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RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO 06 *INDICADORES DA VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE* ENGENHARIA CIVIL – DEPEC GESTÃO SANITÁRIA DE AMBIENTE PROFESSORA: ALINE MONTEIRO ALUNO: DANILLO SALIM JACURÚ 1. Faça um “artigo” que contenha a seguinte estrutura: a. Introdução: i. Objetivo: Conhecer e propor os indicadores para a vigilância ambiental em saúde – fatores biológicos: vetores: mosquito da dengue ii. Justificativa: Por que é importante o uso de indicadores para a doença dengue? Por que é importante para a vigilância ambiental em saúde o uso de indicadores? b. Desenvolvimento: i. Conceitos de indicadores, com base na literatura fornecida pela professora. ii. Critérios de escolha de indicadores, com base na literatura fornecida pela professora. iii. Histórico relacionado aos indicadores, com base na literatura fornecida pela professora. iv. Apresentação e descrição da metodologia utilizada para a aplicação dos indicadores, com base na literatura fornecida pela professora. v. Proposição de indicadores para a vigilância ambiental em saúde – fatores biológicos: vetores: mosquito da dengue, com base na literatura fornecida pela professora (mais especificamente o material “Manual de Procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano – capítulo 6. Indicadores e sistemas ... consumo humano”. c. Conclusão i. Revisão “rápida” de tudo que foi tratado. ii. Expectativa futura do uso de indicadores para a dengue e para outras doenças. 1. INTRODUÇÃO Na década de 1990, a Organização Mundial da Saúde – OMS e a Organização Pan- Americana da Saúde – Opas começaram a elaborar metodologias para definir indicadores de saúde ambiental. Os indicadores já existentes eram aplicáveis ao meio ambiente, porém não aos aspectos de saúde, pois careciam da exposição a fatores ambientais e seus impactos sobre a saúde. Conjuntamente, em saúde ambiental, definiam-se os problemas ambientais principalmente como causa e efeito, com o interesse específico de reduzir ou eliminar a exposição, e controlar os efeitos na saúde. As “causas das causas” nem sempre eram bem abordadas por não serem consideradas como parte integrante da saúde ambiental. Em congressos internacionais desenvolveu-se o marco teórico ampliando o âmbito da saúde ambiental e conduzindo à intersetorialidade. 1.1. OBJETIVO A dengue é uma arbovirose que vem preocupando as autoridades sanitárias de todo o mundo em virtude de sua circulação nos cinco continentes e do grande potencial para o desenvolvimento de formas graves e letais de doença. Bilhões de pessoas encontram-se em risco de infecção, particularmente em países tropicais, onde a umidade e a temperatura favorecem a proliferação do mosquito vetor, Aedes aegypti. Os indicadores para a vigilância ambiental em saúde para a dengue podem ser: a) Indicadores Socioeconômicos: instrução, renda, índice de pobreza, moradia, demografia (sexo, idade, densidade, situação civil etc.); b) Indicadores Cobertura de Serviços – instalação sanitária de água e esgoto, coleta de lixo; c) Indicadores Ambientais e Operacionais – índice de infestação e criadouros do vetor; d) Indicadores Meteorológicos – índice pluviométrico, umidade relativa e temperatura; e) Indicadores Temporais – ano, mês e estações climáticas. 1.2. JUSTIFICATIVA Um dos grandes desafios para a Saúde Ambiental é estruturar sistemas de monitoramento e vigilância que permitam antecipar e, se possível, prevenir e monitorar as consequências das mudanças ambientais para a saúde humana, o que requer a sistemática coleta e análise de dados que permitam construir indicadores que apontem esta inter-relação. Os indicadores expressam a conexão entre a saúde e o ambiente e de forma a facilitar a interpretação dos problemas para uma tomada de decisão efetiva. Desta forma, eles podem contribuem para aprimorar o gerenciamento e a implementação de políticas, pois é definido a partir de dados e estatísticas e, logo após, transformados em informação. Os indicadores servem para orientar, elaborar evidências para o diagnóstico e instrumentalizar o sistema de informação de vigilância ambiental. A determinação de indicadores para a doença dengue pode ser utilizada como parâmetro de avaliação da efetividade das atividades de controle desenvolvidas, por isso a importância em desenvolver esses indicadores. 3. CONCEITUAÇÃO Indicadores são parâmetros que permitem, quantitativa ou qualitativamente, ter ideia de uma dada situação ambiental ou de saúde. Os indicadores são a expressão do modelo explicativo dos problemas de saúde e/ou ambientais. Neste sentido, procura-se desenvolver a complexidade dos problemas de saúde ambiental e hierarquização dos elementos dos sistemas que os contêm. Essa proposta foi incorporada pela FUNASA, órgão responsável pela estruturação e desenvolvimento do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde em nosso País (Maciel et. al. 1999 e FUNASA, 2000). A OMS propõe uma classificação dos indicadores segundo sua inserção na estrutura do sistema. Desta forma eles podem ser indicadores de força motriz, pressão, situação, exposição, efeito e ações. O modelo proposto pela OMS ajuda a organizar a vigilância dos problemas de saúde ambiental. É importante ter em conta que a identificação dos problemas passa por uma série de considerações. Esse modelo deverá ocorrer em todas as instâncias, da local à nacional, de forma articulada, considerando a autonomia de cada instância e entendendo o processo de estruturação do sistema de informação como trabalho cooperativo. A constituição de um sistema capaz de gerar todas as informações necessárias não pode prescindir não só da participação de uma equipe multidisciplinar como também da articulação com diversas instâncias governamentais e organizações da sociedade civil, além da tradicional rede de informações da vigilância epidemiológica (rede de serviços de saúde via notificação, sistema de informação sobre mortalidade, busca ativa e investigação de casos pela rede de atenção primária, etc.). Em cada uma das instâncias, local, municipal, ou nacional, a participação dos mais amplos setores é indispensável (saúde, educação, meio ambiente, indústria e comércio etc.). Figura 1 - Esquema conceitual para o desenvolvimento de indicadores de saúde e ambiente (EPSEEA Conrvalan et AL, 1996). (Fonte:FUNASA) 4. CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE INDICADORES Segundo a OMS, os indicadores para o estabelecimento de políticas e a tomada de decisão em saúde ambiental devem ser: 1) De aplicabilidade geral: a) diretamente relacionados a uma questão específica de interesse da saúde ambiental; b) baseados em uma associação conhecida entre ambiente e saúde; c) relacionados a condições ambientais e/ou de saúde que são passíveis de controle; d) sensíveis a mudanças nas condições de interesse. 2) Cientificamente sólidos: a) imparciais e representativos das condições de interesse; b) cientificamente confiáveis para que sua confiabilidade ou validade não sejam postas em dúvida; c) baseados em dados de qualidade conhecida e aceitável; d) resistentes e não vulneráveis a pequenas mudanças na metodologia / escala usada para sua construção; e) consistentes e comparáveis, independentemente de tempo e espaço. 3) Aplicáveis pelos usuários: a) baseados em dados que estejam disponíveis a um custo-benefício aceitável; b) facilmente compreensíveis e aplicáveis por usuários potenciais; c) aceitáveis pelos interessados; d) disponíveis logo após o evento ou período ao qual está relacionado(para não atrasar as decisões políticas). 5. HISTÓRICO Para a definição dos indicadores de vigilância ambiental optou-se por aplicar o modelo proposto pela OMS no desenvolvimento de indicadores de saúde ambiental, apresentado no documento “Indicadores para estabelecimentos de políticas e a tomada de decisão em saúde ambiental”. A metodologia utilizada é proposta pela OMS, que adaptou a terminologia para a análise de causa e efeito das relações entre saúde e ambiente. Esse modelo analisa seis diferentes níveis de causalidade, efeitos e ações. Esta estrutura baseia-se no entendimento cientifico de causas, efeitos e fatores de risco. A discussão sobre indicadores para a vigilância ambiental tem ocorrido em diferentes fóruns e momentos pelo mundo, contando com a participação de profissionais de diversas instituições públicas e ONGs. Inicialmente ela se deu no âmbito da Fundação Nacional de Saúde, envolvendo desde o início a Organização Pan-Americana da Saúde /Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). A partir daí, ampliou-se o debate envolvendo os outros setores, promovendo Oficinas de Trabalho para discussão de propostas de indicadores de vigilância ambiental, apresentando a metodologia a ser empregada e iniciando a definição dos indicadores. As Oficinas ocorreram no Rio de Janeiro, em agosto/98, durante o IV Congresso Brasileiro de Epidemiologia – EPIRIO – 98; no Espírito Santo, em agosto/98, no Encontro de Zoonoses; em Brasília, em abril/1999, na Oficina de Trabalho sobre a Proposta de Estruturação da Qualidade da Água de Consumo Humano no Nível Federal e apoio a Estruturação nos Estados e Municípios; e no Rio de Janeiro, em maio/99, no XX Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária – ABES/992. 6. METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO DOS INDICADORES A utilização do modelo proposto pela OMS é por necessidade de escolha de uma metodologia, e porque esta pode ser aplicada em diferentes níveis (desde o nacional até o local), estabelecendo muitas conexões causais e demonstrando a complexidade na relação causa-efeito. Também permite observar as várias interações que ocorrem em diferentes níveis e em componentes diversos. A tabela 1 mostra a relação dos múltiplos vínculos entre situações de exposição do homem e condições de doença e saúde que elas podem causar. O modelo proposto é uma adaptação da estrutura de Pressão-Situação-Resposta desenvolvida pela Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento - OECD, a qual se baseou num trabalho realizado pelo Governo do Canadá. A estrutura de causa-efeito (Forças Motriz, Pressão, Situação, Exposição, Efeito, Ações) é o modelo através do qual as forças motrizes geram pressões que modificam a situação do ambiente e, em última análise, a saúde humana, por meio das diversas formas de exposição, onde as pessoas entram em contato com o meio ambiente, causando os efeitos na saúde. Várias ações podem ser desenvolvidas em diferentes pontos da cadeia, assumindo diversas formas. Tabela 1 – Relação potencial entre situações de exposição e as condições de saúde. (Fonte: OMS, 1995) Figura 2 – Cadeia Desenvolvimento-Meio Ambiente-Saúde. (Fonte: OMS, 1995) 7. PROPOSIÇÃO DE INDICADORES PARA A VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE – FATORES BIOLÓGICOS: VETOR MOSQUITO DA DENGUE As informações necessárias para a adequada orientação das atividades de vigilância para fatores biológicos, no caso, do vetor mosquitos da dengue, devem ser construídas com base em um esforço interdisciplinar que conjugue, no mínimo, as áreas de saúde, saneamento e meio ambiente. Nesse sentido, as informações serão analisadas sistematicamente por indicadores e com a utilização de sistemas de informação que possibilitem a caracterização comum ou separada dos perfis de saúde, saneamento e meio ambiente. Para tal, é recomendada a utilização de indicadores epidemiológicos que são aqueles que caracterizam o perfil de morbilidade e mortalidade da população, possibilitando a avaliação de suas condições de saúde. A morbidade pode ser definida como a estimativa quantitativa da frequência de agravos, incluindo as medidas de incidência e de prevalência. A mortalidade, por sua vez, avalia o risco de morte a que está sujeita uma determinada população. Para a construção dos indicadores epidemiológicos, trabalha-se com o número de casos (morbidade) ou o número de óbitos (mortalidade) ocorridos em um determinado período na população objeto de estudo. Adicionalmente, são necessárias informações relativas aos aspectos demográficos (tamanho, constituição etária da população), que podem ser com base nas pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), como por exemplo o Censo Demográfico. Para algumas situações existem sistemas de informação que podem ser utilizados para a obtenção de dados necessários para a construção de indicadores epidemiológicos em nível local, tais como: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), Sistema de Informações de Atenção Básica (Siab). Em outros casos, a obtenção de dados é feita com base em investigações epidemiológicas com base em inquéritos (levantamento de dados com base em uma amostra da população) e estudos de demanda ambulatorial ou laboratorial (levantamento de dados existentes nos registros dos serviços). Como já citado antes, é reiterado os principais indicadores para vigilância ambiental em saúde para a dengue: a) Indicadores Socioeconômicos: instrução, renda, índice de pobreza, moradia, demografia (sexo, idade, densidade, situação civil etc.); b) Indicadores Cobertura de Serviços – instalação sanitária de água e esgoto, coleta de lixo; c) Indicadores Ambientais e Operacionais – índice de infestação e criadouros do vetor; d) Indicadores Meteorológicos – índice pluviométrico, umidade relativa e temperatura; e) Indicadores Temporais – ano, mês e estações climáticas. Além desses indicadores propostos anteriormente, é importante destacar os indicadores ambientais, pois constituem um amplo grupo que facilita a caracterização do estado do ambiente e a identificação de fatores de risco associados ao fornecimento e ao consumo de água, logo também á doença. Podem-se citar: a) O uso e a ocupação do solo na bacia de captação de água; b) A existência de focos pontuais ou difusos de contaminação; c) Atividades agropecuárias; d) Atividades de garimpo; e) Vetores de crescimento urbano; f) A contaminação do solo na bacia de captação de água; g) A qualidade da água dos mananciais de abastecimento; h) As condições de moradia e do peri-domicílio; i) A qualidade da água dos mananciais de abastecimento. Os indicadores ambientais citados têm como objetivo principal a caracterização dos mananciais de abastecimento, entendendo que a qualidade da água de consumo humano depende diretamente da qualidade da água do manancial utilizado para captação e do tipo de tratamento empregado. Os dados e as informações relacionados à construção desses indicadores podem ser obtidos em relatórios emitidos pelo responsável pelo controle da qualidade da água de sistemas ou por investigações conduzidas pelos responsáveis pela vigilância da qualidade da água para consumo humano. É importante também que se estabeleçam parcerias entre o setor saúde e os órgãos ambientais e de gestão de recursos hídricos. Dentre os indicadores ambientaisenquadram-se os indicadores sanitários, os quais estão relacionados à cobertura e à qualidade dos serviços de saneamento básico: abastecimento de água, coleta de esgotos, coleta de lixo e drenagem de águas pluviais. O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da água para consumo humano (Sisagua) fornece informações sobre o fornecimento e a qualidade da água para consumo humano proveniente dos sistemas, das soluções alternativas coletivas e individuais de abastecimento. Tabela 2 – Indicadores utilizados no SISAGUA. (FONTE: Ministério da Saúde) 8. CONCLUSÃO A melhor forma de resolver os problemas é analisa-los de forma sistêmica e integrada, de maneira e deixa-los menos complexos. Integrar as questões de saúde e ambiente através de indicadores que, quando analisados juntos, ilumina o caminho para respostas totais ou parciais. As informações geradas por esses indicadores dão enorme suporte para o monitoramento da vigilância ambiental em saúde, pois as ações na área de vigilância ambiental, na saúde, requerem uma compreensão ampla das questões ambiental e epidemiológica. Nos anos 80 e 90, a grande diminuição da mortalidade infantil, com ênfase nas mortes causadas pelas gastroenterites, deveu-se principalmente ao aumento da cobertura de saneamento básico, e neste, acesso à água tratada de boa qualidade (e, portanto, fatores externos ao setor saúde). Este texto apresenta o histórico, a descrição da metodologia, os conceitos e propõe o desenvolvimento dos indicadores de vigilância ambiental, e mais especificamente para fatores biológicos de vetor mosquito da dengue, além de destacar a importância. Há disponíveis muitos dados sobre doenças, doentes, sequelas, incapacidades, mortes, principalmente a dengue, pois é uma epidemia recorrente quase que anualmente, contudo ainda não se é capaz, no Brasil, de obter e trabalhar com informações que permita, por exemplo, avaliar a fase pré-patológica das doenças. Os horizontes se ampliaram enormemente com os recursos de processamento eletrônico de dados e georreferenciamento, a construção e o acesso facilitado às grandes bases de dados. O que se espera futuramente é o aumento da expertise dos trabalhadores de saúde levando a uma utilização e uma capacidade de análise da realidade cada vez melhor e mais abrangente de modo a beneficiar a toda a comunidade. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, Indicadores para o estabelecimento de políticas e a tomada de decisão em saúde ambiental, 1998, Genebra (mimeo). 2. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – INDICADORES DE SAÚDE E AMBIENTE, Relatório da Oficina de Trabalho realizada durante o IV Congresso Brasileiro de Epidemiologia - EPIRIO/98. Informe Epidemiológico do SUS, 1998; Ano VII No. 2 Abr/Jun/98: 45-53. 3. FUNASA. Textos de Epidemiologia para Vigilância Ambiental em Saúde. Ministério de Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Brasília, 2002. 4. MACIEL, Albertino A. INDICADORES DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL. Coordenação de Vigilância Ambiental - COVAM/CENEPI/FUNASA. 5. Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 284 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Brasília, 2006.
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