Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Terapias complementares: uma proposta para atuação do enfermeiro Kátia Kaori Tsuchiya Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem. Maria de Jesus Pereira do Nascimento Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora. RESUMORESUMORESUMORESUMORESUMO Este estudo aborda as terapias complementares, ou naturais, corno um novo campo de ação para o enfermeiro. Discorre sobre as bases teóricas do paradigma holístico, que dá suporte a essas terapias, e sobre a importância da introdução de uma disciplina no currículo básico de enfermagem a respeito dessas práticas naturais do cuidar. Descreve, ainda, algumas da5 terapias que podem ser usadas na prática profissional do enfermeiro e conclui que, apesar dessas terapias//estarem ganhando espaço na comunidade, os enfermeiros ainda não têm na sua formação básica, os fundamentos teórico práticos necessários a essa prática. Descritores: Enfermagem; Terapias alternativas; Terapias Naturais. Tsuchiya KK, Nascimento MJP. Terapias complementares: uma proposta para atuação do enfermeiro. Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42. 37Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42. INTRODUÇÃO Fazer uma abordagem sobre as terapias complementares, também chamadas de naturais ou alternativas, requer que alguns conceitos básicos sejam, inicialmente, colocados. Para QUEIROZ (2000), a terapia alternativa é uma terapêutica que foge da racionalidade do modelo médico dominante da medicina especializada, tecnológica e mercantilizada, no momento em que adota uma postura holística e naturalística diante da saúde e da doença. A postura holística vem do holismo, palavra que, segundo TAVARES (1998), se origina do grego holos, que significa todo, e que propõe uma visão não fragmentada da realidade, onde sensação, sentimento, razão e intuição se equilibram e se reforçam. É considerada como uma atitude diante da realidade, uma forma de ver e compreender o mundo, um espaço onde é permitido um intercâmbio dinâmico entre Ciência, Arte, Filosofia e as Tradições Espirituais; assim, o pensamento holístico permeia todos os níveis de atuação do indivíduo. Com essa visão, a cura é buscada, não apenas na eliminação dos sintomas, mas em um movimento para restabelecer o relacionamento da pessoa com o todo (universo). Segundo GERBER (1997), o homem holístico é composto por mente, corpo e espírito, que é a soma de um largo espectro de sistemas de energias interativas. Esses sistemas podem ser afetados por nossas emoções, fatores nutricionais, fatores estressantes, de natureza puramente física, como a exaustão por excesso de trabalho ou sono insuficiente que causam desequilíbrios físicos e emocionais, podendo a pessoa se tornar vulnerável à doença, entre outros fatores que podem afetar estes sistemas de energia. A adoção de modelos mecanicistas e reducionistas na formação dos profissionais da área da saúde e a ênfase nas especializações, fizeram com que se perdesse de vista a totalidade do ser humano. O profissional é levado a crer que somente os dados objetivos, obtidos através de exames, têm valor, e quanto mais sofisticados eles forem, melhor; com essa visão, o profissional esquece de olhar para o paciente e conseqüentemente perguntar o que ele está sentindo. O modelo holístico, tende a procurar e recuperar o sentido dessa totalidade (TAVARES, 1998). O enfermeiro, também influenciado, fortemente, pelo modelo biomédico e pela tecnologia, desde a sua formação, está esquecendo de assumir uma postura coerente com a natureza humanística da profissão. Para reverter essa Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42.38 situação, necessário se faz libertar se dos dogmas da modernidade, ser flexível na prática, e sobretudo, ter empatia com as novas e complexas necessidades das pessoas sob os seus cuidados, Por se preocuparem, não só com o estado físico do indivíduo, mas com o seu todo, é que se percebe uma profunda identificação das terapias complementares, com a visão holística de cuidado ao ser humano (BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993). Segundo BRO (1997), essas terapias, incluem o uso dos florais, a massagem, o reiki , a aromaterapia, a reflexoterapia, a fitoterapia, o toque terapêutico, dentre outras, que se caracterizam por intervenções não invasivas, ausência de efeitos colaterais prejudiciais e por um importante ação preventiva de desequilíbrio nos níveis físico, mental e emocional, além de poderem ser usadas concomitan- temente a outros tratamentos. O interesse por essas terapias é crescente no mundo inteiro, e não está limitada a uma determinada classe social, áreas rurais ou regiões de baixo desenvolvimento. Isso já está acontecendo nas redes de saúde do município de São Paulo, onde estão sendo implantadas, aumentando assim, o campo de ação dos profissionais da área da saúde. Entretanto, a carência de profissionais capacitados para utilizá las tem se constituído um obstáculo à sua implantação e implementação de forma mais ampla. Atualmente as terapias complementares estão sendo muito divulgadas, mas ainda são pouco reconhecidas e muito menos praticadas pelos enfermeiros, talvez por desconhecê las e aos seus efeitos e, ainda, os seus direitos de praticá las. Por isso, surgiu o interesse da autora em escrever sobre o assunto, considerando o respaldo legal que a Resolução 197/97 do COFEN deu à categoria, ao reconhecer as terapias naturais como atividades a serem desenvolvidas pelos enfermeiros, desde que se comprove especialização ou qualificação na área (BRASIL, 2001). Essa prática dá ao enfermeiro uma outra ótica sobre o processo saúde doença e, conseqüentemente, favorece um cuidado mais qualificado e humanizado, indo além da forma convencional do cuidar, observando o ser humano em suas múltiplas dimensões física, mental, emocional e espiritual e em relação ao seu meio ambiente, com uma nova visão do ser saudável, novas formas de prevenção, de avaliação e cura da pessoa. Os objetivos do estudo foram: aprofundar o conhecimento sobre o tema, o que inclui uma visão do modelo holístico, e os tipos de terapias que o enfermeiro pode utilizar no universo de possibilidades de ação que ele tem; e divulgar para os enfermeiros que atuam em todas as áreas da saúde, e aos professores e diretores de instituições de ensino de enfermagem, a importância dessas terapias dentro das diversas áreas de atuação do enfermeiro, possibilitando lhe, além de uma nova opção de trabalho, um leque de alternativas para o cuidar. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado com o suporte de uma revisão de literatura, a partir da consulta às bases de dados da BIREME e LILACS, Pelos unitermos Enfermagem, Terapia alternativa, Holismo, obteve se informações e acesso a livros e artigos científicos publicados em língua portuguesa, no Brasil, no período compreendido entre 1990 e 2002. RESULTADOS E DISCUSSÃO Bases teóricas do paradigma holístico Nos séculos XVI e XVII, René Descartes, apaixonado pela matemática, recomendava que, para se construir a ciência e a sabedoria da vida, devia se seguir sempre os imperativos da razão. Surgia, assim, o paradigma cartesiano, onde a noção de um universo orgânico, vivo e espiritual foi substituído pela concepção do mundo como se ele fosse uma máquina; eliminaram todos os valores qualitativos e concentraram com sucesso, a atenção cientifica na medição e na análise quantitativa. Essa nova racionalidade científica rejeitava toda e qualquer forma de conhecimento subjetivo, e só era considerado científico aquilo que fosse objetivo, quantificável Posteriormente, o cientista Isaac Newton, com sua obra Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, muito contribuiu para o estabelecimento dessa concepção do universo como máquina, a chamada concepção mecanicista (BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993 TAVARES, 1998). A partir de então, nasce o paradigma Newtoniano Cartesiano, cujas principais características, segundo TAVARES (1998), são os mecanicismos (concepçãodo universo como uma máquina, sujeito a leis matemáticas); o empirismo (apenas o conhecimento a partir de fatos concretos, passíveis de serem apreendidos pelos sentidos e por mensuração, teria valor científico); o determinismo ( uma vez conhecendo se as leis que causam os fenômenos seria possível determinar com precisão a sua evolução); e a fragmentação ( a decomposição do objeto de estudo em suas partes componentes). APRA, citado por TAVARES (1998), opina que os profissionais foram influenciados pelo reducionismo cartesiano, levando a uma concepção reducionista da biologia, onde se negligencia o tratamento do paciente como uma pessoa total, de modo que não conseguem entender nem curar muitas doenças com as quais se defrontam no dia a dia. De acordo com PATRíCIO, SAUPE (1992), é exatamente isso o que vem acontecendo com a prática da enfermagem que, influenciada pelo modelo biomédico , tem suas ações construídas e centradas no modelo mecanicista e reducionista do ser humano, Durante a segunda metade do século XIX, foram descobertos os fenômenos elétricos e magnéticos, que envolviam um novo tipo de força, e que não podiam ser descritos adequadamente pelo modelo mecanicista, e no século XX, novas descobertas científicas ocorreram, em especial, a teoria da relatividade, por Albert Einstein, e a teoria quântica, formulada por uma equipe de físicos, entre eles o próprio Einstein, responsáveis por uma nova concepção de mundo, onde o homem não é mais considerado como uma maquina. Tais mudanças ocorridas 39Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42. a partir da física, conduzem a ciência à abordagem do mundo e do homem como um todo; assim, a saúde passa a ser considerada como resultante da harmonia entre meio ambiente, mente e corpo (GERBER, 1997; BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993). TAVARES (1998) define holismo como uma forma de abordar a realidade na busca de superar o dualismo, a fragmentação e o mecanicismo newtoniano cartesiano. Para a autora, essa visão holística da saúde faz com que se reconheça o profundo significado da dimensão espiritual no esquema do universo e mostra que a harmonia que se busca não pode ser encontrada em medicamentos, tratamentos ou terapeutas, por melhores que sejam, Essa harmonia está dentro de cada um, emana de sua essência divina, do corpo mente, que é a verdadeira matriz invisível da saúde. Segundo PATRíCIO (1993), o holismo pode ser adequado a qualquer situação de saúde doença, hospitalar ou não, com crianças, adolescentes e adultos, indivíduos ou grupo, possibilitando encontros com padrões culturais; pela forma como são delineados nos diversos contextos, permite ser aplicado em toda a sua abrangência, sem causar conflitos negativos, BROWN (1997) acrescenta que a medicina holística visa, não apenas a pessoa como um todo, mas o contexto ambiental em que ela vive, e que compreende uma variedade de práticas de cura e de manutenção da saúde, As práticas que constituem a medicina holística estão unificadas sob as seguintes premissas: (1) a saúde é considerada como a integração do bem estar físico, emocional, mental, social, e espiritual; (2) o indivíduo deve assumir a responsabilidade pela sua saúde, (3) os agentes devem propagar atitudes e hábitos referentes ao bem estar; (4) os sistemas de saúde devem ser mudados para atacar as causas comportamentais e ambientais e, para isso, devem utilizar técnicas naturais (BARBOSA, EGRY, QUEIROZ, 1993). A concepção de saúde/doença na visão holística Dr. Edward Bach, médico inglês que viveu entre 1886 e 1936, desenvolveu a noção de que as doenças não são exatamente provocadas por agentes físicos, como as bactérias e os vírus, mas são resultantes de desarmonias cujas origens estão nos conflitos profundos entre os elementos da personalidade e a nossa verdadeira natureza espiritual; o medo, o egoísmo, o ódio, o orgulho, a ambição, o desrespeito às leis da natureza, são, para ele, as doenças reais; sua presença e persistência é que permitem o enfraquecimento vital e a desarmonia, abrindo caminho para as doenças físicas de todos os tipos (PASTORINO, 1992; BACH, 1997). É essa fundamentação que leva os terapeutas holísticos a interrogarem seus pacientes a respeito da sua saúde e bem estar emocional, em relação a diversos tipos de tensões que possam os estar afetando em casa, no trabalho ou em seus relacionamentos, bem como os orientam quanto a melhores hábitos alimentares, à prática de exercício, a padrões mais saudáveis de resposta emocional, e às técnicas de redução do estresse que promovam relaxamento e que ajudam o indivíduo a descobrir as verdadeiras causas de seus problemas de saúde, Utilizam, para tanto, as essências florais, os remédios homeopáticos e várias outras modalidades de terapias naturais (GERBER, 1997; QUEIROZ, 2000). Na opinião de KAMINSK1; KATZ (1998); BARBOSA; EGRY; QUEIROZ (1993), para se obter um bom resultado desses tratamentos, a pessoa precisa alterar suas condições energéticas sutis e percepções negativas ou incorretas da realidade, que a predispõe à doença, e para que qualquer tratamento possa ter eficácia permanente, a consciência dela deverá estar empenhada em contribuir para o seu sucesso e isso se aplica, tanto às abordagens terapêuticas convencionais, como às naturais. Para GERBER (1997); NORONHA (1990), é grande o desenvolvimento tecnológico, especialmente na área da saúde, que gera avanços para o tratamento de doenças graves, mas esses avanços ainda não são eficazes no tratamento das reais causas das doenças; tenta se modificar seus padrões apenas em nível físico, por meio de manipulações cirúrgicas e farmacológicas, cujo objetivo é levar o paciente à ausência de sintomas, da maneira mais rápida e eficaz sem, no entanto, ir em busca das suas causas, Além disso, a medicina convencional é considerada mais agressiva e imediatista, e seus medicamentos causam, geralmente, maiores efeitos colaterais que os naturais (fitoterápicos, homeopáticos), os quais, recuperam o equilíbrio da pessoa, fazendo com que ela própria exerça o controle sobre a sua doença. Com isso, é de se supor que a tendência dos profissionais do futuro será a de ensinar a seus pacientes que um estado ótimo de saúde só será alcançado, quando as causas mais profundas das doenças forem tratadas adequadamente (GERBER, 1997). Apesar de sua comprovada eficácia, BROWN (1997); QUEIROZ (2000) alertam que as terapias complementares não devem ser consideradas como substitutas da medicina convencional, mas que ambas podem e devem trabalhar juntas. Sobre o assunto, PATRÍCIO (1993) opina que os enfermeiros, como profissionais do cuidado, devem prestar uma assistência diferenciada, mais aperfeiçoada que a popular, onde o científico e o humanizado caminhem juntos, Segundo NASCIMENTO e col. (1997), a enfermagem é uma ciência e uma arte, que se traduz num saber e num fazer, que tem como suporte um corpo de conhecimento que contempla as dimensões, empíricas (científicas), estéticas (arte), ética, e o componente do conhecimento pessoal, objetivando o cuidado do outro, E, como uma ciência humanística de natureza holística, como referem NETO; NÓBREGA (1999), o enfermeiro desenvolve o seu pensar e o seu fazer em prol da manutenção da saúde das pessoas; envolve a enfermagem, enquanto profissão voltada à promoção da saúde, e que presta o cuidado integral à pessoa, visualizando a em corpo, mente e espírito, e não apenas como um ser portador de patologias. Para GERBER (1997); SAVi; SAUPE (1995), isso só acontece quando o profissional tem uma visão holística, Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42.40 não se limitando ao cuidado convencional, nem negligenciando a visão do paciente como uma pessoa total. Portanto, com as terapias complementares o enfermeiro poderá ampliar seu conceito e abrangência nos cuidados de enfermagem, indo além da forma alopata de cuidar, As terapias complementares e o currículobásico de enfermagem Apesar dos currículos de enfermagem estarem preparando enfermeiros para atuar, tanto no âmbito hospitalar, como na comunidade, PATRÍCIO (1993) refere que são poucos os cursos que incluem visões inovadoras com relação ao processo saúde enfermidade, não escapando da abordagem feita pelo modelo biomédico convencional, adotado desde longa data pela enfermagem brasileira. A inclusão de uma disciplina sobre terapias complementares nos currículos de enfermagem é defendida por PATRÍCIO; SAUPE (1992), pois mostraria aos futuros profissionais um outro campo de trabalho, como terapeuta natural, além de enriquecer o currículo de enfermagem com novas abordagens sobre a concepção saúde doença, ao entrar em contato com outros paradigmas e outras formas de prevenir e curar. Ela teria como objetivo, propiciar ao aluno conhecimentos sobre os métodos terapêuticos naturais mais comuns na nossa realidade, e esses conteúdos seriam desenvolvidos considerando aspectos históricos, princípios básicos e perspectivas de aplicação desses métodos na enfermagem. TAVARES (1998) acredita que o profissional, sem uma visão holística, terá dificuldades na habilidade para resolver problemas que surgem no dia a dia, como por exemplo, a dor, que é reduzida a um sintoma e tratada pela sua negação com analgésicos, sem que seja buscado, primeiro, o seu significado, Segundo a autora, isso ocorre por falta de orientação dos futuros profissionais, na universidade, a qual deveria dar este suporte e funcionar de maneira exemplar, pois é um local de suma produção de conhecimento; o modelo organizacional atual precisa ser modificado para adaptar se ao novo , e acompanhar a discussão sobre as mudanças de paradigmas que já são tratadas em todos os lugares, menos, dentro dos departamentos acadêmicos, Só assim se terá uma visão de mundo mais íntegra e total, permeada pelo pensamento holístico em todos os níveis. As terapias complementares na prática profissional do enfermeiro Os florais Os florais constituem um tipo de terapia que utiliza a essência das flores para fins curativos, Foram estudados, inicialmente, pelo Dr. Edward Bach, médico inglês, a partir da extração artesanal de líquidos sutis de 38 flores silvestres, conhecidas hoje como os Florais de Bach. A terapia floral age no plano mais sutil da pessoa, e é indicada para equilibrar os diversos estados desarmônicos que tenham suas origens na mente e nos sentimentos dela. Essa terapia não pretende, de uma forma direta, atingir a cura, mas permear os níveis mais profundos da consciência do indivíduo a fim de que, através do autoconhecimento, ela (a cura) se estabeleça (LARA, SILVA, 200 1; KAMINSKI, KATZ, 1998; HIRATA, 1993 -GERBER, 1997). Sobre o assunto, HIRATA (1993) acrescenta que a terapia floral inclui juízos de valores subjetivos, de modo que contribui para uma enfermagem mais humanizada, psico-espiritualizada e holística . O que caracteriza essa terapia é a sua não agressividade e a ausência de transtornos secundários. Além disso, STERN (1998) refere que pesquisas científicas comprovam que o estado mental e emocional de uma pessoa exerce influências positivas ou negativas sobre diferentes doenças, desde uma simples gripe até estados patológicos mais graves. A massagem Segundo DOMENICO; WOOD (1998), a palavra massagem vem do grego e significa amassar; é um grupo de procedimentos, habitualmente realizados com as mãos, (a fricção, o amassamento, o deslizamento, o rolamento e a percussão dos tecidos externos do corpo), e por meio de diversas técnicas, que objetivam produzir efeitos sobre os sistemas nervoso, muscular, respiratório, linfático e sobre o estado geral. Proporciona o alívio do estresse ocasionando relaxamento, mobilizando várias estruturas para o alívio da dor e a diminuição do edema, assim como previne deformidades e promove a independência funcional de uma pessoa que tem problema específico de saúde. O poder da massagem se deve, em grande parte, ao efeito positivo que produz em todo o corpo, melhorando a resistência geral às doenças, produzindo uma agradável sensação de bem estar (WORTH, 1997). A aromaterapia Para BROWN (1997); LAVERY (1997), a palavra aroma significa cheiro ou fragrância, e a terapia significa tratamento para o corpo, mente ou condição social de uma pessoa, ajudando ou facilitando um processo de mudança e cura. Para isso, são utilizados óleos essenciais de flores, ervas, plantas, árvores ou especiarias, onde cada essência tem propriedades peculiares que atuam sobre o equilíbrio interior do corpo; os óleos essenciais entram no corpo por inalação e por absorção, através dos poros da pele, e atuam de três maneiras: farmacologicamente, fisiologicamente e psicologicamente, BROWN (1997) acredita que a aromaterapia é extremamente eficaz contra o estresse, e problemas correlatos, nas disfunções musculares, emocionais, questões femininas como a menopausa, gravidez e menstruação, nas disfunções digestivas e problemas de pele. Os óleos essenciais podem ser usados na massagem, no banho, na inalação de vapor, na vaporização, compressa, creme, loção, xampu, gargarejos ou nos bochechos. A aromaterapia pode ser associada à massagem a massagem aromaterapêutica que, segundo SON (2000), é a combinação do poder revigorante do toque (massagem) com as propriedades terapêuticas dos óleos essenciais, que ajudam a acalmar, relaxar e refrescar a mente e o corpo, 41Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42. Para a escolha do óleo, é necessário investigar a saúde do paciente e o que ele espera receber da massagem, uma vez que cada mistura de óleo é individual. Massagear o corpo inteiro com óleos aromáticos alivia a tensão muscular, aumenta a energia e traz bem estar. Acredita se que a massagem aumente a quantidade de endorfina circulante que, associada aos óleos, tem seus efeitos potencializados pela interrupção da informação aos receptores da dor que chegam ao cérebro. O reiki Segundo ZIEGLER (1997), o reiki é um sistema de cura natural criado pelo Dr. Mikao Usui. A palavra é composta por Rei, que significa energia universal , e Ki, que exprime a energia da força vital que produz a nossa essência; isso significa colocar em sintonia a energia da pessoa com a energia universal, Ele trata o corpo, minuciosamente, utilizando as mãos que, durante o processo, podem perceber e descobrir a mínima congestão interna, seja física ou mental, aguda ou crônica, é uma terapia sem remédios, completamente não invasivas, que age renormalizando o corpo, Aproxima o indivíduo do seu corpo, da sua mente e da sua consciência, de modo que um sintoma só terá valor se relacionado ao ser total, Para a autora, ele atua como um sistema preventivo, uma vez que estimula o sistema imunitário do organismo, estabiliza o sistema nervoso central e periférico, renova a flora intestinal em um período relativamente breve, renova a pele e os cabelos, e promove a desintoxicação nos níveis físico e psíquico, ocasionando bem estar e relaxamento. Sobre os efeitos do reiki, RAMOS (1995) acrescenta que ele fornece e acelera todos os processos de cura física ou espiritual da pessoa, proporcionando lhe total liberdade para decidir como lidar com a situação; é a expansão da consciência, tendo a cura como efeito colateral. A reflexoterapia A reflexoterapia é a aplicação de pressão, com os dedos, nas mãos, pés e costas, que estimulam terminações nervosas relacionadas aos vários sistemas e órgãos do corpo, proporcionando a cura. Tais pontos são chamados de pontos (ou áreas) reflexos, e cada um corresponde a uma parte ou função diferente do corpo. 0 tratamento resulta na melhora da função corporal, uma vez que, os nutrientes e o oxigênio são transportados de maneira mais eficaz ao longo do corpo, e as toxinas eliminadas com maior facilidade. É indicada tanto para prevenir as doenças, quanto para encorajar o corpo a se curar,Ela é particularmente adequada para o tratamento do estresse e distúrbios correlatados, problemas emocionais, digestivos, circulatórios e menstruais, insônia, cansaço e da maioria das doenças crônicas e agudas (BROWN, 1997). O toque terapêutico A prática do toque terapêutico baseia se em suposições nas quais, todas as ciências concordam: que sob o aspecto físico, um ser humano é um sistema de energia aberto (a transferência de energia entre pessoas ocorre naturalmente e de forma contínua); que sob o aspecto anatômico, ele é bilateralmente simétrico (base racional para se concluir que existe um padrão no campo de energia humana subjacente, fundamental na avaliação do estado de energia do paciente); que a doença é um desequilíbrio do campo de energia do indivíduo (o terapeuta dirige e modula esse campo de energia, usando o sentido do tato como telerreceptor); que os seres humanos têm habilidades naturais para transformar e transcender suas condições de vida (são pré requisitos para que ocorra a cura). Nessa modalidade, o terapeuta age como um sistema de apoio humano, em que seu próprio campo de energia sadio fornece o andaime para orientar a repadronização no fluxo de energia enfraquecido e desintegrado do paciente, estimulando, assim, o seu sistema imunológico. O toque terapêutico provoca relaxamento, redução da dor, acelera o processo de cura e o alívio de doenças psicossomáticas (KRIEGER, 1993). CONCLUSÃO Não resta dúvida que os avanços tecnológicos têm contribuído muito para a recuperação da saúde do indivíduo, mas a tecnologia também tem seus limites, uma vez que ela remove os sintomas da doença mas não vai em busca de suas verdadeiras causas, Isso se deve ao fato de que a medicina convencional continua apoiada no modelo mecanicista, onde um dano em uma de suas partes (peças), não interfere no seu todo (a máquina). Ou seja, o corpo é visto como uma máquina, a doença é conseqüência de uma avaria na máquina, e a tarefa do médico é consertá la. Felizmente, com o paradigma holístico ganhando seu espaço na comunidade, abre se um novo campo de ação para os profissionais da área da saúde, especialmente para os enfermeiros. Estes, ora com o respaldo legal, podem tomar suas ações mais eficazes ao aliarem os cuidados convencionais à prática das terapias naturais, em qualquer área em que estejam atuando. Desse modo, os enfermeiros estarão, realmente, atendendo às necessidades do ser em sua totalidade, e respeitando sua individualidade. Entretanto, faz se necessário que as instituições de ensino superior de enfermagem, já comprometidas com uma prestação de cuidados mais humanizados, comecem a pensar em introduzir no currículo básico de enfermagem, uma disciplina que aborde a prática dos vários tipos de terapias complementares ou naturais, e as bases teóricas que lhes dão suporte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACH, E. Cura te a ti mesmo: uma explicação sobre a causa real e a cura das doenças. In: Os remédios florais do Dr. Bach. 16 ed, São Paulo: Pensamento, 1997, p, 09 67. BARBOSA, M. A, EGRY, E. Y, QUEIROZ, V. M. Reflexões sobre a mudança de paradigmas e a adoção das terapias alternativas no Brasil no século XX. Texto Contexto Enferm, v. 2, n. 2, p, 33-44, jul./dez, 1993. BRASIL, Conselho Federal de Enfermagem, Resolução 197/ Rev Enferm UNISA 2002; 3: 37-42.42 97, Estabelece e reconhece as Terapias Alternativas como especialidade e / ou qualificação do profissional de enfermagem. In: COREN-SP. Documentos básicos de enfermagem. São Paulo: Escrituras, 2001. p. 159-60. BRO, E. Sementes do saber medicina alternativa: guia prático. São Paulo: Callis, 1997. DOMENICO, G. WOOD, E.C. Técnicas de massagem de Beard. 4a. ed. São Paulo: Manole, 1998. GERBER, R, Cura holístíca e mudança de modelo: o surgimento da medicina para a nova era. In: Medicina vibracional: uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 1997.p. 341- 83. GERBER, R. A evolução pessoal e planetária: a cura vibracional e suas implicações para uma humanidade em evolução. In: Medicina vibracional: uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 385-413. HIRATA, M. C, Florais de Bach: uma abordagem na enfermagem segundo Martha Rogers. Rev Baiana Enfermagem, v. 6, n. 1, p. 28-46, abr, 1993. HUDSON, C. M. Aromaterapia & massagem. São Paulo: Vitória Régia, 2000. KAMINSKI, P,; KATZ, R. Repertório das essências florais: um guia abrangente das essências florais norte americanas e inglesas, para o bem estar emocional e espiritual. São Paulo: Triom, 1998. KRIEGER, D. O toque terapêutico: Versão moderna da antiga técnica de imposição das mãos. São Paulo: Cultrix, 1993. LARA, S. R, SILVA, A. N. Práticas alternativas: a terapia floral como facilitadora no equilíbrio fisico e mental dos trabalhadores de saúde em ambulatório hospitalar. Rev. Nursing, p. 24- 9, abr, 2001. LAVERY, S. Aromaterapia: guia prático. São Paulo: Callís, 1997. NASCIMENTO, E. M. F.; RINCÓN, L. A. A,; GUTIÉRREZ, M. G. R,; SOUZA, M. F. O corpo de conhecimento da enfermagem e o paradigma holístico: uma aproximação possível. Acta Paul. Enferm, v. 10, n. 1, p. 7-18, 1997. NETO, D. L, NOBREGA, M. M. L. Holismo nos modelos teóricos de enfermagem, Rev. Bras. Enferm, v. 52, n. 2, p. 233-242, abr./jun, 1999. NORONHA, M. O sucesso das medicinas paralelas. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 19, n. 2, p. 143-147, abr/jun, 1990. PASTORINO, M. I. A medicina floral de Edward Bach. São Paulo: Clube de Estudio, 1992. PATRICIO, Z. O processo de trabalho da enfermagem frente às novas concepções de saúde: repensando o cuidado / propondo o cuidado (holístico). Texto Contexto Enferm, v. 2, n. 1, p.76-81, jan./jun, 1993, PATRÍCIO, Z, SAUPE, R. Repensando paradigmas de saúde: ensinando e aprendendo terapêuticas alternativas para ser saudável. Texto Contexto Enferm, v. 1, n. 2, p. 142-151, jul,/ dez, 1992. QUEIROZ, M.C.S.O. O itinerário rumo às medicinas alternativas: uma análise em representações sociais de profissionais da saúde. Cad. Saúde Pública, v. 16, n. 2, p. 363-375, abr./jun, 2000. RAMOS, S. S. O sistema USUI de cura natural. São Paulo: Meca, 1995. SAVI, J. L, SAUPE, R, As terapias alternativas na assistência de enfermagem. Rev. Bras. Enferm, v. 48, n. 4, p. 323-328, out./dez, 1995, STERN, C. Tudo o que você precisa saber sobre os remédios florais de Bach. São Paulo: Pensamento, 1998. TAVARES, C. Iniciação à visão holística. 4a. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. ZIEGLER, B. Reiki : a energia vital. Blumenau: Eko, 1997. WORTH, Y. Massagem: guia prático. São Paulo: Callis, 1997.
Compartilhar