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1 Universidade Paulista – UNIP Bioquímica Metabólica São José dos Campos 2 Aminoácido: Em química, um aminoácido é qualquer molécula que contém simultaneamente grupos funcionais amina e ácido carboxílico. Em bioquímica, este termo é usado como termo curto e geral para referir os aminoácidos alfa: aqueles em que as funções amino e carboxilato estão ligadas ao mesmo carbono. Exemplo de um aminoácido abaixo: Classificação Os aminoácidos podem ser classificados nutricionalmente, quanto ao radical e quanto ao seu destino. Classificação nutricional Aminoácidos não-essenciais Aminoácidos não-essenciais são aqueles os quais o corpo humano pode sintetizar. São eles:alanina, asparagina,cisteína, glicina, glutamina, hidroxilisina, hidroxiprolina, prolina, tiroxina, ácido aspártico, ácido glutâmico. Aminoácidos essenciais Um aminoácido essencial é aquele que o organismo considerado (normalmente, o humano) não é capaz de sintetizar mas é requerido para o seu funcionamento. O organismo humano é incapaz de sintetizar cerca de metade dos vinte aminoácidos comuns. Tem então de os obter através da dieta, pela ingestão de alimentos ricos em proteínas. Os aminoácidos não essenciais são também necessários para o funcionamento do organismo, mas podem ser sintetizados in vivo a partir de determinados metabolitos. Existem aminoácidos que são essenciais apenas em determinadas situações patológicas ou em organismos jovens e em desenvolvimento. A estes convencionou-se a designação "condicionalmente essenciais". Estes aminoácidos são normalmente fonte de divisão entre os cientistas, havendo os que consideram estes como essenciais e os que não os consideram essenciais. A lista abaixo mostra os aminoácidos comuns classificados quanto à sua essencialidade para o organismo humano. Esta lista é válida para a maioria dos mamíferos. 3 Não essenciais • Alanina • Asparagina • Aspartato • Glutamato • Serina • Cistina • Hidroxiprolina • Taurina Condicionalmente essenciais • Arginina • Glutamina • Glicina • Prolina • Tirosina • Cisteína Essenciais • Histidina • Isoleucina • Leucina • Lisina • Metionina • Fenilalanina • Treonina • Triptofano • Valina Note-se que os aminoácidos não essenciais possuem, em geral, vias de síntese relativamente simples. Por exemplo, o metabolito α-cetoglutarato (intermediário do ciclo dos ácidos tricarboxílicos) é precursor do glutamato, que por sua vez pode dar origem à glutamina, à prolina e à arginina. A maioria das plantas e bactérias consegue sintetizar a totalidade dos aminoácidos, não existindo nestes organismos o conceito de "aminoácido essencial". Quanto ao radical A classificação quanto ao radical pode ser feita em: Aminoácidos apolares: Apresentam radicais de hidrocarbonetos apolares ou hidrocarbonetos modificados, exceto a glicina. São radicais hidrófobos. 4 Aminoácidos polares neutros: Apresentam radicais que tendem a formar pontes de hidrogênio. Aminoácidos ácidos: Apresentam radicais com grupo carboxílico.São hidrófilos. Aminoácidos básicos:' Apresentam radicais com o grupo amino. São hidrófilos Aminoácidos alfa Fórmula geral São aqueles que apresentam fórmula geral: R - CH (NH2)- COOH na qual R é um radical orgânico. No aminoácido glicina o radical é o elemento H O carbono ligado ao radical R é denominado carbono 2 ou alfa. Simbologia e Nomenclatura Na nomenclatura dos aminoácidos, a numeração dos carbonos da cadeia principal é iniciada a partir do carbono da carboxila. Nome Símbolo Abreviação Nomenclatura Glicina ou Glicocola Gly, Gli G Ácido 2-aminoacético ou Ácido 2-amino- etanóico Alanina Ala A Ácido 2-aminopropiônico ou Ácido 2-amino-propanóico Leucina Leu L Ácido 2-aminoisocapróico ou Ácido 2-amino-4-metil-pentanóico Valina Val V Ácido 2-aminovalérico ou Ácido 2-amino-3- metil-butanóico Isoleucina Ile I Ácido 2-amino-3-metil-n-valérico ou ácido 2- amino-3-metil-pentanóico Prolina Pro P Ácido pirrolidino-2-carboxílíco Fenilalanina Phe ou Fen F Ácido 2-amino-3-fenil-propiônico ou Ácido 2- amino-3-fenil-propanóico Serina Ser S Ácido 2-amino-3-hidroxi-propiônico ou Ácido 2-amino-3-hidroxi-propanóico Treonina Thr, The T Ácido 2-amino-3-hidroxi-n-butírico Cisteina Cys, Cis C Ácido 2-bis-(2-amino-propiônico)-3-dissulfeto ou Ácido 3-tiol-2-amino-propanóico Tirosina Tyr, Tir Y Ácido 2-amino-3-(p-hidroxifenil)propiônico ou paraidroxifenilalanina 5 Asparagina Asn N Ácido 2-aminossuccionâmico Glutamina Gln Q Ácido 2-aminoglutarâmico Aspartato ou Ácido aspártico Asp D Ácido 2-aminossuccínico ou Ácido 2-amino- butanodióico Glutamato ou Ácido glutâmico Glu E Ácido 2-aminoglutárico Arginina Arg R Ácido 2-amino-4-guanidina-n-valérico Lisina Lys, Lis K Ácido 2,6-diaminocapróico ou Ácido 2, 6-diaminoexanóico Histidina His H Ácido 2-amino-3-imidazolpropiônico Triptofano Trp, Tri W Ácido 2-amino-3-indolpropiônico Metionina Met M Ácido 2-amino-3-metiltio-n-butírico Observação: A numeração dos carbonos da cadeia principal pode ser substituída por letras gregas a partir do carbono 2 (α) Exemplo: Ácido 2-amino-3-metil-pentanoico = Ácido α-amino-β-pentanóico. Estrutura Alanina (Ala / A) Arginina (Arg / R) Asparagina (Asn / N) Ácido aspártico (Asp / D) Cisteina (Cys / C) Ácido glutâmico (Glu / E) Glutamina (Gln / Q) Glicina (Gly / G) 6 Histidina (His / H) Isoleucina (Ile / I) Leucina (Leu / L) Lisina (Lys / K) Metionina (Met / M) Fenilalanina (Phe / F) Prolina (Pro / P) Serina (Ser / S) Treonina (Thr / T) Triptofano (Trp / W) Tirosina (Tyr / Y) Valina (Val / V) Taurina Quanto ao destino Essa classificação é dada em relação ao destino tomado pelo aminoácido quando o grupo amina é excretado do corpo na forma de uréia(mamíferos), amônia(peixes) e ácido úrico(Aves e répteis). Destino cetogênico Quando o álcool restante da quebra dos aminoácidos vai para qualquer fase do Ciclo de Krebs na forma de Acetil coenzima A ou outra substância. Os aminoácidos que são degradados a acetil-coa ou acetoacetil-coa são chamados de cetogênicos porque dão origem a corpos cetônicos. A sua capacidade de formação de corpos cetônicos fica mais evidente quando o paciente tem a diabetes melitus, o que vai fazer com que o fígado produza grande quantidade dos mesmos. 7 Destino glicogênico Quando o álcool restante da quebra dos aminoácidos vai para a via glicolítica. Os aminoácidos que são degradados a piruvato, α-cetoglutarato, succinil-coa, fumarato ou oxaloacetato são denominados glicogênicos. A partir desses aminoácidos é possível fazer a síntese de glicose, porque esses intermediários e o piruvato podem ser convertidos em fosfoenolpiruvato e depois em glicose ou glicogênio. Do conjunto básico dos 20 aminoácidos, os únicos que são exclusivamente cetogênicos são a leucina e a lisina. A fenilalanina, triptofano, isoleucina e tirosina são tanto cetogênicos quanto glicogênicos. E os aminoácidos restantes (14) são estritamente glicogênicos. Ocorrência Os aminoácidos alfa ( cerca de vinte ) são constituintes de todas as proteínas e peptídeos, portanto, de toda a matéria viva. Todos os aminoácidos constituintes das proteínas são alfa aminoácidos. As proteínas são alfa-polímeros formados por alfa-aminoácidos. Alguns autores relatam que para formar uma proteína é necessário uma cadeia com mais de 50 aminoácidos. Uma cadeia formada por dois alfa aminoácidos é um dipeptídeo, até 50 alfa-aminoácidoum polipeptídeo. Fixação de nitrogênio A fonte primária de nitrogênio para os seres vivos é o nitrogênio atmosférico, que tem que ser convertido a uma forma metabolizável como a amônia. Mas só algumas bactérias conseguem converter nitrogênio em amônia. A conversão de nitrogênio a amônia, chamada de fixação de nitrogênio, é feita por um sistema enzimatico complexo, denominado nitrogenase, que utiliza NADPH como doador de elétrons e só é processado com um consumo muito grande de ATP. Isomeria Com exceção única da glicina, todos os aminoácidos obtidos pela hidrólise de proteínas em condições suficientemente suaves apresentam atividade óptica. Esses aminoácidos apresentam 4 grupos diferentes ligados ao carbono central, ou seja, esse carbono é assimétrico, assim esse carbono é chamado centro quiral. A existência de um centro quiral permite que esses aminoácidos formem esteroisômeros devido aos diferentes arranjos espaciais ópticamente ativos. Dentre os esteroisômeros existem aqueles que se apresentam como imagem espaculares um do outro sem sobreposição, a estes chamamos enantiômeros. Os enantiômeros podem ser D ou L, sendo essa classificação referente à semelhança com a estrutura do aminoácido D-gliceraldeído e do L-gliceraldeído, respectivamente. Somente os L-aminoácidos são constituintes das proteínas. 8 Síntese Todos os aminoácidos são derivados de intermediários da glicólise, do ciclo do ácido cítrico ou das via das pentoses-fosfato. O nitrogênio entra nessas vias através do glutamato. Há uma grande variação no nível de complexidade das vias, sendo que alguns aminoácidos estão a apenas alguns passos enzimáticos dos seus precursores e em outros as vias são complexas, como no caso dos aminoácidos aromáticos. Os aminoácidos podem ser essenciais ou não-essenciais. Os aminoácidos não-essenciais são mais simples de serem sintetizados e o são pelos próprios mamíferos. Por isso eles não necessariamente precisam estar na alimentação. Já os aminoácidos essenciais precisam está presentes na dieta, já que não são sintetizados pelos mamíferos. As biossintéticas de aminoácidos são agrupadas de acordo com a família dos precursores de um deles. Existe a adição a esses precursores do PRPP (fosforribosil pirofosfato). As principais famílias são: 1. A do alfa-cetoglutarato que origina o glutamato, a glutamina, a prolina e a arginina. 2. A do 3-fosfoglicerato de onde são derivados a serina, a glicina e a cisteína. 3. O oxaloacetato dá origem ao aspartato, que vai originar a asparagina, a metionina, a treonina e a lisina. 4. O piruvato dará origem a alanina, a valina, a leucina e a isoleucina. Obtenção Hidrólise de proteínas As proteínas são moléculas formadas por até milhares de aminoácidos unidos por ligações peptídicas (que ocorre entre a carboxila de um aminoácido e o grupo amino de outro). Essas ligações podem ser quebradas por hidrólise produzindo uma mistura complexa de aminoácidos. Síntese Síntese de Hoffmann, síntese de Strecker e síntese de Gabriel são métodos sintéticos para a obtenção de alfa-aminoácidos. Propriedades 9 Organolépticas: Incolores. A maioria de sabor adocicado. Físicas: Sólidos com solubilidade variável em água. Apresentam atividade óptica por apresentarem carbono assimétrico, em geral,na forma levógira. A glicina é solúvel em água e não apresenta atividade óptica Químicas: O grupo carboxílico (-COOH) na molécula confere ao aminoácido uma caracteristica ácida e o grupo amino (-NH2) uma caracteristica básica. Por isso, os aminoácidos apresentam um caráter anfótero, ou seja, reagem tanto com ácidos como com bases formando sais orgânicos. Outros aminoácidos Ácido β-aminopropiônico (β-alanina): aminoácido natural componente do ácido pantotênico (vitamina do grupo B). Aminoácidos ômega Ácido ω-aminocapróico: aminoácido sintético usado na fabricação de fibras sintéticas e de plásticos. 10 II – Proteínas: Quanto à estrutura molecular as proteínas são classificadas em: Proteínas constituídas somente por aminoácidos como, por exemplo, a queratina (cabelo). A hidrólise completa dessas proteínas produz unicamente α-aminoácidos. Proteínas complexas, conjugadas ou heteroproteínas: proteínas que apresentam a cadeia de aminoácidos ligada a um radical diferente (grupo prostético). Dependendo do grupo prostético, as proteínas podem ser classificadas em: Glicoproteínas: o grupo é um glicídio. Exemplos: mucina (saliva) e osteomucóide (ossos). Cromoproteínas: o grupo é um pigmento. Exemplos: clorofila (vegetais verdes) e hemoglobina (sangue). Fosfoproteínas: o grupo é o ácido fosfórico. Exemplos: vitelina (gema do ovo) e caseina (leite). Nucleoproteínas: o grupo é um ácido heterocíclico complexo. A hidrólise completa dessas proteínas produz α-aminoácidos e grupos prostéticos. Síntese de proteína: A transcricão é um processo de decodificação da mensagem contida num gene (DNA) para uma fita de RNA e é realizado por uma enzima chamada RNA polimerase. Pelo fato dos promotores (seqüências regulatórias dos genes) possuirem seqüências de nucleotídeos comuns (conservadas), esta enzima as reconhece e liga-se nelas, dando início à síntese da molécula de mRNA (transcrição), o que explica como a enzima RNA polimerase consegue reconhecer o lugar onde se ligar. A mólecula de RNA que é produzida pode ser um mRNA (RNA mensageiro), um rRNA (RNA ribosomal) ou um tRNA(RNA transportador). Uma molécula de RNA mensageiro contém a informação para produzir proteínas. A tradução é o processo de síntese ou fabricação de proteínas (construção da cadeia de aminoácidos). Para a fabricação das proteínas é necessário que estruturas celulares chamadas ribossomos decodifiquem a mensagem contida na molécula de mRNA(RNA mensageiro) para uma cadeia de aminoácidos. A decodificação está baseada em trincas de nucleotídeos, chamadas códons, que são usados para especificar o aminoácido. A correspondência entre uma trinca de nucleotídeos e um aminoácido é chamada de código genético (apresentada na Tabela 1). Combinando os 4 nucleotídeos em triplas obtém-se 64 combinações. Embora esse número seja superior aos 20 aminoácidos existentes, mais do que um códon pode representar um mesmo aminoácido. Dentre os códons possíveis, 3 não especificam aminoácidos, e referem-se a sinais de terminação da síntese de um cadeia de aminoácidos. Esses códons são chamados de códons de parada (stop codons). O código genético estabelece também um códon de início (start codon), pelo qual começa o processo de tradução do mRNA. Na maioria das proteínas o códon de início 11 especifica o aminoácido metionina, que também está presente no interior das cadeias. Sumariamente, o processo de tradução é realizado da seguinte maneira: ao combinar-se com os ribossomos, o mRNA tem sua seqüência de codons lida, e para cada codon o respectivo tRNA é atraído até os ribossomos, e pela complementariedade de bases é feita a ligação entre o codon (do mRNA) e o anticodon (do tRNA), liberando o aminoácido carregado pelo tRNA que é então ligado à cadeia crescente do polipeptideo. Moléculas de tRNA ou RNA transportador (=transfer RNA) agem como adaptadores entre a seqüência codificante dos nucleotídeos do mRNA e o aminoácido que é codificado. Uma ponta dessa molécula carrega o aminoácido e uma outra ponta consiste de uma seqüência de três nucleotídeos conhecida como anticodon. A síntese da proteína é encerrada quando os ribossomos encontram um codon de parada no mRNA (Figura 9). Processo de Tradução (síntese de proteínas) Trincas (ou codons) com o aminoácido correspondente, ou especificando término de síntese da proteína: 12 Estrutura tridimensional O dobramento de proteínas é um processo químicoatravés do qual a estrutura de uma proteína assume a sua configuração funcional. Todas as moléculas de proteínas são cadeias heterogéneas não-ramificadas de aminoácidos. Ao dobrar e enrolar-se para tomar uma forma tridimensional específica, as proteínas são capazes de realizar a sua função biológica. O processo contrário chama-se desnaturação, onde uma proteína original é forçada a perder a sua configuração funcional, tornando-se uma cadeia amorfa e não-funcional de aminoácidos. As proteínas desnaturadas podem perder a sua solubilidade e precipitar, tornando-se solidos insolúveis. Em alguns casos, a desnaturação é reversível,e as proteínas podem voltar a dobrar-se. No entanto, a desnaturação é, na maior parte dos casos, um processo irreversível. As proteínas podem ter 4 tipos de estrutura dependendo do tipo de aminoácidos que possui, do tamanho da cadeia e da configuração espacial da cadeia polipeptídica. As estruturas são: Estrutura primária: É dada pela seqüência de aminoácidos ao longo da cadeia polipeptídica. É o nível estrutural mais simples e mais importante, pois dele deriva todo o arranjo espacial da molécula. São específicas para cada proteína, sendo geralmente determinados geneticamente. Um exemplo de proteína são os ovos,feijão soja e etc.. A estrutura primária da proteína resulta em uma longa cadeia de aminoácidos semelhante a um "colar de contas", com uma extremidade "amino terminal" e uma extremidade "carboxi terminal". Sua estrutura é somente a seqüência dos aminoácidos, sem se preocupar com a orientação espacial da molécula. 13 Estrutura secundária É dada pelo arranjo espacial de aminoácidos próximos entre si na seqüência primária da proteína. É o último nível de organização das proteínas fibrosas, mais simples estruturalmente. Ocorre graças à possibilidade de rotação das ligações entre os carbonos a dos aminoácidos e seus grupamentos amina e carboxila. O arranjo secundário de um polipeptídeo pode ocorrer de forma regular; isso acontece quando os ângulos das ligações entre carbonos a e seus ligantes são iguais e se repetem ao longo de um segmento da molécula. São dois os tipos principais de arranjo secundário regular: alfa-hélice; folha-beta. Estrutura terciária Resulta do enrolamento da hélice ou da folha pregueada, sendo mantido por pontes de hidrogênio e dissulfito. Esta estrutura confere a atividade biológica às proteínas. A estrutura terciária descreve o dobramento final de uma cadeia, por interações de regiões com estrutura regular ou de regiões sem estrutura definida. Podendo haver interações de segmentos distantes de estrutura primária, por ligações não covalentes. Enquanto a estrutura secundária é determinada pelo relacionamento estrutural de curta distância, a terciária é caracterizada pelas interações de longa distância entre aminoácidos. Todas têm seqüências de aminoácidos diferentes, refletindo estruturas e funções diferentes. Estrutura quaternária Algumas proteínas podem ter duas ou mais cadeias polipeptídicas. E essa transformação das proteínas em estruturas tridimensionais é a estrutura quaternária. Elas são guiadas e estabilizadas pelas mesmas interações da terciária.A junção de cadeias polipeptídicas pode produzir diferentes funções para os compostos. Um dos principais exemplos de estrutura quaternária é a hemoglobina. Sua estrutura é formada por quatro cadeias polipeptídicas. Funções Estrutural ou plástica São aquelas que participam dos tecidos dando-lhes rigidez, consistência e elasticidade. São proteínas estruturais: colágeno (constituinte das cartilagens), actina e miosina (presentes na 14 formação das fibras musculares), queratina (principal proteína do cabelo), fibrinogênio (presente no sangue), albumina (encontrada em ovos) e outras. Hormonal Exercem alguma função específica sobre algum órgão ou estrutura de um organismo como, por exemplo, a insulina (embora tecnicamente a insulina seja considerada apenas um polipeptídio, devido a seu pequeno tamanho). Defesa Os anticorpos são proteínas que realizam a defesa do organismo, especializados no reconhecimento e neutralização de vírus, bactérias e outras substâncias estranhas. O fibrinogênio e a trombina são outras proteínas responsáveis pela coagulação do sangue e prevenção de perda sanguínea em casos de cortes e machucados. Energética Obtenção de energia a partir dos aminoácidos que compõem as proteínas. Enzimática Enzimas são proteínas capazes de catalisar reações bioquímicas como, por exemplo, as lipases. As enzimas não reagem, são reutilizadas (sempre respeitando o sítio ativo) e são específicas. As enzimas reduzem a energia de ativação das reações químicas. A função da enzima depende diretamente de sua estrutura Proteínas altamente especializadas e com atividade catalítica. Mais de 2000 enzimas são conhecidas, cada uma capaz de catalisar um tipo diferente de reação química. Condutoras de gases O transporte de gases (principalmente do oxigênio e um pouco do gás carbônico) é realizado por proteínas como a hemoglobina e hemocianina. Digestão de proteínas: A proteína foi o primeiro nutriente considerado essencial para o organismo. As proteínas são macromoléculas presentes em todas as células dos organismos vivos. As proteínas são formadas por combinações dos 20 aminoácidos em diversas proporções e cumprem funções estruturais, reguladoras, de defesa e de transporte nos fluídos biológicos. 15 Os aminoácidos se juntam para formar uma proteína por meio de ligação peptídica que une o grupo carboxílico de um aminoácido ao grupo amino do outro. A união de dois aminoácidos forma um dipeptídio, três aminoácidos, um tripeptídio, podendo uma proteína ter 400 ou mais aminoácidos. Os aminoácidos das proteínas se unem um ao outro em uma seqüência predeterminada geneticamente, podendo sua estrutura ser dividida em primária e a conformação que envolve a estrutura, secundária, terciária e quaternária. Quanto à origem, as proteínas podem ser exógenas, provenientes das proteínas dos alimentos ingeridos pela dieta, ou endógenas, derivadas da degradação das proteínas celulares do próprio organismo. As proteínas da dieta pela digestão e subseqüente absorção pelo intestino fornecem aminoácidos ao organismo que terão três destinos principais: anabolismo, catabolismo ou degradação e produção de energia. Por estas vias os aminoácidos servirão na construção e manutenção dos tecidos, formação de enzimas, hormônios, anticorpos, no fornecimento de energia e na regulação de processos metabólicos. A digestão de proteína começa no estômago, onde as proteínas se decompõem em proteoses, peptonas e polipeptídios grandes, e continua no intestino delgado pela ação das enzimas proteolíticas provenientes do pâncreas e da mucosa intestinal. No estômago, o pepsinogênio inativo é convertido na enzima pepsina quando ele entra em contato com o ácido hidroclorídrico e outras moléculas de pepsina por estímulo da presença do alimento. Esta enzima começa a quebra ou clivagem das proteínas dos alimentos, principalmente o colágeno, a principal proteína do tecido conjuntivo. As proenzimas pancreáticas são ativadas pela enteroquinase do suco intestinal que transforma o tripsinogênio em tripsina por meio de uma hidrólise. Esse processo é continuado por uma ativação em cascata das outras proenzimas pancreáticas através da ação da tripsina. A tripsina, quimiotripsina e carboxipolipeptidase pancreáticas decompõem a proteína intacta e continuam a decomposição iniciada no estômago até que se formem pequenos polipeptídios e aminoácidos. As peptidases proteolíticas localizadas na borda em escova também atuam sobre os polipeptídios, transformando-os em aminoácidos, dipeptídios e tripeptídios. A fase final da digestão de proteínas ocorre naborda em escova, onde os dipeptídios e tripeptídeos são hidrolisados em seus aminoácidos constituintes pelas hidrolases peptídicas. Os peptídeos e aminoácidos absorvidos são transportados ao fígado através da veia porta. Quase toda a proteína é absorvida no momento em que atinge o final do jejuno e apenas 1% da proteína ingerida é encontrado nas fezes. Resumo da digestão, absorção e utilização de proteínas. Estrutura Proteína Boca Tritura os alimentos Estomago Ácido clorídrico desnatura proteínas e a pepsina, inicia a hidrólise 16 Intestino Delgado No lúmen intestinal, as enzimas pancreáticas digerem a proteína ingerida (e a endógena) a dipeptídios e tripeptídios; dipeptidases e tripeptidases nas bordaduras “em escova” das células da mucosa digerem dipeptídios e tripeptídios até aminoácidos. Fígado Mantém o balanço dos aminoácidos plasmáticos, sintetiza proteínas essenciais, enzimas, lipoproteínas e albumina. Converte esqueleto carbônico do aminoácido em glicose. è responsável pela síntese de 95% da uréia. Sistema circulatório Sangue transporta aminoácidos absorvidos e proteínas sintetizadas rim Sintetiza uréia em condições especiais e a elimina pela urina Intestino Grosso Elimina material não digerido que pode ser fermentado pela flora intestinal. A maior parte da proteína que entra no intestino, quer de origem dietética (exógena) quer de origem endógena, é digerida e absorvida na forma de aminoácidos. Um fator importante na absorção das proteínas dos alimentos é a sua digestibilidade, que é definida como a relação entre a proteína ou nitrogênio absorvido e proteína ou nitrogênio ingerido. Em geral, as proteínas de origem animal (carne, frango, peixe, leite, ovos...) têm digestibilidade ao redor de 90 a 95%. as proteínas dos vegetais tem digestibilidade menor de 67 a 82%. 17 III - Enzimas: Enzimas são um grupo de substâncias orgânicas de natureza geralmente protéica (existem também enzimas constituídos de RNA , os ribozimas), com atividade intra ou extracelular que têm funções catalisadoras, catalisando reações químicas que, sem a sua presença, aconteceriam a uma velocidade demasiado baixa. Isso é conseguido através do abaixamento da energia de ativação necessária para que se dê uma reação química, resultando no aumento da velocidade da reação e possibilitando o metabolismo dos seres vivos. A capacidade catalítica dos enzimas torna-os adequados para aplicações industriais, como na indústria farmacêutica ou na alimentar. Em sistemas vivos, a maioria das reações bioquímicas dá-se em vias metabólicas, que são seqüências de reações em que o produto de uma reação é utilizado como reagente na reação seguinte. Diferentes enzimas catalisam diferentes passos de vias metabólicas, agindo de forma concertada de modo a não interromper o fluxo nessas vias. Cada enzima pode sofrer regulação da sua atividade, aumentando-a, diminuindo-a ou mesmo interrompendo-a, de modo a modular o fluxo da via metabólica em que se insere. O ramo da Bioquímica que trata do estudo das reações enzimáticas é a Enzimologia. Atividade enzimática As enzimas convertem uma substância, chamada de substrato, noutra denominada produto, e são extremamente específicas para a reação que catalisam. Isso significa que, em geral, uma enzima catalisa um e só um tipo de reação química. Conseqüentemente, o tipo de enzima encontrado numa célula determina o tipo de metabolismo que a célula efetua. A velocidade da reação catalisada por uma enzima é aumentada devido ao abaixamento da energia de ativação necessária para converter o substrato no produto. O aceleramento da reação pode ser da ordem dos milhões de vezes: por exemplo, a enzima orotidina-5'-fosfato descarboxilase diminui o tempo da reação por ela catalisada de 78 milhões de anos para 25 milissegundos. Como são catalisadoras, as enzimas não são consumidas na reacção e não alteram seu equilíbrio químico. A atividade enzimática pode depender da presença de determinadas moléculas, genericamente chamadas cofatores. A natureza química dos cofatores é muito variável, podendo ser, por exemplo, um ou mais íons metálicos (como o ferro), ou uma molécula orgânica (como a vitamina B12). Estes cofatores podem participar ou não diretamente na reação enzimática. Determinadas substâncias, podem inibir a atividade de algumas enzimas, diminuindo-a ou eliminando-a totalmente; são os chamados inibidores enzimáticos. 18 Uma enzima é uma proteína que catalisa ou acelera uma reação biológica. Pode, portanto, ser definida como um biocatalisador cuja natureza protéica determina a presença de certas propriedades, tais como: especificidade de substrato, dependência da temperatura e dependência do pH. Pelo fato de serem proteínas com estrutura terciária ou quaternária, as enzimas são dotadas de dobramentos tridimensionais em suas cadeias polipeptídicas, o que lhes confere uma forma característica e exclusiva. Assim, diferentes enzimas têm diferentes formas e, portanto, diferentes papéis biológicos. Para que uma enzima atue, é necessário que os substratos "se encaixem" na enzima. Esse "encaixe", porém, depende da forma, isto é, do "contorno" da enzima. Por isso, substratos que se "encaixam" em uma determinada enzima não se "encaixam" em outras diferentes, e a reação não ocorre; daí a especificidade das enzimas quanto aos substratos em que atuam. Uma vez ocorrido o "encaixe", forma-se o complexo enzima-substrato, que se assemelha ao sistema "chave-fechadura". O local da enzima onde o substrato se "encaixa" é denominado sítio ativo (ou centro ativo). No caso de substâncias que reagem entre si, sob a ação catalisadora das enzimas, a reação é facilitada, tornando-se mais rápida, pois a proximidade entre as moléculas "encaixadas" acelera o processo reativo; após a reação, a enzima desliga-se do substrato e permanece intacta. História Eduard Buchner Era já sabido, entre o final do século XVII e início do século XVIII, que secreções estomacais eram capazes de digerir a carne; [3] era também conhecida a conversão de amido a açúcares pela saliva e extratos vegetais. O mecanismo subjacente a estas transformações não era, no entanto, conhecido. As enzimas foram descobertas no século XIX, aparentemente por Pasteur, que concluiu que a fermentação do açúcar em álcool pela levedura é catalisada por fermentos. Ele postulou que esses fermentos (os enzimas) eram inseparáveis da estrutura das células vivas do 19 levedo. Pasteur declarou que "a fermentação alcoólica é um ato correlacionado com a vida e organização das células do fermento, e não com a sua morte ou putrefação". Em 1878, Wilhelm Kühne empregou pela primeira vez o termo "enzima" para descrever este fermento, usando a palavra grega ενζυµον, que significa "levedar". O termo passou a ser mais tarde usado apenas para as proteínas com capacidade catalítica, enquanto que o termo "fermento" se refere à atividade exercida por organismos vivos. Em 1897, Eduard Buchner descobriu que os extratos de levedo podiam fermentar o açúcar até álcool e provou que as enzimas envolvidas na fermentação continuavam funcionando mesmo quando removidas das células vivas [6]. Esta descoberta valeu-lhe o prêmio Nobel de Química em 1907. Restava determinar qual a natureza das enzimas. Alguns afirmavam que as proteínas, associadas à atividade enzimática, apenas eram o suporte da verdadeira enzima, e, por si próprias, incapazes de catálise. Em 1926, James B. Sumner purificou e cristalizou a urease, mostrando tratar-se de uma proteína pura, e fez o mesmo, em 1937, para a catalase. A prova final foi feita por Northrop e Stanley em 1930, com o estudo de três enzimas digestivas, a pepsina, a tripsina e a quimotripsina, pelo que receberam o Prêmio Nobel da Química em 1946. J.B.S. Haldane escreveuum tratado intitulado "Enzimas", onde continha a notável sugestão de que as interações por ligações fracas, entre a enzima e seu substrato, poderiam ser usadas para distorcer a molécula do substrato e catalisar a reação. A cristalização de enzimas purificadas permitiu que as suas estruturas moleculares pudessem ser examinadas por cristalografia de raios X, o que aconteceu primeiro com a lisozima, uma enzima que existe na saliva, lágrimas e na clara de ovo e destrói a parede celular de bactérias, em 1965 . Começaram assim a bioquímica e biologia estruturais, que se esforçam por compreender o funcionamento das enzimas a nível atômico. A tentativa de compreender o mecanismo da catálise enzimática a nível quântico tem sido facilitada recentemente pelo aumento de capacidade aritmética dos computadores. Estruturas e mecanismos 20 Diagrama PDB 1MOO mostrando a Anidrase carbónica II. A esfera a cinzento é um íon de zinco que funciona como cofator no sítio ativo. As enzimas são proteínas, e podem ter um tamanho desde 64 resíduos de aminoácidos, como é o caso do monômero da enzima 4-oxalocrotonato tautomerase, até um tamanho de 2.500 resíduos, como é o caso da sintase de ácidos graxos A atividade dos enzimas são determinadas pela sua estrutura quaternária. A maioria das enzimas são maiores do que o substrato sobre o qual atuam, e só uma pequena porção da enzima (cerca de 3-4 aminoácidos) está envolvida na catálise. A região que contém estes resíduos catalíticos, que liga-se ao substrato e que desempenha a reação, é denominada de centro catalítico. As enzimas também podem ter sítios onde se ligam cofatores, que são necessários às reações catalíticas. Algumas enzimas também podem ter sítios de ligações para pequenas moléculas, que são produtos ou substratos, diretos ou indiretos, da reação catalisada. Estas ligações servem para aumentar ou diminuir a atividade da enzima, providenciando um meio de regulação por feedback. Tal como todas as proteínas, as enzimas são formadas por longas cadeias lineares de aminoácidos que sofrem um enovelamento que tem como resultado um produto com estrutura tridimensional. Cada seqüência única de aminoácidos produz também uma estrutura tridimensional única que tem propriedades específicas. Cadeias individuais de proteínas podem, por vezes, agrupar-se para formar um complexo protéico. A maioria das enzimas pode sofrer desnaturação, isto é, a sua estrutura pode sofrer desagregação e inativação pelo aumento de temperatura ou mudança de pH, o que provoca alterações na conformação tridimensional da proteína. Dependendo da enzima, a desnaturação pode ter efeitos reversíveis ou irreversíveis. Especificidade As enzimas em geral possuem normalmente uma alta especificidade em relação às reações que catalisam e aos substratos que estão envolvidos nessas reações. A forma complementar, carga e características hidrofílicas/hidrofóbicas, são responsáveis por esta especificidade. As enzimas exibem também elevados níveis de estereoespecificidade, regioseletividade e quimioseletividade. 21 Algumas das enzimas que apresentam maior especificidade e precisão, estão envolvidas na cópia e expressão do genoma. Estas enzimas possuem mecanismos de proof-reading (revisão). Um destes casos é a DNA polimerase, que catalisa uma reação num primeiro passo, para em seguida confirmar, num segundo passo, se o produto é o correto.Este processo em duas etapas resulta em médias de taxa de erro muito diminutas, na ordem de uma para cem milhões de reações, no caso de polimerases de mamíferos. Mecanismos de revisão similares também podem ser encontrados na RNA polimerase, na aminoacil-tRNA sintetases e em ribossomos. Algumas enzimas que produzem metabolitos secundários são descritos como promíscuas, visto que podem atuar num largo espectro de diferentes substratos. Tem sido sugerido que este tipo de especificidade alargada é importante nos processos de evolução de novas vias de biossíntese. Modelo chave As enzimas exibem uma elevada especificidade, e foi sugerido por Emil Fischer, em 1894, que esse fato era devido a que tanto as enzimas como os substratos apresentam formas geométricas complementares, fazendo com que encaixem de maneira precisa umas nos outros.[20] Este processo é muitas vezes referido como modelo chave-fechadura. No entanto, apesar de estes modelo explicar a especificidade das enzimas, falha em explicar a estabilização dos estados de transição que as enzimas exibem. Modelo do encaixe induzido Diagramas que mostram a atividade enzimática através do modelo do encaixe induzido. Em 1958, Daniel Koshland sugeriu uma modificação ao modelo de chave-fechadura: uma vez que as enzimas exibem estruturas flexíveis, o sítio ativo altera a sua forma de maneira continuada através de interações com o substrato, enquanto esse mesmo substrato vai interagindo com a enzima. Como resultado, o substrato não se liga simplesmente a um sítio ativo que é rígido. As cadeias laterais dos aminoácidos que formam o sítio ativo sofrem um reorientação de maneira a que as suas posições potenciem a ação catalítica da enzima. Em alguns casos, como nas glicosidases, a molécula de substrato também sofre alterações de conformação à medida que vai se aproximando do sítio ativo. O sítio ativo continua a sofrer modificações até que o substrato esteja completamente ligado e é neste momento que a conformação final e a carga são determinadas. 22 Mecanismos As enzimas atuam de diversas formas, todas baixando a energia de ativação, através da criação de um ambiente no qual o estado de transição é estabilizado (por exemplo, distorcendo a forma da molécula do substrato) - A enzima distorce o substrato, gastando energia neste passo, de modo a baixar a energia do estado de transição da reação catalisada, resultando numa diminuição global da energia requerida para completar a reação). Providenciando uma via alternativa (por exemplo, reagindo com o substrato formando um complexo enzima-substrato, de existência impossível sem a presença da enzima). Reduzindo a variação da entropia da reação ao orientar os substratos de forma correta para facilitar a reação. Na ausência de enzima, as moléculas colidem em todas as direções possíveis de forma aleatória, um processo menos eficiente que na presença da enzima. Ao considerar-se ∆H‡ isoladamente, este aspecto é negligenciado. Dinâmica e funções Investigações recentes providenciaram novos conhecimentos sobre a ligação entre a dinâmica interna de uma enzima e o seu mecanismo de catálise A dinâmica interna de uma enzima é descrita como o movimento de partes internas (como aminoácidos individuais, grupos de aminoácidos, um laço da cadeia, uma hélice alfa, folhas beta vizinhas ou até domínios protéicos inteiros) destas biomoléculas, que podem ocorrer a diversas escalas de tempo, desde femtossegundos a segundos. Redes de resíduos de aminoácidos de uma estrutura podem contribuir para a catálise através de movimentos dinâmicos. Os movimentos em proteínas são importantes para diversas enzimas mas o tipo de reação que elas catalisam determina que tipos de movimento são mais importantes: pequenas e rápidas vibrações ou lentas e significativas alterações conformacionais. Estes estudos têm conseqüências na compreensão dos efeitos alostéricos, na produção industrial de enzimas e no desenvolvimento de novos fármacos. Regulação alostérica As enzimas alostéricas mudam a sua estrutura quando da ligação de determinadas moléculas. A modulação da atividade da enzima pode ser direta, quando a molécula se liga diretamente a um local de ligação na enzima, ou indireta, quando a molécula se liga a outras proteínas ou subunidades que interagem com a enzima alostérica, influenciando então a sua atividade. Cofatores e coenzimas Cofatores Algumasenzimas não necessitam de componentes adicionais para mostrarem uma atividade completa. No entanto, outras requerem ligação a moléculas não protéicas para que possam exercer a sua atividade. Os cofatores podem ser inorgânicos (íons metálicos e 23 complexos ferro-enxofre) ou compostos orgânicos (flavina ou heme). Os cofatores orgânicos (coenzimas) são normalmente grupos prostéticos, que estão intimamente ligados às enzimas a que eles prestam assistência. Os cofatores que possuem ligação forte às enzimas são distintos de outras coenzimas, tal como a NADH, visto que não são libertados do sítio ativo durante a reação catalisada. Um exemplo de uma enzima que contém um cofator é a anidrase carbônica, que é mostrada em figura acima com um ion de zinco como cofator. Estas moléculas que possuem uma ligação estreita com as enzimas são normalmente encontradas no sítio ativo e estão envolvidas na reação catalítica. Por exemplo, a flavina e grupos heme estão muitas vezes envolvidos em reações de oxidação-redução. À parte da enzima que se liga ao cofator é denominada apoenzima. Uma apoenzima juntamente com o(s) seu(s) cofator(es) são denominadas holoenzimas. A maioria dos cofatores não se ligam por covalência a uma enzima, mas estabelecem ligações fortes. No entanto, os grupos prostéticos orgânicos podem ligar-se de maneira covalente. Um exemplo disso é a ligação da tiamina pirofosfato à enzima piruvato desidrogenase. Coenzimas Modelo tridimensional da coenzima NADH. As coenzimas são pequenas moléculas que transportam grupos químicos de uma enzima para outra. Alguns destes compostos químicos, como a riboflavina, a tiamina e o ácido fólico, são vitaminas, compostos que não são sintetizados no organismo e que têm de ser assimilados através da dieta. Os grupos químicos transportados incluem o íon hidreto (H-) transportado pelo NAD ou NADP+, o grupo acetil transportado pela coenzima A, os grupos formilo, metenilo e metilo transportados pelo ácido fólico e o grupo metilo transportado pela S-adenosilmetionina. Dado que as coenzimas são modificadas quimicamente como conseqüência da ação enzimática, é útil considerá-las como sendo uma classe especial de substratos, ou substratos secundários, que são comuns em muitos tipos de enzimas diferentes. Por exemplo, sabe-se que existem cerca de 700 enzimas que utilizam a coenzima NADH. As coenzimas sofrem regeneração e as suas concentrações são mantidas a um nível estável dentro da célula. Por exemplo, o NADPH é regenerado através da via das pentoses-fosfato e a S-adenosilmetionina é regenerada pela metionina adenosiltransferase.. Cinética 24 Mecanismo de reação de uma enzima com substrato único. A enzima (E) liga o substrato (S) e liberta o produto (P). A cinética enzimática é o estudo do mecanismo pelo qual as enzimas ligam substratos e os transformam em produtos. São utilizados dados sobre a velocidade de reação de enzimas através de ensaios enzimáticos. Em 1902, Victor Henri propôs uma teoria quantitativa de cinética enzimática, mas os seus dados experimentais tinham pouca utilidade porque não era então considerada a importância da concentração do íon H+. Depois de Peter Lauritz Sørensen definir a escala logarítmica de pH e introduzir o conceito de solução tampão em 1909, o químico alemão Leonor Michaelis e a sua pós-doc canadiana Maud Leonora Menten repetiram as experiências de Henri e confirmaram a sua equação, sendo esta cinética conhecida como cinética de Henri-Michaelis-Menten (muitas vezes simplificado para cinética de Michaelis-Menten). Este trabalho foi desenvolvido por G. E. Briggs e J. B. S. Haldane, que derivaram equações cinéticas usadas ainda hoje em dia. Henri contribuiu significativamente para este campo ao teorizar as reações enzimáticas ocorrendo em dois passos. No primeiro, o substrato liga-se de forma reversível à enzima, formando o complexo enzima-substrato. Este complexo é por vezes designado complexo de Michaelis. A enzima catalisa então o passo químico da reação e liberta o produto. Inibição 25 Os inibidores competitivos ligam-se de maneira reversível à enzima, prevenindo a ligação do substrato. Por outro lado, a ligação do substrato previne a ligação do inibidor. O substrato e o inibidor competem pela enzima. a) Reação normal, (b) Inibição. S: substrato; E: enzima; I: inibidor; A: centro ativo. (1) O substrato liga-se à enzima; (2) A enzima liberta produtos; (3) O inibidor liga-se à enzima; (4) O inibidor compete com o substrato. As taxas de reação enzimáticas podem ser diminuídas por ação de vários tipos de inibidores enzimáticos. Inibição competitiva Na inibição competitiva, o inibidor e o substrato competem pela enzima, isto é, não se podem ligar ao mesmo tempo à enzima. Os inibidores são muitas vezes semelhantes ao substrato da enzima. Por exemplo, o metotrexato é um inibidor competitivo da enzima dihidrofolato redutase, que catalisa a redução do dihidrofolato em tetrahidrofolato. A similitude entre as estruturas do ácido fólico e desta droga são mostradas na figura adjacente. Notar que o local de ligação do inibidor não é necessariamente o mesmo que o local de ligação do inibidor, se a ligação de este último mudar a conformação da enzima com vista a impedir a ligação do substrato, e vice versa. Na inibição competitiva, a velocidade máxima da reacção não é alterada, mas níveis mais altos de concentração do substrato são requeridos para que se atinja uma determinada velocidade, aumentando o KM aparente. Inibição acompetitiva ou incompetitiva Na inibição acompetitiva, o inibidor não se pode ligar à enzima no estado livre, mas somente ao complexo E-S. O complexo E-I-S assim formado, é enzimaticamente inativo. Este tipo de inibição é raro, mas pode ocorrer em enzima multiméricas. Inibição não-competitiva Os inibidores não-competitivos podem ligar-se à enzima e ao substrato ao mesmo tempo, ou seja, nunca se ligam ao sítio activo. Quer o complexo E-I, quer o complexo E-I-S, são enzimaticamente inativos. Tanto o KM aparente como o Vmax mudam neste caso, pois o inibidor não pode ser desligado da enzima por aumento da concentração de substrato (em contraste com o que acontece na inibição competitiva). Inibição mista Este tipo de inibição assemelha-se à inibição não-competitiva. Neste caso, o complexo E-I- S possui atividade enzimática residual. Em muitos organismos, os inibidores podem agir como parte do mecanismo de retroalimentação. Se uma enzima produz um determinada substância em demasia, essa substância poderá agir como inibidor da enzima, no início da via que a produz, causando a redução ou paragem da produção da substância quando esta se acumula. Esta é um forma de retroalimentação negativa. Enzimas que estão sujeitas a esta forma de regulação são muitas vezes multiméricas e possuem sítios de ligação alostéricos para substâncias 26 reguladoras. Os seus gráficos substrato/velocidade não têm a forma hiperbólica mas sim forma sigmóide (curva em forma de S) O ácido fólico e a droga anticancerígena metotrexato são semelhantes na sua estrutura. Como resultado, o metotrexato é um inibidor competitivo de muitas das enzimas que utilizam os folatos. Os inibidores irreversíveis reagem com a enzima e formam ligações covalentes com a cadeia polipeptídica. Este tipo de inativação é irreversível. Um exemplo de inibidor irreversível é a eflornitina, uma substância utilizada no tratamento da doença do sono. A penicilina e a aspirina também atuam deste modo. Nestes casos, o composto liga-se ao centro ativo e a enzima converte-o a uma forma ativada que reage irreversivelmente com um ou mais resíduos de aminoácidos. Usos de inativadores Os inativadores são muitas vezes usados como medicamentos, mas também poderão atuar como venenos. No entanto, a diferençaentre um medicamento e um veneno é normalmente uma questão de dosagem, visto que a maior parte dos medicamentos e drogas são tóxicas a partir de certo nível. Como Paracelso disse: "Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno, apenas a dosagem é razão para que uma coisa não seja um veneno". Igualmente, os antibióticos e outras drogas anti-infecciosas são apenas venenos que matam o agente patogênicos e não o hospedeiro deste. Um exemplo de um inativador que é usado como medicamento é a aspirina, que inibe a ciclooxigenase 1 e a ciclooxigenase 2, que são enzimas que produzem um mensageiro que age em casos de inflamação, neste caso uma prostaglandina, suprimindo assim a dor e a inflamação. O cianureto é um inativador enzimático irreversível, que se combina com cobre e zinco no sítio ativo da enzima citocromo c oxidase, bloqueando a respiração celular. Funções biológicas Modelo tridimensional de uma enzima. As enzimas exercem uma grande variedade de funções nos organismos vivos. São indispensáveis para a transdução de sinais, na regulação celular, muitas vezes por ação de cinases e fosfatases.[51] Através da sua ação podem gerar movimento, como no caso da miosina que hidroliza ATP, gerando contrações musculares. Também movimentam carga 27 através da célula, através da ação do citoesqueleto. Algumas enzimas são ATPases (funcionam como bombas iônicas), que se localizam na membrana celular, estando envolvidas do processo de transporte ativo. Algumas funções são mais oxóticas são operadas por enzimas, como é o caso da luciferase que gera luz nos pirilampos.[53] Os vírus podem conter enzimas que auxiliam na infecção de células (HIV-integrase e transcriptase reversa) ou na libertação celular de vírus (neuraminidase no vírus influenza). Uma importante função das enzimas tem lugar no sistema digestivo dos animais. Enzimas como as amilases e proteasess, quebram grandes moléculas como o amido e proteínas, respectivamente, em moléculas de menores dimensões, de maneira a que estas possam ser absorvidas no intestino. O amido não é absorvível no intestino, mas as enzimas hidrolisam as cadeias de amido em moléculas menores tais como a maltose e a glucose, podendo desta maneira ser absorvidas. Diferentes enzimas atuam sobre diferentes tipos de alimento. Nos ruminantes, que possuem uma dieta herbívora, bactérias no sistema digestivo produzem uma enzima denominada celulase que quebra as paredes celulares das células vegetais. As enzimas podem trabalhar em conjunto, seguindo uma ordem de atuação específica. Desta maneira podem formar vias metabólicas. Nestas vias, uma enzima processa o produto da ação de outra enzima como o seu substrato. Após a reação catalítica, o produto é depois entregue a outra enzima. Por vezes, mais do que uma enzima pode catalisar a mesma reação, em paralelo. Isto permite uma regulação mais complexa: As enzimas determinam que passos é que ocorrem nessa vias metabólicas. Sem a presença de enzimas, o metabolismo não progride através dos mesmo passos, nem é suficientemente rápido para que sirva as necessidades da célula. De fato, uma via metabólica tão importante como a glicólise não poderia existir sem a presença de enzimas. A glucose, por exemplo, pode reagir diretamente com o ATP para dar origem a um produto fosforilado em um ou mais carbonos. Na ausência de enzimas, este processo é tão lento que se torna insignificante. No entanto, se a enzima hexocinase for adicionada, estas reação lentas continuam a ser efetuadas, mas a fosforilação do carbono número 6 ocorre de maneira tão rápida que, se a mistura for testada pouco tempo depois, a glicose-6-fosfato o único produto significativo. Conseqüentemente, pode-se dizer que a rede de vias metabólicas existentes dentro de cada célula depende do conjunto de enzimas funcionais que estão presentes. Controlo da atividade A atividade enzimática na célula é controlada de cinco principais modos: A produção da enzima (transcrição e tradução dos genes que codificam a enzima) pode ser aumentada ou diminuída pela célula em resposta a mudanças no ambiente celular. Esta forma de regulação genética é designada como indução ou inibição da expressão enzimática. Por exemplo, as bactérias podem desenvolver resistência a antibióticos como a penicilina porque são induzidas enzimas (β-lactamases) que hidrolisam o anel beta- lactâmico presente na estrutura do antibiótico e essencial para a sua atividade biológica. Outro exemplo é a importância das enzimas hepáticas citocromo P450 oxidases, envolvidas no metabolismo de desintoxicação de xenobióticos. 28 As enzimas podem encontrar-se compartimentadas, com diferentes vias metabólicas (ou partes de vias metabólicas) ocorrendo em diferentes compartimentos celulares. Por exemplo, os ácidos gordos são sintetizados por um conjunto de enzimas no citoplasma, no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi e usados por um conjunto diferente de enzimas como fonte de energia na mitocôndria, através da β-oxidação. As enzimas podem ser reguladas por inibidores e ativadores. Por exemplo, os produtos finais de uma dada via metabólica são freqüentemente inibidores das enzimas que catalisam os primeiros passos da via (normalmente o primeiro passo factualmente irreversível), regulando assim a quantidade de produto final produzido pela via. Este tipo de regulação é denominado mecanismo de feedback (ou autoalimentação) negativo porque a quantidade de produto final é regulada pela sua própria concentração. Na prática, o feedback negativo ajusta a velocidade de síntese de metabólitos intermediários da via de acordo com a necessidade da célula. Este mecanismo ajuda na distribuição econômica e eficiente de compostos, evitando a produção excessiva de produtos finais. Tal como outros mecanismos homeostáticos, o controlo da atividade enzimática ajuda na manutenção de um ambiente interno estável em organismos vivos. As enzimas podem ser reguladas através da sua modificação pós-traducional. Este tipo de modificação inclui a fosforilação, a miristoilação e a glicosilação. Por exemplo, a fosforilação de diversas enzimas, como a glicogénio sintase, em resposta a um sinal da insulina, ajuda no controlo da síntese ou degradação do glicogênio e permite a resposta celular a variações da glicemia. Outro exemplo é a quebra da cadeia polipeptídica da quimotripsina, uma protease digestiva que é produzida numa forma inativa (quimotripsinogénio) no pâncreas e transportada então para o estômago, onde é ativada. Este mecanismo evita a digestão de tecidos pancreáticos (ou outros) pela quimotripsina antes de entrar no trato digestivo. Este tipo de precursor inativo de uma enzima é denominado zimogênio. Algumas enzimas tornam-se ativas quando são colocadas num ambiente diferente (por exemplo, de um ambiente citoplasmático redutor para um ambiente periplasmático oxidativo). Um exemplo encontra-se na hemaglutinina dos vírus Influenza (vírus da gripe), que sofre uma mudança conformacional quando encontra o ambiente acídico de vesículas da célula hospedeira, provocando a sua ativação[56]. Envolvimento em doenças 29 Fenilalanina hidroxilase. PDB 1KW0 Uma vez que controlo da atividade enzimática é essencial para a homeostase, qualquer alteração em genes que codifiquem enzimas (mutações ou deleções) poderá ter como efeito o aparecimento de doenças genéticas. A importância das enzimas é demonstrada pelo fato de que uma doença letal pode ser causada pelo mau funcionamento de um único tipo de enzima entre as milhares que estão presentes no corpo humano. Um exemplo disso é que o acontece com o tipo mais comum de fenilcetonúria. Uma mutação num único aminoácido da enzima fenilalanina hidroxilase, que catalisa o primeiro passo na degradação da fenilalanina, resulta na acumulação da fenilalanina e dos produtosassociados. Isto pode causar atraso mental se a doença não for tratada.[57] Outro exemplo acontece quando mutações em genes que codificam enzimas envolvidas no reparo de DNA causam síndromes de cancro hereditário, tal com a xerodermia pigmentosa. Defeitos nestas enzimas podem causar cancro, visto que o corpo fica com uma habilidade menor para reparar mutações no genoma. Isto causa uma lenta acumulação de mutações e resulta no desenvolvimento de muitos tipos de cancro no paciente. Nomenclatura A determinação do nome das enzimas é normatizada por um comitê especializado, o Nomenclature Committee of the International Union of Biochemistry and Molecular Biology (NC-IUBMB). Classes de enzimas Classe 1 Oxirredutases Catalisam reações de oxirredução, transferindo elétrons, hidretos (H-) ou prótons (H+). Classe 2 Transferases Transferem grupos químicos entre moléculas. 30 Classe 3 Hidrolases Utilizam a água como receptor de grupos funcionais de outras moléculas. Classe 4 Liases Formam ou destroem ligações duplas, respectivamente retirando ou adicionando grupos funcionais. Classe 5 Isomerases Transformam uma molécula num seu isômero. Classe 6 Ligases Formam ligações químicas por reações de condensação, consumindo energia sob a forma de ATP. A partir destas categorias principais, as enzimas ainda são subdivididas em outras categorias, podendo ser identificadas pelo seu número da EC; por exemplo, EC 5.4.2.2 é a fosfoglicomutase. Aplicações Enzimas digestivas tais como a amilase, protease e lipase, reduzem os alimentos em componentes menores que são mais facilmente absorvidos no trato digestivo. As enzimas contribuem enormemente para inúmeras indústrias. Enzimas de processamento alimentar tais como a glucoamilase podem reduzir o alimento em glicose. Uma aplicação industrial é a produção de antibióticos em larga escala. Encontram-se também determinados tipos de enzimas em produtos de limpeza, para ajudar a digerir gorduras e proteínas presentes em nódoas. Também são usadas em investigação laboratorial e na medição de concentrações de substâncias com interesse clínico (Patologia Clínica, análises clínicas). Enzimas como marcadores biológicos: Para o diagnóstico de muitas doenças, utiliza-se a pesquisa de enzimas no sangue, como um marcador de lesão em determinados tecidos que possuem enzimas específicas. Cardíaco: O diagnóstico precoce do infarto agudo do miocárdio (IAM) tem uma importância crítica 31 para a sobrevivência do paciente. O grau de eficácia da terapia trombolítica depende da maior ou menor precocidade do diagnóstico do IAM. Pelo menos um de cada três IAM não são clinicamente reconhecidos, nem pelo paciente, nem pelo médico devido a dor torácica atípica ou a ausência da mesma. Para modificar esta estatística, uma das maiores preocupações da atualidade nas salas de emergência dos hospitais em todo o mundo é o diagnóstico precoce e preciso dos IAM que não são detectados pelo eletrocardiograma (cerca de 50% segundo a Associação Americana de Cardiologia). Estes dados sugerem a necessidade de dispor de marcadores cardíacos no soro capazes de detectarem cada vez mais precocemente os danos causados no organismo pela necrose das células miocárdicas. Segundo a OMS o IAM deve ser diagnosticado na presença de pelo menos dois dos critérios seguintes: dor torácica do tipo isquêmica, de mais de 20 minutos de duração; evolução típica das variações eletrocardiográficas sugestivas de IAM; elevação ou diminuição das enzimas cardíacas séricas, indicativos de necrose miocárdica. Vários marcadores específicos surgiram nos últimos anos com esta finalidade. Após a lesão cardíaca, substâncias intracelulares passam para a circulação e suas concentrações no sangue dependem do tempo, da extensão, gravidade e caráter agudo das lesões celulares. A atividade enzimática e a concentração das proteínas na corrente sangüínea refletem normalmente um quadro atual. A velocidade (tempo) de aparecimento e de eliminação de cada um dos marcadores cardíacos no sangue é constante e específica, o que proporciona o estudo de suas sensibilidade e especificidade no diagnóstico. Além disso, a avaliação dos marcadores de injúria cardíaca é importante porque promove a confirmação do diagnóstico de IAM, proporciona um início precoce do tratamento adequado com, conseqüente melhora do prognóstico, permite um melhor acompanhamento do processo com redução no tempo de observação e menor tempo de internação (diminuição do custo). É importante salientar que essas análises permitem também a redução de altas com IAM não detectados, ocasionando uma diminuição da morbidade e mortalidade. Para melhor avaliação do estado atual do paciente e diagnóstico mais preciso, faz-se necessário a dosagem de mais de um marcador sérico e em tempos diferentes, dependendo do semi-período de eliminação dos mesmos pelo organismo. O questionamento central é: O que pedir e quando pedir? Dependendo do tempo do início da dor precordial, podemos afirmar que cada marcador tem um ponto ótimo de dosagem e que nem sempre são necessários todos os testes. É importante que o próprio serviço defina um protocolo padronizado a ser seguido, que atenda as necessidades técnicas e econômicas do serviço de saúde em que ele será empregado. Creatina Kinase (CK): É uma enzima citoplasmática e mitocondrial que catalisa a fosforilação reversível da creatinina com formação de ATP. A CK é composta de duas subunidades (M e B) que se combinam em três tipos: MM, MB e BB que são encontradas em maior proporção 32 respectivamente, no músculo esquelético, cardíaco e nos tecidos. Elevações de MM são encontradas nas disfunções tireoideanas e BB nas doenças gastrintestinais, adenomas, carcinomas, doenças vasculares, autoimunes e cirrose. Portanto, a sua elevação não significa necessariamente Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A associação clínica com ECG e outras provas laboratoriais aumenta o seu valor diagnóstico no IAM. A elevação do CK Total ocorre 4 a 8 horas após o início da dor peitoral, tendo o seu pico máximo de 12 a 24 horas, retornando ao normal em 3 a 4 dias. Considerando as limitações da CK total, o CKMB é um marcador mais específico para detecção de lesões no miocárdio, pois 25 a 46% da concentração desta enzima encontram- se no músculo cardíaco e apenas 5% no músculo esquelético. Elevações de CKMB ocorrem de 2 a 6 horas após as manifestações cardíacas, com pico máximo em torno de 24 horas, retornando ao normal dentro de 48 horas. Precocidade de sua detecção e maior especificidade faz com que ela seja o marcador de escolha em relação ao CK Total. CK-MB massa: Enquanto na dosagem de CK-MB é determinada a atividade da enzima, o teste de CK-MB massa detecta sua concentração, independentemente de sua atividade, o que torna o CK- MB massa mais confiável que os testes de CK-MB atividade. Desta maneira, o CK-MB massa apresenta melhor sensibilidade analítica pois detecta enzimas ativas e inativas. A sensibilidade analítica também aumenta, já que pode detectar lesões no miocárdio 1 a 2 horas antes do CK-MB. A menor incidência de resultados falso-positivos ocorre devido ao fato de o teste não sofrer interferência de outras enzimas com atividade semelhante. Na prática laboratorial pode-se encontrar valores de CK-MB maiores que CK total, isso ocorre devido a formas macromoleculares da enzima (macro-CK), que levam a resultados falso-positivos em ensaios de CK-MB. Hepático: TGO (transaminase glutâmico oxaloacética) e TGP (transaminase glutâmico pirúvica) são marcadores de lesão hepática, ou seja, são enzimas que quando alteradas mostram que há lesão das células do fígado, esta lesão pode ser causada por hepatite, remédios e outras causas. GamaGT (gama glutamil transferase) é umaenzima marcadora de colestase, ou seja, um acumulo de bile no sistema hepático, pode ocorre por obstrução das vias biliares devido a um calculo ou mesmo em uma hepatite quando a função do figado fica prejudicada. Diferentemente do TGP, a TGO não é exclusivamente utilizada para a avaliação da integridade dos hepatócitos. A determinação da atividade sérica dessa enzima pode ser útil em hepatopatias, e miopatias. Na hepatite viral, valores 20 ou mais vezes superiores ao normal são quase sempre encontrados na fase aguda. Valores elevados podem ser vistos também na hepatite alcoólica e em necroses hepatocíticas tóxicas ou isquêmicas. Na mononucleose, é comum o encontro de valores elevados de TGO, mas a DHL aumenta mais. Em miopatias a TGO aumenta, além de outras enzimas como a CPK e a DHL. 33 Infartos renais, pulmonares ou de grandes tumores podem causar aumentos de TGO. Em todos esses casos, a DHL também aumenta. Aumentos de TGO podem ainda ser vistos em: mixedema, anemias hemolíticas e choque. Como a enzima está presente em eritrócitos, a ocorrência de hemólise eleva sua atividade no soro Transaminase Glutâmico Pirúvica Interpretação e comentários - O teste é útil na avaliação de hepatopatias. É um teste sensível para lesão hepatocítica e recomendado para rastreamento de hepatites. Aumentos de TGP podem ocasionalmente ser vistos em doenças extra-hepáticas, como miopatias. Outras enzimas, como CPK, DHL, aldolase e TGO, podem definir o estado de miopatia. A TGP é menos sensível que a TGO para avaliação de hepatopatia alcoólica. Gama Glutamiltransferase Interpretação e comentários - A gamaglutamiltransferase (gama-GT) catalisa a transferência do ácido glutâmico de um peptídeo para outro, ligando-o sempre ao grupo gamacarboxílico. Essa enzima parece também facilitar a transferência transmembrana do ácido glutâmico. A determinação da atividade da gama-GT é útil na avaliação das hepatopatias agudas e crônicas, estando a atividade enzimática elevada nos quadros de colestase intra ou extra-hepática. Os níveis de gama-GT também se elevam na doença hepática alcoólica aguda ou crônica e nas neoplasias primárias ou metastáticas. Eventualmente, a dosagem da atividade da gama-GT pode ser utilizada na comprovação do uso de álcool pelo paciente. Nesse caso, é importante afastar outras causas de sua elevação. A determinação da fosfatase alcalina é útil na avaliação e seguimento de hepatopatias, processos colestáticos em geral e no diagnóstico e seguimento de processos ósseos que resultam em aumento da sua atividade. Não se trata de uma enzima única, mas de uma família de isoenzimas, de origens variadas, principalmente hepática e óssea. 34 Visão geral do metabolismo de aminoácidos e proteínas: Os aminoácidos são sólidos a temperatura ambiente sendo solúveis em solução aquosa, ou seja, plasma sanguíneo. 1g/kg/dia quantidade necessária para suprir 1k por dia, ou seja, uma pessoa de 80 kg precisara de 80g de aminoácidos essenciais por dia. No tubo digestório os aminoácidos essenciais são desnaturados pela mudança do pH no estomago e posteriormente hidrolisados por enzimas especificas denominadas peptidases ou proteases (pois quebram as ligações peptídicas que unem os aminoácidos entre si). o Estas enzimas são encontradas nos sucos gástrico, entérico e pancreático. As peptidases podem ser classificadas de acordo com o local onde agem nas proteínas. o Endopeptidases: são aquelas que hidrolisam as ligações peptídicas internas quebrando as proteínas em fragmentos peptídicos cada vês menores. - tripsina - tripepsina - dipepsina o Exopeptidases: são enzimas que agem apenas nas extremidades da molécula protéica, isto é nas ligações peptídicas da adjacência retirando o ultimo aminoácido da extremidade.Dependendo das extremidades em que atuam podem ser classificadas em: - Carboxipeptidases: atuam na extremidade carboxílica. - Aminopeptidases: atuam sobre a extremidade amínica. 35 Tanto endo como exopeptidases agem simultaneamente sobre a proteína e uma vês que a mesma se encontre totalmente hidrolisadas até aminoácidos, estes serão absorvidos e transportados para o fígado. Do fígado parte dos aminoácidos parte deles é lançada novamente na corrente sanguínea outra parte e usado para a síntese de novas proteínas que serão lançadas na corrente sanguínea e distribuída para todos os tecidos do organismo. Síntese protéica: Proteínas com função: estrutural como o colágeno, imunológica por exemplo Igm, enzimática, hormonal como a insulina. Proteólise: É à volta da síntese protéica, pois após as proteínas cumprirem seu papel biológico ou seja suas funções biológicas, são novamente degradadas ate aminoácidos livres. Compostos nitrogenados não protéicos (CNÑP): 36 Bases nitrogenadas: Porfirinas: citocromos, heme e etc... Degradação e excreção de aminoácidos: Após as proteínas cumprirem seu papel biológico, ou seja, suas funções biológicas, são novamente degradadas ate aminoácidos livres. Os aminoácidos livres são armazenados, mas não em grandes quantidades mantendo-se num pool relativamente constante, mas os excedentes são por suas vezes constantemente degradados e excretados na forma de produtos mais simples. O aumento de aminoácidos na dieta aumenta sua degradação e excreção. Durante o processo de degradação o nitrogênio é retirado e convertido em uréia, sua forma mais importante de excreção. O restante da cadeia carbônica é reutilizado para fins energéticos. Estes processos envolvem três etapas: o Transaminação: transferência do grupo amina NH3+ para um cetoacido. o Desaminação: para que o aminoácido seja degradado é necessário que ocorra a eliminação de sal fração amínica. o Ciclo da uréia: a uréia é o principal catabólito dos aminoácidos sendo proveniente da amônia. Cadeia carbônica reaparece para fins energéticos. Balanço nitrogênico (BN): É a diferença entre o nitrogênio ingerido e o excretado, que deve ser igual a zero nos indivíduos adultos normais. BN = N ingerido – N excretado BN = zero normal 37 BN > zero ocorre em crianças em desenvolvimento pelo acumulo de proteínas. BN < zero perda excessiva de proteínas pode ocorrer em: - doenças degenerativas (tumores). - Processos hemorrágicos. - Inanição prolongada. Ciclo da uréia: No ciclo da uréia, a amônia vai ser convertida em uréia, nas mitocôndrias dos hepatócitos. Este ciclo foi descoberto em 1932, por Hans Krebs. A produção de uréia é o destino de grande parte da amônia que enviada ao fígado e ocorre quase sempre nele. Reações O ciclo da uréia consiste em cinco reações - duas dentro da mitocôndria e três no citosol. O ciclo utiliza dois grupos amino, um do NH4+ , e um do aspartato, e um carbono do HCO3- para formar a uréia, que é relativamente atóxica. Essas reações utilizam a energia de quatro ligações de fosfato (3 de ATP, que são hidrolizados a 2 ADP e 1 AMP). A molécula de ornitina é a carregadora desses átomos de carbonos e nitrogênios. Depois de formada a uréia é lançada na corrente sanguínea, de onde vai ser captada pelos rins para depois ser excretada na urina. Regulação A regulação do ciclo da uréia pode ser de forma lenta ou rápida. A regulação lenta acontece em duas situações: com uma dieta de teor de proteína muito alto ou em jejum prolongado. No caso da dieta rica em proteínas, o excesso de aminoácidos são oxidados, dando origem a cetoácidos, e os grupos aminos resultam em um aumento na produção de uréia. No caso do jejum prolongado, a degradação das proteínas dos músculos vão ser intensificadas, já que as cadeiascarbônicas desses aminoácidos vão ser utilizadas na neoglicogênese; e a eliminação dos grupos aminos restantes vai aumentar a excreção de uréia. Portanto nas duas situações vai ocorrer um aumento da síntese de enzimas do ciclo da uréia e carbamoilfosfato sintetase. A regulação rápida, também chamada de alostérica, ocorre quando a carbamoilfosfato sintetase é estimulada por N-acetilglutamato, que é um composto produzido a partir de glutamato e acetil-coa. Esta reação é catalisada pela N-acetilglutamato sintase, que é ativada por arginina (que é um intermediário do ciclo da uréia). Portanto se a produção de uréia não conseguir eliminar toda a amônia produzida pela oxidação de aminoácidos, vai haver o acúmulo de arginina. O seu acúmulo vai provocar um aumento da concentração de N-acetilglutamato. O N-acetilglutamato então vai estimular a carbamoilfosfato sintetase, 38 essa enzima vai fornecer um dos substratos do ciclo da uréia. Assim a arginina vai adequar a velocidade de formação de amônia à sua conversão em uréia. Ciclo da uréia: 39 Estudo dirigido de Bioquímica – B1 1) O que são aminoácidos? 2) Quais são as funções dos aminoácidos? 3) Qual a importância dos grupos R (radical) dos aminoácidos? 4) Fale sobre a classificação dos aminoácidos quanto a ser essencial e não essencial, citando os essenciais. 5) Fale sobre o carbono alfa dos aminoácidos. 6) Fale sobre o destino dos aminoácidos. 7) Fale sobre a fixação do nitrogênio e a fonte primária dos aminoácidos. 8) O que significa carbono quiral? 9) Comente a síntese dos aminoácidos. 10) O que é ligação peptídica? Esquematize. 11) Qual a unidade básica de uma proteína? 12) Descreva estrutura de um ribossomo. 13) Descreva o processo de síntese protéica (tradução e transcrição do DNA) bioquimicamente. 14) De acordo com a tabela anexa nesta apostila dê a seqüência de aminoácidos das fita de DNA: ATTCCGGGCTATACCCGGGATTC 15) Fale sobre a importância da estrutura tridimensional das proteínas, e a importância da precisão da informação genética nesta estrutura. 16) Fale sobre as estruturas: primária, secundária, terciária e quaternária de proteínas. 17) Quais são as funções das proteínas? Fale sucintamente de cada uma. 18) Descreva o processo de digestão das proteínas. 19) O que são enzimas? Qual a importância destas para o sistema biológico? 20) Quais são os fatores que afetam a atividade enzimática? 21) Comente brevemente o histórico dos estudos de enzimas. 22) Explique a especificidade enzimática. 23) Comente o complexo enzima-substrato. 24) O que é regulação alostérica da atividade enzimática? 25) O que são coenzimas e cofatores? Qual a importância destes? 26) Comente sobre inibidores enzimáticos, bem como a sua importância e os tipos de inibição. 27) Fale sobre a nomenclatura de enzimas. 28) Qual a importância para o diagnóstico clínico das enzimas (chamadas marcadores bioquímicos)? Dê exemplos de enzimas e o que indicam no diagnostico. 29) Fale sobre a visão geral do metabolismo de aminoácidos e proteínas. 30) Qual a importância do ciclo da uréia? Em que órgão e compartimento celular ocorre? 31) Fale sobre o balanço nitrogenado, e em quais condições este balanço desloca para positivo ou negativo. 40 Bases Nitrogenadas As bases nitrogenadas são compostos com esqueleto em anel contendo Nitrogênio. Elas podem ser de dois tipos: pirimidicas: derivadas co composto pirimidina e contém apenas um anel hexagonal púricas: derivadas do composto purina e contém dois anéis, um hexagonal e outro pentagonal Quando o DNA está em dupla hélice, as bases estão na forma mais estável quando emparelhadas com a sua base complementar: Adenina (A) com Timina (T) ou Uracila (U), e Citosina (C) com Guanina (G). 41 Bases nitrogenadas: São assim chamadas de bases em virtude de seu caráter alcalino e do nitrogênio que possuem, são derivados de aminoácidos CNÑP. Bases púricas e pirimidicas: o Pirimidicas: citosina, timina, uracila. o Púricas: adenina e guanina. o Nucleosídeos: ocorre quando bases nitrogenadas se ligam a pentoses, bn + pentose. o Nucleotídeos: ocorre quando nucleosídeos se ligam ao fosfato, bn + pentose + fosfato, por exemplo, AMP (adenosina mono-fosfato), ADP (adenosina difosfato), ATP (adenosina tri-fosfato), GTP, UDP e etc... o Origem das bases nitrogenadas: 20% proveniente da dieta e 80% sintetizado no próprio corpo. Na digestão: nucleotídeos provenientes da dieta. 42 As bases púricas e pirimidicas: que são provenientes da dieta são absorvidas e catabolizadas pelas células intestinais (não passando para a corrente sanguínea) sendo então metabolizadas pela flora bacteriana intestinal, desta forma o aproveitamento desta bases nitrogenadas é escasso, por isso deverão estas bases ser sintetizadas endogenamente e a isso denominamos de síntese de novo. o Síntese das bases pirimidicas: Molécula precursora: carbamil-p e aspartato. Enzima marca passo: aspartato transcarbaminase. Regulação: ocorre por feedback onde a concentração dos produtos finais inibem as enzimas marca passo. Degradação das bases pirimidicas: são reações inversas a sua síntese, ocorre principalmente no fígado. 43 A deficiência da enzima pirofosforilase oritidilica, que transforma o acido orotico em UMP, resulta em um aumento deste acido na corrente sanguínea e como conseqüência tem-se o seu aparecimento na urina. - Esta patologia é denominada aciduria orotica que é a excreção anormal de acido orotico na urina. - Seu controle pode ser através da administração de UMP. No catabolismo das bases pirimidicas, ao contrário do que acontece no caso das bases púricas, o anel sofre rotura formando-se CO2 e amoníaco e β-aminoácidos que podem ser catabolisados ou serem parcialmente excretados intactos na urina; no caso da timina o β-aminoácido formado é o β-aminoisobutirato. O amoníaco é transformado em ureia, mas dado o baixo metabolismo dos nucleotídeos relativamente ao dos aminoácidos o seu contributo para esta formação é relativamente pequeno. o Síntese das bases púricas: ocorre principalmente no fígado e intestino com localização citoplasmática celular, a biossíntese tem seu inicio utilizando como suporte uma molécula de ribose fosfato, sobre ela como numa linha de montagem vão se organizando sucessivamente as bases nitrogenadas. o Além de serem utilizadas na síntese de DNA e RNA, as purinas são componentes importantes de várias biomoléculas, como o ATP, GTP, AMPc, NADH, e Coenzima A. Reações de poupança: reações que utilizam bases para a síntese dos nucleotídeos, tais reações economizam energia. Degradação das bases púricas: 44 No homem o produto final do catabolismo das bases púricas é o acido úrico que quando em excesso no sangue (hiperuricemia), se localiza nas articulações formando uratos promovendo a inflamação e dores localizadas a isso se denominam gota úrica. Métodos utilizados para seu tratamento: - Dieta hipoprotéica - Aumento da ingestão de líquidos, aumento da volemia. Uso terapêutico de medicamentos conhecido como o alopurinol, cuja ação é inibir a ação da enzima xantina oxidase, impedindo a formação de acido úrico. Via de salvamento: As bases púricas e pirimídicas são recicladas pela via de salvamento. As purinas livres formados na degradação de nucleotídeos purínicos são em grande parte recuperadas e empregadas novamente na síntese de nucleotídeos. Isto ocorre pela via de recuperação, que são vias bem simples. Uma das vias de salvamento se resume a uma única reação, que é catalisada pela adenosina fosforribosil transferase, onde a adenosina livre reage com o PRPP formando a adenina nucleotídeo correspondente.
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