Buscar

Inciso IV Art 31 da Lei nr 7217 2006 MT Uma afronta a supremacia hierarquica das normas constitucionais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO – UFMT 
FACULDADE DE DIREITO 
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
 
 
 
 
 
“Inciso IV, Art. 31 da Lei nº 7.217/2006/MT 
Uma afronta à supremacia hierárquica das normas constitucionais” 
 
 
 
 
 
FERIS ABDALLA ZAROUR NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUIABÁ - MT 
2015
2 
 
FERIS ABDALLA ZAROUR NETO 
 
 
 
 
 
 
“Inciso IV, Art. 31 da Lei nº 7.217/2006/MT 
Uma afronta à supremacia hierárquica das normas constitucionais” 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Direito da Universidade Federal de Mato 
Grosso, como requisito para conclusão 
do curso de Especialização em Direito 
Administrativo e Administração Pública. 
 
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antônio 
Theodoro 
 
 
 
 
 
 
CUIABÁ - MT 
2015 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço a Deus pela oportunidade de 
crescer através do conhecimento, pela 
coragem para prosseguir e pela imensa 
capacidade de sonhar, e através desses 
três elementos a certeza de que, poderei 
transformar o mundo, mesmo que na 
simplicidade e na retidão de meus atos. 
Agradeço de forma muito especial à 
minha Mãe – Dª Neli e às minhas filhas 
Carolina e Lais, por serem o combustível 
necessário para minhas conquistas. 
Aos professores colegas e amigos, que 
muito me incentivaram nessa jornada. 
A vocês os meus sinceros 
agradecimentos 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho à minha Esposa 
Elem Zarour, que acredita em meus 
sonhos muito antes de mim, e não mede 
esforços para que eu os realize. Você é 
um presente de Deus em minha vida, 
obrigado pelo seu amor, carinho, 
companheirismo e parceria. 
 
5 
 
Sumário 
 
1 – Introdução ................................................................................................................. 8 
2 – Pregão........................................................................................................................ 9 
3 - A supremacia hierárquica das normas constitucionais ............................................. 10 
4 – Interpretação Jurídica – Noções .............................................................................. 11 
 4.1 – A interpretação Jurídica será apenas um dos resultados ........................... 16 
 4.2 – A importância da interpretação sistemática .............................................. 18 
5 – Caso concreto analisado à luz da razoabilidade constitucional ............................... 19 
6 – Considerações finais ................................................................................................ 24 
7 – Referência bibliográficas ......................................................................................... 25 
 
6 
 
RESUMO 
Esta monografia tem o propósito de fomentar o debate acerca da Supremacia 
Hierárquica das Normas Constitucionais, utilizando como objeto de estudo o inciso IV, 
art. 31 da lei Estadual nº 7.217/2006/MT, publicada em 14/03/2006, que inova nos 
procedimentos de classificação de propostas preços apresentadas em seções de 
aquisições públicas de bens e serviços, da modalidade Pregão Presencial. Ocorre que 
essa inovação torna-se ilegal à medida que contraria o disposto no inciso VIII, art. 3º da 
Lei Federal nº 10.520/2002, publicada em 17/07/2002. Apresentaremos os motivos pelo 
quais entendemos que tal irregularidade deve ser imediatamente corrigida pelos órgãos 
competentes reestabelecendo a harmonia hierárquica legal. 
Palavras chaves: harmonia, constitucionalidade, hierarquia, pregão, licitação 
 
7 
 
ABSTRACT 
This monograph is intended to stimulate debate about the Supremacy Hieráquica of 
Constitutional Norms , using as an object of study in Item IV , art. 31 of the State Law 
No. 7,217 / 2006 / MT , published on 14/03/2006 , which innovates in prices presented 
in procurement sections proposed classification procedures of goods and services, 
modality Trading Classroom . It turns out that this innovation becomes illegal as 
contrary to the provisions of section VIII , art. 3 of the Federal Law No. 10,520 / 2002 , 
published on 17/07/2002 . Present the reasons for which we believe that this irregularity 
should be immediately corrected by the competent bodies reestablishing the legal 
hierarchical harmony. 
Key words : harmony, constitutionality , hierarchy , trading, bidding 
 
8 
 
1 - INTRODUÇÃO 
Esta Monografia é a finalização do Curso de Pós-graduação em Direito 
Administrativo e Administração Pública e tem como tema “Inciso IV, Art. 31 da Lei 
nº 7.217/2006/MT X Inciso VIII, art. 4º, Lei nº 10.520/2002/BRASIL - Uma afronta à 
supremacia hierárquica das normas constitucionais”. 
A criação de normas deve, obrigatoriamente, possuir requisitos mínimos de 
constitucionalidade para que esta possam atingir os objetivos para os quais foram 
criadas, porém nem sempre esse cuidado é considerado, e mesmo que editadas 
irregularmente, produzem efeitos assim como se fossem legítimas. Impondo aos 
Gestores públicos uma sequência de atos viciados tendo como parâmetro a norma 
equivocada. 
Apresentar esta incongruência, fundamentada juridicamente, tem como intuito o reparo 
necessário para o reestabelecimento da hierarquia das normas constitucionais, evitando 
assim a continuidade do erro e seus efeitos. 
A modalidade de compra pública Leilão em sua forma “antagônica” o Pregão, 
considerando o fato de que os lances são ofertados pra menor tendo como parâmetro o 
preço inicial, será tratada no capítulo 2 (dois). 
Nesse capítulo demonstraremos as duas versões criadas para o pregão, tanto o 
presencial assim como o eletrônico, e sua cronologia. 
Os conceitos desenvolvidos, por renomados juristas, serão apresentados e discutidos no 
capítulo 3 (três), construindo o conhecimento acerca do tema abordado para maior 
lucidez na análise do caso concreto. 
Através dos conceitos apresentados, a interpretação jurídica será abordada no capítulo 4 
(quatro) apresentando-a como um dos possíveis resultados, sendo necessário irmos um 
pouco além, considerando a importância da interpretação sistemática, tendo como 
alicerce o profundo estudo jurídico das normas. 
O caso concreto será abordado no capítulo 5 (cinco), é nesse momento que, iremos 
demonstrar a incongruência hierárquica da norma Federal e a produzida pelo Estado de 
Mato Grosso, e que se encontra em vigor, produzindo seus efeitos como se legal fosse. 
O capítulo 6 (seis) traz nossas considerações finais e entendimento desenvolvido no 
estudo do tema abordado, e que acreditamos ser o caminho correto para aplicação no 
caso concreto. 
 
9 
 
2 - PREGÃO 
A modalidade de compra denominada Pregão surgiu através de uma nova leitura do 
inciso V, art. 22 da lei nº 8.666/1993, que estabelece as modalidades de licitação como 
segue: 
Art. 22. São modalidades de licitação: 
I - concorrência; 
II - tomada de preços; 
III - convite; 
IV - concurso; 
V - leilão 
(...) 
§ 5
o
 Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para 
a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos 
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens 
imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou 
superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 
1994). 
Nessa vertente o Pregão não é uma nova modalidade de compra, criado pela 
Administração Pública, mas sim uma adaptação da modalidade leilão, porém com a 
particularidadede que os lances são ofertados de forma decrescente dos valores 
inicialmente apresentados. 
A Lei nº 3.555 de 08/08/2000 aprovou e regulamentou o Pregão, que foi instituído em 
17/07/2002, no âmbito da Administração Pública, através da Lei nº 10.520/2002. 
Até o dia 30/05/2005, as aquisições públicas por meio de Pregão eram realizadas de 
forma presencial, mas com a publicação da Lei nº 5.450 em 31/05/2005, regulamentou-
se a forma eletrônica do Pregão, utilizando-se plataforma via rede mundial de 
computadores (internet) com algumas adaptações na funcionalidade e operacionalidade 
do mesmo. 
Inúmeras plataformas de operacionalização do pregão eletrônico foram criadas, tanto 
por parte da Administração Pública como também pela iniciativa privada, inclusive as 
desenvolvidas por bolsas de mercadorias. 
 
10 
 
3 - A SUPREMACIA HIERÁRQUICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Escolher como tema um texto extraído da Constituição eleva a importância do debate 
acerca do assunto, considerando que na Constituição estão estabelecidas as normas e 
sua hierarquia que prevalecem num ambiente jurídico. 
Estudar a Constituição é antes de tudo um ato de cidadania devido a sua importância 
e superioridade tendo como comparação as demais normas positivadas em todo 
universo jurídico, pois figura hierarquicamente no topo da pirâmide, é o nascedouro do 
conjunto de normas emanadas pelo Estado. 
Dá-se o nome de Lei Fundamental à Constituição haja vista que no seu conteúdo 
normativo, "aquele complexo de normas jurídicas fundamentais, escritas ou não 
escritas, capaz de traçar as linhas mestras do mesmo ordenamento"
1
, pois nela 
estão demonstrados os pressupostos jurídicos básicos e imprescindível à organização do 
Estado e de todo o arranjo jurídico pátrio. 
Celso Ribeiro Bastos, nos ensina, quando analisa a “inicialidade fundamentante” das 
normas constitucionais: 
"(...) as normas constitucionais fundam o ordenamento jurídico. Inauguram a ordem 
jurídica de um dado povo soberano e se põem como suporte de validade de todas as 
demais regras de direito. São normas originárias, fundamentantes e referentes, enquanto 
que as demais se posicionam, perante elas, como derivadas, fundamentadas e referidas. 
Aquelas de hierarquia superior, e estas, logicamente de menor força vinculatória"
2
. 
Para Konrad Hesse a Constituição é o complexo de normas fundamentais de um dado 
ordenamento jurídico, e ainda, que "a Constituição estabelece os pressupostos da 
criação, vigência e execução das normas do resto do ordenamento jurídico, 
determinando amplamente seu conteúdo, se converte em elemento de unidade do 
ordenamento jurídico da comunidade em seu conjunto, no seio do qual vem a impedir 
tanto o isolamento do Direito Constitucional de outras parcelas do Direito como a 
existência isolada dessas parcelas do Direito entre si mesmas". 
 
1
 Paolo Biscaretti di Ruffia, Direito Constitucional, p. 86 
2
 Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres de Brito, Interpretação e Aplicabilidade das Normas 
Constitucionais, p. 13 
11 
 
Hans Kelsen, ao discorrer sobre a Constituição no exercício do papel de fundamento 
imediato de validade da ordem jurídica, explica o porquê de tal raciocínio: 
"O Direito possui a particularidade de regular a sua própria criação. Isso pode operar-se 
por forma a que uma norma apenas determine o processo por que outra norma é 
produzida. Mas também é possível que seja determinado ainda - em certa medida - o 
conteúdo da norma a produzir. Como, dado o caráter dinâmico do Direito, uma norma 
somente é válida porque e na medida em que foi produzida por uma determinada 
maneira, isto é, pela maneira determinada por uma outra norma, esta outra norma 
representa o fundamento imediato de validade daquela. 
A relação entre a norma que regula a produção de uma outra e a norma assim 
regularmente produzida pode ser figurada pela imagem espacial da supra-infra-
ordenação. A norma que regula a produção é a norma superior; a norma produzida 
segundo as determinações daquela é a norma inferior"
3
. 
Assim sendo, a Constituição é o referencial de todo o sistema jurídico, estabelecendo 
em sua composição as formas pelas quais poderá ser emendada, por intermédio do 
processo de emenda ou de revisão, daí manifestando-se ai a consciência de hierarquia 
das normas jurídicas, normas de grau superior são as que constam das Constituições 
Federal, Estadual e Leis Orgânicas Municipais, as duas últimas se subordinam à 
Constituição Federal e normas de grau inferior são as difundidas por intermédio de leis 
ordinárias, leis complementares, medidas provisórias etc. 
Por ser superior, deve-se desenraizar do ordenamento jurídico em que haja uma 
Constituição vigorando quaisquer ações contrárias a ela que tenham a aspiração de 
produzir efeitos jurídicos, também, para regras jurídicas que intensionem ser superiores 
à própria Constituição ou então, em se tratando de normas constitucionais originárias, 
sejam inconstitucionais. 
Ensina Gomes Canotilho e Vital Moreira: 
"A Constituição ocupa o cimo da escala hierárquica no ordenamento jurídico. Isto quer 
dizer, por um lado, que ela não pode ser subordinada a qualquer outro parâmetro 
 
3
 Teoria Pura do Direito, pp. 309-310 
12 
 
normativo supostamente anterior ou superior e, por outro lado, que todas as outras 
normas hão-de conformar-se com ela. 
".... 
"A principal manifestação da preeminência normativa da Constituição consiste em que 
toda a ordem jurídica deve ser lida à luz dela e passada pelo seu crivo, de modo a 
eliminar as normas que se não conformem com ela".
4
 
Desta forma, indiferente à norma, do direito público ou do direito privado, que contestar 
a autoridade constitucional, será tida por inconstitucional, inválida perante o sistema 
normativo, sendo eliminada do mesmo em comunhão com os mecanismos processuais 
existentes sendo controle da constitucionalidade difuso e concentrado. Todas devem se 
adequar à supremacia das normas constitucionais. 
Hans Kelsen explica a difundida superioridade hierárquica da Constituição, instruindo-
nos que "a ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo 
plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de diferentes 
camadas ou níveis de normas jurídicas. 
A sua unidade é produto da conexão de dependência que resulta do fato de a validade de 
uma norma, que foi produzida de acordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra 
norma, cuja produção, por seu turno, é determinada por outra; e assim por diante, até 
abicar finalmente na norma fundamental pressuposta. A norma fundamental -- 
hipotética, nestes termos - é, portanto, o fundamento de validade último que constitui a 
unidade desta interconexão criadora".
5
 
 
 
4
 Fundamentos da Constituição, p. 45 
5
 Ob. cit., p. 310 
13 
 
4 - INTERPRETAÇÃO JURÍDICA - NOÇÕES 
Como já é conhecido, é na raiz de qualquer demanda jurídica a interpretação das normas 
torna-se a principal contenda. Indiferente ao operador do direito que esteja em voga, 
seja ele professor, magistrado, advogado, enfim, ou qualquer outro, para extrair alguma 
noção de uma ou mais normas jurídicas, necessário se faz a sua interpretação, dando o 
sentido ou a significância jurídica das normas objeto de questionamento, com o objetivo 
de estabelecer o seu campo de incidência. 
É por essa razão que entendemos ser essencial figurar no início de nosso trabalho um 
espaço dedicado à interpretação das normas jurídicas, sendo certo, porém, que, por seroutro o objetivo principal de nossas indagações, apreciaremos o tema apenas para 
delinear algumas das linhas da hermenêutica, naquilo que for aplicável ao nosso tema 
principal.
6
 
Partimos da premissa de que o intérprete se vê diante de várias significações possíveis 
para as normas analisadas, exatamente em razão do sentido verbal das mesmas não ser 
unívoco, pois o legislador, ao transformar em normas o fruto de suas valorações 
políticas,
7
 utiliza-se da linguagem natural, que é caracterizada pela vagueza e 
ambigüidade, além de sua textura aberta,
8
 razões pelas quais normalmente as 
prescrições legais são imprecisas, embaraçando, muitas vezes, a transmissão clara das 
mensagens normativas. 
Entendemos ser correto, no trabalho científico, verificar, no interior do sistema, quais as 
normas que foram prestigiadas pelo legislador constituinte, para desvendar aquelas que 
foram erigidas em princípios gerais regentes desse mesmo sistema,
9
 vetores estes que 
serão de grande utilidade para a solução dos questionamentos que levantaremos a 
propósito da questão do conflito de normas constitucionais. 
Em razão disto ser uma das premissas básicas de todo e qualquer estudo científico, qual 
seja: o Direito, como ordem normativa da conduta humana, merece ser interpretado sem 
 
6
 Interpretação e Aplicação da Constituição, de Luís Roberto Barroso (Ed. Saraiva, 1996) e Manual de 
Interpretação Constitucional, de Uadi Lammêgo Bulos (Ed. Saraiva, 1997). 
7
 Fran Figueiredo, Introdução à Teoria da Interpretação Constitucional, pp. 175/200) 
8
 Agustin Gordillo, Princípios Gerais de Direito Público, pp. 2-3 
9
 Michel Temer, Elementos de Direito Constitucional, p. 24 
14 
 
arbitrariedades,
10
 onde o jurista dogmático, visando compreender suas normas para bem 
descrevê-las (pois não é sua tarefa julgar as normas do ordenamento), sempre deverá 
reter na memória a noção de que devem ser respeitados os limites oferecidos pela 
própria norma, no sentido de não se chegar a uma interpretação "contra legem". 
Sabemos que este limite não é claro, não estando nem muito menos delimitado com a 
precisão necessária, mas a questão é de não se ultrapassar o conteúdo jurídico oferecido 
pela normas interpretadas.
11
 
Destacar parece ser importante, na medida em que, na atualidade de nosso mundo 
jurídico, muitas são as teses e discussões doutrinárias que colocam o justo em situação 
de prevalência em face do Direito, o que supomos ser incorreto, principalmente quando 
essas mesmas teses acabam sendo aceitas por aqueles que transformam as normas gerais 
e abstratas em normas individuais e concretas, por intermédio das decisões e sentenças, 
que são os magistrados. 
Baseado na afirmação, está claro que a norma jurídica é a baliza da atividade 
interpretativa do jurista dogmático, se é assim colocado então que se respeitem as vigas 
mestras do sistema jurídico pátrio, que são os princípios da certeza e da segurança 
jurídica, além do tradicional princípio da tripartição das funções estatais.
12
 
Tal posicionamento, deflui do que sempre foi ensinado pela doutrina mais autorizada, 
como é o caso da seguinte lição de Carlos Maximiliano, "verbis": 
"Cumpre evitar {o intérprete}, não só o demasiado apego à letra dos dispositivos, como 
também o excesso contrário, o de forçar a exegese e deste modo encaixar na regra 
escrita, graças à fantasia do hermeneuta, as teses pelas quais este se apaixonou, de sorte 
que vislumbra no texto idéias apenas existentes no próprio cérebro, ou no sentir 
individual, desvairado por ojerizas e pendores, entusiasmos e preconceitos. „A 
interpretação deve ser objetiva, desapaixonada, equilibrada, às vezes audaciosa, porém 
não revolucionária, aguda, mas sempre atenta respeitadora da lei‟. 
 
10
 Maury R. de Macedo, A Lei e o Arbítrio à Luz da Hermenêutica, Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1981 
11
 Luís Roberto Barroso, Interpretação e Aplicação da Constituição, p. 106, sem destaques no original 
12
 Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, p. 79, sem destaque no original 
15 
 
"Toda inclinação, simpática ou antipática, enfraquece a capacidade do intelecto para 
reconhecer a verdade, torna-o parcialmente cego. A ausência de paixão constitui um 
pré-requisito de todo pensamento científico".
13
 
Não é nosso propósito, aqui, destacar todas as regras de interpretação das normas 
constitucionais
14
 a serem objeto de análise. Limitaremos essas colocações iniciais 
somente àquilo que julgamos necessário à correta análise da questão vinculada a 
princípios e regras constitucionais, tema principal de nossa investigação científica. 
Ademais, em matéria de interpretação do Direito, não parece ser possível estabelecer 
princípios rígidos ou uma escala de precedência entre os diversos métodos existentes, 
pois não há subordinação ou hierarquia entre os vários recursos da hermenêutica, de vez 
que "a teoria da interpretação há de contentar-se com fornecer diretivas um pouco mais 
vagas e plásticas que, sem abandonarem o intérprete a um empirismo incontrolado, 
alguma coisa peçam todavia à delicadeza e à finura do seu senso jurídico".
15
 
Levaremos em conta tais ensinamentos quando da apreciação dos casos concretos a 
serem abordados à luz da razoabilidade constitucional. 
 
 
13
 Carlos Maximiliano, ob. cit., p. 103, sem destaques no original 
14
 Linares Quintana, Teoría de la Ciencia del Derecho Constitucional Argentino y Comparado, apud José 
Alfredo de Oliveira Baracho, Hermenêutica Constitucional, in RDP 59-60/46. Uadi Lammêgo Bulos, 
Manual de Interpretação Constitucional, pp. 58-90 
15
 Manuel A. Domingues de Andrade, Ensaio sobre a Teoria da Interpretação das Leis, p. 31 
16 
 
4.1 - A INTERPRETAÇÃO JURÍDICA SERÁ APENAS UM DOS RESULTADOS 
POSSÍVEIS 
Segundo HAHS KELSEN em “Teoria Pura do Direito”, o resultado das análises 
interpretativas será apenas um dos resultados possíveis, afastando a intenção de fazer 
prevalecer a solução por nós adotada como se ela fosse a única solução correta para os 
problemas que surgirem no decorrer de nossa explanação. 
Afigura-se-nos correta referida premissa, pois, segundo ensinamento do notável Hans 
Kelsen, "a questão de saber qual é, de entre as possibilidades que se apresentam nos 
quadros do Direito a aplicar, a „correta‟, não é sequer -- segundo o próprio pressuposto 
de que se parte -- uma questão de conhecimento dirigido ao Direito positivo, não é um 
problema de teoria do Direito, mas um problema de política do Direito".
16
 
O resultado, portanto, de nossa tarefa interpretativa do tema proposto será um resultado 
apenas possível, nunca um resultado que seja o único correto, por não ser permitido ao 
cientista do Direito valorar a norma a ponto de sustentar ser esta ou aquela interpretação 
a única aplicável ao caso sob análise. 
Isto decorre da convicção de que o Direito a aplicar forma "uma moldura dentro da qual 
existem várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao Direito todo o ato 
que mantenha dentro deste quadro ou moldura, que preencha esta moldura em qualquer 
sentido possível".
17
 
Também adotaremos neste estudo a noção de ser o Direito um conhecimento 
tecnológico, prático, voltando para decibilidade de conflitos, ainda que meramente 
teóricos, porque são frutos da mente de quem estuda determinado assunto sob o nível da 
ciência jurídica "stricto sensu". Para tanto, sempre daremos um resultado para nossas 
pesquisas acerca do sentido das normas analisadas, sentido este queserá apenas um dos 
possíveis sentidos a dar à questão posta. 
Sabedores, porém, de que a interpretação é um mero ato de vontade e de valoração, não 
cabendo à Ciência do Direito dizer qual é o sentido mais justo ou correto, mas apenas 
 
16
 Teoria Pura do Direito, p. 469. ob. cit., pp. 472-473 
17
 Kelsen, ob. cit., pp. 466-467 
17 
 
apontar as interpretações possíveis,
18
 utilizaremos no presente estudo a Lógica do 
Razoável de Recasén Siches, para escolhermos, dentre as possíveis interpretações que 
se nos apresentarem, a que nos parecer mais razoável, por estar de acordo com as regras 
e princípios jurídicos sob questionamento.
19
 
Somente assim conseguiremos realizar trabalho com alguma finalidade prática, tarefa a 
que o jurista deve obrigatoriamente se submeter, pois de nada adiantará a elaboração de 
estudo desprovido de qualquer intenção de servir para a evolução do pensamento 
jurídico e para a decidibilidade de conflitos. 
 
 
18
 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, p. 77 
19
 Luís Recaséns Siches, conferir: Lídia Reis de Almeida Prado, "A lógica do razoável na interpretação 
jurídica", in Revista Justiça e Democracia, Ed. RT, nº 2, p. 122. Carlos Roberto de Siqueira Castro, O 
Devido Processo Legal e a Razoabilidade das Leis na Nova Constituição do Brasil, Ed. Forense, 1989; 
Raquel Denize Stumm, Princípio da Proporcionalidade no Direito Constitucional Brasileiro, Ed. 
Livraria do Advogado, 1995; Suzana de Toledo Barros, O Princípio da Proporcionalidade e o Controle 
de Constitucionalidade das Leis Restritivas de Direitos Fundamentais, Ed. Brasília Jurídica, 1996 
18 
 
4.2 - A IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA 
Para extrairmos do Texto Constitucional os múltiplos relacionamentos com o tema 
proposto, devemos adotar como proposta exegética a consideração dos princípios e 
regras jurídicas em harmonia com o contexto geral do sistema constitucional. A 
despeito de não menosprezarmos nenhum dos conhecidos métodos interpretativos, a 
coordenação e o inter-relacionamento das normas constitucionais será buscado pela via 
da interpretação sistemática, considerada o método por excelência da hermenêutica 
jurídica por Paulo de Barros Carvalho,
20
 em razão de permitir uma visão grandiosa do 
Direito. 
Como observou o inesquecível Geraldo Ataliba, "qualquer proposta exegética, objetiva 
e imparcial, como convém a um trabalho científico, deve considerar as normas a serem 
estudadas, em harmonia com o contexto geral do sistema jurídico. 
Os preceitos normativos não podem ser corretamente entendidos isoladamente, mas, 
pelo contrário, haverão de ser considerados à luz das exigências globais do sistema, 
conspicuamente fixados em seus princípios. Em suma: somente a compreensão 
sistemática poderá conduzir a resultados seguros. 
É principalmente a circunstância de muitos intérpretes desprezarem tais postulados 
metodológicos que gera as disparidades constantemente registradas em matéria de 
propostas de interpretação".
21
 
Realmente, na perquirição do significado ou conteúdo de qualquer texto normativo, e 
especialmente quando o texto é a Constituição,
22
 o intérprete, ao invés de atentar 
unicamente para regras isoladas, deverá voltar os olhos para o sistema constitucional, 
compreendido como um todo uno, harmônico e coerente. 
Com noção dessa natureza, nosso empenho deverá ser no sentido de fazer com que as 
normas constitucionais se ajustem umas às outras, fazendo com que eventuais 
 
20
 Ob. cit., p. 76 
21
 República e Constituição, p. 152 Eduardo Marcial Ferreira Jardim, Microempresa ao Lume do Regime 
Jurídico Tributário, p. 33) 
22
 Celso Ribeiro Bastos e Calos Ayres de Brito, Interpretação e Aplicabilidade das Normas 
Constitucionais, p. 12 
19 
 
antinomias sejam meramente aparentes, solucionáveis pelos critérios interpretativos 
existentes. 
Assim escreveu Luís Roberto Barroso: 
"O método sistemático disputa com o teleológico a primazia no processo interpretativo. 
O direito objetivo não é um aglomerado aleatório de disposições legais, mas um 
organismo jurídico, um sistema de preceitos coordenados ou subordinados, que 
convivem harmonicamente. A interpretação sistemática é fruto da idéia de unidade do 
ordenamento jurídico. Através dela, o intérprete situa o dispositivo a ser interpretado 
dentro do contexto normativo geral e particular, estabelecendo as conexões internas que 
enlaçam as instituições e as normas jurídicas. Em bela passagem, registrou Capograssi 
que a interpretação não é senão a afirmação do todo, da unidade diante da 
particularidade e da fragmentaridade dos comandos singulares".
23
 
Observamos que uma das raríssimas intervenções do legislador constituinte em matéria 
de interpretação constitucional foi dada pelo texto da Constituição da Tchecoslováquia, 
de 1948, quando nela restou estabelecido que "a interpretação das diversas partes da 
Constituição deve inspirar-se no seu conjunto e nos princípios gerais sobre os quais se 
alicerça". 
Vale a citação como notícia histórica, sendo que agiu correto nosso legislador 
constituinte em não adotar regra semelhante, já que o campo das prescrições 
impositivas, voltado para a disciplina do comportamento humano, é impróprio para as 
definições e estabelecimento de critérios interpretativos, algo que é encargo da doutrina, 
como se sabe. 
Adotando essa proposição metodológica - advinda da observância do método da 
interpretação sistemática, tal como posto pela melhor doutrina -, acreditamos operar no 
sentido da concretização do princípio da unidade da Constituição, que na pena do 
constitucionalista português Gomes Canotilho é considerado como princípio 
interpretativo, quando com ele se quer significar que o direito constitucional deve ser 
interpretado de forma a evitar contradições (antinomias, antagonismos) entre as suas 
normas, princípio este que acaba por obrigar o intérprete a considerar a Constituição na 
 
23
 Luís Roberto Barroso, ob. cit., pp. 127-128 
20 
 
sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas 
constitucionais a concretizar.
24
 
Temos como pretensão básica a consecução do objetivo exegético concebido por Carlos 
Maximiliano, no sentido de que o Direito deve ser interpretado inteligentemente, "não 
de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a 
conclusões inconsistentes ou impossíveis. Também se prefere a exegese de que resulte 
eficiente a providência legal ou válido o ato, à que torne aquela sem efeito, inócua, ou 
este, juridicamente nulo". 
25
 
Essa abordagem tem muito a ver com o tema da razoabilidade constitucional, servindo 
para dar maior clareza ao que se pretende aclarar. 
 
 
24
 J. J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional, p. 232 
25
 Ob. cit., p. 166 
21 
 
5 - CASO CONCRETO ANALISADO À LUZ DA RAZOABILIDADE 
CONSTITUCIONAL 
O Legislador do Estado de Mato Grosso, aprovou o projeto de lei apresentado pelo 
Governador do Estado, editou o decreto Lei nº 7.217/2006 que passou a vigorar em 
14/03/2006, regulamentando as aquisições de bens, serviços e locação de bens móveis 
no Poder Executivo Estadual. 
A conduta do Legislador, é inválida, pelo menos no que se refere ao inciso IV do art. 
31, do referido DL. 
É INCONSTITUCIONAL, considerando que a Lei Federal nº 10.520/2002, estabelece 
outrocritério na seleção de propostas aptas a seguirem para etapa de lances. A bem da 
verdade, todo o novel diploma legal estadual merece ser invalidado, pois o que restará 
da Lei impugnada não corresponderá à vontade legislativa. 
Não se pode compactuar com violação jurídica desta magnitude, em que se inobserva 
tudo o que há de bom e valioso no regime jurídico pátrio, o respeito hierárquico das 
normas. 
Fato é que não se está diante de conduta CONVENIENTE e LEGÍTIMA, à luz do 
princípio da razoabilidade, dado que este exige prudência e sensatez (Bandeira de 
Mello), algo que certamente não foi observado pelo legislador estadual, fulminando de 
invalidade jurídica o que restou produzido. 
A análise dessa questão revela bem como que se pode trabalhar de forma satisfatória 
com o princípio da razoabilidade constitucional. 
Para melhor entendimento do tema abordado fizemos a cronologia de publicação das 
normas: 
Nº Lei Tema Competência Publicação 
8.666/1993 
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para 
licitações e contratos da Administração Pública 
Federal 21/06/1993 
3.555/2000 Aprova e Regulamentação da modalidade Pregão Federal 08/08/2000 
22 
 
10.520/2002 Institui a modalidade de licitação Pregão Federal 17/07/2002 
5.450/2005 Regulamenta o Pregão na forma eletrônica Federal 31/05/2005 
7.217/2006 
Regulamenta as aquisições de bens e serviços do 
Estado de Mato Grosso 
Estadual 14/03/2006 
A redação dada ao inciso IV do art. 31 da Lei Estadual nº 7.217/2006, miscigenou o 
inciso VIII, art. 3º da lei nº 10.520/2002-BR e o art. 24 da Lei nº 5.450/2005, vejamos: 
Lei nº 10.520/2002 
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte: 
(...) 
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das 
ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão 
fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor; 
Lei nº 5.450/2005 
Art. 24. Classificadas as propostas, o pregoeiro dará início à fase 
competitiva, quando então os licitantes poderão encaminhar lances 
exclusivamente por meio do sistema eletrônico. 
Lei nº 7.217/2006 
Art 31. Para a abertura da sessão do pregão, os procedimentos mínimos 
serão os seguintes: 
(...) 
IV abertura dos envelopes de propostas de preços e cadastramento, 
independente de válida ou não, classificando a proposta de menor preço e 
devidamente adequada ao edital e todas aquelas que tenham apresentado 
propostas em valores sucessivos e superiores relativamente a de menor 
preço, desde que atendam ao edital. (Nova redação dada pelo Decreto nº 
2.015, de 24 de junho de 2009, publicado no DOE nº 25.102) 
Entendemos que, o Legislador Estadual, equivocadamente, além de editar uma Lei que 
sobrepõe a força da supremacia hierárquica das normas, ele promove uma ruptura nos 
princípios que norteiam a modalidade de aquisição pública pregão presencial. 
Acostumamos a ouvir que este ou aquele processo de compra promoveu uma economia 
robusta para os cofres do governo, para que se chegue a esses números, necessário se 
faz a utilização de uma equação matemática simples, o que mudam são as bases de 
cálculo para atingirmos os percentuais divulgados: 
23 
 
 
Onde: 
E = Economia aferida 
VF = Valor Final após etapa de Lances 
VE = Valor Estimado 
VMP = Valor Médio das Propostas Apresentadas 
Com a possibilidade real de participar das etapas de lances, indiferente ao valor de 
proposta inicial apresentado e resguardadas pelo inciso IV do art. 31 da Lei Estadual nº 
7.217/2006, as empresas licitantes ofertam valores, em suas propostas de preços, 
maiores que normalmente ofereceriam se a regra geral estabelecida no inciso VIII do 
art. 3º da lei nº 10.520/2002, fosse obedecida, o que significa dizer que o resultado 
cálculo de economia aferida é sistematicamente comprometido. 
 
24 
 
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com o intuito de demonstrarmos tudo aquilo que foi abordado no desenvolvimento 
desta monografia, relatamos, de forma pontual, as conclusões que chegamos e 
teceremos nossas considerações acerca do assunto. 
A Constituição é reconhecida como Lei Fundamental por conter normas que dão 
estrutura ao Estado, que estabelecem a forma de elaboração das outras normas e que 
fixam os direitos e as responsabilidades dos indivíduos, por ser a base de todo o direito 
positivo da comunidade que a adote e com sistema baseado na lei escrita, sobrepondo-se 
aos demais atos normativos por situar-se no vértice da pirâmide jurídica que representa 
o conjunto de normas jurídicas vigentes em determinado espaço territorial. 
No sistema jurídico a Constituição Federal serve como referência obrigatória, na qual 
todas as normas jurídicas da comunidade é nela validado sendo a matriz de todas 
manifestações normativas estatais. 
Devido à supremacia das normas constitucionais, as demais normas devem adequar-se e 
conformar-se com a Constituição Federal. 
É necessário que se respeite os limites impostos pela própria norma não se afastando do 
conteúdo jurídico das que estão sendo interpretadas, com o intuito de compreendê-las. 
Os alicerces do sistema jurídico pátrio, além dos princípios da certeza e da segurança 
jurídica, é o tradicional princípio da tripartição das funções estatais. 
Urge que seja feita a adequação do inciso IV do art. 31 da Lei Estadual nº 7.217/2006 
em conformidade com a norma hierarquicamente superior em seu inciso VIII do art. 3º 
da lei nº 10.520/2002, para regularização do ilícito que ocorre desde 14/03/2006. 
 
25 
 
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ATALIBA, Geraldo. República e constituição. São Paulo: Ed. RT, 1985. 
ANDRADE, Manuel A. Domingues de. Ensaio sobre a teoria da interpretação das leis. 
Coimbra: Armênio-Amado Editor, 4ª ed., 1987. 
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: 
Malheiros Editores, 4ª ed., 1993. 
BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Hermenêutica constitucional. In RDP 59-60/46. 
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de 
constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais. Brasília: Ed. Brasília 
Jurídica, 1996. 
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo. Ed. 
Saraiva, 1996. 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 12ª Ed., São Paulo: Saraiva, 
1990. 
____. e BRITO, Carlos Ayres de. Interpretação e aplicabilidade das normas 
constitucionais. São Paulo: Ed. Saraiva, 1982. 
____. e MARTINS, Yves Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: 
Saraiva, 1988, vol. 1 a 3. 
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: 
Campus, 1992. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 4ª Ed., São Paulo: Malheiros, 
1993. 
BULOS, Uadi Lamêgo. Manual de interpretação constitucional. São Paulo: Ed. 
Saraiva, 1997. 
CANOTILHO, J.J. Comes. Direito Constitucional. 5ª Ed., Coimbra: Livraria Almedina, 
1992. 
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, e Vital Moreira. Fundamentos da Constituição. 
Coimbra: Ed. Coimbra, 1ª ed., 1991. 
DAVID, René. Os grandes sistemas do direito contemporâneo. Trad. Hermínio A. 
Carvalho. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 
DINIZ, Maria Helena. Normas constitucional e seus efeitos. 2ª Ed., São Paulo: Saraiva, 
1992. 
26 
 
DI RUFFIA. Paolo Biscaretti. Direito constitucional. São Paulo: Ed. RT, Trad. Maria 
Helena Diniz, 1984. 
DÓRIA, A. de Sampaio. Princípios constitucionais. São Paulo: Ed. São Paulo, 1926. 
FERREIRA, Pinto. Comentários à constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1989, v. 
1 e 2. 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Estado de direitoe constituição. São Paulo: 
Saraiva, 1988. 
____. Comentários à Constituição brasileira de 1988. São Paulo: Saraiva, 1990. V. 1. 
FIGUEIREDO, Fran. Introdução à teoria da interpretação constitucional. In Revista de 
Informação Legislativa, Brasília, Senado Federal, nº 87, jul/set 1985, p. 175-200. 
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Ed. 
Malheiros, 1994. 
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Coimbra: Ed. Armênio Amado, 4ª ed., trad. de 
João Baptista Machado, 1979. 
LINARES QUINTANA, Segundo V. Teoria de la ciencia del derecho constitucional 
argentino y comparado. Buenos Aires: Editorial Alfa, 1953, t. II. 
MACEDO, Maury R. de. A lei e o arbítrio à luz da hermenêutica. Rio de Janeiro: Ed. 
Forense, 1981. 
MALUF, Sahid. Direito constitucional. 12ª Ed. São Paulo: Sugestões Literárias, 1980. 
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Ed. 
Forense, 9ª ed., 1979. 
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade. 
São Paulo: Celso Bastos Editor, 1998. 
NERY JÚNIOR, Nélson. Princípios fundamentais - Teoria geral dos recursos. São 
Paulo: RT, 1990. 
NETTO, André Luiz Borges. Competências legislativas dos estados membros. São 
Paulo: RT, 1990 
____. Controle da constitucionalidade dos atos normativos. São Paulo: PUC/SP, 1993, 
monografia inédita. 
PRADO, Lídia Reis de Almeida. A lógica do razoável na interpretação jurídica. In 
Revista Justiça e Democracia 2/122, Ed. RT, 1996. 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1985. 
27 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: 
Malheiros, 9ª ed., 1993. 
SILVEIRA, Paulo Fernando. Devido processo legal. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2ª 
ed., 1997. 
STUMM, Raquel Denize. Princípio da proporcionalidade no direito constitucional 
brasileiro. Rio Grande do Sul: Livraria do Advogado, 1995. 
TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 10ª Ed. São Paulo: Malheiros, 
1993. 
Lei Federal n
o 
10.520, de 17 de julho de 2.002. 
Lei Federal nº 5.450, de 31 de maio de 2.005. 
Lei Estadual nº 7.217/2006 de 14 de março de 2.006. 
Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2.000. 
 
28 
 
 
 
29 
 
 
 
30 
 
 
 
31 
 
 
 
32

Outros materiais