Buscar

Web Aula 1

Prévia do material em texto

Web Aula 1
Título: A FORMAÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA NO ESTADO MODERNO: DE MAQUIAVEL A MONTESQUIEU
 
Olá, alunos do curso de Serviço Social da UNOPAR! Quero lhes dar as boas-vindas, mas agora nesta disciplina de Ciência Política, lembrando que já estivemos juntos no primeiro semestre, em Antropologia. Agora, nosso desafio será entendermos melhor como nossa vida é influenciada pelas ações e decisões do conjunto da sociedade e daqueles que detêm o poder (em especial o poder político na esfera do Estado). Então, para começarmos, que tal uma reflexão sobre uma das concepções mais comuns a respeito do universo da política? Vejam esta citação do professor Luís Felipe Miguel, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e pesquisador do CNPq:
	As pessoas não confiam nos políticos. A frase de Voltaire, escrita no século XVIII, expressa algo que se aproxima do senso comum do século XXI. Os integrantes da elite política, aqueles que ocupam ou almejam ocupar os cargos de poder da estrutura de Estado, são vistos como auto-interessados, oportunistas, inconfiáveis, desprovidos de princípios, egoístas e, mesmo, corruptos. Na atividade política, encontram vantagens pessoais, prebendas, mordomias. Um fosso os separa dos cidadãos comuns, que vivem do próprio trabalho e enfrentam as dificuldades do dia-a-dia. Em diferentes graus, essa percepção negativa dos políticos está presente em países ricos e pobres, em velhas e novas democracias. (MIGUEL, 2008, p.250)
 
Referência: MIGUEL, Luis Felipe. A mídia e o declínio da confiança na política. Sociologias [online]. 2008, n.19, pp. 250-273.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/n19/a11n19.pdf>. Acesso: 24 de julho de 2010.
 
 
  
Para Jardim Jr (s/d)* “A política consiste em aplicar-se, na prática, intenções e princípios” (p.16) em benefício da sociedade, isto é, do chamado “bem comum” (dos interesses da maioria). Também afirma que “Não merecem complacência os políticos que procuram conquistar partidários à custa de promessas irrealizáveis” (p.16), referindo-se ao problema da desonestidade e dos particularismos, um dos grandes males da política no mundo todo. Mas o autor defende que é preciso “distinguir, portanto, entre o político desonesto que promete o que não tem possibilidade de cumprir, simplesmente para obter vantagens para si mesmo ou seu partido, e o político que defende um programa que realmente deseja transformar em realidade, mas que vê frustrados seus intentos” (p.17). 
	 E o que você pensa a respeito da política???
É preciso destacar que quando o assunto é política, entram em cena as relações de poder entre os homens, os governos (que devem governar para o bem da coletividade), e também a ética, isto é, o conjunto de princípios e regras de conduta voltados para garantir os interesses da sociedade como um todo. Além disso, política também implica em participação e controle social, especialmente em relação às questões que envolvem os interesses e necessidades do conjunto da sociedade.
* JARDIM JR, D. O que todo brasileiro deve saber sobre política. RJ: Edições de Ouro, s/d.
E, por falar em ética, sugiro que assistam ao vídeo abaixo, do Prof. Paulo Guiraldelli, filósofo, que apresenta uma idéia geral acerca do conceito.
Agora, quero propor um aprofundamento nas idéias dos precursores da Ciência Política, os filósofos que contribuíram diretamente com a formação do Estado Moderno...  Vamos começar com Maquiavel? Assistam ao vídeo...
Maquiavel: Filosofia da Idade Moderna
A afirmação abaixo, extraída de “O Príncipe”, de Maquiavel, nos mostra o modo como esse pensador procurou explicar as relações de poder e os governos através de uma visão profundamente realista.
“É necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender a não usar apenas a bondade (...). Bem sei que cada qual admitirá que seria coisa muito louvável que num príncipe se encontrassem, de todas as qualidades que acima arrolei, aquelas que são julgadas boas. Todavia, visto que não pode possuí-las todas, nem de todo praticá-las, dada a condição humana que o veda, o príncipe terá de mostrar-se prudente o bastante” (Maquiavel, 1999, p.88)
Maquiavel, N. O Príncipe. Porto Alegre: L&PM, 1999.
Nicolau Maquiavel
Aproveito para sugerir a leitura do artigo indicado, de Helton Adverse, clicando no link a seguir.
	MAQUIAVEL, A REPÚBLICA E O DESEJO DE LIBERDADE
Trans/Form/Ação, São Paulo, 30(2): 33-52, 2007
Como mencionei na tele-aula, outro grande nome da Ciência Política é Thomas Hobbes. Ele concebe o Estado como o grande agente responsável por organizar a sociedade e zelar por ela através da instituição de leis. Vejam como ele se expressa diante desta questão:
“Entendo por leis civis aquelas leis que os homens são obrigados a respeitar (...). E em primeiro lugar é evidente que a lei, em geral, não é um conselho, mas uma ordem. E também não é uma ordem dada por qualquer um, pois é dada por quem se dirige a alguém já anteriormente obrigado a obedecer-lhe (...), a pessoa do Estado” (p.207)
HOBBES, T. Leviatã. SP: Nova Cultural, 1997 (Os Pensadores).
Thomas Hobbes
Ele deposita sua análise no contrato social, isto é, no pacto coletivo feito espontaneamente pelos homens a fim de preservarem sua existência, e na necessidade do Estado e das leis. 
Aprofunde os conhecimentos:
Acredito que a leitura dos comentários abaixo, sobre a idéia de “direito” em Hobbes, contribui com essa discussão. Vale a pena conferir!
	 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732009000200002&lng=pt&nrm=iso
 Como esses pensadores viveram e produziram suas obras em pleno contexto dos governos absolutistas da Europa, sugiro a leitura da página abaixo para maior aprofundamento:
	http://contextopolitico.blogspot.com/2008/12/histria-moderna-o-absolutismo-um-rei.html
Por fim, vamos agora a um trecho de John Locke, filósofo liberal, também tratado na tele-aula. Observem que ele defende a existência do poder legislativo a fim de assegurar a toda a sociedade seus direitos naturais por meio da ação do Estado.
John Locke
“os homens reuniram-se em sociedades (...) para proteger e defender suas propriedades (...). Foi com esta finalidade que os homens renunciaram a todo o seu poder natural e o depuseram  nas mãos da sociedade em que se inseriram, e a comunidade social colocou o poder legislativo nas mãos que lhe pareceram as mais adequadas; ela o encarregou também de governá-los segundo leis promulgadas, sem as quais sua paz, sua tranquilidade e seus bens permaneceriam na mesma precariedade que no estado de natureza” (Locke, 1999, p.165)
LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo Civil. 2ed. Petrópolis: Vozes, 1999 (Clássicos do Pensamento Político). 
 Você concorda que as leis são necessárias para a vida em sociedade?
Por fim, vamos agora retomar as idéias de Montesquieu. Vejam os trechos de cada um, nas sua obras de maior referência.
Lembrando que Montesquieu defendeu a necessidade de três poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – e a Monarquia Constitucional.
Barão de Montesquieu
“O governo monárquico tem uma grande vantagem sobre o despótico. Como é próprio de sua natureza existirem, sob a dependência do príncipe, várias ordens que se relacionam com a Constituição, o Estado é mais estável, a Constituição mais sólida, e a pessoa dos que governam mais garantida” (Montesquieu, 1997, p.97) 
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. v1. SP: Nova Cultural, 1997 (Os Pensadores)
Aprofunde os conhecimentos:
Proponho a leitura das palavras de Francisco Antônio de Andrade Filho e Cristian Charles Oliveira de Holanda, em “Crítica de Montesquieu à corrupção política”, clicando no link a seguir.
	http://www.mauriciodenassau.edu.br/artigo/listar/rec/85
Agora acessem o FORUM e postem suas respostas para as questões formuladas nesta aula. Muito obrigada e até a próxima aula!
Web Aula 2
Título: A Política Segundo Rousseau, Tocqueville, Marx e Weber
 
 
Bem, alunos e alunas de Serviço Social, antes de darcontinuidade às nossas conversas sobre os pensadores clássicos da Ciência Política (que, aliás, nesta aula serão Rousseau, Tocqueville, Marx e Weber) quero apresentar mais algumas considerações sobre os conceitos de Estado Moderno e Sociedade Civil, ambos inaugurados a partir das idéias desses pensadores. Vejamos:
 
 
Para iniciar, proponho a seguinte leitura: “O Estado Moderno: da gestão patrimonialista à gestão democrática”, de Neusa Chaves Batista, no link abaixo:
A autora contextualiza muito bem a formação do Estado Moderno, afirmando que: 
“A construção histórica, político e social do Estado Moderno encontra-se  vinculada às profundas transformações ocorridas principalmente, nos séculos XIV, XV, XVI, quando começa a gradativa superação do modo de produção feudal e o surgimento do capitalismo mercantil. Estes eventos desencadearam a redefinição da organização do Estado que paulatinamente, começava a delinear-se a partir das revoluções burguesas. Foi assim que no final do século XVII, a lei divina, como fundamento das hierarquias políticas, começava a ser substituída pela formulação sistemática dos direitos naturais e a atribuição ao Estado da realização do bem comum”
Vejam como é importante contextualizarmos historicamente...
	Os teóricos da Política enfatizavam que todo Estado Moderno deveria ter, necessariamente, um sistema de governo, cujos representantes (eleitos ou não pelo povo) teriam o dever e o poder de conduzir ações de interesse coletivo, assegurar a execução das leis, a ordem social, seu desenvolvimento e a sua condição de soberania (nas relações internas e externas). Além disso, os chamados “contratualistas” (os primeiros filósofos da Política moderna) ainda não falavam em “sociedade civil”, termo que surgiu somente no século XVIII. Até então, concebia-se a idéia de que a sociedade se organizava coletivamente, pactuando um “contrato social” inicialmente informal, e depois na forma de leis formais.
	
Sendo assim, pode-se dizer que o Estado é formado pela sociedade civil, e esta, por sua vez, dele depende (formulação e execução de leis, organização e controle das instituições sociais, etc).
Rousseau
Para Rousseau, filósofo iluminista (ao lado de Montesquieu e Locke), todo Estado tem que ser governado pela democracia, e a sociedade deve eleger seus representantes para trabalhar em favor dos interesses da coletividade. A todos deve ser assegurado direitos iguais. Observem suas palavras:
“o pacto social estabelece entre os cidadãos uma igualdade tal, que eles se obrigam todos debaixo das mesmas condições, e todos devem gozar dos mesmos direitos. Assim, pela natureza do pacto, todo o ato de soberania, isto é, todo o ato autêntico da vontade geral obriga ou favorece igualmente todos os cidadãos, de maneira que o soberano só conhece o corpo da nação e não distingue nenhum daqueles que a compõem” (p.44)
ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social. SP: Martin Claret, 2000 (A obra-prima de cada autor).
Aprofunde os conhecimentos:
Para saber mais a respeito do Iluminismo, acessem o endereço abaixo:
	http://www.scielo.br/pdf/trans/v28n1/29409.pdf
E, por falar em democracia na visão dos teóricos clássicos da Ciência Política, vamos ver também as idéias de Tocqueville.
Tocqueville
Sobre a concepção de democracia neste pensador, Silva (2007)* afirma que:
“Daí a afirmação de Tocqueville de que os anglo-americanos que se instalaram no Novo Mundo se encontravam num estado de igualdade social, pois, entre eles, não havia homens de baixo nascimento, nem pobres. Ao invés disso, eram homens com “maior igualdade de fortuna e de intelecto” (1969: 66). Essa igualdade de condições existente entre os anglo-americanos foi o fator decisivo para que, na prática, a democracia fosse instalada na América, garantindo que, constitucionalmente, a soberania fosse colocada nas mãos do povo e não nas mãos de um só ou de poucos. É a igualdade geradora do gosto pela liberdade que levaria a Nova Inglaterra a respeitar as liberdades provinciais e a criar, depois da luta das colônias pela independência, uma constituição democrática e um sistema federativo, onde seriam contemplados não só os interesses comuns existentes entre elas, mas também as diversas aspirações provinciais”  
SILVA, J. O. O poder político na visão de Tocqueville: um diferencial entre antigos e modernos. Revista Espaço Acadêmico. N.75. Ano VII, ago/2007.
Acessem este artigo na íntegra pelo link:
	http://www.espacoacademico.com.br/075/75silva.htm
Nas mãos do povo...
Por que será, que no caso da democracia brasileira o povo não parece se importar com as questões da política???
Agora, vamos ver o que dizem Marx e Weber sobre a política....
“na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência (...). Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência” (Marx, 1982, p.25)
MARX, K. Para a crítica da economia política. SP: Abril Cultural, 1982 (Os Economistas)
Vejam que Marx concebe a política como um dos pilares do modo de produção capitalista, ao lado da superestrutura jurídica. Para este pensador, a sociedade como um todo é levada a aceitar a realidade como ela se apresenta, sem conseguir perceber os mecanismos de reprodução do capital que são respaldados pelo Estado – um Estado burguês, portanto.   
Que tal um vídeo que trata da alienação típica dos nossos tempos???
Então não temos escolha???
Aprofunde os conhecimentos:
Mias uma sugestão: a leitura das palavras do filósofo Paulo Guiraldelli Jr, em:
	Marx e Weber, românticos na contramão somente para leitores inteligentes
http://ghiraldelli.wordpress.com/2008/07/14/marx-e-weber-romanticos-na-contra-mao/
Para Weber, que vocês também já viram em Sociologia e na tele-aula desta disciplina, a política deve ser realizada com a ajuda da ciência, sendo esta considerada um instrumento de saber a serviço da sociedade como um todo. Vejam o que ele diz a respeito do papel dos homens que fazem a política:
“Qualquer um que deseja dedicar-se à política e, em especial, aquele que deseja dedicar-se à política em termos de vocação, deve tomar consciência dos paradoxos éticos e da responsabilidade” (P.121), e, além disso, “ vemos que a ética da convicção e a ética da responsabilidade não se contrapõem, mas se completam e, juntas, formam o homem autêntico, ou seja, um homem que pode aspirar à vocação política” (p.123)
WEBER, M. Ciência e Política: duas vocações. SP: Martin Claret, 2004. (A obra-prima de cada autor)
E vocês, veem algum fundamento na tese de Weber?
Aprofunde os conhecimentos:
Para saber mais sobre as idéias políticas de Weber, proponho que leiam o livro citado acima. É muito interessante a análise que faz sobre a distinção entre o papel do cientista e o do político. Vale a pena conferir!
E, para finalizar esta unidade, proponho agora que assistam ao vídeo abaixo, que retoma algumas idéias de Weber, Estado Moderno e poder. É bem interessante!
O que eh Politica? (Filosofia) – 2
E agora, só para descontrair um pouco, que tal uma charge bem humorada e crítica sobre os “homens da política” ???
Vocês acreditam que todo político é desonesto???
Agora acessem o FORUM e postem suas respostas para as questões formuladas nesta aula. Muito obrigada e até a próxima aula!
1) A política consiste em aplicar-se, na prática, intenções e princípios em nome do:
Alternativas:
a) minorias
b) indígenas
c) bem comum
d) indivíduos
2) É preciso "distinguir, portanto, entre o político desonesto que promete o que não tem possibilidade de cumprir, simplesmentepara obter vantagens para si mesmo ou seu partido, e o político que defende um programa que realmente deseja transformar em realidade, mas que vê frustrados seus intentos". Quando tratamos de política, tratamos de:
Alternativas:
a) ética, relações de poder e governos
b) passividade e desorganização
c) desonestidade e corrupção
d) controle e desorganização
3) Um governante, segundo Maquiavel deve possuir várias características, dentre elas:
I-conhecer a realidade de seu país e de seu povo
II-ser leão e raposa
III-saber escolher bem seus ministros
IV-não se relacionar com o povo.
Alternativas:
a) II e IV estão corretas
b) I, II e III estão corretas
c) somente a I está correta
d) I e IV estão corretas
4) De acordo com Hobbes, o contrato social é um:
Alternativas:
a) contrato entre indivíduos obrigatório
b) contrato de trabalho espontâneo
c) pacto de trabalho obrigatório
d) pacto coletivo espontâneo
5) O Estado, para Rousseau, deve ter como características:
Alternativas:
a) A democracia e escolha dos representantes para trabalhar em favor dos interesses da coletividade.
b) A defesa dos interesses particulares, a todos deve ser assegurado direitos de acordo com a sua necessidade
c) A força. Para Rousseau o estado deve ter a força para limitar a violência humana
d) Deve se dividir em 3 poderes: legislativo, executivo e judiciário

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes