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Uroanálise e Fluidos Biológicos (LIVRO ANALISES CLINICAS)

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Uroanálise e Fluidos 
Biológicos
3
 
Uroanálise e Fluidos 
Biológicos
Copyright © 2015 Editora etb Ltda.
1ª edição
Todos os direitos reservados.
Diretora acadêmica: Simone Savarego
Coordenadora editorial: Rosiane Aparecida Marinho Botelho
Produção editorial: etb - Editora Técnica do Brasil
As informações e as imagens são de responsabilidade dos autores.
Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora.
A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das informações contidas neste livro.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Esse livro está catalogado na CIP.
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Palavra da Abril Educação
Desenvolver uma geração de profissionais capazes de estar à frente de um mercado de trabalho 
desafiador, que exige cada vez mais eficiência e competências comprovadas, é uma das preocupações 
mais evidentes dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, dos gestores de políticas públicas e dos 
desenvolvedores de programas implementados.
Com o objetivo de conquistar esse desafio e contribuir para a formação de profissionais 
competentes e eficazes, o Sistema etb de ensino técnico apresenta uma proposta de apoio ao 
processo de ensino-aprendizagem, a partir de um material didático desenvolvido especificamente 
para programas de formação profissional.
Abrangendo mais de 12 eixos de conhecimento e com mais de 102 coleções de “cadernos de 
conteúdo”, o Sistema etb cobre mais de 90% das demandas de formação profissional por todo o 
Brasil, contando com o endosso da Abril Educação, cuja trajetória bem-sucedida já atravessa cinco 
décadas.
O Sistema etb tem ao seu dispor a experiência e a abrangência de um dos maiores expoentes no 
setor educacional, com destaque para metodologias diferenciadas e recursos educacionais exclusivos 
para a educação profissional. 
A oferta de programas de formação profissional, baseada em um material didático de qualidade 
e focado no desenvolvimento de habilidades e competências, associada à sequência de políticas 
públicas que estimulam o investimento no setor da educação profissional compõem uma proposta 
aos cidadãos para que consigam entrar no mercado de trabalho pela porta da frente, como convidados 
a exercer suas atividades de maneira segura e eficiente em empresas que clamam por profissionais 
diferenciados.
Este livro é mais um convite na direção da real compreensão da expressão SER PROFISSIONAL. O 
objetivo deste curso é a formação de profissionais que não só tenham conhecimento e capacidade 
de resolver problemas, mas também sejam criativos, éticos e preocupados com ações e processos 
sustentáveis.
A reunião de autores renomados na área do ensino fortalece o caráter criterioso e responsável dos 
capítulos componentes desta obra, para que, com eles, o aluno esteja provido do material necessário 
para iniciar sua carreira profissional, a qual será repleta de conquistas e outras lições.
Ivan Sartori
Diretor de Novos Negócios da Abril Educação - 
Mantenedora do etb – Editora Técnica do Brasil
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Autor(es)
Flávio Buratti Gonçalves
Biomédico pela Universidade de Mogi das Cruzes, com Habilitação em Análises Clínicas, Especialista 
em Diagnóstico Laboratorial de Doenças Tropicais pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre em 
Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Doutorando em Fisiopatologia Ambiental e 
Experimental pela Universidade Paulista - UNIP. Coordenador Geral do Pronatec em Análises Clínicas 
da UNIP. Atua como Docente do nível superior desde 1998, nas áreas de Fisiopatologia, Microbiologia, 
Imunologia e Parasitologia Básicas e Clínicas. As linhas de pesquisa: Avaliação de sensibilidade de 
bactérias patogênicas a antimicrobianos sintéticos e naturais; Investigação epidemiológica de infecções 
bacterianas, fúngicas e virais de importância a saúde pública; Novas metodologias e parâmetros clínico 
laboratoriais para avaliação diagnóstica.
Meire Luiz
Biomédica, formada pela Universidade de Mogi das Cruzes. Atuou como plantonista em laboratórios 
de urgência e emergência de alguns dos principais serviços de saúde da cidade de São Paulo, entre 
eles: Hospital São Camilo, Hospital São Luiz e Hospital São Cristóvão. Atualmente, professora do curso 
técnico em Análises Clínicas do Pronatec da Universidade Paulista – UNIP.
Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas
Biomédica formada pela Universidade Paulista - UNIP, com Habilitação em Análises Clínicas. 
Especialista em Biomedicina Estética pela faculdade de Ciências da Saúde - FACIS. Docente de Química 
e Bioquímica no curso de Análises Clínicas do Pronatec da Universidade Paulista – UNIP.
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Sumário
Uroanálise e Fluidos Biológicos
Flávio Buratti Gonçalves, Meire Luiz e Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas
INTRODUÇÃO À UROANÁLISE ...........................................................................................................................7
O SISTEMA URINÁRIO ..........................................................................................................................................8
FORMAÇÃO DA URINA .........................................................................................................................................8
COMPOSIÇÃO DA URINA ....................................................................................................................................9
VOLUME URINÁRIO ............................................................................................................................................ 10
CONTROLE DE QUALIDADE EM URINÁLISE ................................................................................................11
COLETA E TIPOS DE AMOSTRA ....................................................................................................................... 12
FUNÇÃO E DOENÇAS RENAIS ......................................................................................................................... 16
TESTES DA FUNÇÃO RENAL ............................................................................................................................. 18
 DOENÇAS RENAIS .............................................................................................................................................. 20
EXAME FÍSICO (MACROSCÓPICO) ................................................................................................................. 25
EXAME QUÍMICO ................................................................................................................................................. 27
EXAME MICROSCÓPICO - SEDIMENTOSCOPIA ....................................................................................... 30
OUTROS MÉTODOS LABORATORIAIS NA URINA ..................................................................................... 40
PESQUISA DE LEVEDURAS E PARASITAS NA URINA ............................................................................. 41
DOSAGENS QUANTITATIVAS ........................................................................................................................... 42
ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO SINOVIAL .............................................................................................. 42
CLASSIFICAÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL .................................................................................................... 43
AVALIAÇÃO DOLÍQUIDO SINOVIAL ............................................................................................................ 44
EXERCÍCIOS 1 ........................................................................................................................................................ 48
ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO PERITONEAL ....................................................................................... 53
AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO ASCÍTICO OU PERITONEAL ........................................................................... 55
ANÁLISE MACROSCÓPICA DO LÍQUIDO PERITONEAL .......................................................................... 56
ANÁLISE MICROSCÓPICA – CONTAGEM DIFERENCIAL DE CÉLULAS ............................................ 56
ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO AMNIÓTICO ........................................................................................ 59
AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO ....................................................................................................... 61
ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ................................................................... 61
AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO .................................................................................. 62
AVALIAÇÃO FÍSICA DO LÍQUOR .................................................................................................................... 64
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AVALIAÇÃO CITOLÓGICA ................................................................................................................................. 64
AVALIAÇÃO OU EXAME BIOQUÍMICO DO LÍQUOR ............................................................................... 65
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO LÍQUOR ............................................................................................ 66
ESTUDO E ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL ............................................................................................... 67
ANÁLISE LABORATORIAL DO LÍQUIDO PLEURAL ................................................................................... 69
PREPARO DA AMOSTRA PARA A ANÁLISE CITOLÓGICA ..................................................................... 69
DOSAGENS BIOQUÍMICAS DO LÍQUIDO PLEURAL .................................................................................71
ESPERMOGRAMA ................................................................................................................................................ 72
ANÁLISE MICROSCÓPICA ................................................................................................................................ 73
ESPERMOGRAMA EM PACIENTES VASECTOMIZADOS ........................................................................ 75
EXERCÍCIOS 2 ........................................................................................................................................................ 85
GABARITO - EXERCÍCIOS 1 .............................................................................................................................. 89
GABARITO - EXERCÍCIOS 2 .............................................................................................................................. 90
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
Uroanálise e Fluidos Biológicos
Flávio Buratti Gonçalves, Meire Luiz e 
Thais Fernanda Silva Barbosa de Freitas
INTRODUÇÃO À UROANÁLISE
 
O exame de urina é considerado o teste laboratorial mais antigo. Descrições históricas relatam 
que essa forma de diagnóstico e referências ao seu estudo podem ser encontradas nos desenhos dos 
homens das cavernas e era praticada pelos egípcios e mesopotâmicos. No ano de 1837, foi inserido pela 
primeira vez na prática clínica. Mesmo que naquela época não existissem procedimentos laboratoriais 
aprimorados, os clínicos eram capazes de obter dados a partir das características físicas da urina, como 
cor, odor, turbidez, viscosidade, volume e até sabor doce, visto que algumas amostras atraiam formigas.
 
Famosos nomes na história da medicina estão relacionados ao estudo da urina, inclusive Hipócrates, 
que no século V a.C. escreveu um livro sobre “uroscopia”. Durante a idade média, os médicos muito 
estudavam a respeito. Em 1140 d.C. foram desenvolvidos cartazes coloridos para demonstrar o 
significado de 20 cores diferentes. Então, os testes evoluíram do “teste da formiga” e do “teste do sabor” 
para glicose, quando em 1694, a determinação da albuminúria por fervura da urina foi descoberta por 
Frederik Dekker.
 
Charlatães, chamados de “profetas da urina”, começaram a vender previsões ao público e 
comprometeram a credibilidade do exame. Então, em 1627, Thomas Bryant publicou um livro a esse 
respeito e sua publicação deu origem às primeiras leis de licenciatura médica na Inglaterra.
 
Atualmente, a maioria dessas informações ainda é descrita em laudos clínicos, porém, a descoberta 
de aparelhos, como o microscópio (inventado no século XVII), e técnicas práticas mais eficientes 
possibilitaram incluir, além das características físicas, a análise química e a sedimentoscopia. A utilização 
da química seca nas tiras reativas reduziu as análises bioquímicas manuais, e o avanço dos equipamentos 
automatizados foi inserido na análise microscópica.
 
A urinálise é um dos exames laboratoriais mais requisitados pelos médicos para avaliação do 
paciente, devido à obtenção rápida para análise, de fácil coleta e baixo custo. O teste permite detectar 
processos patológicos intrínsecos funcionais (fisiológicos) e estruturais (anatômicos) do sistema urinário, 
bem como o monitoramento do avanço ou retrocesso de lesões durante terapias. Além disso, doenças 
patológicas sistêmicas podem ser detectadas por meio da confirmação de quantidades anormais de 
metabólitos específicos excretados na urina. 
 
Para tanto, serão abordadas informações pertinentes, e que podem ser fornecidas pelos principais 
exames laboratoriais de urina, dando um enfoque maior ao exame de urina do tipo 1 ou EAS (Elementos 
Anormais e Sedimento), como também o método de referência mais utilizado na rotina laboratorial. 
Além disso, será possível conhecer dados relevantes a respeito da análise de outros fluidos biológicos, 
como: líquor, sêmen, líquido sinovial, amniótico e líquidos serosos. 
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O SISTEMA URINÁRIO
 
O sistema urinário tem como principal função eliminar os produtos finais (resíduos) do metabolismo, 
principalmente ureia, creatinina e acido úrico, recolhidos da corrente sanguínea e excretados em forma 
de urina. É responsável também pelo controle do equilíbrio hídrico e pela remoção de resíduos tóxicos 
ou drogas induzidas pelo corpo. Esse sistema consiste de rins, ureteres, uretra e bexiga.
 
Os rins são os órgãos mais importantes desse sistema. São responsáveis pela filtração do sangue, 
limpando as impurezas, e são essenciais para manter a homeostase, regulando os fluídos corporais, o 
balanço eletrolítico, o equilíbrio ácidobásico, a excreção de resíduos, e são responsáveis pela produção da 
urina, que é enviada pelos ureteres até a bexiga urinária, onde fica armazenada até o momento de sua 
eliminação. Os rins participam ainda da manutenção da pressão sanguínea e da eritropoiese. Sua função 
é regulada por volume, pressão e composição sanguíneos, além de hormônios das glândulas adrenal 
(suprarrenal) e pituitária. As figuras a seguir representama localização anatômica do sistema urinário.
 
 
Figura 1 - Sistema urinário. Imagem representando o sistema de veias e artérias que circundam o sistema urinário. Fonte: etb®, 2015.
 
FORMAÇÃO DA URINA
 
Um individuo adulto produz cerca de 1,5 litros de urina por dia, sendo a maior parte composta 
por água e o restante por metabolitos. Sua formação é um processo que engloba filtração, secreção e 
reabsorção de componentes indispensáveis pelo corpo.
 
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
Resumidamente, a formação tem início nos néfrons, que são unidades funcionais dos rins. O sangue é 
recebido nos glomérulos, onde ocorre o processo de filtração do plasma renal. O filtrado formado possui 
a mesma composição do plasma sanguíneo, mas normalmente apresenta-se livre de proteínas, exceto 
por poucas de baixo peso molecular. Algumas das substâncias filtradas são: água, eletrólitos, glicose, 
ureia, creatinina, ácido úrico, aminoácidos e amônia. A taxa de filtração glomerular é proporcional 
ao tamanho corporal, variando conforme o sexo e a idade, e é importante indicador da função renal, 
podendo ser calculada através de testes como o clearance (utilizando a urina de 24 horas) ou pelo 
cálculo de taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). A partir daí, corre pelos túbulos e capilares, nos 
quais ocorre a reabsorção de substâncias, como água, bicarbonato, cloreto de sódio, cálcio, potássio, 
fosfato, aminoácidos, proteínas, glicose, entre outros. Cerca de 80% do filtrado é reabsorvido. E então, 
a secreção de diversas substâncias primordiais ao organismo, agindo contrariamente à reabsorção, faz 
com que a urina seja formada.
 
 
Figura 2 - Fases da formação de urina. 1- Filtração; 2- Secreção e reabsorção; 3- Urina. Fonte: etb®, 2015.
 
COMPOSIÇÃO DA URINA
 
Em condições normais, a urina é constituída por ureia e outros produtos químicos dissolvidos na 
água, que podem ser orgânicos e inorgânicos. Normalmente 95% de água e 5% de solutos. Variações 
na concentração desses solutos podem ocorrer de acordo com fatores como atividade física, ingestão 
alimentar, metabolismo corporal e funções endócrinas. Esses solutos são: ureia, creatinina, ácido úrico, 
sódio, potássio, cloreto, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Em um dia, o organismo saudável 
excreta cerca de 60 g de produtos dissolvidos, dos quais 50% correspondem à ureia.
 
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Em situações patológicas (ou determinadas situações, como dietas radicais, por exemplo), substâncias 
como corpos cetônicos, glicose, proteínas, porfirinas e bilirrubinas aparecem em demasia na urina. Também 
pode conter estruturas, como: cristais, cilindros, células sanguíneas e epiteliais. Algumas dessas consideradas 
normais e outras observadas apenas em distúrbios metabólicos e renais. Alguns desses distúrbios, cujo 
diagnóstico pode ser auxiliado pelo exame de urina, incluem: a Cistite (inflamação na bexiga); a Nefrite 
(inflamação do rim); a Pielonefrite (inflamação do rim localizada na pelve renal) ou a Glomerulonefrite 
(processo inflamatório a nível glomerular), podendo estar associadas à infecção bacteriana; e a Nefrose ou 
Síndrome nefrótica (degeneração do rim sem infecção), conforme veremos em outro capítulo.
 
Podemos ainda encontrar outras substâncias na urina, incluindo hormônios, vitaminas e 
medicamentos. Para verificar se determinado fluido é urina, pode-se testar a amostra quanto ao teor 
de ureia e creatinina, substâncias que estão presentes em grandes quantidades na urina, em relação a 
outros fluidos corporais.
 
VOLUME URINÁRIO
 
O volume de urina normalmente produzido diariamente é de 1.200 a 1.500 ml, sendo considerados 
normais valores entre 600 e 2.000 ml, por dia, dependendo da quantidade de água que os rins excretam 
em relação à água que foi ingerida. Não obstante, esses valores estão sujeitos a diversas variações. 
Fatores que podem interferir são: a ingestão hídrica, a perda de fluido por outras vias que não a renal, 
as variações na secreção do hormônio ADH (hormônio antidiurético) e a necessidade de eliminar 
quantidades aumentadas de glicose e sais, por exemplo.
 
O volume urinário formado em 24h varia de acordo com a idade:
 
• 1 a 2 dias de vida = 30 a 60 ml/24h;
 
• 3 a 10 dias de vida = 100 a 300 ml/24h;
 
• 10 a 60 dias de vida = 250 a 450 ml/24h;
 
• 60 a 360 dias = 400 a 500 ml/24h;
 
• 1 a 3 anos = 500 a 600 ml/24h;
 
• 3 a 5 anos = 600 a 700 ml/24h;
 
• 5 a 8 anos = 650 a 1400 ml/24h; 
 
• 8 a 14 anos = 800 a 1400 ml/24h.
 
A redução do volume urinário é denominada oligúria. Geralmente ocorre em casos de choque e 
nefrite aguda, desidratação corporal, por vômito, diarreia, suor e queimaduras graves. A oligúria pode 
levar à anúria, que é a completa supressão da formação e do fluxo de urina, que pode ser resultante de 
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
danos graves aos rins ou de diminuição do fluxo de sangue para os rins. Em um sentido mais amplo, 
refere-se à <100 ml / 24h durante 2 a 3 dias consecutivos.
 
Os rins excretam até três vezes mais urina durante o dia, do que à noite. O aumento na excreção 
noturna de urina é chamado de nictúria. Já o aumento do volume urinário é denominado por poliúria, 
superior a 2,5 L/dia em adultos e 2,5 a 3 ml/kg/dia em crianças. Normalmente está associado ao diabetes 
mellitus e insipidus, no entanto, pode ser induzida artificialmente por cafeína ou álcool, que suprimem 
a produção de ADH, e por diuréticos.
 
A urina formada nos rins passa dos ductos coletores para a pelve renal, chega ao ureter e fica 
armazenada na bexiga. O sangue filtrado sai pela veia renal e retorna, livre de impurezas, para a 
circulação corporal. Qualquer desordem que ocorra nessas funções, por doença sistêmica ou renal, pode 
ser visualizada como uma alteração química ou citológica na urina.
 
CONTROLE DE QUALIDADE EM URINÁLISE
 
A avaliação da qualidade (QA – Qality Assessment) refere-se ao processo global de garantia da 
qualidade da assistência ao paciente e é regulamentada para todos os sistemas de ensaios.
 
Para um diagnóstico preciso e fidedigno, é necessária a padronização das etapas envolvidas na 
realização dos exames, procedimentos e recursos necessários, com o propósito de gerar resultados 
confiáveis. Essa política será definida como sistema de qualidade.
 
O programa de avaliação da qualidade inclui o controle de qualidade em três fases: fase pré-analítica, 
fase analítica e fase pós-analítica.
 
Na fase pré-analítica, a orientação por escrito ao paciente, referente à coleta, deve ser clara e objetiva. 
O intervalo entre a coleta e a analise no setor técnico não deve ultrapassar 2 horas. Nas situações em que 
esse tempo não possa ser cumprido, a amostra deve ser refrigerada. Em circunstâncias em que a mesma 
amostra for utilizada para exames microbiológicos, como cultura de urina, este procedimento deve ser 
realizado primeiro. Os critérios de aceitabilidade da amostra devem ser padronizados pelo laboratório.
 
A fase analítica corresponde às condutas e boas práticas laboratoriais. Consiste no uso de materiais e 
reagentes dentro do prazo de validade e armazenamento correto. Os equipamentos devem ser calibrados sempre 
que necessário, ou quando houver mudança de lote dos reagentes, ou quando os testes com controle comercial 
(controle interno) estiverem fora do intervalo esperado, e estar com as manutenções preventivasem dia.
 
O controle interno universal permite monitorar: 
 
• a reprodutibilidade analítica (variação diária);
 
• a sensibilidade dos reagentes;
• a ocorrência de falso-positivo e falso-negativo;
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• o desempenho do operador; 
 
• o desempenho dos lotes de reagentes.
 
As manutenções preventivas visam proporcionar uma estabilidade dos equipamentos automatizados. 
As mesmas devem ser realizadas diária, semanal e mensalmente, de acordo com a orientação do fabricante.
 
O setor deve disponibilizar um POP (procedimento operacional padrão) de todas as técnicas 
realizadas, de forma acessível para toda a equipe. Para a microscopia, devem ser utilizadas ferramentas 
para comparação intralaboratorial e qualificação da equipe (controle de qualidade externo), visando o 
estabelecimento da uniformidade técnica.
 
A fase pós-analítica deve conter a padronização dos resultados liberados, o armazenamento desses 
resultados, a verificação e o controle de pendências e descarte de materiais dentro dos padrões de segurança.
 
No programa de QA estão inclusos principalmente os procedimentos manuais, controles interno e 
externo de qualidade, padronização, testes de proficiência (TP), manutenção de registros e equipamentos, 
programas de segurança e formação, reciclagem e avaliação da competência do pessoal.
 
Os testes de proficiência, além de garantir a padronização na realização dos testes, propicia ao 
serviço a certificação de qualidade e excelência no serviço. 
 
Dentre as determinações do governo pode-se citar a RDC302/2005 da ANVISA, que regulamenta 
laboratórios clínicos e determina o uso de ensaio de proficiência e controle interno para todos os exames 
de rotina. Esse requisito inclui uso contínuo, análise crítica de resultados para a implementação de ações 
corretivas ou de melhoria, conforme seu desempenho.
 
COLETA E TIPOS DE AMOSTRA
 
O exame de urina deve fornecer resultados representativos, e para que isso aconteça de maneira 
correta, a amostra deve ser coletada seguindo rigorosamente o protocolo estabelecido pelo laboratório. 
O paciente deve ser informado que a qualidade do resultado de seu exame depende das informações 
esclarecidas referentes à coleta, armazenamento e transporte da amostra.
 
Para coletar amostras de urina não é necessário que o paciente passe por nenhum tipo de preparo. 
É necessário ter consciência de que algumas características da amostra se alteram ao longo do dia, de 
acordo com a dieta, atividade física e medicamento; e isso deve ser considerado para que ocorra uma 
interpretação correta na liberação do resultado. É indispensável que o paciente realize uma rigorosa 
antissepsia da região urogenital, com clorexidina aquosa a 0,2% ou com água e sabão. Em pacientes do 
sexo feminino, essa antissepsia deve ser feita com movimento da frente para trás. A coleta no período 
menstrual deve ser evitada. Caso haja a extrema necessidade da realização do exame durante o período 
menstrual, a orientação em relação à coleta deve ser necessária para que o sangue do período menstrual 
não contamine o material coletado.
 
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
A urina é um material biológico e pode ser potencialmente infectante, dessa forma medidas preventivas 
precisam ser adotadas em seu manuseio. Luvas devem ser sempre utilizadas, as amostras devem ser 
coletadas em recipientes descartáveis, que podem ser frascos, sacos com adesivo para coleta de amostras 
em crianças ou grandes frascos para coleta de amostras de 24 horas, sempre limpos, secos e à prova de 
vazamento. Tampas de rosquear apresentam menor risco de vazamento, do que as de encaixe.
 
Recipientes para análise de rotina devem ter boca larga para facilitar a coleta, feitos de um material 
que permita a visualização da amostra, com capacidade para 50 ml, permitindo o uso de 12 ml para 
análise microscópica, volume adicional (caso seja necessária a repetição da análise), espaço suficiente 
para que a amostra seja misturada por agitação e fundo chato para evitar tombamento.
 
Recipientes esterilizados devem ser utilizados para análises microbiológicas. Todas as amostras 
devem ser identificadas com nome e número de identificação do paciente, data e hora da coleta, e 
dados adicionais, como idade do paciente, nome do médico e demais informações conforme protocolo 
institucional. As etiquetas devem ser fixadas ao recipiente e não à tampa, de forma que não se percam 
se forem refrigeradas ou congeladas.
 
Os laboratórios devem ter registros de informações adicionais, incluindo o modo de coleta, o tipo de 
amostra e horário, possíveis medicações e outros interferentes clínicos relacionados ao paciente. O serviço 
de diagnóstico também deve determinar critérios de rejeição de amostras, por exemplo, recipientes não 
identificados ou inapropriados, amostras contaminadas com fezes, papel higiênico, detergentes, etc., 
recipientes contaminados pelo lado de fora, amostras com volume insuficiente, ou que tenham sido 
indevidamente transportadas, devem ser rejeitadas para que não ocorram falsos resultados. 
 
Após a coleta, as amostras devem ser imediatamente entregues ao setor técnico e analisadas dentro 
de duas horas. Caso tal procedimento não seja possível, deve-se refrigerar a amostra normalmente de 
2 a 8ºC, o que diminui o metabolismo e crescimento bacteriano. Quando a refrigeração for impossível 
e a amostra for transportada para longas distâncias, os conservantes químicos podem ser adicionados. 
Infelizmente o conservante ideal ainda não existe, cabendo ao laboratório escolher o que melhor se 
adequar às necessidades da análise.
 
Os tipos de amostras mais utilizadas, bem como suas formas de coleta, são:
 
• amostra aleatória: pode ser coletada a qualquer momento, para a detecção de anormalidades 
simples e evidentes. Porém, a primeira urina, a amostra eliminada pela manhã, é mais concentrada 
e geralmente é a amostra de escolha. Amostras aleatórias podem apresentar-se tão diluídas, em 
virtude de ingestão hídrica, que podem ocasionar um quadro falso ao paciente É uma amostra 
comum em crianças acima de dois anos, gestantes, pacientes de pronto atendimento e urgências;
 
• 1ª amostra da manhã (urina de jato médio): ou amostra de 8 horas, é a amostra ideal para 
triagem. É obrigatoriamente coletada logo após o paciente se levantar, desprezando o primeiro 
jato, o qual servirá para limpar o canal da uretra, eliminando restos celulares e bactérias da 
microbiota normal que possam estar no canal da uretra. A retenção urinária deve ser de, no 
mínimo, 2 horas e se não for coletada no laboratório, deverá ser entregue em até duas horas. Essa 
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amostra é indicada para a urinálise de rotina tipo 1, teste de gravidez e proteinúria ortostática. 
Por se tratar de uma amostra concentrada, garante detectar elementos que podem estar ausentes 
em uma urina aleatória;
 
• 2ª amostra da manhã (amostra de jejum): é necessário permanecer em jejum após ter 
desprezado a primeira urina, com o intuito de diminuir interferências de metabólitos oriundos da 
ingestão de alimentos na noite anterior. É recomendada para monitoramento da glicose;
 
• amostra de qualquer jato (pediátrica ou geriátrica): é coletada através de sacos coletores e 
pode representar um desafio. Essa amostra é utilizada em pacientes sem controle esfincteriano 
(pediátricos) ou comprometido (geriátricos). O sacocoletor deve ser colocado de forma asséptica, 
trocando-o em intervalos de 30 minutos, repetindo a higiene em cada troca. E fundamental evitar 
contaminação fecal. Amostras para cultura podem ser feitas em sacos estéreis. Para os testes 
quantitativos, existem sacos que permitem que um tubo seja anexado e o excesso do volume de 
urina seja transferido para um recipiente maior;
 
• amostra de 24 horas (ou cronometrada): deve ser coletada toda a urina emitida pelo paciente 
em 24 horas (um dia), em garrafas coletoras fornecidas pelo laboratório. Ao levantar pela manhã, 
o paciente deverá desprezar toda a primeira urina e anotar o horário. Após a primeira micção, 
a amostra deve ser armazenada toda vez que urinar (independente do horário) e mantida sob 
refrigeração. Na manhã seguinte, é necessário coletar a primeira urina e encerrar a coleta no horário 
correspondente à primeira micção da véspera. Uma amostra cuidadosamente cronometrada será 
realizada para se obter resultados quantitativos precisos. Os pacientes devem ser bem orientados 
quanto à sua coleta. Chegando ao laboratório, a amostra de 24 horas deve ser homogeneizada, e 
o volume medido e registrado com precisão; 
 
• amostra duas horas pós-prandial: a amostra é testada para glicose e seus resultados são 
utilizados para monitorar o tratamento de pacientes diabéticos. O paciente deve ser orientado 
a urinar pouco antes de realizar uma refeição habitual e após a refeição coletar uma amostra 
de urina;
 
• amostras do teste de tolerância à glicose: geralmente são coletadas juntamente às amostras 
de sangue, durante o teste de tolerância à glicose (TTG). O número de amostras será de acordo 
com a duração do teste. Os TTGs normalmente incluem amostras de jejum, de meia hora, uma 
hora, duas horas, três horas, chegando às de quatro horas, cinco horas, seis horas. A glicose e as 
cetonas são as substâncias pesquisadas na urina e os resultados são apresentados em conjunto 
aos resultados do exame de sangue;
 
• amostra por sonda de alívio: amostra coletada em condições estéreis, pela colocação de um 
cateter através da uretra até a bexiga e muito comum em rotinas de pacientes idosos e acamados. 
Normalmente solicitado para a cultura de bactérias, e com menos frequência para a avaliação da 
função de cada um dos rins, coletando através de cateteres nos ureteres, amostras separadas dos 
rins direito e esquerdo;
 
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• amostra de jato médio, com assepsia: método mais comum e seguro para obter-se amostra 
para a cultura de bactérias e exame de rotina. Fornece uma amostra menos contaminada, e mais 
representativa da realidade, do que as amostras que contém o primeiro jato. Os pacientes devem 
receber material de higiene adequado, recipiente estéril e instruções para limpeza e micção. Devem 
lavar as mãos antes da coleta. Pacientes do sexo masculino devem fazer a antissepsia da glande, 
começando pela retração do prepúcio e toda a superfície peniana. Pacientes do sexo feminino 
devem afastar os grandes lábios e limpar o meato urinário e a região ao redor da uretra. Após a 
realização da limpeza, os pacientes devem desprezar o primeiro jato de urina no vaso sanitário 
e em seguida recolher quantidade suficiente para análise no recipiente. Cuidados devem ser 
tomados para evitar a contaminação da amostra. Sempre que um exame de rotina for solicitado 
junto com uma cultura, a cultura deve ser realizada primeiro, para evitar contaminação;
 
• punção suprapúbica: ocasionalmente, podem ser coletadas amostras de urina direto da bexiga, 
através da introdução de uma agulha através do abdome. Em condições normais, a bexiga é 
estéril e esse tipo de punção fornece uma amostra para cultura bacteriana totalmente livre de 
contaminações externas. A amostra também pode ser utilizada para o exame citológico;
 
• amostra para investigar prostatite: semelhante à coleta de jato médio com assepsia, o 
procedimento adotado para determinar infecção prostática é a coleta em três frascos. O primeiro 
jato e o jato médio são coletados separadamente em recipiente estéril. A próstata é massageada 
para que o líquido prostático, juntamente com o restante da urina, seja eliminado em um terceiro 
recipiente estéril. São realizadas culturas quantitativas nas três amostras, sendo a primeira e a 
terceira examinadas microscopicamente;
 
• coleta para análise de drogas: dentro de um programa de testagem para drogas, a coleta da 
amostra de urina é a parte mais vulnerável. Documentação e procedimentos de coleta adequados 
(cadeia de custódia) devem ser respeitados para garantir que os resultados obtidos sejam 
realmente do indivíduo submetido ao exame. Para serem válidas à análise jurídica, é necessária 
a comprovação de que não houve qualquer adulteração na amostra, bem como a presença de 
testemunha no momento da micção.
 
• A coleta de amostras para urocultura e bacterioscopia devem seguir os mesmos procedimentos da 
primeira amostra da manhã, porém, deve ser utilizado coletor estéril. Essa mesma amostra pode 
ser utilizada pelo laboratório para o exame de urina tipo I. Em algumas situações especificas, para 
obter a amostra é necessário o uso de outros procedimentos, como sondagem de alívio, punção 
suprapúbica e sonda vesical de demora. Nos casos de coleta em pacientes com sonda vesical de 
demora, deve-se manter a sonda fechada por 1 hora (no máximo), efetuar antissepsia com álcool 
70% no dispositivo da sonda e colher a urina com agulha e seringa diretamente do dispositivo. 
Nunca se deve utilizar a urina mantida na bolsa coletora.
 
Avaliação da amostra
 
Antes de prosseguir para realização dos exames, a amostra deve passar por uma triagem em que 
serão avaliados os critérios de aceitabilidade, que devem incluir identificação, volume e conservação. 
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Uma amostra identificada adequadamente deve conter o nome completo do paciente, a data e a hora 
da coleta. O volume ideal deve ser em torno de 40,0 mL, sendo que o mínimo aceitável é de 5,0 mL. A 
amostra deve ser isenta de contaminação com fezes ou sangue de período menstrual. Pacientes em uso 
de medicação devem ser orientados a trazer consigo o nome e horários em que os medicamentos foram 
ingeridos. Urinas congeladas, transportadas e preservadas incorretamente não devem ser aceitas.
 
FUNÇÃO E DOENÇAS RENAIS
 
As funções renais são essenciais à sobrevivência humana. Considerando que sua principal função 
é a filtração do sangue para remoção de resíduos, os rins são expostos constantemente a substâncias 
potencialmente nocivas ao organismo.
 
Normalmente, doença renal é classificada como glomerular, tubular ou intersticial, dependendo do 
acometimento do órgão, conforme veremos a seguir.
 
Fisiologia renal
 
Cada rim contém aproximadamente 1,5 milhão de néfrons, suas unidades funcionais. Eles são de 
dois tipos: corticais, que representam cerca de 85% dos néfrons, situados principalmente no córtex do 
rim, sendo primeiramente responsáveis pela remoção de resíduos de produtos do metabolismo e pela 
reabsorção de nutrientes; e os néfrons justamedulares, que possuem alças de Henle profundas, que se 
estendem pela medula renal, com a principal função de promover a concentração de urina.
 
A capacidade de excreção de resíduos e manutenção do balanço hidroeletrolítico é mediada pelos 
néfrons, através das seguintes funções: fluxo sanguíneo renal, filtração glomerular, reabsorção e 
secreção tubular.
 
Fluxo sanguíneo renal
 
Os rins recebem cerca de 25% do sangue bombeado pelo coração, atravésda artéria renal. Através da 
arteríola aferente, o sangue entra nos capilares do néfron. Fluindo para a arteríola eferente, através dos 
glomérulos. Essas arteríolas possuem dimensões diferentes que criam a pressão hidrostática diferencial, 
importante para a manutenção da filtração glomerular e consistência da pressão capilar glomerular e 
o fluxo sanguíneo no glomérulo.
 
O sangue da arteríola aferente entra nos capilares peritubulares e vasa recta, antes de voltar para a 
veia renal, e flui através do córtex e da medula do rim, próximo dos túbulos. Os capilares peritubulares 
circundam os túbulos contornados proximais e distais, permitindo a reabsorção de substâncias do fluido 
do túbulo contornado proximal e o ajuste da composição urinária no túbulo contornado distal. A alça 
de Henle está localizada nos néfrons justamedulares ou justaglomerulares, onde ocorrem as principais 
trocas de água e de sais entre o sangue e o interstício medular. Essa relação mantém a concentração de 
sal (gradiente osmótico) necessária para a concentração renal.
 
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Figura 3 - Seguimentos principais do néfron. Fonte: etb®, 2015.
 
Filtração glomerular
 
A cápsula de Bowman constitui o início dos túbulos renais. Dentro dela está localizado o glomérulo, 
que é constituído por um novelo de cerca de oito lobos capilares, referidos coletivamente como tufo 
capilar. O glomérulo atua como um filtro, no entanto, vários fatores influenciam no processo de filtração, 
como a estrutura celular da parede capilar e da cápsula de Bowman, pressões hidrostáticas e oncóticas 
e o sistema renina-angiotensina-aldosterona.
 
 
Figura 4 - Estrutura glomerular. Adaptado de: Medsimples. Link da página: medsimples.com/wp-content/uploads/2013/01/Sistema-
Justaglomerular.jpg. Acesso em: 26/08/2015.
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Reabsorção tubular
 
O corpo não deve perder 120 ml de água com substâncias essenciais a cada minuto, então, quando 
o ultrafiltrado entra no túbulo contornado proximal, através de mecanismos celulares de transporte 
(transporte ativo e passivo), os néfrons começam a reabsorver essas substâncias e água.
 
Secreção tubular
 
Ao contrário da reabsorção, a secreção tubular envolve a passagem de substâncias do sangue nos capilares 
peritubulares para o filtrado tubular. A secreção tem duas principais funções: a eliminação de produtos não 
filtrados pelo glomérulo e a regulação do equilíbrio ácido-base, através da secreção de íons de hidrogênio.
 
TESTES DA FUNÇÃO RENAL
 
Existem várias funções metabólicas e interações químicas para serem avaliadas pelos testes laboratoriais da 
função renal. Dentre os principais, estão as dosagens de ureia e creatinina, que são usualmente utilizados para 
uma primeira avaliação da função renal. A ureia e a creatinina são produtos do metabolismo e são excretados 
pelo rim, portanto, o aumento dos níveis séricos dessas substâncias indica comprometimento renal.
 
Testes de filtração glomerular
 
O teste normalmente utilizado para avaliar a capacidade filtrante dos glomérulos é o exame de 
depuração. Como diz o nome, um teste de depuração mede a taxa em que os rins conseguem depurar 
(remover) uma substância filtrável do sangue. Para assegurar a precisão da filtração glomerular, a 
substância analisada não deve ser nem reabsorvida, nem secretada pelos túbulos. Deve-se considerar 
também no teste de depuração a estabilidade da substância, a disponibilidade da substância para o 
organismo, a consistência do nível do plasma e a disponibilidade de teste para análise da substância.
 
Existem vários testes de depuração e de avaliação da função renal, dentre eles podemos citar:
 
• depuração de Inulina;
 
• depuração de Creatinina (clearence de creatinina);
 
• depuração de microglobulina e radioisótopos;
 
• cálculo da Filtração Glomerular Estimada;
 
• testes de Reabsorção Tubular;
 
• osmolaridade;
 
• osmômetros de Ponto de Congelamento;
 
• osmômetros de Pressão de Vapor;
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• depuração de Água Livre;
 
• testes de Secreção Tubular e Fluxo Sanguíneo Renal;
 
• teste do PAH (ácido p-amino-hipúrico);
 
• acidez Titulável e Amônia Urinária.
 
O teste mais comumente utilizado ainda é o da depuração da creatinina, ou clearence de creatinina. O 
teste consiste na dosagem sérica da creatinina e da dosagem da creatinina na urina de 24 horas e o cálculo 
do VM, ou seja, a relação do volume coletado durante 24 horas. Para tal cálculo divide-se o volume total 
por 1440 (quantidade de minutos em 24horas). Com isso, conseguimos o valor da depuração da creatinina:
 
• Depuração (ml/min.) = (Creatinina sérica/ creatinina urinária) * VM.
 
Com esses dados, utilizamos o nomograma para obter a superfície corporal do paciente, tendo 
as informações de peso (Kg) e altura (m) do paciente, para podermos assim efetuar a correção pela 
constante de superfície corporal (1,73m²).
 
Sendo assim, chegamos ao valor final da depuração corrigida:
 
• Dep. Corrigida = depuração * 1,73 / superfície corpórea do paciente
 
 
Figura 5 - Nomograma para calculo da superfície corpórea em adultos. Adaptado de: Bibliomed. Link da página: bibliomed.com.br/
bibliomed/bmbooks/dermato/livro8/Figura11.2Pag174.jpg. Acesso em: 26/08/15
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 DOENÇAS RENAIS
 
Como já citado anteriormente, a principal função renal é a filtração do sangue a fim de remover 
as substâncias nocivas ao organismo. Além disso, doenças de qualquer parte do organismo podem 
prejudicar a função renal e gerar anormalidades na urina.
 
Baseando-se na área do rim primariamente afetada, a doença renal é frequentemente classificada 
como: glomerular, tubular ou intersticial. As mais comumente encontradas serão citadas a seguir.
 
Doenças glomerulares
 
A maioria das doenças glomerulares são de origem imunológica, devido a desordens imunológicas 
em todo o organismo. Outras causas de danos glomerulares incluem exposição a toxinas e produtos 
químicos que afetam os túbulos, ruptura das cargas elétricas da membrana (síndrome nefrótica), 
deposição de material amiloide originado em distúrbios sistêmicos que podem resultar em inflamação 
crônica, reagentes de fase aguda e espessamento da membrana basal associado à nefropatia diabética.
 
Glomerulonefrite 
 
Processo inflamatório que acomete o glomérulo e está associado com a presença de sangue, 
cilindros e proteínas na urina. Existem vários tipos de glomerulonefrite e condições que podem evoluir 
de uma forma para outra, como glomerulonefrite crônica para síndrome nefrótica, e eventualmente, 
insuficiência renal.
 
Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica
 
Doença marcada pelo rápido aparecimento de sintomas relativos a danos à membrana glomerular. 
Podem ser eles: febre, edema em torno dos olhos, hipertensão arterial, fadiga, hematúria e oligúria, que 
ocorrem em crianças e jovens adultos, seguidos por infecções respiratórias.
 
Os principais componentes presentes no exame de urina são hematúria, proteinúria, oligúria, cilindros 
hemáticos, cilindros hialinos e granulares, hemácias dismórficas e glóbulos brancos.
 
Glomerulonefrite rapidamente progressiva (crescente) – GNRPÉ a forma mais grave da doença e com prognóstico bastante pobre, muitas vezes culminando em 
insuficiência renal. Os primeiros resultados laboratoriais são semelhantes aos da glomerulonefrite aguda, 
tornando-se diferentes com a evolução da doença, incluindo elevação dos níveis proteicos e taxas de 
filtração glomerular muito baixas.
 
Síndrome de Goodpasture
 
Semelhantes às da GNRP, alterações morfológicas dos glomérulos são observadas em conjunto na 
doença autoimune denominada síndrome de Goodpasture. Surgimento de um anticorpo citotóxico 
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contra as membranas basais glomerulares e alveolares pode seguir as infecções respiratórias virais. As 
queixas pulmonares iniciais são dispneia e hemoptise, seguidas pela hematúria. Os exames de urina 
mostram proteinúria e hematúria, e cilindros hemáticos podem progredir para glomerulonefrite crônica 
e insuficiência renal.
 
Granulomatose de Wegener
 
Inflamação dos pequenos vasos sanguíneos do rim e do sistema respiratório, produzindo granulomas. 
Sintomas são semelhantes aos da síndrome de Goodpasture.
 
Glomerulonefrite membranosa
 
Sua principal característica é acentuado espessamento da membrana basal glomerular. O lúpus 
eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren, sífilis secundária, hepatite B, neoplasias e tratamentos com 
mercúrio e ouro estão associados a essa patologia. Pode haver tendência à trombose e síndrome nefrótica.
 
Exames mostram hematúria e elevada excreção urinária de proteínas.
 
Glomerulonefrite membranoproliferativa – GNMP
 
Apresentam duas diferentes alterações. O tipo 1 mostra aumento da celularidade subendotelial do 
mesângio (área intersticial da cápsula de Bowman), o que causa o espessamento das paredes capilares. 
O tipo 2 apresenta depósitos bastante densos na membrana basal glomerular. Os pacientes comumente 
são crianças e a doença apresenta prognóstico ruim. Achados laboratoriais são variáveis, no entanto, 
normalmente são observadas hematúria, proteinúria e diminuição dos níveis de complemento no 
sangue. Podem existir relações com doenças autoimunes, neoplasias e infecções.
 
Glomerulonefrite crônica 
 
De acordo com a quantidade e duração de danos ocorridos no glomérulo, o avanço para 
glomerulonefrite crônica e insuficiência renal terminal podem acontecer. Os sintomas incluem fadiga, 
anemia, hipertensão arterial, edema e oligúria.
 
Os achados laboratoriais incluem a hematúria, proteinúria, glicosúria e muitas variedades de cilindros. 
A grande diminuição da taxa de filtração glomerular ocorre juntamente com o aumento do nitrogênio 
ureico e creatinina séricos e desequilíbrio eletrolítico.
 
Nefropatia por imunoglobina (A doença de Berger)
 
A nefropatia por IgA ocorre quando complexos imunes que contém IgA são depositados sobre a 
membrana glomerular, é a causa mais comum de glomerulonefrite. Os doentes apresentam níveis séricos 
aumentados de IgA, resultante da infecção de mucosas. Acomete normalmente crianças e adultos jovens. 
Apresentam hematúria macroscópica e o paciente pode permanecer assintomático por muito tempo.
 
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Síndrome nefrótica
 
Apresenta intensa proteinúria, baixos níveis de albumina, altos níveis de lipídeos e edema. A fase 
aguda da doença pode ocorrer com complicações circulatórias, produzindo choque que reduz a pressão 
e o fluxo de sangue para o rim. Pode evoluir para insuficiência renal crônica.
 
Os exames indicam proteinúria intensa, lipídeos na urina, células epiteliais tubulares renais, cilindros 
epiteliais, graxos e céreos e hematúria microscópica.
 
 
Figura 6 - Representação do cilindro céreo na microscopia do exame de urina tipo 1. Fonte: etb®, 2015.
 
Doença de lesão mínima 
 
Também conhecida como nefrose lipídica, produz poucas alterações celulares no glomérulo, no 
entanto os podócitos ficam menos organizados, o que permite o aumento da filtração de proteínas. 
Acomete normalmente crianças que apresentam edema, proteinúria intensa, hematúria. O prognóstico 
geralmente é bom.
 
Glomerulosclerose segmentar focal
 
Compromete apenas algumas partes do glomérulo, os demais néfrons permanecem normais. Os 
sintomas geralmente são semelhantes aos da síndrome nefrótica e ocorrem alterações mínimas nos 
podócitos lesados. É vista frequentemente associada ao abuso de analgésicos e heroína e na AIDS. Os 
achados mais relevantes no exame são proteinúria e hematúria.
 
Síndrome de Alport
 
Doença hereditária que acomete a membrana basal glomerular. Os homens normalmente são 
mais afetados que as mulheres. Podem apresentar hematúria e anormalidades na visão e audição. O 
prognóstico varia de sintomas leves a doenças renais mais graves.
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Nefropatia diabética
 
Conhecida também por doença de Kimmelstiel-Wilson, é atualmente a causa mais comum de 
doença renal terminal. Causa diversos danos aos glomérulos e pode estar associada à deposição de 
proteínas glicosiladas em decorrência de níveis de glicemia mal controlados. Cuidados com a dieta e 
com o controle da hipertensão arterial podem diminuir a progressão da doença renal.
 
Doenças tubulares
 
Podem apresentar-se de duas formas: as que afetam os túbulos renais, prejudicando sua função e 
causando dano real ao túbulo, e aquelas que um distúrbio metabólico ou hereditário afetam as funções 
dos túbulos. Podem se apresentar de várias formas, citaremos as principais a seguir:
 
• necrose tubular aguda;
 
• síndrome de Fanconi;
 
• diabetes insipidus nefrogênico;
 
• glicosúria renal.
 
Doenças intersticiais
 
Doenças que afetam o interstício renal também afetam os túbulos, devido a sua proximidade, 
resultando no que chamamos de doença tubulointersticial. A maioria dessas patologias incluem 
condições inflamatórias e infecciosas.
 
A mais comumente encontrada é a ITU, infecção que pode envolver tanto o trato urinário inferior, 
quanto o superior. Com bastante frequência se encontra a cistite (infecção da bexiga), que caso não 
tratada, poderá progredir para uma ITU superior, mais grave.
 
Acomete geralmente mulheres e crianças que apresentam frequência urinária aumentada e ardor. 
Os achados laboratoriais mostram a presença de leucócitos e bactérias, quase sempre acompanhados 
de proteinúria e hematúria, podem apresentar elevação de pH quando associada à infecção por fungos 
(geralmente candidíase) ou diminuição do ph, quando a infecção for bacteriana.
 
Pielonefrite aguda
 
A infecção do trato urinário superior (incluindo os túbulos e o interstício) é denominada pielonefrite, 
que pode ser aguda ou crônica. Podem ocorrer cálculos renais e refluxo de urina da bexiga para os ureteres. 
Os sintomas se apresentam como frequência urinária diminuida, ardor e dor na região baixa das costas. 
 
Em razão da bacteriemia, deve-se realizar hemoculturas e cultura de urina. Os exames de urina 
mostram resultados semelhantes aos da cistite, acrescentando cilindros leucocitários.
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Pielonefrite crônica
 
É a forma mais grave das pielonefrites, podendo resultar em danos permanentes aos túbulos renais 
e progredir para a insuficiência renal crônica. As características dos sintomas e examessão semelhantes 
aos da forma aguda, principalmente no início. Conforme sua progressão acontece, cilindros granulosos, 
céreos e largos aparecem, assim como o aumento da proteinúria e hematúria e a diminuição da 
concentração renal.
 
Nefrite intersticial aguda
 
É caracterizada por inflamação do interstício renal, seguida por inflamação dos túbulos renais. 
Os sintomas relacionados à disfunção renal se apresentam rapidamente e incluem oligúria, edema, 
diminuição na capacidade de concentração renal e possível diminuição da taxa de filtração glomerular. 
Inicialmente podem acontecer febre e presença de erupções cutâneas.
 
Os resultados dos exames são semelhantes aos da pielonefrite, com ausência de bactérias. A 
realização da coloração diferencial dos leucócitos para a presença de aumento de eosinófilos pode 
ajudar na confirmação do diagnóstico.
 
Insuficiência renal
 
Pode ser aguda ou crônica e se apresenta como progressão de uma doença original. A progressão para 
a fase terminal da doença é caraterizada pela grave diminuição da taxa de filtração glomerular, elevação 
contínua do nitrogênio ureico e da creatinina séricos, desequilíbrio eletrolítico, falha na capacidade de 
concentração renal, com produção de urina isotenúrica, proteinúria, glicosúria renal, e acentuação de 
cilindros granulosos, céreos e largos.
 
Os sintomas clínicos, assim como os resultados do exame de urina, são variados. Mas podem ser 
basicamente o acúmulo de tudo que foi citado nas patologias anteriores, em sua forma mais grave e 
acentuada.
 
Litíase renal
 
São os cálculos renais, que podem se formar no cálice da pelve renal, nos ureteres e na bexiga. 
Variam de tamanho e forma e os menores podem ser eliminados pela urina, o que traz grande dor 
ao paciente da parte inferior das costas às pernas. Cálculos maiores podem ser detectados por causar 
obstrução urinária ao paciente. Para remoção pode se empregar a litotripsia, procedimento que utiliza 
ondas de choque de alta energia para quebrar pedras na parte superior do trato urinário em pedaços 
menores, para que possam ser eliminadas na urina ou em procedimento cirúrgico. 
 
As condições que favorecem a formação de cristais na urina são as mesmas que favorecem a 
formação de cálculos, incluindo pH, estase urinária e concentração química. 
 
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
Amostras de urina de pacientes com suspeita de cálculos, ou em processo de eliminação, são 
frequentes no laboratório, normalmente caracterizadas pela presença de hematúria microscópica ou 
irritação dos tecidos pelo deslocamento do cálculo.
 
Urinálise de rotina (URINA I – EAS)
 
O EAS é o tipo de exame mais solicitado e realizado pelo setor de urinálise, por se tratar de um 
método de referência mundial. É composto por três etapas: exame físico, exame químico e análise do 
sedimento urinário (sedimentoscopia).
 
O exame de rotina urina tipo 1 é indicado em todas as queixas que se referem à dor ao urinar, 
ardência, diminuição do volume urinário, vontade de urinar e não conseguir, entre outras.
 
O importante do exame de urina tipo 1 é que é um teste de baixo custo, que avalia de forma geral 
o trato urinário, podendo direcionar o diagnóstico desde uma lesão renal a uma simples infecção do 
trato urinário.
 
EXAME FÍSICO (MACROSCÓPICO)
 
Essa etapa compreende a observação da amostra de urina, sem auxilio de um microscópio. Determina 
o volume, a coloração, o aspecto (turvação) e a densidade.
 
No exame de urina tipo 1, o volume é apenas critério de rejeição, pois como utiliza uma amostra 
aleatória ou de jato médio, não há significância clínica o volume obtido para a realização do exame. O 
volume mínimo a ser considerado é de 5 ml.
 
Coloração
 
A coloração amarela da urina é resultado do pigmento urocromo, que possui uma eliminação relativa 
a taxa metabólica de cada indivíduo e pode estar aumentado nos problemas da tireóide e no estado 
de jejum. Outros pigmentos que estão presentes em quantidades menores são a uroeritrina e urobilina. 
Nesse contexto, pessoas normais com ingestão de grande quantidade de líquidos produzem, na ausência 
de hidratação, urina de cor amarelo-clara e escura.
 
Diferentes tonalidades de cor da urina podem estar relacionadas a diversos fatores, como ingestão 
de alimentos, atividade física, estados metabólicos, consumo de drogas / medicamentos e compostos 
produzidos por diferentes patologias.
 
A cor vermelha, por exemplo, pode estar presente na ingestão de alguns alimentos, como a 
beterraba, mas também pode ser vista em urina contaminada com sangue menstrual. A hematúria, a 
hemoglobinúria e a mioglobinúria podem apresentar diversas tonalidades do vermelho, de acordo com 
a concentração dos compostos oriundos dessas alterações. A ingestão de medicamentos pode produzir 
coloração azul, verde ou laranja. Urina verde-acastanhada geralmente esta associada com pigmentos 
biliares. Tonalidades de laranja são vistas na presença de urobilinogenio, e tonalidades pretas na 
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presença de ácido homogentísico e melanina. Coloração esbranquiçado-leitosa e incolor está presente 
em doenças purulentas do trato urinário e diabetes, respectivamente.
 
Aspecto
 
O aspecto de uma amostra urinária pode ser límpido, opalescente, ligeiramente turvo, turvo ou 
leitoso (purulento). Usualmente, a urina normal tem coloração clara e aspecto límpido. A presença de 
turvação em amostra não centrifugada requer investigação.
 
Essa turbidez pode ser resultado da precipitação de sais em formas de cristais. A presença de 
leucócitos, hemácias, descamações de células epiteliais e bactérias também causam turvação na urina e 
são confirmadas através da análise microscópica após centrifugação. Outros fatores também causam a 
turvação, como: presença de muco, cilindros, contaminação por fezes, leveduras, contrastes radiológicos, 
linfa (quilúria) e glóbulos de gordura (lipidúria ou corpos graxos). As amostras mantidas em repouso ou 
refrigeradas também podem apresentar turvação não patológica.
 
Odor
 
Em condições normais, a urina apresenta um odor característico devido a presença de ureia. Quanto 
maior for a presença dessa substância, maior será o odor. As amostras com crescimento bacteriano intenso 
apresentam odor fétido. Alguns medicamentos e alimentos também podem alterar o cheiro da urina. 
Doenças genéticas, como fenilcetonúria e leucinose (doença da urina do xarope de bordo), também 
possuem odores característicos. Antigamente, nos primeiros relatos referentes ao exame da urina humana, 
o odor era citado para direcionar o tratamento. O cientista cheirava a urina e até mesmo provava seu 
sabor para determinar várias patologias, porém, há poucos anos, na rotina laboratorial, o odor era um 
item frequentememte liberado como sui generis, pois outros itens de maior significado clínico, já eram 
testados e podiam direcionar o tratamento sem a necessidade de o profissional cheirar o material. Nos dias 
atuais, os elementos testados pelas tiras reagentes e a automação fazem com que não exista a necessidade 
que o item odor seja sequer citado no exame de urina tipo 1, já que não haverá relevância clínica e sua 
determinação não estará atendendo aos padrões de qualidade e segurança no trabalho.
 
 
Figura 7 - Material para exame de urina tipo 1. Notar o volume adequado que não precisa encher o frasco e a coloração amarelo 
citrino de aspecto límpido. Característico de uma amostra com resultado dentro dos padrões normais. Adaptado de: 123RF®, 
©belchonock. IDda imagem: 32393704.
 
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
Densidade
 
A densidade determina a concentração ou diluição de uma amostra de urina, o que auxilia na 
avaliação da capacidade dos rins de efetuar esses processos, e indica o estado de hidratação do paciente. 
A incapacidade de realizar essas funções pode revelar uma enfermidade renal ou deficiência hormonal. 
Adultos com ingestão de líquidos apropriados, em um período de 24 horas, possuem densidades de 
1.015 a 1.025. Em amostras aleatórias, a densidade pode variar de 1.005 a 1.035. Existem diversos 
métodos disponíveis para determinar a densidade em amostras urinárias, sendo os mais utilizados a tira 
reagente e o refratômetro. Este último utiliza apenas algumas gotas de urina para medir o índice de 
refração da solução, que é proporcional ao conteúdo de sólidos dissolvidos na amostra.
 
EXAME QUÍMICO
 
O exame químico compreende a análise bioquímica através de tiras reagentes (urofitas) submersas em 
amostras de urina, que possibilitam uma análise qualitativa e semi-quantitativa, através da positividade 
por modificação da cor.
 
A leitura da urofita pode ser manual (visual), através da comparação da cor obtida com a escala 
de leitura (escala de cores) anexa ao frasco fornecido pelo fabricante do produto, ou por equipamento 
automatizado, que se baseia no princípio de fotometria de reflexão, conforme a figura a seguir.
 
A B
 
Figura 8 - Exame químico por leitura automatizada (A) e leitura manual (B). Fonte: etb
 
As urofitas possuem áreas de leitura para avaliação dos seguintes parâmetros:
 
pH
 
O pH urinário demonstra a capacidade do rim em preservar a concentração ideal dos íons através do 
trabalho dos rins e pulmões. Em indivíduos com uma dieta saudável, o valor varia entre 4,5 e 8,0, porém 
a média é cerca de 6,0, apresentando-se ligeiramente ácido. Alguns fatores conhecidos podem alterar 
esses valores, como o tipo de alimentação, medicamentos e circunstâncias patológicas, fazendo com 
que a urina se torne ácida ou alcalina. É através do pH da urina que existe a possibilidade de verificação 
das tentativas de compensação dos rins nas alterações de acidose/alcalose metabólica ou respiratória.
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Sangue
 
A detecção da presença de sangue com a urofita é fundamentada através do princípio de ação nas 
atividades pseudo-oxidativas da hemoglobina e mioglobina, produzindo uma cor verde. O valor obtido 
pela fita reagente é preditivo e não deve ser considerado, uma vez que o resultado final será obtido pela 
contagem da sedimentoscopia.
 
A presença de sangue na urina pode ocorrer devido a eritrócitos íntegros em número elevado, 
denominado de hematúria. O aparecimento de uma pequena quantidade de hemácias integradas na urina 
é considerado comum até 10.000/ml. O sangue também pode estar presente como produto de destruição 
dos eritrócitos (hemoglobina livre), conhecido como hemoglobinúria, e sua aparição é pouco comum.
 
A hematúria pode ocorrer em diversas patologias, de acordo com a origem de sua etiologia.
 
• origem glomerular: nefropatias, nefrite hereditária e glomerulonefrite;
 
• origem não glomerular no trato urinário superior: como pielonefrite, nefrolitiase, doença 
renal policística, trauma renal (cálculos), anemia falciforme e neoplasias renais;
 
• origem não glomerular no trato urinário inferior: como cistite, prostatite, uretrite, câncer de 
bexiga e estenose de uretra;
 
• origem desconhecida: prática de exercícios físicos intensos e hiperanticoagulação.
 
Por outro lado, qualquer causa de hemólise possui potencial para causar hemoglobinúria, mas 
sua presença indica hemólise intravascular. Dentre as principais causas, é possível destacar: anemias 
hemolíticas, queimaduras, malária, dengue e púrpura trombocitopenica trombótica.
 
 
Figura 9 - Representação do frasco contendo urina antes da centrifugação de coloração vermelha e aspecto turvo. Pós- 
centrifugação, a formação de um “botão de sedimento”. Fonte: etb®, 2015.
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Uroanálise e Fluidos Biológicos
 
Figura 10 - Representação da presença de hemácias na urina observada por microscopia ótica. Fonte: etb®, 2015.
 
Bilirrubina
 
O produto de degradação da hemoglobina recebe o nome de bilirrubina. Quando há excesso de 
bilirrubina na corrente sanguínea, ela é excretada pelos rins e detectada na urina, que apresenta cor 
amarelo-acastanhada, marrom-esverdeada ou ictérica.
 
O aparecimento da bilirrubina na urina indica precocemente doença hepática, sendo detectada 
muito antes da icterícia. A ocorrência de seu aparecimento é a obstrução do fluxo biliar do fígado ou 
uma doença hepatocelular.
 
O resultado é expresso em +. Não existe valor considerado mínimo normal para a presença de 
bilirrubinúria.
 
Urobilinogênio
 
O urobilinogênio é formado pela ação das bactérias intestinais após hidrolisarem a bilirrubina 
conjugada que não foi absorvida pelo intestino. Em situações normais, grande parte desse produto é 
eliminado nas fezes, como estercobilinogênio. Uma pequena quantidade é eliminada na urina. 
 
Na incapacidade do fígado remover este composto, quantidades anormais são desviadas para os rins 
e excretadas na urina. Isso pode ocorrer quando há um dano hepatocelular, que pode ser decorrente de 
uma hepatite viral, drogas, substâncias tóxicas ou cirrose. O excesso de urobilinogênio com ausência de 
bilirrubina está associado à hemólise.
 
O valor de referência para o urobilinogênio é até 1mg/dl.
 
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Glicose
 
A urina não apresenta glicose detectável em estados normais e seu aparecimento exige investigações. 
A glicosúria ocorre quando os níveis de glicose no sangue ultrapassam a eficácia de reabsorção dos 
túbulos renais. Pode ocorrer em diversas condições, como diabetes mellitus, distúrbios endócrinos, 
distúrbios do metabolismo e disfunção tubular renal.
 
O exame de glicose é a análise química mais frequentemente realizada na urina. O diagnóstico 
precoce do diabetes mellitus fornece um prognóstico bem melhor e podem detectar problemas de 
controle antes do desenvolvimento de complicações mais graves.
 
Proteínas
 
A proteína possui taxa máxima de reabsorção tubular, e sua detecção na urina, em níveis alterados, 
sugere alguma lesão renal. A desidratação é um fator que contribui para a ocorrência da proteinúria, e 
sua incidência é três a quatro vezes maiores nos idosos, devido à glomerulonefrite.
 
Diversas patologias podem ocasionar algum tipo de proteinúria, como, por exemplo, diabetes melitus, 
lúpus eritematoso, nefropatias, nefrosclerose, mieloma múltiplo, condições inflamatórias/malignas do 
trato urinário e pielonefrite crônica. Como as causas de proteinúria são variadas, podemos agrupá-las 
em três grandes categorias, com base em sua origem: pré-renal, renal e pós-renal. Para detectar o tipo 
de proteína presente na urina, é necessária a separação por eletroforese de proteínas.
 
Corpos cetônicos
 
Os corpos cetônicos são produtos do metabolismo de lipídios, ocasionados por um erro na absorção 
ou na quantidade inadequada da dieta. O aumento de cetonas na corrente sanguínea e na urina são 
encontrados na diabetes melitus e demonstram a descompensação metabólicado equiíbrio ácido/básico 
que pode levar ao coma.
 
Nitrito
 
A urina é rica em nitrato. Diversas bactérias patogênicas do trato urinário transformam o nitrato em 
nitrito, e quando presentes em número significante geram um teste positivo na urofita. É importante 
ressaltar que um resultado de nitrito negativo não exclui a possibilidade de infecção urinária. A 
confirmação deve ser feita através da cultura de urina (urocultura).
 
EXAME MICROSCÓPICO - SEDIMENTOSCOPIA
 
A sedimentoscopia trata-se da análise, em microscópio óptico comum, da concentração de uma 
amostra de urina após centrifugação, para detecção de elementos celulares e não celulares. Os valores 
de referência para os elementos encontrados podem variar de acordo com cada laboratório. Os 
componentes microscópicos do sedimento serão abordados abaixo.
 
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A sedimentoscopia é realizada seguindo as etapas abaixo:
 
• centrifugar um volume padronizado de urina, em um tubo cônico, 10 ml, (segundo a ABNT NBR 
15.268:2005, foi padronizada a centrifugação à 1.500 a 2.000 RPM por 5 minutos);
 
• após a centrifugação, retirar o sobrenadante, de modo que reste, no fundo do tubo, 10% do 
volume inicial, ou seja, retirar 9 mL para que reste 1 mL;
 
• ressuspender o conteúdo precipitado por agitação para que o mesmo fique homogêneo;
 
• com auxílio de uma pipeta automática ou tubo capilar, transferir a amostra para a câmara de 
Neubauer ou equivalente, preenchendo cuidadosamente a área de contagem, e observando para 
que não haja formação de bolhas de ar ou transbordamento;
 
• contar o número de elementos figurados presentes nos quatro quadrantes, de dezesseis 
quadradinhos cada, sendo que para a liberação do resultado em ml devemos contar os quatro 
quadrantes e multiplicar por 250, ou contar dois quadrantes e multiplicar o resultado encontrado 
por 500, ou, dependendo das quantidades de elementos figurados presentes, contamos 1 
quadrante apenas e o resultado é multiplicado por 1000.
 
As hemácias podem ser encontradas em pequeno número em indivíduos normais, com média de 2 a 
5 hemácias por campo de grande aumento ou até 10.000/ml. Todas elas se originam do sistema vascular, 
e a presença de um número fora do valor de referência estabelecido pelo laboratório pode apontar para 
diversas condições patológicas do trato urinário.
 
O microscopista pode observar morfologias diferentes dos eritrócitos. Normalmente, possui forma 
discoide bicôncavo e de aparência pálida, podendo variar em seu tamanho. Podem se apresentar com 
as margens em formato ondulado (hemácias crenadas), em urinas hipertônicas. Devido à lise celular 
causada por amostras diluídas, as hemácias liberam a hemoglobina e assumem o formato de uma 
membrana celular vazia, conhecida como “hemácia fantasma”. Eventualmente, as hemácias podem ser 
confundidas com leveduras em processo de gemulação. Se o microscopista responsável pela análise 
não encontrar brotamentos e hifas de leveduras para a distinção, é indicado pingar duas gotas de ácido 
acético, para que as hemácias sejam lisadas e a dúvida seja esclarecida.
 
Um exame específico pode ser solicitado pelo médico para avaliar a localização da possível lesão que 
originou a hematúria. Esse exame se chama dimorfismo eritrocitário e será citado mais adiante.
 
Leucócitos
 
As células brancas são denominadas de leucócitos, e os polimorfonucleares são os tipos predominantes 
encontrados na urina.
 
Os leucócitos podem apresentar granulações grosseiras e inclusões de bactérias, o que define um 
processo degenerativo. Após 2 a 3 horas da urina em temperatura ambiente, ocorre lise em cerca de 
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50% dos leucócitos presentes, o que necessita realizar a análise do sedimento logo após a coleta. 
O predominantemente encontrado no sedimento urinário é o neutrófilo. O aumento do número de 
leucócitos (acima do valor de referência estabelecido) recebe o nome de piuria (pus na urina).
 
 
Figura 11 - Representação de leucócitos (leucocitúria). Fonte: Fonte: etb®, 2015.
 
Polimorfonucleares são células com formato de esferas granulares, variando em tamanho e diâmetro. 
Os segmentos nucleares são redondos e discretos, porém, nem sempre são visíveis.
 
Células epiteliais
 
As células epiteliais, encontradas durante a análise do sedimento, podem ser de três tipos: escamosas, 
uroteliais (de transição) e tubulares do epitélio renal. As células epiteliais escamosas são encontradas em 
urinas normais, com maior frequência em amostras de mulheres e durante a gestação. 
 
A maioria dessas células é resultado da descamação de células velhas do revestimento epitelial do 
trato urinário e não possuem significado clínico importante. Por outro lado, algumas podem representar 
lesão epitelial ou doenças renais. A presença de células tubulares em grande quantidade, por exemplo, 
sugere lesão tubular. Atipias nucleares e morfológicas podem indicar um processo neoplásico. No exame 
rotineiro do sedimento, as células não são classificadas quanto à origem do epitélio, e essas alterações 
necessitam de investigação por outros métodos patológicos específicos.
 
 
Figura 12 - Representação de células epiteliais. Fonte: etb®, 2015.
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Cilindros
 
Cilindro é um elemento que pode estar presente na urina. É o único que possui o rim como seu local 
de origem, o que o torna exclusivamente renal. Seu aspecto, tamanho e morfologia são bem variáveis, e 
tudo depende do local de sua formação e dos materiais presentes no filtrado. A largura de um cilindro 
resulta do tamanho do túbulo em que ocorreu sua constituição, e sua forma habitual deve conter lados 
paralelos e extremidades arredondadas.
 
A presença de determinados cilindros, como os hialinos em quantidade reduzida, pode ser encontrada 
em indivíduos saudáveis. Seu aparecimento, em grande número e formas distintas, poderá apontar 
para um grave prognóstico de doença renal, com o comprometimento de vários néfrons. Devem ser 
pesquisados ao microscópio com pouca luminosidade, por meio do abaixamento do condensador em 
objetivas de baixa resolução.
 
Cilindros hialinos
 
Cilindros Hialinos são os tipos de cilindros mais comuns, constituídos principalmente por uma 
mucoproteína denominada de Tamm-Horsfall, secretada somente pelas células tubulares renais. Possuem 
refringência e são incolores. Até dois cilindros por campo de baixa resolução pode ser considerado um 
caso normal. Em número elevado, estão presentes em doenças renais crônicas, como glomerulonefrite, 
pielonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, terapia diurética, e transitoriamente em atividades físicas 
prolongadas, desidratação, estresse e febre.
 
 
Figura 13 - Representação de cilindros hialinos. Fonte: etb®, 2015.
 
Cilindros céreos
 
Os cilindros céreos têm aparência rígida, aspecto liso, bordas afiadas e podem se dispor em placas 
largas, conhecidas como cilindros de insuficiência renal. Possui significado clínico importante nas 
doenças renais crônicas, associado com inflamação e degeneração tubular. Esses cilindros também são 
encontrados na rejeição de transplantes renais e estase do fluxo urinário.
 
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