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PROFESSORA ANA CAROLINE N. G. OKAZAKI REVISÃO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES ENADE 2015 1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS Direito das Obrigações ou Direito Obrigacional é o ramo do Direito Civil que estuda as espécies obrigacionais, suas características, efeitos e extinção. Já a expressão Obrigação, caracteriza-se na relação jurídica de vínculo pessoal (credor e devedor) e transitório cujo objeto consiste numa prestação de dar, fazer ou não fazer. Difere-se do dever, pois este não carece da sujeição de uma das partes. O dever refere-se a uma alta probabilidade da concretização de um determinado comportamento, através da análise da interação entre a parte e a situação bem como a previsão de seu desenrolar. O dever aprecia o resultado do livre-arbítrio individual e não tenta influir decisivamente neste, no que se diferencia da obrigação. Esta, se exprime através do crédito, débito, dívida, fundamento ou fonte de um direito, instrumento que corporifica o direito, encargo, compromisso, imposição, títulos que representam créditos ou valores, toda relação que liga um devedor a um credor. 2) ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL As obrigações são constituídas de elementos subjetivos, objetivos e de um vínculo jurídico. A) Subjetivo: Sujeito * Ativo: que pode exigir a prestação: credor. * Passivo: que está obrigado a prestar: devedor. Os sujeitos podem ser: - Pessoa Física ou Jurídica - Capaz ou Incapaz - Sujeito Determinado ou Indeterminado - Sujeito Individual e Sujeito Coletivo (solidariedade) - Sujeito Público ou Privado B) Objetivo: Objeto Formado pelo objeto da obrigação: a prestação a ser cumprida. - Objeto Imediato: É uma conduta, uma ação, uma atividade. *A Conduta pode ser: -positiva: dar, pagar, entregar, fazer... -negativa: não agir, não fazer, não pagar, não dar... - Objeto Mediato: Bem material ou imaterial relacionado à conduta do agente. Podem ser: 1) Dar algum bem - Ex: pagamento em dinheiro, entrega de veículo . 2) Fazer algo – Ex: serviço, atividade ... 3) Não fazer algo – Abster do exercício de um direito ... *Requisitos de validade do objeto (104, CC) C) Vínculo Jurídico: Determinação que sujeita o devedor a cumprir determinada prestação em favor do credor. 3) CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 1. Quanto a natureza de seu objetos: dar, fazer e não fazer; 2. Quanto o modo de execução (ou quanto ao objeto): simples, cumulativa, alternativa e facultativa; 3. Quanto ao tempo de adimplemento: instantânea, execução continuada, execução diferida; 4. Quanto ao fim (ou quanto ao conteúdo): de meio, de resultado; 5. Quanto aos elementos: acidentais, condicional, modal e a termo; 6. Quanto aos sujeitos: divisível, indivisível e solidária; 7. Quanto a liquidez do objeto: líquida ou ilíquida; 8. Quanto exigibilidade: civis, naturais. 9. Obrigações Propter Rem 3.1) Quanto a natureza de seu objeto 1. Obrigação de dar - Pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a ESCOLHA AO DEVEDOR, se o contrário não decorrer do contrato. Quando realizada a escolha (CONCENTRAÇÃO), passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa. 2. Dar a coisa certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única. 3. Dar a coisa incerta - Quando a especificação da coisa não é dada de uma primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (por exemplo: entrega de 10 touros. Não se determinou a raça específica mas o gênero - touros - e quantidade - 10 -). 4. Restituir - É a devolução da posse da coisa emprestada. 5. Obrigação de fazer - consiste na prestação de um serviço por parte do devedor. 6. Obrigação de não fazer - o devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (ex: uma pessoa que adquire determinado terreno para construção e assume a obrigação de não edificar imóvel com altura superior a 10 metros. A pessoa tinha todo direito/ação de construir a casa na altura que pretendesse, mas se obriga a NÃO fazer). 7. Quanto ao modo de execução a) Simples - Tem por objeto a entrega de uma só coisa ou execução de apenas um ato. b) Cumulativa - Obrigação conjuntiva de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis, o devedor exonera-se com o prestar das prestações de forma conjunta (regra do "E" = por exemplo, um contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado E pintado E com piso novo. Somente todas as cláusulas em conjunto satisfazem a obrigação). c) Facultativa - Obrigações com faculdade alternativa de cumprimento. Concede ao devedor possibilidade de substituir o objeto prestado por outro de caráter subsidiário, já estabelecido na relação obrigacional. d) Alternativa - Caracteriza-se pela multiplicidade dos objetos devidos. Mas, diferentemente da obrigação cumulativa, na qual também há multiplicidade de objetos devidos e o devedor só se exonera da obrigação entregando todos. (regra do "OU" = por exemplo, contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado OU pintado OU piso novo. A execução de qualquer uma das cláusulas satisfaz a obrigação). 8. Quanto ao tempo de adimplemento a) Instantânea - Se consuma num só ato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela há uma completa exaustão da prestação logo no primeiro momento de seu adimplemento. b) Execução continuada - Caracteriza-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo - por exemplo, a obrigação do locador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um bem infungível, e a obrigação do locatário de pagar o aluguel convencionado. c) Execução diferida - exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da instantânea, sua execução deverá ser realizada em momento futuro. 9. Quanto ao fim a) De meio - o sujeito passivo da obrigação utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas não será responsabilizado se não atingir este objetivo. Há exceção. b) De resultado - o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação. 10. Quanto aos elementos a) Acidental - são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais (condição, modo, encargo ou termo). b) Condicional - são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. c) Modal - o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do CódigoCivil. d) A termo - submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido. 11. Quanto aos sujeitos a) Divisível - é aquela suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor; trata-se de divisibilidade econômica e não material ou técnica; havendo multiplicidade de devedores ou de credores em obrigação divisível, este presumir-se-á dividida em tantas obrigações, iguais e distintas. b) Indivisível - é aquela cuja prestação só poder ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa parte exata da que resultaria do adimplemento integral; pode ser física (obrigação restituir coisa alugada, findo o contrato), legal (concernente às ações de sociedade anônima em relação à pessoa jurídica), convencional ou contratual (contrato de conta corrente), e judicial (indenizar acidentes de trabalho). c) Solidária - é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos. 12. Quanto a liquidez a) Líquida - é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo. b) Ilíquida - depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. Conforme art. 947 CC/02 12. Quanto a exigibilidade a) Civis - é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. b) Natural - permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. 13. Obrigações Propter Rem Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também classificadas como obrigações híbridas. Obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da situação jurídica entre a pessoa e a coisa. Por exemplo, a obrigação do proprietário efetuar o pagamento do IPTU ou do condomínio. 4 – OBRIGAÇÃO DE DAR: COISA CERTA E INCERTA 1. Obrigação De Dar (Entregar) A obrigação de dar indica o dever de transferir ao credor alguma coisa ou alguma quantia. No entanto, de acordo com a opção legislativa vigente, a obrigação de dar não importa na transferência efetiva da coisa, mas apenas num comprometimento de sua entrega. Isso reflete uma reminiscência do Direito Romano onde a obrigação de dar refletia apenas um crédito e não um direito real. É importante compreender que a obrigação de dar gera apenas um direito à coisa e não exatamente um direito real. No nosso sistema jurídico, para que se aperfeiçoe a propriedade quando derivada de uma obrigação, mister se faz a transcrição do título no Registro de Imóveis (quando se tratar de bem imóvel), ou a tradição da coisa (quando o bem objeto da prestação for móvel). 2- Tradição - Conceito: ato pelo qual o indivíduo transfere determinada coisa (entrega ou restituição). - Formas de tradição: a) real b) simbólica c) ficta (constituto possessório). Regra (art. 237) 3. Espécies De Obrigações De Dar: a) Dar coisa certa (arts. 233 a 242) b) Dar coisa incerta. (arts. 243 a 246) 3.1. Obrigação De Dar Coisa Certa ♦ Conceito de coisa certa: objeto mediato individualizado (possui identidade). ♦ Espécies de obrigações de dar: entregar e restituir ♦ Acessórios: (art. 233, CC): Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. ♦ Perecimento: a) Perda: Perecimento Total b) Deterioração: Perecimento Parcial 3.1.a) Nas obrigações de entregar: (Art. 234, CC). Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. ♦ Perda: • Sem Culpa: resolve a obrigação (extingue-se a obrigação de dar) • Com culpa do devedor: responderá pelo equivalente + PD ♦ Deterioração: (235 e 236): Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Sem Culpa: resolve a obrigação ou aceita a coisa com abatimento. Com Culpa do Devedor: equivalente e mais perdas e danos. 3.1.b) Nas Obrigações de Restituir (238 e 239): Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. ♦ Perda: Sem culpa do devedor: – Credor sofre a perda. • Com culpa do devedor: - Responde o equivalente e mais perdas e danos. ♦ Deterioração: (240): Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Sem culpa do devedor: Prejuízo do credor •Com culpa do devedor: (241b, 239) Equivalente mais perdas e danos. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 3.2. Obrigações De Dar Coisa Incerta • Coisa incerta: está identificada apenas por seu gênero e não está especificado. • Concentração: é o ato de escolha da coisa. • Parâmetros da escolha: é o TERMO MÉDIO, não pode dar o pior. • Efeitos: determina a qualidade. A coisa torna-se certa. •Regra (art. 246): antes da concentração o devedor não pode alegar perda ou deterioração. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 5 – OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER 5.1. Considerações Iniciais - Conceito: o devedor se compromete a prestar alguma tarefa. A obrigação de fazer importa numa atividade do devedor, seja ela eminentemente física ou intelectual. Da mesma forma que a obrigação de dar, trata-se de uma obrigação positiva. - Objeto: um comportamento, uma atividade física, intelectual, artístico, científico. - Inadimplemento: devedor não pode ser coagido,então, P+D. 5.1.1. Espécies a) Obrigação de Fazer Infungível intuitu personae (personalíssimas) somente pode ser realizada por aquele Sujeito Passivo. Leva em conta as características, as particularidades do Sujeito Passivo. A substituição não é admissível. b) Obrigação de Fazer Fungível Não leva em conta as características, as particularidades do Sujeito Passivo. Obrigação se satisfaz desde que a atividade seja realizada. Admite a substituição do executor. 5.1.2. Efeitos da Inexecução das Obrigações de Fazer a) Motivada por impossibilidade de cumprir Sem culpa do devedor: resolve a obrigação (status quo) – art. 248 Com culpa do devedor: perdas e danos Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. b) Motivada pela recusa em cumprir: Obrigações personalíssimas: perdas e danos – art. 247 Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. Obrigações não personalíssimas: terceiro executa por conta – art. 249 Ação cominatória: art. 633 do CPC Pena astreinte: multa cominatória diária. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 5.2. Obrigação De Não Fazer 5.2.1. Conceito: uma abstenção do Sujeito Passivo, uma omissão em relação a uma atividade. 5.2.2 Inadimplemento: se configura com a prática do ato. 5.2.3. Efeitos do inadimplemento a) Motivada por impossibilidade de abstenção: resolve a obrigação (art. 250) Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. b) Motivada pela simples recusa: desfazimento do ato pelo próprio devedor ou por sua conta + PD (art. 251) Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 6 - OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 6.1. Noções Gerais ♦ Obrigação Simples - Quando há apenas uma obrigação. Se existe apenas uma prestação designa obrigação simples. ♦ Obrigações Complexas: Reúne no mesmo vínculo jurídico mais de uma obrigação. As obrigações complexas se classificam em: • Cumulativas ou conjuntivas: mais de uma prestação (P1 e P2) • Alternativas ou disjuntivas: mais de uma prestação (P1 ou P2) 6.2. Obrigações Alternativas Concentração: art. 252: Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. a) Perda/inexequibilidade de uma das prestações: art. 253 – subsistência da segunda Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. b) Impossibilidade de todas as prestações (culpa e concentração do devedor): art. 254 Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. c) Impossibilidade de uma das prestações (com culpa do devedor e concentração do credor): art. 255 a Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; d) Impossibilidade de todas as prestações (com culpa do devedor e concentração do credor): art. 255 b (...) se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. e) Impossibilidade de todas as prestações (sem culpa do devedor): art. 256 – extinção da obrigação Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. 6.3. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis - Conceito de indivisibilidade (art. 258) Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. - Espécies de indivisibilidade: a) quanto à natureza (ex. cavalo) b) por motivo de ordem econômica (ex. zoneamento) c) por convenção - Efeitos da indivisibilidade: a) Pluralidade de devedores e divisibilidade: art. 257 Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. b) Pluralidade de devedores e indivisibilidade: art. 259 Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. c) Pluralidade de credores e indivisibilidade: art. 260 e 261 Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. d) Remissão da dívida indivisível (art. 262) Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. e) Resolução em PD (Art. 263) e efeitos (parágrafos) Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 7. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 7.1 Solidariedade - Conceito (art. 264) Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. - Espécies de Solidariedade: a) Ativa: pluralidade de credores b) Passiva: pluralidade de devedores - Princípios regentes: a) solidariedade não se presume (art. 265) Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. b) solidariedade não significa identidade (art. 266) Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co- devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 7.2. Regras da Solidariedade Ativa - Qualquer Credor pode exigir a dívida toda (art. 267) Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. - O devedor pode pagar a qualquer um dos credores (art. 268) Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. - O pagamento a qualquer credor extingue a dívida (art. 269) Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. - A solidariedade ativa não acompanhaa sucessão hereditária (art. 270) Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. - A solidariedade acompanha a conversão em PD (art. 271) Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. - O credor que remitir ou receber responde aos demais (art. 272) Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. - Inoponibilidade das exceções pessoais (art. 273) Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. 7.3 – Regras da Solidariedade Passiva - Credor pode exigir a dívida toda de qualquer um dos devedores (art. 275) Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. - A solidariedade passiva não acompanha a sucessão hereditária (art. 276) Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. - Se o credor perdoar a dívida de um dos devedores, os demais continuam obrigados, descontando-se o valor perdoado (art. 277) Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. - Ônus sobre um co-devedor não se transmite aos demais, sem consentimento (art. 278) Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. - Impossibilidade da prestação por culpa de um dos devedores (art. 279) Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. - Todos respondem pelos juros, mas o culpado deve ressarcir regressivamente (art. 280) Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. - A exceções pessoais só aproveitam ao interessado (art. 281) Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. - Credor pode exonerar qualquer devedor da solidariedade (art. 282) Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. - Devedor que paga a dívida toda, tem direito de regressar contra todos (art. 283) Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co- devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. - A cota parte do devedor solidário insolvente deverá ser dividida entre todos (art. 283 e 284) Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. - O devedor interessado é o verdadeiro responsável (art. 285) Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 8- EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 8.1 Modos de Extinção das Obrigações 8.1.1) Meios de solver as obrigações: extingue-se a obrigação: a) pelo pagamento direto ou execução voluntária da obrigação pelo devedor; b) pelo pagamento indireto; c) pela prescrição, pela impossibilidade de execução sem culpa do devedor e pelo implemento de condição ou termo extintivo; d) pela execução forçada, em virtude de sentença. 8.1.2) Pagamento ou modo direto de extinguir a obrigação (arts. 308 e seguintes, CC) Conceito: é a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo. Requisitos essenciais: existência de vínculo obrigacional; intenção de solver este vínculo, cumprimento da prestação, presença da pessoa que efetua o pagamento (solvens); presença daquele que recebe o pagamento (accipiens). Tempo do pagamento (Art. 331 e ss, CC): o momento em que se pode reclamar a dívida designa-se vencimento; se há determinação negocial a respeito, sendo que as partes estipularam data para o cumprimento da dívida, esta deverá ser paga no seu vencimento, sob pena de incorrer em mora e em suas consequências; se a omissão do vencimento, isto é, se as partes não ajustaram data para o pagamento, o credor, poderá exigi-lo imediatamente. 8.1.3) Lugar do pagamento: é o local do cumprimento da obrigação, está, em regra, indicado no título constitutivo do negócio jurídico, ante o princípio da liberdade de eleição, uma vez que é permitido aos contraentes especificarem o domicílio onde se cumprirão os direitos e deveres deles resultantes, não só convencionando o lugar onde a prestação deverá ser realizada, mas também determinando a competência do juízo que deverá conhecer das ações oriundas do inadimplemento desses contratos; porém, se nada convencionarem a respeito, o pagamento deverá ser efetuado no domicílio do devedor (art. 327). (Pagamento portable x quérable). 8.1.4) Prova do pagamento: uma vez solvido o débito, surge o direito do devedor receber do credor um elemento que prove que o pagou, que é a quitação regular; de reter o pagamento enquanto esta não lhe for dada, ou de consignar em pagamento, ante a recusa do credor em dar a quitação, citando o credor para esse fim, de forma que o devedor ficará quitado pela sentença que condenar o credor. Observações: Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. 8.1.7) Pagamento Indireto Pagamento por consignação (Arts. 334 e ss, CC): é o meio indireto do devedor exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais; é um modo especial de liberar-se da obrigação, concedido por lei ao devedor, se ocorrerem certas hipóteses excepcionais, impeditivas do pagamento; apenas nos casos previstos em lei poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida); o art. 890 e ss, do CPC, dispõe sobre o procedimento da consignação em pagamento. Pagamento com sub-rogação (Arts, 346 e ss, CC): a sub-rogação pessoal vem ser a substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor; não se terá, portanto, extinção da obrigação, mas substituição do sujeito ativo, pois o credor passará a ser o terceiro;é uma forma de pagamento que mantém a obrigação, apesar de haver a satisfação do primitivo credor; poderá ser legal ou convencional (resultante do acordo de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e o terceiro); tanto na sub-rogação legal como na convencional passam ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o credor principal e os fiadores Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Imputação do pagamento (Arts. 352 e ss, CC): é a operação pelo qual o devedor de dois ou mais débitos da mesma natureza a um só credor indica qual deles (débito) o pagamento extinguirá, por este ser insuficiente para solver a todos; pressupõe os seguintes requisitos: existência dualidade ou pluralidade de dívidas; identidade de credor e de devedor (as diversas relações negociais devem vincular um mesmo devedor a um credor); igual natureza dos débitos (deve ser indiferente para o credor receber uma ou outra); suficiência do pagamento para resgatar qualquer das dívidas; é um meio indireto de pagamento; logo, seu efeito, é de operar a extinção do débito a que se dirige, com todas as garantias reais e pessoais. Dação em pagamento (Arts. 356, e ss, CC): é um acordo liberatório, feito entre credor e devedor, em que o credor consente na entrega de uma coisa diversa da avençada; é o cumprimento da obrigação, pela aceitação, por parte do credor, de coisa dada pelo devedor em lugar da devida; os requisitos imprescindíveis para sua configuração são: a) existência de um débito vencido; b) animus solvendi; c) diversidade de objeto oferecido em relação ao devido; d) concordância do credor na substituição; seu efeito é produzir a extinção da dívida, qualquer que seja o valor do objeto ofertado em lugar do convencionado. Novação (Art. 360, e ss, CC): é o ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir a precedente, substituindo-a; é a conversão de uma dívida por outra para extinguir a primeira; é simultaneamente causa extintiva e geradora de obrigações. Compensação (Art. 368, e ss, CC): é um meio especial de extinção de obrigação, até onde se equivalerem, entre pessoas que são, ao mesmo tempo, devedoras e credoras uma da outra; seria a compensação o desconto de um débito a outro ou a operação de mútua quitação entre credores recíprocos; pode ser legal; convencional e judicial. Transação (Art. 840, e ss, CC): é um negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações duvidosas ou litigiosas; seria uma composição amigável entre os interessados sobre seus direitos , em que cada qual abre mão de parte de suas pretensões, fazendo cessar as discórdias; seus elementos constitutivos são: a) acordo de vontade entre os interessados; b) Existência de litígio ou de dúvida sobre os direitos das partes, suscetíveis de serem desfeitos; c) intenção de pôr termo à res dubia ou litigiosa; d) reciprocidade de concessões; e) prevenção ou extinção de um litígio ou de uma dúvida; apresenta os seguintes caracteres, é indivisível, é de interpretação restrita e é negócio jurídico declaratório; poderá ser judicial, se se realizar no curso de um processo, recaindo sobre direitos contestados em juízo; extrajudicial, mediante convenção dos interessados; a transação só é permitida em relação a direitos patrimoniais de caráter privado, suscetíveis de circulabilidade. Confusão (Art. 381 e ss, CC): é a aglutinação, em uma única pessoa e relativamente à mesma relação jurídica, das qualidades de credor e devedor, por ato inter vivos ou causa mortis, operando a extinção do crédito; os requisitos essenciais são: a) unidade da relação obrigacional, que pressupõe, a existência do mesmo crédito ou da mesma obrigação; b) união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor, pois apenas quando a pretensão e a obrigação concorrem no mesmo titular é que se terá a confusão; c) ausência de separação dos patrimônios. Remissão das dívidas (Art. 385 e ss, CC): é liberação graciosa do devedor pelo credor, que voluntariamente abre mão de seus direitos creditórios, com o escopo de extinguir a obrigação, mediante o consentimento expresso ou tácito do devedor; é um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor; todos os créditos, seja qual for a sua natureza, são suscetíveis de serem remidos, desde que visem o interesse do credor e a remissão não prejudique interesse público ou de terceiro; poderá ser total ou parcial e expressa ou tácita; ter-se-á remissão de dívida presumida pela entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular e a entrega do objeto empenhado. 8.1.8) Extinção da relação obrigacional sem pagamento Prescrição (Art. 189 e ss, CC): é um dos modos extintivos da obrigação sem que o devedor cumpra a prestação; tem por objeto a ação, por ser uma exceção oposta ao seu exercício com a finalidade de extingui-la e tendo por fundamento um interesse jurídico-social; é uma pena para o negligente. que deixa de exercer seu direito de ação dentro de certo prazo, diante de uma pretensão resistida. Condição resolutiva ou de termo extintivo: é um pacto inserido no negócio jurídico para modificar o efeito da relação obrigacional, de forma que, enquanto a condição não se realizar, vigorará a obrigação, mas a sua verificação extinguirá, para todos os efeitos, o liame obrigacional; o termo final ou resolutivo determina a data de cessação dos efeitos do negócio jurídico. 8.1.9) Consequências da inexecução das obrigações por fato imputável ao devedor Inadimplemento voluntário: ter-se-á o inadimplemento da obrigação quando faltar a prestação devida, isto é, quando o devedor não a cumprir, voluntária ou involuntariamente; se o descumprimento resultar de fato imputável ao devedor, haverá inexecução voluntária, que poderá ser dolosa, ou resultar de negligência, imprudência ou imperícia do devedor. Responsabilidade contratual do inadimplente: todo aquele que voluntariamente infringir dever jurídico, estabelecido em lei ou em relação negocial, causando prejuízo a alguém, ficará obrigado a ressarci-lo; havendo liame obrigacional, a responsabilidade do infrator, designar-se- á responsabilidade contratual; não havendo vínculo obrigacional será extracontratual ou aquiliana. 8.1.10) Mora – Art. 394, e ss CC: Conceito: considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o credor que o não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados; a mora vem a ser não só a inexecução culposa da obrigação, mas também a injusta recusa de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos. Mora solvendi ou mora do devedor: configura-se quando este não cumprir, por culpa sua, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados; seu elemento objetivo é a não realização do pagamento no tempo, local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução culposa de sua parte; manifesta-se sob 2 aspectos: a) mora ex re, se decorrer de lei, resultando do próprio fato do descumprimento da obrigação, independendo, portanto, de provocação do credor; se houver vencimento determinado para o adimplemento, o próprio termo interpela em lugar do credor, assumindo o papel da intimação; b) mora ex persona, se não houver estipulação de termo certo para a execução da relação obrigacional; nesse caso, será imprescindível que o credor tome certas providências necessáriaspara constituir o devedor em mora (notificação, interpelação, etc.); pressupões os seguintes requisitos: a) exigibilidade imediata da obrigação; b) inexecução total ou parcial da obrigação; c) interpelação judicial ou extrajudicial do devedor; produz os seguintes efeitos jurídicos: a) responsabilidade o devedor dos prejuízos causados pela mora ao credor, mediante pagamento de juros moratórios legais ou convencionais, indenização do lucro cessante, reembolso das despesas e satisfação da cláusula penal, resultante do não- pagamento; b) possibilidade do credor exigir a satisfação das perdas e danos, rejeitando a prestação, se por causa da mora ela se tornou inútil (§ único) ou perdeu seu valor; c) responsabilidade do devedor moroso pela impossibilidade da prestação, mesmo decorrendo de caso fortuito ou força maior. Mora accipiendi ou mora do credor: é a injusta recusa de aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma devidos; são pressupostos: a) a existência de dívida positiva, líquida e vencida; b) estado de solvência do devedor; c) oferta real e regular da prestação devida pelo devedor; d) recusa injustificada, em receber o pagamento; e) constituição do credor em mora; tem como consequências jurídicas a liberação do devedor, isento de dolo, da responsabilidade pela conservação da coisa, a obrigação de ressarcir ao devedor as despesas efetuadas, a obrigação de receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento, e a possibilidade da consignação judicial da res debita pelo devedor. Mora de ambos: verificando-se mora simultânea, isto é, de ambos os contratantes, dá-se a sua compensação aniquilando-se reciprocamente ambas as moras, com a consequente liberação recíproca da pena pecuniária convencionada; imprescindível será a simultaneidade da mora, pois se for sucessiva, apenas a última acarretará efeitos jurídicos. Purgação da mora: é um ato espontâneo do contraente moroso, que visa remediar a situação a que se deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade; purga-se, assim, o inadimplente de suas faltas; é sempre admitida, exceto se lei especial regulamentar diferente, indicando as condições de emedar a mora Art. 401. Purga-se a mora: I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. Cessação da mora: ocorrerá por um fato extintivo de efeitos pretéritos e futuros, como sucede quando a obrigação se extingue com a novação, remissão de dívidas ou renúncia do credor. 8.1.11) Perdas e Danos Art. 402 e ss, CC Noções: O dano vem ser a efetiva diminuição do patrimônio do credor ao tempo em que ocorreu o inadimplemento da obrigação, consistindo na diferença entre o valor atual desse patrimônio e aquele que teria se a relação fosse exatamente cumprida; o dano corresponderia à perda de um valor patrimonial, pecuniariamente determinado; seriam as perdas e danos o equivalente do prejuízo suportado pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido a obrigação, expressando-se numa soma de dinheiro correspondente ao desiquilíbrio sofrido pelo lesado. Fixação da indenização de pernas e danos: As perdas e danos devidos ao credor abrangerão, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar; para conceder indenização o magistrado deverá considerar de houve: 1º) dano positivo ou emergente, que consiste num deficit real e efetivo no patrimônio do credor, isto é, uma concreta diminuição em sua fortuna, seja porque se depreciou o ativo, seja porque aumentou o passivo, sendo, pois, imprescindível que o credor tenha, efetivamente, experimentado um real prejuízo, visto que não passíveis de indenização danos eventuais ou potenciais; 2º) Dano negativo ou Lucro cessante, alusivo à privação de ganho pelo credor, ou seja, ao lucro que ele deixou de auferir, em razão do descumprimento da obrigação pelo devedor; 3º) nexo de causalidade entre o prejuízo e a inexecução culposa ou dolosa da obrigação por parte do devedor, pois a dano, além de efetivo, deverá ser um efeito direto e imediato do ato ilícito do devedor. Liquidação do dano: tem por fim tornar possível a efetiva reparação do dano sofrido pelo lesado, fixando o montante da indenização de perdas e danos; a liquidação se fará por determinação legal, por convenção das partes e por sentença judicial. 8.1.12) Cláusula Penal (Art. 408 e ss, CC) Conceito: é um pacto acessório, pelo qual as próprias partes contratantes estipulam, de antemão, pena pecuniária ou não, contra a parte infringente da obrigação, como consequência de sua inexecução culposa ou de seu retardamento, fixando, assim, o valor das perdas e danos, e garantindo o exato cumprimento da obrigação principal; tem uma função compulsória, por constituir um meio de forçar o cumprimento do avençado; visa punir uma conduta ilícita; seus caracteres são a acessoriedade, a condicionalidade, a compulsoriedade, a subsidiariedade, a ressarcibilidade, por constituir prévia liquidação de perdas e danos, e a imutabilidade relativa; pode ser compensatória ou moratória; seu requisitos são a existência de uma obrigação principal, a inexecução total da obrigação, a constituição em mora e a imputabilidade do devedor; seu efeito principal é o de sua exigibilidade pleno iure, no sentido de que independerá de qualquer alegação de prejuízo por parte do credor . 9 - TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 9.1) Cessão (Art. 286, e ss, CC): é a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente (cessionário) exerça posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente). 9.1.1) Cessão de crédito: é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional; poderá ser: a) gratuita ou onerosa; b) total ou parcial; c) convencional, legal ou judicial; d) “pro soluto” e “pro solvendo” (ter-se-á a primeira quando houver quitação plena do débito do cedente para o cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente; a segunda é a transferência de um direito de crédito, feita com intuito de extinguir a obrigação, que, no entanto, não se extinguirá de imediato, mas apenas se e na medida em que o crédito cedido for efetivamente cobrado). 9.1.2) Requisitos: capacidade genérica para os atos comuns da vida civil e capacidade especial, reclamada para os atos de alienação, tanto do cedente como do cessionário; objeto lícito e possível, de modo que qualquer crédito poderá ser cedido, constante ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei e a convenção com o devedor; não se exige formas específica para que se efetue a cessão, porém, para que possa valer contra terceiros, exceto nos casos de transferência de créditos, operados por lei ou sentença, será necessário que seja celebrada mediante instrumento público ou particular. 9.1.3) Cessão de débito: é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa ou tácita do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posiçãona relação obrigacional, substituindo-o; realizar-se-á mediante expromissão (negócio pelo qual uma pessoa assume espontaneamente o débito de outra) ou delegação (quando o devedor transferir a terceiro, com a anuência do credor, o débito com este contraído). 9.1.4) Cessão de contrato: é a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída; possibilita a circulação do contrato em sua integralidade, permitindo que um estranho ingresse na relação contratual, substituindo um dos contraentes primitivos, assumindo todos os seus direitos e deveres. QUESTÃO ENADE Considere que Tito e Lívio devam determinada quantia a Sílvio e Felipe e que, vencida a dívida, Sílvio, isoladamente, tenha acionado Tito para a cobrança. Nessa situação, Sílvio teria direito a cobrar A) 100% da dívida, pois a obrigação é indivisível. B) 25% do valor da dívida, por se tratar de obrigação divisível. C) 50% da dívida, dada a presunção de solidariedade passiva entre os devedores. D) exclusivamente de Tito, já que ocorre litisconsórcio passivo necessário. E) 100% da dívida, se Felipe vier a integrar o polo ativo da lide, pois há, na situação, um litisconsórcio ativo unitário.
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