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obrigação de juros 1

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UNIVERSIDADE RIBEIRÃO PRETO – CAMPUS GUARUJÁ 
PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
Obrigações de Juros. Obrigações Pecuniárias 
 
Obrigações de Juros 
 
Juros é a remuneração que o credor pode exigir do devedor por se privar de 
uma quantia em dinheiro. 
 
Os juros (ou interesses) são, pois, uma obrigação acessória da dívida principal. 
 
Espécies de juros 
 
Podem os juros ser convencionais ou legais. Os primeiros são pactuados; os 
segundos provêm da lei. Podem, também, ser moratórios ou compensatórios. 
 
A idéia deu origem aos juros moratórios é a de uma pena imposta ao devedor 
pelo atraso no cumprimento da obrigação. Entende-se por compensatórios os 
juros que se pagam como compensação pelo fato de o credor estar privado da 
disponibilidade de um capital. 
 
A Constituição de 1998 pretendeu dar outros rumos à matéria, estabelecendo o 
limite anual de 12% para os juros (art. 192, § 3º). Essa disposição criou grandes 
polêmicas e o mais alto Tribunal do país a entendeu não auto-aplicável, sendo 
posteriormente revogado pela Emenda Constitucional nº 40/2003. 
 
Art. 406, CC: “Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o 
forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão 
fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de 
impostos devidos à Fazenda Nacional.” 
 
A Fazenda pratica a denominada taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação 
e de Custódia -, prevista no art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95. 
 
Para a obrigação líquida e certa, os juros serão certamente devidos desde o 
advento do termo, quando tem início a mora do devedor. 
 
Para a obrigação líquida e certa, mas sem prazo, a mora só poderá iniciar-se a 
partir da interpelação ou notificação de que trata o art. 397, segunda parte, 
parágrafo único. 
 
Para a obrigação negativa, serão devidos os juros desde o momento em que o 
obrigado praticou o ato do qual deveria abster-se. É a partir desse momento que 
o devedor encontra-se em mora (art. 390, CC). 
 
Para as obrigações decorrentes de ato ilícito, o art. 398,CC diz: “Nas obrigações 
provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora desde que o 
praticou.” 
 
 
 
UNIVERSIDADE RIBEIRÃO PRETO – CAMPUS GUARUJÁ 
PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
Anatocismo 
 
O anatocismo, se revela como a capitalização dos juros de uma quantia 
emprestada. Em outras palavras, nada mais é que a incidência de juros sobre os 
juros acrescidos ao saldo devedor em razão de não terem sido pagos. 
 
Assim, os juros obtidos por meio desta prática, são somados ao capital e será a 
base para o cálculo da nova contabilização de juros. 
 
Trata-se de prática veemente proibida pela legislação brasileira. A vedação 
sobrevém do Decreto 22626/33 que estabelece "é proibido contar juros dos 
juros; esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos 
saldos líquidos em conta corrente de ano a ano". 
 
Partindo desta premissa, o STF editou a súmula de n.º 121 "- é vedada a 
capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada”. 
 
Obrigações Pecuniárias 
 
A obrigação pecuniária é modalidade da obrigação de dar, que tem por objeto o 
dinheiro (pecúnia), denominador comum da economia. 
 
Só será pecuniária a obrigação que tenha por objeto moeda corrente. Um 
pagamento a ser feito em moedas raras, ou fora de circulação, para 
colecionadores, por exemplo, não tem essa característica. Serão elas 
obrigações específicas ou de dar coisa certa. 
 
O Código de 1916 não proibia a contratação em moeda estrangeira. Pelo 
Decreto nº 23.501, de 27-11-33, estatui-se o curso forçado da moeda nacional, 
cominando-se de nulidade qualquer estipulação de pagamento em ouro ou em 
determinada espécie de moeda. Lei posterior (nº 28, de 15-2-35) abriu exceções 
a situações particulares, referentes a contratos de importação e às obrigações 
contraídas no exterior, para serem executadas no Brasil. 
 
Art. 315, CC: “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas, no vencimento, em 
moeda corrente e pelo valor nominal, salvo disposto nos artigos subseqüentes.” 
 
Art. 317, CC: “Quando, por motivos imprevisíveis, sobreviver desproporção 
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, 
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto 
possível, o valor real da prestação.” 
 
Introduz-se, portanto, a possibilidade real e efetiva da intervenção judicial nos 
contratos, aplicando-se claramente a teoria da imprevisão ou da excessiva 
onerosidade, sob o ponto de vista objeto, quando do pagamento, ou 
propriamente da execução. 
 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
UNIVERSIDADE RIBEIRÃO PRETO – CAMPUS GUARUJÁ 
PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
Cessão de Crédito 
 
Introdução. A Transmissibilidade das Obrigações 
 
O atual Código cuida da matéria após as modalidades das obrigações, em título 
dedicado à “transmissão das obrigações”, disciplinando a cessão de crédito nos 
arts. 286 a 298 e a assunção de dívida nos arts. 299 a 303. 
 
A cessão de crédito enfoca a substituição, por ato entre vivos, da figura do 
credor. 
 
A transmissão de direitos e obrigações pode verificar-se tanto por causa de 
morte, quanto por ato entre vivos. A transmissão causa mortis deve ser estudada 
e disciplinada pelo direito das sucessões. O examinaremos neste tópico são as 
possibilidades de substituições subjetivas das obrigações pela vontade das 
partes, principalmente. 
 
Conceito de Cessão de Crédito. Afinidades 
 
O crédito, como integrante de um patrimônio, possui um valor de comércio. 
Trata-se, sem dúvida, de uma alienação. Quando, no direito, a alienação tem por 
fim bens imateriais, toma o nome de cessão. 
 
Na cessão de crédito, o cedente é aquele que aliena o direito; o cessionário, o 
que admite. O cedido é o devedor, a quem incumbe cumprir a obrigação. 
 
 A cessão de crédito é, pois, um negócio jurídico pelo qual o credor transfere a 
um terceiro seu direito. 
 
Nesse negócio, o crédito é transferido íntegro, intacto, tal como contraído; 
mantém-se o mesmo objeto da obrigação. 
 
Por exceção, não podem ser cedidos créditos inalienáveis por natureza, por lei, 
ou por convenção com o devedor (art. 286, CC). 
 
O contrato pode proibir a cessão de crédito, mas, para que esse pacto impeditivo 
possa ser eficaz com relação a terceiro de boa-fé, deve constar do instrumento 
da obrigação. 
 
O importante é estabelecer o conhecimento de proibição por parte do 
cessionário, o que fará desaparecer sua boa-fé, ainda que essa ciência se dê 
por outros meios, antes de efetivada a cessão, quando ausente a cláusula 
proibitiva no próprio instrumento. 
 
Os acessórios acompanham o crédito na cessão, salvo se as partes 
convencionem em contrário (art. 287, CC). Embora não diga a lei, nada impede 
que haja cessão parcial do crédito. Nesse caso, o devedor deve ser claramente 
informado da cisão e essa multiplicidade de credores no mesmo crédito não lhe 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
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deve causar maiores gastos, isto é, sua situação não poderá ser agravada sem 
sua concordância. 
 
A cessão pode ocorrer a título gratuito ou oneroso. 
 
No direito moderno, não se faz necessário, na cessão de crédito, o 
consentimento do devedor. Deve ele apenas ter ciência de quem é o credor, 
para poder efetuar o pagamento; o devedor é estranho ao negócio. 
 
Já os pontos de contato da cessão de crédito com a sub-rogação são maiores. 
Na cessão, seu efeito só ocorre a partir do momentoem que se notifica o 
devedor da cessão, o que não ocorre na sub-rogação. 
 
Existe sub-rogação por força de lei, enquanto a cessão é ato voluntário. O art. 
350, CC da sub-rogação limita o direito do sub-rogado até a soma que 
desembolsou para desobrigar o devedor. Na cessão, não existe essa limitação; 
a cessão pode ter sempre caráter especulativo. 
 
Doutro lado, não há que se confundir a cessão de crédito com o “endosso”, que 
é peculiar forma de transferência dos títulos de crédito, partindo de outros 
postulados, embora se refira também à transferência de um crédito. 
 
Posição do Devedor 
 
Art. 290, CC: “A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, 
senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em 
escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.” 
 
O cessionário de crédito hipotecário pode averbar a cessão no registro do 
imóvel. A matéria, que deve ser autorizada pela lei, gera efeitos erga omnes com 
relação à cessão. 
 
Art. 291, CC: “Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se 
completar com a tradição do título cedido”. Não fica, portanto, o devedor 
obrigado a pesquisar qual é o último cessionário; tal seria um ônus muito grande 
para ele. Se houver danos aos demais cessionários; a questão resolve-se entre 
eles. 
 
Art. 294, CC: “ O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe 
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da 
cessão, tinha contra a cedente.” 
 
Assim, se o devedor podia alegar erro ou dolo, por exemplo, contra o cedente, 
poderá fazê-lo contra o cessionário. Isso porque o crédito se transfere com as 
mesmas características, caso contrário estaria aberto um grande caminho para a 
fraude. 
 
O devedor deve, no entanto, tão logo notificado, alertar o cessionário que tem 
exceções a opor, sob pena de perder o direito. A lei não fixa prazo; “o momento 
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em que tem conhecimento” da cessão deve ser examinado, com prudente 
arbítrio do juiz, em cada caso. 
 
Natureza Jurídica 
 
A natureza contratual do negócio é patente. É um contrato simplesmente 
consensual, mas por vezes a necessidade o brigará o escrito particular ou a 
forma pública. Há créditos incorporados a documentos, e sem eles torna-se 
impossível sua respectiva transferência. 
 
A cessão pode ser gratuita, assemelhando-se a uma doação; ou onerosa, a qual 
é mais comum, assemelhando-se à compra e venda. 
 
Requisitos. Objeto. Capacidade e Legitimação 
 
Em primeiro lugar, deve estar presente a possibilidade jurídica para a 
transmissão do crédito. Há créditos que por sua natureza não admitem cessão, 
como ocorre com o direito de alimentos. Outros a lei proíbe expressamente, 
como é o caso dos direitos previdenciários. 
 
Por outro lado, os créditos impenhoráveis, por si só, não impedem a 
transferência. É que geralmente o que é impenhorável é inalienável e daí 
decorre a impossibilidade da cessão. 
 
Também, lembremos que as obrigações personalíssimas, por sua natureza, não 
admitem cessão. É nula a cessão de um crédito que contrarie as exceções 
legais. Não havendo estipulação em contrário, a cessão abrange os acessórios, 
por exemplo, direitos de garantia, juros, taxas de correção monetária, cláusula 
penal etc. 
 
Com a cessão de crédito constitui ato de disposição, requere por isso plena 
capacidade de cedente e poderes específicos na representação, se for o caso. 
 
Os créditos futuros também podem ser cedidos, desde que venham a existir. 
Mesmo os direitos litigiosos podem ser cedidos, assumindo o cessionário o risco. 
 
Responsabilidade 
 
A responsabilidade do cedido é pagar a dívida. O cedente, ainda que não se 
responsabilize pela solvência do cedido, nem subsidiariamente pelo pagamento, 
é responsável pela existência do crédito ao tempo de cessão, se esta se operou 
a título oneroso (art. 295). O cedente só responde pela solvência do devedor se 
assim o fizer expressamente (art. 296). Responderá somente no caso de dolo. 
No silêncio da avença, o risco da solvência do cedido ocorre por conta do 
cessionário. 
 
O crédito penhorado não pode mais ser cedido, mas se o devedor não tiver 
tomado conhecimento da penhora, pagará validamente ao cessionário. Art. 298 
,CC : “O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo 
notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos 
de terceiro”. 
 
Efeitos 
 
O cessionário recebe o crédito, tal como se encontra, substituindo o cedente na 
relação obrigacional. O crédito é transferido com todos os direitos e obrigações, 
virtudes e defeitos. 
 
Nas cessões gratuitas, o cedente só responde pela existência do crédito se agiu 
com má-fé. Sempre é conveniente recordar que a má-fé não se presume e deve 
ser cabalmente provada. 
 
A cessão pode ocorrer pro soluto ou pro solvendo, variando os efeitos. Na 
cessão pro soluto, o cessionário dá plena quitação, exonerando o cedente; na 
cessão pro solvendo, se o cedido não pagar, ainda restará direito do cessionário 
de cobrar do cedente. 
 
O cedente não pode dificultar a atividade do cessionário, omitindo, por exemplo, 
a existência de bens penhoráveis do devedor, de que tem conhecimento, sob 
pena de responder por perdas e danos. 
 
No caso de cessão parcial, o crédito biparte-se, não havendo nenhuma 
preferência de recebimento por um ou por outro credor. O devedor deve pagar a 
parte de ambos, na forma devida. 
 
Assunção de Dívida 
Conceito 
 
Pode haver substituição da parte passiva da obrigação, com outro devedor 
assumindo-a. 
 
Não pode ocorrer sem a concordância do credor. Assim como o credor não é 
obrigado a receber coisa diversa do objeto da obrigação, ainda que mais valiosa, 
não está o credor obrigado a aceitar outro devedor, ainda que mais abastado. 
 
Art. 299, CC: “é facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o 
consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo 
se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava”. 
 
Parágrafo único. “Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que 
consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa”. 
 
Como se trata de transferência de valor patrimonial negativo, ao contrário da 
cessão de crédito, há necessidade de manifestação de concordância expressa 
pelo credor. 
Os interessados podem obter de plano ou concomitantemente com o negócio 
essa concordância, ou assinar prazo para que o credor se manifeste. Nessa 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
hipótese, como adverte o texto legal no parágrafo, para evitar outra 
interpretação, seu silêncio representará pura e simplesmente sua negativa em 
admitir um novo devedor para sua obrigação. 
 
As necessidades do comércio mostram a utilidade da assunção: alguém, por 
exemplo, adquire um estabelecimento comercial, mas deseja-o isento de 
dívidas. O devedor apresenta um terceiro, estranho ao negócio, que assume as 
dívidas do estabelecimento. Em todo o caso, o que é peculiar a esse negócio é o 
fato de um terceiro assumir uma dívida que originalmente não foi contraída por 
ele. O terceiro (assuntor) obriga-se pela dívida. O fiador não é obrigado a 
garantir um devedor que não conhece, não confia. Ademais, a fiança não admite 
interpretação extensiva (art. 819). Cuida-sede contrato acessório. Deve o fiador 
concordar expressamente com a substituição. A idéia, portanto, é no sentido de 
que as garantias ditas especiais não subsistirão com a assunção se não houver 
menção expressa a esse respeito. No entanto, devem permanecer as garantias 
dadas pelo devedor primitivo e ligadas a sua pessoa. 
 
Características 
 
Natureza contratual; é negócio bilateral. 
 
No tocante à forma, vale o que dissemos a respeito da cessão: se o negócio 
exigir forma especial, assim deverá ser feito, caso contrário a forma é livre. 
Como na cessão, podem dela ser objeto dívidas presentes e futuras. Admitem 
também condição. Os vícios possíveis são os dos negócios jurídicos em geral. 
 
Espécies 
 
Em face do interesse moral do devedor em desejar pagar a dívida e não 
havendo disposição legal, cremos poder ele validamente se opor à assunção 
com terceiro, em relação da qual não participou. Apenas que, como se trata de 
um benefício para ele, não há necessidade de seu consentimento expresso, o 
qual pode ser tácito. 
 
Efeitos 
 
Art. 302: “O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que 
competiam ao devedor primitivo.” Não pode alegar compensação do devedor 
pretérito, por exemplo. 
 
A nova lei propõe ainda que, art. 301, CC: “se a substituição do devedor vier a 
ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias. Não se 
restauram, porém, as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia 
o vício que inquinava a obrigação”. 
 
Os casos mais freqüentes de assunção de dívida os de venda de 
estabelecimento comercial ou de fusão de duas ou mais pessoas jurídicas, bem 
como os de dissolução de sociedades, quando um ou alguns dos sócios 
assumem dívidas da pessoa jurídica no próprio nome. 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
O negócio só pode gerar efeitos entre as partes, não podendo prejudicar 
terceiros. 
 
Na verdade, o grande efeito da assunção é a substituição do devedor na mesma 
relação obrigacional. 
 
Art. 303, CC: “O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o 
pagamento do crédito garantido; se o credor notificado não impugnar em trinta 
dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.” 
 
PAGAMENTO 
 
Extinção Normal das Obrigações 
 
Vimos que a obrigação já nasce com a finalidade de se extinguir. O pagamento 
é, pois, o meio normal ou ordinário de extinção das obrigações. 
 
O termo pagamento, no sentido estritamente técnico e tal como está nos arts. 
304 ss do Código, é toda forma de cumprimento da obrigação. 
 
Assim, o pagamento deve ser visto nas obrigações de dar, fazer e não fazer. 
Paga-se, na compra e venda, quando se entrega a coisa vendida. Paga-se, na 
obrigação de fazer, quando se termina a obra ou atividade encomendada. Paga-
se, na obrigação de não fazer, quando o devedor de abstém de praticar o fato ou 
ato a que se comprometeu negativamente, por um tempo mais ou menos longo. 
Pode ocorrer, também, que, na impossibilidade de cumprimento da obrigação, 
não haja possibilidade de pagamento. Quando essa impossibilidade se der sem 
culpa do devedor, a obrigação extingue-se. Quando houver culpa, abre-se à 
parte lesada a possibilidade de pedir perdas e danos. 
 
O termo adimplemento substitui a expressão cumprimento da obrigação. 
Devedor inadimplente é o que deixou de cumprir a obrigação no tempo, na forma 
e no lugar devido. 
 
De Quem Deve Pagar: O Solvens 
 
Normalmente será o próprio devedor obrigado a pagar ou quem efetivamente 
paga. Pode ocorrer, no entanto, que terceiros o façam. 
 
O pagamento feito pelo devedor não é apenas uma obrigação, é um direito seu. 
Não é do interesse do devedor que a dívida se prolongue além do estipulado. 
 
“Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor 
se opuser; dos meios conducentes à exoneração de devedor” (art. 304, CC). 
 
O interessado na extinção da dívida de que a lei fala é aquele que tem interesse 
jurídico, o que lhe legitima a ação de consignação. Assim, o fiador tem interesse 
em quitar a dívida do afiançado. 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
Temos assim três categorias de pessoas aptas a figurar como solvens, isto é, 
aquele que paga. Em primeiro lugar, como já visto, o próprio devedor, por si ou 
por representante. 
 
Pode também pagar o terceiro, interessado ou não interessado, distinção que a 
lei faz nos arts. 304 e 305 para distinguir os efeitos. 
 
O terceiro interessado na dívida, como o citado fiador, utiliza-se do art. 304, 
coput, e o credor não poderá recusar o pagamento. 
 
O parágrafo único do art. 304 acrescenta que o terceiro não interessado tem o 
mesmo direito de pagar, “se o fizer em nome e por conta do devedor”. Citemos, 
por exemplo, o caso de um pai que paga a dívida de um filho. Seu interesse não 
é jurídico. Faz o pagamento com interesse altruístico, moral ou familiar. Contudo, 
fá-lo em nome e por conta do filho devedor. Não há representação, nem mesmo 
autorização ou quiçá ciência do devedor. O pagamento, porém, deve ser aceito. 
E o solvens, aqui, tem a mesma legitimidade de consignar, se houver 
resistência. 
 
Quando é interessado que paga, sub-roga-se em todos os direitos do crédito 
(art. 346, CC). 
 
Já, por outro lado, se é o terceiro não interessado que paga em nome do 
devedor, como o caso do pai que paga dívida do filho. 
 
Contudo, no caso do terceiro não interessado que paga em seu próprio nome, a 
ação de reembolso é singela e não de sub-rogação, porque tal pagamento pode 
ter sido efetuado com intuito especulativo, e inclusive agravar a situação do 
devedor, ou até mesmo para colocá-lo numa posição moralmente vexatória. O 
mesmo se diga quanto à intenção da lei, no tocante e pagamento antecipado da 
dívida: “se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no 
vencimento” (art. 305, parágrafo único) 
 
Art. 306, CC: “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou 
oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor 
tinha meios para ilidir a ação.” 
 
 
 
 
 
A quem se Deve Pagar. O accipiens 
 
O pagamento deve ser feito ao credor. No entanto, podem ocorrer exceções. 
Tanto o credor poderá estar inibido de receber, como o devedor poderá, em 
certas situações especiais, pagar validamente a quem não seja credor. 
 
Assim, o preço deve ser entregue ao vendedor; a coisa, ao comprador. 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
Pode suceder que, no momento de ser efetuado o pagamento, o credor 
originário já tenha sido substituído. Tal substituição pode ter sido tanto efetivada 
por ato entre vivos, como a cessão de crédito, como por ato de morte, quando o 
herdeiro ou legatário estará na posição de accipiens. Se vários os credores, 
como na obrigação solidária, qualquer um deles pode receber o pagamento. 
Também, no caso de obrigação indivisível, o pagamento a um só dos credores 
será válido, com as regras próprias do instituto (art. 259, CC). Se a obrigação for 
divisível e não solidária, cada credor deve receber sua parte no crédito. 
 
Portanto, se o pagamento não for efetuado ao credor ou seu representante, será 
ineficaz. Vale lembrar o brocardo genuíno, disseminado pelo povo, quem paga 
mal paga duas vezes. 
 
O pagamento, porém, pode ser feito a pessoa não intitulada e mesmo assim 
valer, se houver ratificação do credor ou o representante. 
 
Não se pode esquecer que a autorização singela para receber, fornecida e 
concedida pelo credor, equivale àsituação do representante mencionado na lei. 
Assim é a situação, por exemplo, de quem se apresenta munido da quitação 
emitida pelo credor (art. 311, CC). 
 
Credor Putativo 
 
Pode ocorrer o pagamento a pessoa que tenha a mera aparência de credor ou 
de pessoa autorizada. É o caso do credor putativo. O exemplo mais marcante é 
a situação do credor aparente. “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é 
válido, ainda provando-se depois que não era credor” (art. 309, CC). 
 
A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter a aparência 
de credor e estar o solvens de boa-fé. Restará ao verdadeiro credor haver o 
pagamento do falso accipiens. 
 
Quando o Pagamento Feito a Terceiro 
Desqualificado Será Válido 
 
O devedor pode se exonerar mesmo pagando a terceiro não intitulado, em três 
situações: 
 
1. no caso de ratificação, pelo credor, do pagamento recebido. 
2. no caso em que o pagamento reverte em benefício do credor. 
3. ao credor putativo. 
Pagamento Feito ao Inibido de Receber 
 
A incapacidade inibe o agente para os atos da vida civil. No entanto, há uma 
aplicação especial dessa incapacidade quanto ao pagamento. 
 
Dispõe o Código Civil: 
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Art. 310, CC: “não vale, porém, o pagamento cientemente feito ao credor 
incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente 
reverteu”. 
Art. 312, CC: “se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora 
feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o 
pagamento não valerá contra eles, que poderão constranger o devedor a pagar 
de novo, ficando-lhe, entretanto, salvo o regresso contra o credor”. 
 
Também estará inibido de receber e quitar o devedor falido, desde o momento 
da abertura da falência, dentro do âmbito de seus atos de comércio. Na forma 
do art. 75 da Lei nº 11.101/2005, o falecido fica afastado de suas atividades. 
 
Objeto do Pagamento e sua Prova 
 
O pagamento de compreender, como objeto, aquilo que foi acordado. Nem 
mais, nem menos. Recebendo o credor o objeto da prestação, seu pagamento, 
estará a obrigação extinta. 
 
A lei nº 10.192/2001, na mesma senda da legislação anterior, estabeleceu 
expressamente no art. 1º que todas as estipulações pecuniárias devem ser em 
Real, moeda corrente no País. Os negócios em moeda estrangeira somente 
são permitidos, por exceção, nos contratos de importação e exportação; nos 
contratos de compra e venda de câmbio e nos contratos celebrados com 
pessoa residente e domiciliada no exterior. 
 
O art. 318, CC expressa-se no mesmo sentido, proibindo as convenções de 
pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, excetuados os casos da 
legislação especial, ora mencionada. 
 
É importante lembrar também do citado art. 317, CC que como acentuado, 
permite que o juiz corrija o valor do pagamento, a pedido da parte, quando 
ocorrerem fatos imprevisíveis que proporcionem defasagem manifesta entre o 
valor do momento da exceção da prestação. Cuida-se de aplicação específica 
da teoria da imprevisão. 
 
Os pagamentos contratados em medida ou peso devem obedecer aos 
costumes do lugar. Os termos arrobas, braças, alqueires podem variar de 
acordo com as regiões onde as obrigações houverem de ser cumpridas (art. 
326, CC). 
Art. 315,CC estatui que as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no 
vencimento em moeda corrente e pelo valor nominal, como regra geral. A lei 
mais recente admite a intervenção judicial com correção do valor do 
pagamento do preço, quando, “por motivos imprevisíveis, sobreviver 
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e do momento de 
sua execução” (art. 317, CC). 
 
Prova do Pagamento 
 
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“O devedor, que paga, tem direito a quitação regular, e pode reter o 
pagamento, enquanto lhe não for dada” (art. 319, CC). “A quitação, que sempre 
poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da 
dívida quitada, o nome do devedor; ou quem por este pagou, o tempo e o lugar 
do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante” (art. 320, 
CC). 
 
Aí estão os requisitos do recibo, instrumento da quitação. Trata-se de prova 
cabal de pagamento, porque em juízo não se aceitará prova exclusivamente 
testemunhal para provar o pagamento, se o valor exceder ao teto legal (art. 227 
do Código Civil, 401 e 402, do CPC). 
 
No entanto, os dispositivos do estatuto processual admitem prova 
testemunhal, quando houver começo de prova por escrito, em documento 
emanado da parte contra quem se quer fazer valer o documento e nos casos 
em que o credor, moral ou materialmente, não tinha condições de obter a 
quitação, exemplificando a própria lei (art. 402 do CPC) com o parentesco, 
depósito necessário ou hospedagem em hotel. Contudo, o texto da lei é 
meramente enunciativo. 
 
Recibo é o documento idôneo para comprovar o pagamento das obrigações de 
dar e fazer. Nas obrigações de não fazer, o ônus da prova é do credor, que 
deve evidenciar se foi praticado o ato ou os atos. 
Se o credor se recusar a conceder a quitação ou não a der na devida forma, 
pode o devedor acioná-lo, e a sentença substituirá a regular quitação (art. 941, 
CC). Trata-se de ação para obrigar o réu a uma manifestação de vontade. A 
sentença substituirá essa vontade renitente. 
 
Art. 321, CC: “nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, 
perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do 
credor, que inutilize o título desaparecido”. 
A posse do título do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago. 
Daí a necessidade da declaração. 
 
Presunções de Pagamento 
 
Art. 322, CC: “quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da 
última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as 
anteriores”. 
 
Quando o título representa a obrigação, “a entrega do título ao devedor firma a 
presunção do pagamento” (art. 324, CC). A presunção é relativa porque o título 
pode ter sido obtido com violência; a remessa do título pode ter sido efetuada 
por engano, por exemplo. Essa quitação ficará sem efeito se o credor provar, 
em 60 dias, a falta do pagamento. 
 
As despesas com o pagamento e a quitação ocorrem por conta do devedor, 
salvo estipulação em contrário (art. 325, CC). “Se, porém, o credor mudar de 
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domicílio ou morrer, deixando herdeiros em lugares diferentes, correrá por 
conta do credor a despesa acrescida.” 
Art. 326, CC: “Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, 
entender-se-á, no silencia das partes, que aceitaram os do lugar da execução.” 
Assim, se as partes pactuaram o pagamento de terra em alqueires em Goiás, 
entende-se que a medida é aquela região, se não houver ressalva expressa. 
 
Lugar do Pagamento. Dívidas Quérables e Portables 
 
No silêncio da avença, o pagamento será efetuado no domicílio do devedor. É 
a regra geral do art. 327, CC. Em geral, portanto, a dívida é quérable. Cabe ao 
credor procurar o devedor para a cobrança. 
Em caso de disposição contratual em contrário, o devedor deve procurar o 
credor em seu domicílio, ou no local por ele indicado, a dívida é portable. 
 
Se forem designados dois ou mais lugares, caberá ao credor a escolha. O 
credor deve, no entanto, manifesta sua escolha ao devedor, em tempo hábil, 
para que este possa efetuar o pagamento. 
 
Problema surge quando o devedor muda de domicílio. O credor nãopode ficar 
preso ao capricho do devedor. Embora haja divergência na doutrina, e sendo a 
lei omissa, o mais lógico é que o credor opte por manter o mesmo local 
originalmente fixado. Se isso não for possível e o pagamento tiver que ser 
necessariamente feito em outro local, no novo domicílio do devedor, arcará 
este com as despesas acarretadas ao credor, tais como taxas de remessa 
bancárias, viagens etc. 
 
Art. 329, CC: “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no 
lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o 
credor.” 
Art. 330, CC: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir 
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.” 
 
Essa presunção é relativa, pois pode o contrato ter assinalado que o 
recebimento do pagamento em local diverso do indicado, ainda que reiterado, é 
feito por mera liberdade, sem prejuízo de o credor exigi-lo no local apontado. 
Não se deve esquecer que neste caso, como em qualquer situação contratual, 
o juiz deve examinar a conduta dos contratantes sob o prisma da boa-fé 
objetiva e dos costumes do local. 
Quando não existe data para o cumprimento da obrigação, deve ser notificado 
o devedor para ser constituído em mora. 
Diz o Código, no art. 331, que, “não tendo sido ajustada época para o 
pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente”. Tal assertiva deve ser vista 
com a reserva necessária. Há obrigações que, por sua própria natureza, não 
podem ser exigidas de plano, como no caso do empréstimo, da locação, do 
depósito. 
Quando existe um prazo, a obrigação só pode ser exigida pelo credor com o 
advento do termo desse prazo. 
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Não é muito comum, mas a obrigação pode ter um prazo fixado em benefício 
do credor. Nesse caso, não pode ser o credor obrigado a receber 
antecipadamente. Suponhamos, por exemplo, o comprador de uma mercadoria 
que fixa um prazo de 90 dias para recebê-la, porque nesse período estará 
construindo um armazém para aguardá-la. O prazo foi instituído a seu favor, 
porque o recebimento antecipado lhe seria sumamente gravoso. 
 
Se a obrigação consistir em obrigações periódicas, cada pagamento deve ser 
examinado de per si. Cada prestação periódica deve ser estudada 
isoladamente. 
 
Se, de um lado, o devedor pode antecipar o cumprimento, inclusive com 
medida judicial, não pode pedir dilação de prazo ao juiz, ressalvadas as 
situações de caso fortuito ou de força maior. 
 
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob pena de ficar 
obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os 
juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro (art. 
939, CC). 
 
Quando a obrigação não possui tempo certo, o credor pode interpelar o devedor 
para que cumpra a obrigação num prazo razoável, que poderá ser fixado pelo 
juiz. 
 
No dia, na data do pagamento, termo final, portanto, há que se entender que ele 
pode ser feito até a expiração das 24 horas do dia. Não é assim, no entanto, 
quando se trata de pagamento que dependa de horário de atividade do 
comércio, horário bancário ou forense. Terminado o expediente, cujo horário é 
fixado por norma administrativa, frustra-se a possibilidade de se efetuar o 
pagamento naquela data. Lembremos que modernamente é possível o 
pagamento por via informatizada, permitindo que o acesso às contas bancárias 
seja feito nas 24 horas. 
 
No art. 333 faculta ao credor cobrar a dívida antes de vencido o prazo, em três 
situações: 
 
“I – no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II – se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução 
por outro credor; 
III – se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, 
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade 
passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.” 
 
 
 
Enriquecimento sem Causa e Pagamento Indevido 
 
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Requisitos do Enriquecimento sem Causa 
 
Existe enriquecimento injusto sempre que houver uma vantagem de cunho 
econômico, sem justa causa, em detrimento de outrem. Esse é o sentido do art. 
884, CC do atual código: “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à causa 
de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização 
dos valores monetários.” 
 
Parágrafo único: “Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, que a 
recebeu é obrigado a restituí-la e , se a coisa não mais subsistir, a restituição se 
fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.” 
 
O enriquecimento pode emanar tanto de ato jurídico, como de negócio jurídico, e 
também como de ato de terceiro. 
 
Como exemplo esclarecedor do enriquecimento injusto, lembramos mais uma 
vez a situação do herdeiro aparente: conduzindo-se como herdeiro, com boa-fé, 
seus atos deverão ser tidos como válidos até o momento em que se torne 
conhecido o verdadeiro herdeiro. Este não pode deixar de indenizar o herdeiro 
aparente das benfeitorias no patrimônio. 
 
Aplicação do Instituto. A Jurisprudência Brasileira 
 
Exemplificada o exposto a interpretação do art. 619 do Código Civil. Trata o 
dispositivo de matéria atinente ao reajuste do preço, nos contratos de 
empreitada. O justo entendimento é o de se permitir o reajuste por via judicial, 
com o temperamento necessário para que não haja injusto enriquecimento de 
uma das partes: “O entendimento do art. 1.246 do Código Civil há de ser 
temperado pelo bom-senso, a fim de que ele não se transforme em fonte de 
enriquecimento ilícito.” 
 
Objeto da Restituição 
 
A restituição deve ficar entre dois parâmetros. De um lado, não pode ultrapassar 
o enriquecimento efetivo recebido pelo agente em detrimento do devedor. De 
outro, não pode ultrapassar o empobrecimento do outro agente, isto é, o 
montante em que o patrimônio sofreu diminuição. 
 
Outro aspecto importante a recordar é que no montante será calculado na data 
em que a restituição é efetivada. Se a coisa obtida mediante enriquecimento 
valia 10.000, mas por qualquer circunstância enriqueceu o patrimônio do 
beneficiado em apenas 5.000, será neste valor o montante objeto da restituição. 
 
Ação de In Rem Verso 
 
A jurisprudência francesa sintetiza as seguintes condições para a ação de in rem 
verso (Weill e Terré, 1975:883): 
 
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Enriquecimento 
 
O enriquecimento pode resultar da aquisição ou do implemento de um direito. A 
vantagem poderá também ser imaterial, ou seja, intelectual e moral. Aquele que 
pagou para custear os estudos de outrem; se tal fato não ocorreu, poderá haver 
enriquecimento por parte do accipiens. 
 
Empobrecimento correlativo 
 
Há, evidentemente, necessidade de um nexo de causalidade entre o 
enriquecimento e o empobrecimento, isto é, uma correlação na passagem de um 
valor de uma pessoa a outra. 
 
Ausência de causa jurídica 
 
Também é da essência e da própria denominação a ausência de causa. 
 
Todavia, quando o enriquecimento ocorre por meio de um terceiro, nem sempre 
será simples identificar a causa injusta. A dúvida repousa em saber em que 
medida um ato praticado entre o empobrecimento e um terceiro pode afetar o 
enriquecido. A tendência inevitável da jurisprudência é de considerar o ato res 
inter alios acta, isto é, irrelevante para as partes envolvidas. Figure-seo exemplo 
de um empreiteiro que executa, por conta do locatário, um melhoramento no 
prédio locado. Posteriormente, sem receber o pagamento, com o serviço 
efetuado, o locatário abandona o prédio e desaparece. Não sobra dúvida de que 
houve um enriquecimento por parte do proprietário do imóvel e um 
empobrecimento por parte de empreiteiro. Pergunta-se: haveria aqui 
possibilidade da ação in rem verso? Não temos dúvidas da resposta afirmativa. 
Não está em sede de responsabilidade contratual, mas no campo de uma 
diversa fonte de obrigações. Não podendo se voltar contra o contratante, o 
empreiteiro se volta contra aquele que obteve o enriquecimento, devendo ser 
considerado parte legítima para a ação. 
 
Ausência de interesse pessoal do empobrecido 
 
O empobrecimento não pode derivar de um relacionamento contratual com o 
enriquecido, ou de alguma regra legal que os unisse. 
 
A Subsidiariedade da Ação 
“Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros 
meios para se ressarcir do prejuízo sofrido”. (art. 886, CC). 
 
 
 
 
Síntese Conclusiva do Enriquecimento sem Causa. Prescrição 
 
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Ao final, cumpre lembrar que o atual Código estabeleceu o prazo prescricional 
de três anos para a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa 
(art. 206,§ 3º, IV). 
 
Pagamento Indevido 
 
Por ser o pagamento indevido uma modalidade de enriquecimento ilícito, 
optamos para o estudo conjunto de ambos os fenômenos. No indevido, a idéia é 
também de reequilíbrio patrimonial. 
 
Pagamento em Geral. Conteúdo 
 
O pagamento é o fim natural e normal de uma obrigação. 
 
Para a existência de um pagamento, pressupõe-se a existência de uma 
obrigação, a intenção de pagar, a possibilidade do cumprimento dessa 
obrigação, a existência de quem paga (o solvens) e a existência de quem recebe 
(o accipiens). 
 
O art. 876, CC estabelece a obrigação de restituir a “todo aquele que recebeu o 
que lhe não era devido” e “àquele que recebe dívida condicional antes de 
cumprida a condição”. 
 
O direito de repetir o que se pagou emerge do fato de não existir débito a ser 
pago, ou, havendo débito a ser pago, deveria o pagamento ser dirigido a outra 
pessoa, o que, em síntese, vem a dar na primeira hipótese. No pagamento 
indevido é ínsita a noção de intenção de cumprir uma obrigação que não existe, 
em conseqüência de erro. Desse modo, se o solvens paga, sabendo que não 
deve, mais, conscientemente, porque quer fazê-lo, não tem direito à repetição. 
 
Erro de Solvens 
 
O presente Código é expresso em limitar o exercício da ação de enriquecimento 
sem causa a três anos (art. 206,§ 3º, IV). Não tendo a nova lei se referido 
expressamente ao pagamento indevido, entende-se que o prazo extintivo para a 
ação dele derivada seja o geral, de 10 anos (art. 205). 
 
Logicamente, também é cabível a restituição quando se paga mais do que se 
deve. A restituição restringe-se ao excesso, com os requisitos da situação ora 
estudada. Trata-se de erro quantitativo. 
 
Pagamento de Dívida Condicional 
 
O pagamento de dívida condicional, antes do implemento de evento incerto, é 
caso especial de pagamento indevido, de acordo com o art. 876, segunda parte. 
 
Já a solução não é a mesma no tocante ao prazo, pois aquele que paga dívida 
antes do prazo solve obrigação existente e “supõe-se que renunciou ao 
benefício do prazo”. 
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Casos em que Aquele que Recebeu não é Obrigado a Restituir 
 
Ao tratar do pagamento indevido, em três situações, não obstante a existência 
de um pagamento sem substrato jurídico, a lei exclui o direito à repetição: no 
tocante ao pagamento de dívida já prescrita (art. 882, CC), ao pagamento de 
obrigação natural. Nesse artigo, o vigente Código, fiel à nomenclatura que adota, 
menciona “dívida judicialmente inexigível” e na situação em que se deu alguma 
coisa para obter fim ilícito, imoral ou proibido por lei (art. 883; antigo, art. 971). 
 
Além dos casos enumerados nesse tópico, há outras situações no Código em 
que não se repete o que se pagou indevidamente, como o empréstimo para jogo 
ou aposta, feito no ato de apostar (art. 815), o mútuo, feito a pessoa menor. 
 
No vigente Código, os juros no mútuo com fins econômicos presumem-se 
devidos (art. 591). 
 
Dívida Prescrita e Obrigação Natural 
 
O pagamento de dívida prescrita é verdadeira renúncia do favor da prescrição. 
Não há direito de repetição. Ademais, quem recebe dívida prescrita não se 
locupleta indevidamente, pois, conforme a distinção tradicional na doutrina, a 
prescrição extingue a ação, mas não o direito. 
 
Do mesmo modo que as dívidas prescritas, as denominadas obrigações 
naturais, judicialmente inexigíveis (já estudadas neste volume), da mesma 
natureza, não conferem ação, direito de exigir seu cumprimento. 
 
Pagamento para Fim Ilícito, Imoral ou Proibido por Lei 
 
Diz o art. 883 que “não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para 
obter ilícito, imoral, ou proibido por lei”. 
 
Pagamento Indevido que Teve por Objeto um Imóvel 
 
O fato de o pagamento indevido referir-se a um imóvel não altera a incidência 
dos arts. 886 e 887, CC. Desta sorte, aquele que transferiu um imóvel em 
pagamento indevido pode tê-lo de retorno, provando que incidiu em erro; volta-
se ao estado anterior. 
 
Síntese 
 
“o solvente só tem direito de reivindicar o imóvel, se ainda se acha em poder do 
accipiens; se este o alienou gratuitamente; ou se o tendo alienado a título 
oneroso, o terceiro adquirente estava de má-fé”. 
 
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO E EXTINÇÃO DE OBRIGAÇÕES 
 
Pagamento por Consignação 
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Interesse de Devedor em Extinguir a Obrigação 
 
Se o credor não tomar a iniciativa de receber, ou pretender receber de forma 
diversa do contratado, ou quando não for conhecido o paradeiro do credor, como 
exemplos, o devedor possui meio coativo de extinguir sua obrigação: a 
consignação em pagamento. 
 
A nova sistemática, introduzida no CPC pela Lei nº 8.951/94, o art. 890, § 1º, 
permite que, em se tratando de obrigação em dinheiro, o devedor ou terceiro 
possa optar pelo depósito em estabelecimento bancário, cientificando o credor 
por carta com AR (Aviso de Recebimento), assinado o prazo de 10 dias para 
eventual recusa. 
 
A consignação é considerada uma forma de pagamento, extinguindo a obrigação 
com “o depósito judicial da coisa devida, nos casos e forma legais” (art. 334). 
 
Objeto da Consignação 
 
Qualquer coisa que seja objeto da obrigação pode ser consignada. Se a coisa 
for corpo certo, dispõe o art. 341 que deve “ser entregue no mesmo lugar onde 
está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de 
ser depositada”. 
 
Obrigações ilíquidas não podem ser objeto de consignação, enquanto não se 
tornarem líquidas. 
 
O imóvel pode ser consignado. O depósito das chaves simboliza o depósito da 
coisa consignada. 
 
Art. 335, I - “Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida forma.” 
 
Art. 335, II - “Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e 
condições devidos” 
 
Art. 335, III - “Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declaro 
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil” (art. 335, III) 
 
Art. 335, IV - “Se ocorrer dúvida sobre quem leva legitimamente receber o objeto 
dopagamento.” 
 
Art. 335, V - “Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.” 
 
Se a ação for julgada improcedente, ou se o processo for extinto sem julgamento 
do mérito, o depósito será ineficaz, como se não tivesse ocorrido. 
 
O artigo em questão versa também sobre questões do foro. A consignação deve 
ser proposta no foro do lugar do pagamento. 
 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
O art. 896 do CPC procura limitar o âmbito da discussão na ação consignatória, 
atendendo a sua natureza no direito material. O réu poderá alegar que: 
 
“I – não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; 
II – foi justa a recusa; 
III – o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; 
IV – o depósito não é integral.” 
 
A alegação de depósito insuficiente somente será admissível “se o réu indicar o 
montante que entende devido”. De nada adiantará alegação vazia, com cunho 
procrastinatório ou que seja confundir o juiz e a parte adversa. 
 
Acolhido o pedido na ação de consignação, feito estará o pagamento e extinta a 
obrigação. 
 
Pagamento com Sub-rogação 
Conceito 
 
Sub-rogação significa, mormente em nossa ciência, substituição. A sub-rogação 
não extingue propriamente a obrigação. O instituto contemplado nos art. 346 ss. 
do Código faz substituir o sujeito da obrigação. O termo pode também ser 
empregado para a sub-rogação real, quando uma coisa de um patrimônio é 
substituída por outra. É o que ocorre se substituem os vínculos restritivos de 
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade de um imóvel a outro 
(art. 1.848, § 2º). 
 
No pagamento com sub-rogação, um terceiro, e não o primitivo devedor, efetua 
o pagamento. Esse terceiro substitui o credor originário da obrigação, de forma 
que passa a dispor de todos os direitos, ações e garantias que tinha o primeiro. 
 
Natureza Jurídica e Institutos Afins 
 
A sub-rogação contém como essência o pagamento de uma dívida por terceiro e 
fica adstrita aos termos dessa mesma dívida. Por outro lado, a cessão de crédito 
pode ter efeito especulativo, podendo ser efetivada por valor diverso da dívida 
originária. Na cessão de crédito, há necessidade de que o devedor seja 
notificado para ser eficaz com relação a ele (art. 290, CC), o que não ocorre na 
sub-rogação. 
 
Sub-rogação Legal 
 
O art. 346 traz três situações em que a sub-rogação opera de pleno direito, em 
favor: 
 
“I – do credor que paga a dívida do devedor comum;” 
 
A situação pressupõe a existência de mais de um credor do mesmo devedor. 
Pode ocorrer que esse credor tenha interesse em afastar o outro que tenha 
prioridade no crédito, preferindo ficar sozinho na posição de credor. 
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PROFESSOR RODRIGO DE FARIAS JULIÃO 
RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
“II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem 
como de terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre 
o imóvel;” 
 
“III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser 
obrigado, no todo ou em parte.” 
 
O fiador paga a dívida do afiançado e sub-roga-se nos direitos do credor. O 
terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome não se sub-
roga nos direitos do credor (art. 305). Só terá este direito ao reembolso, por uma 
questão de equidade, para evitar-se o enriquecimento sem causa. 
 
Sub-rogação Convencional 
O art. 347, CC admite duas formas de sub-rogação convencional: 
 
“I- quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe 
transfere todos os seus direitos; 
 
“II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver 
a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutante sub-rogado nos direitos do 
credor satisfeito.” 
 
No primeiro caso, ocorre iniciativa do credor, que recebe a importância de 
terceiro. O devedor não necessita aquiescer; o fenômeno pode ocorrer com ou 
sem conhecimento. 
 
Efeitos da Sub-rogação 
 
“a sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e 
garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os 
fiadores” (art. 349, CC). 
 
Impugnação de Pagamento 
Conceito 
 
É forma de se quitar um ou mais débitos, quando há vários, do mesmo devedor, 
em relação ao mesmo credor. 
 
A preferência na escolha de dívida a ser adimplida é do devedor. Se o devedor 
se mantiver silente e não se manifestar oportunamente, o direito da escolha 
passa ao credor (art. 353), a menos que ele aja com violência ou dolo. 
 
Requisitos 
 
Os débitos devem ser da mesma natureza, isto é, deve existir compatibilidade no 
objeto do pagamento. 
 
Os débitos também devem ser líquidos. 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
O pagamento ofertado pelo devedor deve ser suficiente para quitar ao menos 
uma das dívidas. 
 
A dívida deve ser vencida. 
 
Deve o devedor declarar oportunamente qual débito deseja quitar. 
 
Imputação de Pagamento Feita pelo Credor 
 
Se ofertar o pagamento a uma ou mais dívidas e o devedor não disser qual sua 
imputação, o credor dará quitação naquela que lhe aprouver. Se aceitar tal 
quitação, não poderá mais o devedor reclamar dessa imputação feita pelo 
credor. Assim, no exemplo que demos na abertura deste capítulo, se há os 
chamados débitos automáticos em conta de um cliente de banco e o correntista, 
não tendo saldo para quitar todos os débitos, não notifica a instituição financeira 
acerca de qual ou quais débitos deseja o pagamento, cabe ao banco escolher as 
dívidas a serem quitadas. 
 
Tal imputação pelo credor só não terá valor se cometida por violência (coação) 
ou dolo. 
 
Imputação de Pagamento Feita pela Lei 
 
“se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à 
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as 
dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á 
na mais onerosa” (art. 355, CC). 
 
Doação em Pagamento 
Conceito 
 
Se o credor consentir, a obrigação pode ser resolvida substituindo-se seu objeto. 
Dá-se algo em pagamento, que não estava originalmente na obrigação. 
 
Pode consistir na substituição de dinheiro por coisa (rem pro pecuni), como 
também de uma coisa por outra (rem pro re), assim como a substituição de uma 
coisa por uma obrigação de fazer. 
 
Requisitos e Natureza Jurídica 
 
Para que ocorra a doação, há necessidades de (a) uma obrigação previamente 
criada, (b) um acordo posterior, em que o credor concorda em aceitar coisa 
diversa e, por fim, (c) a entrega da coisa diversa com a finalidade de extinguir a 
obrigação. Sua finalidade é extinguir a dívida. 
 
Na dação em pagamento, não há necessidade de equivalência de valor na 
substituição. 
 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
A aceitação da dação em pagamento depende de plena capacidade do credor. 
 
Equiparação da Datio in Solutum à Compra e Venda 
 
Art. 359, CC: “se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, 
restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada”. 
“Ressalvados os direitos de terceiros”. 
 
O mesmo não deve ocorrer no tocante a vício redibitório na coisa entregue. 
 
Novação 
Conceito e Espécies 
 
A novação é a operação jurídica por meio da qual uma obrigação nova substituiu 
a obrigação originária. O credor e o devedor, ou apenas o credor, dão por extinta 
a obrigação e criam outra.Alguém deve um valor representado por cheque; o devedor entrega duplicata de 
seu comércio e extingue-se o débito representado pelo cheque. Passa a existir 
apenas a obrigação representada pela duplicata. Um fornecedor deveria 
entregar 1.000 pães a um mercado; na falta dos pães, convencionam as partes 
que entregará o fornecedor 100 sacas de café. Extingue-se a obrigação 
representada pelos pães; nasce outra. 
 
Interessante notar que na novação não existe a satisfação do crédito. Débito e 
crédito persistem, mas sob as vestes de uma obrigação, daí a terminologia. 
Inova-se a obrigação. Como o animus, a vontade dos interessados é essencial 
ao instituto; não existe novação automática, por força de Lei. 
 
Na novação objetiva, pode ser alterada também a natureza do débito: 
acrescenta-se, por exemplo, uma condição ou um termo na obrigação nova, 
quando esses elementos acidentais primitivamente não existiam. 
 
É de maior importância ressaltar, contudo, que alteração de prazo ou condição 
não importam em novação. É muito comum aos devedores alegar novação em 
embargos à execução de título extrajudicial. Dificilmente a provam, porém. O 
fato de o credor, por exemplo, receber parcelas com atraso não implica novação. 
 
Há alguma aproximação da novação objetiva com a dação em pagamento. 
Todavia, é da essência da dação em pagamento que se extinga a dívida, com a 
entrega de outro objeto. Na novação, cria-se uma nova obrigação. 
 
A expromissão é a outra modalidade de novação subjetiva passiva. É uma 
forma que se pode dizer de expulsão do devedor originário. É essa mesma a 
noção da origem latina do vocábulo. Um terceiro assume a dívida do devedor 
originário, com que concorda o credor. Não há necessidade de concordância do 
primeiro devedor: “a novação por substituição do devedor, pode ser efetuada 
independente de consentimento deste” (art. 362, CC). 
 
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Requisitos 
 
O art. 367 não admite a novação de obrigações nulas ou extintas. Não se pode 
novar algo que já deixou de projetar efeitos no mundo negocial, ou, em outras 
palavras, não se pode extinguir o que já fora extinto. 
 
As obrigações simplesmente anuláveis permitem novação, pois enquanto não 
anuladas, permanecem hígidas e eficazes. Sob esse aspecto, quem inova 
obrigação sabendo-a anulável está, de certa forma, ratificando-a. 
 
No caso concreto, deve ser concluído que houve inequívoca intenção de novar. 
 
Como se cria um novo vínculo, um novo negócio jurídico deve existir para a nova 
obrigação capacidade e legitimação para o ato. 
 
Se a nova obrigação for inválida, nula ou anulável, renasce a antiga obrigação. 
 
Efeitos 
 
O principal efeito da novação é extinguir a dívida primitiva. 
Com a criação da nova obrigação, extinguem-se os acessórios e garantias da 
dívida “sempre que não houver estipulação em contrário”. Se há garantias 
ofertadas por terceiros, só com o consentimento deles é que persistirão as 
garantias. Não pode o fiador ficar obrigado a uma dívida que não assentiu. 
 
Nas obrigações solidárias, se a novação se opera entre o credor e um dos 
devedores solidários, os outros ficam exonerados (art. 365, CC). Só persistirá a 
obrigação para eles se concordarem com a nova avença. 
 
Insolvência do novo devedor. O credor assume o novo devedor por sua conta e 
risco; exonera o primitivo devedor. Não terá ação regressiva contra este último 
no caso de insolvência deste. A lei abre exceção no caso de má-fé. 
 
Com a novação extingue, em síntese, a obrigação, paralisam-se os juros e a 
correção monetária, cessa o estado de mora, se eventualmente existisse, no 
tocante à dívida extinta. 
 
Compensação 
 
Conceito 
 
Um acerto de débito e crédito entre duas pessoas que têm, ao mesmo tempo, a 
condição recíproca de credor e devedor. Art. 368, CC: “Se duas pessoas forem 
ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações 
extinguem-se, até onde se compensarem”. 
 
Natureza Jurídica 
 
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A compensação, entre nós, opera independentemente da iniciativa dos 
interessados e até mesmo contra a vontade de um deles. 
 
Questão de realce é o fato de a compensação pode ser oposta como meio de 
defesa, como uma exceção substancial. Pode ser invocada pelo demandado em 
sua defesa ou em embargos. O credor pede R$ 1.000, o réu diz que deve mas 
que só paga R$ 500, porque também é credor do demandante em R$ 500. 
 
Porém, se o demandado tiver um crédito superior ao que lhe é cobrado, deve 
deduzir pedido em juízo. Deverá fazê-lo por reconvenção, se o processo permiti-
la. 
 
Modalidades 
 
Compensação pode ser voluntária, quando as partes concordam, podendo até 
compensar dívidas ilíquidas e não vencidas. 
 
Compensação será judicial quando decretada em reconvenção, ou numa ação 
autônoma. 
 
Compensação Legal. Requisitos 
 
Reciprocidade de créditos 
 
A compensação só pode extinguir obrigações de uma das partes ante a outra, 
não se incluindo obrigações de terceiros. 
 
No entanto, esse mesmo dispositivo abre uma exceção ao princípio: art.371, 
segunda parte: “mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor 
ao afiançado”. 
 
Liquidez, certeza e exigibilidade 
 
É indispensável que o crédito a ser oposto pelo devedor a seu credor permita 
exigibilidade imediata. Deve, desse modo, ser certo, líquido e exigível. 
 
Homogeneidade das prestações 
 
Deve haver fungibilidade das prestações, de acordo com o art. 369, CC. Coisas 
compensáveis são aquelas da mesma natureza. Dinheiro compensa-se com 
dinheiro. Determinada mercadoria compensa-se com mercadorias da mesma 
espécie. Não se compensam objetos da mesma natureza, mas de qualidade 
diversa. Por exemplo, não se compensa gado de raças diferentes. 
 
Quando o local de pagamento das duas obrigações é diverso, a lei não obsta a 
compensação, mas estipula que devem ser deduzidas as despesas “necessárias 
à operação”. 
 
Existência e validade do crédito compensante 
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Se o débito que se pretende compensar não existe ou é nulo, não é possível a 
compensação. Uma vez estabelecida a nulidade ou inexistência, ou anulado o 
crédito, restabelece-se a dívida original (a qual, em síntese, não se extinguiu). 
 
Obrigações não compensáveis 
 
Dispõe o art. 373: “A diferença de causa nas dívidas não impede a 
compensação, exceto: 
 
I – se uma provier de esbulho, furto ou roubo; 
II – se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; 
III – se uma flor de coisa não suscetível de penhora.” 
 
Art. 375, CC: “Não haverá compensação quando as partes a excluírem por 
mútuo acordo, ou no caso de renúncia prévia de uma delas”. 
 
As dívidas fiscais também estão fora da compensação. Só a lei o regulamento 
emanados do poder público podem autorizar a compensação. 
 
Também não se admite compensação em prejuízo de terceiros. 
 
Efeitos 
 
É modalidade de extinção de obrigações. Gera os mesmos efeitos do 
pagamento e a ele se equipara. 
 
Existindo várias dívidas compensáveis entre duas pessoas, serão observadas as 
regras da imputação de pagamento. Deve, a princípio, o devedor indicar qual a 
dívida que deseja compensar. 
 
Como conseqüência da compensação de direito, as dívidas compensadas 
deixam de ter juros e correção monetária a partir do momento de sua ocorrência. 
Daí ser importante a fixação do momento da compensação pelo juiz, porque 
duas dívidas da mesma natureza podem ter taxa de juros e fórmulas de correçãodiversas. 
 
Transação 
 
Conceito. Peculiaridades 
 
Compreende a composição que fazem as partes, nos termos expostos pela Lei, 
mediante concessões recíprocas. 
É essencial que as partes cheguem a um acordo com mútuas concessões. 
A transação pressupõe a existência já de uma demandada em curso ou a 
possibilidade de essa demanda vir a existir. 
A transação é útil para as partes que preferem o certo ao duvidoso. “A” cobra 
1.000; “B” oferece 500; “A” aceita receber só parte da dívida para não se 
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submeter às vicissitudes de demorada e dúbia demanda judicial, desgastantes 
para todos e com resultado imprevisível. 
Portanto, temos que para seus requisitos há necessidade de (a) um acordo de 
vontades; que as partes façam (b) concessões mútuas, ou seja, que cedam 
parte de suas pretensões em troca de receber o restante em caráter seguro e 
definitivo e que haja com isso (c) extinção de obrigações litigiosas ou 
duvidosas. 
 
Natureza Contratual da Transação. Características 
Negócio jurídico é bilateral e de natureza contratual. 
Além de bilateral, a transação é indivisível, de modo, que se uma de suas 
cláusulas for nula, nulo será todo o negócio. 
A transação interpreta-se restritivamente. 
 
Modalidades. Formas 
A transação pode ser judicial ou extrajudicial. 
“A transação far-se-à por escritura pública, nas obrigações em que a lei o 
exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre 
direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos 
autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz” (art. 842, CC). 
 
Como se trata de contrato, não pode haver desistência unilateral da transação, 
ainda que não homologada (RT 413/193). 
 
Objeto 
Portanto, os direitos indisponíveis, os relativos ao estado e à capacidade das 
pessoas; os direitos puros de família, os direitos personalíssimos não podem 
ser objeto de transação. 
 
Capacidade para Transigir. Poder de Transigir 
Requer plena capacidade. Não podem transigir os incapazes; para faze-lô, 
necessitam da complementação de vontade do representante e autorização 
judicial. No processo, é imprescindível a presença do Ministério Público, como 
curador de incapazes. 
A própria lei tolhe a legitimação de transigir de certas pessoas (poder de 
transigir) dada a sua posição jurídica em relação a outros. Não pode transigir o 
tutor, em relação aos negócios do tutelado (art. 1.748), assim como o curador 
em relação ao pupilo curatelado (art. 1774), embora o possam fazê-lo provando 
a necessidade e mediante autorização judicial. 
 
A situação é a mesma do síndico na falência. Também o Ministério Público, em 
razão de seu múnus, não pode transigir. Em todas essas situações, a proibição 
é intuitiva: procura-se proteger interesses de pessoas jurídicas públicas, ou de 
incapazes, ou de patrimônios suscetíveis à dilapidação, como é o caso da 
massa falida, contra representantes ou administradores negligentes, mal-
intencionados ou incompetentes. 
Como vimos, a proibição não é peremptória já que, provada a necessidade em 
juízo, os atos de disposição, por essas pessoas, podem ser autorizados pelo 
juiz. 
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Por outro lado, o representante convencional, o mandatário, deve ter poderes 
específicos de transigir, sob pena de extravasamento do mandato. Poderes 
gerais de administração não conferem o poder de transigir. A procuração do 
advogado, judicial, deve conter a menção do poder de transigir (art. 38 do 
CPC). 
 
Efeitos da Transação 
 
Art. 845, CC: “Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou 
por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; 
mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos”. 
 
Pode, no entanto, a transação versar sobre vários direitos. Nesse caso, ela 
deve ser vista como uma unidade para cada direito de per si, e não 
englobadamente. “Quando a transação versar sobre diversos direitos 
contestados e não prevalecer em relação a um, fica não obstante, válida 
relativamente aos outros” (parágrafo único do art. 848). 
 
Nulidades da Transação 
É nula a transação se um dos transatores não tinha ciência da existência do 
trânsito em julgado da ação. 
É nula a transação “quando por título ulteriormente descoberto, se verificar que 
nenhum deles (as partes) tinha direito sobre o objeto da transação”. 
 
Anulabilidades da Transação 
O art. 849, CC fala da possibilidade de rescisão da transação por dolo, 
violência ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa. Como 
negócio jurídico que é, inevitável que se apliquem os regimes das 
anulabilidades na transação. É aplicável tudo o que dissemos a respeito dos 
vícios de vontade, em Direito civil. 
E, ainda, é anulável a transação pelos vícios sociais: a fraude contra credores e 
a simulação. 
Art. 849, parágrafo único, CC: “A transação não se anula por erro de direito a 
respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes”. 
 
Compromisso 
 
Conceito e Utilidade 
Pelo compromisso, pessoas plenamente capazes podem atribuir a decisão de 
suas pendências e controvérsia à decisão de árbitros por elas escolhidos. A lei 
nº 9.307, de 23-9-96, procurou inserir definitivamente ao meio negocial 
brasileiro o juízo arbitral. 
O estatuto admite o “compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios 
entre pessoas que podem contratar”. 
O compromisso é vedado para a solução de questões de estado, de direito 
pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente 
patrimonial. 
 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
A ligação do compromisso com a transação é considerável. Enquanto na 
transação as partes previnem ou põem fim a um litígio, no compromisso, ex 
radice, antes mesmo que qualquer litígio surja, ainda que potencial, as partes 
contratam que eventual pendência será decidida pelo juízo arbitral. 
 
A arbitragem destina-se aos litígios sobre direitos disponíveis. Os direitos 
indisponíveis, tais como os direitos de família puros, direitos públicos, direitos 
da personalidade, são afetos exclusivamente o Poder Judiciário. 
 
A lei atual (nº 9.307, de 23-9-96) considera a sentença arbitral, juntamente com 
a sentença homologatória de transação ou conciliação, títulos executivos 
judiciais. 
 
A vantagem da arbitragem é inegável em determinadas situações. Com 
freqüência, as partes, geralmente empresas de porte, levam aos tribunais 
assuntos excessivamente técnicos, com amplas dificuldades para o juiz, que 
somente pode decidi-los louvando-se em custosas e problemáticas perícias. 
 
Valendo-se de especialistas como árbitro, podem as partes obter decisões 
mais rápidas, justas e técnicas. Por outro lado, o sentido é também aliviar o 
Poder Judiciário da pletora que o assola, invariavelmente, em todos os graus. 
 
Mediação 
 
É conveniente que se mencione que, na maioria das situações conducentes à 
arbitragem, há uma fase prévia denominada mediação. Antes que as partes se 
lancem na porfia arbitral, são feitas negociações e tentativas de acordo. Como 
regra, os tribunais arbitrais possuem mediadores, cuja função precípua é 
conduzir a s partes a um bom termo de negociação, antes que se instale a 
arbitragem. 
 
Embora a arbitragem esteja excluída dos chamados direitos indisponíveis, a 
conciliação, e por conseqüência a mediação, nunca o está. Seu papel é 
importante desde os conflitos internacionais até as questõesmais íntimas de 
direito de família. 
 
Confusão 
 
Conceito e Natureza Jurídica 
Quando se reúnem na mesma pessoa a qualidade de credor e devedor. 
“Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as 
qualidades de credor e devedor” (art. 381). 
 
Espécies 
A confusão pode extinguir toda a dívida ou apenas parte dela. Assim, teremos 
a confusão total ou parcial. 
“A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a 
obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, 
subsistindo quanto ao mais a solidariedade”. 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
 
Efeitos 
O efeito primordial é extintivo da obrigação. 
 
Requisitos 
Exige que numa só pessoa se reúnam as qualidades de credor e devedor. Em 
segundo lugar, deve ocorrer essa reunião de qualidades em relação a uma 
mesma obrigação. Há necessidade de que não haja separação de patrimônios. 
Se o diretor de uma empresa, como pessoa física, é credor da pessoa jurídica, 
há distinção de patrimônios, não ocorrendo a confusão. 
 
Remissão 
 
Conceito. Natureza Jurídica. Afinidades 
 
Ocorre a remissão de uma dívida quando o credor libera o devedor, no todo ou 
em parte, sem receber pagamento. 
 
A remissão de uma dívida é uma renúncia a um direito que ocorre no campo 
obrigacional. Em princípio, podem ser renunciados todos os direitos 
disponíveis, reais, pessoais e intelectuais. Pode-se renunciar à propriedade, à 
posse, à herança, à patente de invenção, ao direito autoral. 
 
O ato de perdoar ou abrir mão de uma dívida é ato de disposição de direitos. 
Requer não só plena de renúncia, de alienação, como também legitimação 
para dispor de referido crédito. 
 
Espécies 
 
A remissão pode ser total ou parcial. 
Pode ser também expressa ou tácita. Será expressa, de forma contratual ou 
não, quando firmada por escrito, público ou particular, declarando o credor que 
não deseja receber a dívida. 
 
Os arts. 386 e 387, CC trazem situações de remissão tácita. Há, em ambos, 
uma presunção de perdão da dívida. O primeiro dos dispositivos fala da 
entrega voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular. 
Quando o título for representado por escritura pública, a contrario sensu, é 
imprescindível a remissão expressa. 
 
A situação do art. 387 diz respeito à entrega da coisa empenhada. Tal entrega 
implica renúncia à garantia pignoratícia, que se perfaz com a tradição. Prova a 
renúncia à garantia, mas não a remissão da dívida. O que a tradição prova é o 
desaparecimento da garantia real. 
 
Efeitos 
O fato de o credor abrir mão de seu crédito equivale a um pagamento. 
O art. 388, CC dispõe acerca da remissão feita a um dos devedores, quando 
existem outros. A remissão só extingue a dívida ao devedor apontado, na parte 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
a ele correspondente. At. 262, CC: “Se um dos credores remitir a dívida, a 
obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só poderão exigir, 
descontada a quota do credor remitente”. 
Terceiros não podem ser prejudicados com a remissão. 
 
Crise no Cumprimento da Obrigação. 
 
Inadimplemento. Mora 
 
Cumprimento da Obrigação em Crise 
 
Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. “O 
patrimônio do devedor sofrerá a constrição judicial, representada pela penhora 
e a transformação de bens em dinheiro com última etapa do cumprimento de 
uma obrigação”. 
Art. 394, CC: “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, 
e o credor que o não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a 
convenção estabelecer”. 
 
Inadimplemento Absoluto e Inadimplemento Relativo 
 
O inadimplemento da obrigação poderá ser absoluto. A obrigação não foi 
cumprida em tempo, lugar e forma convencionados e não mais poderá sê-lo. O 
fato de a obrigação poder ser cumprida, ainda que a destempo (ou no lugar e 
pela forma não convencionada), é critério que se aferirá em cada caso 
concreto. 
Cabe ao juiz, com a consideração de homem ponderado, tendo como 
orientação o interesse social e a boa-fé objetiva como veremos, colocar-se na 
posição do credor: se o cumprimento da obrigação ainda for útil para o credor, 
o devedor estará em mora (haverá inadimplemento relativo). 
Não é pelo prisma da possibilidade do cumprimento da obrigação que se 
distingue mora de inadimplemento, mas sob o aspecto da utilidade para o 
credor, de acordo com o critério a ser aferido em cada caso, de modo quase 
objetivo. 
Não havendo essa possibilidade, restará ao credor recorrer ao pedido de 
indenização por perdas e danos. 
 
Inadimplemento Relativo. A Mora 
 
A mora é o retardamento ou mal cumprimento culposo no cumprimento da 
obrigação, quando se trata de mora do devedor. Na mora solvendi, a culpa é 
essencial. A mora do credor, accipiendi, é simples fato ou ato e independe de 
culpa. 
Assim, o simples retardamento no cumprimento da obrigação não tipifica a 
mora do devedor. Há que existir culpa. 
O art. 396, CC, pontua a necessidade de culpa por parte do devedor, pois “não 
havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”. O 
art. 399, CC, já por via indireta, referia-se à necessidade de culpa por parte do 
devedor. O simples retardamento no cumprimento da obrigação. 
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RESUMO DO LIVRO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – SILVIO SALVO VENOSA – ED. ATLAS 
 
 
Portanto, não implicará reconhecimento de mora. Nosso direito é expresso no 
requisito culpa. 
Art. 395, CC: “Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, 
mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, e honorários de advogados. Se a prestação, por 
causa da mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir 
satisfação de perdas e danos”. 
 
Mora do Devedor 
 
Art. 397, CC: “O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, 
constitui de pleno direito em mora o devedor.” 
 
Nas obrigações por prazo indeterminado, há necessidade de constituição em 
mora, por meio de interpelação, notificado ou protesto. 
 
Nas obrigações negativas, a mora ou inadimplemento ocorre para o devedor 
desde o dia em que praticou o ato de que prometera abster-se. 
 
Art. 397, CC: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o 
devedor em mora desde que o praticou”. 
 
Não responde o devedor pelo ônus da mora se não concorreu para ela. Se, no 
dia do vencimento da obrigação, por exemplo, houve greve bancária, não pode 
a instituição financeira cobrar juros e cláusulas penal, pelo não-cumprimento da 
obrigação no vencimento. 
 
Escusa-se o devedor da mora, se provar caso fortuito ou força maior. 
Por vezes, alei exige uma notificação prévia, como condição de 
procedibilidade. É o caso do art. 6º da Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91). 
 
Efeitos da Constituição em Mora do Devedor 
 
As perdas e danos, como regra geral, abrangem o que o credor efetivamente 
perdeu e o que razoavelmente deixou de lucrar. 
 
Mora do Credor 
 
O credor estará em mora quando, não quiser receber em tempo, lugar e forma 
convencionados. 
O conteúdo da oferta deve corresponder exatamente ao conteúdo da 
obrigação. Justa será a recusa do credor se a oferta for incompleta; ocorrer 
antes de vencida a obrigação (não é o credor obrigado a aceitar), ou ocorrer de 
forma e lugar diversos do contratado. Por outro lado, não pode o credor 
recusar-se a receber por querer mais do que foi contratado. 
 
Não pode haver concomitância de moras: a mora de um exclui a mora

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