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AN02FREV001/REV 4.0 80 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 81 CURSO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 82 MÓDULO IV 5 REGIMES E BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 5.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS A previdência social tem a finalidade de amparar as pessoas reconhecidamente hipossuficientes, prestando-lhes auxílio em casos de doença, invalidez, morte e idade avançada, sendo reconhecida constitucionalmente desde a Constituição de 1934, em seu art. 121, § 1°, h. Surgida a partir dos problemas agravados com a Revolução Industrial, a origem remota da ideia de normas de previdência social é germânica, pois foi na Alemanha que se desenvolveu desde 1883 o sistema de seguros obrigatórios, que foram chamados de seguros sociais, em seguida também admitidos por grande número de países. O art. 201 da Constituição federal (CF), com a redação dada pelas Emendas Constitucionais n° 20 de 1998 e n° 47 de 2005, estabeleceu que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Na CF de 1988, existem dois regimes previdenciários, como veremos a seguir. Regime próprio Abrangendo os servidores públicos. Esse regime está previsto no art. 40 da Constituição Federal. Regime geral Essa previdência social, de caráter contributivo e filiação obrigatória, deve preservar o equilíbrio financeiro e atuarial de suas receitas e despesas. AN02FREV001/REV 4.0 83 Prevê, ainda, que a previdência social atenderá, nos termos da lei, aos seguintes preceitos: cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. A Emenda Constitucional n° 47, de 2005, dando nova redação ao § 1° do art. 201 – cuja redação já havia sido alterada pela EC n° 20, de 1998 – veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos benefícios do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. A Constituição Federal ainda garante que todos os salários de contribuição considerados para cálculo do benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei, e assegura o reajustamento dos benefícios, no intuito de preservar-lhe, em caráter permanente, o valor real. Veda-se ainda, a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. A EC n° 47, de 2005, estabeleceu, no âmbito da previdência social, a obrigatoriedade da lei de dispor sobre sistema especial de inclusão previdenciária para trabalhadores de baixa renda e aqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico, no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário mínimo. AN02FREV001/REV 4.0 84 5.2 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS Por benefícios previdenciários, entende-se que são prestações pagas, em dinheiro, aos trabalhadores ou a seus dependentes. Alguns deles substituem a remuneração do trabalhador que ficou por algum motivo impedido de exercer a sua atividade. Outros são oferecidos como complementação de rendimento do trabalho ou, até mesmo, independente do exercício da atividade. Nesse contexto, a previdência social, de acordo com o art. 18 da Lei 8.213/91, estabelece uma série de benefícios e serviços previdenciários devidos aos segurados e a seus dependentes. 5.3 PERÍODO DE CARÊNCIA DOS BENEFÍCIOS Antes de tratarmos sobre os benefícios previdenciários em espécie, é importante saber e compreender que, para a habilitação em cada um deles, é preciso a comprovação pelo segurado do cumprimento de um período mínimo de contribuições que, conforme o art. 24 da Lei 8.213 de 1991 é “o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências”. Carência é o período mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia de suas competências, ou seja, é o tempo mínimo de contribuição que o trabalhador precisa comprovar para ter direito a um benefício previdenciário. Desta forma, a concessão de alguns benefícios previdenciários depende da demonstração por parte do segurado de que o mesmo contribuiu para a previdência social por um determinado tempo. AN02FREV001/REV 4.0 85 Varia de acordo com o benefício solicitado: I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez - 12 contribuições mensais; II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial - 180 contribuições mensais. Entretanto, existem situações como as descritas pelo art. 26 da Lei 8.213, de 1991, em que a comprovação do período de carência é dispensável para a concessão dos seguintes benefícios: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26/11/99) II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei; IV - serviço social; V - reabilitação profissional. VI – salário-maternidade para as seguradas empregadas, trabalhadora avulsa e empregada doméstica (incluído pela Lei nº 9.876, de 26/11/99). (LEI 8,213, 1991). Acidente de qualquer natureza que consta no inciso II é aquele originado de evento traumático e devido à exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarretem lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa. AN02FREV001/REV 4.0 86 5.4 BENEFICÍOS EM ESPÉCIE DEVIDOS AOS SEGURADOS A cobertura na forma de benefícios a que tem direito o segurado do RGPS é efetivada por meio da concessão de auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-família, salário-maternidade, aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial. 5.4.1 Auxílio-doença De acordo com o art. 59 da Lei 8.213 de 1991: O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. (LEI 8.213, 1991). Assim, é o benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. Não será devido auxílio- doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a Previdência Social paga a partir do décimo sexto dia de afastamento do trabalho. Ou seja, o auxílio doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz, ficando à empresa responsável pelo pagamento ao segurado AN02FREV001/REV 4.0 87 empregado o seu salário integral durante os primeiros 15 dias consecutivos ao afastamento da atividade por motivo de doença ou acidente. Para concessão de auxílio-doença é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social. O trabalhador que recebe auxílio-doença é obrigado a realizar exame médico periódico e participar do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício suspenso. O benefício não cessará até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, for aposentado por invalidez. Estando o trabalhador afastado de suas atividades laborais e estando em gozo de auxílio-doença será o mesmo considerado licenciado pela empresa, ficando o seu contrato de trabalho suspenso até a interrupção ou cessação do benefício previdenciário. Assim, a empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma em aposentadoria por invalidez. O valor do benefício corresponde a 91% do salário de benefício. O segurado especial (trabalhador rural) terá direito a um salário mínimo, se não contribuiu facultativamente. Para os inscritos a partir de 29 de novembro de 1999, o salário de benefício será a média dos 80% maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. Assim, o auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá em uma renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, o qual consiste para esse benefício na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo. AN02FREV001/REV 4.0 88 5.4.2 Auxílio-acidente Ao contrário do que o nome pode sugerir o auxílio-acidente não é o benefício concedido ao trabalhador que sofre acidente de qualquer natureza. Conforme o art. 86 da Lei 8.213/91, o auxílio-acidente será: concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997). (LEI Lei 8.213, 19991). Assim, é o benefício pago ao trabalhador que sofre um acidente e fica com sequelas que reduzem sua capacidade de trabalho. Têm direito ao auxílio-acidente o trabalhador empregado, o trabalhador avulso e o segurador especial. Para o trabalhador ter direito ao auxílio-acidente, deverá comprovar perante a perícia médica da Previdência Social que as lesões decorrentes do acidente de qualquer natureza, incluindo-se o acidente de trabalho, deixaram sequelas que reduziram sua capacidade para o trabalho, o que significa que o trabalhador poderá continuar trabalhando, embora com redução na sua capacidade para o trabalho, recebendo ao mesmo tempo o salário pago pela empresa e o benefício previdenciário pago pelo INSS. Em caso de perda de audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do recebimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Para concessão do auxílio acidente não é exigido tempo mínimo de contribuição, mas, como vimos no parágrafo anterior, o trabalhador deve ter a qualidade de segurado e comprovar a impossibilidade de continuar desempenhando suas atividades, por meio de exame da perícia médica da Previdência Social. Para pedir auxílio-acidente, o trabalhador não precisa apresentar documentos, porque eles já foram exigidos na concessão do auxílio-doença. O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, AN02FREV001/REV 4.0 89 não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio acidente. Ou seja, o auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência Social exceto aposentadoria, pois esse benefício deixa de ser pago quando o trabalhador se aposenta. O auxílio-acidente mensal corresponde a 50% do salário de benefício que lhe deu origem, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio. Será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. 5.4.3 Salário-família Instituído pela Lei 4.266/63, embora impropriamente denominado salário, o salário-família é benefício previdenciário devido ao segurado em razão da existência de dependentes. A CF, em seu art. 201, IV, garante o pagamento do benefício para os dependentes do segurado de baixa renda. A EC n° 20/98, em seu art. 13, estabeleceu que esse benefício fosse concedido apenas àqueles que tivessem, à época, renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, corrigidos monetariamente até que lei disciplinasse o acesso ao benefício. A portaria interministerial MPS/MF n° 15, de 2013, fixou que o valor da renda bruta do trabalhador de baixa renda não pode ser superior a R$ 971,78. Conforme o art. 65 da Lei 8.213/91, o salário-família será: devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados, nos termos do § 2º do art. 16 desta Lei, observando o disposto no art. 66. (LEI 8.213, 1991). Assim, têm direito ao salário-família os trabalhadores empregados e os avulsos. Os empregados domésticos, contribuintes individuais, segurados especiais e facultativos não recebem salário-família. Dessa forma, a legislação infraconstitucional, contudo, determina que o benefício seja pago, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados de acordo com o art. 16, § 2°, do PBPS, de 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade. AN02FREV001/REV 4.0 90 Trata-se de um benefício que não substitui a renda ou o salário de contribuição, mas, sim, que se destina a dar ao trabalhador de baixa renda condições de propiciar o sustento e a educação de seus filhos. De acordo com o art. 70 do PBPS e o art. 92 do RPS, por sua natureza peculiar, o valor das cotas do salário-família não será incorporado ao salário ou ao salário de benefícios. O salário-família começará a ser pago a partir da comprovação do nascimento da criança ou da apresentação dos documentos necessários para pedir o benefício, ou seja, o segurado deve apresentar ao INSS a certidão de nascimento do filho ou a documentação relativa ao equiparado ou ao inválido. Anualmente deverá apresentar atestado de vacinação obrigatória até seis anos de idade e, semestralmente, de frequência do filho ou equiparado à escola, a partir dos sete anos de idade, sob pena de suspensão do benefício, segundo o art. 84, § 2, do RPS. Desta forma, o pagamento do benefício será suspenso se não forem apresentados atestados de vacinação e frequência escolar dos filhos (este último se os filhos estiverem em idade escolar), e quando os filhos completarem 14 anos de idade. O trabalhador só terá direito a receber o benefício no período em que ele ficou suspenso se apresentar esses documentos. Para a concessão do salário- família, a Previdência Social não exige tempo mínimo de contribuição. O salário- família será pago mensalmente ao empregado pela empresa à qual está vinculado e deduzido do recolhimento das contribuições sobre a folha salarial. Os trabalhadores avulsos receberão dos sindicatos, mediante convênio com a Previdência Social. O benefício será pago diretamente pela Previdência Social quando o segurado estiver recebendo auxílio-doença, se já estivesse recebendo o salário- família em atividade. O salário-família é pago em número de cotas igual ao número de dependentes, cuja existência dá direito ao benefício. O sujeito passivo é o INSS, uma vez que é onerado pelo pagamento. AN02FREV001/REV 4.0 91 5.4.4 Salário-maternidade O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data da ocorrência deste, observando as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade, conforme o art. 71 do PBPS. A Lei 10.421, de 2002, acrescentou ao PBPS o art. 71-A, estendendo o benefício à segurada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção. Desta forma, o salário-maternidade é concedido à segurada que adotar uma criança ou ganhar a guarda judicial para fins de adoção, de acordo com a Lei 10.421, de 2002, da seguinte forma: se a criança tiver até um ano de idade, o salário-maternidade será de 120 dias; se tiver de um ano a quatro anos de idade, o salário-maternidade será de 60 dias; se tiver de quatro anos a oito anos de idade, o salário-maternidade será de 30 dias. Para concessão do salário-maternidade não é exigido tempo mínimo de contribuição das trabalhadoras empregadas, empregadas domésticas e trabalhadoras avulsas, desde que comprovem filiação nesta condição na data do afastamento para fins de salário-maternidade ou na data do parto. A segurada aposentada que voltar a exercer atividade sujeita ao RGPS terá direito o salário-maternidade de acordo com o art. 103 do RPS. O salário- maternidade não pode ser cumulado com o benefício por incapacidade. Havendo incapacidade concomitante, o benefício pago em razão da contingente incapacidade será suspenso enquanto durar o pagamento do salário-maternidade, segundo o art. 102 do RPS. O período de carência varia ou não existe de acordo com o tipo de segurada considerado, e é reduzido, em caso de parto antecipado, em número de AN02FREV001/REV 4.0 92 contribuições equivalentes ao número de meses da antecipação conforme o art. 25, § único, do PBPS: seguradas empregada, empregada doméstica e avulsa, independe de carência conforme o art. 26, VI, do PBPS. O Tribunal Regional Federal da Terceira Região (TRF 3) tem considerado a trabalhadora rural diarista (boia fria) como segurada empregada para fins de salário-maternidade. seguradas contribuinte individual e facultativa, tendo dez contribuições mensais. segurada especial não comprovará carência, mas, sim, o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 meses imediatamente anteriores ao do início do benefício, conforme o art. 39, § único, do PBPS. O Decreto 5.545/2005 fixou esse prazo em dez meses, mas doutrinadores como, por exemplo, Marisa Ferreira dos Santos (2009), diz que “não pode prevalecer por não se admitir que decreto regulamentador disponha de forma diversa da estabelecida na lei”. Assim, de acordo com o decreto citado, a segurada especial receberá o salário-maternidade se comprovar no mínimo dez meses de trabalho rural. Se o nascimento for prematuro, a carência será reduzida no mesmo total de meses em que o parto foi antecipado. O salário-maternidade é devido a partir do oitavo mês de gestação, comprovado por atestado médico ou da data do parto, que é evidenciado pela certidão de nascimento. A partir de setembro de 2003, o pagamento do salário- maternidade das gestantes empregadas passará a ser feito diretamente pelas empresas, que serão ressarcidas pela Previdência Social. Já, as mães adotivas, contribuintes individuais, facultativas e empregadas domésticas terão de pedir o benefício nas Agências da Previdência Social. Em casos comprovados por atestado médico, o período de repouso poderá ser prorrogado por duas semanas antes do parto e ao final dos 120 dias de licença. O sujeito ativo é a segurada empregada, empregada doméstica, trabalhadora avulsa, segurada servidora pública sem regime próprio de previdência, segurada contribuinte individual, segurada especial e segurada contribuinte facultativa que AN02FREV001/REV 4.0 93 tenha filho, adote ou obtenha guarda judicial para fins de adoção de criança até oito anos de idade. O INSS é sempre o sujeito passivo onerado. O pagamento do benefício varia de acordo com o tipo da segurada: A segurada empregada recebe o benefício diretamente da respectiva empresa empregadora e enquanto existir a relação de emprego, conforme o art. 97 do RPS. À segurada desempregada o benefício será pago diretamente pela Previdência Social, conforme o art. 97, § único, do Decreto 3.048/99, com alterações introduzidas pelo Decreto 6.122/2007. Quem tem salário fixo receberá o valor integral da remuneração mensal. Quem tem salário variável receberá o equivalente à média salarial dos seis meses anteriores. Quem recebe acima do teto salarial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) terá o salário-maternidade limitado a este teto, segundo a Resolução nº 236/02, do STF, de 19 de julho de 2002. 5.4.5 Aposentadoria por tempo de contribuição e por idade A Constituição Federal prevê, em seu art. 201, § 7°, que será assegurada, nos termos da lei, a aposentadoria no regime geral de previdência social, desde que obedecidas as seguintes condições: não cumulativa, ou seja, permanecem para a atividade privada duas espécies de aposentadoria, a por tempo de contribuição e a por idade. Sendo assim, para se aposentar, são necessários alguns requisitos: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (CF, art. 201, § 7°). Os incisos I e II foram acrescentados pela Emenda Constitucional n° 20, de 1998, que introduziu a reforma da previdência social. Tratando-se de regras novas AN02FREV001/REV 4.0 94 que só podem atingir, de maneira integral , todos os que ingressaram no RGPS após a sua vigência. Essas regras podem ser denominadas normas permantentes. Os que já participam do RGPS ao tempo da promulgação da EC n° 20/98, mas não haviam ainda cumprido todos os requisitos para a aposentadoria, não poderiam ser por ela completamente atingidos, sob pena de ofensa ao direito adquirido. Para esses, a EC n° 20/98 trouxe disposições específicas, no campo da aposentadoria. São as regras de transição, contidas no art. 9° da EC 20/98. Cada espécie de aposentadoria, devida aos trabalhadores urbanos e aos rurais, bem como a aplicação das regras permanentes e das regras de transição. Como regra de transição podemos citar o caso das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, a carência será de 180 contribuições mensais para os segurados inscritos depois da vigência da Lei 8.213/91, de 24 de julho de 1991. Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social urbana até 24 de julho de 1991, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/91. A regra de transição levará em conta o ano em que o segurado implementar todas as condições necessárias à obtenção do benefício. Nos caso de professor, 30 anos de contribuição, se homem, 25 anos de contribuições, se mulher. Desde que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio (art. 9°, § 2°, da EC n° 20/98). Nas regras transitórias, não há exigência de que o magistério seja exclusivo na educação infantil, nos ensinos fundamental e médio, podendo, por isso, ser computado o magistério de nível superior, desde que, obviamente, não concomitante com atividades diversas. Aposentadoria por tempo de contribuição pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora, 30 anos. Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: o tempo de contribuição e a idade mínima. A aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável, depois que receber o primeiro pagamento, o segurando não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. AN02FREV001/REV 4.0 95 A garantia fundamental do respeito ao ato jurídico perfeito e ao direito adquirido também se aplica em matéria previdenciária. Os benefícios concedidos de acordo com as normas então vigentes não podem ser revistos, salvo se ilegalmente concedidos, sob a ofensa ao ato jurídico perfeito. O segurado que tenha cumprido todos os requisitos para obter o benefício antes da vigência da nova lei tem direito adquirido à concessão pelas normas então vigentes. No caso de professor, 30 anos de contribuição, se homem, 25 anos de contribuições, se mulher. Desde que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio. Como vimos, a CF assegura a cobertura previdenciária correspondente a dois tipos de aposentadoria por tempo de contribuição e por idade, não havendo mais a aposentadoria proporcional do regime anterior. 5.4.6 Aposentadoria por invalidez Segundo o art. 42 da Lei 8.213 de 1991, aposentadoria por invalidez [... ] uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. (LEI 8.213, 1991). Conforme descrito pelo trecho anterior, a aposentadoria por invalidez possui período de carência de 12 meses, ou seja, o segurado (trabalhador) deverá ter contribuído por no mínimo durante esse período para que tenha direito ao benefício. Desta forma, o período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é, em regra, de 12 contribuições mensais. Sendo assim, para ter direito ao benefício, o trabalhador tem que contribuir para a Previdência Social por no mínimo 12 meses, no caso de doença. Se for acidente, esse prazo de carência não é exigido, mas é preciso estar inscrito na Previdência Social. A concessão de aposentadoria por invalidez AN02FREV001/REV 4.0 96 dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame pericial a cargo da previdência social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. Quem recebe aposentadoria por invalidez tem que passar por perícia médica de dois em dois anos, se não, o benefício é suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade e volta ao trabalho. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar no agravamento da enfermidade. Terão direito à aposentadoria por invalidez à majoração de 25%: cegueira total; perda de nove dedos das mãos ou superior a esta; paralisia dos dois membros superiores e inferiores; perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível; doença que exija permanência contínua no leito; incapacidade permanente para as atividades da vida diária; alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social, etc. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício. AN02FREV001/REV 4.0 97 5.4.7 Aposentadoria especial Os beneficiários da aposentadoria especial são: o segurado empregado, o trabalhador avulso e o contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de produção. De acordo o art. 57 da Lei 8.213, de 1991, a aposentadoria especial será Devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos”, conforme dispuser a lei (redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995). Assim, aposentadoria especial é o benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, conforme o art. 64 do RPS. Esse benefício foi um dos grandes causadores do atual déficit previdenciário, pois antes da aprovação da Lei 9.032, de 1995, não era necessário que o trabalhador comprovasse a sua exposição permanente ao agente nocivo para ter direito a benefício. Como exemplo: profissionais liberais, técnicos e assemelhados (engenheiros, médicos, professores); ocupantes de atividades relacionadas ao transporte e às comunicações, como o caso das telefonistas, sem que houvesse a necessidade de comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos à sua saúde. Diante disso, a regra para a concessão desse benefício sofreu profundas modificações ao longo dos anos, passando a exigir das empresas maior responsabilidade quanto ao enquadramento das atividades e da exposição de seus trabalhadores a agentes nocivos à saúde. A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20, ou 25 anos, conforme o caso. Além de comprovar o tempo de trabalho, precisa comprovar também efetiva exposição aos AN02FREV001/REV 4.0 98 agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício. A comprovação será feita em formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCA), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, conforme o art. 68, § 2°, do RPS. O PPP é o documento histórico laboral do trabalhador que, entre outras informações, deve conter registros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados administrativos. A empresa deverá elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato do trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autenticada deste documento. A relação dos agentes nocivos consta do Anexo IV da Regulamentação da Previdência Social (RPS). Se o segurado que recebe aposentadoria especial retornar ou permanecer em atividade sob condições especiais poderá ter o benefício suspenso. Ele poderá, no entanto, trabalhar em setores não enquadrados como especiais. O aposentado que voltar ao trabalho terá direito aos seguintes benefícios previdenciários: salário-família, salário-maternidade e reabilitação profissional. Em regra, a carência exigida é de 180 contribuiçoes mensais. Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como os trabalhadores e empregados rurais antes amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei 8.213, de 1991. A renda mensal inicial da aposentadoria especial é de 10% do salário de benefício. Ainda sobre aposentadoria, o IBGE levantou recentemente o peso das aposentadorias dos servidores públicos para as famílias brasileiras, constatou que, entre os mais ricos com renda familiar superior a R$ 10.375,00, esses benefícios representam 9% dos ganhos mensais, mas para as famílias mais pobres, com renda de até R$ 830,00, o peso das aposentadorias e pensões da previdência pública é de apenas 0,9% , foi o que mostrou a última pesquisa do Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada em junho de 2010. Trata-se, assim, de um gasto que só beneficia os mais ricos. AN02FREV001/REV 4.0 99 Um sistema que acaba permitindo altas aposentadorias de servidores públicos, incluindo o judiciário e o legislativo. Uma regulamentação eficiente ajudaria a combater a desigualdade do país. A maior política de seguridade social e de transferência de renda é a previdência. A economista Margarida Gutierrez, do centro de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está convencida de que a realidade mostrada pela POF é a prova de que o sistema previdenciário brasileiro precisa mudar. Desta forma, o sistema previdenciário se torna injusto, além de permitir a desigualdade social. 5.5 ACIDENTE DE TRABALHO O art. 7°, XXVIII, da CF garante aos trabalhadores urbanos e rurais “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. E o art. 201, § 10, determina que a lei ordinária “disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado” (incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). O art. 2° da Lei 6.367, de 1976, primitiva lei de acidentes de trabalho, estabelecia que: Acidente de trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade do trabalho. De igual forma, o art. 19 da atual lei previdenciária que trata da definição de acidente de trabalho, Lei 8.213 de 1991, nos informa o que se pode entender por esta ocorrência, estabelecendo seus elementos caracterizadores, como veremos a seguir. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 100 Assim, para fins de cobertura previdenciária, o acidente do trabalho está definido no art. 19 do PBPS. Ressalte-se que, para a lei há pouco mencionada, conforme dispõe o seu art. 20, as doenças do trabalho e as doenças profissionais também são consideradas acidente de trabalho, entendendo-se por: doença profissional, aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; doença do trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. O art. 21 equipara outros eventos a acidente do trabalho. De maneira geral, podemos definir doenças profissionais como patologias típicas e inerentes a certos e determinados grupos profissionais, em que a doença relaciona-se com as atividades específicas desenvolvidas. Como exemplo, temos a possibilidade de ocorrência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) em digitadores ou operadores de caixas. Já as doenças do trabalho são patologias adquiridas em razão da exposição do trabalhador a determinados agentes nocivos à sua saúde, presentes no ambiente de trabalho, como por exemplo, a perda da capacidade auditiva de um carpinteiro de construção civil, que opere equipamento de corte (serra circular), e esteja exposto ao ruído durante sua vida laboral sem qualquer espécie de proteção. Para a Lei 8.213, existem algumas doenças que, devido a suas características, não são consideradas como doenças do trabalho, são elas: a doença degenerativa; a inerente ao grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 101 Além do acidente típico e das doenças ocupacionais (doença do trabalho e doença profissional), a Lei 8.213, de 1991, ainda traz em seu art. 21 a relação de outras situações que, ligadas ao trabalho ou originadas no mesmo, são consideradas como acidente do trabalho, são os chamados acidentes de trabalho por equiparação: ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiros de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiros ou de companheiro de trabalho; desabamento, inundações, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade. De igual forma, o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho, poderá ser considerado como acidente de trabalho quando o empregado estiver: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por estar dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado; nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 102 Em relação ao acidente de trajeto ou de percurso, é importante frisar que, para a legislação previdenciária, basta a comprovação de que o empregado estava no seu trajeto habitual independentemente do meio que utilizava, no dia do acidente, para se locomover. Todo e qualquer acidente de trabalho deverá ser comunicado à previdência social, independentemente se houve ou não afastamento do trabalhador de suas atividades laborais. A CAT encontra seu fundamento legal de existência no art. 22 da Lei 8.213, de 1991, e no art. 336 do Decreto 3.048, de 1999, com finalidade de informar a previdência social o acidente ocorrido com o trabalhador; fornecer dados para a mesma e, assim, garantir ao segurado o acesso fácil e rápido aos benefícios previdenciários. Sendo assim, o acidente de trabalho deverá ser comunicado da seguinte forma: Por meio do formulário próprio de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), adquirido nas papelarias, nas Agências da Previdência Social ou na Internet. A CAT poderá ser preenchida por meio de formulário, e em quatro vias, devendo ser protocolada no posto de benefícios da previdência social mais próximo à residência do empregado, sendo, ao final, fornecida cópia da mesma ao trabalhador. A entrega das vias da CAT compete ao emitente da mesma, cabendo a este comunicar ao segurado ou seu dependente em qual Agência da Previdência Social foi registrado a CAT. Ao contrário do que se pensa, o simples fato de emitir a CAT não gera por si só o direito à estabilidade, ou melhor dizendo, à garantia de emprego do acidentado. Esta garantia está condicionada ao fato de o empregado estar afastado por mais de 15 dias e ter recebido o benefício previdenciário chamado auxílio doença acidentário, conforme o art. 118 da Lei 8.213 de 1991. AN02FREV001/REV 4.0 103 5.6 FATOR PREVIDENCIÁRIO E REAJUSTE PARA OS APOSENTADOS O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar. A expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade, construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos. Fator previdenciário é uma regra que reduz o valor da aposentadoria de quem para de trabalhar mais cedo. Leva em conta o tempo de contribuição de cada segurado, a expectativa de vida e a idade atual da pessoa. Foi criado em 1999 para conter o desequilíbrio nas contas da previdência social, que sofria porque cada vez mais pessoas passaram a requerer o benefício e cada vez mais cedo. O fim do fator previdenciário foi aprovado pelo Senado em maio de 2010, essa mudança na regra para o cálculo da aposentadoria já tinha passado pela Câmara e, no entanto, foi vetada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, a proposta que derruba a existência do fator previdenciário foi aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados. Sem o fator previdenciário, calcula-se a média dos 80% maiores salários, o resultado será o valor recebido mensalmente quando o segurado se aposentar. Com o fator previdenciário, calcula- se a média dos 80% salários. No caso das aposentadorias por tempo de contribuição, o resultado da média é multiplicado pelo fator previdenciário, de acordo com a tabela do Ministério da Previdência. Na tabela, os valores variam de 0,195 a 2,244. Valores menores que 1 reduzem o benefício, e valores maiores que 1 aumentam o benefício. Para quem já se aposentou, caso o fator previdenciário seja extinto definitivamente, existe um entendimento jurídico de que a regra que vale é o da época em que o benefício foi concedido, logo, quem já se aposentou com benefício menor por conta do fator, provavelmente, não conseguirá aumentá-lo. AN02FREV001/REV 4.0 104 FIM DO MÓDULO IV
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