Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Restrições de liquidez • Hipótese implícita do modelo básico: as famílias podem tomar emprestado e emprestar livremente à taxa de juros r, desde que elas respeitem as suas restrições orçamentárias intertemporais. • E se existirem restrições à tomada de empréstimos? Restrições de liquidez • No mundo real, é muito comum existirem restrições de liquidez: a incapacidade das famílias tomarem emprestado apenas com base em suas rendas futuras. • Por que? Incerteza em relação à renda futura implica em um risco para os emprestadores. Nesse caso, eles exigem uma garantia para conceder os empréstimos. Restrições de liquidez • Porém, muitas famílias não têm garantia. A única coisa que elas têm a oferecer é uma perspectiva de uma renda alta no futuro. • Porém, isso não é suficiente, pois existem vários problemas de assimetria de informação no mercado de empréstimos. Restrições de liquidez • Quais são as conseqüências das restrições de liquidez para a teoria de alocação intertemporal do consumo desenvolvida no capítulo? • Algumas famílias não conseguiriam implantar o plano ótimo de consumo em função das restrições de liquidez. Restrições de liquidez • Para essas famílias, a função consumo Keynesiana tradicional seria uma boa formulação, pois a renda corrente seria o principal determinante do consumo. • Exs: Suponha uma família restrita que tem um nível de consumo atual abaixo do ótimo. Como ela reage ao recebimento de uma herança? E a uma queda temporária de imposto financiada por um aumento futuro de imposto de mesmo valor presente? Consumo e poupança agregada • Função consumo de cada família: • Ci=ciYpi • i=família • Se para toda família i a propensão marginal ci é a mesma (ci=c para todo i), então podemos colocar o consumo agregado em função da renda agregada: N i N i pii YcC 1 1 Consumo e poupança agregada • Mas e se ci variar entre as famílias? • Nesse caso a agregação seria um problema bem mais complicado. • Como poderíamos usar o que aprendemos até agora para analisar como ci varia com as famílias? • 1) Famílias mais impacientes (maior taxa de desconto intertemporal) tem maior propensão marginal a consumir. • 2) Famílias mais idosas (com um menor período de tempo de vida) tem maior propensão marginal a consumir. Consumo e poupança agregada • Dada a discussão anterior, como que a poupança agregada é afetada pela composição etária? • Em uma economia, geralmente coexistem jovens poupadores e idosos despoupadores (“gerações sobrepostas”). • Suponha que o crescimento da renda per capita e da população é igual a zero e o número de jovens e velhos é o mesmo. Nesse caso, a poupança dos jovens tenderia a ser compensada pela despoupança dos idosos e a poupança agregada da economia tenderia a ser 0 (pense no modelo de 2 períodos). Consumo e poupança agregada • Porém, em geral as economias apresentam crescimento da renda per capita e da população positivos. Isso quer dizer que em geral os jovens serão mais numerosos e mais ricos do que os idosos, o que fará com que a poupança agregada da economia tenda a ser positiva. • Relação entre demografia e poupança (Leff (1969)). Consumo, poupança e taxa de juros • Relembrando micro de novo: Uma variação do preço de um bem causa dois tipos de efeito: (i) efeito substituição (o bem está mais caro ou barato); (ii) efeito renda (o consumidor está mais pobre ou rico). • Mesma coisa para o caso da alocação de consumo intertemporal: aumento de juros é um aumento do preço do consumo atual em relação ao consumo no futuro. Esse aumento gera um efeito renda e um efeito substituição no consumo atual. Consumo, poupança e taxa de juros • É conveniente chamar a atenção que a direção do efeito renda no caso depende se o consumidor é um credor ou um devedor líquido. Caso ele seja um credor líquido, tem-se um efeito renda positivo. Caso ele seja um devedor, tem-se um efeito renda negativo. Consumo, poupança e taxa de juros • O efeito substituição não é ambíguo: aumento da taxa de juros faz com que o preço do consumo atual aumente em relação ao consumo no futuro, diminuindo o nível de consumo atual. • O efeito renda depende da posição inicial: • 1) Devedor líquido: aumento dos juros implica que a família está mais pobre. Logo, o efeito renda reforça o efeito substituição, diminuindo ainda mais o consumo atual. Logo, no caso de uma família devedora líquida um aumento da taxa de juros necessariamente causa uma queda do consumo atual e um aumento da poupança. Consumo, poupança e taxa de juros • 2) Credor líquido: aumento dos juros implica que a família está mais rica. Logo, um aumento de juros aumenta o consumo atual. Logo, no caso de uma família credora líquida um aumento da taxa de juros pode causar uma queda ou um aumento do consumo atual. • Em geral, os economistas supõem que os efeitos renda de credores e devedores se anulam no agregado, restando então apenas o efeito substituição. Por isso, a hipótese de que aumento de juros aumenta a poupança é usual nos modelos macroeconômicos. Consumo, poupança e taxa de juros • Família devedora líquida: A A’ B A B EFEITO SUBSTITUIÇÃO B A’ EFEITO RENDA Q1 Q2 E C1 C2 C’2 C’1 Consumo, poupança e taxa de juros • Família credora líquida: A A’ B A B EFEITO SUBSTITUIÇÃO B A’ EFEITO RENDA Q1 Q2 E C1 C2 C’2 C’1 Poupança das empresas e poupança familiar • O modelo do capítulo 4 estuda o comportamento da poupança das famílias. Porém, a poupança das empresas é um importante componente da poupança privada total (nos EUA a poupança das empresas é maior do que a das famílias). • Por que a poupança das empresas foi desconsiderada na análise? Poupança das empresas e poupança familiar • As famílias são proprietárias das empresas. Logo, se as empresas poupam mais as famílias podem reagir poupando menos pessoalmente e vice-versa. Dessa forma, para se analisar o comportamento da poupança total bastaria se analisar a poupança pessoal. • Como fazer uma análise formal desse argumento? Poupança das empresas e poupança familiar • Voltemos ao modelo de 2 períodos, só que para as firmas. A fonte de renda das firmas é o seu lucro em cada período. As firmas devem escolher no período 1 se distribuem seus lucros como dividendos às famílias (análogo ao consumo no caso das famílias) ou se poupam e investem em um ativo que rende a taxa de juros r (a mesma taxa que as famílias enfrentam). Poupança das empresas e poupança familiar • Nesse caso, pode-se mostrar que a restrição orçamentária intertemporal das firmas diz que o valor presente dos dividendos deve ser igual ao valor presente dos lucros das firmas. • Já a restrição orçamentária das famílias deve ser alterada para incluir os dividendos como fonte de renda. Poupança das empresas e poupança familiar • Substituindo o valor presente dos dividendos pelo valor presente dos lucros na RO das famílias, mostra-se que para as famílias o que importa é o valor presente do lucro total, não quando o lucro é pago sob a forma de dividendo. • Pode-se mostrar que mudanças na política de dividendos da firma não altera a decisão de consumo da família. Se a firma decide distribuir uma unidade a menos de dividendos no período 1 (poupar uma unidade a mais), a família não altera o consumo, o que vai fazer a poupança da família cair uma unidade. Logo, a poupança da família tem uma queda de mesma magnitudedo aumento da poupança da firma. Poupança das empresas e poupança familiar • Várias hipóteses fortes do modelo simples do capítulo 4 são necessárias para se chegar a conclusão de que o timing de distribuição de dividendos é irrelevante para as famílias: • (i) A taxa de retorno do investimento da firma é a mesma da família. • (ii) A política tributária é neutra em relação a distribuição de dividendos. • (iii) As famílias não estão restritas por liquidez. • (iv) As informações aos acionistas sobre a poupança das firmas é perfeita. Poupança das empresas e poupança familiar • Evidências empíricas: • 1) Taxa de poupança privada estável nos EUA, enquanto a poupança pessoal e das empresas variaram bastante Evidência de que a poupança das famílias compensou movimentos na poupança das firmas. • 2) Poterba (1987): Cada dólar de aumento da poupança das firmas foi compensado por uma queda da poupança das famílias de no máximo 50 centavos de dólar.
Compartilhar