Buscar

MOVIMENTO DOS TRBALHADORES SEM TERRA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
THAÍS PEREIRA DA SILVA[1: thais._1989@hotmail.com – Autora]
GILCELIA BATISTA DE GÓIS[2: gilceliagois@gmail.com – Coautora]
MACIANA DE FREITAS E SOUZA[3: macianafreitas@hotmail.com – Coautora]
MARIA DO SOCORRO GURGEL LOIOLA[4: socorrogloiola@hotmail.com – Coautora]
TEMA: QUESTÃO AGRÁRIA
MOVIMENTO DOS TRBALHADORES SEM TERRA (MST) E A QUESTÃO ÁGRARIA
Mossoró
2013
MOVIMENTO DOS TRBALHADORES SEM TERRA (MST) E A QUESTÃO ÁGRARIA 
Resumo: Este artigo é resultante de uma pesquisa com base na literatura que discute sobre o MST e a Questão Agrária. Assim, partimos de uma discussão sobre os fundamentos da questão agraria, centrando nas expressões particularizadas do espaço agrário brasileiro. 
Tem como objetivo apresentar o debate teórico sobre a atuação do MST no Brasil e como se configura a questão agraria. Identifica que, embora tenha se criado algumas politicas para o enfrentamento das refrações da questão agraria esta se mantem vigente. 
A política agrária favorece o agronegócio em detrimento da agricultura camponesa e o desenvolvimento dos assentamentos rurais fica comprometido bem como melhorias para o campesinato. O protagonismo dos movimentos sociais do campo, principalmente do MST, vem contribuindo para que politicas publicas sejam criadas. 
A temática da questão agrária e o processo de organização dos trabalhadores rurais sem-terra, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e tem como objetivos problematizar a questão agrária brasileira, considerando o Neoliberalismo e suas consequências para os trabalhadores rurais;
Palavras chaves: Questão agrária, MST, politicas publicas. 
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como temática central a questão agraria no contexto brasileiro. São apresentados elementos acerca da importância das bases de formação do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) como uma organização social e política em torno da luta pelo direito a terra. 
O artigo discute, que embora a reforma agrária seja o objetivo central do movimento, o contexto político e econômico trouxeram a necessidade de criar ou expandir alianças políticas e organizações internas voltadas para outros núcleos e setores do movimento, centralizados na educação, cultura, e politização dos militantes. Entre os desafios da luta, são colocados em pauta a necessidade das melhorias nas condições vida dos trabalhadores e o desenvolvimento sustentável da terra. 
Neste sentido, desde a criação do movimento como núcleo organizado, o MST tem reafirmado sua agenda de luta política para o alcance da reforma agrária e um novo projeto de desenvolvimento para o campo no Brasil. O MST é um movimento que construiu não somente pela necessidade de sua formação como veículo de resistência e reivindicação, mas também como um processo de luta descrito na história do trabalhador rural em nosso país. 
HISTÓRICO 
Segundo Stedile (2005), um dos fundadores do MST, ao falarmos em questão agrária, podemos entendê-la em diversas formas. Na Literatura Politica, esta relacionada ao estudodos problemas que a concentração da propriedade de terra traz ao desenvolvimento das forças produtivas de uma determinada sociedade e a influencia do poder politico. Na Sociologia, explicam-se as formas de como se desenvolvem as relações sociais, na organização da produção agrícola. Na Geografia, fala-se de como a sociedade se apropria do maior bem oferecido pela natureza, a terra, e como se ocorre a ocupação do território. Na História, explica-se a evolução das lutas politicas e de classe para se obter domínio sobre a terra. A historia da questão agraria brasileira é muito recente. Somente a partir da década de 60, é que se tiveram debates a cerca do mesmo. Em 1964, se deu a Primeira Lei de Reforma Agrária no Brasil. No governo de João Goulart. Lei que regularia os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agraria e promoção da Politica Agrícola. 
Com o crescimento industrial na década de 1940 e o processo de urbanização que se intensificou no decorrer dos anos 60, fez com que a população rural se tornasse minoritária. Em 1964 com o desenvolvimento do capitalismo se dirige ao campo, e com isso segundo Almeida e Sánchez (1997, p. 77), “colocou em relevo o novo proletário agrícola — o “bóia-fria” — reforçando as posições, no seio da esquerda...” 
Três frentes de lutas de classe se destacaram no âmbito brasileiro da década de 60. A primeira era a luta de todo campesinato contra as varias modalidades da opressão e da espoliação imperialista. A segunda dizia respeito a luta do campesinato contra as sobrevivências do pré-capitalismo e contra os latifundiários. E por fim, a terceira forma era em relação a luta dos assalariados e semi assalariados rurais contra os patrões, grandes empresários de terra. Vale ressaltar que essas três frentes de lutas não estão separadas uma das outras, elas se relacionam entre si. Embora sejam muito diferentes entre si, elas são essenciais para o processo da revolução agraria no Brasil. [5: Expropriação]
Trabalhadores rurais sem terra sentiram a necessidade de uma maior organização para uma melhor conquista de terra e de seus direitos. Fundaram então o Movimento dos sem Terra – MST. 
No encontro nacional feito em 1984, com participação de lideres dos sem terra de diversos estados do país, discutiram e aprovaram os princípios do novo movimento. Tais princípios serviriam para por ordem no movimento e não acabar perdendo o foco de luta. Seus princípios eram: lutar pela reforma agrária já; queriam uma sociedade igualitária; manter a autonomia politica do movimento; a terra ficar nas mãos de quem trabalha. Eram considerados trabalhadores rurais sem terra: parceiros, posseiros, ocupantes, agregados, entre outros.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem – Terra (MST) trouxe nos anos 80 para o cenário da mídia a questão de reforma agrária que até então não era um tema discutido e visível para a população. Com isso, as suas ações de protestos, e a capacidade de desenvolver a luta pela reforma agrária ganham visibilidade na mídia, visando dessa forma à comunicação com a sociedade como um todo, criando assim, sua existência social. 
No ano de 1995, o Movimento dos trabalhadores sem Terra lançou a Proposta de Reforma Agraria. Sua luta era por um novo poder agrícola que contemplasse a pequena e media propriedade, os sem terra e assentados rurais. Os objetivos dessa reforma, segundo Stedille, eram:
[...] garantir trabalho para todos os trabalhadores rurais sem terra; produzir alimentação farta, barata e de qualidade para toda a população brasileira; garantir o bem estar social e a melhoria das condições de vida de forma igualitária para todos os brasileiros; buscar permanentemente a justiça social, a igualdade de direitos em todos os aspectos: econômico, politico, social, cultural e espiritual; difundir a pratica dos valores humanistas e socialistas nas relações entre as pessoas; contribuir para criar condições objetivas de participação igualitária da mulher na sociedade; preservar e recuperar recursos naturais; implementar a agroindústria e a indústria como o principal meio de se desenvolver o interior do país; e gerar emprego para todos os queiram trabalhar na terra. (2005)
Implementando todos esses objetivos, a sociedade por inteiro lucraria com o sucesso, pois todos precisam se conscientizar que a programa da reforma agraria não é só uma solução para os problemas do meio rural, mas também do meio urbano. De uma maneira mais simples: esse novo modelo de reforma agraria garante um ótimo desenvolvimento econômico, politico e cultural para a população do campo, consequentemente, quem mora na cidade se beneficia também, pelo simples fato de comprar os produtos do campo. 
A luta Campesina pela Reforma Agrária contribuiu para reforçar a impressão de que a questão agrária no Brasil deixara de ser politicamente relevante. A origem do MST está intrinsecamente ligada à emergênciado novo sindicalismo dos movimentos sociais urbanos, bem como a origem do Partido dos Trabalhadores (PT). Dentro desse contexto, Almeida e Sánchez (1997), elencam três importantes processos para se constatar essa afirmação:
Um deles foi à modernização capitalista de fortes traços conservadores que dominou a agricultura brasileira nas décadas de 60 e 70 e aguçou os conflitos agrários, principalmente nos estados de São Paulo e no Sul do país, onde surgiu o embrião do movimento. Em segundo lugar, merece destaque a ação pastoral dos cristãos ligados à Teologia da Libertação e sua convergência, na conjuntura brasileira, com o ideário de setores da esquerda marxista. (...) O terceiro processo remonta ao conjunto de experiências organizativas acumuladas pelos trabalhadores rurais nas décadas que precederam o golpe de 64 e que não foram, ou foram incorporadas (total ou parcialmente) pela organização sindical que emergiu depois. Embora tenham sido derrotadas pela ditadura militar, as experiências das Ligas Camponesas, da União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (Ultabss) são referências freqüentemente destacadas pelos próprios dirigentes do MST.(1997)
De acordo com o MST “a luta pela reforma agrária e pelo sonho da justiça social vai além da conquista da terra. A luta dos Sem Terra é por um projeto popular para o Brasil, baseado na dignidade, soberania e solidariedade entre todos e todas” (MST, 2005). Assim o MST busca associar uma luta politica de mudança da própria gestão do país – por um projeto popular para o Brasil. 
Diante do exposto, o MST criou sua estratégia de luta, a ocupação de terras sendo esta a sua principal característica. Vale ressaltar que o MST recorre a uma variedade de formas de lutas. Desde a ocupação de órgãos públicos, fazendo greves de fome, passeatas nas grandes e pequenas cidades, marchando ao longo das rodovias em “caminhadas”, propõem jornadas nacionais a outras forças políticas (Navarro, 1997; Stédile, 1997). 
De acordo com documento produzido pelo MST, a sua primeira coordenação reuniu representantes de cinco Estados da região do Centro – Sul do país bem como Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR), São Paulo (SP) e Mato Grosso do Sul (MS). Esta coordenação foi criada em janeiro do ano de 1983. Porém, o MST foi fundado oficialmente em 1984 num encontro nacional em Cascavel, estado do Paraná, contando com o apoio da ala progressista da igreja, a Comissão Pastoral da Terra – CPT, que ajudou a articular as lideranças dos diversos movimentos. 
O MST é formado por trabalhadores e trabalhadoras rurais em sua maioria arruinados, mas também há trabalhadores(as) sem perspectivas, e também por servidores desiludidos. Como o MST luta por Reforma Agrária, ou seja, por um pedaço de terra que lhe dê o sustento, é natural que nos próprios assentamentos exista cooperativas para a produção, delas ligada a Confederação das Reforma Agrária do Brasil (Croncrab), (VEJA, 1491 p. 35). 
A proposta de cooperação formada pelo MST, regida pelo Sistema Cooperativista dos Assentados (SCA) possui dois caráter: o econômico e o político que o diferencia das cooperativas tradicionais. Como caráter econômico, ele deve ser gerido com eficiência para permitir o sustento dos assentados, sem criar obstáculos para o trabalho politico. Como caráter politico, se dá a atuação na organização política dos assentamentos, na conscientização e politização da base, e assim na mobilização social bem como na articulação das lutas econômicas e políticas e também na contribuição para o Setor da Frente de Massas. 
O MST contribuiu muito para esclarecer a população sobre a questão de Reforma Agraria no Brasil, pois através da sua luta e suas ações possibilitou que a população se engajasse na luta, defendendo assim também a sua bandeira, entendendo a importância desse movimento, a ideologia desse grupo e compreendendo suas ações. Isso é muito significante uma vez, que os governos adotam politicas de confrontos direto com esses trabalhadores, para conter suas ações. 
O MST E A SUA RELAÇÃO COM OS DIVERSOS SETORES DA SOCIEDADE 
O governo brasileiro considera o MST um grupo que atua de forma política. Mas elas ilustram também a tática do governo de desqualificar constantemente esse movimento e dificultar as negociações. 
Deve-se prestar especial atenção aos grupos que estabelecem uma novidade no cenário político nacional. Pode-se dizer que o MST constitui um ator político novo, mesmo que nenhuma de suas ações ou características organizativas seja original. A novidade está na articulação, feita a partir de táticas e elementos já conhecidos, e na habilidade política que o movimento tem demonstrado, ao fazer aliados em vários segmentos da sociedade civil. Trata-se de uma forma diferente de reivindicação social, ou, se preferirmos, de uma nova forma de atuação política. 
A partir de uma ampla pesquisa em material jornalístico, verifica-se que o MST conquistou um espaço político importante no quadro público atual, e, contrariando toda uma suposta tradição de passividade e anomia do povo brasileiro, consegue se organizar, ter força política e desafiar os poderes constituídos. Uma análise detalhada do relacionamento entre o MST e o governo, revelou que o movimento cresceu e se expandiu durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, e não pode mais ser ignorado.
 
 O MST e a luta pela terra 
O MST surgiu da reunião de vários movimentos populares de luta pela terra, os quais promoveram ocupações de terra em várias partes do mundo. 
Naturalmente, o MST não é o primeiro movimento de luta pela terra. Na história do Brasil há vários relatos de revoltas camponesas. Todos os movimentos anteriores, contudo, permaneceram limitados à região em que surgiram. 
Uma característica importante que destaca o MST de todos os movimentos anteriores de luta pela terra: trata-se do primeiro movimento que identifica como seu principal adversário o governo federal, e não os grandes proprietários de terras. Faz-se necessário lembrar, também, que o MST não é o único movimento de luta pela reforma agrária. Existem atualmente dezenas de outros movimentos, inspirados no MST ou dissidências dele. 
 O MST e o governo 
Faz-se necessário ressaltar que, entre essas duas datas, dois acontecimentos importantes obrigaram o governo a dedicar maior atenção ao MST: o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, e a Marcha a Brasília, realizada de fevereiro a abril de 1997. Com efeito, apesar de ter incluído a reforma agrária no plano de governo anunciado durante a campanha eleitoral (O Globo, 06/07/97), de ter afirmado que "a base da política fundiária do meu governo é a reforma agrária" (Folha de S.Paulo, 24/03/95), e de ter anunciado a intenção de dialogar com o MST em audiência, em 27 de julho de 1995, o Presidente da República não percebeu imediatamente a gravidade do massacre de Eldorado dos Carajás, em que 19 militantes do MST foram mortos pela polícia militar do Pará. 
A postura do governo diante do MST mudou após o massacre de Eldorado dos Carajás. Fernando Henrique Cardoso percebeu a necessidade de coordenar melhor as ações para poder enfrentar o movimento. Essa mudança foi percebida pelos meios de comunicação: "O governo resolveu adotar uma linha mais dura para enfrentar o MST. O objetivo é impedir não apenas as invasões de sedes do Incra, como o MST vem fazendo nas grandes cidades, mas também a ocupação de fazendas, ação preferencial dos sem-terra. A proposta aprovada na reunião foi coordenar a repressão ao MST no Gabinete Militar da Presidência, em vez de deixar a tarefa para os governadores de Estado. Toda vez que se verificar que as polícias militares não estão dando conta dos conflitos, tropas do Exército serão chamadas." 
Outra linha de conduta adotada pelo governo, para enfrentar a pressão exercida pelo MST, é tentar descaracterizá-lo como movimento social, para enquadrá-lo como um movimento criminoso, que realiza um conjunto de ações fora da lei. Como mostram esses exemplos, as principais estratégiasdo governo para combater o MST não enfrentam diretamente o movimento, mas buscam atingir a sua imagem e popularidade junto à opinião pública. 
Os encontros entre o Presidente da República e representantes do MST também são importantes, pois é a partir deles que tanto o governo quanto o movimento se reconhecem mutuamente como interlocutores políticos. A partir do momento em que estabelecem um diálogo, por mais truncado que seja eles se reconhecem como adversários, mesmo em campos opostos, e não como inimigos. Com efeito, para ambos seria um erro estratégico pretender eliminar o outro, pois o MST precisa do governo, da mesma forma que o governo não pode ignorar o MST. Os dirigentes do movimento têm plena consciência de que precisam da mediação do governo para atingir os seus objetivos. Apenas o governo pode desapropriar terras, conceder indenizações, garantir crédito aos assentados, estabelecer uma política agrária e executá-la. Em outras palavras, o governo é o único ator que pode conciliar os interesses em jogo e impedir que o conflito entre os proprietários de terra e os sem-terra se radicalize
Uma análise dos enfrentamentos entre o MST e o governo mostra que a luta pela reforma agrária dá origem a duas formas de pressão sobre o governo. A primeira forma é aquela exercida por sem-terra acampados e só se desfaz quando o assentamento é conquistado. Surge então o segundo tipo de pressão, aquele exercido pelos assentados para ter acesso aos créditos de reforma agrária, e viabilizar a produção até que o assentamento adquira autonomia suficiente para ser emancipado. 
ESTRATÉGIAS DE LUTA 
O movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido como MST, é fruto da articulação das lutas pela terra, que foram retomadas a partir do final da década de 70, especialmente na região Centro-Sul do país e, aos poucos, expandiu-se pelo Brasil inteiro. O MST tem como bandeira de luta a Reforma Agrária e a construção de uma sociedade mais justa e emancipada. 
O MST tem como principais estratégias de luta a questão da ocupação dos latifúndios improdutivos como a principal forma de luta pela terra, e a mobilização em massa dos sem-terra. O MST tem na luta pela terra seu eixo central e característico, mas as suas ações tem como eixo questões relacionadas à produção, à educação, à saúde, à cultura, aos direitos humanos e a uma vida mais digna no campo. 
Através de suas ações o MST reconhece que para que a reforma Agrária aconteça de fato para isso é importante que a sociedade possa reconhecer que para isso é importante a luta não apenas dos trabalhadores e das trabalhadoras da terra,mais da sociedade como um todo. 
O MST se configura como um movimento que possui em suas ações políticas a ocupação de terra e a ação de praticas educativas voltadas para a formação dos militantes para que estes possam atuar da melhor maneira em prol da reforma agrária e de seus direitos. 
As ocupações de terra e prédios públicos são atos políticos que intencionam pressionar o Poder Público a agir, isto é, realizar, em sentido estrito, a reforma agrária, bem como garantir subsídios agrícolas. O trabalho do MST consiste na luta pelo acesso e permanência na terra.A reforma agrária é essencial para diminuição das desigualdades sociais e as ocupações de terra e as ocupações coletivas são os atos políticos que dão visibilidade ao Movimento, sendo forte e contundente instrumento de pressão para consecução dos objetivos do Movimento. O MST luta pela terra e pela reforma agrária, mas também por outras questões inerentes à pessoa humana, como soberania alimentar, moradia, trabalho, enfim, cidadania e dignidade. Assim, a luta é realmente de todos. Internamente, tanto é dos trabalhadores(as) rurais, dos indígenas e dos quilombolas, como também é dos trabalhadores(as) urbanos(as), e extremamente englobado os diversos movimentos sociais que lutam contra a hegemonia da submissão e dominação, que lutam por melhores condições de vida e de cidadania.
Entre suas estratégias inclui-se também a formulação de propostas de políticas sociais e participação nas políticas públicas. Os movimentos sociais rurais têm utilizado especialmente das marchas de seus participantes à Brasília como estratégia deste nível organizativo, além de manifestações e protestos em várias regiões do país. 
Como se dá a direção e forma de organização do MST 
A direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), que foi fundado no início da década de 1980, esta alicerçado em três intuitos, sendo eles: lutar pela terra, pela Reforma Agrária e por uma sociedade mais justa e fraterna. É válido salientar que, esse movimento social não defende esses princípios apenas para a população camponesa, pois acredita-se que esses objetivos só podem ser alcançados por meio da união da classe trabalhadora em todas as instâncias, abarcando assim as expressões da questão social como: desigualdade social e de renda, a discriminação de etnia e gênero, a concentração da comunicação, a exploração do trabalhador urbano, etc. Então defende-se que juntos temos mais força para lutar contra a ofensiva do capitalismo, que tem a exploração do homem pelo homem, como meio de sobrevivência. Com isso, o MST, passou a preocupar-se com a educação política dos seu integrantes bem como de seus filhos. Pois, as escolas regulares não tinham uma leitura crítica da realidade social vigente no país combatido pelo movimento, tendo uma forte tendência a criminalizar o MST. 
Sendo assim, entendeu-se que só a partir da educação com a condição de formar aliados por meio de uma discussão político social, instauradas nos diversos níveis de ensino, seja ele básico eu superior que discuta claramente a questão agrária, é que a real condição de opressão da classe trabalhadora pode ser modificada e com isso, fortalecer os movimentos sociais de modo geral. (site oficial do MST, NOSSOS OBJETIVOS, publicado em 2003). 
É válido salientar que o Movimento do Sem Terra (MST), detém uma dimensão nacional, pois está presente em 24 estados nas quatro regiões do país, onde cerca de 350 mil famílias, conquistaram a terra através da luta e organização dos trabalhadores rurais. Cujo, as famílias assentadas e acampadas, organizam-se em uma estrutura participativa e democrática onde existem os núcleos que discutem a produção, a escola, as necessidades de cada área. Destes núcleos, saem os coordenadores e coordenadoras do assentamento ou do acampamento. A mesma estrutura se repete em nível regional, estadual e nacional. Um aspecto importante é que as instâncias de decisão são orientadas para garantir a participação das mulheres, sempre com dois coordenadores, um homem e uma mulher. E nas assembléias de acampamentos e assentamentos, todos têm direito a voto: adultos, jovens, homens e mulheres. 
O maior espaço de decisões do MST é o Congresso que ocorre a cada 5 anos. É nesse espaço que são definidas as linhas políticas do Movimento para o próximo período e avaliado o período seguinte. Estas definições são abreviadas nas palavras de ordem de cada Congresso e que se ampliam para o período seguinte. Lembrando que, a cada dois anos, o MST realiza seu encontro nacional, onde são avaliadas e atualizadas as definições deliberadas no mesmo. Além dos Congressos, Encontros e Coordenações, as famílias também se organizam por setores para encaminharem tarefas peculiares. Setores como Produção, Saúde, Gênero, Comunicação, Educação, Juventude, Finanças, Direitos Humanos, Relações Internacionais, entre outros, são organizados desde o nível local até nacionalmente, de acordo com a necessidade e a demanda de cada assentamento, acampamento ou estado. (site oficial do MST). 
PROJETO SOCIETÁRIO DO MST 
A crise econômica do final da década de 1970, fez com o capitalismo buscasse novas formas de sustentabilidade danasse início a um processo de reformas estruturais tanto no campo econômico, da educação, social entre tantos outros, para que assim de alguma maneira pudesse sair da crise profunda que afetou principalmente os países de economia central, mas queafetou grande parte do mundo inclusive o Brasil. 
Como sempre acontecem os detentores dos meios de produção sempre buscam refugio nas correntes ideológicas que de alguma forma dão legitimidade e que oferecem as condições sociais para salvaguardar sua posição social de classe hegemônica. Nesse período a corrente teórica que preenchiam a esses pré-requisitos ela o Neoliberalismo. 
O Neoliberalismo faz a defesa de um Estado mundo mínimo principalmente quando se trata em suprir as necessidades sociais da população, deixando essa responsabilidade para as organizações da sociedade civil (GURDEL, 2010. p. 7). 
Devido ao desenvolvimento da industrialização tardio, é que só nesse período que efetivamente que começam a se organizar no Brasil uma nova fase do modo de produção capitalista. 
Essas transformações afetam não somente aos grandes centros urbanos mas se propagam – ainda que num primeiro momento com menor foça devido inclusive uma peculiaridade do desenvolvimento econômico-social-político se dar de forma centralizada e desigual – também para o campo, afetando o modo de vida dessas populações já “acostumadas” a serem esquecidas. Estavam colocados agora para esses trabalhadores questões como a construção de Hidroeletricas, o plantio de enormes extensões de monoculturas, o agronegócio, a modernização rural, o processo de redemocratização do Brasil e etc. (SIMIONATTO; AZEVEDO; MENDES, 2012. P. 2).
A opção político-econômica do Estado brasileiro na manutenção dos grandes latifundiários e em priorizar ao agronegócio em detrimento do pequeno agricultor e agricultura familiar fez com que dos anos 1970 até os dias de hoje houvesse uma ponderável movimentação das pessoas do campo para as cidades. 
Em meio a todas essas transformações Fez surgi à necessidade dos trabalhadores rurais se unirem em prol de reivindicarem melhores condições de vida e permanência no campo. 
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), surgi nesse contexto, ele representada a capacidade dos trabalhadores de se unir, e, reivindicar transformações sociais em uma estrutura fundiária há muito tempo consolidada no país, pois é o mesmo modelo de estrutura implementado aqui durante a colonização. Modelo esse responsável em grande parte pela desigualdade social. 
O MST aglutina em torno de se várias categorias de trabalhadores desde pequenos proprietários de terra, posseiros expulsos, boias-frias, meeiros, atendidos por barragens, reassentados, trabalhadores dos centros urbanos expulsos de suas terras entre outros, estando em presente em 24 estados, atingindo quase todo o território brasileiro. 
O MST é hoje um dos principais movimentos sociais rural, sendo um dos que concentra a maior quantidade de trabalhadores na América Latina, tendo grande relevância na organização políticas desses trabalhadores. 
Fundamentalmente o MST gira suas ações em torno de três grandes pautas reivindicatórias: a primeira delas é a luta pelo acesso a terra, segunda seria a defesa que finalmente no Brasil seja realizada a reforma agraria e por último tem a luta para que sejam feitas alterações sociais no país (SIMIONATTO; AZEVEDO; MENDES, 2012. p. 2). 
Cabe ressaltar que estando o MST inserido na dinâmica societária e atento as transformações das relações sociais vem pontuando outras questões além das que já foram citadas acima. 
No V Congresso Nacional do MST realizada em 2007 em Brasília, é reafirmado o papel do MST na defesa dos direitos do povo e contra as desigualdades e injustiças sociais por quem historicamente a ampla maioria da população vem passando. Sendo assim, é colocada a importância de se articular com outros setores organizados da sociedade como uma maneira de construir o projeto popular; se unir na defesa dos direitos já alcançados, lutar contra as privatizações do patrimônio publico; acabar com os latifúndios principalmente aqueles dobre a posse de estrangeiros ou bancos; fazer a defesa 
de nossas matas nativas que são destruídas para expansão dos latifúndios; combater as transnacionais que controlam a produção de semente, a produção e o comercio da produção agrícola; pelo fim do trabalho escravo no campo punindo-se seus responsáveis; lutar contra a violência no campo bem como a criminalização dos movimentos sociais, demarca-se o limite máximo do tamanho da terra; defesa do meio ambiente; que o controle da produção dos biocombustíveis estejam nas mãos dos camponeses; lutar pelo acesso da classe trabalhadora a educação gratuita e de qualidade; para que cada comunidade tenha seus próprios meios de comunicação; Fortalecer os movimentos sociais camponesas na Via Campesina Brasil e por fim contribuir para a integração dos povos da América Latina através da defesa ALBA – Alternativa Bolivariana dos Povos das Américas (CARTA DO 5º CONGRESSO NACIONAL DO MST, 2009). 
Além dessas o MST puxa lutas que não estão ligadas diretamente ao campo tais como: cultura, combate a violência sexista, democratização da comunicação, saúde pública, desenvolvimento econômico para melhoria de toda a população, defesa da diversidade ética, ampla participação população nas esferas de decisão política e a defesa da soberania nacional e popular (SITE DO MST, 2013). Mas sem perder de vista o que é central na organização do movimento que é a construção de um novo projeto de sociedade pautado no socialismo. (SIMIONATTO; AZEVEDO; MENDES, 2012. p. 3). 
O MST dá o exemplo de que somos capazes de nos organizar e enfrentar o grande capital. No processo da luta de classes o MST se torna um importante espaço de disputa ideológica. O movimento sempre tá buscando formas de dar visibilidade as suas reivindicações para isso são traçadas as mais variadas táticas, optando em geral por ações diretas como ocupações de terras e prédios públicos, acampamentos, marchas e passeatas, interdições de estradas e vias, pressão política do governo e etc. 
A partir de 2002 quando Lula é eleito como novo presidente da república, profundas transformações ocorrem dentro da organização da classe trabalhadora, inclusive dentro do próprio MST. A eleição de Lula representava para os movimentos sociais a esperança de terem suas reivindicações atendidas. Ainda que o PT tenha que fazer várias alianças políticas e acordo com a burguesia para se eleger, não podemos desconsiderar que essa eleição só foi possível também devido a aceitação dos movimentos sociais e devi ao acumulo político que esses já vinham construindo a várias décadas. 
O Governo Lula representou um desafio para a manutenção da força reivindicatória dos movimentos sociais, pois muitas lideranças dos movimentos passaram a fazer parte da cúpula do governo. Mas mesmo diante dos desafios apresentados pela nova conjuntura social 
O MST segue em frente com ações d luta e resistência contra o poder que nos oprime, buscando sempre formas de organizar, mobilizar e conscientizar o povo.
CONCLUSÃO 
Compreendemos que o MST se constitui como um movimento social em favor de iniciativas de desapropriação e reforma agraria de modo a prover a distribuição igualitária das terras. Nesse contexto percebemos o quanto o mesmo com todos os limites encontrados tem atuado com ações e medidas consistentes com a finalidade de satisfazer as demandas coletivas de modo a alcançar a justiça social. 
Esse estudo também nos possibilitou um maior realismo ao lidar com a questão agraria e possíveis políticas de enfrentamento da mesma, no sentido de verificar que existem muitos desafios para a sua concretização, em virtude de uma extrema concentração de terras e de um Estado neoliberal que não é capaz de prover os direitos sociais mantendo-se a ordem capitalista. A política econômica e social realizada pelos atuais governos não tem contribuído de forma totalizante, a questão agraria se agudiza e ganha imensas proporções com a consolidação do agronegócio a nível nacional. 
Portanto, reafirmamos que os graves problemas manifestados nas expressões da questão agraria em nosso País só podem ser efetivamente enfrentados no processo de organização, mobilização e luta dosmovimentos sociais como o MST em prol de conquistas democráticas e sociais tendo como horizonte a construção de uma nova ordem societária.
REFERENCIAS 
Cartilha do MST: Lutas e conquistas, Secretaria Nacional do MST - Movimento dos 
GURGEL, Telma. Feminismo e Luta de Classe: história, movimento e desafios teórico-políticos do feminismo na contemporaneidade. In: Fazendo o Gênero 9. 23 a 26 de agosto de 2010. 
http://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptBR&q=projeto+societario+do+MST&btnG=&lr=http://www4.pucsp.br/neils/downloads/v5_artigo_lucio_felix.pdf 
Disponivel em: http://www.mst.org.br/ Acessado em O9 de março de 2013. 
SIMIONATTO, Ivete; AZEVEDO, de Daviane; MENDES Kaliandra.O MST na Conjuntura do Governo Lula e as Tenções na Disputa por um Novo Projeto Societário. In: XX Seminario Latino Americano de Escuela Trabajo Social. 2012. Disponível em: http://200.16.30.67/~valeria/xxseminario/datos/1/1br_simionatto_stamp.pdf 
STEDILE, João Pedro; A questão agrária no Brasil 1 – O debate tradicional: 1500 - 1960; Expressão Popular, 2ª ed. São Paulo – 2011. 
STEDILE, João Pedro; A questão agrária no Brasil 3 –Programas de reforma agrária: 1946 - 2003; Expressão Popular, 1ª ed. São Paulo – 2005. 
Trabalhadores Rurais Sem Terra,janeiro de 2010, 2a edição São Paulo -SP

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes