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Análise Macroeconômica III Contas Nacionais Professor Christiano Arrigoni Conceitos básicos das contas nacionais • Produto: valor total da produção de bens e serviços da economia em determinado período de tempo. • Renda: remuneração dos fatores de produção: 1) Salários; 2) Juros (capital de empréstimos); 3) Lucros (capital de risco); 4) Aluguél (capital físico). • Obs: Contabilmente os juros e aluguéis incluídos na contabilidade nacional são aqueles pagos a pessoas físicas, pois os pagos a empresas já estão incluídos nos lucros contábeis. Porém, conceitualmente separamos lucros econômicos, juros e alugéis. Conceitos básicos das contas nacionais • Consumo: bens e serviços absorvidos pelos indivíduos para a satisfação de seus desejos. • Consumo pessoal (privado) e Consumo do governo (uso coletivo). • 3 grandes categorias de bens de consumo: não duráveis, duráveis e serviços (intangíveis). Conceitos básicos das contas nacionais • Poupança: renda gerada e não consumida. • Investimento: acréscimo de capital físico (bens que são usados por um longo tempo no processo produtivo). • Investimento Bruto=Investimento Líquido + Depreciação. • Importante controvésia: é correto incluir bens duráveis como bens de consumo ou classificá-los como investimento (bens de capital)? Conceitos básicos das contas nacionais • Absorção: gasto total dos residentes de uma economia com bens e serviços: Consumo + Investimento • Quando estamos em uma economia aberta a absorção também é chamada de Absorção Interna. • Importante: • Economia Fechada: absorção (gasto)=produto • Economia Aberta: absorção pode ser diferente do produto. • Se Absorção < Produto, o resto do mundo está liquidamente absorvendo parte da produção doméstica. • Se Absorção > Produto, parte da produção estrangeira está liquidamente sendo absorvida pelos residentes. Conceitos básicos das contas nacionais • Despesa: possíveis destinos do produto doméstico: Consumo + Investimento + Exportações de bens e serviços – Importações de bens e serviços • O conceito de despesa e absorção diferem quando a economia é aberta! Identidades fundamentais das contas nacionais a) Produto=Renda=Despesa • Ao longo das próximas aulas iremos mostrar essas identidades (tautologias que são válidas por definição). • Iremos ver, passo a passo, como chegamos nessas identidades em vários contextos: economia fechada sem governo, economia aberta sem governo e economia aberta com governo. • Em cada caso os conceitos de produto, renda e despesa irão se alterar, mas as identidades acima serão sempre válidas de alguma forma. Fluxo Circular – um produto e um insumo : Famílias Empresas Bens (Pão) Serviços de Mão-de- Obra Renda (R$) = Salários + Lucros Despesa (R$) Identidades fundamentais das contas nacionais b) Poupança=Investimento • Como antes, chegaremos nessas identidades em vários contextos: economia fechada sem governo, economia aberta sem governo e economia aberta com governo. • Em cada caso o conceito de poupança irá se alterar, mas a identidade acima será sempre válida. • Economia Fechada sem governo: Poupança privada=Investimento • Economia Aberta sem governo: Poupança privada+Poupança externa=Investimento • Economia Aberta com governo: Poupança privada+Poupança pública+ Poupança externa=Investimento Sistema de contas nacionais: Economia Fechada sem Governo • Premissas da contabilidade nacional: i. Equilíbrio interno de uma conta: total dos débitos e créditos de uma conta individual devem se igualar. ii. Equilíbrio externo do sistema: cada lançamento devedor em uma conta deve ter um lançamento credor correspondente em alguma outra conta. Sistema de contas nacionais: Economia Fechada sem Governo • Hipóteses simplificadoras adotadas na economia fechada sem governo: 1. Existem apenas dois grupos de agentes: indivíduos e empresas. 2. A economia é fechada e sem governo. 3. Indivíduos trabalham para as empresas. 4. Indivíduos detém o capital físico e os alugam para as empresas. 5. Empresas emprestam recursos financeiros (e tomam emprestado) aos indivíduos. 6. Produção e investimento se dão exclusivamente nas empresas. Ótica do produto (Empresas) • Equação de lucro das empresas: • Lucro=Venda de bens e serviços – Compra de bens e serviços + Investimento líquido • Rearranjando a expressão anterior: • Compra de bens e serviços + Depreciações + Lucro=Venda de bens e serviços + Investimento bruto Ótica do produto (Empresas) • Por que o investimento é tratado como uma receita? • Porque na contabilidade nacional estamos interessados em contabilizar toda a produção da economia, inclusive aquela gerada pelo setor que produz bens de capital. • Porém, no nosso modelo contábil não há setores da economia! Por isso, é como se cada empresa vendesse para ela mesma os bens de capital produzidos. • Ou como se as empresas vendessem os bens de capital para os indivíduos. Ótica do produto (Empresas) • Dois conceitos de lucro: i. Excedente Operacional: não se adicionam as receitas e não se subtraem as despesas com juros. ii. Lucro Líquido: Excedente Operacional + Receitas Financeiras (Juros) – Depesas Financeiras (Juros) • Lucro Líquido é o fluxo gerado pelas empresas no período que está efetivamente a disposição dos sócios ou acionistas. • Importante: lembre que por enquanto não há governo na nossa economia! Portanto, não há impostos! Ótica do produto (Empresas) • Ótica do produto: trabalha com o conceito de valor adicionado! Logo, a medida relevante é o excedente operacional. Aqui queremos medir o valor que foi adicionado por uma empresa e isso não inclui a receita financeira recebida e não exclui a despesa financeira efetuada para outras empresas! • Ótica da renda: trabalha com o conceito de renda auferida pelos fatores de produção da empresa! Aqui a medida relevante é o lucro líquido. Aqui queremos medir a renda que foi auferida por uma empresa e isso inclui a receita financeira recebida e exclui a despesa financeira efetuada para outras empresas! Ótica do produto (Empresas) • Exemplo: Empresa A gerou de valor adicionado R$100. Porém, a empresa A teve que pagar R$20 de juros para a empresa B. Logo, a renda auferida pelos fatores de produção (lucro líquido ) de A foi de apenas R$80. Os outros R$20 de excedente operacional se referem a renda auferida pela empresa B, apesar de ter sido um valor adicionado pela empresa A! O ponto é que esse valor foi adicionado graças ao empréstimo que a empresa B fez à empresa A. • Da mesma forma, suponha que o Excedente operacional da empresa B tenha sido R$80. O seu lucro líquido foi R$100! Apesar da empresa B só ter adicionado R$80 de valor a economia, os seus fatores de produção (incluindo o capital de empréstimos) obtiveram R$100! Ótica do produto: conta individual de uma empresa • Os débitos e créditos de uma empresa individual podem ser resumidos na tabela abaixo: • Tabela 3.1: Conta empresa (Valor Adicionado) Débito Crédito n) Vendas a outras empresas g) Vendas de bens de consumo a indivíduos h) Formação Bruta de Capital Fixo i) Variação de estoques a) Salários e) Depreciações m) Excedente operacional k) Compras a outras empresas Investimento bruto da empresa Equilíbrio internoda conta: k+a+e+m=n+g+h+i Ótica do produto: conta individual de uma empresa • Xi=Valor bruto adicionado pela empresa i (incluindo a depreciação). • Xi representa a contribuição da empresa i ao produto interno bruto da economia. • Xi = Valor bruto da produção (Receita total) – Consumo de bens intermediários. (1) Xi = n+g+h+i-k • Pelo equilíbrio interno da conta da empresa i, temos: (1) Xi = n+g+h+i-k=a+e+m e) Depreciações a) Salários m) Excedente operacional Ótica da renda: conta individual de uma empresa • Os débitos e créditos de uma empresa individual podem ser resumidos na tabela abaixo: • Tabela 3.2: Conta empresa (Lucro Líquido) Débito Crédito n) Vendas a outras empresas g) Vendas de bens de consumo a indivíduos h) Formação Bruta de Capital Fixo i) Variação de estoques a) Salários e) Depreciações k) Compras a outras empresas Investimento bruto da empresa Equilíbrio interno da conta: k+a+b+o+c+d+e+f=n+g+h+i b) Juros pagos a indivíduos menos juros recebidos de indivíduos o) Juros pagos a outras empresas menos juros recenidos de outras empresas c) Aluguéis pagos a indivíduos d) Lucros distribuídos f) Lucros retidos Excedente operacional e Lucro Líquido • Identidades usadas para ir da tabela 3.1 para a tabela 3.2: i) Excedente operacional=Lucro Líquido + Juros pagos a indivíduos menos Juros recebidos de indivíduos +Juros pagos a empresas menos Juros recebidos de empresas. ii) Lucro Líquido=Lucro retido + Lucro distribuído + Aluguéis pagos Ótica da renda: conta individual de uma empresa • Yi=Contribuição da empresa i a renda bruta da sociedade (incluindo a depreciação). • Yi representa a contribuição da empresa i a renda interna bruta da economia. Inclui salários, juros líquidos pagos a indivíduos, aluguéis pagos, lucro líquido e depreciações. (2) Yi = a+b+c+d+e+f • Pelo equilíbrio interno da conta da empresa i, temos: (2) Yi = a+b+c+d+e+f = n+g+h+i-k-o o=pagamento líquido de juros a outras empresas: essa renda não fica com a empresa! Retiramos para evitar dupla contagem! n + g + h + i =receita total k=gasto com bens intermediários: essa renda não fica com a empresa! Retiramos para evitar dupla contagem! a) Salários b) Juros líquidos pagos a indivíduos c+d+f) Lucro líquido [aluguéis pagos a indivíduos (c) + lucro distribuído (d) + lucro retido (f) ] e) Depreciações Divisão da renda (receita) bruta gerada pela empresa i i. Renda bruta que fica na empresa=Lucro retidos + Depreciações=e+f ii. Renda distribuída aos indivíduos= Lucros distribuídos + Salários + Aluguéis + Juros Pagos menos recebidos de indivíduos=a+b+c+d Comparação da contribuição ao produto (valor adicionado) e da contribuição à renda (1) Xi = n+g+h+i-k (2) Yi =n+g+h+i-k-o Logo: (3) Yi = Xi –oi ou Xi = Yi + oi Definição: Produto Interno Bruto= Soma dos valores adicionados por todas as empresas da economia Renda Interna Bruta= Soma da renda adicionada por todas as empresas da economia Comparação da contribuição ao produto (valor adicionado) e da contribuição à renda • Logo: • Qual é o valor de ? i i i i i i i i oXY X utaInterna BrRenda BrutoInterno Produto i i o Comparação da contribuição ao produto (valor adicionado) e da contribuição à renda • Logo: utaInterna BrRenda BrutoInterno Produto !0 i i o Conta de um indivíduo Tabela 3.3– Conta de um indivíduo: Débito Crédito g') Consumo Pessoal b') Juros líquidos pagos a indivíduos d') Lucros distribuídos c') Aluguéis pagos a indivíduos r') Transferências a outros indivíduos w') Poupança pessoal a') Salários s') transferências de outros indivíduos Consolidação das contas em uma economia fechada sem governo • Tabela 3.4: Conta de Produção (Consolidação das empresas, tabela 3.2) Débito Crédito G) Consumo Pessoal=soma de g’ H) Formação Bruta de Capital Fixo I) Variação de estoques A) Salários B) Juros líquidos pagos a indivíduos D) Lucros distribuídos E) Depreciações C) Aluguéis pagos a indivíduos F) Lucros Retidos Equilíbrio interno da conta: A+B+C+D+E+F=G+H+I Produto Interno Bruto = Renda Interna Bruta (já demosntrado) Despesa Interna Bruta Produto=Despesa=Renda! Consolidação das contas em uma economia fechada sem governo • Tabela 3.5: Conta de apropriação (consolidação dos indivíduos ) Débito Crédito G) Consumo Pessoal A) Salários B) Juros líquidos pagos a indivíduos D) Lucros distribuídos C) Aluguéis pagos a indivíduos J) Poupança Bruta do Setor Privado (Indivíduos + Empresas) E) Depreciações F) Lucros Retidos Fechando o sistema: equilíbrio externo • Contas A, B, C, D, E e F estão lançadas a débito na conta produção e a crédito na conta de apropriação. • A conta G está lançada a crédito na conta de produção e a débito na conta de apropriação. • Porém, as contas H e I só estão lançadas a crédito na conta de produção e a conta J só está lançada a débito na conta de apropriação. • Logo, para manter o equilíbrio externo das contas devemos debitar em alguma outra conta as contas H e I e creditar em alguma outra conta a conta J. • Para realizar essas operações criaremos a “Conta consolidada de capital”. Será aonde faremos a contabilização da poupança e do investimento. Consolidação das contas em uma economia fechada sem governo Tabela 3.6 – Conta Consolidada de Capital Débito Crédito J) Poupança bruta do setor privado Total do Investimento Bruto Total da Poupança bruta=Poupança bruta do setor privado H) Formação Bruta de Capital Fixo I) Variação de estoques Equilíbrio interno da conta: J=H+I Poupança Bruta=Investimento Bruto! Poupança Bruta = Poupança pessoal + Poupança Bruta das empresas Investimento Bruto= Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Estoques
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