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pronome “se” é um índice de indeterminação do sujeito (pronome SE + verbo transitivo indireto), formando com o verbo “desviar” uma construção genérica (“Desviar- se dos sonhos é impossível”). Por apresentar um sujeito oracional reduzido do infinitivo (desviar), o verbo ser e o adjetivo impossível permaneceram neutros (masculino singular). Em relação a essa análise, se restar dúvida, volte a ler a Aula 1 – Verbo e Aula 2 - Concordância, nos pontos em que tratamos desse assunto. Veja como seriam preenchidas as lacunas das demais opções: (A) Como vimos, a oração que tem início com a conjunção que se liga diretamente à locução verbal (“Continuamos a avaliar”). Em uma locução verbal, devemos avaliar a transitividade do verbo principal; “avaliar” é um verbo transitivo direto, não devendo ser colocada nenhuma preposição antes da conjunção: “Continuamos a avaliar que seria melhor se você desistisse da eleição.”. (D) As duas orações são: 1ª - Todos os momentos ficaram impressos na minha memória. 2ª - Devaneamos ... todos os momentos. O verbo devanear, na acepção de “deixar-se ir em pensamentos vagos” é intransitivo (sem complemento) ou transitivo direto, com a preposição “em”. Como há complemento (“momentos”), devemos empregar esta última forma na oração (“Devaneamos em todos os momentos”). Quando é formado um único período para as duas orações, a preposição “em” deve anteceder o pronome relativo “que”, substituto da palavra “momentos”: “Todos os momentos em que devaneamos ficaram impressos na minha memória.” (E) O verbo ater-se (pronominal) é transitivo indireto, regendo a preposição “a”: “Alguém se atém a alguma coisa” (olhe a acentuação!). Na lacuna, emprega-se um pronome relativo que tem por referente a palavra “livros”. A oração subordinada adjetiva, antes da substituição pelo pronome e na ordem direta, seria: “[Eu] me ative aos livros”. Assim, a preposição “a” deve anteceder o pronome relativo “que”: “Dos livros a que me ative nos últimos dias, apenas dois têm grande valor.”. Em tempo e antes que alguém comece a se perguntar: “Dos livros”, que introduz o período, pertence à oração principal: “Apenas dois dos livros [a que me ative nos últimos dias] têm grande valor.” 2 - (TCE SP – Agente de Fiscalização Financeira / Dezembro 2005) As expressões de que e com que preenchem corretamente, nessa ordem, as lacunas da frase: (A)) O prestígio ...... o texto de Maquiavel desfruta até hoje é merecido, pois é um tratado político ...... muitos têm muito a aprender. (B) As qualidades morais ...... muitos estavam habituados a considerar como tais foram substituídas pelas políticas, no tratado ...... Maquiavel tornou uma obra basilar. (C) Os valores abstratos ...... muita gente costuma cultuar não tinham, para Maquiavel, qualquer aplicação ...... pudesse se valer na análise da política. (D) O adjetivo maquiavélico, ...... muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém, ganhou uma acepção ...... costumam discordar os cientistas políticos. (E) A leitura de O Príncipe, ...... muita gente até hoje se entrega, interessa a todos ...... se sintam envolvidos na lógica da política. Gabarito: A Comentário. Vamos analisar lacuna por lacuna. (A) “O prestígio ..... o texto de Maquiavel desfruta até hoje” – o verbo desfrutar, na construção, é transitivo indireto com a preposição “de” (Alguém desfruta de alguma coisa); o pronome relativo se refere a “prestígio”. Logo a primeira lacuna deverá ser preenchida com “de que”. Em seguida, na passagem “pois é um tratado político ..... muitos têm muito a aprender”, devemos analisar a transitividade do verbo principal da locução verbal “ter a aprender”. O verbo aprender, por estar acompanhado do advérbio “muito”, apresenta, na construção, a forma transitiva indireta, acompanhado da preposição “com” (da mesma forma que em “Eu aprendi muito com os meus erros”). Como o pronome relativo substitui a expressão “tratado político”, a construção deveria ser: “pois é um tratado político com que muitos têm muito a aprender”. Lacunas: de que / com que - esta é a resposta correta. (B) O verbo “considerar” é transitivo direto. Na oração “Muitos estavam habituados a considerar as qualidades morais” (termo este que será substituído pelo pronome relativo), não há necessidade do emprego de preposição alguma, já que o verbo considerar é transitivo direto. Assim, a primeira lacuna será preenchida somente com o pronome relativo: “As qualidades morais que muitos estavam habituados a considerar como tais...”. Na segunda lacuna, o pronome relativo exerce a função de objeto direto do verbo “tornar”. Este verbo é, na construção, transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, requer um predicativo do objeto direto (já falamos sobre isso na Aula 1 – Verbos, questão 31). Após a substituição do pronome relativo pelo substantivo (seu antecedente), a construção seria: “Maquiavel tornou o tratado uma obra basilar”, em que “o tratado” exerce a função de objeto direto e “uma obra basilar”, predicativo do objeto direto. Para deixarmos essa função de objeto direto bastante clara, vamos trocar o substantivo por um pronome oblíquo: “Maquiavel tornou-o uma obra basilar”. Observe que “obra basilar” tem valor adjetivo (atribui uma qualidade) em relação a “tratado”, e com ele não se confunde. O predicativo do objeto é uma função necessária à compreensão. Não haveria nexo se este elemento faltasse ao período: “Maquiavel tornou o tratado ...” – a pergunta provavelmente seria: tornou o tratado o quê? O elemento que completa essa oração exerce a função de predicativo do objeto. Como o objeto direto não requer preposição, na segunda lacuna há somente o pronome relativo: “no tratado que Maquiavel tornou uma obra basileira”. Lacunas: que / que (C) “Muita gente costuma cultuar alguma coisa” – o verbo cultuar (principal da locução) é transitivo direto. Assim, na primeira lacuna, há apenas o pronome relativo que se refere a “valores abstratos”: “Os valores abstratos que muita gente costuma cultuar...”. No segundo período, o verbo valer-se exige complemento indireto com a preposição “de” (Alguém pode se valer de alguma coisa). Essa preposição irá anteceder o pronome relativo: “qualquer aplicação de que pudesse se valer na análise da política.”. Lacunas: que / de que (D) O verbo utilizar é transitivo direto – “muitos utilizam o adjetivo maquiavélico”. Não há necessidade de se empregar preposição alguma – “O adjetivo ‘maquiavélico’, que muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém...”. Na seqüência, o verbo discordar (verbo principal da locução verbal) é transitivo indireto, com a preposição “de” (Alguém discorda de alguma coisa). Observe que a oração está na ordem invertida: “os cientistas políticos” é sujeito: “... ganhou uma acepção de que costumam discordar os cientistas políticos.” (equivalente a “os cientistas políticos costumam discordar da acepção”). Lacunas: que / de que (E) Alguém se entrega a alguma coisa – o verbo entregar-se (pronominal) é transitivo indireto com a preposição “a”. Esta preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui “a leitura de O Príncipe”: “A leitura de O Príncipe, a que muita gente até hoje se entrega...”. Na seqüência, temos um caso de regência nominal – o adjetivo “envolvidos” exige a preposição “em” (Alguém se sente envolvido em alguma situação). Esse complemento nominal já está representado por “na lógica da política”. Já o pronome relativo exerce a função de sujeito da oração subordinada adjetiva e se refere a “todos”: “todos se sintam envolvidos na lógica da política”. A construção seria: “... interessa a todos que se sintam envolvidos na lógica da política”. Lacunas: a que / que 3 - (TRE MG – Analista Judiciário / Julho 2005) Para entender o de que vou aqui tratar não é necessário saber o que são os buracos negros.