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Terapias Alternativas ou Complemetares

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Terapias complementares:
uma proposta para atuação do enfermeiro
Kátia Kaori Tsuchiya
Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem.
Maria de Jesus Pereira do Nascimento
Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora.
RESUMORESUMORESUMORESUMORESUMO
Este estudo aborda as terapias complementares, ou naturais, corno um novo campo de ação
para o enfermeiro. Discorre sobre as bases teóricas do paradigma holístico, que dá suporte a
essas terapias, e sobre a importância da introdução de uma disciplina no currículo básico de
enfermagem a respeito dessas práticas naturais do cuidar. Descreve, ainda, algumas da5 terapias
que podem ser usadas na prática profissional do enfermeiro e conclui que, apesar dessas
terapias//estarem ganhando espaço na comunidade, os enfermeiros ainda não têm na sua
formação básica, os fundamentos teórico práticos necessários a essa prática.
Descritores: Enfermagem; Terapias alternativas; Terapias Naturais.
Tsuchiya KK, Nascimento MJP. Terapias complementares: uma proposta para atuação do enfermeiro.
Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42.
37Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42.
INTRODUÇÃO
Fazer uma abordagem sobre as terapias
complementares, também chamadas de naturais ou
alternativas, requer que alguns conceitos básicos sejam,
inicialmente, colocados. Para QUEIROZ (2000), a terapia
alternativa é uma terapêutica que foge da racionalidade do
modelo médico dominante da medicina especializada,
tecnológica e mercantilizada, no momento em que adota
uma postura holística e naturalística diante da saúde e da
doença. A postura holística vem do holismo, palavra que,
segundo TAVARES (1998), se origina do grego holos, que
significa todo, e que propõe uma visão não fragmentada
da realidade, onde sensação, sentimento, razão e intuição
se equilibram e se reforçam. É considerada como uma
atitude diante da realidade, uma forma de ver e
compreender o mundo, um espaço onde é permitido um
intercâmbio dinâmico entre Ciência, Arte, Filosofia e as
Tradições Espirituais; assim, o pensamento holístico permeia
todos os níveis de atuação do indivíduo. Com essa visão, a
cura é buscada, não apenas na eliminação dos sintomas,
mas em um movimento para restabelecer o relacionamento
da pessoa com o todo (universo).
Segundo GERBER (1997), o homem holístico é
composto por mente, corpo e espírito, que é a soma de um
largo espectro de sistemas de energias interativas. Esses
sistemas podem ser afetados por nossas emoções, fatores
nutricionais, fatores estressantes, de natureza puramente
física, como a exaustão por excesso de trabalho ou sono
insuficiente que causam desequilíbrios físicos e emocionais,
podendo a pessoa se tornar vulnerável à doença, entre
outros fatores que podem afetar estes sistemas de energia.
A adoção de modelos mecanicistas e reducionistas na
formação dos profissionais da área da saúde e a ênfase nas
especializações, fizeram com que se perdesse de vista a
totalidade do ser humano. O profissional é levado a crer
que somente os dados objetivos, obtidos através de exames,
têm valor, e quanto mais sofisticados eles forem, melhor;
com essa visão, o profissional esquece de olhar para o paciente
e conseqüentemente perguntar o que ele está sentindo. O
modelo holístico, tende a procurar e recuperar o sentido
dessa totalidade (TAVARES, 1998).
O enfermeiro, também influenciado, fortemente, pelo
modelo biomédico e pela tecnologia, desde a sua formação,
está esquecendo de assumir uma postura coerente com a
natureza humanística da profissão. Para reverter essa
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situação, necessário se faz libertar se dos dogmas da
modernidade, ser flexível na prática, e sobretudo, ter
empatia com as novas e complexas necessidades das pessoas
sob os seus cuidados, Por se preocuparem, não só com o
estado físico do indivíduo, mas com o seu todo, é que se
percebe uma profunda identificação das terapias
complementares, com a visão holística de cuidado ao ser
humano (BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993).
Segundo BRO (1997), essas terapias, incluem o uso dos
florais, a massagem, o reiki , a aromaterapia, a reflexoterapia,
a fitoterapia, o toque terapêutico, dentre outras, que se
caracterizam por intervenções não invasivas, ausência de
efeitos colaterais prejudiciais e por um importante ação
preventiva de desequilíbrio nos níveis físico, mental e
emocional, além de poderem ser usadas concomitan-
temente a outros tratamentos.
O interesse por essas terapias é crescente no mundo
inteiro, e não está limitada a uma determinada classe social,
áreas rurais ou regiões de baixo desenvolvimento. Isso já
está acontecendo nas redes de saúde do município de São
Paulo, onde estão sendo implantadas, aumentando assim,
o campo de ação dos profissionais da área da saúde.
Entretanto, a carência de profissionais capacitados para
utilizá las tem se constituído um obstáculo à sua
implantação e implementação de forma mais ampla.
Atualmente as terapias complementares estão sendo
muito divulgadas, mas ainda são pouco reconhecidas e muito
menos praticadas pelos enfermeiros, talvez por desconhecê
las e aos seus efeitos e, ainda, os seus direitos de praticá las.
Por isso, surgiu o interesse da autora em escrever sobre o
assunto, considerando o respaldo legal que a Resolução
197/97 do COFEN deu à categoria, ao reconhecer as
terapias naturais como atividades a serem desenvolvidas
pelos enfermeiros, desde que se comprove especialização
ou qualificação na área (BRASIL, 2001). Essa prática dá ao
enfermeiro uma outra ótica sobre o processo saúde doença
e, conseqüentemente, favorece um cuidado mais
qualificado e humanizado, indo além da forma convencional
do cuidar, observando o ser humano em suas múltiplas
dimensões física, mental, emocional e espiritual e em
relação ao seu meio ambiente, com uma nova visão do ser
saudável, novas formas de prevenção, de avaliação e cura
da pessoa.
Os objetivos do estudo foram: aprofundar o
conhecimento sobre o tema, o que inclui uma visão do
modelo holístico, e os tipos de terapias que o enfermeiro
pode utilizar no universo de possibilidades de ação que ele
tem; e divulgar para os enfermeiros que atuam em todas
as áreas da saúde, e aos professores e diretores de
instituições de ensino de enfermagem, a importância dessas
terapias dentro das diversas áreas de atuação do
enfermeiro, possibilitando lhe, além de uma nova opção
de trabalho, um leque de alternativas para o cuidar.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado com o suporte de uma
revisão de literatura, a partir da consulta às bases de dados
da BIREME e LILACS, Pelos unitermos Enfermagem,
Terapia alternativa, Holismo, obteve se informações e
acesso a livros e artigos científicos publicados em língua
portuguesa, no Brasil, no período compreendido entre 1990
e 2002.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Bases teóricas do paradigma holístico
Nos séculos XVI e XVII, René Descartes, apaixonado
pela matemática, recomendava que, para se construir a
ciência e a sabedoria da vida, devia se seguir sempre os
imperativos da razão. Surgia, assim, o paradigma cartesiano,
onde a noção de um universo orgânico, vivo e espiritual foi
substituído pela concepção do mundo como se ele fosse
uma máquina; eliminaram todos os valores qualitativos e
concentraram com sucesso, a atenção cientifica na medição
e na análise quantitativa. Essa nova racionalidade científica
rejeitava toda e qualquer forma de conhecimento subjetivo,
e só era considerado científico aquilo que fosse objetivo,
quantificável Posteriormente, o cientista Isaac Newton, com
sua obra Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, muito
contribuiu para o estabelecimento dessa concepção do
universo como máquina, a chamada concepção mecanicista
(BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993 TAVARES, 1998).
A partir de então, nasce o paradigma Newtoniano
Cartesiano, cujas principais características, segundo
TAVARES (1998), são os mecanicismos (concepçãodo
universo como uma máquina, sujeito a leis matemáticas);
o empirismo (apenas o conhecimento a partir de fatos
concretos, passíveis de serem apreendidos pelos sentidos e
por mensuração, teria valor científico); o determinismo (
uma vez conhecendo se as leis que causam os fenômenos
seria possível determinar com precisão a sua evolução); e a
fragmentação ( a decomposição do objeto de estudo em
suas partes componentes).
APRA, citado por TAVARES (1998), opina que os
profissionais foram influenciados pelo reducionismo
cartesiano, levando a uma concepção reducionista da
biologia, onde se negligencia o tratamento do paciente
como uma pessoa total, de modo que não conseguem
entender nem curar muitas doenças com as quais se
defrontam no dia a dia.
De acordo com PATRíCIO, SAUPE (1992), é exatamente
isso o que vem acontecendo com a prática da enfermagem
que, influenciada pelo modelo biomédico , tem suas ações
construídas e centradas no modelo mecanicista e
reducionista do ser humano,
Durante a segunda metade do século XIX, foram
descobertos os fenômenos elétricos e magnéticos, que
envolviam um novo tipo de força, e que não podiam ser
descritos adequadamente pelo modelo mecanicista, e no
século XX, novas descobertas científicas ocorreram, em
especial, a teoria da relatividade, por Albert Einstein, e a
teoria quântica, formulada por uma equipe de físicos, entre
eles o próprio Einstein, responsáveis por uma nova
concepção de mundo, onde o homem não é mais
considerado como uma maquina. Tais mudanças ocorridas
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a partir da física, conduzem a ciência à abordagem do mundo
e do homem como um todo; assim, a saúde passa a ser
considerada como resultante da harmonia entre meio
ambiente, mente e corpo (GERBER, 1997; BARBOSA,
EGRY, QUEIROZ, 1993).
TAVARES (1998) define holismo como uma forma de
abordar a realidade na busca de superar o dualismo, a
fragmentação e o mecanicismo newtoniano cartesiano.
Para a autora, essa visão holística da saúde faz com que se
reconheça o profundo significado da dimensão espiritual
no esquema do universo e mostra que a harmonia que se
busca não pode ser encontrada em medicamentos,
tratamentos ou terapeutas, por melhores que sejam, Essa
harmonia está dentro de cada um, emana de sua essência
divina, do corpo mente, que é a verdadeira matriz invisível da
saúde.
Segundo PATRíCIO (1993), o holismo pode ser
adequado a qualquer situação de saúde doença, hospitalar
ou não, com crianças, adolescentes e adultos, indivíduos
ou grupo, possibilitando encontros com padrões culturais;
pela forma como são delineados nos diversos contextos,
permite ser aplicado em toda a sua abrangência, sem causar
conflitos negativos, BROWN (1997) acrescenta que a
medicina holística visa, não apenas a pessoa como um todo,
mas o contexto ambiental em que ela vive, e que
compreende uma variedade de práticas de cura e de
manutenção da saúde,
As práticas que constituem a medicina holística estão
unificadas sob as seguintes premissas: (1) a saúde é
considerada como a integração do bem estar físico,
emocional, mental, social, e espiritual; (2) o indivíduo deve
assumir a responsabilidade pela sua saúde, (3) os agentes
devem propagar atitudes e hábitos referentes ao bem estar;
(4) os sistemas de saúde devem ser mudados para atacar
as causas comportamentais e ambientais e, para isso, devem
utilizar técnicas naturais (BARBOSA, EGRY, QUEIROZ,
1993).
A concepção de saúde/doença na visão holística
Dr. Edward Bach, médico inglês que viveu entre 1886 e
1936, desenvolveu a noção de que as doenças não são
exatamente provocadas por agentes físicos, como as
bactérias e os vírus, mas são resultantes de desarmonias
cujas origens estão nos conflitos profundos entre os
elementos da personalidade e a nossa verdadeira natureza
espiritual; o medo, o egoísmo, o ódio, o orgulho, a ambição, o
desrespeito às leis da natureza, são, para ele, as doenças reais;
sua presença e persistência é que permitem o
enfraquecimento vital e a desarmonia, abrindo caminho
para as doenças físicas de todos os tipos (PASTORINO, 1992;
BACH, 1997).
É essa fundamentação que leva os terapeutas holísticos
a interrogarem seus pacientes a respeito da sua saúde e
bem estar emocional, em relação a diversos tipos de
tensões que possam os estar afetando em casa, no trabalho
ou em seus relacionamentos, bem como os orientam
quanto a melhores hábitos alimentares, à prática de
exercício, a padrões mais saudáveis de resposta emocional,
e às técnicas de redução do estresse que promovam
relaxamento e que ajudam o indivíduo a descobrir as
verdadeiras causas de seus problemas de saúde, Utilizam,
para tanto, as essências florais, os remédios homeopáticos
e várias outras modalidades de terapias naturais (GERBER,
1997; QUEIROZ, 2000).
Na opinião de KAMINSK1; KATZ (1998); BARBOSA;
EGRY; QUEIROZ (1993), para se obter um bom resultado
desses tratamentos, a pessoa precisa alterar suas condições
energéticas sutis e percepções negativas ou incorretas da
realidade, que a predispõe à doença, e para que qualquer
tratamento possa ter eficácia permanente, a consciência
dela deverá estar empenhada em contribuir para o seu
sucesso e isso se aplica, tanto às abordagens terapêuticas
convencionais, como às naturais.
Para GERBER (1997); NORONHA (1990), é grande o
desenvolvimento tecnológico, especialmente na área da
saúde, que gera avanços para o tratamento de doenças
graves, mas esses avanços ainda não são eficazes no
tratamento das reais causas das doenças; tenta se modificar
seus padrões apenas em nível físico, por meio de
manipulações cirúrgicas e farmacológicas, cujo objetivo é
levar o paciente à ausência de sintomas, da maneira mais
rápida e eficaz sem, no entanto, ir em busca das suas causas,
Além disso, a medicina convencional é considerada mais
agressiva e imediatista, e seus medicamentos causam,
geralmente, maiores efeitos colaterais que os naturais
(fitoterápicos, homeopáticos), os quais, recuperam o
equilíbrio da pessoa, fazendo com que ela própria exerça o
controle sobre a sua doença.
Com isso, é de se supor que a tendência dos
profissionais do futuro será a de ensinar a seus pacientes
que um estado ótimo de saúde só será alcançado, quando
as causas mais profundas das doenças forem tratadas
adequadamente (GERBER, 1997).
Apesar de sua comprovada eficácia, BROWN (1997);
QUEIROZ (2000) alertam que as terapias complementares
não devem ser consideradas como substitutas da medicina
convencional, mas que ambas podem e devem trabalhar
juntas. Sobre o assunto, PATRÍCIO (1993) opina que os
enfermeiros, como profissionais do cuidado, devem prestar
uma assistência diferenciada, mais aperfeiçoada que a
popular, onde o científico e o humanizado caminhem juntos,
Segundo NASCIMENTO e col. (1997), a enfermagem é
uma ciência e uma arte, que se traduz num saber e num fazer,
que tem como suporte um corpo de conhecimento que
contempla as dimensões, empíricas (científicas), estéticas (arte),
ética, e o componente do conhecimento pessoal, objetivando o
cuidado do outro, E, como uma ciência humanística de
natureza holística, como referem NETO; NÓBREGA (1999),
o enfermeiro desenvolve o seu pensar e o seu fazer em prol
da manutenção da saúde das pessoas; envolve a
enfermagem, enquanto profissão voltada à promoção da
saúde, e que presta o cuidado integral à pessoa, visualizando
a em corpo, mente e espírito, e não apenas como um ser
portador de patologias.
Para GERBER (1997); SAVi; SAUPE (1995), isso só
acontece quando o profissional tem uma visão holística,
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não se limitando ao cuidado convencional, nem
negligenciando a visão do paciente como uma pessoa total.
Portanto, com as terapias complementares o enfermeiro
poderá ampliar seu conceito e abrangência nos cuidados
de enfermagem, indo além da forma alopata de cuidar,
As terapias complementares e o currículobásico
de enfermagem
Apesar dos currículos de enfermagem estarem
preparando enfermeiros para atuar, tanto no âmbito
hospitalar, como na comunidade, PATRÍCIO (1993) refere
que são poucos os cursos que incluem visões inovadoras
com relação ao processo saúde enfermidade, não
escapando da abordagem feita pelo modelo biomédico
convencional, adotado desde longa data pela enfermagem
brasileira.
A inclusão de uma disciplina sobre terapias
complementares nos currículos de enfermagem é
defendida por PATRÍCIO; SAUPE (1992), pois mostraria
aos futuros profissionais um outro campo de trabalho,
como terapeuta natural, além de enriquecer o currículo de
enfermagem com novas abordagens sobre a concepção
saúde doença, ao entrar em contato com outros
paradigmas e outras formas de prevenir e curar. Ela teria
como objetivo, propiciar ao aluno conhecimentos sobre os
métodos terapêuticos naturais mais comuns na nossa realidade,
e esses conteúdos seriam desenvolvidos considerando
aspectos históricos, princípios básicos e perspectivas de aplicação
desses métodos na enfermagem.
TAVARES (1998) acredita que o profissional, sem uma
visão holística, terá dificuldades na habilidade para resolver
problemas que surgem no dia a dia, como por exemplo, a
dor, que é reduzida a um sintoma e tratada pela sua negação
com analgésicos, sem que seja buscado, primeiro, o seu
significado, Segundo a autora, isso ocorre por falta de
orientação dos futuros profissionais, na universidade, a qual
deveria dar este suporte e funcionar de maneira exemplar,
pois é um local de suma produção de conhecimento; o
modelo organizacional atual precisa ser modificado para
adaptar se ao novo , e acompanhar a discussão sobre as
mudanças de paradigmas que já são tratadas em todos os
lugares, menos, dentro dos departamentos acadêmicos,
Só assim se terá uma visão de mundo mais íntegra e total,
permeada pelo pensamento holístico em todos os níveis.
As terapias complementares na prática
profissional do enfermeiro
Os florais
Os florais constituem um tipo de terapia que utiliza a
essência das flores para fins curativos, Foram estudados,
inicialmente, pelo Dr. Edward Bach, médico inglês, a partir
da extração artesanal de líquidos sutis de 38 flores silvestres,
conhecidas hoje como os Florais de Bach. A terapia floral
age no plano mais sutil da pessoa, e é indicada para
equilibrar os diversos estados desarmônicos que tenham
suas origens na mente e nos sentimentos dela. Essa terapia
não pretende, de uma forma direta, atingir a cura, mas
permear os níveis mais profundos da consciência do
indivíduo a fim de que, através do autoconhecimento, ela
(a cura) se estabeleça (LARA, SILVA, 200 1; KAMINSKI,
KATZ, 1998; HIRATA, 1993 -GERBER, 1997).
Sobre o assunto, HIRATA (1993) acrescenta que a
terapia floral inclui juízos de valores subjetivos, de modo
que contribui para uma enfermagem mais humanizada,
psico-espiritualizada e holística .
O que caracteriza essa terapia é a sua não agressividade
e a ausência de transtornos secundários. Além disso, STERN
(1998) refere que pesquisas científicas comprovam que o
estado mental e emocional de uma pessoa exerce influências
positivas ou negativas sobre diferentes doenças, desde uma
simples gripe até estados patológicos mais graves.
A massagem
Segundo DOMENICO; WOOD (1998), a palavra
massagem vem do grego e significa amassar; é um grupo
de procedimentos, habitualmente realizados com as mãos,
(a fricção, o amassamento, o deslizamento, o rolamento e
a percussão dos tecidos externos do corpo), e por meio de
diversas técnicas, que objetivam produzir efeitos sobre os
sistemas nervoso, muscular, respiratório, linfático e sobre
o estado geral. Proporciona o alívio do estresse
ocasionando relaxamento, mobilizando várias estruturas
para o alívio da dor e a diminuição do edema, assim como
previne deformidades e promove a independência funcional
de uma pessoa que tem problema específico de saúde.
O poder da massagem se deve, em grande parte, ao
efeito positivo que produz em todo o corpo, melhorando
a resistência geral às doenças, produzindo uma agradável
sensação de bem estar (WORTH, 1997).
A aromaterapia
Para BROWN (1997); LAVERY (1997), a palavra aroma
significa cheiro ou fragrância, e a terapia significa tratamento
para o corpo, mente ou condição social de uma pessoa,
ajudando ou facilitando um processo de mudança e cura.
Para isso, são utilizados óleos essenciais de flores, ervas,
plantas, árvores ou especiarias, onde cada essência tem
propriedades peculiares que atuam sobre o equilíbrio
interior do corpo; os óleos essenciais entram no corpo por
inalação e por absorção, através dos poros da pele, e atuam
de três maneiras: farmacologicamente, fisiologicamente e
psicologicamente,
BROWN (1997) acredita que a aromaterapia é
extremamente eficaz contra o estresse, e problemas
correlatos, nas disfunções musculares, emocionais, questões
femininas como a menopausa, gravidez e menstruação,
nas disfunções digestivas e problemas de pele. Os óleos
essenciais podem ser usados na massagem, no banho, na
inalação de vapor, na vaporização, compressa, creme, loção,
xampu, gargarejos ou nos bochechos.
A aromaterapia pode ser associada à massagem a
massagem aromaterapêutica que, segundo SON (2000), é a
combinação do poder revigorante do toque (massagem)
com as propriedades terapêuticas dos óleos essenciais, que
ajudam a acalmar, relaxar e refrescar a mente e o corpo,
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Para a escolha do óleo, é necessário investigar a saúde do
paciente e o que ele espera receber da massagem, uma vez
que cada mistura de óleo é individual. Massagear o corpo
inteiro com óleos aromáticos alivia a tensão muscular,
aumenta a energia e traz bem estar. Acredita se que a
massagem aumente a quantidade de endorfina circulante
que, associada aos óleos, tem seus efeitos potencializados
pela interrupção da informação aos receptores da dor que
chegam ao cérebro.
O reiki
Segundo ZIEGLER (1997), o reiki é um sistema de cura
natural criado pelo Dr. Mikao Usui. A palavra é composta
por Rei, que significa energia universal , e Ki, que exprime a
energia da força vital que produz a nossa essência; isso
significa colocar em sintonia a energia da pessoa com a
energia universal, Ele trata o corpo, minuciosamente,
utilizando as mãos que, durante o processo, podem
perceber e descobrir a mínima congestão interna, seja física
ou mental, aguda ou crônica, é uma terapia sem remédios,
completamente não invasivas, que age renormalizando o
corpo, Aproxima o indivíduo do seu corpo, da sua mente e
da sua consciência, de modo que um sintoma só terá valor
se relacionado ao ser total, Para a autora, ele atua como
um sistema preventivo, uma vez que estimula o sistema
imunitário do organismo, estabiliza o sistema nervoso
central e periférico, renova a flora intestinal em um período
relativamente breve, renova a pele e os cabelos, e promove
a desintoxicação nos níveis físico e psíquico, ocasionando
bem estar e relaxamento. Sobre os efeitos do reiki, RAMOS
(1995) acrescenta que ele fornece e acelera todos os
processos de cura física ou espiritual da pessoa,
proporcionando lhe total liberdade para decidir como lidar
com a situação; é a expansão da consciência, tendo a cura
como efeito colateral.
A reflexoterapia
A reflexoterapia é a aplicação de pressão, com os dedos,
nas mãos, pés e costas, que estimulam terminações
nervosas relacionadas aos vários sistemas e órgãos do
corpo, proporcionando a cura. Tais pontos são chamados
de pontos (ou áreas) reflexos, e cada um corresponde a
uma parte ou função diferente do corpo. 0 tratamento
resulta na melhora da função corporal, uma vez que, os
nutrientes e o oxigênio são transportados de maneira mais
eficaz ao longo do corpo, e as toxinas eliminadas com maior
facilidade. É indicada tanto para prevenir as doenças,
quanto para encorajar o corpo a se curar,Ela é
particularmente adequada para o tratamento do estresse
e distúrbios correlatados, problemas emocionais,
digestivos, circulatórios e menstruais, insônia, cansaço e
da maioria das doenças crônicas e agudas (BROWN, 1997).
O toque terapêutico
A prática do toque terapêutico baseia se em suposições
nas quais, todas as ciências concordam: que sob o aspecto
físico, um ser humano é um sistema de energia aberto (a
transferência de energia entre pessoas ocorre naturalmente
e de forma contínua); que sob o aspecto anatômico, ele é
bilateralmente simétrico (base racional para se concluir que
existe um padrão no campo de energia humana subjacente,
fundamental na avaliação do estado de energia do paciente);
que a doença é um desequilíbrio do campo de energia do
indivíduo (o terapeuta dirige e modula esse campo de
energia, usando o sentido do tato como telerreceptor);
que os seres humanos têm habilidades naturais para
transformar e transcender suas condições de vida (são pré
requisitos para que ocorra a cura). Nessa modalidade, o
terapeuta age como um sistema de apoio humano, em que
seu próprio campo de energia sadio fornece o andaime
para orientar a repadronização no fluxo de energia
enfraquecido e desintegrado do paciente, estimulando,
assim, o seu sistema imunológico. O toque terapêutico
provoca relaxamento, redução da dor, acelera o processo
de cura e o alívio de doenças psicossomáticas (KRIEGER,
1993).
CONCLUSÃO
Não resta dúvida que os avanços tecnológicos têm
contribuído muito para a recuperação da saúde do
indivíduo, mas a tecnologia também tem seus limites, uma
vez que ela remove os sintomas da doença mas não vai em
busca de suas verdadeiras causas, Isso se deve ao fato de
que a medicina convencional continua apoiada no modelo
mecanicista, onde um dano em uma de suas partes (peças),
não interfere no seu todo (a máquina). Ou seja, o corpo é
visto como uma máquina, a doença é conseqüência de uma
avaria na máquina, e a tarefa do médico é consertá la.
Felizmente, com o paradigma holístico ganhando seu espaço
na comunidade, abre se um novo campo de ação para os
profissionais da área da saúde, especialmente para os
enfermeiros. Estes, ora com o respaldo legal, podem tomar
suas ações mais eficazes ao aliarem os cuidados
convencionais à prática das terapias naturais, em qualquer
área em que estejam atuando. Desse modo, os enfermeiros
estarão, realmente, atendendo às necessidades do ser em
sua totalidade, e respeitando sua individualidade.
Entretanto, faz se necessário que as instituições de
ensino superior de enfermagem, já comprometidas com
uma prestação de cuidados mais humanizados, comecem
a pensar em introduzir no currículo básico de enfermagem,
uma disciplina que aborde a prática dos vários tipos de
terapias complementares ou naturais, e as bases teóricas
que lhes dão suporte.
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