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VERA LUCIA MESSIAS FIALHO CAPELLINI OLGA MARIA PIAZENTIN ROLIM RODRIGUES Organizadoras VIVÊNCIAS DO CURSO DE PRATICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA MODALIDADE EAD: RELATOS DOS CURSISTAS UNESP/FC BAURU 2012 @ 2012 - Faculdade de Ciências. Bauru/UNESP – ISBN 978-85-99703-66-3 www.fc.unesp.br Av . Eng. Luiz Edmundo C. Coube, 14 -01 17033-360 - Bauru-SP-Brasil Telef. (14) 3103 6000 Permitido a reprodução desde que citada a fonte UNESP – Universidade Estadual Paulista Vice-reitor no exercício da Reitoria – Prof. Dr. Julio Cezar Durigan Campus de Bauru Faculdade de Ciências – FC Diretor: Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda Vice Diretor: Profª Adj. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem Coordenadora: Profª. Drª. Tânia Gracy Martins do Valle Vice-Coordenadora: Profª Drª Ana Cláudia Bortolozzi Maia Curso de Aperfeiçoamento em “Práticas Educacionais Inclusivas na área de Deficiência Intelectual” na modalidade EaD Coordenadora: Vera Lucia Messias Fialho Capellini Revisora de Língua Portuguesa Vera Lucia Spezi Pereira Design gráfico Ana Laura Rolim Rodrigues Editoração e Normalização Técnica Glória Georges Feres Dados para catalogação 371.9 Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade EaD: relatos dos cursistas. / Vera Lucia Messias Fialho Capellini e Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues, organizadoras.-- Bauru: UNESP/FC, 2012. 237 p. ISBN 978-85-99703-66-3 1. Práticas educacionais inclusivas. 2. Deficiência intelectual. 3. Relatos de experiências. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Vera Lucia Messias Fialho Capellini 7 PREFÁCIO Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues 13 PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Irení Aparecida Basso 16 DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO PODE SER UMA REALIDADE PARA TODOS Lívia Maria e Silva Galvão 17 MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO Marina Rossi Melo 21 APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Alcides Pereira da Silva Junior 28 PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS Amanda Nolasco de Oliveira Santos 32 PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS Ana Paula Souza Báfica 35 PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Mirian Coelho de Oliveira 38 ENTENDENDO A INCLUSÃO PARA GARANTIR E RESPEITAR OS DIREITOS DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA Josiani Aparecida Julio de Oliveira 43 ERA O QUE FALTAVA: INFORMAÇÃO PARA O EDUCADOR Hélvia Garcia Casadore Alberganti 45 INCLUSÃO: DISCUSSÃO ANTIGA – CONHECIMENTO NOVO Adriana Costa Ferreira 46 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AMPLIANDO HORIZONTES E POSSIBILIDADES Adriana Lemos de Carvalho Soares 48 PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Ana Paula Radó Donnini 51 UM NOVO OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA Andreza Patrícia Balbino Cezário 53 NENHUMA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TÃO GRAVE AO PONTO DE IMPEDI- LO A TER AMIGOS Elaine Marques Santo Urbano 56 TECER UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS Maria Cristina de Andrade Silva 57 INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A CONTRIBUIÇÃO DE VIGOTSKI Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho 61 O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO EM SALA DE AULA Débia Régia Silva Guimarães Borges 65 EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: NOSSO PAPEL COMO EDUCADOR Deize Mara Cecconi 68 A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO AFETANDO NOSSOS HÁBITOS, MODOS DE TRABALHAR E DE APRENDER Leila Paim de Souza 71 MINHA EXPERIÊNCIA COM O CURSO EAD Liliane Mendonça da Silva Nascimento 75 IMPORTÂNCIA DO CURSO E SEGURANÇA PROFISSIONAL Eliane de Almeida de Souza Valadão 80 APRENDER E APAIXONAR-SE FAZ TODA DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Ivone Maria de Moura 84 MUDANÇA NA FUNÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: UMA REFLEXÃO Mariza Conceição Viana 88 O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Claudete Beatris Romani¹ 92 REFLEXÕES, DÚVIDAS E CERTEZAS Ana Mara Galasso Romera 96 INCLUSÃO: UMA LIÇÃO DE AMOR Michele Vieira Ribeiro Doneda 98 SUPERANDO DESAFIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura 102 APRENDENDO SEMPRE PARA AGIR COERENTEMENTE Vanessa Aparecida Domingues Moreira 105 INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA EM SALA REGULAR Maria Valéria Polla Rodrigues 107 SOMOS TODOS IGUAIS NA DIFERENÇA Cristiane Covolan Luvisotto 110 REFLETINDO SOBRE NOSSA PRÁTICA NA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO Keila Maria Bordignon 114 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA MUDANÇA DA VISÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL PARA SUPRIR UMA CARÊNCIA EDUCACIONAL Kátia Regina Silva Silveira. 117 UMA BOA AVALIAÇÃO COMO SENDO PONTO DE PARTIDA PARA UM PLANEJAMENTO MAIS EFETIVO Ana Paula Souza da Silva Sichetti 120 DESAFIOS Lúcia Helena Rodrigues Soquetti 122 PALAVRA DE ORDEM: ADMINISTRAR E CONFIAR QUE O ALUNO É CAPAZ DE TUDO QUE QUISER Grasieli Zampieri Laudissi 124 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA Liseti Menezes Sottovia 127 INCLUSÃO QUALIDADE DE ENSINO PARA TODOS Jussara Ester da Costa Rossi 130 REFLEXÕES SOBRE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Regina Novaes Silva 134 UMA VISÃO DO CURSO E DA INCLUSÃO FORA DA SALA DE AULA Tereza Maria do Amaral 136 CRESCER E APRENDER SOBRE OS SERES HUMANOS, SUAS SINGULARIDADES E INCAPACIDADES: REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS QUE RESPEITAM A TODOS. Thais Helena Neves de Mello 138 APENAS A INSERÇÃO DAS CRIANÇAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR NÃO PODE–SE CHAMAR DE INCLUSÃO Isabel Cristina Lemos 140 MINHA EXPERIÊNCIA NO EaD Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho 144 A PRÁTICA PEDAGÓGICA COM O DEFICIENTE INTELECTUAL: REFLETINDO SOBRE A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA Ana Paula Gonçalves de Araujo Mortimer 147 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NA SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA INCLUSIVA Rose Lapa 150 PERCURSOS NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTE VIRTUAL Rosalynn Davies Conrado Veiga 154 NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O QUANTO ELA SE FAZ NECESSÁRIA Edvaldo Ribeiro Filho 160 CORAGEM: PRÉ-REQUISITO PARA UMA TRAJETÓRIA DE ACERTOS Elaine Sueli Ferreira dos Santos 161 EAD: UMA FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO. Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa 165 EDUCAÇAO INCLUSIVA: UM TEMA PARA REFLEXÃO NO CURSO EAD Gisele Coito Ermacara 167 RELATO SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA COM PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS Natália Aparecida Perez Toma 170 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ÊNFASE EM EXEMPLIFICAÇÕES, SUGESTÕES DE TRABALHO E TEXTOS DE APOIO. Patrícia Bento de Souza Campos 173 DIFÍCIL SIM! IMPOSSÍVEL NÃO: APRENDI A APRENDER VIVENCIANDO OS ENSINAMENTOS DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS Patrícia Helena Martins 174 RENOVAÇÃO: PRÁTICA ANUAL PARA UMA EDUCAÇÃO QUE ACREDITA NO VALOR DOS ALUNOS Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin 178 ESCOLA INCLUSIVA: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA FLEXIVEL E SAUDÁVEL COM O APOIO DA FAMÍLIA E EDUCADORES Patrícia Aparecida Porto182 TEORIA E PRÁTICA Marcleida Lima Gomes 184 A IMPORTÂNCIA DE UM OLHAR DIFERENCIADO AO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO Luciana Aparecida Camilo Hidalgo 187 PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO DA EDUCAÇÃO PARA TODOS Fabiana Marcuzo de Caíres 192 MINHA EXPERIÊNCIA E GANHOS COM O CURSO EAD Norma Carvalho Pereira 195 EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS Vana Beatriz Soares do Amaral 197 RECONHECER AS DIFERENÇAS É ESSENCIAL NO CAMINHO DA INTEGRAÇÃO Valéria Luiza Marques Campos 203 O QUE QUEREMOS EM NOSSAS SALAS DE AULA? ALUNOS TODOS IGUAIS? QUE SE DESENVOLVAM DE MANEIRA IGUAL? QUE SE COMPORTEM IGUAIS? João Paulo Silva de Oliveira 207 VALORIZANDO A FORMAÇÃO INTEGRAL DOS ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA, ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, DO DIREITO E DA IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE REGULAR DE ENSINO E NA SOCIEDADE Elisangela Maria de Lima Gonçalves 210 COMO IDENTIFICAR O ALUNO DEFICIENTE INTELECTUAL, QUANDO ESSA DEFICIÊNCIA NÃO É VISÍVEL OU QUANDO AINDA NÃO É DIAGNOSTICADA? Mariane Della Coletta Savioli Garzotti 213 PRATICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS - DEFICIÊNCIAS INTELECTUAL: UM OLHAR REFLEXIVO Romanilta Julia da Rocha 216 O PROCESSO DE INCLUSÃO É LENTO E ENVOLVE MUITOS FATORES Vanuza Batista Gomes 219 EXPERIÊNCIAS A PARTIR DE UM CURSO EM AMBIENTE VIRTUAL Cibelle Aparecida Vieira de Oliveira Pereira 224 PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Viviane Lauter Balbé 227 REFERÊNCIAS 229 ÍNDICE DE ESCOLAS 232 ÍNDICE DE AUTORES 235 7 APRESENTAÇÃO O livro Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade EaD: relatos dos cursistas, foi idealizado para constituir em um veículo de disseminação e divulgação das experiências de professores da Educação Básica de escolas públicas (municipal ou estadual) que atuam buscando a construção de escolas mais inclusivas. Esses professores participaram do curso de Aperfeiçoamento em Práticas Educacionais Inclusivas, promovido pela Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Bauru, sob minha coordenação. Contei com o apoio de diversos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, sobretudo, da Professora Olga Maria Rolim Piazentin Rodrigues, numa parceria com o Ministério da Educação, por intermédio em 2007 da Secretaria de Educação Especial, incorporada à nova Secretaria SECADI em 2011, que desenvolve em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil - UAB o Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial, cujo objetivo é formar professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino, por meio da constituição de uma rede nacional de instituições públicas de educação superior que ofertem cursos de formação continuada de professores na modalidade a distância. Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar no relato da professora-cursista quando diz: Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar no relato da professora-cursista quando diz: “Interessante observar que fomos nos construindo enquanto grupo, criando laços, apesar da distância, típica de um curso que a modalidade EaD nos impõe. Não sei se o mesmo ocorreu com outros grupos, com outros tutores e formadores, mas no caso de nossa turma, a turma 38, ficou claro que as participantes, tutora e formadora, apresentaram, desde o início, grande afinidade. O carinho nos emails 8 trocados era palpável, se é que tal coisa possa existir em termos de comunicação virtual.” É grande satisfação e orgulho poder reunir aqui, relatos vindos de terras longínquas. Queremos que nossos leitores participem dessas contribuições que vêm de longe, mas que dizem respeito muito de perto à dignidade do ser humano em toda a face da terra e, portanto, têm a ver de modo imediato com a tarefa educativa. Realçamos com esses Relatos que a tarefa da educação é humana por excelência, esmerando-se, muitas vezes, em seu aspecto científico, porém, sem nunca perder de vista o humano que orienta a prática que devemos, quotidianamente, exercer. A professora-cursista em seu relato abaixo demonstra, claramente, nosso objetivo de oferecer aos leitores desse livro uma variada gama de experiências e de sugestões de aprofundamento na compreensão da educação enquanto prática social. Seu depoimento diz: “No segundo módulo, começamos a ter contato com a especificidade da educação inclusiva, sua trajetória ao longo da história”. Nesse ponto, que sempre se levanta questionamentos sem fim, ficou visível o quanto já progredimos quando falamos em inclusão, educação e sociedade. Em nossos debates, nos maravilhosos bate-papos agendados, percebemos que ainda há muito a se evoluir sim, sempre. Uma das características da humanidade é a constante busca e necessidade de evolução é isso o que nos torna diferentes dos demais animais, o que nos confere a racionalidade como diferencial. Sendo assim, ainda precisamos e iremos sempre precisar evoluir. Porém, quando olhamos para a história dos deficientes, em geral, é fato que grandes e largos passos já foram dados até o presente momento. Do total abandono, em lares especializados, passando pela época em que divertiam o povo sendo usados como bobos da corte, vagando pelas vielas da exclusão, transitando levemente pelo movimento da integração, quando obtiveram um olhar diferenciado, até o momento inclusivo em que vivemos hoje, o trajeto foi longo. Foi tortuoso, dolorido, muitas vezes, exaustivo para os familiares, porém bem sucedido. Nos capítulos dois e três, do módulo dois, discutimos ética e direitos dos deficientes. Foram dois capítulos bem intensos e com discussões bem acaloradas, diria eu. O assunto abordado levantou o tapete de nossas vidas, de nossa sociedade e de nossas escolas, mostrando que, muitas vezes, a lei é deixada de lado sim e todos nós fazemos vista grossa. E o fazer vista grossa sinaliza uma forma de negligência, pois embora, na maioria dos casos, não dependa única e exclusivamente de nós professores, quando nos calamos ao perceber um erro legal, estamos contribuindo para a perpetuação desse erro. “Finalizamos esse momento, percebendo nosso papel político na instituição escola, junto aos nossos alunos da educação especial e da educação regular que estejam incluídos”. 9 Neste livro, vamos encontrar Relatos que abordam questões filosóficas, metodológicas e práticas que nos instigam, nos deixam incomodados e, muitas vezes, numa situação instigante impulsionando o Educador a buscar respostas em cursos de aperfeiçoamento como este, em Relatos e vivências de outros professores, em salas de bate-papo onde nossos cursistas se reuniram, semanalmente, para discutir e trocar experiências que deram certo. O Relato da professora abaixo mostra o quão importante foi para ela a experiência de um curso EaD “E chegamos ao final do curso”[...] Um curso que irá deixar muita saudade. Quando optamos por um curso na modalidadeEaD, invariavelmente, é por falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das atividades, dar prosseguimento parece impossível. Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta. Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. Para cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de engrandecimento profissional. Ser professor... Uma missão! Não somente uma profissão, pois não se exerce tal função nas 8 horas em que se está frente à classe. Quando se é professor, se é... 24 horas por dia, 7 dias por semana. As crianças do mundo parecem estar sob sua responsabilidade, é como me sinto. Ontem, 15 de outubro, dia do professor! Quero dividir um relato... Um relato bobo talvez, mas que me fez encontrar, no dia de ontem, motivos suficientes para acreditar que estou no caminho... Na véspera, 14 de outubro, realizamos a festa do dia das crianças na escola onde leciono pela manhã. Alugamos um pula-pula grande, pois nossos alunos são adolescentes e adultos, é uma escola especial. Um dos meus alunos é cadeirante e assistia a brincadeira dos demais alunos de sua cadeira de rodas. No meio de tantas coisas para fazer, não me dei conta de imediato de sua solidão. Não sei precisar o momento em que bati os olhos nele. Fui até lá e perguntei se ele gostaria de ir no pula- pula. Ele disse que não. Eu insisti, disse que o colocaria lá. Ele disse que sim. Não precisei de ajuda para tirá-lo da cadeira e colocá-lo no brinquedo. E como ele não conseguia sustentar o corpo sentado, coloquei-o deitado mesmo, no centro da cama elástica. Solicitei a outro aluno que pulasse bem devagar ao lado do meu cadeirante. Com o vibrar da cama elástica, seu corpo saltava também. E ele ria, gargalhava alto, como eu nunca havia visto antes. Não fui a única a me emocionar ali. O monitor do brinquedo olhou para mim e disse que nunca havia visto cena tão linda antes. Acabados os 3 minutos que lhe eram de direito, coloquei-o de volta em sua cadeira, e a festa continuou normalmente para todos nós. Ontem à noite recebi uma ligação do aluno em questão. Era para me desejar feliz dia dos mestres, dizer, com sua fala um pouco enrolada, que sou muito importante para ele e que ele me ama. Emoção maior veio depois, quando sua mãe veio ao telefone me falar que o brilho nos olhos de seu filho, ao chegar em casa, relatando que havia pulado na cama elástica e que eu o havia colocado lá, não tinha preço. A cada dia, na educação especial ou regular, vivemos situações de vida com nossos alunos que podem realmente 10 fazer aquele dia valer a pena em nossas vidas. Enquanto professores, munidos de um olhar que talvez nenhum outro profissional tenha, podemos fazer total diferença. E cursos como o que estamos encerrando, contribuem e muito para a aquisição desse olhar. Um olhar não de piedade, de compaixão, de estar fazendo isto ou aquilo porque Deus pregava. Um olhar humano que batalha constantemente pelo humano. Um olhar que vê, que enxerga através e além... Um olhar que não se traduz, um olhar mais que especial!” Observamos, claramente, mediante os Relatos publicados neste livro que o trabalho com a família merece um olhar especial. Que uma das funções da escola para com essas famílias é a acolhida é o prestar esclarecimentos, o orientar. Muitas dessas famílias são de origem bem humilde e desconhecem por completo seus direitos. Percebe-se, aqui, a escola enquanto força política nas vidas dessas pessoas e os professores, tornando-se a ponte que, certamente, ligará essa família a uma forma mais confortável de viver. Esses Relatos também se constituíram em subsídios valiosos para reflexão de muitos paradigmas. Percebemos, nitidamente, quando a professora diz que “O módulo cinco, veio colaborar para a desconstrução de paradigmas. Já no primeiro capítulo a bomba: SEXO! Sim, nossos alunos se interessam por sexo! Não, sinto muito, o deficiente não é uma samambaia! O vídeo abordando o tema, com depoimentos de deficientes intelectuais, foi fabuloso. Algumas colegas mostraram-se receosas, até chocadas. Mas, abrir os olhos para a sexualidade de nossos alunos é imprescindível na construção de um ser humano completo, integral, pleno. E precisamos ter em mente que, se para os pais de crianças ditas normais, lidar com esse assunto é um tabu, imagine para os pais de alunos deficientes. Nas escolas de modo geral ainda não se trabalha com projetos que abordem a sexualidade efetivamente. Ficou a deixa para pensarmos e avaliarmos nosso papel em mais essa empreitada”. Apresentamos, assim, aos nossos leitores diferentes experiências de educadores que se debruçaram e refletiram sobre o processo de ensino e aprendizagem, oferecendo uma variada gama de experiências fundamentais para a compreensão da educação enquanto prática social como relata a professora cursista: “E chegamos ao final do curso... Um curso que irá deixar muita saudade. Quando optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não 11 que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das atividades, dar prosseguimento parece impossível. Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta. Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. “Para cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de engrandecimento profissiona”. Os Relatos foram solicitados aos cursistas de forma colaborativa e estão organizados na sequencia das turmas e dos cursistas que espontaneamente escreveram os relatos. Em nota de rodapé, apresenta-se o nome da escola, a cidade e estado do cursista. Ao final do livro há um índice remissivo organizado por Estado, em seguida pelo nome do município e depois o nome da escola do professor participante do curso, Considera-se essa informação relevante para que se possa avaliar a dimensão e grandiosidade deste tipo de aprendizagem ao longo da vida em formato EaD. Adotou-se também, para efeito didático de apresentação dessa obra, o critério de retirar dos relatos, os agradecimentos especiais e carinhosos direcionados a coordenação, aos formadores e tutores, mas sintam-se todos homenageados. Temos, ainda, a satisfação de finalizar essa apresentação com o poema elaborado pela professora cursista Abadia Suassuna Patativa do Assaré: 12 CORDEL DA PLATAFORMA FREIRE Certo dia na escola Num desses tarde HTPCs A coordenadora disse: — Hoje vou falá proceis Da Plataforma Freire Que dá curso de treis meis Foi um tar de se espremê Virá o zóio e torcê o nariz Porque ninguém sabe direito O que fazê com os aprendiz Que não querem estudáE nem iscuitá o que a gente diz. Na hora nem bola Não prestei muita atenção Mas no dia seguinte Me baixo a inquietação Corri pro computadô E diz a minha inscrição Foram dias de espera Até que a resposta veio Entre tantos escoidos Eu também tava no meio Deu frio na barriga E até um certo receio. Mas depois conheci a Lívia De nossa turma a tutora Minina linda de morrê Parece inté uma dotora Que além de tanto estudo É também fina cantora. Devagá foi ajeitando E a turma 15 ela formô Turma de muié valente Que numa classe faz suadô E pra elas o deficiente É um ser de muito valô. Nesses meses de estudo Aprendemos sobre deficiença Foram muitas as lição Que fala dessas doença Temos muito que aprendê Pra aceitá as diferença. Somos filhos de Deus E todos somo irmão Se existe palavra abençoada Essa palavra é INCLUSÃO Que dá a oportunidade Do deficiente sê cidadão. O trabaio é grande, Duro e dicultoso Porém, muitas veis É por demais prazeroso Você vê minino cego Fazendo trabaio honroso. Oxalá que no Brasil A Educação inclusiva Se torne uma realidade De norte a sul seja viva E se torne a bandeira Dos professô da ativa. É aqui no teleduc Que as coisa acontece Através de muito estudo Que nóis cresce e aparece E cada um pode espaiá O que aqui nos oferece. Tem gente do Rio de Janero, De Duque de Caxias, Bauru De Jundiaí, Cordeirópolis E eu de Monte Azu Que aqui se conheceu E se gosta pra chuchu. Todos dia de bate-papo Só se vê lamentação É a sardade chegando Apertando o coração Pois o curso ta caminhando Para sua finalização. Quero então deixá a todas Um abraço apertado Deixo também o endereço Pra sê sempre lembrado E o que oceis precisá É só fazê o comunicado. Abadia Suassuna Patativa do Assaré Vera Lucia Messias Fialho Capellini Coordenadora do Curso 13 PREFÁCIO IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A proposta do curso Práticas Educacionais Inclusivas envolveu um grande número de professores das cinco regiões do nosso país, compartilhando do mesmo objetivo, buscar conhecimento a cerca do tema inclusão da pessoa com deficiência. Os professores das redes publica: municipais e estaduais, se inscreveram pela Plataforma Paulo Freire (MEC) a fim de terem a oportunidade de formação continuada gratuita e de qualidade, com propósito de conhecer estratégias para trabalhar com a pessoa com deficiência. Nosso grande desafio formar professores destas diferentes regiões, atendendo seus anseios e desejo de novos conhecimentos sobre como promover a inclusão da pessoa com deficiência, e para nossos professores, com papel de cursistas, um outro desafio, utilizar os recursos da tecnologia para sua formação. As tecnologias da informática associadas às telecomunicações veem provocando mudanças radicais na sociedade por conta do processo de digitalização. Uma nova revolução emerge a revolução digital (SANTOS, 2003). E neste cenário digital, o curso foi oferecido para aproximadamente 1.200 profesores/cursistas, com carga horária de 180horas, onde utilizamos um Ambiente Virtual de Aprendizagem, para mediação do formador/tutor com os cursistas. Entende-se por AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem: Ambiente – por ambientes podemos entender tudo aquilo que envolve pessoas, natureza ou coisas, objetos técnicos (SANTOS, 2003). Virtual - vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência (SANTOS, 2003). Lévy (1996) em seu livro O que é o virtual? Nos esclarece que o virtual não se opõe ao real e sim ao atual. Virtual é o que existe em potência e não em ato. Citando o exemplo da árvore e da semente, Lévy explica que toda semente é potencialmente uma árvore, ou seja, não existe em ato, mas existe em potência, mas, caso um pássaro à coma a mesma jamais poderá vir a ser uma árvore. (LEVY, 1996; SANTOS, 2003). Muitas vezes a expressão virtual é empregada como alguma coisa que 14 não existe, algo fora da realidade, o que se opõem ao real. Mas, fundamentado por Levy (1996) virtual não se opõe ao real. Ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem potencializando assim, a construção de conhecimentos, logo a Aprendizagem (SANTOS, 2003). É possível atualizar e, sobretudo virtualizar saberes e conhecimentos sem necessariamente estarmos utilizando mediações tecnológicas seja presencialmente, seja à distância. Entretanto essas tecnologias digitais podem potencializar e estruturar novas sociabilidades e consequentemente novas aprendizagens (SANTOS, 2003). A modalidade de EaD ganha, a cada dia, mais espaço com o reflexo dos benefícios do uso da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) na educação e as mudanças significativas nas estratégias de ensino-aprendizagem; vivencia-se, assim, o momento de expansão da EaD, efetivando-se como modalidade de ensino para formação de grande número de pessoas em todo o mundo. Segundo Barros et al. (2008, p. 6), [...] para entender a Educação a Distância (EaD) é necessário compreender a educação online que engloba todos os elementos que se referem ao virtual e às formas metodológicas atuais organizadas para a aprendizagem. Quando falamos em educação online estamos nos referindo à educação não presencial mediada por tecnologias digitais. Isso engloba vários elementos como a EaD, os E. B. M. learning(s), entre outros. Pode ser entendida como um conjunto de ações de ensino e aprendizagem que são desenvolvidas através de meios telemáticos como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. A educação online nos traz questões pedagógicas específicas com desafios novos para a EaD e a presencial. Para o uso da educação online um dos maiores desafios está na compreensão da diferença do paradigma virtual e do presencial na utilização das interfaces da tecnologia disponíveis para a aula. No Brasil, nos dias atuais, o número de oferta de cursos cresceu significativamente, visando atender à formação continuada do professor em exercício e às transformações na educação. Segundo Moran (2002, p. 13), [...] educação contínua ou continuada, se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações. 15 Este conceito caracteriza a educação continuada do professor, como uma prática que favorece o repensar de sua atuação, e o coloca numa condição de aprendizagem para as mudanças atuais no contexto educacional. Neste contexto está claro que a educação por meio de novas mídias conectadas é uma realidade cada vez mais presente e os relatos dos Professores, retratam a eficiência e eficácia de se aprender online. Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues Articuladora de Tutoria e Professora Colaboradora Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial 16 PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Irení Aparecida Basso 1 Minha experiência com o curso EaD foi e será única, visto que, mesmo tendo feito pós-graduação em Psicopedagogia Educacional e Clínica, a educação inclusiva e as deficiências intelectuais, auditivas, visuais, físicas e outras, nunca foramtão esmiuçadas, exploradas e questionadas como foram nesses encontros virtuais que tivemos nesse curso. Minha prática em sala de aula sofreu grandes alterações após a leitura e o estudo de diversos textos e os questionamentos das nossas queridas Formadora-Colaboradora Telma Maria Ribeiro e Tutora-Colaboradora Fernanda Ribeiro Mattar Barbaresco. Nós todos ganhamos muito, mas, os alunos inclusos, com certeza, ganharão mais. Nada ficou sem resposta. Posso dizer que os objetivos propostos pelo curso sobre Práticas Educacionais Inclusivas na Área de Deficiência Intelectual foram plenamente alcançados. Tudo foi mencionado para que pudéssemos entender que a inclusão requer parcerias com todo pessoal da Unidade Escolar, família e comunidade; que o educador deve propiciar ao aluno condições e oportunidades de explorar seu potencial intelectual nas diferentes áreas do conhecimento, realizando sucessivas ações e reflexões, utilizando diversas ferramentas com a finalidade de proporcionar maior independência e autonomia à pessoa com deficiência ou dificuldade de aprendizagem. Fui muito auxiliada no meu saber fazer e posso dizer com certeza que meu olhar em relação aos meus alunos, minha prática educativa e metodologia sofreram transformações visíveis. Conheci pessoas maravilhosas, pude trocar ideias e vou sentir muitas saudades de tudo e de todos. 1 EMEIF “Professora Dinah de Mello Campos” - Ibitinga - SP 17 DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO PODE SER UMA REALIDADE PARA TODOS Lívia Maria e Silva Galvão 2 Essa foi minha primeira experiência num curso a distância. Confesso que nutria certo preconceito em relação aos cursos não presenciais, Acreditava que não seria possível manter uma qualidade acadêmica, utilizando-se, apenas, da internet como veículo de comunicação. Ainda sou dos velhos tempos e acho que comunicação implica contato visual, físico. Bom, se eu pensava assim, devem estar se perguntando por que resolvi me inscrever num curso a distância. É que apesar do preconceito, sou o tipo de pessoa que não gosta de julgar o que não conhece e, aliada a essa minha característica, tinha uma imensa vontade de voltar a estudar, algo que gosto imensamente e que, neste meu momento de vida, só o ensino a distância poderia proporcionar. Inscrevi-me na Plataforma Freire com a ajuda de uma colega, foi muito difícil por problemas de conexão. Tinha a intenção de fazer um curso voltado para educação de crianças com altas habilidades. Como não estava disponível, escolhi esse, que é um tema atual e tem gerado muitas polêmicas entre os educadores. Passado algum tempo, quando já tinha perdido a esperança de que o curso aconteceria, recebi a mensagem com as instruções para participar do curso. Foi uma grande surpresa, em todos os aspectos. Superadas as dificuldades iniciais em lidar com as ferramentas, fui me encantando e descobrindo que esse negócio de curso a distância é o “maior barato”. É incrível como podemos nos sentir acolhidos por pessoas que não vemos ou escutamos a voz. Foi uma grande descoberta e uma grande realização. Se me perguntarem hoje o que penso do ensino a distância, minha postura será totalmente diferente, aconselho a todos que experimentem porque realmente funciona. O curso superou minhas expectativas em muitos aspectos, principalmente se levarmos em conta que, inicialmente, não era o curso que queria fazer. Foi um curso sério, onde os conteúdos são muito bem organizados, o suporte que recebemos é melhor do que em um curso presencial onde, muitas vezes, as turmas são 2 EMEI “Teresa Hendrica Antonisse” – Ribeirão Preto - SP 18 muito cheias e os formadores não conseguem dispensar atenção adequada a todos. Apesar de estarmos em grupo, sentia-me, por vezes, como uma aluna particular, pois o acompanhamento é próximo e individualizado, em que cada um tem seu tempo e todos recebem atenção e orientação. É fantástico. A gente consegue até desenvolver sentimento de carinho por pessoas que só vimos por fotografia... Meus paradigmas estão todos de pernas para o ar... O curso me proporcionou rever e ampliar minha visão em relação à inclusão, possibilitando reflexões e me trazendo conteúdos muito ricos. Durante o curso, me dei conta do quão grande era minha ignorância sobre o assunto e do quanto se tem a fazer para que a implementação da inclusão ocorra efetivamente nas escolas da rede pública de todo o país. Por meio do curso pude confrontar meus preconceitos e meu ceticismo em relação à eficácia do processo de inclusão. É claro que ainda acho que existem muitos obstáculos a serem superados, mas hoje, de posse de todo este novo conhecimento, de tantas informações preciosas, estou bem mais otimista. Acredito que este curso deveria ser obrigatório para todos os professores das redes públicas e particulares, pois, só através do conhecimento e da sensibilização dos profissionais, seremos capazes de garantir um processo de inclusão eficiente, onde tanto alunos incluídos como os não incluídos possam receber uma educação de qualidade. A inclusão é uma realidade, no entanto, o conhecimento que os professores e profissionais de educação, de um modo geral, possuem sobre ela é muito precário, o que gera muitas críticas e posturas inadequadas que dificultam o processo de inclusão. A escola enquanto instituição, não foi preparada, nem do ponto de vista humano nem do físico, para a inclusão. É comum a crença de que o “problema” do aluno incluído diz respeito apenas ao professor responsável pela turma, a comunidade escolar não abraçou ainda a inclusão como algo de responsabilidade de todos. A maioria dos profissionais de educação desconhece os recursos e as tecnologias assistivas disponíveis para auxiliarem no desenvolvimento das habilidades dos alunos de inclusão. Quando se tratam de alunos com deficiência auditiva ou visual ainda existe uma maior difusão e conhecimento de recursos, no entanto, as deficiências múltiplas e intelectuais, bem como as físicas, ainda representam uma dificuldade a mais e, consequentemente, assustam muito os profissionais que se sentem despreparados para lidarem com elas. 19 É um reflexo natural do ser humano de reagir ao desconhecido de forma defensiva, o que explica, em parte, a grande resistência por parte dos educadores em relação à inclusão. Resistência esta que, acredito, só poderá ser vencida através do conhecimento, da familiarização com o tema e com as estratégias e recursos disponíveis, pela troca de experiências que resultará na ampliação dos conhecimentos e no desenvolvimento de novas técnicas mais aperfeiçoadas e diversificadas para atendermos os alunos especiais. Em contrapartida, os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento da educação no país, também, têm sua parcela de responsabilidade na medida em que falham no cumprimento das leis, na fiscalização em relação ao cumprimento destas leis e na falta de divulgação destas mesmas leis. Também, não tem criado mecanismos competentes para prepararem os profissionais e as instituições de ensino para a inclusão. Eu mesma, antes de fazer esse curso, tinha muitas dúvidas e críticas em relação à inclusão. Realmente duvidava que fosse possível, achava injusto com as crianças incluídas uma vez que necessitavam de atenção especial que eu julgava difícil de ser dada pelo professor, em sala, sozinho. Desconhecia por completo que a criança com múltiplas deficiências tem direito a um tutor para auxiliar o professor na atenção às suas necessidades, eque o deficiente auditivo tinha direito a um tradutor, que existiam programas de computador para auxiliar o deficiente visual... São tantas as coisas que eu desconhecia e que tenho certeza que outros tantos professores, como eu, ainda desconhecem e que são fundamentais para que o aluno e o professor possam realmente desenvolver um trabalho competente. Desse modo, volto a afirmar que todos os professores deveriam fazer esse curso. Vivenciei uma grande oportunidade de aprendizagem sobre a inclusão e troquei experiências com profissionais de cidades e estados diferentes do nosso. Esse é um outro aspecto do ensino a distância que contribui para torná-lo tão interessante. Podemos ter uma visão do processo não só na nossa localidade como podemos fazer comparações e receber sugestões de ações realizadas em outras unidades da federação que deram certo. Estamos trabalhando com profissionais que estão atuando com educação em diferentes séries, com diferentes abordagens, em diferentes realidades. Essa troca de experiências proporcionada, sobretudo durante os fóruns de debate, foi muito rica. Saí do curso com excelentes sugestões de atividades e ações, inclusive uma ação, envolvendo toda a comunidade escolar que foi socializada por uma colega e a 20 direção da minha escola, pediu-me que ajudasse a pôr em prática no ano que vem, em nossa unidade escolar. Essa experiência também me levou a buscar e me inteirar mais sobre como está sendo gerenciado o processo de inclusão em meu município. Despertou em mim o interesse em pesquisar como a Secretaria Municipal de Educação organiza o suporte aos professores, de que recursos dispõem, quem são os profissionais responsáveis por dar assistência aos professores, se temos profissionais na rede aptos a funcionarem como tutores ou intérpretes, que tipo de recursos materiais dispomos e como poderemos adquirir os matérias necessários, como se sentem os professores que possuem alunos incluídos em suas salas, quantos alunos incluídos possuímos oficialmente na rede... São muitas questões para as quais quero buscar respostas, com o objetivo de sensibilizar os profissionais envolvidos e tentar mobilizá-los para que avancemos no processo de inclusão em nosso município. Enfim, para quem iniciou de forma um tanto cética, cheia de preconceitos, num curso que não era a princípio o de sua primeira escolha, termino o mesmo imensamente satisfeita e feliz, aguardando ansiosamente a próxima oportunidade de participar de um curso de formação a distância, fazendo planos inclusive de me inscrever num curso de pedagogia a distância, uma vez que minha formação é no magistério(nível secundário) e em Psicologia(nível superior). Agradeço muito a oportunidade e parabenizo a competência, não só dos formadores e tutores, como de todos os envolvidos responsáveis pelo sucesso de nosso curso, desde o planejamento até a execução final. Que muitos outros cursos como estes possam ser disponibilizados para nós e para todos os professores que, como eu, buscam aperfeiçoar sua prática profissional, mantendo-se atualizados, com o objetivo de oferecer sempre uma educação de qualidade aos nossos alunos. 21 MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO Marina Rossi Melo 3 Lembro-me como se tivesse ocorrido hoje, dia em que o Colégio recebeu funcionárias da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO para triar os alunos das salas exclusivas e encaminhá-los às salas inclusivas. O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; (LDB Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – art. 4º) Cheguei naquela tarde para trabalhar. O acesso à biblioteca se dava pela sala de vídeo onde aquelas senhoras estavam conversando e, fazendo um singular diagnóstico de cada aluno das duas salas exclusivas que tínhamos em nosso Colégio. Ao passar por elas, notei a calma que demonstravam e muita autoridade no assunto, inclusão. As professoras traziam um a um e durante a conversa com eles, registravam suas observações sobre as potencialidades intelectuais. Daquela data em diante, ouvi muitos comentários, a favor e contra a inclusão. Eu, sem compreender plenamente a implicação de toda aquela ação, resolvi não tirar nenhuma conclusão precipitada. Na ocasião, ficou decidido que tais alunos deveriam realizar suas transferências para a Escola Estadual. A mãe de uma aluna com Síndrome de Down se revoltou e disse que não tiraria sua filha daquele Colégio. Realmente, não precisaria. Bastava incluí-la numa sala ali mesmo, como de fato aconteceu. A adolescente foi inclusa numa sala de alfabetização cujos alunos iniciaram o processo de convivência com a diversidade. Na lida com pessoas com deficiência, se não acreditarmos nas suas potencialidades ensinaremos menos coisas e reforçaremos sua dependência. Por outro lado, a crença nas suas capacidades e nas nossas de ensiná-los, pode auxiliar na promoção do seu desenvolvimento, tornando-as pessoas autônomas e produtivas (RODRIGUES; LEITE, 2010, p. 12) Durante os estudos realizados a respeito dos “Fundamentos” - Módulo 2, observei que a “educação inclusiva, ...é um processo em que se amplia a participação de 3 Colégio Estadual “Zeca Batista” - Anápolis - GO 22 todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regula” (RODRIGUES; MARANHE, 2010, p.20). Um sentimento de inclusão e aceitação do outro com suas limitações e deficiências, não nasceu agora em meu coração. Penso que meus pais foram grandes responsáveis e influenciadores para fortalecer este amor que tenho pelas pessoas com deficiência. Em nossa família, conheci alguns parentes com deficiência: um tio com Síndrome de Down e um primo com hemiplegia e dificuldade na fala. Mas a sensação que tinha era de que havia muitos assim. Talvez pela humanidade com que todos lidavam com a situação, haja vista na Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Contudo nem todas as famílias se preocupam com esta formação para seus filhos. Além de princípios familiares, os atuais educadores necessitam de formação ética para lidar com todas as situações no ambiente escolar. Um bom exercício profissional significa não apenas competência teórico técnica, mas a capacidade de respeitar e ajudar a construir a dignidade, a cidadania e o bem-estar daqueles com os quais nos relacionamos e que dependem de nossa ação. Portanto, a ética [...] deve ser aplicada a cada uma e a todas as atividades profissionais. (NEME, 2010, p. 04) Meu primeiro contato com alunos especiais aconteceu aos 13 anos, quando cursava o Ciclo 2, do Ensino Fundamental em São Paulo, na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Cidade de Hiroshima. A sala onde estudava, ficava em frente às classes especiais. Eu não sabia se nela só havia alunos com deficiência, mas já tinha idade o suficiente para entender que aquela sala era diferente. Sempre que podia, procurava observar aqueles alunos e não havia, nessa época, uma política de inclusão. Ninguém se preocupava em promover interação entre nós, mas eu tinha necessidade de interagir. Sentia uma força dentro de mim que me impulsionava a buscar aqueles alunos. “A convivência com pares da mesma idade, estimula o desenvolvimento cognitivo e social do aluno com deficiência [...]” (RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 20). É compromisso da escola inclusiva promover mudanças de atitudes discriminatórias – a escola deverá trabalharcom quebra de tabus, estigmas, desinformação, ignorância – que levam as pessoas a terem atitudes negativas em relação aos seus alunos com deficiência (RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 20). 23 No ônibus, preocupava-me se os surdos não seriam enganados e de longe observava tudo, mas não podia conversar com eles, pois não sabia a língua de sinais. Os anos foram avançando e parece que houve um silêncio em meu coração. Não tenho lembranças de ter visto outros especiais pelo meu caminho. Exceto na igreja onde estagiei durante o tempo em que cursei Educação Religiosa, em 1986. Morava em Anápolis onde estudava, mas estagiava em Brasília – DF, numa igreja na Asa Norte. Ao chegar lá, fui incumbida de trabalhar com os ensinamentos da Bíblia às crianças enquanto os pais ouviam o sermão, durante a cerimônia religiosa que acontecia aos domingos. Nessa turma, um garoto de nove anos era surdo. Como eu faria para ensiná-lo se não conhecia a língua de sinais? Eu não sabia onde procurar formação, também ninguém me orientou a respeito, embora Brasília tivesse um trabalho já avançado com surdos. O professor precisa ser criativo A criatividade é qualidade que todo ser humano pode desenvolver em todos os seus fazeres. O mundo não precisa mudar para sermos criativos, mas, precisamos mudar nossa maneira de ver o mundo! (CAPELLINI; VALLE; GIRALDI, 2010, p. 02). Segundo Capellini; Valle; Giraldi (2010) podemos surpreender nossos alunos e a nós mesmos fazendo algo diferente, experimentando novas possibilidades, novas estratégias. Procurei pôr em prática estes ensinamentos embora não os conhecesse pelos autores supracitados e, sim, pelas experiências de vida familiar, social e religiosa. Eu ainda não havia feito um curso na área de inclusão ou qualquer outra capacitação para lidar com crianças com deficiência, contudo, sabia que “não é o aluno que se ajusta, adapta-se às condições de ensino, mas o movimento se dá de forma contrária [...]” (LEITE; MARTINS, 2010, p. 04). Então, procurava ensinar as histórias bíblicas me servindo de mímicas, teatro e desenhos para que ele também fosse contemplado com o conteúdo das aulas. Vinte anos depois, sem nunca mais tê-lo visto, reencontrei-o. Participamos juntos em Goiânia – GO de uma formação para instrutores de LIBRAS, ministrada pela FENEIS, promovida pela Secretaria Estadual de Educação de Goiás. Ele já estava casado com uma surda. Juntos relembramos as histórias vivenciadas em sua infância, 24 daquele tempo em que fui sua professora. Hoje, ele trabalha com a educação de surdos, em cursos de Informática, na capital goiana. Retomando os acontecimentos daquela época, conforme mencionei no início do texto, procurava sempre que possível levar alguma peça teatral, brincadeiras e presentes àqueles alunos das classes especiais. Na ocasião, eu cursava o Magistério e preparava diversas atividades teatrais. Numa destas apresentações, na Páscoa, estávamos no palco, eu e meu filho com seis anos na ocasião, contando história. Ele trajado de coelhinho, fazendo as peripécias que eu havia ensinado. Nessa apresentação, avistei uma menina, conhecida por mim, em meio às ciranças com deficiência. Foi um susto muito grande! Eu sabia que ela não era deficiente mental, então por que estava entre os alunos especiais? Recompus-me, continuei a apresentação e, no dia seguinte, procurei ajuda. Fui à Subsecretaria Regional de Educação, na época já inaugurada em Itapaci – GO, não mais necessitando do acompanhamento da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO. Lá conversei com a coordenadora do “Projeto Acelera”, pois me sentia segura com essa coordenadora que demonstrava compromisso com a educação. Após explicar o ocorrido e minhas percepções sobre a situação, ela me convidou a, junto com a família, buscarmos uma mudança de vida para aquela menina que, na ocasião, já estava com 11 anos e ainda era analfabeta. Eram questões decisivas que implicavam em “acertar” ou “errar” na escolha. É importante, registrar aqui que, no final do ano anterior, essa criança havia me falado assim: “Tia Marina, me ajude, repeti de novo”. Aquelas palavras ecoavam em minha mente e coração. Como podemos ajudar alguém quando não sabemos o que fazer? A literatura nos subsidia, dizendo que “O sucesso acadêmico do educando depende da parceria forte entre a família e a escola: juntos, com o mesmo objetivo” (MELCHIORI, RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 01). Busquei a família, explicando que levar a garota da 3ª Série para a Alfabetização não seria um retroceder, mas um avanço para que, alfabetizada no final do ano, a menina pudesse prosseguir na 4ª série, normalmente. Seus pais acreditaram em mim e eu acreditei na coordenadora do “Projeto Acelera”. Juntos então, família, escola e comunidade investimos e, ao final do ano, de fato a menina já estava alfabetizada. Recebi uma carta escrita por ela, com expressões de amor e gratidão. Sua dificuldade foi superada. 25 É importante ressaltar que a criança pode apresentar avanços lentos, mas não se pode aceitar que chegou ao seu ponto máximo por causa disso. O fato de apresentar atrasos, quando comparada aos seus colegas..., não significa que deixará de ter avanços. É importante o professor pensar em estratégias de ensino diferenciadas que possibilitem aprendizagens significativas (MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 18). Com esta experiência aprendi muito. Contudo, quero dizer que, o Projeta “Acelera” não é, necessariamente, a única estratégia, afinal, eu nem possuía habilidades para articular estas situações com a deficiência intelectual. Como cidadã busquei ajuda em prol de uma criança que estava à mercê do sistema educacional, esperando, simplesmente, aprender a ler e a escrever. Em 2002 o Governo Estadual enviou um instrutor de LIBRAS à Itapaci – GO para iniciar um curso de linguagem de sinais. Na época, eu já havia sido aprovada em concurso público e exercia uma função administrativa em um Colégio Estadual. As vagas para o curso eram destinadas aos professores, mas lutei muito por uma delas. Geralmente sobram vagas para estes cursos no interior do Estado. Que experiência maravilhosa! Foram 40 horas preciosas para mim. Após aquelas 40 horas (Módulo I), aguardei, incessantemente, a vinda dos demais Módulos para concluir o curso de 160 horas. mas somente em 2005, outra instrutora retornou para ministrar o Módulo II. Percebia que os surdos daquela cidade conheciam muito pouco de LIBRAS e não tinham intérprete em sala de aula, exceto um aluno que recebeu uma intérprete, após esta capacitação inacabada. Os surdos precisavam estudar. Tanto os adultos quanto os jovens e crianças estavam lá, aguardando oportunidades. Tendo estudado somente os conteúdos dos dois Módulos, organizei um grupo de estudo de LIBRAS, convidei várias pessoas da cidade, inclusive os surdos. Dentre eles, alguns eram analfabetos e não conheciam nada de LIBRAS. Naquele ano, viajei 500 quilômetros (entre ida e volta), todos os sábados, para concretizar meu sonho: concluir o curso de LIBRAS. A cidade onde eu morava distanciava da capital, quase 250 quilômetros e, somente lá havia uma escola que ministrava tal curso. Todos os sábados, eu sofria de dores de cabeça devido às noites mal dormidas, pois, acordava as 03h30min para conseguir chegar à escola às oito horas. Contei para isso com vários patrocinadores, afinal, o curso e as passagens estavam além de minhas possibilidades financeiras. 26 Hoje, com o curso “Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência intelectual” através da EaD, pude me formar com qualificação e muito conforto, sem custos e sem sofrimentos.No início de 2006, lutei muito para organizar uma sala de alfabetização para aqueles surdos que não sabiam ler, escrever, contar, usar sua própria língua materna. Deparei-me com muitos obstáculos. Por fim, a subsecretária me autorizou usar uma sala, duas ou três noites por semana. Organizei aulas de no máximo 2 horas, afinal, eles chegavam cansados do trabalho diário. A faixa etária era de 35 a 55 anos. Lembro-me da alegria de uma das senhoras surdas, nos momentos de interação e aprendizado. Ela era a única que conhecia um pouco da linguagem de sinais, pois havia morado um tempo em Brasília e lá havia aprendido. Disseram-me que eu não poderia organizar aquela sala, pois, os surdos deveriam ser inclusos na rede regular. Nessa época, não havia EJA, muito menos intérprete na cidade. O trabalho de educação com aqueles surdos adultos só durou meio ano, tive que me mudar para Anápolis – GO. Deixei algumas pessoas com um conhecimento básico em LIBRAS e diversas com conhecimento superficial, mas não houve continuidade esse trabalho. Ao chegar a Anápolis, fui a Subsecretaria para definir em que escola seria modulada, permitiram-me escolher o local, então, optei por uma escola inclusiva, onde estou desde julho de 2006. Quando tomei conhecimento da Plataforma Freire, imaginei que poderia tentar uma vaga em um curso de Pós Graduação. A princípio pensei que não teria direito pelo fato de não estar atuando como professora, embora me sinta como docente. A propaganda na T.V. dizia que era para professores e, mesmo assim, resolvi tentar. Como não foi possível Pós Graduação, notei que as Formações Continuadas estavam com as inscrições abertas, efetuei a inscrição. Fiquei muito interessada em formação na área de deficiência, por isso me inscrevi para este curso. Procurei ser sincera e não omiti a função que exerço, mesmo que para isso corresse o risco de perder a vaga. Aproximadamente quatro meses depois, recebi um comunicado que meu pedido fora aceito. Fiquei muito feliz. Iniciei o curso! Tive algumas dificuldades no ambiente virtual, mas isso foi normal para quem pela primeira vez participa de um curso EaD. Aos poucos, fui aprendendo. Vi colegas desejando desistir, encorajei-as a continuar. 27 Todo o material que recebia foi impresso e realmente estudei-os com dedicação. A cada leitura, eu aprofundava meus conhecimentos sobre inclusão. Sempre partilhava com outros professores as novidades e, lhes disponibilizava os materiais que seriam necessários para a melhoria de seu trabalho. Agi como agente de transformação pela inclusão. Agora tenho uma riqueza em mãos. Estudar através da EaD é bem melhor! Posso administrar meu tempo e meus dias. Realizo as atividades no dia e no horário que bem desejar. É claro, obedeço a data da postagem, contudo esta flexibilização de horário é adequada às pessoas que estão engajadas em um acelerado ritmo de vida com estudos, trabalho, família, educação dos filhos, responsabilidades com a casa, enfim, adultos que, talvez, jamais poderiam frequentar uma Universidade com aulas presenciais. Também, é necessário muita responsabilidade, afinal, o aluno é quem administra o desenvolvimento das atividades. Tutor, coordenadores, formadores, técnicos no ambiente virtual desempenham um papel importantíssimo, subsidiando nosso aprendizado. Todas as dúvidas são reportadas a eles e o feedback é certo. O aluno precisa ser sério e ético, assumindo suas responsabilidades com o curso. Se não for centrado e objetivo com seus propósitos, dificilmente, chegará ao final. Venci. Agora é aguardar que haja flexibilidade também no sistema burocrático, a fim de que eu possa de fato desempenhar minha verdadeira vocação, a docência. Enquanto aprovada em concurso público para funções administrativas, não me permitem assumir uma sala de aula. Quem sabe, um dia... 28 APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Alcides Pereira da Silva Júnior 4 Nesse relato pretendo mostrar minha satisfação ao concluir o curso “Práticas Educacionais Inclusivas”. Na oportunidade, pude perceber e esclarecer muitas dúvidas que, na prática, ainda, fazem parte do cotidiano de muitos professores que estão na rede pública de ensino. Curso como esse deveria ser implantado por todos os órgãos responsáveis por uma educação de qualidade, não apenas sob a responsabilidade do MEC (Ministério da Educação) que, muitas vezes, não consegue alcançar a maioria do público alvo esperado. Durante muito tempo, vivemos numa sociedade excludente, achando que o correto era ver as coisas “daquele modo”. Mudar essa condição é um trabalho árduo. Falar em concepção ainda é tabu, acreditar que de fato podemos conviver em harmonia com a diversidade e que ela é importante para o aprendizado em geral, faz com que os teóricos da área pesquisem, cada vez mais, situações reais que tornem a inclusão um fato real. A cada módulo estudado no curso, pude compreender a importância de se trabalhar a inclusão, falamos sobre a história da inclusão social e educacional da pessoa com deficiência, o desenvolvimento humano e a aprendizagem, avaliação e conceitos relacionados a entender melhor como se desenvolve o ser humano dentro de uma visão inclusiva. Portando, neste texto, a pretensão é demonstrar o que é possível e o que é real perante a inclusão através dos conhecimentos adquiridos pelo curso que sem dúvida trouxe conceitos importantes para a melhor compreensão na área, estruturando conceitos e estabelecendo relações possíveis para a inclusão. No início do curso, propuseram um questionário sobre as questões levantadas em relação aos conhecimentos sobre inclusão. As questões estavam pautadas na relação que havia entre aluno-professor, aluno-aluno, professor-professor, escola-comunidade. As experiências que tínhamos com alunos deficientes foram levadas em conta. A partir 4 EMEI “Profa. Magda Contart dos Santos” – Pontal - SP 29 daí, foi possível compreender melhor os conteúdos que seriam propostos no decorrer do curso. Assim que terminei o curso para professor em 1989 denominado Magistério, curso técnico para formação de professores para o ensino nas séries iniciais do Ensino Fundamental, fui convidado a participar da criação da instituição APAE do meu município, Pontal/SP. Na ocasião, tive a oportunidade de realizar um curso de Especialização para trabalhar com deficientes, oferecido pela APAE de Jaboticabal/SP, com duração de 180 horas. Em seguida fui para o Estado trabalhar com as Classes Especiais, salas com crianças que tinham sido testadas por psicólogos e que eram encaminhadas para a alfabetização. Trabalhei até 1998, quando então as classes especiais foram substituídas pelas salas de recurso. Durante minha atuação com os alunos encaminhados para a Classe Especial, meu foco de trabalho era a inclusão, minha preocupação maior estava na denominação da sala e onde estava localizada, geralmente era uma sala pequena, embaixo da escada, no fundo do corredor ou até mesmo um antigo depósito. Procurava sempre fazer algumas parcerias com os outros professores da escola. Caso na escola tivesse dois primeiros anos, A e B, por exemplo, minha sala era o primeiro ano C. Para a continuidade de estudos, meus alunos eram encaminhados para uma turma que havia um professor com um perfil diferenciado, esse cuidado tinha por finalidade dar aos alunos, ao chegar na turma nova, maior acolhimento, não sendo discriminados por terem passados pela CLASSE ESPECIAL. Participei de vários cursos sobre inclusão, problemas de aprendizagem, deficiências de aprendizageme outros assuntos que eram pertinentes a minha atuação. Tinha muitas dúvidas em relação aquele tipo de inclusão, que, na verdade, nada mais era que uma exclusão. Compreender de fato que a inclusão acontece nas escolas ainda é difícil, pois depende muito da concepção de aprendizagem que cada um possui. O curso Práticas Educacionais Inclusivas na sua dinâmica propõe “a veiculação de informações sobre deficiência intelectual e seus desdobramentos para prestação de serviços, via educação, à pessoas com deficiência intelectual”. Foram trabalhados temas como: aspectos etiológicos, conceituais, históricos e legais da Educação Especial, desenvolvimento infantil, postura ética frente à deficiência, relação família escola e aspectos da sexualidade. A elaboração e execução de avaliações diagnósticas deram subsídios para a implementação de práticas educativas voltadas para o ensino efetivo de pessoas com 30 deficiência, como, por exemplo, o ensino colaborativo, o planejamento individualizado, além da utilização de recursos lúdicos e jogos. “A informática é hoje, ferramenta indispensável para o trabalho pedagógico.” Minha expectativa estava ligada aos conhecimentos que ainda não faziam parte de nossas práticas em sala de aula. Novos conhecimentos vão sendo adquiridos a partir do momento que ocorrem mudanças. A mudança de comportamento é sinal que houve aprendizagem. Dar importância a uma nova aprendizagem conduz a novos conhecimentos. Esse movimento pode ser percebido quando é possível respeitar o ritmo que cada um tem para aprender. Esse ritmo só será respeitado no processo de conhecimento das capacidades de cada um. Cada um traz uma história de vida que determina formas diferenciadas de comportar-se diante de uma situação. A todo momento o contexto de interação torna-se diferenciado e diversificado fazendo todos, da equipe escolar, procurar novos conhecimentos. Daí a importância da formação continuada, adquirindo novos conhecimentos, buscando aumentar a capacidade de compreensão em relação às dúvidas de qualquer conteúdo. Compreender melhor como ocorre a aprendizagem, respeitando o ritmo, os conhecimentos, as condições, as causas, os aspectos conceituais, históricos pode garantir o aprendizado dos alunos. Isso envolve o trabalho de toda a escola e da sociedade. O resultado é uma sociedade mais justa, solidária e igualitária para todos. Pensando que o movimento pela inclusão está atrelado à construção de uma sociedade democrática, aprendemos como eram os deficientes durante a história da humanidade. Saber que na Antiguidade estava atrelado a alguma maldição ou até mesmo a castigos, na Idade Moderna eram banidos da sociedade por ter comportamentos que não condiziam com a época, faz-nos refletir a respeito da condição social e educacional de cada época para a construção da história. É importante saber o porquê dessas condições e das ações que levaram às extremas covardias que hoje é possível perceber. O que difere a sociedade atual das sociedades antigas? Para refletir a respeito dessas questões é preciso atentar para a relação que temos com as pessoas. Convivemos com as diferenças, apesar de ainda convivermos numa sociedade individualista. Dar a oportunidade de inclusão social e educacional, propondo uma condição melhor para a convivência é função da escola. A participação de todos para a construção de uma sociedade inclusiva é fundamental. A participação da família é o começo. É nesse seio que se inicia o convívio natural das pessoas. Importar-se com o 31 desenvolvimento do indivíduo, como está relacionando-se com os outros, faz com que a família perceba suas necessidades. Na escola, podemos perceber o quanto é importante a participação da família na construção de cidadania. É na escola também que podemos perceber o quanto é necessário essa participação. Em se tratando de inclusão a falta de informação da família pode mudar o rumo de muitos excluídos. Como, então, colocar essa instituição, que tem um papel fundamental no desenvolvimento do indivíduo, numa participação mais ativa e efetiva? Ações conjuntas, parcerias, formação e acompanhamento são condições necessárias para uma escola que pensa na inclusão. Ter conhecimento de como ocorrem os fatores que desencadeiam a exclusão, torna a escola uma instituição que apresentará para toda a sociedade uma tarefa de facilitadora na busca de novas oportunidades para cada um. No mercado de trabalho, na continuidade da carreira acadêmica ou, simplesmente, conviver em sociedade, só terá oportunidade de escolha aquele que tiver condições de conhecimento e isso é papel de uma escola inclusiva. Entender conceitos como sexualidade, flexibilização de ensino, ensino colaborativo, criatividade, habilidades sociais, tecnologia assistida proporcionou a nós, cursistas, um aprendizado concreto, articulando o currículo prescrito com o currículo real nas escolas, quando se tem um conhecimento teórico a respeito de um conteúdo a ser trabalho é possível colocar em prática de maneira mais efetiva. O curso trouxe conhecimentos que proporcionarão muita reflexão sobre nossa prática em sala de aula. O ir e vir no desenvolvimento de atividades que atendem as expectativas de aprendizagem, a avaliação dos conhecimentos, a nova reflexão sobre o que aprendeu e o que precisa avançar contribuirá no aprendizado dos alunos. Fazer da inclusão uma ação que vai ocorrer de fato, está na Legislação, agora ter essa ação como prática, é fundamental para se ter uma sociedade justa, solidária e igualitária. 32 PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS Amanda Nolasco de Oliveira Santos 5 Percebe-se que a maioria dos professores está comprometido com a prática docente e se preocupam em fazer a diferença nas buscas constantes do saber para melhor atender seus alunos. O professor só consegue usar, em seu trabalho, as tecnologias disponíveis, se conhecê-las. Fica evidente a necessidade de se pensar estratégias de promoção e valorização das escolas A escola é um importante espaço difusor de cultura e informação, tornando-se o lugar ideal para se desenvolver, junto ao aluno, a elevação de sua autoestima e, consequentemente, seu papel de cidadão na sociedade. É necessário um vínculo afetivo para que se possa compreender as necessidades e o comportamento dos alunos, bem como suas limitações. Com isso, há a valorização dos alunos, das ideias divergentes, é incentivado o surgimento de liderança criando um ambiente favorável ao aprendizado com soluções criativas para os diversos problemas, do cotidiano escolar. As crianças que frequentam as escolas, muitas delas com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para aprender. Já um aluno com desordem neurológica seguramente terá mais dificuldades para aprender e, consequentemente, necessitará de intervenções pedagógicas pontuais e sistemáticas. Segundo Vigotski (1991) todo auxílio prestado à criança em suas atividades de aprendizagem é válido, pois, aquilo que a criança faz hoje com o auxílio de um adulto ou de outra criança maior, amanhã estará realizando sozinha. Desta forma, o autor enfatiza o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem. Para enfrentar essa maratona de alunos com dificuldades ou deficiências nas escolas, os professores têm que procurar ajuda e, muitas vezes, as escolas não possuem. Elaborar aulas levando em conta os estilos de aprendizagem e criar atividades diferenciadas dá trabalho, implica na busca de auxílio com outros colegas ou cursos que, são oferecidos pela secretaria de educação da cidade em que resideou em cursos do MEC. Professores se inscreveram e foram selecionados para realizar esse curso por intermédio do TelEduc. 5 Escola “João Alcindo Vieira” - Rua Jose Bonifacio n. 487 - Guarei –SP 33 Foi através desse curso maravilhoso que eu e muitos outros professores conseguimos mudar nossa prática pedagógica e ajudar os alunos com dificuldades de aprender e os que nem conseguiam entender o que é aprender, ou seja, crianças com ritmos, interesses e jeitos diferentes de aprender. Quando a aprendizagem não ocorre tanto o aluno quanto o professor sentem-se frustrados e desmotivados, o que acaba gerando uma carga emocional negativa com todo o grupo. Por esse motivo sentimos, muitas vezes, incapazes de ensinar, mas com a ajuda desse curso, pudemos diferenciar nossas atividades, criando, flexibilizando e, ainda, contando com o trabalho colaborativo do professor especializado, o que foi muito legal. Sou professora na Escola João Alcindo Vieira e minha sala é um 3º ano, com 28 alunos, sendo um aluno deficiente auditivo, uma aluna com atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) e oito com dificuldades de aprendizagem. Num primeiro diagnóstico pude observar que os alunos tinham: Falta de concentração; Sintomas de hiperatividade; Leitura escassa; Dificuldades em relacionar números e quantidades; Dificuldades ortográficas; Desinteresse pela aprendizagem. Quando me deparei com todas essas dificuldades na sala, percebi que deveria buscar auxílio, mas não tinha ideia de onde ou quem procurar. Estava no início do curso de Práticas Educacionais Inclusivas. Este curso me deu a segurança que procurava para seguir adiante. Através da interação com os colegas do curso, da diversidade de textos oferecidos e das várias atividades propostas pude, com confiança, mudar minha prática pedagógica para, então, chegar até esses alunos, compreendendo-os melhor e, aí, ajudá- los. As atividades aplicadas na sala foram adaptadas às necessidade de cada um. Todos participaram, questionaram, refletiram e realizaram atividades em grupos e individualmente, de acordo com as exigências das mesmas. Os agrupamentos eram feitos de acordo com as hipóteses de aprendizagem de cada um, sendo possível fazer as intervenções necessárias. A minha interação com a sala, no início, foi dificultoso, mas a sala possuía uma energia muito boa e contagiou todo ambiente. Pudemos juntos aprender. Particularmente, posso afirmar que, com as atividades desenvolvidas, 34 conseguimos uma maior integração dos alunos. Percebi que eles se sentiram mais valorizados e motivados toda a vez que conseguiam realizar o proposto. Com a diferenciação pedagógica conseguida através do curso Práticas Inclusivas, respeitando os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, as aulas transcorreram de modo mais vibrante, em constante movimento de trabalho e alegria. Afinal, desta forma, todos se veem como capazes e inteligentes. Ainda foi necessário continuar dando uma atenção especial aos alunos com dificuldades, mas a cada dia que passa, percebem-se seus avanços, mesmo que apresentem defasagens em relação ao grupo. Mas, o mais importante disso tudo foi ter resgatado a autoestima dos alunos. Com atividades bem planejadas e intervenções adequadas eles estão acompanhando o grupo com sucesso. O curso Práticas Inclusivas foi muito importante para o meu aprendizado e o de meus alunos. O aprendizado extraído desse curso trouxe todo um contexto de conhecimentos que estava faltando para meu trabalho em sala de aula. Ele não só contribuiu para a minha carreira profissional, mas me fez dar um passo enorme para tentar ajudar meus colegas e melhorar o nosso trabalho em sala de aula. Um ano especial, com um grupo especial! Está sendo muito bom trabalhar com as crianças do 3° ano, depois do curso, pois com o desenvolvimento de cada um ao realizar suas atividades estão se tornando crianças mais interessadas e participativas, dispostas com desejo de aprender. Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes de metodologia inadequada, de professores desmotivados e cansados e, ”presos” em trabalhar dentro de um único estilo, o professor acaba favorecendo o aparecimento dos problemas de aprendizagem. É importante, no momento em que surja problemas com algum aluno, que haja uma mobilização por parte da escola, a fim de que solucionem a possível dificuldade. A recusa em aprender é um ato de defesa diante de seu fracasso e frustração. Com o estudo, pudemos perceber que a escola tem muito ainda o que fazer para ajudar seus alunos. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa para o aluno. Com isso todos têm a ganhar, a escola, a família e, principalmente, a criança que será mais flexível, mais motivada e mais interessada em aprender. A criança que possui dificuldades de aprendizagem necessita adquirir confiança em si mesma e acreditar que é capaz. Para dar conta disso as pessoas envolvidas devem se dedicar profundamente para que essa dificuldade seja trabalhada e sanada. A afetividade é o ponto “x” para garantir o sucesso e o aprendizado dos alunos. 35 PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS Ana Paula Souza Báfica 6 Atualmente, o tema inclusão está em evidência no Brasil e no mundo. Urge a necessidade de se pensar em uma sociedade menos desigual, onde todos tenham acesso aos bens e direitos que a vida, a natureza e a história prepararam. Nesse sentido, o debate gira em torno das acessibilidades, do acesso a uma educação de qualidade e igual para todos, acesso aos locais e espaços de convívio social em geral. Nesse sentido, ciente dos princípios, políticas e práticas educativas atuais que se direcionam para uma escola inclusiva, que tenha estrutura educativa como suporte social, que abrigue a todos, independente de suas particularidades e diferenças, faz-se necessário, uma retrospectiva histórica da inclusão social, destacando que em tempos passados, os sujeitos com deficiências eram tratados como uma ameaça à sociedade. Compreende-se que a proposta de inclusão implica em alguns princípios básicos: a aceitação das diferenças e valorização de cada ser como único, rico a sua maneira; que a aprendizagem se constrói convivendo com a diversidade e a cooperação; as dificuldades de aprendizagem têm causas e desenvolvimentos múltiplos, exigindo pesquisas em diversos campos de origens: genética, orgânica, intelectual, cognitiva, emocional (incluído aí, a estrutura familiar/relacional) e, que influências externas podem minimizar ou maximizar os desdobramentos das diferenças. O recorte dessa discussão se evidenciará em relatar aprendizagens construídas durante o decorrer do curso de Práticas Inclusivas e Déficit Intelectual. Primeiro, por compreender ser um tema pertinente para uma sociedade que tanto tem falado em inclusão social e que precisa continuar dando sinais reais de que ela é possível. Segundo, porque quando falamos em Educação e Educação Inclusiva, falamos de um processo que visa o indivíduo integral e sua inclusão em todas as esferas da sociedade. Um dos maiores desafios das escolas regulares atualmente é promover a inclusão dos alunos com deficiência. Primeiro por sabermos que as pessoas com deficiência não necessitam de piedade ou compaixão, nem tão pouco de atitudes paternalistas no sentido de poupá-las das atividades imprescindíveis à sua sobrevivência. Segundo, por ter a certeza que elas precisam serem incluídas na sociedade. Para isso devem ser oferecidas oportunidades educacionais e profissionais, bastando, para tanto, a compreensão dos
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