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Segundo a melhor doutrina, o princípio da irretroatividade in pejus não se aplica às medidas de segurança. Conforme veremos mais adiante, nos crimes continuados e permanentes, a novatio legis in pejus também é permitida se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade da permanência. 
- A exceção é a retroatividade in mellius = quando a lei vier, também, de qualquer modo, favorecê-lo. 
• CF/88, art. 5º, inciso XL: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
A novatio legis in mellius será sempre retroativa. 
• CP, Art. 2º, parág. único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente aplica-se a fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
IPC: Ressalva - Sucessão de leis temporárias ou excepcionais (ver adiante). 
Ex.: Dirigindo seu automóvel, Maria praticou no trânsito um crime de homicídio culposo no dia 1º. de setembro de 1997. O § 3º do art. 121 do Código Penal prevê uma pena de detenção de um a três anos para essa modalidade de infração penal. O processo, depois de concluídas as investigações, teve início em 5 de novembro daquele mesmo ano, estando os autos conclusos para julgamento brasileiro (Lei 9.503/97). Por intermédio de seu art. 302, o novo Código de Trânsito, almejando punir com mais rigor os motoristas causadores de homicídios culposos, criou uma nova figura típica que prevê a detenção de 2 (dois) a 4(quatro) anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
Pergunta-se: as novas disposições criminais do Código de Trânsito poderiam retroagir a fim de alcançar à sua vigência; ou o Código Penal, por ser mais benéfico, será ultra-ativo? 
A regra que deverá prevalecer, em obediência às determinações constitucionais, será a da ultra-atividade do Código Penal. 
IPC2.: Retroatividade da jurisprudência: E se em vez de uma lei penal estivermos diante de interpretação de Tribunais Superiores (e.g. súmulas, decisões reiteradas...)? Tal entendimento poderá retroagir, alcançando fatos passados? 
 Poderá a nova interpretação ser produzida contrariamente ao réu? Não! Uma vez que o agente acreditava, em decorrência de decisões anteriores, ser lícito o seu comportamento, devendo ser beneficiado, portanto, com a excludente de culpabilidade correspondente ao erro de proibição. Ex.: topless na praia – ato obsceno. 
 Quando a nova interpretação for benéfica ao réu deverá obrigatoriamente retroagir: Em nova 
interpretação, o STJ afastou a aplicação da Súmula 174, que entendia que a arma de brinquedo poderia ser considerada causa especial de aumento de pena do delito de roubo. Tendo a corte mudado o seu posicionamento, o agente que fora condenado com a majorante do emprego de arma de fogo, deverá ingressar com revisão criminal a fim de ver afastada essa causa especial de aumento de pena. 
- Com a chamada sucessão de leis no tempo, podemos ter ainda: 
a) Lei intermediária: Surge após a data da ocorrência do fato criminoso, mas é revogada antes da sentença condenatória; isto é, a lei a ser aplicada não é nem aquela vigente à época dos fatos, nem aquela em vigor quando da prolatação da sentença. Sendo mais favorável ao réu tem o condão de gerar tanto os efeitos da retroatividade, quanto da ultratividade. 
- Verifica-se aqui que a regra da extra-atividade é absoluta, no sentido de sempre ser aplicada ao agente a regra que mais lhe favoreça, não importando o momento de sua vigência, nem mesmo se este for entre a data do fato e a data da sentença. Assim, se entre as leis que se sucedem, surge uma intermediária mais benigna, embora não seja nem a do tempo do crime nem daquele em que a lei vai ser aplicada, essa lei intermediária mais benévola deve ser aplicada, por força do art. 2º, parágrafo único, do CP. 
b) Temporárias ou excepcionais: 
- Devem ser revogadas depois de encerrado o período de sua vigência, ou cessadas as circunstâncias anormais que a determinaram 
- Temporária: traz expressamente o dia do início, bem como o do término de sua vigência. 
Excepcional: editada em virtude de situações igualmente excepcionais (anormais), tendo, portanto, vigência limitada pela própria duração da situação que levou à sua edição. Ex.: Leis que foram editadas visando regular fatos ocorridos durante estado de guerra ou calamidade pública. 
Sucessão de leis temporárias ou excepcionais 
• CP, art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. 
≠ A novatio legis in mellius será sempre retroativa: 
• CF/88, art. 5º, inciso XL: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
• CP, Art. 2º, parág. único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente aplica-se a fatos anteriores (...). 
- Divergência doutrinária: Há colisão dessas espécies de leis com o princípio da retroatividade da lex mitior, previsto no art. 5, XL, da CRFB/88? As leis temporárias e excepcionais dispõem de ultratividade em desfavor do réu? 
1. O art. 3º. do CP não foi recepcionado pela atual Constituição, para fins de aplicação de lei anterior em prejuizo do agente. Em outros termos, a CRFB/88 questiona duramente a exceção aberta pela lei (CP, art. 3), e não ressalva a possibilidade da ultra-atividade in pejus das leis temporárias e excepcionais. Sempre que a lei anterior for benéfica, deverá gozar dos efeitos da ultra-atividade; ao contrário, sempre que a posterior beneficiar ao agente, deverá retroagir. 
2. As leis temporária e excepcional são ultra-ativas no sentido que seus preceitos continuam valendo mesmo após cessada sua vigência. Isso para evitar sua ineficácia. A ultra-atividade da lei temporária ou excepcional não atinge os princípios constitucionais de nosso Direito Penal porque a lex mitior que for promulgada ulteriormente para um crime que a lei temporária pune mais severamente não retroagirá porque as situações tipificadas são diferentes. (...) não há alteração do estado jurídico do fato, no sentido de tornar mais benigna a repressão penal, mas ausência das situações que justificavam a maior punibilidade. 
Permissão de Novatio Legis in Pejus nos crimes continuados e permanentes: 
• STF, Súmula 711/2003: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade da permanência. 
- Crime permanente: quando a execução do crime se prolonga no tempo, de modo a que se confunda com a própria consumação. Ex.: CP, art. 148 (crime de sequestro) - Crime continuado (CP, art. 71): 
• CP, art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Ex.: Durante um crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP), o agente privou a vítima de sua liberdade enquanto estava em vigor a Lei “A”. Depois da entrada em vigor da lei B, que agravava, por exemplo, a pena cominada pela legislação anterior, a vítima ainda não tinha sido libertada, pois os sequestradores ainda estavam negociando a sua libertação.  Aplicar-se-á a Lei “B”. (vide STF, Súmula 711) 
Abolitio Criminis: Quando o legislador resolve não mais continuar a incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa. 
• CP, art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
- Efeitos: 
1. Extinção da punibilidade (CP, art. 107, III) de todos os fatos ocorridos anteriormente à edição da lei nova, cessando-se todos os efeitos penais da sentença condenatória. 
• CP, art. 107. Extingue-se a punibilidade: 
III – pela retroatividade da lei que nãomais considera o fato como criminoso. 
- Pode ocorrer: fase policial e judicial 
a) inquérito em andamento: os autos devem ser remetidos ao judiciário para que o Ministério Público proceda ao seu arquivamento; 
b) denúncia recebida: declarada de ofício pelo juiz (CPP, art. 61); 
c) processo em fase de recurso: reconhecida pelo Tribunal; 
d) depois do trânsito em julgado: competência do juízo das execuções. 
2. O nome do agente deve ser retirado do rol dos culpados. (CP, art. 2. “(...) cessando a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”) . Vale lembrar, no entanto, que os efeitos civis da sentença condenatória permanecem. 
3. Com a sentença penal condenatória transitada em julgado forma-se, para a vítima da infração penal, um título executivo de natureza judicial (CPC, art. 475-N, II; e, CPP, art. 63, § único). 
• CPP, art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cívil, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Abolitio Criminis Temporalis (suspensão da tipicidade): Situação em que a aplicação de um determinado tipo penal encontra-se suspensa, não permitindo, assim, a punição do agente que pratica o comportamento típico durante a suspensão. Ex.: Posse irregular de arma de fogo de uso permitido, prevista pelo art. 12 do E
statuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Lei 11.706/2008 deu nova redação aos artigos 30 e 32 do E.D, determinando prazo para que os proprietários que ainda não houvessem registrado sua arma, assim o fizessem. Em decorrência desta última lei, naqueles períodos não acobertados pelas prorrogações dos prazos fixados nos artigos 30 e 32 do E.D., todos os cidadãos processados e condenados por infração ao artigo 12 do referido estatuto, foram beneficiados pela abolitio criminis temporária. Assim, vejamos: 
1º. ) Visando o recadastramento e/ou a entrega espontânea das armas de fogo não registradas, o legislador cuidou de fixar prazos (artigos 30 e 32) para que os cidadãos pudessem se adaptar a novel legislação. Estatuto do Desarmamento art.30 e 32 (redação originária): 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo não registradas deverão, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, solicitar o seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da origem ilícita da posse, pelos meios de prova em direito admitidos. 
Art.32. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas deverão, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e, presumindo-se a boa-fé, poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta Lei. 
2º.) Sucessivas modificações para o estabelecimento de novos prazos / prorrogações (Lei 10.884/04, Decreto n.° 5.123/04, Lei 11.118/05, Lei 11.191/05); 
3º.) Por fim, com a Lei n°. 11.706, de 19.06.2008, fixou-se a data limite de 31.12.2008 para o cumprimento das determinações previstas nos artigos 30 e 32, passando ambos os artigos a figurarem com a seguinte redação: 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. 
OBS.: Mesmo antes da modificação efetuada pela Lei 11.706/2008, o STJ já vinha reconhecendo a abolitio criminis temporalis. Segundo julgado da 6ª Turma do o STJ (HC 100561/MT/2009), ninguém poderia ser processado antes do término do prazo legal. 
Princípio da Continuidade Normativo-Típica ( ≠ abolitio criminis): Quando um determinado tipo penal incriminador é expressamente revogado, mas seus elementos migram para outro tipo penal já existente ou criado por uma nova lei, não ocorre abolitio criminis, mas permanência da conduta anteriormente incriminada, agora constando em um outro tipo penal. Ex.: Elementos do delito de atentado violento ao pudor (revogado pela Lei 12.015/2009), migraram para a nova figura típica do art. 213, do CP. Vejamos: 
• CP, Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Cominação de Leis: Quando, a fim de atender aos princípios da ultra-atividade e retroatividade in mellius ao julgador é dada a possibilidade de extrair de dois diplomas os dispositivos que atendam aos interesses do agente, desprezando os que o prejudiquem. Ex.: Leis 6368/76 e 11.343/2006 – de acordo com o revogado art. 12, a pena mínima cominada ao delito de tráfico de drogas era de 3 (três) anos. Na novatio legis, em seu atual art. 33, ela foi aumentada para 5 (cinco) anos, prevendo causa especial de diminuição de pena (art. 33, § 4º.)  Na hipótese de crime de tráfico ocorrido na vigência da Lei 6368/76, o julgador deverá, além de partir, obrigatoriamente, da pena mínima (três anos), aplicar a causa de redução prevista na Lei 11.343/2006, se o caso assim o permitir. Conjuga-se, assim, em benefício do agente, os dois diplomas legais. Aqui, não há, portanto, criação jurisdicional de terceira norma, mas, em estrita obediência ao disposto no inciso XL, do art. 5º, CRFB/88, uma nova valoração da conduta do agente (“pequeno traficante”). IPC.: Existe, todavia divergência jurisprudencial quanto ao tema: apenas nas hipóteses em que o réu for primário, de bons antecedentes, não se dedicar às atividades criminosas, nem integrar organização criminosa. 
Competência para “aplicação” da Lex Mitior: fase investigatória: Ministério Público – deve oferecer a denúncia com base no novo texto; processo em andamento: juiz ou tribunal; 
 transitada em julgada sentença penal condenatória: 
- REGRA – juízo das execuções (LEP, art. 66, I), sempre que a aplicação importar num cálculo meramente matemático; e.g, nova lei cria uma causa geral de diminuição de pena em consideração à idade do agente ao tempo da ação, bastando ao juiz apenas conferir a identidade do agente nos autos. 
- Tribunal competente para apreciação do recurso, via ação de revisão criminal, quando o mérito da ação penal tiver de ser analisado; e.g, se o juiz tiver de avaliar a participação do agente, para poder avaliar se fora de menor importância O juiz da VEP não tem competência para adentrar no mérito da ação penal de conhecimento. 
Apuração da maior benignidade da lei: 
Doutrina: em caso de dúvida sobre a lei mais favorável, o réu deverá ser consultado. 
Irretroatividade da Lex Gravior e Medidas de Segurança (vide CP, art. 96 e s.s): 
Doutrina: o princípio da irretroatividade in pejus não se aplica às medidas de segurança, já que estas diferem da pena quanto à sua finalidade. Diz-se que as medidas de segurança tem caráter curativo. 
Lex Mitior e Vacatio Legis (*)(vide CRFB/88, art. 59): 
É preciso aguardar a vigência da novatio legis para a sua aplicação quando se tratar de novatio legis in melius? 
 Decisão doutrinária e jurisprudencial não unânime – aplicação do princípio constitucional da benignidade: a lei penal mais benigna tem aplicação imediata não se sujeitando ao período da vacatio legis, em razão dos princípios inscritos no art. 5, XL e parág. 1, da CRFB/88. 
(*) Períodoque decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor. A vigência da lei deve “contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de pequena repercussão” (Lei complementar 95/98) 
Vacatio Legis Indireta 
Hipótese em que a lei, além do seu período normal de vacatio legis, prevê em seu corpo, um outro prazo para a aplicação de determinados dispositivos. 
Ex.: art. 30 da Lei 10826/2003 (Estatuto do Desarmamento) com a nova redação da Lei 11706/2008. 
LEIS NO ESPAÇO  Direito Penal Internacional 
- Identificar lugar do crime (teoria da atividade, teoria do resultado, teoria mista ou da ubiguidade). O CP adotou a teoria da ubiguidade, importante solução na questão de crimes a distância. Assim: 
• CP, art. 6. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Ex.: Pablo, residente na argentina, envia uma carta bomba tendo como destinatário, José, vítima residente no Brasil. A carta-bomba chega ao seu destino e, ao abrí-la, a vítima detona o seu mecanismo de funcionamento, fazendo-a explodir, causando-lhe a morte.  Se adotada no Brasil a teoria da atividade e na Argentina a do resultado, o autor do homicídio ficaria impune. 
Princípio da Territorialidade: Diz respeito à aplicação da lei penal no espaço. Observe que o Código Penal brasileiro adotou uma teoria “temperada”, pois admite que o Estado, ainda que soberano deixe de aplicar em determinadas situações, em função de tratados, convenções e regras de direito internacional. Assim: 
• CP, art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
- Onde não houver soberania de qualquer país (alto-mar e o espaço aéreo correspondente) será aplicada à infração penal a bordo de aeronave ou embarcação de bandeira nacional, seja ela de natureza pública, ou a serviço do governo brasileiro, mercante ou de propriedade privada. 
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
- As aeronaves e embarcações de natureza pública ou à serviço do governo estrangeiro são consideradas extensão do território correspondente à sua bandeira, tal como previsto no parágrafo anterior para as aeronaves ou embarcações de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro. 
Princípio da Extraterritorialidade 
- Refere-se à aplicação da Lei brasileira às infrações penais cometidas em países estrangeiros, além de nossas fronteiras. 
- Pode ser: condicionada ou incondicionada 
a) Incondicionada: Hipótese prevista no CP, art. 7, I. Refere-se a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro, sem que seja necessária a ocorrência de qualquer condição. Assim, de acordo com o referido artigo: 
• Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I – os crimes: 
a) contra a vida ou liberdade do Presidente da República (Princípio da defesa, real ou de proteção); 
b) contra o patrimônio ou fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedades de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
- Ainda que o agente já tenha sido condenado ou absolvido no estrangeiro, ele será punido pela lei brasileira. Em caso de condenação, o art. 8, do CP será aplicado, evitando-se, assim, que o agente seja punido pelo mesmo fato (bis in idem). Vejamos: • Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,ou nela é computada, quando idênticas. 
b) Condicionada: Prevista no art. 7, II, do CP, indica os crimes que ficam sujeitos à lei brasileira, mesmo tendo sido cometidos no estrangeiro (inciso II) e estabelece condições para a aplicação da lei brasileira (§ 2). Assim: 
• Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
II – os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da universalidade, da justiça universal ou cosmopolita); 
b) praticados por brasileiro (princípio da personalidade ativa); 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio da representação); 
§ 2 Nos caso do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
- Crimes cometidos no estrangeiro, contra brasileiro: Ainda que tenha sido praticado por estrangeiro, o crime cometido no estrangeiro contra brasileiro também fica sujeitos à lei brasileira  Aplicação do principio da defesa ou da personalidade passiva . É o que estabelece o Art. 7º, § 3, do CP, consideradas as condições prevista no § 2 do mesmo artigo. 
• CP, Art. 7º, § 3: A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições prevista no parágrafo anterior 
a) não foi pedida ou negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
- Hipóteses de grave violação de direitos humanos - Emenda Constitucional 45/2004: compete aos juízes federais processar e julgar as causas relativas aos direitos humanos a que se refere o § 5 do art. 109, CRFB88. São elas: 
• CRFB88, art. 109 § 5. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal 
de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

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