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UNIDADE 1 -FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
CURSOS DE GRADUAÇÃO - EAD
Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação – Prof. Dr. Stefan Vassilev Krastanov 
e Prof. Ms. Rubens Arantes Corrêa. 
Stefan Vassilev Krastanov é autor do livro Nietzsche: pathos 
artístico versus consciência moral. É professor adjunto de filosofia 
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Possui 
doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos 
– UFSCar. Além disso, é graduado, pós-graduado e mestre em 
Filosofia pela Universidade de Sofia, na Bulgária. Desde o ano de 
2002, atua como professor universitário, principalmente nas áreas 
da História da Filosofia, Estética e Metafísica, além de ser autor 
de vários materiais para cursos de graduação na modalidade EaD. 
E-mail: stefanve@terra.com.br
Meu nome é Rubens Arantes Corrêa. Sou licenciado em História 
pela Universidade Estadual Paulista e mestre em Ciências Sociais 
pela Universidade Federal de São Carlos. Sou professor do Centro 
Universitário Claretiano desde 2000 e autor da obra O pensamento 
político de Raul Pompéia (publicada pela editora Ex Libris, em 2008). 
E-mail: rubens-arantes@netsite.com.br
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Prof. Dr. Stefan Vassilev Krastanov
Prof. Ms. Rubens Arantes Corrêa
Caderno de Referência de Conteúdo
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)
Cursos: Graduação
Disciplina: Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
Versão: jul./2013
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EAD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão
Felipe Aleixo
Rodrigo Ferreira Daverni
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Centro Universitário Claretiano 
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br
SUMÁRIO
CADERnO DE REfERênCIA DE COnTEúDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA ............................................ 9
3 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ...................................................................... 32
UNIDADE 1 – A EDUCAÇÃO NO MUNDO ANTIGO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 33
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 33
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 34
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 34
5 EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO ...................................................................... 35
6 EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA ..................................................................... 38
7 EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DO HELENISMO ......................................................... 55
8 EDUCAÇÃO ROMANA ....................................................................................... 57
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 59
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 61
11 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 62
12 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ...................................................................... 62
UNIDADE 2 – EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 63
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 63
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 64
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 65
5 CRISTIANISMO E O NOVO MODELO PEDAGóGICO ...................................... 66
6 ALTA IDADE MÉDIA: EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE FEUDAL ............................ 77
7 BAIxA IDADE MÉDIA: EDUCAÇÃO NA ESCOLáSTICA ..................................... 79
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 87
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 88
10 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ...................................................................... 89
UNIDADE 3 – EDUCAÇÃO NA MODERNIDADE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 91
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 91
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 92
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ............................................................................... 94
5 ÉPOCA MODERNA: TRAÇOS GERAIS ............................................................... 95
6 RENASCIMENTO ............................................................................................... 97
7 REFORMISMO RELIGIOSO E EDUCAÇÃO ........................................................ 101
8 A EDUCAÇÃO NA MODERNIDADE ................................................................... 107
9 PROPOSTAS PEDAGóGICAS DO ILUMINISMO .............................................. 114
10 EDUCAÇÃO PRUSSIANA: TENDêNCIAS IDEOLóGICAS .................................. 128
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 132
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 134
13 E-REFERêNCIA .................................................................................................. 134
14 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ...................................................................... 135
UNIDADE 4 – EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 137
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 137
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 138
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE ...............................................................................140
5 CONTEMPORANEIDADE E REVOLUÇÃO FRANCESA ..................................... 140
6 UTILITARISMO NA EDUCAÇÃO ........................................................................ 143
7 MARxISMO E EDUCAÇÃO ............................................................................... 145
8 EDUCAÇÃO NO SÉCULO 19 .............................................................................. 146
9 EDUCAÇÃO DO INíNIO DO SÉCULO 20 à DÉCADA DE 1950 ......................... 149
10 PEDAGOGIA E CIêNCIA: FREUD, PIAGET E VIGOTSkI .................................... 156
11 OS CONFLITOS HISTóRICOS CONTEMPORâNEOS E SUA IFLUêNCIA NOS 
PROCESSOS PEDAGóGICOS ............................................................................. 159
12 MASS MEDiA E EDUCAÇÃO ............................................................................. 161
13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 162
14 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 164
15 E-REFERêNCIAS ................................................................................................ 164
16 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 164
UNIDADE 5 – ASPECTOS HISTóRICOS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 167
2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 167
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 168
4 INTRODUÇÃO à UNIDADE .............................................................................. 169
5 EDUCAÇÃO JESUíTICA...................................................................................... 169
6 ENSINO RÉGIO ................................................................................................. 174
7 EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DA MONARQUIA ....................................................... 177
8 EDUCAÇÃO NA REPúBLICA ............................................................................. 182
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 192
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 194
11 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 196
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Origem da problemática pedagógica e diferentes vertentes pedagógicas na Anti-
guidade. Educação na Antiguidade: Egito e Grécia Antiga. A Educação na época 
helenística e romana. Idade Média e sua concepção educativa. A Educação na 
Idade Média: Período Patrístico e Período Escolástico. Problemas pedagógicos 
na Modernidade. Período Humanístico e Renascentista. A Educação na Era Mo-
derna e Contemporânea. Modelos contemporâneos da Educação. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. InTRODUÇÃO 
Vamos iniciar nosso estudo de Fundamentos Históricos e 
Filosóficos da Educação, por meio da qual você terá a oportuni-
dade de se familiarizar com as principais vertentes da educação, 
situadas em um percurso histórico-filosófico. Consideramos esse 
conhecimento, mesmo que prévio, indispensável para a formação 
de docentes e para a posterior atuação profissional, pois ele con-
tribui para ampliá-la e complementá-la. 
Para que você compreenda com clareza nosso propósito 
com este estudo, tentaremos expor nesta introdução, o mais breve 
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
8
possível, os problemas fundamentais que se desenham diante da 
educação e com quais deles ela deve lidar. 
Nesta disciplina, veremos que a formação, no sentido literal, 
indica um processo que auxilia na realização das potencialidades 
que o sujeito humano possui, isto é, o processo de alargamento 
dos seus limites, com base no qual o homem desenvolve suas pos-
sibilidades, transcendendo suas limitações. 
Dessa forma, utilizando-se do vocabulário aristotélico, a forma-
ção seria o processo que leva da potência ao ato, designado pela noção 
de enteléquia, que, segundo o dicionário Houaiss (2009), é a realização 
plena e completa de uma tendência, potencialidade ou finalidade natu-
ral, com a conclusão de um processo transformativo até então em curso 
em qualquer um dos seres animados e inanimados do universo. 
Vejamos, agora, um exemplo para facilitar o entendimento sobre 
a formação: vamos pensar no processo que leva a pedra de mármore 
a uma bela estátua. A educação é isso, é a realização dos possíveis atos 
do sujeito. Em contrapartida, esse sujeito está inserido em um contexto 
social, em uma convivência com outros sujeitos, com os quais ele tem 
de interagir. Essa situação complica o problema da formação, visto que, 
além de uma formação pessoal, ele deve receber, também, uma forma-
ção social, pela qual possa se relacionar com os outros. 
Note que, na situação anterior, não se trata de uma formação 
subjetiva que visa apenas ao desenvolvimento das faculdades subjeti-
vas, mas também da capacidade de se relacionar com os outros. Assim, 
emergem dois aspectos fundamentais com os quais a educação se de-
para: o aspecto subjetivo, que requer o desenvolvimento dos dons na-
turais do sujeito, e o aspecto social, que requer que o desenvolvimento 
pessoal do indivíduo esteja de acordo com as tendências sociais. 
Dessa forma, se tomarmos como referência o foco social, corre-
mos o risco de instaurar uma educação de formação e de não formação, 
ou seja, uma educação que impõe limites em prol de uma convivência 
padronizada e não conflituosa. Em contrapartida, se tomarmos, estrei-
tamente, a posição da formação pessoal, corremos o risco de desaguar 
no subjetivismo puro que ameaça a convivência social.
9© Caderno de Referência de Conteúdo
Essa é a problemática que está na base de nossa reflexão fi-
losófica sobre o desenvolvimento histórico da educação. O conhe-
cimento profundo de tais problemas possibilitará a você, futuro 
docente, trabalhar, de forma mais adequada com os desafios que 
o processo de formação humana nos coloca.
2. oRIENTAÇÕES PARA o ESTUDo DA DISCIPLINA
Abordagem Geral da Disciplina
Prof. Dr. Stefan Vassilev Krastanov
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os assun-
tos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a opor-
tunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. 
Desse modo, esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o co-
nhecimento básico necessário a partir do qual você poderá cons-
truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural 
– para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com 
competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Com essa 
perspectiva, vamos começar nossa aventura pela apresentação das 
ideias e dos princípios básicos que fundamentam esta disciplina. 
A problemática filosófica da educação
Vamos, então, falar um pouco sobre o conteúdo de Funda-
mentos Históricos e Filosóficos da Educação. Nesta disciplina, você 
terá a oportunidade de se familiarizar com as principais vertentes 
da educação situadas em um percurso histórico-filosófico. 
Inicialmente, introduziremos o tema, ressaltando sua res-
pectiva proposta e enfocarremos os principais problemas do fe-
nômeno da educação durante a Antiguidade e a Idade Média. 
Posteriormente, daremos continuidade ao percurso histórico da 
educação com a modernidade e a contemporaneidade. 
Vamos lá?
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
10
Como já foi dito no Tópico Introdução, a formação, no senti-
do literal, é o processo que leva a ato as potencialidades da pessoa 
humana,isto é, a ampliação de seus limites, a partir dos quais o 
homem desenvolve suas possibilidades. Aristóteles em sua Meta-
física, ensinava que a formação é o processo que traz à tona aquilo 
que era potência, a realização do ser.
Observe, a seguir, a metáfora comunicada pelas Figuras 1 e 2. 
Figura 1 Mármore bruto.
Figura 2 Estátua de mármore.
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Imaginemos o processo que leva a pedra de mármore a uma 
bela estátua. Eis o processo de formação. Assim como a pedra bru-
ta, pelo processo de formação, pode virar estátua, o sujeito huma-
no, pela mesma formação, pode realizar suas potencialidades. A 
educação é isto: o meio para o desenvolvimento da pessoa huma-
na e para a realização de suas potencialidades. 
O homem é um ser de relação, portanto, vive em uma socie-
dade, na qual interage com outros seres humanos,. Essa situação 
exige que o homem desenvolva competências em dois aspectos: a 
sua formação pessoal, para desenvolver suas potencialidades pró-
prias, e uma formação social, a partir da qual ele possa se relacio-
nar com as outras pessoas. 
Neste sentido, o homem deve desenvolver duas tendências: 
• subjetiva, que requer o desenvolvimento dos dons natu-
rais do sujeito; 
• e social, que requer que o o indivíduo desenvolva as capa-
cidades exigidas pela sociedade. 
Desse modo, se nossa ação educativa for orientada apenas 
pelas tendências sociais, então, corremos o risco de uma prática 
educativa incompleta, ou seja, de se instaurar uma educação que 
imponha limites às capacidades subjetivas de cada pessoa huma-
na singular em prol de uma convivência padronizada e não confli-
tuosa. Todavia, se tomarmos estreitamente a posição da formação 
pessoal subjetiva, corremos o risco de impedir que esta pessoa 
humana possa se inserir de maneira positiva na sociedade. Neste 
sentido, iremos refletir, de maneira crítica, como essas tendências 
foram tratadas ao longo do desenvolvimento histórico da educa-
ção. 
No tópico a seguir, faremos a análise filosófica do desenvol-
vimento histórico da educação, iniciando pela Antiguidade. Vamos 
rastrear historicamente, como os filósofos procuraram solucionar 
o problema da educação do homem?
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
12
A educação no Antigo Egito e na Grécia Antiga 
Iniciaremos nossa reflexão histórico-filosófica sobre a educa-
ção pela civilização do Antigo Egito. 
O Antigo Egito revela-se como uma civilização avançada. É 
possível dizer que o avanço de uma civilização depende, estreita-
mente, de vários saberes que dão sustentação e condição para o 
desenvolvimento da sociedade. Tais saberes devem ser dissemina-
dos e transmitidos e aprimorados de geração para geração. 
O processo de transmissão, por sua vez, requer instituições 
pedagógicas organizadas. Todavia, não se encontra, nesse período, 
um sistema educacional organizado, mesmo porque a pedagogia 
dava seus primeiros passos. O saber era transmitido por meio da 
oralidade e destinado, sobretudo, às classes dominantes, reduzin-
do-se ao exercício de poder político. Aos poucos, surgiu, por assim 
dizer, a educação para os plebeus, que visava, antes de tudo, ao 
ensino das normas estabelecidas pelo faraó e dos saberes práticos. 
Surgiram, portanto, dois modelos de educação: um intelec-
tual e bélico, destinado à classe nobre, e outro, técnico e normati-
vo, destinado aos plebeus. Esse modelo dual será a marca registra-
da da educação antiga, desde a civilização do Egito até a revolução 
cultural do cristianismo. 
Já os gregos antigos, no processo educacional, se revelaram 
mais progressivos do que os egípcios ao elevarem o homem co-
mum como principal protagonista do cenário histórico. Trata-se do 
ideal democrático. O homem torna-se cidadão e requer um com-
pleto desenvolvimento dos seus dons naturais e das suas poten-
cialidades. Juntamente com essa nova forma político-social, surge, 
também, um novo ideal de homem e a necessidade de uma nova 
forma de educação, uma Paideia. 
Pensando nesse novo status humano, temos de destacar o 
papel dos sofistas, mestres profissionais que pretendiam respon-
der aos novos desafios do homem livre. Eles prometiam, em troca 
13© Caderno de Referência de Conteúdo
de dinheiro, tornar apta qualquer pessoa que quisesse se dedicar 
à vida pública. Esse comportamento propiciou a criação de escolas 
nas quais se preparava o discípulo para o ingresso na vida social e 
se dedicava especial importância para a oratória, conhecida como 
a arte do bem falar e da disputa. 
Sócrates, diferentemente dos sofistas, que acentuam o rela-
tivismo humano, se interrogava sobre a natureza comum aos ho-
mens, sua essência. Esta, segundo afirmava o velho mestre, era a 
moral. Não uma moral dos costumes, mas a moral interna, o dever, 
que a própria consciência dita. Para Sócrates: o conhecimento era 
virtude, pois a falta de virtude deve-se à falta de saber. Se esse 
for o caso, devemos imaginar que a formação humana pressupõe 
aquisição do conhecimento e que este é imprescindível para o al-
cance da virtude, que conduzirá o homem à felicidade. 
O processo de instrução do homem pelo qual este se torna 
apto para ingressar no caminho das virtudes, Sócrates designou 
maiêutica, aludindo à arte de parteira. E foi justamente Sócrates 
esse parteiro intelectual, que, por meio do seu método de pergun-
tas e respostas, ajudava os jovens atenienses a descobrirem, por si 
mesmos, as verdadeiras virtudes que habitavam suas almas. 
Sócrates introduziu um novo modelo de educação, baseado 
na dinâmica entre mestre e discípulo, e Platão foi aquele que, utili-
zando-se do método dialético, criou uma base sistemática da educa-
ção para vigorar numa sociedade perfeita. O modelo pedagógico de 
Platão deve ser abordado em dois aspectos: o aspecto moral, que 
visa à formação pessoal do indivíduo, e o aspecto social, que visa à 
participação harmoniosa e do indivíduo na sociedade. Esses dois as-
pectos devem convergir para que haja a formação humana perfeita. 
Semelhante ao seu mestre Platão, Aristóteles também consi-
derava o processo da formação humana em dois aspectos: 
• Individual: segundo a sua forma humana e seus dons na-
turais, uma vez que ele defende a posição de uma desi-
gualdade natural entre os homens; 
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
14
• Social: uma formação para o cidadão, sendo este uma 
parte integrante da sociedade. Todavia, o modelo de Aris-
tóteles apresenta, diferentemente de Platão, um caráter 
mais pragmático e realista.
Nossa próxima parada nesta abordagem histórico-filosófica 
da educação será na época do helenismo. Vamos lá?
A educação durante o helenismo 
Com as conquistas de Alexandre, o Grande a inevitável mistura 
entre diferentes povos, culturas e tradições exigiu um novo ideal de 
homem, bem diferente daquele dominante na antiguidade clássica, 
com a quebra dessas fronteiras o homem tornou-se cosmopolita. 
Todas essas mudanças políticas e sociais impuseram novos de-
safios para a educação. No âmbito dessa visão cosmopolita, a educa-
ção não visava, preferivelmente, à formação do bom cidadão, como 
era na época anterior, mas, sobremaneira, ao seu desenvolvimen-
to pessoal, visto que o homem não mais participava das decisões 
políticas de sua pátria. O homem torna-se "cidadão do mundo", o 
que significa que ele não se identifica mais com povo algum. Quanto 
mais globalizada é uma sociedade, menos autêntica ela se torna.
Alexandria, principal centro cultural do novo império funda-
do por Alexandre, emergiu como berço da civilização alexandrina. 
Surgiram novas escolas, que tiveram papel fundamental para a 
transmissão desse novo ideal. Justamente ali, em Alexandria, nas-
ceu a maior instituição educativa do mundo antigo – o Mouseion. 
Esta, além de possuir o maior acervo de manuscritos, que conta 
com mais de 700.000 dos maiores pensadores e cientistas até 
então conhecidos, foi, também, um ambientede encontros e de 
convívio entre mestres, sábios e discípulos, onde estes moravam e 
trocavam saberes e conhecimentos.
Seguindo o percurso histórico, chegamos ao período roma-
no, assim designado pelo domínio absoluto e soberano do Império 
Romano. 
15© Caderno de Referência de Conteúdo
A educação no Império Romano
Em sua primeira versão, a educação romana teve por objeti-
vo a formação de virtudes cívicas. Foi uma educação inteiramente 
voltada às necessidades do Estado Romano, baseada nos manda-
mentos sagrados das “Doze Tábuas”. Esta dispensava a formação 
intelectual do indivíduo. O ideal promovido por essas tábuas con-
templava um código civil inspirador da fidelidade, da tradição, da 
dignidade, da firmeza, da coragem e da piedade. Nesse sentido, 
estamos diante de uma educação inteiramente voltada para a so-
ciedade e para a sua conservação. 
A formação romana, basicamente moral e cívica, foi-se alte-
rando aos poucos, em virtude da política conquistadora e imperia-
lista do Império Romano. Porém, à medida que Roma conquistava 
outros povos, a cultura destes, conquistava Roma e transforma-
vam-na por dentro. Em consequência disso, a pedagogia tradicio-
nal também mudava, rompendo, gradualmente, com os costumes. 
Nesta perspectiva, pode-se dizer que o poderoso Império Romano 
foi profundamente alterado pela gloriosa e ainda mais poderosa 
cultura grega. 
Ao mesmo tempo em que o Império Romano entrava em de-
clínio, uma nova civilização estava prestes a nascer à base de uma 
nova religião. Estamos falando do cristianismo.
Com a proliferação do cristianismo, iniciou-se uma profun-
da alteração de paradigmas, em virtude dos quais se impuseram 
novas necessidades e desafios para a educação: as ideias de amor 
e de fraternidade entre os homens, de solidariedade, de humil-
dade etc. romperam com o modelo estático bipolar da pedagogia 
antiga; o fator religioso veio à tona como aspecto integrante da 
sociedade; as novas ideias cristãs dissolveram as relações antigas 
de classes e o modelo principal, sobre o qual se moldava a nova 
Paideia Cristã, era a figura do Cristo e seus ensinamentos. 
Nos primeiros séculos da nova religião, a prática educativa 
consistia na imitação da pessoa de Cristo. Mas, como cada insti-
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
16
tuição devia fixar seus códigos morais para depois moldar os fiéis 
conforme seus fins, a religião cristã precisava de fundamentos teó-
ricos e, curiosamente, encontrou-os na Filosofia Clássica. Vamos 
conhecer um pouco sobre o que os filósofos mais importantes 
pensavam sobre a educação do homem?
A educação na Idade Média
A herança helênica entrou na religião cristã via Patrística – 
período em que começa a teorização do cristianismo. Nessa em-
preitada, um papel de destaque coube a Santo Agostinho. Em 
quase todos os seus escritos, a questão da formação humana é 
bastante atual e presente, pois tal formação é parte integrante da 
renovação. 
Em sua concepção pedagógica, Agostinho insiste em uma 
formação enciclopédica baseada nos diversos conhecimentos e sa-
beres que devem iluminar e fazer consciente a viagem do homem 
cristão ao encontro de Deus. 
Obviamente, não podemos deixar de mencionar o grande 
pensador e mestre da tradição escolástica, São Tomás de Aquino 
(1225-1274). Em sua elaboração intelectual, Tomás não deixa de 
sublinhar o importante papel da educação; na sua obra De Ma-
gistro, ele destaca o papel fundamental do mestre no processo 
de despertar, cultivar e guiar o discípulo na aquisição do conheci-
mento. Assim como o agricultor não cria a árvore, mas cultiva-a, 
o mestre não poderá ensinar, mas poderá, muito bem, despertar 
e guiar o discípulo. 
O declínio da época medieval começa por volta do século 15. 
A crise na Igreja Católica, as corrupções e os abusos do clero aba-
laram ainda mais seus fundamentos. Guerras, conflitos políticos 
e econômicos completam o quadro geral dessa época decadente. 
Todavia, tais crises certamente despertam novos ideais, anseios e 
desejos que circunscrevem os primeiros traços da modernidade. 
Vamos conhecer um pouco dessa nova pedagogia?
17© Caderno de Referência de Conteúdo
Modernidade
Na transição do Medievo para o Renascimento uma questão 
se colocava ao homem europeu: 
• Como instaurar uma nova situação histórica, como funda-
mentar um mundo novo e cheio de esperança? 
Na verdade, trata-se da reinvenção de um modelo que vem 
do mundo greco-romano. A essa reinvenção, Francesco Petrarca 
deu o nome “Re-nascimento”. 
Os primeiros passos da modernidade, na versão renascen-
tista, manifestam progressivo rompimento dos paradigmas econô-
micos e políticos vigentes no modelo estático da época medieval. 
Cabe dizer que a modernidade é fruto de uma revolução multifa-
cetal: econômica, política, social, ideológica, geográfica e, não por 
último, pedagógica. 
As profundas alterações no Velho Continente colocam um 
grande desafio diante da educação, à qual se atribui a missão de 
produzir o homem novo, apto a compreender, a aceitar e a atuar 
nos novos modelos e paradigmas. 
O papel de vanguarda desses novos ideais cabe à educação. 
Basicamente, os humanistas do Renascimento voltam-se para o 
modelo clássico de educação. Encabeçado por Francesco Petrarca 
e seus discípulos, o processo de renascimento tem seu pleno vigor 
com Leonardo Bruni e seu ideal de Studias Humanitatis. 
Temos de ressaltar que as escolas humanistas, centradas nas 
Studias Humanitatis, elaboravam um currículo baseado na Litera-
tura, nas Artes, na Ciência, na Ginástica e na Ética. Nota-se, tam-
bém, uma forte preocupação com a prática didática. 
A partir do humanismo do século 15, abrem-se novas pers-
pectivas e necessidades diante do processo pedagógico, inspiradas 
pelo novo modelo de homem, mais livre e mundano, que, no entan-
to, deve adotar, em sua educação, os valores cristãos. Os grandes 
protagonistas dessa ênfase cristã na educação são Erasmo e Lutero.
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Erasmo foi considerado o representante mais ilustre do hu-
manismo do século 16. No âmbito pedagógico, ele propõe o de-
safio de renovar o sistema educacional. Seu ponto de partida são 
as críticas que ele dirige ao modelo escolástico de educação e sua 
esterilidade, que ele próprio teria sofrido.
A boa educação, na visão de Erasmo, requer mestres capa-
citados e aptos a lidar com as diferenças entre os alunos. Cabe ao 
Estado o dever de contratar e promover bons mestres, aptos para 
a realização da formação integral do novo homem. 
Por sua vez, Lutero – outra grande figura no processo de reno-
vação cristã –, fiel à sua fórmula protestante, preparou o solo para 
um novo entendimento de educação: a torna-se o instrumento da 
salvação humana, e ela é inspirada pelos textos sagrados, então, o 
indivíduo, para alcançar a salvação pela fé, necessita compreender 
tais textos, o que faz por meio de sua leitura. Daí a proposta luterana 
de alfabetização do povo. Com isso, veio à tona a importância das 
escolas públicas, nas quais Lutero apostava a salvação humana. 
A proposta educativa de Lutero contempla dois desafios, a 
saber: a formação do homem cristão, por um lado, e a formação 
do cidadão, por outro. 
A divisão do mundo cristão, operada por Lutero e sua pro-
posta protestante, causou a reação da Igreja católica em termos 
de uma volta para trás aos ensinamentos doutrinais da Idade Mé-
dia e, sobretudo, da Escolástica. Em virtude disso, a Igreja Católica 
travou uma luta desesperada contra o Estado Moderno, contra a 
Reforma Protestante e contra todas as instituições novas, frutos 
do pensamento moderno. Essa reação foi conhecida como o movi-
mento da Contrarreforma. 
A cruzada contra o mundo protestante assume uma face es-
sencialmente educativa. Assim, o modelo contrarreformista cria 
novas unidades escolares: o colégio e o internato, cogitando as 
classes menos privilegiadas, revelando, assim, seuperfil ético, so-
cial e religioso.
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Todas as profundas alterações que a modernidade realiza no 
decorrer histórico, começando pelo Renascimento e pela Reforma 
Protestante, culminam, naturalmente, no Iluminismo. O grande 
protagonista no âmbito educacional, desta época, é Rousseau.
Influenciado pelas ideias de Locke, Rousseau, em sua obra de 
teor pedagógico Emílio, esboça a sua original doutrina educativa. 
O tratado sobre a educação exposto em Emílio, definitivamente 
rompe com o tradicional entendimento de educação, mostrando-
-se de acordo com o espírito iluminista.
Em Emílio Rousseau mostra-se ciente de que a transforma-
ção social só será possível se for anteriormente amparada por uma 
educação que reflita o espírito da época. A possibilidade de uma 
mudança social passa pelo retorno à natureza ou, pelo menos, ao 
espírito da natureza. E nisso consiste a razão da constatação de 
que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Esse pen-
samento será o critério que irá permear o novo ideal de educação 
proposto por ele. Para o pensador suíço, a formação do homem 
determina-se por três aspectos fundamentais, a saber: 
• a natureza; 
• os outros homens; 
• e as coisas.
Esses aspectos determinantes, segundo Rousseau se devem 
contemplar na sua relação mútua para o alcance da plena e inte-
gral formação humana, uma vez que, 
antes do Iluminismo todo processo educativo foi ineficaz, porque 
derivava de duas fontes apenas, ou seja, os homens e as coisas. 
Ignorava aquela base que é primeiríssima, a saber, a natureza (apud 
GILES, 1987, p. 177).
No final do século 18 e início do século 19, no cenário peda-
gógico, aparece a figura de Pestalozzi e seu projeto de reformula-
ção da educação. Pestalozzi sofreu enorme influência do pensa-
mento de Rousseau. A sua intenção inicial foi de aplicar, na prática, 
a teoria de Rousseau, exposta em Emílio.
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Para que possamos compreender as ideias de Pestalozzi e 
suas tentativas de introduzi-las na prática, temos de analisar a 
situação social que engendra tais ideias. Basicamente, a atenção 
pedagógica de Pestalozzi está voltada ao povo carente, profun-
damente imerso na miséria e ignorância. Adepto ao Iluminismo 
e suas ideias progressistas, ele acredita que seja possível uma 
formação mais plena e mais digna também para o povo carente. 
Nisto, consiste a mensagem de Pestalozzi: na criação de métodos 
simples e eficientes que podem renovar a sociedade e garantir aos 
seus membros, sobretudo, às crianças, um desenvolvimento em 
termos morais e intelectuais. Temos de frisar que Pestalozzi foi o 
educador mais famoso da sua época.
Vamos, agora, mergulhar na época contemporânea e anali-
sá-la brevemente.
A educação contemporânea
Cronologicamente, a contemporaneidade vem à luz, oficial-
mente, com a Revolução Francesa, o evento que enunciou, defini-
tivamente, as transvalorações sociais, econômicas e políticas. De 
modo geral, podemos descrevê-la como a época de revoluções po-
líticas e sociais, condicionando, por um lado, a gênese da socieda-
de contemporânea e a Revolução Industrial delineando, por outro, 
a nova ordem econômica. No âmbito desse novo cenário econô-
mico, social e político, o problema pedagógico assume o papel de 
suporte indispensável à vida social, promovendo a integração dos 
indivíduos. Apenas agora, a Pedagogia está diante do desafio de 
se tornar uma ciência estruturada, capaz de criar e aplicar os seus 
modelos teóricos.
Vale dizer que, no início, a educação contemporânea revela 
uma face acentuadamente ideológica. As diferenças ideológicas, 
todavia, cruzam o âmbito pedagógico, tecendo o seu caráter dialé-
tico, sempre aberto para novas propostas, mudando, assim, o de-
senho social e intensificando as tensões políticas. Temos de notar 
que o modelo contemporâneo pedagógico oscila entre o ideal con-
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formista de educação à base ideológica e o projeto emancipador 
da formação pessoal do sujeito humano. 
No século 20, após a polarização do mundo, a relação entre 
a educação e a política torna-se ainda mais estreita. Mais acentua-
damente, nota-se esse processo de ideologização educacional nos 
modelos socialistas, ao passo que, no capitalismo, a educação re-
vela um caráter mais liberal. Todavia, o modelo socialista mostra-
-se mais progressivo do que o modelo capitalista. A ideia de um 
homem universal está na base da pedagogia socialista. Em con-
sequência, a exigência de uma educação forte e igual para todos 
assume caráter de lei. 
Após a ruptura do modelo bipolar na década de 1990, o 
mundo entra, definitivamente, em processo de globalização. Com 
isso, a educação ideológica torna-se inatual. O cenário globalizado 
coloca o sujeito humano diante de novos desafios, que não con-
templam, os aspectos nacionais, patrióticos ou ideológicos, mas, 
antes, valores cosmopolitas. Se o mundo assume traços de "gran-
de aldeia", o sujeito humano, independentemente da sua origem, 
religião e costumes, tem de aprender a conviver com as diferenças 
sociais, regionais, econômicas e políticas num ambiente globali-
zado. Aspectos importantes dessa nova visão são os meios de co-
municação e informação, espalhando-se, com incrível rapidez, via 
internet, satélite e por outras mídias. 
Na contemporaneidade, o principal foco da educação dirige-
-se ao trabalho. Muitos filósofos e sociólogos viam, na instrução 
profissional, o ápice do processo educativo. Esse foco, especifica-
mente contemporâneo, começa a rejeitar os modelos humanistas 
de educação, baseados na formação livresca e erudita, isto é, na 
educação formal e teórica. A ênfase industrial, por sua vez, requer 
da educação uma formação humana em termos de homo faber.
Na descrição da educação atual, não podemos deixar sem 
nota, obviamente, um fenômeno tipicamente contemporâneo. 
Trata-se de mass medias e meios virtuais de comunicação, que 
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promovem, por si, um verdadeiro processo de formação, paralelo 
e alternativo aos tradicionais, independentemente da hora e do 
lugar, isto é, independentemente da sala de aula. 
Com a difusão desses meios alternativos e com seu acesso 
amplo e fácil, informações e conhecimentos chegam a dominar, 
por completo, o espaço social em todos os seus aspectos. Mas 
essa nova forma de aprendizagem, paralela às formas tradicionais 
(escolas, universidades), cria condição de padronização e mani-
pulação dos indivíduos. Nesse novo cenário social, aparece como 
grande protagonista a indústria cultural, que facilita o acesso e po-
pulariza a cultura. 
Em contrapartida, a democratização dos valores culturais 
implica a sua banalização, pois, ao interagir com a cultura, o gosto 
do público começa a predominar de tal maneira que se torna crité-
rio da produção cultural, uma vez que o que vale é a venda, e esta 
depende do público. A cultura, então, passa a ser dirigida pelas 
massas. Com outras palavras, a indústria cultural ameaça vulgari-
zar os valores da cultura, pois ela dita, por intermédio das massas, 
o gosto e as regras.
Esse processo de industrialização da cultura é observado, 
com olhos bastante críticos, por muitos filósofos e sociólogos, as-
sumindo a dimensão de principal problema da cultura e da edu-
cação contemporâneas. Assim, a escola de Frankfurt, encabeçada 
por Adorno e Horkheimer, ressalta o efeito devastador dessa in-
dustrialização, levando a cultura à pobreza, à vulgarização, à limi-
tação e à banalização. A massa inautêntica precisa de ídolos, e ela 
os escolhe por seu gosto. 
A indústria cultural propaga modelos, ideias e paradigmas 
que são incorporados pela massa. O homem-massa não tem sua 
própria “cara”, mas, em compensação disso, tem a oportunidade 
de escolher uma daquelas “caras” que, na indústria cultural, se 
propaga. O eu impessoal, como bem nota Heidegger emSer e 
tempo, domina plenamente o espaço cultural.
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Todavia, há quem veja, na indústria cultural, um meio pre-
cioso para a formação do homem, na medida em que esse ho-
mem, pela mesma indústria, tem acesso aos valores culturais que 
antes foram inacessíveis para ele.
De qualquer maneira, temos de deixar bem claro que, com 
o surgimento da mass medias e da indústria cultural, o âmbito pe-
dagógico mudou, de vez, a sua cara. As novas ferramentas entram, 
definitivamente, no cenário escolar. A figura do docente diante do 
quadro-negro cede lugar aos projetores multimídia (data show), 
com imagens e efeitos visuais e virtuais. 
Com essas mudanças, as questões sobre o incerto futuro pe-
dagógico estão em pauta: 
• Seria uma desqualificação do professor e de seus ensina-
mentos clássicos? 
• Seria uma questão de reeducação do mestre a partir de 
ensinamentos tecnológicos mais eficientes para a forma-
ção humana? 
Hoje em dia, não é preciso muito esforço para se conseguir 
a informação que se deseja; basta teclar no computador, e isso é 
ótimo! Mas e quanto ao caminho que deve ser percorrido para a 
aquisição do conhecimento, que é, ao mesmo tempo, o processo 
de aprendizagem? Será que não testemunhamos a era em que o 
sujeito humano aprende sem aprendizagem? Essas são as pergun-
tas mais frequentes que se colocam diante da educação do século 
21, as quais ela deve enfrentar, analisar e tentar responder.
Em conclusão, podemos dizer que, desde a aurora da forma-
ção humana, perdendo-se nos hieróglifos orientais, até o software de 
hoje, a resposta clara e definitiva sobre o modelo perfeito de educa-
ção, sobre a verdadeira “Paideia humana” não foi dada. Nem poderia 
sê-la, pois a sociedade transforma, incessantemente, a sua face, 
sob as necessidades emergentes em cada instante, no decorrer 
histórico, político, social e cultural. Todavia, ao longo deste estu-
do, vemos delineando-se duas vertentes principais que se realizam 
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num jogo dialético entre si: a Paideia individual, que promove a 
formação integral do homem, e a Paideia social, isto é, a formação 
do bom cidadão.
 Com vistas a razões políticas e sociais, nem sempre essas 
duas vertentes andam juntas, como deveria ser, isto é, conjugar a 
plena formação individual com a sua aplicação na vida social, na 
interação com os outros. Eis o que deverá amparar o ideal da edu-
cação humana – ideal que mais oscila ao utópico do que ao real.
Podemos, no entanto, opinar, modestamente, que investir 
na formação individual do homem indiretamente implicaria na 
sua formação social. Não se pode querer uma convivência social 
não conflituosa por meio de indivíduos manipulados, mas pode-se 
pode muito bem realizar uma sociedade harmoniosa com indiví-
duos esclarecidos. "Harmoniosa" aqui não quer dizer sem tensões, 
mas, ao contrário, tensões expressas por meio de sujeitos críticos 
que mantém, no decurso histórico, o equilíbrio do ser existencial e 
do ser social, realizando, assim, a harmonia. 
Nossa vida biológica é composta por tensões, , mas mantém 
o equilíbrio. O equilíbrio manifesta-se na presença de forças opos-
tas, pois não existe força singular; esta só se manifesta na presen-
ça de outra. Portanto, a paralisação de uma das forças implicaria, 
de imediato, no desequilíbrio. Portanto a educação deve instaurar 
e estimular a tensão entre a formação individual (subjetiva) e a 
formação social (objetiva) para alcançar a harmonia.
Agora é hora de você aprofundar seus estudos. Vamos em 
frente!
Glossário de Conceitos 
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um 
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados na disciplina Fundamentos His-
tóricos e Filosóficos da Educação. Por uma opção pedagógica do 
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autor, os termos do Glossário não seguem uma ordem alfabética, 
mas uma ordem cronológica da importância que cada um dos con-
ceitos adquire ao longo do estudo deste material. Veja, a seguir, a 
definição dos principais conceitos desta disciplina: 
1) Academia: é a escola que Platão fundou, em 387 a.C., nos 
jardins localizados em Atenas, os quais pertenciam, con-
forme a lenda, ao herói Academo.
2) Paradigma: modelo.
3) Paideia: pode-se aludir ao termo “formação”. É o pro-
cesso em que algo que não tem forma a adquire grada-
tivamente.
4) Ostracismo: estratégia pedagógica baseada na compe-
tição. Os antigos acreditavam que, somente por meio 
da disputa e da concorrência, o indivíduo humano pode 
alcançar a excelência. O ostracismo era, pois, o modelo 
pedagógico mais significativo da educação homérica. 
5) Pólis: Cidade-Estado com sua própria organização social, 
econômica, cultural e militar. Essa forma de vida estatal 
era preconizada, sobretudo, na Grécia Clássica.
6) Demônio: conforme os gregos, o ser que possuía uma 
natureza dupla, divina e humana, se associava ao demô-
nio. O demônio era o resultado do acasalamento formi-
dável entre o homem e o deus. 
7) Maiêutica: método dialético de educação introduzido 
por Sócrates. Consiste na interrogação à que o mestre 
submete o discípulo, a fim de forçá-lo a pensar e a refle-
tir. Literalmente, significa “arte de parteira”. Assim como 
a parteira ajuda a dar a luz a criança, o mestre ajuda o 
discípulo a engendrar de si mesmo as ideias. 
8) Dialética: é um método de diálogo cujo foco é a con-
traposição e contradição de ideias que levam a outras 
ideias e que tem sido um tema central na Filosofia Oci-
dental e Oriental desde os tempos antigos. 
9) Mouseion: é a maior biblioteca e centro cultural do 
mundo antigo, localizada em Alexandria.
10) Teoria da iluminação: trata-se da concepção epistemológi-
ca de Santo Agostinho, conforme a qual o intelecto huma-
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no, sendo finito e limitado, não será capaz, por si mesmo, 
de chegar às verdades eternas sem que Deus o elevasse e o 
iluminasse. Assim com a luz é a condição de visão, a teoria 
da iluminação explica o processo em que o intelecto huma-
no é iluminado para "ver" as verdades eternas.
11) De Magistro: sua tradução literal seria “Do mestre”. Tra-
ta-se, nesse caso, de tratados sobre a educação.
12) Alta Idade Média: o termo faz referência ao primeiro pe-
ríodo da Época Medieval.
13) Baixa Idade Média: o termo faz referência ao último pe-
ríodo da Época Medieval.
14) Quadrivium: método escolástico de ensino que incluía 
Aritmética, Geometria, Astronomia e Música.
15) Trivium: método escolástico de ensino que incluía Gra-
mática, Retórica e Dialética.
16) Studia humanitatis: Ciências Humanas (Gramática, Re-
tórica, Poesia, História e Ética).
17) Humanismo: denota a visão do mundo a partir do ho-
mem. O humanismo é o traço fundamental da visão cul-
tural do Renascimento.
18) Reforma Protestante: movimento reformista cristão ini-
ciado no século 16 por Martinho Lutero, que, por meio 
da publicação de suas 95 teses, protestou contra diver-
sos pontos da doutrina da Igreja católica, propondo uma 
reforma no catolicismo.
19) Protestantismo: refere-se ao conjunto de igrejas cristãs 
e doutrinas que se identificam com as teologias desen-
volvidas no século 16, na Europa Ocidental, na tentati-
va de reforma da Igreja católica apostólica romana por 
parte de um importante grupo de teólogos e clérigos, 
no qual o ex-monge agostiniano Martinho Lutero teve 
destaque.
20) Contrarreforma: é o nome dado ao movimento criado 
no seio da Igreja católica em resposta à Reforma Protes-
tante, iniciada com Lutero em 1517.
21) Bildung: termo alemão que pode-se traduzir como for-
mação..
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22) Si-natural: o termo faz referência ao estado natural do in-
divíduo antes de seu contato com a sociedade organizada.
23) Si-social:o termo faz referência ao indivíduo que, por 
meio do processo pedagógico, se torna apto a integrar 
a sociedade.
24) Homo faber: ser humano que maneja a técnica e pro-
duz artefatos (coisas produzidas pelo homem e que pos-
suem sentido apenas para ele).
25) Utilitarismo: concepção ética que avalia a ação moral de 
acordo com o bem-estar da sociedade, ou seja, avalia a 
ação conforme suas consequências. 
26) Princípio da maximação: princípio utilitarista que re-
quer maior bem para maior número de pessoas.
27) Transvaloração de todos os valores: o termo foi utilizado 
por Nietzsche para designar a transvaloração dos valores 
morais que perderam seu eixo norteador – bem e mal.
28) Homem-massa: o terno designa o homem que perdeu a 
sua pessoalidade e suas possibilidades próprias, tornan-
do-se impessoal. O homem-massa perdeu, então, sua 
identidade própria, identificando-se com a multidão.
29) Tupi-guarani: tronco linguístico que compreende, no 
Brasil, dez famílias vivas, distribuídas por 14 estados; 
estende-se tb. pelos seguintes países: Guiana Francesa, 
Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina 
(HOUAISS, 2009). 
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é 
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até 
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você 
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a 
partir de suas próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
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tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino. 
Com base na teoria da aprendizagem significativa, entende- 
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em es-
quemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhe-
cimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos peda-
gógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que “aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
 Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é 
você o principal agente da construção do próprio conhecimento, 
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações inter-
nas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo 
tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu co-
nhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, esta-
belecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer 
29© Caderno de Referência de Conteúdo
com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adap-
tado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/
mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 
mar. 2010). 
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Fundamentos Históricos e Filosóficos 
da Educação. 
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre 
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um e outro conceito desta disciplina e descobrir o caminho para 
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, os 
conceitos complexidade e educação implicam conhecer as etapas 
da formação do pensamento pós-moderno de kant a Morin; sem o 
domínio conceitual desse processo explicitado pelo Esquema, po-
de-se ter uma visão confusa do tratamento da temática do ensino 
de Filosofia proposto pelos autores deste CRC. 
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente 
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles 
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se 
da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino pode ser uma forma de você 
avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de ques-
tões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando 
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma 
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir 
uma formação sólida para a sua prática profissional. 
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões 
autoavaliativas de múltipla escolha.
AtEnção!
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta 
apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por ques-
tões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemá-
31© Caderno de Referência de Conteúdo
ticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. 
Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma in-
terpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não 
há nada relacionado a elas no tópico Gabarito. Você pode comentar 
suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo vi-
sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar de forma mais 
apurada a Educação como processo de emancipação do ser huma-
no. É importante que você se atente às explicações teóricas, prá-
ticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, 
bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao 
compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permi-
te-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e 
a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portan-
to, uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presenciale, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
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mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto 
para ajudar você. 
3. REFERêNCIAS BIBLIoGRáFICAS
ARISTóTELES. Metafísica. Bauru: Edipro, 2006. (Clássicos Edipro)
CAMBI, F. História da pedagogia. Tradução de álvaro Lorencini. São Paulo: Unesp, 1999. 
GILES, T. R. História da educação. 3 ed. São Paulo: EPU, 1987.
MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. Tradução de 
Gaetano lo Monaco. São Paulo: Cortez, 1989. 
JAEGER, W. W. Paidéia: a formação do homem grego. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2003. 
ROUSSEAU, J. Emílio ou da educação. Tradução de Roberto Leal Ferreira. 2. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999. 
1
EA
D
A Educação no Mundo 
Antigo
1. oBjETIvoS
• Compreender como se organiza a disciplina Fundamentos 
Históricos e Filosóficos da Educação e discutir sobre o seu 
propósito.
• Analisar e conhecer determinados conceitos necessários 
ao estudo da disciplina.
• Compreender as estruturas pedagógicas do mundo anti-
go, bem como as propostas dos principais filósofos sobre 
a Paideia dos cidadãos das civilizações antigas. 
2. COnTEúDOS
• Introdução à disciplina Fundamentos Históricos e Filosó-
ficos da Educação e formas de participação, interação e 
apropriação dos conteúdos.
• Programa para o desenvolvimento da disciplina. 
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 Claretiano - REdE dE EduCação
34
3. oRIENTAÇÕES PARA o ESTUDo DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Durante o estudo desta unidade, procure realizar as re-
flexões sugeridas. Faça seu cronograma e não se apresse 
em prosseguir seus estudos. Afinal, as reflexões são im-
portantes para possibilitar que você se envolva por intei-
ro na aprendizagem. Pense nisso... 
2) Era chamada cidade-Estado uma região controlada por 
uma grande cidade que fosse independente. As cidades-
-Estado eram comuns na Antiguidade, principalmente 
na Grécia Antiga. 
3) O papiro é uma planta nativa do Egito, encontrada às 
margens do rio Nilo. Era utilizado na fabricação do papel. 
É possível encontrar plantações de papiro em regiões do 
sul da Itália. 
4. InTRODUÇÃO à UnIDADE
O surgimento e o desenvolvimento da problemática pedagó-
gica acompanham a gênese da sociedade desde seus primórdios 
até os dias atuais. Assim, torna-se presente o questionamento so-
bre os fundamentos da educação, isto é, sobre as razões que tor-
nam possível esse fenômeno social e cultural. Tal questionamento 
se reduz à pergunta sobre o fundamento no âmbito da reflexão 
filosófica.
A educação encontra-se na base de qualquer sistema polí-
tico e social, sendo suporte indispensável para a realização tan-
to dos fins subjetivos (do indivíduo) como dos fins objetivos (da 
sociedade). O grande desafio com o qual a educação sempre se 
depara é como reconciliar os fins subjetivos com os objetivos. Essa 
será a base da nossa reflexão, tendo como norteadora a gênese 
histórica da educação.
35© A Educação no Mundo Antigo
Assim, nesta unidade, você vai conhecer os primeiros pas-
sos da Educação na sociedade arcaica, no Egito Antigo especifi-
camente. Em seguida, terá a oportunidade de se familiarizar com 
os modelos gregos de educação e seus grandes representantes, 
como Homero, Sócrates, Platão, Isócrates, Aristóteles e outros, 
compreendendo as influências que estes exerceram nas épocas 
helenística e romana. 
Iniciaremos nosso estudo sobre os fundamentos históricos e 
filosófico da educação pelos vestígios mais remotos de uma ativi-
dade pedagógica da antiguidade no Egito. Acompanhe!
5. EDUCAÇÃO nO EGITO AnTIGO 
O primeiro rastro de uma atividade pedagógica, segundo 
Manacorda (1989), encontra-se na civilização do Antigo Egito. Essa 
é a razão pela qual a nosso estudo histórico-filosófico da educação 
deve começar por essa civilização.
Os povos que habitavam as margens do rio Nilo tinham per-
feitas condições de desenvolvimento de uma civilização avançada, 
pois o solo fértil nas margens do rio propiciava condições de uma 
agricultura avançada. Esta, por sua vez, necessitava de vários sa-
beres que, ao longo do tempo, foram desenvolvidos: matemática, 
astronomia, engenharia, arquitetura etc. 
Como podemos entender, todos esses conhecimentos estão 
na base dessa civilização hidráulica. Assim como é de se esperar 
que tais conhecimentos tenham sido transmitidos de geração a 
geração, a fim de manter intacta a civilização, é de se pensar como 
uma necessidade, a criação de escolas como veículos de transmis-
são desses saberes, a partir dos quais se aprendem várias habilida-
des e competências que atendam à necessidade da prática. 
Apesar dessas razões que justificam o surgimento de institui-
ções pedagógicas, não encontramos provas de uma clara tendên-
cia pedagógica. E tudo isso porque a educação tinha um caráter 
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restrito, acessível somente a poucos, isto é, às classes dominantes, 
embora esse fato reduzisse seu currículo de instrução política ao 
exercício de poder. 
Foi no Egito que as crenças modernas e o conhecimento so-
bre o homem tiveram origem. Foi seu povo quem produziu a arte 
e a literatura expressivas, como também foi o pioneiro na arquite-
tura de pedra, além de desenvolver o primeiro material adequado 
para a escrita, o papiro (ver Figura 1). 
Figura 1 Papiro.
 Mesmo sem rastros de instituições pedagógicas organiza-
das, como vestígios dessa atividade encontramos versos de caráter 
moral e comportamental. Pensemos nos Livros dos sábios. Esses 
ensinamentos de cunho moral haviam sido transmitidos oralmen-
te, de geração a geração, de pai para filho, de mestre para discípu-
lo, pois a escrita não era, ainda, o veículo principal. A base desses 
ensinamentos era mnemônica, ou seja, repetição e memorização. 
No período feudal, em torno de 2.200 a 2.000 a.C., com a 
inserção da ginástica e da arte de guerra, houve um avanço con-
siderável no quadro curricular. Juntamente com estas, a arte do 
bem falar (oratória) veio contribuir para uma formação sistemati-
camente organizada, ainda que acessível apenas às classes domi-
nantes, que mantinham o poder político. 
37© A Educação no Mundo Antigo
Aos poucos, surgem escolas que não apenas contemplam 
a formação de políticos e guerreiros – como no caso das classes 
dominantes –, mas também se destinavam a formar os que man-
tinham certas relações com o soberano e não possuíam origem 
nobre. Essas escolas dão origem à figura do mestre rodeado por 
seus discípulos. 
O período de 2.100 a 1.800 a.C. marcou um avanço notável 
na educação. A memorização dos versos cedeu lugar ao estudo 
das letras. O ofício das letras, dirigido pelo mestre, criava condição 
para os próprios alunosinteragirem com as sabedorias transmiti-
das pelos livros. A partir dessa época, a transmissão oral foi sendo 
substituída pelo ofício das letras; os livros tornam-se a principal 
fonte de sabedoria, e, para ter acesso a eles, era preciso que o 
homem aprendesse a ler e escrever. 
Essa passagem da tradição oral para a escrita certamente 
muda o rumo da educação. Agora, o protagonista não é mais o sá-
bio, mas aquele que, ao dominar a arte de ler e escrever, apropria-
-se da sabedoria depositada nos livros. Na medida em que isso 
se tornou uma realidade, iniciou-se a criação de bibliotecas como 
uma espécie de "depósito do saber". Essa considerável mudança 
na educação ocorreu por volta de 1.800 a 1.600 a.C.
Com o posterior desenvolvimento da sociedade antiga e com 
o crescente anseio político de uma convivência social não confli-
tuosa, emerge a necessidade de uma educação para os súditos, 
cujo objetivo era que estes aprendessem que a sua posição social 
era a de súditos, ou seja, tratava-se de uma educação que visava à 
submissão e à obediência.
Surgem, portanto, dois modelos de educação: a intelectual 
e bélica, destinada à classe nobre, e outra, destinada aos plebeus. 
Estes adquiriam conhecimentos profissionais para a produção de 
coisas úteis, como era o caso, por exemplo, dos artesões. Esse mo-
delo bivalente será a marca registrada da educação antiga, desde 
a civilização do Egito até a revolução cultural do cristianismo. É o 
que sublinha Franco Cambi (1999, p. 52):
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Todo o mundo antigo, até a revolução cultural do cristianismo, per-
manecerá ancorado a esse dualismo radical de modelos formati-
vos, que refletem e se encerram naquele dualismo entre trabalho 
manual e trabalho intelectual que, por sua vez, foi uma infra-estru-
tura da cultura ocidental, pelo menos até o advento da modernida-
de que tornou a pôr em causa a cisão e a contraposição, exaltando 
aquele homo faber que será o protagonista do mundo moderno.
Feito essas indicações importantes sobre o caráter da educa-
ção do Antigo Egito, vamos agora conhecer os desafios que surgem 
diante da educação na Grécia Antiga.
6. EDUCAÇÃO nA GRéCIA AnTIGA
Seguindo as pesquisas históricas e filosóficas, podemos re-
conhecer, na Grécia, principalmente no período clássico, esboços 
de modelos teóricos, cognitivos, éticos e estéticos que dão origem 
a toda a cultura ocidental. Essa gloriosa civilização grega e suas 
incomparáveis contribuições no âmbito cultural vão-se desenro-
lando durante quatro períodos: homérico, clássico, helenístico e 
romano.
Figura 2 Grécia. 
39© A Educação no Mundo Antigo
Entre 2.500 e 1.400 a.C., existiu, na Ilha de Creta, uma cul-
tura avançada chamada “minoica”, que nos impressiona pela exu-
berância e vitalidade; é uma cultura totalmente diferente daquela 
dos melancólicos templos egípcios. A cultura minoica era marítima 
com perfil comercial. Por volta de 1.600 a.C., ela estendeu-se até 
a parte continental da Grécia e permaneceu vigorosa até 900 a.C., 
fundando, assim, a cultura micênica, da qual não se conhece muito 
além das lendas e dos testemunhos de Homero.
Apesar de os gregos não serem um povo homogêneo, a par-
tir de um intenso intercâmbio comercial e cultural, formam sua 
própria unidade espiritual. Esse processo começou por volta de 
1.800 a.C. quando povos itinerantes de origem indo-europeia inva-
diram, inicialmente, a Ilha de Creta e, posteriormente, a parte con-
tinental da Grécia. Esses povos chegaram à Grécia em três etapas: 
primeiro, vieram os jônios; depois, os eólios; e, por fim, os dórios. 
Os jônios apropriaram-se totalmente da cultura minoica. 
Apesar de ser um povo guerreiro, os jônios foram expulsos pelos 
eólios. Conforme pesquisas arqueológicas, os eólios constituíram 
um forte império por volta de 1.400 a.C. Enfraquecida pelas guer-
ras entre jônios e eólios, a civilização minoica foi praticamente ex-
tinta pelos últimos invasores – os dórios. Enquanto os jônios e os 
eólios aceitavam a religião minoica, os dórios permaneciam em 
sua religião indo-europeia. Assim, a religião minoica conservou-se 
entre as classes baixas, ao passo que a religião da Grécia Clássica 
as incorporou. 
Diferentemente da visão oriental da civilização do Antigo 
Egito, segundo a qual a educação intelectual cabia somente à 
casta sacerdotal e a educação do povo se limitava ao ensino das 
normas, os gregos tornaram o homem comum o principal prota-
gonista no cenário histórico pelo ideal democrático. A importância 
do homem, nesse cenário, requer um completo desenvolvimento 
dos seus dons naturais e potencialidades, o que exigia uma nova 
Paideia.
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 Claretiano - REdE dE EduCação
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Para analisar essa nova mentalidade, faremos uma breve ex-
planação sobre Homero, intitulado por Platão como “o maior de 
todos os mestres gregos”. Vamos lá?
o período homérico e a educação
Para compreender melhor a educação homérica, temos de, 
em princípio, compreender a sua religião, pois é desta que aquela 
tomará inspiração.
A epopeia homérica, que origina a religião dos antigos gre-
gos, parece não ter analogia com outra religião, pois não se baseia 
em uma relação de adoração, como qualquer outra, mas, antes de 
tudo, de rivalidade. Aos deuses gregos, são atribuídos traços hu-
manos, ou seja, antropomórficos. Eles são bons ou maus, justos ou 
injustos, nobres ou covardes; enfim, são como os humanos. A úni-
ca diferença que podemos ressaltar entre deuses e humanos é o 
fato de os deuses serem imortais. No entanto, os homens também 
poderiam sê-lo; bastava agirem e comportarem-se como heróis.
Havia uma rivalidade entre os deuses e os heróis humanos, 
o que, por sua vez, forçava o homem a superar-se, a tornar-se um 
deus e a concorrer com eles. Era uma religião que necessitava do 
“homem-herói”. à base desse paradigma heroico da existência hu-
mana, em que o herói preferia a morte – após uma luta sangrenta 
coroada pela glória – do que a existência feliz, a educação toma 
inspiração. 
A educação homérica foi o primeiro modelo de formação em 
excelência; a primeira versão da Paideia grega. Temos de notar que 
esse modelo propiciava a formação do lado subjetivo do homem, 
todavia, essa formação de excelência traria também para o Estado 
enorme benefício, pois é o herói quem, nos combates, glorificava 
e dava relevância ao seu Estado. 
Nesse período, o povo grego ainda não dominava a arte de 
ler e escrever, e, por isso, a educação era transmitida oralmente. A 
41© A Educação no Mundo Antigo
Ilíada e a Odisseia eram a base dessa transmissão oral. Os heróis 
das epopeias serviram como modelo de imitação para os jovens. 
O processo de formação dos jovens gregos efetuava-se por 
meio da disputa e da concorrência, já que se acreditava que esse 
era o caminho para o homem se desenvolver. Com isso, a disputa 
tornar-se um meio imprescindível para o gênio se destacar e ficar 
reconhecido. Foi o ostracismo que revelou esse modelo agônico 
de educação. Segundo tal modelo, se, numa disputa, aparecesse 
alguém que superasse, em muito, os outros competidores, este 
teria de ser isolado e transferido para outro grau de disputa, para 
que esta não cessasse. Pode-se reconhecer essa mentalidade em 
todas as manifestações da cultura grega, como nos jogos olímpicos 
e nas disputas sofísticas. Em suma, a educação homérica permea-
va e fundamentava essa cultura fenomenal. 
No entanto, ao longo do tempo, rompeu na cultura grega 
uma força racional que dominou toda a cultura ocidental. Este pe-
ríodo é denominado "Período Clássico”, e tinha, na racionalidade, 
sua marca fundamental. Vamos estudá-lo a seguir? 
Período clássico 
Por volta dos séculos 5 a.C e 4 a.C., a cultura grega entra no pe-
ríodo clássico do seu desenvolvimento. Nesse período, entre as pólis 
gregas, duas merecem destaque, revelando dois modelos diferentes 
de educação. Com efeito, trataremos de Esparta e Atenas.Esparta
Por volta do ano 800 a.C., na estrutura social da Grécia, surge 
a cidade-Estado, chamada pólis. Havia várias polis, com estruturas 
política e social próprias. Entre elas, frequentemente explodiam 
conflitos seguidos por guerras. Essa é a razão pela qual mantinha 
os cidadãos em prontidão constante para, se necessário, travar lu-
tas em sua defesa, pois o bem do Estado conferia o maior valor às 
ações humanas. Talvez, a manifestação mais clara dessa mentali-
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dade grega seja apresentada por Esparta e seu modelo educativo, 
o qual servirá, em partes, de base a Platão, para descrever o seu 
Estado perfeito. 
Em Esparta, o ideal homérico de formação manteve-se mais 
intacto, pelo menos na sua versão bélica. No entanto, o indivíduo 
não é concebido na sua dimensão subjetiva, e, portanto, a sua for-
mação tendia, sobremaneira, a beneficiar o Estado. O Estado atri-
buía à educação uma missão fundamental para a sua conservação, 
na medida em que ela deveria formar cidadãos compatíveis com o 
projeto político de Esparta. 
Foi por essa razão que o Estado espartano considerava as 
crianças e os jovens como sua propriedade, os quais deveriam ser 
moldados conforme seus fins. Como o Estado era considerado o 
Bem supremo, o papel da formação individual reduzia-se ao mí-
nimo. Percebe-se como a educação, nessa versão, visa somente 
a moldar o indivíduo conforme as necessidades estatais. Obser-
vamos aqui que se trata de um homem "produzido" pelo e para 
o Estado. Esse modelo de educação nos mostra uma formação 
unilateral, que descarta o desenvolvimento subjetivo e pessoal do 
indivíduo.
Ao contrário do modelo espartano, a educação ateniense 
revela-nos um ideal mais humano e liberal, ou seja, mais volta-
do ao aperfeiçoamento pessoal e subjetivo. Vamos conhecer esse 
modelo educativo a seguir. 
Atenas
Se o Estado espartano atestava a propriedade das crianças, 
em Atenas, tal propriedade cabia à família e, antes, ao pai.
O ideal educativo de Atenas visava a três aspectos: ginástica, 
música e escrita. A ginástica justificava-se, além das necessidades 
militares, pelo ideal humanista de harmonia entre corpo e mente. 
Ao estudo da música, cabia o papel de formar o senso de tempe-
rança e de moderação nos jovens, como, por exemplo, evitar falar 
43© A Educação no Mundo Antigo
e agir com indecência. Se, por um lado, à escrita cabe o principal 
meio de aquisição de conhecimentos e interação com estes, por 
outro, a criação do alfabeto naturalmente impõe a necessidade de 
tal estudo. A esse respeito, Cambi (1999, p. 85) afirma: "Estamos 
no liminar da grande descoberta educativa ateniense e, também, 
de toda cultura grega: a Paidéia".
Por volta de 461 a.C. a 429 a.C., o grande protagonista políti-
co é Péricles. Inicia-se o século de ouro da cultura grega, o Classi-
cismo. As principais ideias que a sociedade ateniense eleva como 
“bandeira” do seu humanismo expressam-se em termos de igual-
dade, liberdade e individualidade. Lembremo-nos desta célebre 
frase de Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas". 
Esse legado deixado pelo célebre sofista milagrosamente resume 
todos esses ideais. 
É o antropologismo, instaurado por meio dos sofistas e de 
Sócrates, que constrói a pátria do Classicismo. Começa uma nova 
era para o homem, tornando-se este o principal objeto da sua pró-
pria investigação. A famosa frase do templo de delfos ilustra esse 
movimento espiritual: “Conhece-te a ti mesmo!”. Eis a nova mun-
dividência, em que o homem aparece como protagonista e na qual 
ele se pergunta sobre si mesmo e por si mesmo responde, desper-
tando a sua consciência pessoal e, com ela, o gosto pela liberdade. 
A democracia está, pois, no seu apogeu.
Pensando nesse novo status humano, temos de destacar o 
papel dos sofistas. Neste período surge a preocupação com um 
processo educativo que requer, antes de tudo, uma formação hu-
mana no sentido amplo da palavra. 
Sofistas 
Com a ascensão dos comerciantes e o surgimento da classe 
burguesa, o anseio democrático surgia cada vez mais manifestado 
e, com ele, a vontade pelo poder social. Praticamente, todo ho-
mem tinha direito de assumir cargos públicos, ou até encabeçar o 
© Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação
 Claretiano - REdE dE EduCação
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Estado. Mas, para tal fim, era necessário que ele convencesse os 
outros das suas capacidades. 
Os sofistas, como mestres profissionais, prometiam, em tro-
ca de dinheiro, tornar apta qualquer pessoa que quisesse dedicar-
-se à vida pública. Estes fatores propiciaram o surgimento de es-
colas, nas quais se dava muita importância à oratória (a arte de 
bem falar e arte de disputa), e, por meio desses conhecimentos, 
preparava-se o discípulo para o ingresso na vida social.
Todavia, essas intenções sofísticas de fazer que todo homem 
pudesse participar na vida pública foram vistas por Sócrates e ou-
tros como algo desonroso. Por um lado, porque vendiam o conhe-
cimento como se fosse mercadoria, por outro, porque incitavam a 
possibilidade de os plebeus entrarem na vida pública. 
Embora Sócrates e outros contestassem o sucesso individual, 
a carreira na vida pública e a vantagem pessoal, tal fato deveria 
ocorrer em detrimento da realização plena do homem por meio das 
virtudes morais. Talvez essa seja a razão da forte repulsa de Sócra-
tes, o primeiro teórico da ética, e de seu genuíno discípulo, Platão, 
contra os sofistas. Vejamos o que Sócrates pensava a esse respeito!
Sócrates
Sócrates, diferentemente dos sofistas que acentuam o relati-
vismo humano, interrogava-se, permanentemente, sobre a natureza 
humana, procurando a essência comum entre os homens. Sócrates, 
com a célebre frase “conhece-te a ti mesmo”, fazia com que o indi-
víduo a procurasse em si mesmo a sua essência humana, que é co-
mum entre os homens. Como afirmava o velho mestre, tal essência 
era a moral, mas uma moral não baseada na lei inexorável dos costu-
mes, mas sim na obrigação interna, no dever que ditado pela própria 
consciência. O indivíduo deveria consultar o seu próprio “demônio" 
para achar os motivos do seu agir. 
Sócrates tornou-se o pai da filosofia moral com base racio-
nalista; assim, podemos entender sua frase marcante: “O conheci-
45© A Educação no Mundo Antigo
mento é virtude", pois a falta de virtude deve-se à falta de saber. 
Se esse for o caso, então devemos imaginar que a formação huma-
na, que pressupõe aquisição do conhecimento, é imprescindível 
para o alcance da vida virtuosa, e esta, por sua vez, conduzirá o 
homem à felicidade. Temos de notar aqui um argumento poderoso 
em prol da necessidade do ensino. 
Sócrates designou como maiêutica (alusão à arte de parteira) 
o método de instrução da alma humana, pelo qual esta se ascende 
e se torna apta a ingressar no caminho das virtudes. Por meio de 
perguntas e respostas, Sócrates foi de fato esse “parteiro intelec-
tual” que ajudava os jovens a descobrirem, por si mesmos, as ver-
dadeiras virtudes que habitavam suas almas. Nessa empreitada, 
Sócrates era insuperável. Sua maiêutica, entendida como método 
dialético, criou um novo paradigma na educação, atribuindo a esta 
mais dinâmica e efetividade.
Se a Sócrates cabe o mérito de ter introduzido um novo mo-
delo de educação baseado na dinâmica entre o mestre e o discípulo, 
Platão foi quem, utilizando-se do método dialético, criou uma base 
sistemática da educação para vigorar numa sociedade perfeita. A 
seguir, você irá conhecer as propostas pedagógicas de Platão.
Platão
Não será necessário sublinhar que o modelo educativo de 
Platão é acentuadamente utópico. Todavia, não deixa de ser uma 
teoria avançadíssima que, ao longo dos séculos, tem sido uma das 
principais fontes de inspiração da literatura pedagógica. 
O modelo pedagógico platônico ressalta dois aspectos: o as-
pecto moral, que visa à formação pessoal do indivíduo, e o aspec-
to social, que visa à participação do indivíduo na sociedade.

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