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www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 1 Aula 02 ANALISTAS 2013 DO LITISCONSÓRCIO Dá-se o litisconsórcio quando duas ou mais pessoas litigam, no mesmo processo, e do mesmo lado, no pólo ativo ou passivo da ação (art. 46 CPC), ou seja, quando há mais de um autor ou mais de um réu, havendo comunhão de interesses, isto é, quando entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide, por exemplo, solidariedade, composse, condomínio etc.; entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir (art. 103, CPC); CLASSIFICAÇÃO A doutrina classifica o litisconsórcio da seguinte forma: I – quanto à obrigatoriedade de sua formação: Quanto à obrigatoriedade de sua formação, o litisconsórcio pode ser facultativo (art. 46, CPC) ou necessário (art. 47, CPC). Diz-se facultativo o litisconsórcio que, embora tenha suas hipóteses de ocorrência previstas em lei, depende da vontade das partes para sua formação. Em outras palavras, é o que pode ser adotado voluntariamente pelas partes. Diz-se, por sua vez, que o litisconsórcio é necessário, ou indispensável, quando o juiz tem que decidir a lide de modo uniforme para todas as partes (art. 47, CPC), seja por imposição legal, a exemplo de ações reais imobiliárias, art. 10 do CPC; ação de divisão de terras particulares, art. 949 do CPC; ação de demarcação, arts. 952 e 953 do CPC etc, seja pela natureza da relação jurídica, ou, em outras palavras, quando há comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide, de tal forma que a sentença a ser eventualmente proferida na ação atinja a todos os envolvidos, como nos casos de partilha, ação de nulidade decasamento movida pelo MP, art. 1.549 do CC/02, ação pauliana, ação de dissolução de sociedade, ação anulatória de um negocio jurídico etc. justamente por se tratar de litisconsórcio indispensável, caberá ao juiz, no caso de omissão do autor, determinar que ele promova, dentro do prazo que assinar, a citação de todos os litisconsortes necessários, seja ativo, seja passivo, sob pena de extinção do feito (art.47, parágrafo único, CPC). A omissão da parte e do juiz tornará o processo nulo. II – quanto ao momento de sua formação: Quanto ao momento de sua formação, o litisconsórcio pode ser inicial, formado quando da propositura da ação, ou ulterior. Nesta última hipótese, pode ocorrer em quatro situações: primeiro, nos casos de litisconsórcio necessário não apontado na exordial pelo autor (art.47, parágrafo único, CPC); segundo, quando houver sucessão processual em razão da morte de uma das partes (herdeiros/sucessores);terceiro, nos casos de reunião de processos por conexão (arts. 103 e 105, CPC) e quarto, nos casos em que é facultado ao réu chamar terceiros ao processo (art. 77, CPC). III – quanto aos sujeitos: Quanto aos sujeitos, podem ser ativo (autores), passivo (réus), a depender do pólo da relação processual em que ele se forma, ou ainda misto (autores e réus), se a pluralidade de pessoas ocorrer em ambos os pólos da relação. IV – quanto aos seus efeitos: Quanto aos seus efeitos, o litisconsórcio pode ser unitário, quando a decisão do mérito do juiz tiver que ser igual para todos os litisconsortes, não se admitindo, para eles, julgamentos diversos; e comum (ou simples), quando a decisão de mérito do juiz possa ser diferente para cada um dos litisconsortes. Ocorre quando há uma pluralidade de relações jurídicas sendo discutidas no processo ou quando se discute uma relação jurídica cindível, como normalmente acontece nos casos de solidariedade. REGIME DE TRATAMENTO DOS LITISCONSORTES Conforme o tipo de litisconsórcio, diverso será o seu regime jurídico e as consequências que poderão advir para as partes. Por isso, é necessário sempre a distinção entre as modalidades do litisconsórcio. No litisconsórcio simples, seja facultativo ou necessário, os litisconsortes serão www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 2 considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, ou seja, os atos e as omissões de um não prejudicarãonem beneficiarão os outros (art. 48, CPC), salvo na hipótese do parágrafo único do art. 509 do CPC, isto é, havendo solidariedade passiva, que é uma forma de litisconsórcio facultativo, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Já com o litisconsórcio unitário, a situação é diferente, uma vez que a decisão judicial deve ser igual para todos, o que limita, por exemplo, a eficácia de atos de disposição individuais e afasta até mesmo alguns efeitos da revelia, sendo que até eventual recurso interposto por um dos litisconsórcios acaba aproveitando a todos (art. 509, CPC). Ressalte-se, ademais, que, havendo litisconsortes com diferentes procuradores, os prazos para contestar, recorrer e, de modo geral, emitir manifestações no curso do procedimento serão contados em dobro (art. 191, CPC), devendo os autos permanecer em cartório, salvo acordo prévio entre os procuradores, para evitar prejuízo para qualquer das partes. Intervenção de terceiros: assistência, oposição, nomeação à autoria, denunciação à lide e chamamento ao processo. A princípio, a sentença proferida num processo só deve atingir, favorecer ou prejudicar as partes (autor e réu). Todavia, há situações em que a decisão tomada num processo tem reflexo em outra relação jurídica de direito material, estendendo indiretamente os efeitos da sentença a terceira pessoa estranha à relação jurídica processual originaria. Portanto, é basilar perceber que a correta compreensão das intervenções de terceiro passa, necessariamente, pela constatação de que haverá sempre, um vínculo entre o terceiro, o objeto litigioso do processo e a relação jurídica material deduzida. Assim, este “terceiro juridicamente interessado” pode, com o escopo de defender interesse próprio, intervir voluntariamente no processo, ou mediante provocação de uma das partes. A intervenção por provocação de uma das partes, na chamada “intervenção provocada”, envolve três institutos diversos, quais sejam: nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. Já a intervenção por iniciativa própria do terceiro, na chamada “intervenção voluntária”, envolve dois institutos, quais sejam: assistência e oposição. É possível a utilização de intervenção de terceiros no procedimento sumário? E nos Juizados Especiais? O art. 280 do CPC, com redação que lhe deu a Lei nº10.444, de 7 de maio de 2002, declara queno procedimento sumário não são admissíveis a intervenção de terceiros, salvo assistência, o recurso de terceiro e a intervenção fundada em contrato de seguro, que pode ser a denunciação da lide ou o chamamento ao processo em causas de seguro.. Nos Juizados Especiais Cíveis, de acordo com o art. 10, da Lei n. 9.099/95, não se admite a intervenção de terceiros e a assistência, pois o procedimento adotado orienta-se pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a conciliação ou transação. Como consequência disto, as sanções impostas pelo Código de Processo Civil para os casos em que a parte se omita no dever de provocar a intervenção de terceiro no processo não se aplicam nesta hipótese. Ingressa, voluntariamente, na relação jurídica processual como coadjuvante (ad coadjuvandum) em auxílio de uma das partes, pois a sentença a ser proferida no processo pode interferir em sua esfera econômica. Não é qualquer interesseque autoriza a assistência. Não basta mera relação de amizade, ou a convicção pessoal do terceiro de que o direito à tutela cabe a uma e não a outra parte: exige a lei o interesse qualificado como jurídico, que haja uma relação entre o terceiro e uma das partes do processo que pode ser atingida pela sentença. A assistência tem cabimento em qualquer tipo de procedimento e em qualquer grau de jurisdição, sendo que o assistente recebe o processo no estado em que ele se encontra,não se lhe deferindo rediscutir provas e matérias preclusas (CPC, art.50, parágrafo único). O interessado em intervir como assistente num feito pendente deverá fazer pedido escrito neste sentido, oferecendo as razões e as provas que justificam seu interesse no feito, bem como a quem deseja assistir. É licito a qualquer das partes impugnar o pedido www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 3 no prazo de cinco dias. Havendo impugnação, o juiz determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuados em apenso, autorizando a produçãode provas e decidindo, dentro de cinco dias o incidente (art. 51, CPC). A assistência pode ser simples ou adesiva quando, pendendo um processo entre duas ou mais pessoas, terceiro, que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes, intervém no processo para assisti-la (art. 50, caput, CPC). Na qualidade de auxiliar, o assistente exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido (art. 52, CPC), embora não possa praticar atos contrários à vontade do assistido, que pode reconhecer aprocedência do pedido, desistir da ação ou transigir com a parte contraria (art. 53, CPC). O “interesse jurídico do assistente” se fundamenta na perspectiva de sofrer efeitos reflexos da decisão desfavorável ao assistido, por exemplo: sublocatário, em ação de despejo movida em face do sublocador; funcionário público, em ação de indenização proposta em face da administração pública por dano causado por ele;de asseguradora, em ação de indenização promovida contra o segurado etc. Já a assistência litisconsorcial ocorre sempre que a sentença houver de influir na ralação jurídica entre o assistente e o adversário do assistido. Em outras palavras, embora o assistente não seja parte daquele processo, a sentença ali proferida irá afetar diretamente a relação jurídica de direito material entre ele e o adversário do assistido. É uma espécie de “litisconsórcio facultativo ulterior unitário”. Trata-se de intervenção espontânea pela qual o terceiro transforma-se em litisconsorte do assistido, daí porque o tratamento é igual àquele deferido ao assistido. Por exemplo: em ação reivindicatória movida por consorte, art. 1.314, CC/02; adquirente de direito material litigioso quando não lhe for possível a sucessão processual, art., § º, CPC; lide envolvendo obrigações solidárias, arts. 267 e 274, CC/2002), razão pela qual neste tipo de intervenção o assistente atua como parte distinta, tendo o direito de promover individualmente o andamento do feito, devendo, para tanto, ser intimado dos respectivos atos (arts. 48 e 49, CPC). Na sentença transitada em julgado, em princípio, fica impedido de, em ação futura, discutir o fundamento da decisão, o assistente que não é atingido pelos efeitos da coisa julgada, que na dicção do art. 55 do Código, consiste na justiça da decisão, não poderá ser discutida o dispositivo da sentença nem pelo assistente simples como pelo assistente qualificado, pois a justiça da decisão refere-se aos fatos que se tiverem por comprovados. Todavia, o assistente poderá discutir o fundamento da decisão se ficar caracterizadamá gestão pelo assistido de seus próprios interesses, seja porque deixou de produzir provas, seja porque renunciou a direito, reconheceu a procedência do pedido do autor ou transigiu. As hipóteses em que o assistente não pode ser prejudicado por tais atos são resumidas nos seguintes termos (CPC, art. 55): I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecida a existência de alegações ou provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. A OPOSIÇÃO, DENUNCIAÇÃO DA LIDE, NOMEAÇÃO À AUTORIA E CHAMAMENTO AO PROCESSO Oposição é forma de intervenção de terceiro no processo, que, sem ser integrante da lide se apresenta como o legítimo titular do direito discutido entre o autor e o réu. O seu objetivo, portanto, é negar o pretenso direito de ambos. Tem legitimidade para este tipo de intervenção, segundo o art. 56 do CPC, o terceiro, denominado “opoente”, que pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o quecontrovertem as partes no processo principal, denominados “opostos”, Por exemplo: numa ação de divisão o autor pede a citação dos demais condôminos, os quais ingressam na ação e oferecem contestação. Um terceiro que se tem como legítimo proprietário de parte do imóvel a ser divido, ingressa, também, no feito como opoente, para ilidir a pretensão dos litigantes e ver, a final, reconhecida a sua propriedade exclusiva e expurgada da divisão a parte que lhe pertence. A oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no feito principal. www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 4 Distribuída por dependência, a petição de oposição deve observar os mesmos requisitos da petição inicial (arts. 282 e 283, CPC), sendo que os opostos serão citados na pessoa dos seus advogados (art. 57, CPC). Autuada em apenso aos autos principais, a oposição correrá simultaneamente com ação principal, sendo ambas julgadas pela mesma sentença (art. 59, CPC), embora deva o juiz primeiro conhecer da oposição (art. 61, CPC). Existem dois tipos de oposição: a interventiva que é exercida antes da audiência de instrução e julgamento (art. 59, CPC); e a autônoma se ajuizada após o inicio da audiência de instrução e julgamento, e antes da sentença (art.60, CPC). Denunciação da lide é o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de que acabe vencida na ação, chama à lide terceiro garantidor, a fim de este integre o processo. Desta forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar improcedente o pedido do denunciante, deverá, na mesma sentença, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou não indenizá-lo. Na verdade, com a denunciação se estabelecem duas lides num só processo. A denunciação da lide é obrigatória nos casos expressamente previstos no art. 70 do CPC: I – ao alienante, a fim de que possa exercer o direito que da evicção lhe resulta (art. 456, CC/02); II – ao proprietário ou ao possuidor indireto, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício; III – ao obrigado, pela lei ou contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do denunciante, e tanto pode ser de iniciativa do autor como do réu. Se a denunciação for feita pelo autor (art.74), deverá constar da petição inicial, procedendo- se em seguida a citação do réu. Se competir ao réu a iniciativa, a denunciação deverá ser feita no prazo da contestação, quando será pedida a citação do denunciando. Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao denunciante que proceda com a citação do denunciado no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma comarca e 30 (trinta) dias, quando residir em outra comarca (art. 72, CPC). Citado, o litisdenunciado pode aceitar a denunciação, recusá-la,ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modoque a sentença que julgar procedente a ação declarará, conforme o caso, a sua responsabilidade, em face do denunciante, valendo como título executivo judicial (art. 76, CPC). É possível ocorrer “denunciações sucessivas”, ou seja, o denunciado poderá, por sua vez, denunciar, também, aquele de quem houve a coisa ou o direito em litígio, e este gozará, da mesma forma, do direito de denunciar o antecessor e assim sucessivamente. Neste sentido, o art. 73 do CPC declara que, “para fins o disposto no art. 70, o denunciado por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou responsável pela indenização e, assim, sucessivamente”. Nomeação à autoria é ato obrigatório atribuído ao réu, que visa corrigir o polo passivo da ação. Com efeito, citado em ação em que é demandado por uma coisa, móvel ou imóvel, da qual seja mero “detentor”, o réu deverá, no prazo para responder, indicar, nomear quemseja o proprietário ou possuidor indireto. Neste sentido, a norma do art. 62 do CPC declara que “aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor”, sob pena de responder por perdas e danos (art. 69, CPC, I). Recebida a nomeação, o juiz suspenderá o curso da ação e ordenará a intimação do autor para se pronunciar em cinco dias (art. 64, CPC). Intimado da nomeação, o autor poderá aceitá-la ou recusá-la; afinal, ninguém pode ser obrigado a litigar em face de quem não queira. No caso de recusá-la, o processo retomará o seu curso normal, concedendo-se novo prazo integral para apresentação da contestação, caso esta já não tenha sido ofertada (art. 67, CPC). Aceitando a nomeação, o autor deverá providenciar a citação do nomeado, que, por sua vez, poderá ou não, ao ser citado, reconhecer a qualidade que lhe é atribuída. Negado-a, o processo continuará contra o nomeante (arts. 65 e 66, CPC). O chamamento ao processo, de que trata o Código de Processo Civil, do artigo 77 ao 80, é o ato pelo qual o réu chama outros coobrigados www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 5 para integrar a lide. Assim como acontece na denunciação da lide, o chamado fica vinculado ao feito, subordinando-o aos efeitos da sentença. É admissível, segundo o art. 77 do CPC, em face: I – do devedor, na ação em que o fiador for réu; II – dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III – de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles parcial ou totalmente, a divida comum. Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda com a citação do chamado no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma comarca, e 30 (trinta) dias, quando residir em outra comarca (art. 79, CPC). Citado, o chamado pode negar a qualidade que lhe é imputada ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará, como já disse, vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar procedente a ação valerá como titulo executivo em favor do devedor que satisfizer a dívida (art. 80, CPC). É possível ocorrer “chamados sucessivos”, ou seja, o chamado poderá, por sua vez, chamar terceiro, e assim sucessivamente. Do Ministério Público. Do Juiz. O MP está previsto no capítulo IV das funções essenciais da justiça. Esse é tratado como instituição autônoma, que não integra nenhum dos três poderes. Nas palavras de Cândido Rangel, Dinamarco: “É instituição destinada à preservação dos valores fundamentais do Estado enquanto comunidade.” No art. 127 da CF, define: MP é instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado. ATENÇÃO! O MP não é dotado de função jurisdicional, apenas é essencial a esta. O Ministério Público concentra-se na atuação da defesa de direitos e interesses coletivos nas questões relativas ao estado das pessoas, nos interesses dos incapazes e na posição de fiscal fiscalização da lei (custos legis), além de lhe serem atribuídas funções institucionais, conforme artigo 129 da Constituição Federal vigente, as quais são essências à justiça. Neste ínterim, o Ministério Público, em matéria processual civil, desempenha um papel maior com relevância à justiça às vezes como parte, às vezes como fiscal processual, sempre aolado da lei, estando intimamente ligado aos Princípios norteadores do Processo Civil, vinculando-se, principalmente, ao principio dispositivo. A presença do Ministério Público possibilita ao Estado agir no processo, mesmo que indiretamente. Essa ação do estado pelas mãos ministerial se dá na medida em que é atribuído à instituição o dever legal de atuar judicialmente, assegurando a adequada e efetiva realização do plano processual, exercendo uma função fiscalizadora da lei, da atuação das partes e resguardando a imparcialidade do juiz. Questão: 1) Segundo a Constituição Federal, a posição do Ministério Público na estrutura do Estado Brasileiro é a de: a) órgão auxiliar do Poder Judiciário; b) órgão de defesa dos interesses do Poder Executivo; c) pessoa jurídica de direito público interno; d) instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado. 2) INCUMBÊNCIAS DO MP: a) Defesa da ordem jurídica: b) Defesa do regime democrático c) Defesa dos interesses sociais d) Defesa dos direitos individuais indisponíveis CUIDADO! : As bancas tentam te confundir colocando interesse disponível. A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA LEI Enquanto o art. 82 disciplina as hipóteses em que o Ministério Público participa do processo como fiscal da lei, o art. 83 confere poderes e deveres a esta atuação, na mesma medida que o previsto em outros artigos, Códigos e legislação especial. Ao Ministério Público, pelo inciso I do art. 83, é conferido o direito ter vistas dos autos após a manifestação das partes, para que então tenha mais elementos para firmar e fundar sua convicção e dar seu parecer ao Juiz, devendo, ainda, ser intimado pessoalmente (art. 236, §2º do Código de Processo Civil) de todos os atos www.cers.com.br CURSO COMPLETO PARA TRIBUNAIS Direito Processual Civil Sabrina Dourado 6 processuais, para que possa se manifestar ou estar presente sempre que julgar pertinente, sempre zelando pela lei em nome do interesse público. O inciso II, do mesmo artigo, dota o órgão Ministerial de iniciativa probatória ampla, ou seja, lhe atribui a capacidade de requerer toda classe de provas, acompanhar sua realização, pedir depoimento pessoal, ouvir testemunhas, formular quesitos, tudo em nome da verdade processual. A NULIDADE DECORRENTE DA NÃO- INTERVENÇÃO O art. 84 do Código de Processo Civil, dispõe que "quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo". A leitura do texto legal permite concluir que cabe às partes promover a intimação do MP, e que quanto não houver a intervenção em casos de obrigatoriedade, na ocorrência das hipóteses do art. 82, incisos I e II, por exemplo, o processo estará sujeito à nulidade, a qual se submete a princípios gerais do instituto no diploma processual. No tocante a incumbência das partes de promover a intimação ministerial, vale dizer que na prática, tal intimação é determinada de ofício pelo Juiz da causa, cabendo a parte agir em caso de sua omissão, devendo peticionar no processo requerendo que o Juiz o faça, cabendo sempre ao autor da ação arcar com as eventuais despesas desta intimação (gastoscom deslocamento do oficial de justiça, etc.). No que se refere à nulidade processual, vale observar que a expressão "sob pena de nulidade", aos olhos de Pontes de Miranda, évista como uma consequência do descumprimento de uma imposição legal, sem conotação de sanção. A nulidade de que trata o artigo segue o disposto no art. 246 do Código de Processo Civil, indicando que afeta todos os atos posteriores a omissão, ou seja, se não houve intervenção desde o início do processo, os efeitos da nulidade afetarão a totalidade do feito. No entanto, se a falta se der em ato posterior, a nulidade alcançará os atos processuais praticado até momento em que a atuação do MP deveria ter acorrido. Esse entendimento não é unânime. Há decisões do Supremo Tribunal de Justiça que superam a literalidade dos artigos 84 e 246 do Código de Processo Civil, considerando válido o processo se não tiver havido prejuízo ao interesse que deveria ter sido tutelado pelo MP, e ainda, quanto a falta de manifestação do promotor é suprida pela do procurador de justiça em fase recursal, comprovando a ausência de dano decorrente da falta de atuação ministerial anterior. A RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO MINISTÉRIO PÚBLICO A responsabilização civil de que trata o art. 85 do Código de Processo Civil é de caráter pessoal, incidindo sobre órgão do Ministério Público. A previsão legal dita que haverá a possibilidade de responsabilização do indivíduo que no exercício de sua função agir com dolo ou fraude no processo, por ação ou omissão que gere prejuízo. Observa-se que o art. 85 afasta os casos de conduta culposa, se restringido apenas ao ato Ministerial doloso e fraudulento realizado dentro do processo, que cause dano. Ao gênero de conduta culposa lesiva se aplicam sanções disciplinares previstas por lei especial sobre o Ministério Público. Vale frisar que a responsabilização civil prevista pelo artigo 85 do Código de Processo Civil não se confunde com a disposta no artigo 189 do Código Civil. A hipótese de responsabilização posta no artigo 85 do Código de Processo Civil é de caráter subjetivo, pessoal, excludente da culpa e pressupõe ato doloso e fraudulento dentro do processo, restringindo sua verificação ao plano processual. Já a responsabilização ditada pelo artigo 189 do Código Civil é de natureza objetiva, institucional (Estado), com presunção de culpa em ato extraprocessual, adstrita ao plano material.
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