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Formas de governo KALINA MORAIS Azambuja: As formas de governo são formas de vida do Estado, revelam o caráter coletivo do seu elemento humano, representam a reação psicologia da sociedade às diversas e complexas influências de natureza moral, intelectual, geográfica, econômica e política. Dallari: A organização das instituições que atuam o poder soberano do Estado e as relações entre aquelas instituições fornecem a caracterização das formas de governo. 1. Primeira Classificação Segundo a origem do poder - Governo de direito: quando é constituído com os parâmetros legais preexistentes. -> hereditariedade; eleição. - Governo de fato: estabelecido pelo poder das armas. Pelas relações mantidas com os governados Governo legal: é aquele governo que é constituído pelas normas existentes. Governo despótico: constituído de sua própria vontade. Quanto à extensão do poder Governo constitucional: quando é baseado em uma constituição; império da lei; divisão dos poderes; direitos fundamentais. Governo Absolutista: império da força; sem separação de poderes. Azambuja: Quanto à origem : Governos democráticos ou populares – aqueles em que o poder emana do povo, isto é, em que o povo é quem governa, quer diretamente, como acontecia nos pequenos Estados gregos, quês indiretamente, por meio de representantes, como acontece nos Estados modernos. Governos de dominação – são aqueles em que, juridicamente, o poder não pertence ao povo, ou porque uma entidade sobrenatural o exerce, como nas teocracias, ou porque o individuo(s) que o exerce pretendem tê-lo conquistado, adquirido definitivamente, ou recebido de Deus, como queriam as doutrinas do Direito sobrenatural. Os governantes não são representantes do povo, governam por direito próprio. Quanto à organização : Governo de fato - modo pelo qual os governantes se investem ou são designados, se a ocupação dos postos dirigentes supremos se fez pela força, por uma revolução ou golpe de Estado. Governo de direito – aquele em que a substituição se fez normalmente, pode ser por hereditariedade, como acontece nas monarquias, ou por eleição, como se dá nas democracias. Quanto ao exercício: Absolutos – os governos que não obedecem a nenhuma Constituição, a nenhuma norma jurídica. Constitucionais – os que exercem o poder de acordo com uma Constituição,ou leis estabelecidas. 2. Classificação de “Aristóteles” Várias são as formas de governo dividido em dois fatores: pluralidade do sujeito e a conduta ética. “Pois que as palavras constituição e governo significam a mesma coisa, pois governo é a autoridade suprema nos Estados, e que necessariamente essa autoridade suprema deve estar nas mãos de um só, de vários, ou a multidão usam da autoridade tendo em vista o interesse geral, a constituição é pura e sã; e que, se o governo tem em vista o interesse particular de um só, de vários ou da multidão, a constituição é impura e corrompida.” Aristóteles. Monarquia: governo de um só Formas puras / governos normais Aristocracia: governo de vários Democracia: governo do grupo Tiranias: corrupção da monarquia Formas impuras / governos anormais Oligarquia: corrupção da aristocracia Demagogia: corrupção da democracia Quando o governo é exercido por um só, tendo em vista o bem geral, é a monarquia, ou a realeza; quando é um só que governa, mas no interesse próprio, desprezando o interesse geral dos governados, oprimido-os e espoliando-os, temos a forma corrupta ou anômala da monarquia, que é a tirania ou despotia. Quando o governo é exercido por uma minoria privilegiada, pela nobreza, em beneficio de toda a sociedade, temos a aristocracia; se o poder é exercido por essa minoria em proveito próprio, aparece a forma impura ou degenerada da aristocracia, que é a oligarquia. Se o poder é ou pode ser exercido por todos os cidadãos, para o bem comum. Temos a democracia; se o governo está nas mãos d multidão revoltada ou esta domina diretamente os governantes, implantando um regime de violência e de opressão, surge a forma corrupta da democracia, que é a demagogia. Não há uma forma de governo absolutamente pura e simples, o que há uma mistura, no entanto esses exemplos serve para demonstrar que as formas reais de governo são simples aproximações dos tipos definidos na classificação. 3. Classificação de “Maquiavel” Azambuja: Maquiavel rejeitou preliminarmente a distinção entre formas puras e corruptas. Para ele os governos dos Estados se sucedem em ciclos fatais e é inútil distingui-los em bons e maus, pois as formas corrompidas são apenas alterações de outras. Em síntese, foram estas as ideias de Maquiavel sobre formas de governo e não é exato que ele tenha proposto uma classificação própria, dicotômica, distinguindo somente dois tipos: monarquia e república. Dallari: Maquiavel desenvolve uma teoria procurando sustentar a existência de ciclos de governo. O ponto de partida é um estado anárquico, que teria caracterizado o inicio da vida em sociedade. Para se defenderem escolheram um chefe, obedecendo-o. Ao ver que as escolhas que o chefe, viram que aquelas características não resultaram em bons chefes, passando a dar preferências ao mais justo e sensato. Essa monárquica eletiva converteu-se depois em hereditário, e algum tempo depois os herdeiros começaram a degenerar, surgindo a tirania. Para coibir os seus males, os tinham mais riquezas, nobreza e animo valoroso organizaram conspirações e se apoderaram do governo, instaurando-se a aristocracia, orientada para o bem comum. Entretanto, os descendentes dos governantes aristocratas, que não haviam sofrido os males da tirania e não estavam preocupados com o bem comum, passaram a utilizar o governo em seu proveito própria, convertendo a aristocracia em oligarquia. O povo, não suportando mais a desgraça da oligarquia, mas, ao mesmo tempo, lembrando-se dos males da tirania, destituiu os oligarcas e resolveu governar-se a si mesmo, surgindo o governo popular ou democrático. Mas o próprio povo, quando passou a ser governante, sofreu um processo de degeneração, e cada um passou a utilizar em proveito pessoal, voltando-se ao estagio inicial e recomeçando-se o ciclo, que já foi cumprido muitas vezes na vida de todos os povos. A única maneira de evitar as degenerações, quebrando-se o ciclo, seria a conjugação da monarquia, da aristocracia e da democracia em um só governo. 3.1 Monarquia – Dallari: É a forma de governo que já foi adotada, há muitos séculos, por quase todos os Estados do mundo. Com o passar dos séculos ela foi sendo gradativamente enfraquecida e abandonada. Azambuja: No conceito clássico, monarquia é a forma de governo em que o poder está nas mãos de um individuo, de uma pessoa física. “Monarquia é o Estado dirigido por uma vontade física. Esta vontade deve ser juridicamente a mais alta, não deve depender de nenhuma outra vontade.” Disse Jellinek. Apenas nos governos absolutos se encontra o Estado dirigido por uma única vontade individual, que seja a mais alta e nãodependa de nenhuma outra. 3.1.1 Histórico 3.1.2 Características – Dallari: Vitaliciedade: O monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando. Hereditariedade: A escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de sucessão. Quando morre o monarcaou deixa o governo por qualquer outra razão, é imediatamente substituído pelo herdeiro da coroa. Houve alguns casos de monarquia eletiva, em que o monarca era escolhido por meio de eleições, podendo votar apenas os príncipes eleitores. Mas a regra sempre foi a hereditariedade. Irresponsabilidade: O monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações do povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou certa orientação política. Azambuja: A monarquia o cargo de Chefe de Estado é hereditário e vitalício, e nas republicas temporário e eletivo, talvez seja a que melhor satisfaça. Todos os demais traços de ambas as formas são variáveis e nenhum é absolutamente exclusivo a uma delas. Até mesmo a eletividade não é característico exclusivo da republica, dado que houve monarquias eletivas. 3.1.3 Vantagens – Dallari: 1) Sendo vitalício e hereditário, o monarca está acima das disputas políticas, podendo assim intervir com grande autoridade nos momentos de crise política. 2) O monarca é um fator de unidade do Estado, pois todas as correntes políticas têm nele um elemento superior, comum. 3) Sendo o ponto de encontro das correntes políticas, e estando à margem das disputas, o monarca assegura a estabilidade das instituições. 4) Além disso tudo, o monarca é alguém que, desde o nascimento, recebe uma educação especial, preparando-se para governar. Na monarquia não há, portanto, o risco de governantes despreparados. 3.1.4 Desvantagens– 1) Se o monarca não governa é uma inutilidade, geralmente muito dispendiosa, que sacrifica o povo sem qualquer proveito. 2) A unidade do Estado e a estabilidade das instituições não podem depender de um fator pessoal, mas deve repousar na ordem jurídica, que é um elemento objetivo muito eficaz. 3) Se o monarca efetivamente governa, será extremamente perigoso ligar o destino do povo e do Estado à sorte de um individuo e de sua família. Mesmo com a educação especial que se ministra ao herdeiro da coroa, não têm sido raros os exemplos de monarcas desprovidos das qualidades de liderança e de eficiência que se exigem de um governante. 4) A monarquia é essencial antidemocrática, uma vez que não assegura ao povo o direito de escolher ser governante. 3.2 República - Dallari: É a forma de governo que se opõe à monarquia, tem um sentido muito próximo do significado de democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo. Azambuja: Forma de governo em que além de “existirem os três poderes constitucionais, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, os dois primeiros derivem, realmente, de eleição popular.” 3.2.1 Ideia – Dallari: O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra a monarquia absoluta e pela afirmação da soberania popular. Ao mesmo tempo em que se apontava os males da monarquia, aumentava a exigência de participação do povo no governo, surgindo a republica, mais do que como forma de governo, como o símbolo de todas as reivindicações populares. 3.2.2 Características – Dallari: Temporariedade: O chefe do Estado recebe um mandato, com o prazo de duração predeterminado. E para evitar que as eleições reiteradas do mesmo individuo criasse um paralelo com a monarquia, estabeleceu-se a proibição de reeleições sucessivas. Eletividade: Na republica o Chefe do Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária ou por qualquer forma que impeça o povo de participar da escolha. Responsabilidade: O Chefe do Governo é politicamente responsável, o que quer dizer que ele deve prestar contas de sua orientação política, ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação popular. 3.3 Subdivisão das formas Monárquica e Republicana 3.3.1 Monarquia Absoluta – Nasce junto com o Estado moderno; poder centrado nas mãos de um só ; não há responsabilidade sociopolítica ; fundamentação teológica. 3.3.2 Monarquia Limitada A) Estamentos – delegação de competências. B) Constitucional – império da lei ; separação de poderes ; reconhecimento de democráticos direitos. C) Parlamentar 3.3.3 Republica Aristocrática – o direito de eleger os órgãos supremos do poder reside em uma classe nobre ou privilegiada, com exclusão das classes populares. A) Direta – viver em um país no qual um grupo de pessoas governam. B) Indireta – pessoas tem o poder, porém escolhem representantes para advogar seus interesses. 3.3.4 Republica democrática – o direito de eleger e ser eleito pertence a todos os cidadãos, sem distinção de classes, respeitadas apenas as exigências legais e gerais quanto à capacidade de praticar atos jurídicos. A) Direta – Grécia; a população se auto governa B) Indireta – ou representativa (atual modelo) C) Semidireta – ou participativa (se busca muito hoje) 3.3.4.1 Instrumentos de participação popular A) Plebiscito – Alguns preferem considerar apenas um referedum consultivo, consiste numa consulta prévia à opinião popular. Dependendo do resultado do plebiscito é que se irão adotar providências legislativas, se necessário. B) Reverendo / Referedum – Consiste na consulta à opinião pública para introdução de uma emenda constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um interesse público relevante. Pode ser obrigatório ou facultativo. C) Iniciativa popular – Confere a um certo número de eleitores o direito de propor uma emenda constitucional ou projeto de lei. Nos EUA diferenciam em: iniciativa direta e indireta D) Veto popular – é um instituto que guarda certa semelhança com o referendum. Pelo voto popular dá-se aos eleitores, após a aprovação de um projeto pelo Legislativo, um prazo, geralmente de sessenta a noventa dias, para que requeiram a aprovação popular. Alei não entra em vigor antes de decorrido esse prazo. E) Recall – é uma instituição norte-americana, que tem aplicação em duas hipóteses diferentes; ou para revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo, ou para reformar decisão judicial sobre constitucionalidade de lei. Regimes de Governo 1. Noção 2. Parlamentarismo 2.1 Histórico - O parlamentarismo foi produto de uma longa evolução histórica. Suas características foram se definindo paulatinamente. A Inglaterra pode ser considerada o berço do governo representativo. Numa rebelião dos barões e do clero contra o monarca, ganhou forma o parlamento. Com Henrique III, promovendo uma reunião que muitos apontam como a verdadeira criação do parlamento. Antes disso João Sem Terra convocara quatro representantes de cada condado para conversar sobre o reino. Simon de Montfort deu a reunião o caráter de uma assembleia política, reunindo pessoas de igual condição política, econômica e social. Foi o Rei Eduardo I que oficializou essas reuniões. A partir de 1688 o Parlamento se impõe como a maior força política. Surgiu o “Conselho de Gabinete” que no reinado de Jorge I e Jorge II com a falta de preocupação com os problemas políticos ingleses, não compareciam muito por não falarem inglês só se comunicavam em latim, e assim mesmo sem a presença do rei o Gabinete continuou a se reunir e a tomar decisões, com isso um ministro foi se destacando e liderando o Gabinete, surgindo assim o Primeiro ministro. 2.2 Características – A) Distinção entre o Chefe de Estado e Chefe de Governo: O Chefe de Estado, monarca ou Presidente da Republica, não participa das decisões políticas, exercendo preponderantemente uma função de representação do Estado. O Chefe do Governo, por sua vez, é a figura política central do parlamentarismo, pois é ele que exerce o poder executivo. Ele é apontado pelo Chefe do Estado para compor o governo e só se torna Primeiro Ministro depois de obter a aprovação do Parlamento. B) Responsabilidade política do Chefe de governo: O chefe do governo, aprovado pelo Parlamento, não tem mandato com prazo determinado. Hádois fatores que podem determinar a demissão do Primeiro Ministro e de seu Gabinete ( ou a queda do governo): a perda da maioria parlamentar ou o voto de desconfiança. C) Possibilidade de dissolução do parlamento: Uma característica importante do sistema inglês é a possibilidade de ser dissolvido o Parlamento, considerando-se extinto o mandado dos membros da Câmara dos Comuns antes do prazo normal. Isso pode ocorrer quando o primeiro ministro percebe que só conta com uma pequena maioria e acredita que a realização de eleições gerais irá resultar numa ampliação dessa maioria. 2.2 Virtudes – Os defensores do parlamentarismo consideram-no mais racional e menos personalista, porque atribui responsabilidade política ao chefe do executivo e transfere ao Parlamento, onde estão representadas todas as grandes tendências do povo, a competência para ficar a política do Estado, ou para decidir sobre a validade da política fixada. 2.3 Deméritos – Fragilidade e instabilidade, sobretudo na época atual em que o Estado não pode ficar numa atitude passiva, de mero vigilante das relações sociais. O estado precisa de mais dinamismo e mais energia, que não se encontram no parlamentarismo. 3. Presidencialismo 3.1 Histórico – Não foi produto de uma criação teórica. O presidencialismo não resultou de um longo e gradual processo de elaboração. Foi uma criação americana do séc. XVIII, tendo resultado da aplicação das ideias democráticas, concentradas na liberdade e na igualdade dos indivíduos e na soberania popular, conjugadas com o espírito pragmático dos criadores do Estado norte-americano. 3.2 Características – A) O presidente da republica é chefe do Estado e Chefe do governo: O mesmo órgão unipessoal acumula as duas atribuições, exercendo o papel de vinculo moral do Estado e desempenhando as funções de representação, ao mesmo tempo em que exerce a chefia do poder executivo. B) A chefia do executivo é unipessoal: A responsabilidade pela fixação das diretrizes do poder executivo cabe exclusivamente ao presidente da republica. C) O presidente da Republica é escolhido pelo povo: D) O presidente da republica é escolhido por um prazo determinado: Para evitar que depois de eleito o presidente ficar no poder por tempo indeterminado, sendo assim uma forma de monarquia eletiva, no regime presidencial o chefe executivo é eleito por um prazo fixo predeterminado, findo o qual o povo é novamente chamado a escolher um novo governante. E) O presidente da republica tem poder de veto: Para que não houvesse o risco de uma verdadeira ditadura do legislativo, reduzindo-o o chefe do executivo à condição de mero executor automático das leis, lhe foi concedida a possibilidade de interferir no processo legislativo através do veto. 3.3 Virtudes – Rapidez com que as decisões podem ser tomadas e postas em prática. O presidente da republica decide sozinho, sem responsabilidade política perante o parlamento, existe unidade de comando, o que permite um aproveitamento mais adequado das possibilidades do Estado. O presidencialismo assegura maior energia nas decisões. 3.4 Deméritos - Uma ditadura a prazo fixo. Eleito pó um tempo determinado e sem responsabilidade política efetiva, o presidente pode agir francamente contra a vontade do povo ou do congresso sem que haja meios normais para afasta-lo da presidência. Democracia 1. Prévias considerações – Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos. Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana; é a institucionalização da liberdade. A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria associados aos direitos individuais e das minorias. Todas as democracias, embora respeitem a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias. As democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito à proteção legal para todos; e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade. As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo. A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura que todos os cidadãos recebam a mesma proteção legal e que os seus direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário. Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades. A ideia moderna de democracia A concepção moderna de democracia surgiu a partir do século 18, com as revoluções burguesas que derrubaram as monarquias absolutistas (as principais referências são a Revolução Americana de 1776 e Revolução Francesa de 1789). A democracia recuperou o princípio da cidadania: os homens deixaram de ser súditos (subordinados a um rei) para se transformar em cidadãos. O princípio básico do funcionamento da democracia moderna é o direito dos cidadãos de participarem dos assuntos de interesse coletivo a partir do voto. A principal função do voto é a escolha de representantes. Os representantes eleitos dispõem de poderes que lhes foram delegados pelos cidadãos para cuidar dos assuntos políticos da comunidade. 1.1 Momento de “surgimento” A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Isso foi possível porque os cidadãos formavam um grupo numericamente reduzido e privilegiado. Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade desse exercício democrático, estavam excluídos os escravos, as mulheres e os estrangeiros. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada. 1.2 Movimentos político-sociais É através de três grandes movimentos político-sociais que se transpõem do plano teórico para o prático: Revolução Inglesa: Fortemente influenciada por Locke. Dois pontos básicos podem ser apontados: a intenção de estabelecer limites ao poder absoluto do monarca e a influência do protestantismo, ambos contribuindo para a afirmação dos direitos naturais dos indivíduos, nascidos livres e iguais, justificando-se, portanto, o governo da maioria, que deveria exercer o poder legislativo assegurando a liberdade dos cidadãos. “Tendo a maioria, quando de inicio os homens se reúnem em sociedade, todo o poder da comunidade naturalmente em si, pode emprega-lo para fazer leis destinadas à comunidade de tempos em tempos, as quais executam por meio de funcionários queela própria nomeia: nesse caso, a forma de governo é uma perfeita democracia.” Locke Revolução norte-americana: Ansiando a liberdade, os norte-americanos lutaram contra o absolutismo inglês. Em busca de um governo que proporcionasse direitos inalienáveis entre os quais a vida, liberdade e a procura da felicidade. Revolução Francesa: Além de se oporem aos governos absolutos, os lideres franceses enfrentavam o problema de uma grande instabilidade interna, devendo pensar na unidade dos franceses.A França a Igreja e o Estado eram inimigos, o que influiu para que a declaração dos direitos do homem e do cidadão, tomasse um cunho mais universal, sem as limitações impostas pelas lutas religiosas locais. Declara-se que os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. Como fim da sociedade política aponta-se a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem, que são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Nenhuma limitação pode ser imposta ao individuo, a não ser por meio da lei, que é a expressão da vontade geral.Todo os cidadãos tem direito a concorrer, pessoalmente ou por seus representantes. A base da organização popular do Estado deve ser a preservação dessa possibilidade de participação popular no governo, a fim de que sejam garantidos os direitos naturais. 2. Princípios democráticos: A) Supremacia da vontade popular – que colocou o problema da participação popular no governo, suscitando acesas controvérsias e dando margem às mais variadas experiências, tanto no tocante à representatividade, quanto à extensão do direito de sufrágio e aos sistemas eleitorais e partidários. B) Preservação da liberdade – entendida sobretudo como o poder de fazer tudo o que não incomodasse o próximo e como o poder de dispor de sua pessoa e de seus bens, sem qualquer interferência do Estado. - Liberdade negativa: para serem exercidas diante da não intervenção do Estado. - Liberdade positiva: o Estado interfere ; há uma união entre o povo e o Estado. C) Igualdade de direitos - entendida como a proibição de distinções no gozo de direitos, sobretudo por motivos econômicos ou de discriminação entre classes sociais. - Igualdade formal: perante a lei. - Igualdade material: inexistência de igualdade material entre as pessoas. 3. Definições Governo do povo, para o povo, pelo povo. 3.1 Definições de Charles Merriam: democacia é um ambiente caracterizado onde se reconhece o ser humano como possuidor de dignidade. Viver num estado onde reconhesse a perfectibilidade do homem... 'todos como iguais' Observação: Sahid Maluf – não podemos tratar a democracia como forma de governo, e sim como uma qualidade e pode está presente em qualquer forma de governo. 4. Objetivos de democracia – eliminar a pobreza insegurança, desemprego, garantindo a dignidade. Possibilitar uma crescente participação do povo no processo decisório do governo. 5. Espécies de democracia 5.1 Direta: Era a forma de democracia praticada na Grécia antiga, especialmente em Atenas, onde o povo debatia e decidia as questões mais importantes da polis em assembléias realizadas em praça pública. Hoje esse tipo de democracia só é praticado em pequenos cantões (estados federados) suíços (Landsgemeinde) e ainda assim de forma restrita, porque os assuntos não são amplamente discutidos, havendo uma preparação prévia pelas autoridades. 5.2 Indireta: Devido à impossibilidade da reunião de grande número de pessoas para a tomada de decisões e à desconfiança com relação à capacidade do povo de tomar decisões (v. Montesquieu), a democracia no Estado Moderno é predominantemente representativa, ou seja, o povo elege representantes para tomar as decisões em seu lugar. 5.3 Semidireta: Nesse tipo de democracia o povo participa diretamente, propondo, aprovando ou autorizando a elaboração de uma lei ou a tomada de uma decisão relevante pelo Estado. A atuação do povo não é exclusiva, pois age em conjunto com os representantes eleitos, que vão discutir, elaborar ou aprovar a lei. É utilizada atualmente em combinação com a democracia representativa, que ainda prevalece. Muito usada nos EUA, é rara no Brasil. Instrumentos da democracia semidireta. São instrumentos da democracia semidireta: • Plebiscito - Plebiscito (do latim plebiscitum: decreto da plebe) é uma consulta ao povo pelo qual este aprova ou não a elaboração de uma lei, uma emenda constitucional ou uma decisão governamental. Se houver aprovação, cabe ao poder competente a elaboração da medida. É importante notar que ele é anterior à lei ou à decisão governamental, que só serão elaboradas se houver aprovação popular. • Referendo - Referendo (do latim referendum: aprovação) é uma consulta feita ao povo sobre uma lei, emenda constitucional ou decisão governamental já elaborada pelo poder competente, mas ainda não vigente. Se houver aprovação, a medida entra em vigor. Note-se que o referendo é posterior à elaboração da medida. • Iniciativa popular - Na democracia representativa, o processo de elaboração de uma lei é iniciado por um projeto apresentado por um representante (membro do Poder Legislativo, chefe do Poder Executivo e, excepcionalmente, do Judiciário). A iniciativa popular é um instrumento de democracia semidireta pelo qual o processo legislativo pode ser iniciado por parte do povo, cabendo ao Poder Legislativo discutir e aprovar, ou não, o projeto. Exige-se que um número relevante de eleitores (1% do eleitorado, no Brasil) assine o projeto. • Veto popular - É um instrumento da democracia semidireta por meio do qual o povo pode vetar uma lei já aprovada ou revogar uma decisão judicial. Não existe no Brasil, sendo utilizado em alguns estados norte-americanos. • Recall - O recall é a revogação do mandato político pelo povo. Colhendo-se um número de assinaturas determinado pela Constituição ou pela lei, convoca-se um recall, através do qual o eleitorado decide se um mandatário deve ou não ter o seu mandato cassado. Também não existe no Brasil, sendo utilizado em alguns estados norte-americanos. Democracia liberal/representativa e democracia participativa. Democracia representativa é o ato de um grupo ou pessoa ser eleito, normalmente por votação, para "representar" um povo ou uma população, isto é, para agir, falar e decidir em "nome do povo". Os "representantes do povo" agrupam-se em instituições chamadas Parlamento, Congresso ou Assembleia da República. O regime da democracia participativa é um regime onde se pretende que existam efectivos mecanismos de controlo da sociedade civil sob a administração pública, não se reduzindo o papel democrático apenas ao voto, mas também estendendo a democracia para a esfera social. Partidos Políticos 1. Noções Azambuja – sociedades permanentes, que agrupam indivíduos que pensam do mesmo modo sobre problemas de governo e assuntos públicos em geral, os partidos servem para formar e expressar a opinião de correntes que concorrem na opinião pública. 2. Raízes O termo partido político, como uma união de diversas pessoas que têm interesse e ideias em comum contra outra de opinião contrária, será emprestado, desde a Idade Média, do vocábulo militar, quando se utilizava o termo partido, que designava uma tropa de pessoas separadas para lutar na guerra. Os partidos criados a partir do Parlamento e das eleições surgem a partir de uma ligação entre grupos parlamentares de um lado e os comitês eleitorais posteriormente formados de outro lado. Os partidos de origem exterior ao Parlamento são formados por grupos situados fora do sistema político propriamente dito. Seriam, por exemplo, os grupos de pressão, como as associações camponesas, sindicais, as cooperativas, as chamadas “sociedades de pensamento”, como as seitas religiosas, a maçonaria, etc. Uma análise histórica pertinente à espécienos mostrará o fato de não se confundir os partidos políticos atuais com os igualmente chamados “partidos”, ou facções que dividiam as Repúblicas antigas. Por exemplo, os clãs na Itália da Renascença, os clubes onde se reunião os deputados das assembleias revolucionárias, os comitês que preparavam as eleições censitárias das monarquias constitucionais, como também as várias organizações populares que guardam a opinião pública nas democracias modernas. Azambuja – chamavam-se partidos as facções que dividiam as repúblicas antigas, os clãs que se reunião em torno dos condottieri na Itália da Renascença; os clubes das assembleias revolucionárias de 1889, na frança; os comitês que preparavam as eleições das primeiras monarquias constitucionais da era moderna. A analogia, porém, é apenas nominal, como acentua Duverger, e provém de que todas essas organizações têm um fim semelhante: conquistar o poder e exercê-lo. Mas os partidos políticos são um fato recente e apareceram no século XIX. foi com a importância crescente dos parlamentos, e sua preponderencia, foi com a extensão do direito do voto e sua tendência a se tornar universal, foi com o regime democrático, enfim, que os partidos políticos se organizaram e assumiram a função primordial que hoje os distingue. 3. Momento de surgimento Os primeiros partidos políticos com funções e características semelhantes aos partidos atuais surgiram na Inglaterra, com as três instituições protagonistas da história constitucional inglesa: o Rei, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. O predomínio de cada um destes protagonistas marca períodos da história constitucional do Reino, bem como três formas clássicas de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia. Na França, os primeiros partidos políticos formaram-se no decorrer da nova ordem liberal implantada pela Revolução de 1789. A partir da Carta Constitucional outorgada em 1814, deu- se a formação de dois poderosos partidos, o Conservador e o Liberal. Na Alemanha, as primeiras formações partidárias datam da Revolução de 1848, também sob as denominações Conservador e Liberal, nos moldes clássicos da política inglesa. Nos Estados Unidos da América do Norte, o primeiro partido era denominado Partido Democrático, mais tarde, em 1854, surgiu definitivamente o Partido Republicano 4. Natureza Jurídica Os partidos políticos são de caráter público, sendo pessoa jurídica de direito privado. Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. 5. Finalidade Azambuja - Sua finalidade: conquistar o poder, realizar ideias contidas nos respectivos programas, que procuram difundir nas camadas populares e conquistar adeptos, permanentes ou transitórios. 6. Espécies 6.1 – Whitaker da Cunha a) Partidos conservadores – satisfeitos; mudança gradual. b) Partidos liberais – insatisfeitos ; mudanças imediatas. 6.2 – Dallari a) Quanto à organização interna - de quadros - Partidos de quadros, quando, mais preocupados com a qualidade de seus membros do que com a quantidade deles, não buscam reunir o maior número possível de integrantes, preferindo atrair as figuras mais notáveis, capazes de influir positivamente no prestígio do partido, ou os indivíduos mais abastados, dispostos a oferecer contribuição econômico-financeira substancial à agremiação partidária. - de massa – Partidos de massa, quando além de buscarem o maior número possível de adeptos, sem qualquer espécie de discriminação, procuram servir de instrumento para que indivíduos de condição econômica inferior possa aspirar às posições de governo. b) Quanto ao número - Unipartidário – caracterizado pela existência de um só partido no Estado. Na prática, o que se verifica é que o partido único se prende a princípios, rígidos e imutáveis, só havendo debates quando a aspectos secundários, ainda que às vezes estes também sejam importantes. (Não permite a expressão, opinião de fora, apenas do próprio partido). - Bipartidário – caracterizam-se pela existência de dois grandes partidos que se alternam no governo do Estado. Não se excluem outros partidos, os quais, porem por motivos diversos e sem qualquer interferência do Estado, permanecem pouco expressivos, embora possam ganhar maior significação sob o impacto de algum novo fator social. Os sistemas bipartidários típicos são os da Inglaterra e o dos EUA. - Pluripartidários – que são a maioria, caracterizando-se pela existência de vários partidos igualmente dotados da possibilidade de predominar sobre os demais. Dua causas importantes do pluripartidarismo, segundo DUVERGER, o fracionamento interior das correntes de opinião e, a superposição de dualismo. c) Quanto ao âmbito da atuação dos partidos - vocação universal – quando pretendem atuar além das fronteiras dos Estados, baseando-se na solidariedade entre seus membros numa teoria política de caráter universal. - nacionais – quando tem adeptos em número considerável em todo território do Estado. Não é necessário que haja a distribuição uniforme do eleitorado por todo território do Estado, podendo ocorrer, como no caso norte-americano, que determinado partido seja fortemente predominante em algumas regiões e pouco expressivo me outras. - regionais - são aqueles cujo âmbito de atuação se limita a determinada região do Estado, satisfazendo-se os seus lideres e adeptos com a conquista do poder político nessa região. - locais – são os de âmbito municipal, que orientam sua atuação exclusivamente por interesses locais, em função dos quais almejam a obtenção do poder político municipal. 6.3 – Azambuja a) Considerando a idade dos homens - partidos radicais – representam a juventude com suas ilusões, imprevisões e precipitações. - partidos liberais – corresponde a mocidade criadora e empreendedora. - partidos conservadores – são o da madureza, tranquila e forte. - partidos absolutistas – são a velhice, reacionária e irritável que busca apoio no despotismo e na astúcia. b) Classificação comum - partidos de direita – são geralmente considerados reacionários, com tendência ditatórias; - partidos de centro – seriam conservadores; - partidos de esquerda – socialistas avançados e comunistas. 7. Ideologia partidária Azambuja – sociedades permanentes, que agrupam indivíduos que pensam do mesmo modo sobre problemas de governo e assuntos públicos em geral, os partidos servem para formar e expressar a opinião de correntes que concorrem na opinião pública. - Como já assentado, um partido político é uma associação de pessoas organizadas, tendo em vista participar, de modo permanente, do funcionamento das instituições e buscar acesso ao Poder, ou ao menos influenciar no seu exercício, para fazer prevalecer as idéias e os interesses de seus membros. Estas idéias e estes interesses, reputados como os mais convenientes para a comunidade se pretendem sejam convertidos em lei ou em linhas de ação política do Governo. - Teoricamente, é o conjunto de orientações políticas que o partido escolhe quando é fundado, mas que podem ir evoluindo à medida que o partido vai crescendo e o mundo, se transformando. É esse conjunto de idéias que define se um partido é de esquerda ou direita, por exemplo, ou se terá um perfil mais trabalhista, empresarial, conservador ou liberal, entre milhares de opções possíveis. 8. Partidos norte-americanos * Políticas - O eleitor típico do Partido Republicano é branco, religioso, favorável ao capitalismo e às reduções de impostos. No campo social, defende políticas conservadoras de defesa da família, opõe-se ao casamento entre homossexuais ou ao financiamentode abortos com recursos públicos. - O Partido Democrata se apresenta como uma organização de centro-esquerda, com a proposta de equilibrar o capitalismo com programas sociais. Apoiado pelos sindicatos, defende o direito das minorias, ao aborto, à educação pública e às minorias. * Força Atual - Os republicanos têm a maioria em ambas câmaras do Congresso e 28 dos 50 postos de governador. Seus principais redutos são os estados rurais do centro e sul do país, onde os brancos são maioria. Cerca de 30% dos eleitores americanos se consideram republicanos. - O Partido Democrata está melhor representado nas grandes cidades de ambos litorais dos Estados Unidos, particularmente na Califórnia e Nova York, e em especial entre as minorias. Em 2000, nove de cada dez negros americanos e dois de cada três hispanos votaram nele. Cerca de 34% dos eleitores se definem como democratas. Aproximadamente 36% dos eleitores se consideram independentes. GRUPOS DE PRESSÃO 1. Conceito Azambuja – grupo de pressão é qualquer grupo social, permanente ou transitório, que, para satisfazer seus interesses próprios, procure obter determinadas medidas dos poderes do Estado e influenciar a opinião publica. - Constitui um grupo organizado de pessoas que objetivam influir nas realidades econômicas e sociais, através de mecanismos não propriamente econômicos, tais como greves, boicotes, manifestações, apelos à opinião pública, intervenções políticas, entre outros, na definição do geógrafo Max Derruau, e cujos resultados dependem da solidariedade e coesão de seus integrantes. (Wikipédia) 2. Surgimento Grupos de pressão sempre existiram, em todos os regimes, desde a antiguidade até os nossos dias. Os áulicos, companheiros, sociedades, clubes, todos procuravam e procuram a satisfação de seus próprios interesses, adaptando-se à ordem política vigorante. 3. Condições para ser um membro grupo de pressão Muitos autores entendem que, para ser considerado grupo de pressão, é preciso que ele difunda seus interesses particulares; se o que advoga é de interesse publico, não é grupo de pressão. a) Interesse lícito; meios lícitos e conciliação com o interesse – é necessária, que sejam lícitos os interesses e lícitos também os meios empregados. É preciso ainda que os interesses pleiteados se conciliem com o bem público. 4. Táticas a) Persuasão – é a tática mais usual e reveste das mais variadas formas. Memoriais, ofícios,artigos de jornal, entrevistas, radiodifusão, televisão, conferencias, comícios e até livros bombardeiam os poderes públicos para deles conseguir uma decisão favorável. Tudo isso é lícito; mas algumas vezes os grupos de pressão empregam processos que tendem francamente para a corrupção, e as provas do crime quase nunca são encontradas. b) Ameaças – pressão por ameaça é a greve, e o mais sério a greve geral, que paralise a vida de todo o país. Outra forma de ameaça pode ser usada pela ambição, pela cólera e desespero, desde a simples declaração: “Não voltaremos do senhor”, até o lançamento de bombas e de sabotagens. 5. Espécies Nacionais – Todos os sindicatos. Estrangeiros – exemplo: Greenpeace 6. Problemas e benefícios As aspirações dos governados e o dever dos governantes criam e estimulam os grupos de pressão. O instrumento natural de expressão e consecução de seus interesses, a fonte mais acessível para conhecer as diversas situações sociais, desde que pleiteiem interesses lícitos e usem meios lícitos de persuasão, fator valioso no processo de formação das decisões do poder Executivo e do Legislativo. Quando dispõem de grandes recursos materiais e influencias pessoal, sugestionam os membros dos poderem públicos e os levam muitas vezes a atender interesses de um grupo em detrimento do bem geral. A pressão tende naturalmente a permanecer, a infiltrar-se nas artérias do organismo público, se contrariados, pendem, não raro das formas ilícitas de persuasão para a ameaça, as greves, os golpes de Estado e as revoluções. Concluindo assim que os grupos de pressão não constituem por si um mal, quando no confronto de interesses particulares e o bem público, a decisão do Estado seja soberana, permanecendo o poder supremo instituído pela nação. 7. Grupos nos EUA e no Brasil Lobby (do inglês lobby, ante-sala, corredor) é o nome que se dá à atividade de pressão de grupos, ostensiva ou velada, com o objetivo de interferir diretamente nas decisões do poder público, em especial do Legislativo, em favor de interesses privados. A palavra lobby tem origem inglesa e significa salão, hall, corredor. Segundo alguns estudiosos, o fato de várias articulações políticas acontecerem nas ante-salas (lobby) de hotéis e congressos, fez nascer a expressão “lobbying” (lobismo) para designar as tentativas de influenciar decisões importantes tomadas pelo poder público, sobretudo aquelas relacionadas a questões legislativas, de acordo com interesses privados de alguns grupos ou setores inteiros da sociedade. Enquanto nos Estados Unidos o lobby é uma atividade considerada como parte do processo político (ser lobista é uma profissão reconhecida e a atividade em si é regulamentada por leis), em outros países como o Brasil, a atividade é informal e não regulamentada, o que pode dar margem a interpretações de corrupção 8. Representação Profissional - Consiste em dar o direito de eleger deputados não apenas aos indivíduos e aos partidos políticos, mas também às associações profissionais, aos interesses econômicos e financeiros, à industria, ao comercio, aos operários e patrões, ao trabalho e ao capital, aos sindicatos enfim... interesse de particulares. A Ordem Estatal e a ordem internacional Das relações travadas entre o Direito Internacional e o Direito interno surgem discussões que buscam determinar a posição hierárquica do Direito Internacional frente ao Direito Interno e solucionar os conflitos, porventura existentes, entre normas internacionais e as normas internas de cada ordenamento jurídico. A questão, embora seja de interesse global, não apresenta um regramento uniforme e universal, uma vez que recebe tratamento diferente de acordo com o Direito Constitucional de cada Estado. A importância do estudo dessas doutrinas revela-se no fato de que, a depender da doutrina acolhida por cada Estado, a forma de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento interno será diversa. (dualista ou monista) 1. Ordens Jurídicas A) Ordem local / estadual – relação de subordinação. B) Ordem internacional – relação de coordenação. 2. Teorias postas a resolver eventuais conflitos A) Dualista – Para os autores dualistas, o Direito Internacional e o Direito interno representam dois sistemas diferentes e independentes. Segundo esta corrente, para que um compromisso internacional (como, por exemplo, um tratado internacional) assumido pelo Estado tenha impacto ou repercussão no cenário normativo interno, faz-se necessário que o Direito internacional seja transformado, através do processo da adoção ou transformação, em norma de Direito interno. Para os dualistas não existe, portanto, a possibilidade de um conflito entre uma norma internacional e uma norma de Direito interno, pois, diante da necessidade de transformação da norma internacional em norma de Direito interno, no caso da existência de conflito este se dará sempre entre duas disposições nacionais. Diante deste raciocínio, é possível concluir que, para os dualistas, a lei interna de cada Estado prevalece sobre a norma internacional. A doutrina dualista é bastante criticada, sobretudo porque, ao reconhecer que o ordenamento internacional e o ordenamento interno são sistemas antagônicos não atenta para o fato de que um deles será, inevitavelmente, não jurídico, pois não é possível entender como direito dois sistemas contrapostos.A.1) Características apresentam diferentes relações sociais (o único sujeito de direito na ordem internacional é o Estado enquanto que, na ordem interna, tem-se o homem também como sujeito de direito) apresentam fontes específicas (o Direito interno é resultado, exclusivamente, da vontade do Estado soberano; a fonte do Direito Internacional, por outro lado, nasceria da vontade coletiva de vários Estados – convergência de interesses recíprocos) regulam matérias diversas (ao Direito Internacional caberia, sobretudo, a função de regular as relações entre os Estados ou entre estes e as organizações internacionais; ao Direito interno, por outro lado, caberia a função de regular a conduta do Estado com os seus indivíduos). Teoria da incorporação – o Tratado internacional só pode ser aplicado internacionalmente se for incorporado a nossa constituição. Críticas à Teoria Dualista B) Monismo – A corrente monista, em total oposição à concepção dualista, sustenta a existência de uma única ordem jurídica. Para os monistas o Direito Internacional e o Direito interno são dois ramos do direito que compõem um só sistema jurídico; tal sistema jurídico uno está baseado na identidade dos sujeitos que o compõe e na identidade das fontes (sempre objetivas e não dependentes da vontade dos Estados). Para esta corrente doutrinária o Direito Internacional aplica-se na ordem jurídica dos Estados independentemente da sua transformação em norma interna. A doutrina monista adota a sistemática da recepção que determina que assinado e ratificado um tratado por um Estado, este assume um compromisso jurídico, não sendo necessária a edição de um novo diploma normativo. B.1) Monismo com prevalência do direito interno – Para esta corrente doutrinária, também conhecida como monismo nacionalista, a primazia é do Direito nacional de cada Estado soberano sobre o Direito Internacional. Segundo essa concepção, o Direito Internacional retira a sua obrigatoriedade do Direito interno e a Constituição do Estado determinará o grau hierárquico a ser atribuído às normas internacionais escritas e costumeiras. Os defensores do monismo com predomínio do Direito interno fundamentam sua posição em basicamente dois argumentos: a competência para concluir tratados internacionais é determinada pela Constituição de cada Estado, ou seja, a obrigatoriedade do Direito Internacional emana de uma norma interna; e a inexistência, no plano internacional, de uma autoridade que obrigue os Estados a cumprirem os compromissos internacionais, sendo assim, cada Estado estaria livre para determinar suas obrigações internacionais. *Criticas: criticada principalmente pelo fato de reduzir o Direito Internacional a um Direito estatal e, desta forma, acaba negando a existência do Direito Internacional como um direito independente. Se houvesse a prevalência a mudança da constituição interna levaria a anulação do tratado no território, porem continuaria vigorando em outros países. B.2) Monismo com prevalência do direito internacional – esta corrente sustenta a existência de uma única ordem jurídica na qual a primazia é do Direito Internacional e a ele se ajustariam todas as ordens internas. Hans Kelsen, jurista da Escola de Viena, defende a visão monista do ponto de vista do Direito Internacional. Kelsen apresentou, inicialmente, uma teoria da livre escolha: de acordo com a pirâmide de normas proposta pelo autor uma norma tem a sua origem e retira a sua obrigatoriedade da norma que lhe é imediatamente superior. No ápice dessa pirâmide encontra-se a norma fundamental, a norma base e, segundo essa teoria da livre escolha, caberia a cada jurista escolher qual seria essa norma fundamental. Posteriormente, Kelsen, defensor do monismo internacionalista, passou a considerar a norma fundamental como sendo uma norma de Direito Internacional, qual seja, a norma costumeira pacta sunt servanda que determina que os contratos firmados pelos Estados são obrigatórios para as partes. De acordo com o monismo internacionalista o Direito interno deriva do Direito Internacional que representa uma ordem jurídica hierarquicamente superior; desta forma, o Direito Internacional limitaria o poder soberano dos Estados determinando, inclusive, a inaplicabilidade das normas estaduais contrárias às normas internacionais. Para a corrente monista internacionalista, havendo conflito entre normas de Direito Internacional e normas de Direito Interno, o ato internacional irá prevalecer sobre a norma interna que lhe seja contrária. Não há, portanto, duas ordens jurídicas coordenadas, mas sim uma relação de subordinação do Direito interno ao Direito Internacional que lhe é superior. *Critica: A historia. 3. Tendência mundial - A jurisprudência internacional defende, unanimemente, a primazia do Direito Internacional sobre o Direito interno dos Estados. No plano interno vários Estados adotam expressamente em suas Constituições regras sobre as relações entre o Direito Internacional Público e o Direito interno. Todavia, a supremacia do Direito Internacional sobre o Direito interno estatal não é uma concepção adotada de maneira uniforme nos ordenamentos jurídicos estatais. Alguns países como Alemanha, Estados Unidos e Itália adotam em suas Constituições cláusulas de adoção global das regras do Direito Internacional Público pelo Direito interno e regras que conferem primazia às normas de Direito Internacional; outros países também adotam a cláusula de adoção global das regras do Direito Internacional, mas não estabelecem a primazia do Direito Internacional sobre as normas de Direito interno; e outros estabelecem a primazia do Direito Internacional sobre as normas de Direito interno apenas no que diz respeito aos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos. 4. Caso brasileiro – dispõem em suas Constituições sobre as relações entre o Direito Internacional e o Direito Interno. Adota o monismo com prevalência do direito internacional moderado (adotava a teoria da incorporação, da década de 30 – 60) Década de 70: genericamente falando, os tratados tem ao mesmo nível que as leis ordinárias. No caso brasileiro a Constituição não determina expressamente a posição hierárquica das normas de Direito Internacional. A jurisprudência brasileira passou então a conferir aos tratados em geral valor equivalente ao das leis infraconstitucionais e aos tratados de direitos humanos valor infraconstitucional, mas supralegislativo. Os tratados de direitos humanos diferenciam-se dos tratados tradicionais e com eles não devem ser confundidos. Os tratados de direitos humanos têm como objetivo a proteção dos direitos fundamentais dos seres humanos frente ao seu próprio Estado como também frente a outros Estados contratantes. Os direitos fundamentais advindos de tratados internacionais nascem na ordem jurídica supra-estatal e existem independentemente do reconhecimento e da proteção pela ordem interna. São direitos fundamentais independentemente da sua incorporação na Constituição dos Estados. Sendo assim, os Estados estão obrigados a observar tais direitos cabendo à técnica jurídica apenas conceber os mecanismos mais adequados para recepcioná-los no ordenamento interno. Década 30-60 : adota o monismo com prevalência de direito interno moderado. (com a teoria da incorporação) Década de 70: genericamente falando os tratados ficam no mesmo nível que das leis ordinárias. Exceção dos tratados de direitos humanos, pra equiparar-se com uma lei constitucional, deveria ter uma votação igual ou superior a 3/5 de maioria nas duas casas, caso não obtivesse tal quantia de maioria, essa lei seria SUPRALEGAL, ou seja, superior as leis ordinárias. Caso tenha duas leis abordando a mesma coisa a mais nova prevalece. Quando duas leis tratam da mesma questão e uma delas mais especifica, essa que prevalece.
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