co Ro ie iLm io Lm C1 is iDs ic ico Figura 3: Primeira etapa. • 2a etapa : intervalo (D.T < t < T). Nesta etapa a chave S1 é bloqueada e o diodo Ds passa a conduzir, transferindo a energia armazenada nos indutores para a carga Ro. As correntes ie e iLm decrescem linearmente com uma taxa de variação igual a Vo/Lin e Vo/Lm respectivamente. Durante esta etapa o capacitor C1 acumula energia. O circuito equivalente é mostrado na Figura 4. O modo de condução contínua é caracterizado pela habilitação da chave S1 a conduzir antes que a corrente no diodo Ds se anule. As formas de onda deste modo de operação são mostradas na Figura 5. Vin Lin C1 Lm Ds Co RoS ie is ic iD iLm io ico Figura 4: Segunda etapa. ie(t) iLm(t) is(t) ic(t) iDs(t) t t t t tD.T T Iepk Ieo Ispk Iepk Ieo ILmpk ILmpk IDpk D.T T VLin(t) VLm(t) Vs(t) VDs(t) Vin -Vo Vin -Vo (Vin+Vo) t t t t -Ilmo Ieo+Ilmo -Vin+Vo Figura 5: Principais formas de onda. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 200110 III. ANÁLISE QUANTITATIVA As equações que regem o funcionamento do conversor Sepic em condução contínua e em regime permanente são dadas a seguir. T<t<para D.T Ie)T.Dt( Lin VoT.D Lin Vin(t)i D.T<t<0parat Lin VinIe)t(i oe oe +−⋅−⋅= ⋅+= (2) T<t<para D.T oI)T.Dt(Lm VoT.D Lm Vin(t)i D.T<t<0parat Lm Vin oI)t(i LmLm LmLm +−−⋅= ⋅+= (3) T<t<para D.T0(t)i D.T<t<0paraoIIetLeq Vin)t(i s Lmos = ++⋅= (4) T<t<para D.TIe+D.T)-(t Lin Vo -D.T Lin Vin(t)1i D.T<t<0paraoItLm Vin)t(1i oc Lmc ⋅= −⋅−= (5) T<t<para D.T oIIe+D.T)-(tLeq Vo -D.T Leq Vin(t)i D.T<t<0para0)t(i LmoDs Ds +⋅= = (6) v t v t Vin par v t v t Vo para Lin Lm Lin Lm ( ), ( ) ( ), ( ) = = − a 0 < t < D.T D.T < t < T (7) v t v t Vin Vo para s s ( ) ( ) = = + 0 para 0 < t < D.T D.T < t < T (8) v (t) (Vin Vo) para 0 < t < D.T v (t) 0 para D.T < t < T Ds Ds = − + = (9) onde: Leq Lin Lm Lin Lm = + . ; eficaz1V34,2Vin ⋅= ; D.T é o intervalo de condução da chave S1. Definindo as ondulações de corrente na entrada (∆ie) e na magnetizante do transformador (∆iLm), conforme Figura 6, é possível se calcular as correntes médias e eficazes nos componentes do conversor Sepic [8]. Obtém-se então: • Correntes médias de entrada, Iemd , e na chave S1, Ismd: Ie Is Vin D T ie Lin md md= = . . . .2 ∆ (10) onde: ∆ ∆ ie ie Iemd = 2 • Correntes médias na indutância magnetizante, ILmmd , e no diodo Ds, IDsmd: Ieo emd Iepk ie t e(t) D.T (1-D).T Ilmo mmd lmpk ilm t m(t) D.T (1-D).T Figura 6: Detalhe das correntes na entrada e na magnetizante do transformador do conversor Sepic. Lm.i.2 T).D1.(Vo mdImdI LmDsLm ∆ − == (11) onde: LmmdI 2iLmiLm ∆=∆ • Corrente média nos diodos retificadores, IDrmd : 3 IeI mdDrmd = (12) • Corrente eficaz de entrada Ieef: Ie Vin D T ie Lin ieef = ⋅ ⋅ +3 3 2 3 2. . . . ( ) ∆ ∆ (13) • Corrente eficaz na chave S1, Isef: ( ) Is Vin D T ie Lin ie D i D D ef Lm = ⋅ ⋅ + − +3 3 2 1 3 2 . . . . . . ( ) ∆ ∆ ∆ (14) • Corrente eficaz no capacitor C1, Ic1ef:[ ] 3 )3)i).(D1()ie.(D).D1( Lin.ie.2 T.D.VinIc 2Lm2 ef1 +∆−+∆− ∆ = (15) • Corrente eficaz no diodo Ds, IDsef: ( ) +∆−+∆⋅ ∆ − = 3i).D1(ie.D Lm.i.3.2 T.)D1(.Vo I 2 Lm Lm Dsef (16) • Corrente eficaz no capacitor Co, IcOef: ( ) 1)D1.(3 3i).D1(ie.DLm.i.2 T).D1.(VoIc 2 Lm Lm efo − − +∆−+∆ ⋅ ∆ − = (17) • Corrente eficaz nos diodos retificadores, IDref: ( ) md 2 efDr Ie3 ie3 I ⋅ ∆+ = (18) Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 11 • Corrente eficaz em cada fase de entrada, Ifef: ( ) Ifef ie Iemd= ⋅ + ⋅2 3 3 2 ∆ (19) Através da conservação de fluxo magnético do transformador em regime permanente, tem-se que: Vin D T Vo D T. . . ( ).= −1 (20) Portanto, a característica de transferência estática do conversor Sepic em condução contínua, mostrada na Figura 7, é dada por: Vo Vin D D = −( )1 (21) 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 D V o/ V in Vo Vin D D = −( )1 Figura 7: Característica de transferência estática do conversor Sepic em condução contínua. A Figura 8 apresenta o gráfico das características externas do conversor Sepic em regime permanente [8]. A partir deste gráfico pode-se calcular o valor da corrente de carga crítica que delimita as regiões de condução contínua/descontínua. IV. PROCEDIMENTO DE PROJETO Parametrizando-se as equações apresentadas no item anterior, podem ser gerados ábacos que facilitam o projeto do conversor. Estes ábacos são apresentados juntamente com o procedimento de projeto. A. Dados iniciais Devem ser fornecidos os seguintes dados para que seja feito o projeto do conversor: • Tensão de fase da rede Vfase: 220 [V] • Tensão de saída Vo: 120 [V] • Potência de saída Po: 3.000 [W] • Freqüência de chaveamento fs: 20 [kHz] • Razão cíclica nominal D: 0,4. • Rendimento η: 90% B. Ondulação da corrente no indutor de entrada A ondulação da corrente no indutor de entrada Lin afeta diretamente o fator de potência (FP) e a taxa de distorção harmônica (THD) da corrente de entrada do conversor. Portanto, para se obter um fator de potência acima de 0,95 e uma taxa de distorção harmônica próximo a 30% deve-se escolher a ondulação ∆ie menor que 10%. Neste projeto 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5 V o /V in D = 0 3, D = 0 4, D = 0 5, D = 0 6, Io DCM CCM ← Limite entre CCM e DCM Io Leq Io V in T = 2. . . Figura 8: Características externas do conversor Sepic em regime permanente. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.92 0.93 0.94 0.95 0.96 0.97 FP FP ie = + 2 34 2 3 2 , .( )∆ ∆ie Figura 9: Fator de potência do retificador trifásico em função da ondulação de corrente de entrada. ∆ ie 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.3 0.32 0.34 0.36 0.38 0.4 TH D T H D ie= + −2 3 5 5 1 2 . ( ) , ∆ Figura 10: Taxa de distorção harmônica (THD) em função da ondulação de corrente de entrada. adotou-se ∆ie = 2,5% (Veja as Figuras 9 e 10). C. Relação de transformação do transformador A relação de transformação do transformador é dada por: N Vin D Vo D = − . .( )1 (22) Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 200112 Logo: 86,2)4,01.(120 4,0.220.34,2N = − = D. Cálculo do indutor de entrada Lin Para se calcular o valor do indutor de entrada deve-se determinar a corrente média de entrada. Desse modo, tem-se: Vin PoIemd ⋅η = (23) Portanto: 5,6 220.34,29,0 3000Iemd = ⋅ = [A] O valor de Lin é obtido através de (10), resultando em: Lin Vin D ie Ie fsmd = . . . .2 ∆ (24) Portanto: 68,31 200005,6025,02 4,022034,2Lin = ⋅⋅⋅ ⋅⋅ = [mH] E. Cálculo da indutância magnetizante do transformador Para que seja calculado o valor da indutância magnetizante do transformador (referenciado ao primário), é necessário definir o valor da resistência de carga máxima que garanta o modo de condução contínua do conversor. Através do gráfico da Figura 8 observa-se que o valor de corrente de carga normalizada crítica para D=0,4 é igual a aproximadamente 0,24. Adotando-se o valor de Io nominal igual a 6 vezes maior que Io crítico, obtém-se: Leq V Vo N Io fs Po fase = 2 34 2 , . . . . . . (25) Portanto: 12,2 3000.20000.2 24,0.6.86,2.120.220.34,2Leq == [mH]. mas: Leq Lin Lm Lin Lm = + . (26) Portanto: 27,2Lm = [mH] F. Cálculo dos capacitores C1 e Co Considerando-se a ondulação de tensão nos terminais dos capacitores em torno de 1% de seu valor médio, obtém-se: C D Po D Vo fs N 1 0 01 1 2 2 2= − . , . ( ). . . (27) Portanto: 96,33 86,2.20000.120).4,01.(01,0 3000.4,01C 22 2 ≈ − = [µF] Co D Vin Po Vo D fs N = − 2 30 01 1 . . , . . ( ). . (28) Portanto: 417 86,2.20000).4,01.(120.01,0 3000.220.34,2.4,0Co 3 2 ≅ − = [µF] Para facilitar a escolha dos capacitores, são apresentadas nas Figuras.11 e 12, as suas correntes eficazes parametrizadas. A partir dessas figuras, considerando D=0,4, obtém-se: 13,85,6.25,1Ie.25,1Ic mdef1 === [A] 75,2025.83,0Io.83,0Ic mdoef === [A] G. Escolha dos semicondutores Os ábacos das Figuras 13, 14 e 15 auxiliam na escolha da 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.450.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 D Ic ef /Ie m d Figura 11: Corrente eficaz no capacitor C1 parametrizada, em função de D. 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.450.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 D Ic oe f/I om d Figura 12: Corrente eficaz no capacitor Co parametrizada, em função de D. chave S1, diodo Ds e diodos retificadores. Eles foram obtidos a partir das equações (10), (11), (12), (14), (16) e (18). Assim, para D=0,4, os valores de pico e eficazes das correntes nos semicondutores podem ser determinados. Portanto: 5,195,6.0,3Ie.0,3Is mdpk === [A] 4,105,6.6,1Ie.6,1Is mdef === [A]. 4725.88,1Io.88,1I mdpkDs === [A] 5,3225.3,1Io.3,1I mdefDs === [A]. 73,617,2.1,3I.1,3I mdDrpkDr === [A] 76,317,2.735,1I.735,1I mdDrefDr === [A]. Com estes valores todos os componentes do circuito de potência podem ser dimensionados. As Figuras 11, 13, 14 e 15 podem ser consideradas aproximações aceitáveis frente à pequena variação de Vin a cada período da rede. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 13 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 D Co rre nt es em S1 pa ra m et riz ad as Is Ie pk md Is Ie ef md Figura 13: Corrente eficaz e de pico na chave S1, parametrizadas, em função de D. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 D Co rre nt es em D sp ar am et riz ad as Id Io ef md Id Io pk md Figura 14: Corrente eficaz e de pico em Ds, parametrizadas, em função de D. ∆ie 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 3 3.2 3.4 3.6 3.8 4 4.2 4.4 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 1.7 1.72 1.74 1.76 1.78 1.8 Idr Idr pico md Idr Idr ef md Figura 15: Corrente eficaz e de pico em Dr, parametrizadas, em função de ∆ie . V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Para comprovar a validade do procedimento de projeto apresentado no item anterior, foi montado um protótipo de laboratório de 3,0 kW. As principais especificações foram dadas no item IV.A. Todos os resultados apresentados neste trabalho foram obtidos para a condição de plena carga (exceto as Figuras 20, 21, 22), e a tensão de saída foi mantida constante igual a 120 V. A Figura 16 mostra a tensão e a corrente na fase 1 da rede elétrica. A tensão e a corrente na chave principal S1 está mostrada na Figura 17. A Figura 18 apresenta a tensão e a corrente no diodo Ds. A corrente no indutor de entrada é apresentada na Figura 19. If 5,48 Aef = If Vfef = 219,5V Vf → ← Figura 16: Tensão e corrente de fase na entrada do retificador. Escala: 150V/div; 3A/div; 2ms/div. Is Vs Ismd = 6,81 A Isef =10,34 A Figura 17: Tensão e corrente na chave S1. Escala: 300V/div; 8A/div; 10µs/div. O fator de potência e a taxa de distorção harmônica (THD) da corrente de fase na rede elétrica são mostrados nas Figuras 20 e 21, respectivamente. Para a condição de plena carga o fator de potência obtido foi em torno de 0,96, e a THD foi de 26%. Para as mesmas condições de carga, o rendimento obtido foi em torno de 91% (Figura 22). As principais causas das perdas no conversor estão praticamente Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 200114 concentradas nos seguintes elementos: componentes magnéticos e filtro capacitivo, retificador de saída, e o emprego da técnica de comutação dissipativa. Id Vd = 25,86 AI ef = 32,66 ADs IDsmd Figura 18: Tensão e corrente no diodo Ds. Escala: 150V/div; 25A/div; 10µs/div. Iemd = 6,33 A Ieef = 6,35 A Figura 19: Corrente no indutor de entrada. Escala: 1,5A/div; 10µs/div. 600 1200 1800 2400 3000 0.9 0.91 0.92 0.93 0.94 0.95 0.96 0.97 0.98 0.99 1 Po [W] FP Figura 20: Comportamento do fator de potência. Verifica-se que as figuras oriundas dos osciloscópios apresentam diferenças entre os valores de escala de tensão ou corrente e as legendas; isso porque foram usados transduto res, tendo em vista que os equipamentos não permitiam, de forma direta, obter-se as medidas feitas em bancada. 600 1200 1800 2400 3000 10 15 20 25 30 35 40 Po [W] THD % Figura 21: Taxa de distorção harmônica (THD) da corrente de fase na entrada do retificador. η Po [W] 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400 2700 3000 3300 Figura 22: Curva de rendimento do protótipo de 3,0 kW. A alta TDH da corrente de entrada presente neste circuito, é uma das características inerentes desta topologia, o que representa uma certa desvantagem da mesma. Contudo, é importante salientar que no nosso caso específico a tensão fornecida pela rede é altamente poluída, apresentando uma TDH na ordem de 2,6% a 3,0%. É óbvio que essa alta distorção contribui para uma maior degradação da TDH da corrente de entrada. A TDH da corrente pode ser melhorada através de uma técnica de modulação da corrente no lado CC e realimentando-a no lado CA [2]. Todavia, esse procedimento demanda algum custo, que deve ser levado em conta, dependendo dos objetivos da aplicação deste circuito. VI. CONCLUSÕES O retificador trifásico baseado no conversor CC-CC Sepic mostrou-se bastante robusto e de fácil montagem. O fato de possuir apenas uma chave para controlar o fluxo de energia faz com que o circuito de comando seja bastante simples. No protótipo implementado utilizou-se apenas um integrador para controlar o ganho estático de tensão. O número reduzido Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 15 de componentes da estrutura aumenta a sua confiabilidade, tornando-a extremamente atrativa para aplicações industriais. Além disso, não é necessário utilizar filtros entre a rede comercial e o retificador trifásico. Esta estrutura é particularmente empregada em aplicações onde a carga apresenta um comportamento de fonte de tensão. De acordo com os resultados obtidos, tem-se um conversor CA-CC com as seguintes características: • Topologia simples e robusta; • Proporciona correção do fator de potência operando no modo de condução contínua, o que a torna atrativa para aplicações em altas potências; • Estrutura naturalmente isolada; • Apresenta uma única chave controlada; • Pode operar como elevador ou abaixador de tensão, proporcionando uma maior flexibilidade, para um maior número de aplicações; • Permite controlar a tensão de saída com apenas um único estágio de processamento de energia. Finalmente, com essas características, a estrutura proposta pode ser empregada em potências elevadas, para uma faixa bem variada de aplicações industriais, sem qualquer dificuldade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] A. R. Prasad, P.D. Ziogas and S. Manias. “An Active Power Factor Correction Technique for Three Phase Diode Rectifiers”. Proc. IEEE - PESC’89 , pp. 58-65. [2] O. Huang and F. Lee, “Harmonic Reduction In a Single Switch Three-Phase Boost Rectifier with Order Harmonic Injected PWM,” in IEEE –PESC’96, pp.1266- 1271. [3] C. T. Pan & T.C. Chen. “Step-up/down Three Phase AC to DC Converter with Sinusoidal Input Current and Unity Power Factor”. IEEE Proc. Electron. Power Appl., Vol. 141, nº 2, pp. 52-77, March 1994. [4] L. Malesani et al. “Single-Switch Three-Phase AC/DC Converter with High Power Factor and Wide Regulation Capability”. Proc IEEE - PESC92’, pp. 279-285, June/1992. [5] B. Ignazia, “Unity Power Factor Battery Charger Regulated by LVI,” in Power Quality Proc., Nov. 1990, pp.42-47. [6] D. Simonetty, J. Sebastian, and J. Uceda, “Single-Switch Three-Phase Power Pre-Regulator Under Variable Switching Frequency and Discontinuous Input Current,” in IEEE-PESC’93 Conf. Rec., June 1993, pp. 657-661. [7] J. Pforr and L. Hobson, “A Novel Power Factor Corrected Single Ended Resonant Converter With Three Phase Supply,” in IEEE-PESC’92 Conf. Rec., in June 1992, pp. 1369-1375. [8] A.H. Oliveira. “Three-Phase Rectifier with High Power Factor Using a Continuous Conduction Mode Sepic DC- DC Converter”. Master Thesis, INEP/EEL/UFSC, Florianópolis-SC-Brasil, 1996. DADOS BIOGRÁFICOS Denizar Cruz Martins, nasceu em São Paulo, SP, em 24 de Abril de 1955. Formou-se em Engenharia Elétrica e obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC em 1978 e 1981, respectivamente. Concluiu o Doutorado no INPT, Toulouse – França, em 1986. Atualmente é professor titular do Depto. de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC. O Prof. Denizar já publicou mais de 100 trabalhos científicos entre revistas e congressos nacionais e internacionais, realizou mais de 30 consultorias técnicas e obteve 02 patentes de invenção e um registro de software. Sua área de atuação compreende: desenvolvimento de conversores para tratamento de energia solar, com alta qualidade de energia, conversores de alta freqüência e simulação de Conversor Estáticos. É membro da SOBRAEP, da SBA e do IEEE. Anderson Hideki de Oliveira, nasceu em Campo Mourão, Paraná, em 19 de julho de 1969. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1994. Recebeu o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela mesma Universidade em 1996. Atualmente é professor no CEFET do Paraná. Suas áreas de interesse são: conversores de alta freqüência, correção de fator de potência e retificadores trifásicos para altas potências. Ivo Barbi, nasceu em Gaspar (SC), em 1949. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, em 1973. Em 1976 recebeu o título de Mestre pela mesma Universidade e em 1979 recebeu o título de Doutor pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, França. Desde 1974 é professor da UFSC e atualmente professor titular do Departamento de Engenharia Elétrica. É membro fundador da SOBRAEP tendo sido seu primeiro presidente. Desde 1992, é Editor Associado na área de Conversores de Potência da IEEE Transactions on Industrial Electronics. Suas áreas de atuação compreendem modelagem, análise, projeto e aplicações de conversores estáticos operando em alta freqüência e correção de fator de potência de fontes de alimentação. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 200116 NOVO REATOR ELETRÔNICO COM ELEVADO FATOR DE POTÊNCIA PARA MÚLTIPLAS LÂMPADAS FLUORESCENTES TUBULARES Fabio Toshiaki Wakabayashi Carlos Alberto Canesin Universidade Estadual Paulista UNESP – FEIS – DEE Cx. Postal 31 – 15385-000 – Ilha Solteira (SP) Fax: (18) 3742-2735 e-mail: canesin@dee.feis.unesp.br Resumo – Este artigo apresenta um novo reator eletrônico, com fator de potência e rendimento elevados, para múltiplas lâmpadas fluorescentes tubulares. O estágio de entrada deste reator é um novo retificador Sepic com comutação em corrente nula (ZCS) e modulação por largura de pulso (PWM). Utiliza-se a técnica de controle por valores médios de corrente para propiciar elevado fator de potência e atender às normas IEC 61000-3-2. Com relação ao estágio de saída, este é um clássico inversor ressonante Half-Bridge com comutação em tensão nula (ZVS). Desenvolve-se um exemplo de projeto do novo reator eletrônico, projetado para alimentar 5 lâmpadas fluorescentes 40W-T12, com 220V de tensão eficaz de alimentação, 115V de tensão média para o barramento de corrente contínua, com os estágios retificador e inversor operando em 50kHz. Resultados experimentais são apresentados para validar a análise desenvolvida. A taxa de distorção harmônica (TDH) na corrente de entrada é igual a 7,59% para uma TDH na tensão de alimentação igual a 1,56%, em condições nominais. O rendimento global medido é de cerca de 92,1% para carga nominal. Abstract – This paper presents a novel electronic ballast, featuring high power-factor and high efficiency, for multiple tubular fluorescent lamps. The input stage of this ballast is a new Zero-Current-Switching (ZCS) Pulse-Width-Modulated (PWM) Sepic rectifier. The average-current control technique is used in order to provide high power-factor and to fit the input current into IEC 61000-3-2 standards. Regarding to the output stage, it is a classical resonant Half-Bridge inverter, performing Zero-Voltage-Switching (ZVS). It is developed a design example for the new electronic ballast, designed to feed five 40W-T12 fluorescent lamps, with 220Vrms input voltage, 115Vavg dc link voltage, and rectifying and inverting stages operating at 50kHz. Finally, experimental results are presented in order to verify the developed analysis. The Total Harmonic Distortion (THD) at input current is equal to 7.59% for an input voltage THD equal to 1.56%, at full load. The measured overall efficiency is about 92.1%, at rated load. I. INTRODUÇÃO Atualmente, a crescente demanda mundial de energia elétrica tornou imprescindível a implementação de projetos de racionalização do consumo. Dentro deste contexto, sistemas de iluminação artificial constituem cargas bastante importantes a serem analisadas. No Brasil, estima-se que cerca de 17% do consumo de energia elétrica em ambientes residenciais e comerciais sejam advindos deste tipo de carga. Em função da crise no setor elétrico brasileiro, tem-se incentivado o uso de sistemas de iluminação fluorescente, os quais apresentam elevada eficácia luminosa (lumens/Watt). Apesar disto, certos aspectos dos sistemas fluorescentes podem ser apontados como desvantagens. De início, faz-se necessário o uso de um dispositivo denominado reator para iluminação, com a finalidade de controlar o fluxo de corrente através das lâmpadas fluorescentes, tendo em vista que estas apresentam característica de resistência negativa [1]. Tal fato encarece o custo de implementação deste sistema, em relação ao sistema incandescente. Em sua concepção mais simples, o dispositivo é denominado de reator eletromagnético e é composto por um autotransformador e associação de elementos reativos. Por ser operado na mesma freqüência da rede de alimentação em corrente alternada (CA), alguns problemas podem ser identificados, tais como: ruído audível, efeito estroboscópico, peso e volume elevados e reduzida eficiência. Para minimizar tais problemas, aperfeiçoamentos vêm sendo constantemente propostos. A operação em elevadas freqüências foi uma das grandes inovações incorporadas aos reatores, permitindo a supressão de ruídos audíveis e do efeito estroboscópico, além da redução de peso e volume da estrutura. Uma outra vantagem da operação em elevadas freqüências é o aumento do fluxo luminoso da lâmpada fluorescente [1], em relação àquele advindo de uma lâmpada fluorescente alimentada em reduzidas freqüências, para uma mesma potência processada. Para que as lâmpadas fluorescentes pudessem ser operadas em elevadas freqüências, um novo dispositivo denominado de reator eletrônico foi desenvolvido. Este, por sua vez, é geralmente composto por um estágio de entrada retificador acoplado a um estágio inversor, o qual opera em elevadas freqüências. Entretanto, elevadas freqüências de operação podem causar significativas perdas durante o processo de comutação dos semicondutores. Em função disto, estágios inversores que incorporam técnicas de comutação não- dissipativa têm sido usados. Quanto ao retificador de entrada, este é geralmente formado por uma ponte de diodos e um filtro capacitivo de elevado valor. Assim, a defasagem angular e a distorção harmônica impostas à corrente de entrada do reator são significativas, implicando num fator de Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 2001 17 potência bastante reduzido. Portanto, para que os reatores eletrônicos tornem-se mais eficientes, é necessária a utilização de estágios retificadores que incorporem técnicas de correção do fator de potência [2]. Por fim, quando comparado ao sistema de iluminação incandescente, o custo associado à implementação do sistema fluorescente é geralmente apontado como sendo sua maior desvantagem. Entretanto, a elevada eficiência luminosa associada à maior durabilidade das lâmpadas fluorescentes faz com que os custos iniciais sejam amortizados, em uma análise de médio a longo prazos, tornando vantajoso tal investimento. Mesmo assim, com o intuito de aumentar a atratividade destes sistemas de iluminação, o conceito de reatores eletrônicos capazes de operar múltiplas lâmpadas fluorescentes foi proposto [3], visando a redução dos custos de implementação associados a este sistema. Desta forma, este artigo apresenta um novo reator eletrônico com elevado fator de potência, destinado à operação de múltiplas lâmpadas fluorescentes tubulares. O estágio de entrada deste reator é um novo retificador Sepic com comutação em corrente nula (ZCS) e modulação por largura de pulso (PWM), controlado através da técnica de valores médios instantâneos de corrente. Já o estágio de saída do reator é composto por um clássico inversor Half-Bridge ressonante, o qual incorpora comutação em tensão nula (ZVS) em seus dispositivos semicondutores, controlado por um regulador de baixo custo, o IR2155, adaptado para alimentação de cinco lâmpadas fluorescentes 40W-T12. II. O NOVO REATOR ELETRÔNICO COM ELEVADO FATOR DE POTÊNCIA A Figura 1 mostra o novo reator eletrônico proposto. O estágio retificador Sepic ZCS-PWM incorpora uma nova célula de comutação derivada de [4], na qual os interruptores ativos S1 e S2 são acionados de forma ZCS e bloqueados em corrente e tensão nulas (ZCZVS), enquanto que os diodos D1 e D2 apresentam entrada em condução do tipo ZVS. O estágio inversor é um conversor Half-Bridge acoplado a filtros ressonantes (Ls(n), Cs(n) e Cp(n)). Informa-se ainda que os interruptores S3 e S4 apresentam entrada em condução do tipo ZVS. A análise deste novo reator eletrônico pode ser realizada com a apresentação individual de seus dois estágios, uma vez que ambos são operados de forma independente. A. O Novo Retificador Sepic ZCS-PWM com Elevado Fator de Potência A análise desta nova estrutura é desenvolvida com base nas seguintes considerações simplificadoras: todos os componentes são ideais; a tensão de alimentação é considerada praticamente constante (Vin(ωTi)) durante um período genérico de chaveamento (Ti=TSepic), pois a freqüência de operação do conversor (fSepic) é muito maior do que a freqüência da rede de CA (fCA). O filtro de entrada (Lin) associado à ponte de diodos (Dr1 a Dr4) é substituído por uma fonte de corrente retificada (Iin(ωt)), e seu valor é assumido constante (Iin(ωTi)) durante um período genérico de chaveamento (Ti); a indutância de acumulação (LM) é suficientemente elevada para ser assumida como uma fonte de corrente constante (IM(ωTi)), cujo valor pode ser definido a partir da equação (1), durante um período genérico de chaveamento. ( ) ( )M i o(nom) iI T .I . sen T2 π ω = ω , (1) sendo: Io(nom)= valor médio nominal da corrente de saída do estágio retificador; a capacitância de acumulação (Ce) é elevada o bastante para ser considerada uma fonte de tensão constante (VCe(ωTi)=Vin(ωTi)= valor instantâneo da tensão de alimentação retificada), durante um período genérico de chaveamento (Ti); a tensão de saída (Vo) do estágio retificador é constante. 1) Etapas de funcionamento A Figura 2 mostra as principais formas de ondas idealizadas em conjunto com as etapas de funcionamento do retificador proposto, durante um período genérico de chaveamento. Pode-se notar, com base na Figura 2.a, que o interruptor principal S1 é acionado em ZCS, em t=t0, o mesmo ocorrendo com o interruptor auxiliar S2, em t=t2. Além disso, ambos são bloqueados simultaneamente, no decorrer da sexta etapa de funcionamento (∆t6=t6-t5), em ZCZVS. Informa-se que os diodos D1 e D2 são levados à condução de forma ZVS, em t=t3 e t=t8, respectivamente. Adicionalmente, informa-se que nesta célula de comutação proposta, o diodo D1 não conduz em conjunto como diodo D2, deficiência apresentada nas concepções anteriores desta célula [4 e 5], permitindo o aumento do rendimento da estrutura. 2) Condições para obtenção de comutação ZCS Com o intuito de se garantir a obtenção de comutação ZCS para os interruptores ativos S1 e S2, conforme descrito anteriormente, é necessário que as restrições impostas pelas inequações (2) e (3) sejam conjuntamente satisfeitas. r2 r1 L 1 L β = < (2) Conjunto n ... Conjunto 2 Conjunto 1 C r L r1 Lr2 D r3 Lin D r1 D r4 D r2 C e L m S1 S2 D1 C o Vin(ωωωω t) Iin(ωωωω t) D2 S3 S4 Cp1 C s1Ls1 L  M P 1 I o V o VAB Vlamp A B Figura 1 – Novo reator eletrônico com elevado fator de potência para múltiplas lâmpadas fluorescentes. Eletrônica de Potência – Vol. 6, n° 1, Dezembro de 200118 C r L r1 Lr2 S2 Vo D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S1 D1 C r L r1 Lr2 S2 Vo D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S1 D1 (1a) [t0, t1] (2a) [t1, t2] C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S2S1 D1 C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S2S1 D1 (3a) [t2, t3] (4a) [t3, t4] C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S2S1 D1 C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S2S1 D1 (5a) [t4, t5] (6a) [t5, t6] C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti) Iin(ωωωω Ti) S2S1 D1 C r L r1 Lr2 V o D2 IM(ωωωω Ti) VCe(ωωωω Ti)
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