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CADERNO DE SOCIOLOGIA PS 2011

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CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
O Conhecimento em Ciências Sociais Prof. Pastana 
AULA 01 – Introdução ao estudo da sociedade 
AULA 02 – A revolução industrial e o surgimento das ciências sociais 
AULA 03 – Augusto Comte e o Positivismo 
AULA 04 – Herbert Spencer e Émile Durkheim: O funcionalismo 
AULA 05 – Max Weber a sociologia compreensiva 
AULA 06 – Karl Marx 
AULA 07 – As principais correntes teóricas e as possibilidades de análise científica dos 
problemas sociais 
 
Introdução ao Estudo da Sociedade 
 
m cada sociedade, em todos os tempos, os seres humanos elaboraram explicações para 
as circunstâncias que viviam. Eram explicações místicas, religiosas, culturais, entre 
outras. No século XIX, a procura por outro tipo de explicação para compreender os fenômenos da 
sociedade – a explicação científica – possibilitou o desenvolvimento da sociologia. 
 Na antiguidade, as primeiras tentativas de estudo sistemático, feitas sobre a sociedade 
humana, iniciaram com os filósofos gregos Platão (427-347 a.C), em seu livro “ A República” e 
Aristóteles (384-322 a.C), com a obra “Política”. Estes filósofos foram os primeiros a tratar das 
relações sociais de modo sistemático analisando a sociedade em sua integridade, organizada em 
cidades-estado onde o fator político sob o domínio de um interesse puramente étnico tinha prioridade 
sobre o fator social. 
 Na idade média, a igreja exerceu ampla influência desenhando um quadro intelectual em que 
a fé era uma sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural. Dessa forma, toda e qualquer 
investigação filosófica ou científica não poderia contrariar as verdades da teologia dogmática 
estabelecida pela igreja católica. Santo Agostinho (354-430), em sua obra “ A cidade de Deus” 
acreditava que os homens viviam na cidade onde reinava o pecado e que deveriam caminhar para a 
cidade da graça, a cidade de Deus. Santo Tomás de Aquino (1227-1274) na obra “Suma Teológica” 
estudou as relações do homem com Deus, elaborando a escolástica, filosofia cristã. 
 Os estudos que se referem à vida social tinham sempre por finalidade sugerir formas ideais 
de organização da sociedade mais do que compreender a real organização social. Adotavam, portanto, 
um ponto de vista normativo, no sentido de buscarem estabelecer normas ou regras para a vida 
social, e finalista, no sentido de proporem como finalidade da vida social a realização desta 
organização social. 
 A libertação do pensamento em relação ao dogmatismo teológico católico efetivou-se no 
período do renascimento, quando se abriram novas perspectivas ao saber humano. A influência 
teológica, que não permitia perceber as coisas senão a luz da salvação eterna foi substituída pela livre 
discussão sob um enfoque racional. A partir disso, foi sendo elaborado um novo tipo de conhecimento, 
assinalado pela objetividade e realismo que marcaram a nítida separação do pensamento teocêntrico. 
Esse novo estágio iniciou-se com a explicação racional dos fenômenos da natureza e, 
conseqüentemente, dos problemas sociais e humanos. 
 
SOCIOLOGIA – PS 2011 
E 
Aula 
01
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
A ciência paulatinamente substitui a filosofia no esclarecimento sobre os fenômenos da 
natureza, constituindo-se como as ciências naturais conseguindo delimitar seu objeto de estudo. 
Assim, o período dos séculos XVI, XVII e XVIII, além de se apresentar como o momento do 
desenvolvimento das ciências naturais, proporcionou o surgimento da sociologia no século XIX. 
Os fatores socioculturais como a ascensão da burguesia, a formação do Estado Nacional, a 
descoberta do novo mundo, a revolução comercial, a reforma protestante, revolução francesa e 
industrial foram cruciais para o surgimento da sociologia, uma vez que expressaram as mudanças 
políticas e econômicas na Europa. 
 A ascensão da burguesia desfez a formação social da idade média, composta por sacerdotes, 
guerreiros e servos, apresentando a organização de um novo quadro social com a manifestação de 
uma nova classe social. 
A formação do Estado Nacional iniciou-se com a adoção de um novo sistema jurídico baseado 
no direito romano; a centralização das forças armadas com um exército permanente e a centralização 
administrativa, com um aparato burocrático hierarquicamente organizado com um sistema de 
cobrança de impostos que permitiu arrecadação estável para manter esse aparato jurídico-
burocrático-militar. 
No século XVI, desenvolve-se a reforma protestante, movimento que entrou em conflito com 
igreja católica e autoridade papal permitindo a livre interpretação das leituras das Sagradas 
Escrituras; provocando o confronto com o privilégio exclusivo do clero na interpretação 
fundamentada nos dogmas. 
Dessa forma, se passava a existir uma nova forma de pensar em relação às coisas sagradas, 
também se concebia outras maneiras de perceber o universo. A partir disso, a razão passava a ser 
predominante e era entendida como fator indispensável para conhecer o mundo, ou seja, apenas os 
homens poderiam julgar, avaliar, raciocinar e emitir opiniões sem se submeter a nenhuma autoridade 
divina ou transcendente. Como se pode perceber a reforma protestante dissipou a unidade católica do 
ocidente, anulando o entendimento passivo do homem, entregue aos desígnios divinos, mas foi a 
revolução industrial, no século XVIII, que determinou o desaparecimento da sociedade feudal e a 
consolidação da sociedade capitalista. 
Entre os fatores intelectuais, presentes nos séculos XVI, XVII e XVIII houve modificações nas 
formas de pensar, nos modos de conhecer a natureza e a sociedade. 
No término da idade média, iniciaram-se as descrições das sociedades ideais. Thomas Morus 
(1478-1535), em “A Utopia”, descreve uma ilha onde vive uma comunidade ideal com harmonia, 
equilíbrio e virtude. Campanella (1568-1634), com “A cidade do Sol”, apresenta suas idealizações em 
relação à reforma do mundo, numa descrição recheada de misticismo, magia e ilusão. 
O Renascimento, enquanto movimento intelectual que marca as transformações do 
pensamento social europeu inspirou-se no humanismo, movimento de intelectuais, que defendia a 
cultura Greco-romana e o retorno a seus ideais de antropocentrismo, além de apresentar um tipo 
humano racionalista tanto em relação aos fenômenos da natureza quanto aos fenômenos humanos e 
sociais. 
Algumas contribuições foram essenciais. Nicolau Maquiável (1469-1527), em sua obra “O 
Príncipe”, pregou a criação de um estado unificado, com poder política forte e centralizado, liberto da 
tutela da igreja. Acreditava que o homem em todos os tempos e sociedades era dirigido em seus atos 
por uma natureza má por princípios. Além disso, determinou os meios pelos quais os homens de 
estado de sua época atingiriam os fins aos quais se propunham. Francis Bacon (1561-1626) apresenta 
um novo método de conhecimento baseado na experimentação, que substituía o lugar do 
conhecimento teológico. É considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação 
científica, afirmando que o cientista deve se libertar daquilo que é denominado ídolo, isto é, as falsas 
noções, os maus hábitos mentais. Thomas Hobbes (1588-1650) no livro “O Leviatã”, ampara a 
necessidade de um poder absoluto que mantenha os homens em sociedades e impeça que eles se 
destruam mutuamente. 
No entanto, foi Descartes (1596-1650), com o método da dúvida, quem abalou, 
profundamente, a base do conhecimento consolidado. Afirmava que para conhecermos a verdade é 
preciso, inicialmente, colocarmos todos os nossos conhecimentos em dúvida. Para Descartes a única 
verdade totalmente livre da dúvida é que meus pensamentos existem e aexistência desses meus 
pensamentos se confunde com a essência da minha própria existência enquanto ser pensante. 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
A filosofia da história foi um fator determinante na formação das ciências sociais. Os filósofos 
da história tiveram o encargo de abordar sobre uma nova concepção de sociedade como algo mais do 
que o Estado ou sociedade política, possibilitando a distinção entre Estado e Sociedade Civil. 
Tal interesse pela história e pelo desenvolvimento foi despertado pela agilidade e 
profundidade das transformações sociais e econômicas, bem como, pelo contraste das diversas 
culturas encontradas durante as viagens dos descobrimentos. O acúmulo de informações sobre 
costumes e instituições diferentes dos povos exo-europeus apresentaram a extraordinária variedade 
das formas de organização social. 
Ao renascimento sucedeu o iluminismo, movimento cultural do século XVIII, também 
denominado iluminismo, ilustração ou filosofia das luzes. Montesquieu (1689-1755), em “O Espírito 
das Leis”, defendia a separação dos poderes do Estado, em legislativo, executivo e judiciário, como 
forma de evitar abusos dos governantes, protegendo as liberdades individuais. Afirmava que os 
fenômenos políticos estavam sujeitas às leis naturais, invariáveis e indispensáveis, tanto quanto os 
fenômenos físicos. 
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), em suas teorias de “O contrato social”, expunha a tese 
de que o soberano deve administrar o Estado segundo a vontade geral de seu povo, sempre tendo em 
vista o atendimento do bem comum: “Para melhorar o estado social, é preciso que todos tenham o 
suficiente e que ninguém tenha demasiado”. Não podemos deixar de mencionar Adam Smith (1723-
1790) que criticou o mercantilismo, baseado na intervenção do estado na economia. Segundo ele, a 
economia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado e o trabalho 
representava a ponte de riquezas das nações. 
As teorias sociais do iluminismo, no século XVIII foram o início do pensar científico sobre a 
sociedade, difundindo os fundamentos para o movimento político pela legitimação do poder como o 
caráter republicano da revolução francesa (1789). 
 
 
 
Questão 01 – (UFPA/adaptado) Podemos definir a sociologia como: 
 
(01) O estudo do comportamento e da motivação do indivíduo determinado pela sociedade e seus 
valores. 
(02) O estudo das normas, expressas com preocupação de precisão, que regulam o comportamento 
social, estabelecendo direitos e obrigações entre as partes, através dos sistemas legislativos 
característicos da sociedade. 
(04) O Estudo das semelhanças e diferenças culturais, origem e história das culturas do homem, sua 
evolução e desenvolvimento, estrutura e funcionamento, em qualquer lugar e tempo. 
(08) O estudo das atividades humanas no campo da organização de recursos, isto é, produção, 
circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. 
(16) O estudo científico das relações sociais, das formas de associações dos homens em sociedade. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 02 – Em relação ao contexto de surgimento da sociologia, é correto afirmar: 
 
(01) O seu surgimento ocorre a partir da necessidade de se realizar uma reflexão sobre as 
transformações na vida social, experimentados pela então nascente sociedade industrial, no século XV. 
(02) O que propiciou o nascimento da sociologia foram as revoluções industrial e inglesa, 
caracterizando a desagregação da sociedade feudal e consolidação da civilização capitalista. 
(04) A sociologia foi uma manifestação da sociedade moderna que surgiu em função de transformações 
econômicas, políticas e culturais que ocorreram no século XVIII. 
(08) A gênese da sociologia mescla-se com os progressos sociais e econômicos que se constituíam 
Europa, no campo da ciência, política, trabalho e tendência a secularização. 
 
Resposta: [ ] 
 
 
 
Exercícios da Aula S-1 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
A Revolução Industrial e o surgimento das Ciências Sociais 
 
 
Revolução industrial ocorre com a substituição das ferramentas pelas máquinas, da 
energia humana pela força motriz, do modo de produção doméstica pelo sistema fabril. 
A revolução tem um enorme impacto sobre a estrutura da sociedade 
no processo de transformação acompanhada de notáveis recursos 
tecnológicos. A revolução industrial aconteceu na Inglaterra na 2ª metade 
do século XVII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase 
de acumulação de capitais e de preponderância de capital mercantil sob a 
produção completou o movimento da revolução burguesa( comerciantes do 
oriente sem nobreza com capital acumulado apóiam a monarquia em 
declínio) iniciada na Inglaterra no século XVII. 
1ª Fase (1750-1850) “Era do carvão e do ferro”: Restringiu-se a 
Inglaterra que ficou conhecida como oficina do mundo, preponderando à 
produção de bens de consumo especialmente têxteis e energia a vapor. 
2ª Fase (1850-1900) “Era do aço e da eletricidade”: Período em que a 
revolução industrial espalha-se pela Europa, América e Ásia. Bélgica, França, Alemanha, Estados 
Unidos, Itália, Japão e Rússia. Nesses países houve a concorrência, a indústria de bens de 
produção, a expansão de ferrovias, surgimento de novas formas de energia como a hidrelétrica, os 
derivados do petróleo, a invenção da locomotiva e do barco a vapor. 
Com a revolução industrial a burguesia se torna a classe economicamente dominante da 
sociedade européia a partir da revolução francesa foi também conquistado o poder político dos 
diversos países desse continente. Ao proletariado coube a condição subalterna submetida a longas 
e extenuantes jornadas de trabalho, salários aviltantes e fome crônica. Essas condições 
configuravam uma vida miserável e faziam do proletariado industrial uma classe economicamente 
explorada, socialmente marginalizada e sem acesso ou participação nas instituições políticas 
governamentais. 
3ª Fase (1900- Até hoje) “Era da informação e da engenharia genética”: O progresso 
tecnológico, a robótica, a informática, a medicina e a telefonia móvel são características dessa fase. 
Como se pode perceber a revolução industrial foi uma realidade na Europa que desencadeou 
enormes mudanças técnicas na sociedade. Jamais o mundo havia presenciado um salto tão grande 
das forças produtivas e produção de bens de consumo. Porém essa mesma revolução trouxe consigo 
graves problemas sociais principalmente para a classe trabalhadora, tais como: desemprego, 
baixos salários e condições miseráveis. 
Além disso, a Europa vivia um processo revolucionário intenso que conduziram um triunfo 
dos ideais liberais da burguesia, ora de aliança com a monarquia ora contra ela. É nesse contexto, 
que surgem os ideais de reforma social, no meio de tanta injustiça, pois o capitalismo se mostrava 
como um sistema explorador baseado na propriedade privada e no direito burguês, excluindo 
totalmente a classe trabalhadora. 
Diante dessa situação os trabalhadores iniciam suas lutas por melhores condições de vida, 
onde foram diretamente reprimidas. A burguesia estava profundamente apegada ao liberalismo 
despreocupada com as questões sociais, pois não aceitavam a intervenção do estado na economia. 
As grandes crises e a miséria crescente dos trabalhadores estimularam os pensadores a 
buscar um “remédio” para tantos males e não a cura total. Era necessária uma nova organização 
social, na tentativa de descobrir as causas das injustiças sociais e os meios de solucioná-las. 
Surgiram as reflexões que resultaram nas doutrinas socialistas, pois antes mesmo da revolução 
industrial do século XVIII alguns pensadores já haviam imaginado uma sociedade igualitária, 
onde todos viviam o seu trabalho, sem ricos nem pobres, sem privilégios e injustiças sociaisera a 
Utopia de Thomas Morus, onde descreveu que a causa das injustiças sociais é a propriedade 
privada. 
No entanto, qualquer tentativa de conquistar a igualdade social sem apontar os caminhos 
reais para solucionar os problemas seria denominada utopia, daí socialismo utópico. Os graves 
problemas emergidos na revolução industrial e nas revoluções burguesas fizeram surgir um grupo 
de pensadores que ficaram conhecidos como socialistas utópicos, tais teóricos defendiam ideais sem 
A 
Aula 
02
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
base científica, preocupados com as injustiças e desigualdades sociais eram conduzidos por sonhos 
que idealizam mudanças dentro do próprio sistema capitalista. 
 
A Hegemonia Burguesa 
 
No final do século XVIII, a burguesia comercial, formada basicamente por comerciantes e 
banqueiros, tornou-se uma classe com muito poder por causa das ligações econômicas que 
mantinha com os monarcas. Esta classe tentava alcançar todo o globo, comprando e vendendo 
mercadorias, tornando o mundo cada vez mais europeizado. 
O capital mercantil se ampliava a outro ramo de atividade organizando a produção 
manufatureira. A compra de matérias-primas e a organização da produção por meio do trabalho 
domiciliar ou do trabalho em oficinas induziram ao desenvolvimento de um novo processo 
produtivo em contraposição ao processo artesanal e das corporações de ofício. 
 Ao se desenvolver a manufatura, os organizadores da produção passaram a se interessar 
cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menor 
número de pessoas, aumentando significativamente os lucros. Para tanto, procuraram investir nas 
invenções, isto é, financiar a criação de máquinas que pudessem ter aplicação no processo 
produtivo. Nesse contexto, foram criadas as máquinas de descaroçar e tecer algodão, tempo em que 
se iniciou a aplicação industrial da máquina a vapor e de outros instrumentos destinados a 
aumentar a produtividade no trabalho. Desenvolveu-se então o fenômeno denominado 
maquinofatura. O trabalho que os homens realizavam manualmente ou com ferramentas tornou-se 
obsoleto, e a partir de então, passou a ser feitas através de máquinas, elevando bastante o volume 
produtivo. 
 A presença da máquina a vapor que podia mover outras máquinas incentivou o surgimento 
da indústria construtora de máquinas, que por sua vez, incentivou a indústria voltada para a 
produção do ferro, e posteriormente do aço. Nesse contexto de profundas alterações no processo 
produtivo, o trabalho mecânico convivia com o trabalho artesanal. A maquinofatura se completava 
com o trabalho assalariado, incluindo a utilização, numa escala crescente da mão de obra feminina 
e infantil. 
 Todas essas mudanças somadas à herança cultural e intelectual do século XVII definiram o 
século XVIII como um período explosivo. As transformações na esfera da produção, a emergência 
de novas formas de organização política deram características especificas a esse século. 
 
TEXTO COMPLEMENTAR 
 
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 1-33. 
 
Capítulo 01 – O Surgimento 
 A sociologia é progênie de uma série de fatores históricos e intelectuais. A sua gênese ocorre 
num contexto histórico específico: da desintegração da sociedade feudal perpassando a 
consolidação da civilização capitalista. 
 As transformações econômicas, políticas e culturais advindas do referido período histórico 
apresentaram problemas inéditos a sociedade que levaram a edição de reflexões como a elaboração 
de teorias capazes de compreender a realidade. 
 Nesse aspecto, o processo da dupla revolução: industrial e francesa convergiram e nortearam 
a instalação definitiva da civilização capitalista tornando possível a emergência da sociologia. Em 
relação ao advento da revolução industrial percebe-se a problemática: da desintegração e 
deteriorização dos costumes e novas formas de organização da vida coletiva, principalmente em 
alusão ao trabalhador que foi submetido a uma severa disciplina. 
 As etapas do processo produtivo ocasionaram uma intensa imigração do campo para a cidade 
inserindo mulheres e crianças em rigorosas jornadas de trabalho o que teve por conseqüência um 
vertinoso crescimento demográfico urbano, no entanto, a estrutura das cidades eram precárias 
para atender o contingente que se deslocava do campo. Além disso, as rápidas urbanização e 
industrialização trouxeram graves conseqüências, como por exemplo, o aumento das 
criminalidades, surtos de epidemias, alcoolismo, etc. 
No contexto da revolução industrial emerge a classe operária obrigada a negar suas condições 
de vida. Isso originou manifestações de revoltas em diversas fases: destruição de máquinas, atos de 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
sabotagem, roubos e explosões de algumas oficinas progredindo para a formação de sindicatos e 
associações livres. 
Nessa perspectiva, a classe proletária com consciência de seus interesses, começava a 
organizar-se para enfrentar os empresários inclinando-se para o socialismo como alternativa de 
mudança. Esses acontecimentos colocaram a sociedade transformada em processo de análise, pois 
a sociedade passava a ser um problema, um objeto que deveria ser investigado. Nesse aspecto, a 
sociologia passou a constituir uma resposta intelectual as novas situações desencadeadas pela 
revolução industrial. 
O surgimento da sociologia, como se pode perceber está vinculado aos abalos provocados pela 
revolução industrial, mas outra circunstância também a tornaria possível: trata-se das 
modificações que estavam ocorrendo nas formas de pensamento. 
A partir da revolução francesa, o pensamento paulatinamente renuncia a visão sobrenatural 
para explicar os fatos, substituindo-a por indagação racional, ou seja, a aplicação da observação e 
da experimentação ou do método científico. 
O emprego sistemático da razão representou um grande avanço para libertar o conhecimento 
do controle teológico, da tradição, da revelação e conseqüentemente a formulação de uma nova 
atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza. 
 
 
 
 
Questão 03 – “A revolução industrial significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor 
e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos produtivos. Ela representa o triunfo da indústria 
capitalista, capitaneada pelo empresário capitalista que foi pouco a pouco, concentrando as 
máquinas, as terras e as ferramentas sob seu controle, convertendo grandes massas humanas em 
simples trabalhadores despossuídos” (MARTINS Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: 
Brasiliense, 2005. P 11 e 12.) 
 
(01) Houve a destituição do antigo modo de vida das massas trabalhadoras que perderam controle 
sobre suas próprias vidas e foram obrigados a adaptarem-se as condições impostas. 
(02) As conseqüências da rápida industrialização foram ascensão do suicídio, infanticídio, 
prostituição, alcoolismo, criminalidades, surtos de epidemias. 
(04) Houve a expansão do capitalismo, o grande desenvolvimento tecnológico e o melhoramento dos 
meios de transporte e comunicação. 
(08) A revolução industrial proporcionou melhorias substanciais às condições de trabalho nas 
fábricas, em especial as mulheres e crianças. 
 
Resposta [ ] 
 
Questão 04 – (UFU-MG) A sociologia é uma ciência moderna, com menos de dois séculos que se 
desenvolveu a partir do questionamento da sociedade urbano-industrial, em formação desde a 
metade do século. A partir desta afirmação, descreva a estrutura social que possibilita a formação 
do pensamento sociológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercícios da Aula S-2 
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CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
Questão 05 – (Ufpa/adaptado) A sociologia, uma ciência da sociedade moderna, surgiu no século 
XIX, tendo como propósito: 
 
(01) Explicar as mudanças que se apresentou no processo de urbanização e de integração da 
população inglesa a nova sociedade. 
(02) Possibilitar o desenvolvimento da indústria moderna e a divulgação dos dilemas de 
sobrevivência dos grupos sociais do século XIX. 
(04) Resolver as questões sociais e intelectuais advindas das transformações políticas, econômicas 
e sociais da sociedade moderna no interior do capitalismo. 
(08) Resolver os problemas decorrentes do processo de industrialização, proporcionando trabalho a 
toda classe operária. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 06 – (UEL-PR/adaptado) A sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve 
juntamente com o avanço do capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e 
procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. Sobre a emergência da sociologia, 
considere as afirmativas a seguir: 
 
(01) A sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os problemas sociais 
decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade social e a concentração 
populacional nos centros urbanos. 
(02) A sociologia é produto da revolução industrial, sendo chamada “ciência da crise” por refletir 
sobre as transformações de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da 
urbanização e industrialização. 
(04) A sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências 
naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção 
feudal. 
(08) A emergência da sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência 
com o cientificismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos 
de produção do conhecimento. 
 
Questão 07 – (UEM-PR) “Todos nós sabemos da existência de um certo tipo “organização social” 
entre animais não humanos, não apenas entre mamíferos superiores, tais como os macacos, por 
exemplo, mas também insetos: formigas, cupins e abelhas, notadamente. (...) Quando comparamos 
as “sociedades” animais não humanas, particularmente a sociedade daqueles insetos, o fazemos 
porque constatamos que o comportamento de tais animais apresenta certas padronizações 
verificadas entre os seres humanos” (VILA NOVA, Sebastião. Introdução a sociologia. São Paulo: 
Atlas, 1985, p.29) 
 
Considerando o que diz o texto acima, assinale o que for correto. 
(01) Segundo o autor, não há diferença essencial entre o estudo das sociedades humanas feito pela 
sociologia e o das sociedades de insetos feito pela entomologia 
(02) De acordo com o texto, homens e animais são padronizados devido ao peso da herança genética 
em todos os tipos de sociedade. 
(04) Podemos concluir do texto que são os fatores do meio que levam a padronização dos 
comportamentos dos animais e dos seres humanos. 
(08) Segundo o autor, se não fosse a descoberta das leis de padronização das sociedades de animais, 
os sociólogos não teriam se interessado pelas leis de padronização existentes nas sociedades 
humanas. 
(16) Podemos deduzir do texto que tanto os pesquisadores dos animais quanto os sociólogos se 
preocupam com as ações regulares produzidas pela vida em sociedade. 
 
Resposta: [ ] 
 
 
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
 
 
Augusto Comte e Positivismo 
 
 
 
 Sidore Auguste-Marie François Xavier Comte nasceu em Montpellier a 19 de janeiro de 1798 e 
 faleceu em 5 de setembro de 1857. Sendo filho de uma família burguesa, católica e monarquista, é 
considerado o pai da sociologia e fundador do positivismo. 
Fez seus primeiros estudos no liceu de Montpellier, ingressando depois na Escola Politécnica de Paris, 
fundada pelos revolucionários, em 1794, com objetivo de formar a juventude com mentalidade científica 
e não religiosa, sendo expulso em 1816 por ter idéias ultrademocráticas. Não se relacionando muito bem 
com a família, resolveu viver solitário, estudando e lendo os teóricos da economia política, filósofos e 
historiadores. 
 O estado de anarquia intelectual e política que se sucedeu a revolução francesa 
impressionaram profundamente o jovem Comte. Com o desenvolvimento das ciências naturais, o 
pensamento do século XX não se preocupava em procurar o porquê das coisas. 
 Em 1818, comte tornou-se o secretário particular de Saint- Simon, do qual assimila as idéias 
principais, ou seja, a necessidade de se cunhar uma nova ciência para restabelecer a ordem social. 
Juntos levantaram discussões sobre a industrialização, capitalismo e trabalho. Aos poucos suas idéias 
vão se tornando autônomas, levando a uma ruptura, quando em 1824 escreve plano de trabalhos 
científicos necessários para organizar a sociedade, obra em que já propunha a necessidade de 
constituição de uma “física social”. 
 Em 1830 a 1842 publicou Curso de filosofia positiva, em seis volumes. Comte afirma ser o 
método positivo que conduz a ciência como o estudo dos fenômenos e suas relações, fenômenos que são 
percebidos pelos sentidos exteriores. Em 1844 publicou Discurso sobre o espírito positivo, em que 
procura explicar a acepção do positivo. 
 No mesmo ano, depois de separar-se de sua esposa, vem conhecer Clotilde de Vaux, com qual 
tem uma paixão romântica, causando uma mudança em sua personalidade: deixa de ser solitário e 
transforma-se num homem apaixonado, mas Clotilde não permitiu que aquele relacionamento 
ultrapassasse o limite de uma amizade. A morte de Clotilde, em 1846, modificou novamente o 
pensamento de Comte, iniciando um novo período de sua vida. Propôs-se a desenvolver um programa de 
reforma social, construindo uma moral sem Deus, tendo como fundamento a própria humanidade. 
 O fundamento da sociologia de comte é a tentativa de ser explicar um fenômeno social dentro 
de um contexto, da mesma forma que a biologia explica um órgão e suas funções dentro de um 
organismo, como também o progresso dos conhecimentos, isto é, a necessidade do homem agir segundo 
os conhecimentos de que dispõe, pois suas relações com o mundo e com os outros dependem do que ele 
conhece da natureza e da sociedade. A partir desses princípios, comte elabora a lei dos três estados, faz 
uma classificação das ciências até chegar à sociologia. 
 A lei dos Três Estados ou Modos de Pensar foi postulado a fim de evidenciar que o 
conhecimento está sujeito, em sua evolução, a passar por três estágios diferentes. 
 Estado Teológico ou Fictício: O homem explica as coisas, atribuindo-as a seres, forças sobrenaturais. 
Quando se referem às coisas que o homem empresta vida e ação, o pensamento se diz “fetichista” fase 
inicial do estado teológico. Depois o homem confere determinados traços da natureza humana (virtudes, 
vícios) a potências sobrenaturais e então surgem sucessivamente o politeísmo e o monoteísmo. 
 Estado Metafísico ou Abstrato: Caracterizado pelo recurso a entidades abstratas, asidéias as quais 
se acredita poder explicar a natureza das coisas e a causa dos acontecimentos. 
 Estado Positivo ou Científico: No qual o homem procura, por meio da observação e do raciocínio, 
aprender as relações necessárias entre as coisas e entre os acontecimentos e explicá-las pela formulação 
de leis. Este estado diferencia-se dos dois precedentes, antes de tudo porque o homem se torna mais 
modesto e renuncia conhecer a natureza intima das coisas, as causas primeiras e últimas. Aos olhos de 
Comte, o estado positivo é o estado superior a que cada homem, cada ciência e a humanidade inteira 
acabarão por atingir. 
A classificação das ciências: A sucessão dos três estados se verifica na história das ciências, 
pois a evolução delas mostra-nos como cada uma alcançou a maturidade, libertando-se 
progressivamente das condições teológicas e metafísicas para se tornar positiva. Comte concebe o 
I 
Aula 
03
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
sistema de ciências como uma progressão que vai dos conhecimentos mais abstratos e mais simples 
(matemática e astronomia) aos conhecimentos mais complexos e mais concretos (biologia e sociologia). 
Cada ciência tem seu domínio próprio e, tanto do ponto de vista da simplicidade como da complexidade, 
distingui-se da que a precedeu tanto quanto da que a sucede. Mas somente a sociologia é a única em 
condição de explicar a maneira como se constituíram as ciências que nasceram antes dela e das quais ela 
é o coroamento. 
A sociologia tem, portanto, uma dupla vocação: contribuir para o progresso dos 
conhecimentos, completando o quadro das ciências positivas e favorecer a passagem definitiva da 
sociedade feudal e de toda a humanidade ao estado positivo. Cabe a ela acabar com o estado atual de 
anarquia social, assegurando à história humana uma direção fundada não na ficção e imaginação, 
características dos estados teológicos e metafísicos, mas num conhecimento científico das leis sociais, na 
previsão e numa ação eficaz. 
Comte foi o primeiro sociólogo a analisar em profundidade a sociedade industrial. Esta não 
lhe surgiu como a sociedade capitalista, como afirmavam os socialistas, mas a sociedade em que 
imperava o pensamento científico, quando o progresso da reflexão positiva extirpar o pensamento 
teológico e metafísico. Nessa sociedade dois novos grupos atingirão o poder: os industriais e seus 
engenheiros que organizarão e geriram a indústria e o trabalho e os cientistas, principalmente os 
sociólogos, que herdarão o poder político a quem será confiado à organização da sociedade. Comte 
afirmava que a sociedade industrial, correspondente ao estado positivo, necessitava passar por certas 
mudanças. Estas seriam comandadas pelos industriais e cientistas, para que o progresso pudesse 
ocorrer de uma forma gradual, como conseqüência da ordem instalada. Há, pois dois movimentos vitais 
na sociedade: um estático que representa a conservação e a preservação dos elementos governantes de 
toda organização social, e outro dinâmico que representa a passagem de formas mais complexas de 
existência. Privilegia-se o estático sobre o dinâmico, a conservação sobre a mudança, a ordem sobre o 
progresso. 
 
 
 
A sociedade industrial sofrerá, no inicio, um período de perturbação social. Com o progresso 
técnico e graças a uma melhor organização do trabalho e da sociedade, os conflitos se extinguirão. Mas 
são, sobretudo, a ignorância e a ausência da moral social que estão na origem dos conflitos atuais. 
Instruídas nas ciências positivas, as massas compreenderão e aceitarão as exigências da vida social. As 
ciências positivas e, sobretudo a sociologia, deverão, pois, suscitar uma nova moral, baseada não em 
Deus, mas na própria sociedade. No fim de sua vida, Comte chegou à conclusão de que a moral 
necessitava de um apoio religioso. Fundou uma nova religião, sem Deus, exclusivamente laica, fundada 
sobre o culto da humanidade. 
Ressalte-se que as idéias de Comte tiveram realidade prática no embate político-ideológico 
que marcou o nascimento da republica no Brasil. Os jovens da elite brasileira estudaram na Europa, 
sobretudo na França onde foram influenciados pelas idéias positivistas. Mas foi principalmente na área 
militar suas maiores influências. A escola Militar do Rio de Janeiro, onde se formavam oficiais 
brasileiros era uma cópia da escola Militar Francesa, dominada pelos positivistas. Quando da 
Proclamação da República, os professores da Escola Militar, Benjamim Constant, Miguel de Lemos e 
Teixeira Mendes, colocaram na bandeira brasileira os dois lemas do positivismo: ordem e progresso. 
Concluindo, pode-se perceber que Comte não só deu nome a sociologia que antes denominara 
de física social, mas empreendeu a primeira tentativa sistemática da caracterização de seu objeto, 
método e problemas fundamentais, bem como a primeira tentativa de determinar a sua posição no 
conjunto das ciências. 
 
 
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
Texto Complementar 
 
Positivismo – Noel Rosa 
 
A verdade, meu amor mora num poço O amor vem por princípio, à ordem por base 
É Pilatos lá na bíblia que nos diz O progresso é que deve vir por fim 
E também faleceu por seu pescoço Desprezastes esta lei de Augusto Comte 
O autor da guilhotina de Paris E fostes ser feliz longe de mim (...) 
 
A verdade meu amor mora num poço Vai, coração que não vibra 
É Pilatos lá na bíblia que nos diz Com teu juro exorbitante 
E também faleceu por seu pescoço Transformar mais outra vida 
O infeliz autor da guilhotina de Paris Em divida flutuante 
 
Vai orgulhosa querida A intriga nasce num café pequeno 
Mas aceita esta lição Que se toma pra ver quem vai pagar 
No cambio incerto da vida Para não sentir o teu veneno 
A libra e sempre o coração Foi que eu já resolvi me envenenar 
 
 
 
 
Questão 08 – (UFPA/adaptado) O surgimento da sociologia segundo o positivismo de Augusto Comte, 
após as revoluções burguesas que culminou no século XIX, teve como objetivo(s): 
 
(01) Demonstrar as contradições de produção do feudalismo, que transformaram o trabalho em novo 
modo de produção, o capitalismo. 
(02) Apresentar soluções para a crise da sociedade, apontando uma nova ordem social. 
(04) Identificar as relações de modo de produção da sociedade 
(08) Estudar os grupos sociais e suas diferenças no meio social 
(16) Estudar o sentimento do ser individual com o meio social 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 09 – (UNIFAP) Baseando-se na obra sociologia: introdução a ciência da sociedade de Maria 
Cristina Costa, julgue as afirmações a seguir: 
 
(01) O Positivismo consiste na crença do poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a 
realidade e traduzí-la sob a forma de leis naturais. Esse conhecimento veio a substituir as explicações 
teológicas até então aceitas como únicas e verdadeiras. 
(02) É correto afirmar que o positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade européia do século 
XIX procurando resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, a harmonia natural entre os 
indivíduos e ao bem-estar do todo social. 
(04) As teorias evolucionistas a respeito da evolução biológica das espécies animais foram 
contemporâneas ao positivismo, mas poucas influências exerceram sobre a concepção positivista da 
evolução das sociedades humanas. 
(08) Para os positivistas, as sociedades industriais seriam para as sociedades tradicionais da África, 
Ásia, América e Oceania modelos optativos de sociedade. 
 
Resposta: [ ] 
 
 
Questão 10 – (UEMA/adaptado) A primeira correnteteórica sistematizada de pensamento sociológico foi 
o positivismo que teve como um de seus representantes o francês Augusto Comte. Ele identificou na 
sociedade dois movimentos vitais: O estático e o dinâmico. Sobre esses movimentos é CORRETO afirmar 
que: 
 
Exercícios da Aula S-3 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
(01) O movimento dinâmico é responsável pela conservação dos elementos permanentes de toda 
organização social. 
(02) As instituições que mantém o equilíbrio e garantem a harmonia da sociedade seriam responsáveis 
por seu movimento dinâmico. 
(04) O princípio dinâmico do progresso deve estar subordinado ao princípio estático da ordem. 
(08) O movimento estático representa a passagem para formas mais complexas de organização 
econômica da sociedade. 
(16) Os movimentos revolucionários devem ser mantidos, pois não comprometem a ordem estabelecida e 
o progresso. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 11 – (UEL-PR/adaptado) O lema da bandeira brasileira: “Ordem e Progresso” indica a forte 
influência do positivismo na formação política do Estado brasileiro. Assinale a(s) alternativa(s) que 
apresenta as idéias contidas nesse lema: 
 
(01) Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores das gerações adultas. 
(02) Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições sociais e garantem os privilégios dos 
ricos. 
(04) Ideal de superação da sociedade burguesa através da revolução das classes populares. 
(08) Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva baseada na hierarquia social. 
(16) Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estimulo a coesão social e a evolução natural 
da nação. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 12 – (CEP - Pré-Vestibular) Sobre o positivismo, como uma das formas de pensamento social, 
podemos afirmar que: 
 
(01) É a primeira corrente teórica do pensamento sociológico preocupada em definir o objeto e 
estabelecer conceitos e definir uma metodologia. 
(02) Derivou-se da crença no poder absoluto e exclusivo da razão humana em conhecer a realidade e 
traduzi-la sob a forma de leis naturais. 
(04) Foi um pensamento predominante na Alemanha, no século XIX, nascido principalmente de 
correntes filosóficas da Ilustração. 
(08) Nele, a sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integrantes e coisas que 
funcionam harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico. 
 
Questão 13 – (COC – Imperatriz) Que mudanças sociais a Revolução Industrial trouxe na esfera social 
ao transformar camponeses em operários? E como essa revolução aproximou as fronteiras do planeta? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
 
Herbert Spencer e Émile Durkheim: O funcionalismo 
Herbert Spencer (1820-1903): O primeiro sociólogo inglês 
 omo Comte, Spencer acreditava que os agrupamentos humanos podiam ser estudados, 
cientificamente, e em seu notável trabalho “Os Princípios da Sociologia” (1874-1896), ele desenvolveu 
uma teoria de organização social do homem, apresentando uma vasta série de dados históricos e 
etnográficos para fundamentá-la. Para Spencer, todos os domínios do universo – físico, biológico e 
social – desenvolvem-se segundo princípios semelhantes. E a tarefa da sociologia é aplicar esses 
princípios ao que ele denominou de campo superorgânico, ou o estudo dos padrões de relações dentre os 
organismos. 
 Spencer retoma a questão de Comte: o que mantém unida a sociedade quando esta se torna 
maior, mais heterogênea, complexa e diferenciada? A resposta de Spencer, em termos gerais, foi muito 
simples: sociedades complexas desenvolvem: interdependências dentre seus componentes 
especializados; e concentrações de poder para controlar e coordenar atividades dentre unidades 
interdependentes. Para Spencer a evolução da sociedade engloba o crescimento e a complexidade que é 
gerenciada pela interdependência e pelo poder. Se os padrões da interdependência e concentrações de 
poder falham ao surgir na sociedade, ou são inadequados à tarefa, ocorre à dissolução e a sociedade se 
desmorona. 
 Ao desenvolver resposta à questão básica de Comte, Spencer fez uma analogia dos corpos 
orgânicos, argumentando que as sociedades, como organismos biológicos, devem desempenhar certas 
funções chaves se elas quiserem sobreviver. As sociedades devem reproduzir-se, devem produzir bens e 
produtos para sustentar os membros; devem prover a distribuição desses produtos aos membros da 
sociedade; e elas devem coordenar e regular as atividades dos membros. Quando as sociedades crescem 
e se tornam mais complexas, revelando muitas divisões e padrões de especialização, estas funções 
chaves tornam-se distintas ao longo de três linhas: operacional (reprodução e produção), distribuidora 
(o fluxo de materiais e informação) e reguladora ( a concentração de poder para controlar e coordenar). 
 Spencer é mais lembrado por instituir uma teoria na sociologia conhecida como 
funcionalismo. Essa teoria expressa à idéia de que tudo o que existe em uma sociedade contribui para 
seu funcionamento equilibrado; de que tudo o que nela existe possui um sentido, um significado. A 
sociologia funcionalista dessa maneira faz uma pergunta básica e interessante: o que um fenômeno 
cultural ou social faz para a manutenção e integração da sociedade? 
 
 Émile Durkheim (1858-1917) 
 
Nasceu em Épinal, França, em 1858 e morreu em Paris em novembro de 
1917. Preocupado com a questão social, procurou estabelecer o objeto de estudo da 
sociologia e elaborar um método de investigação próprio. 
 Durkheim vivenciou um período de crises econômicas, que provocaram 
conflitos constantes entre as classes trabalhadoras e os proprietários dos meios de 
produção. No inicio do século XX, ocorreram progressos econômicos propiciados 
pela utilização do petróleo e eletricidade como fontes de energia. Nesse período, as 
idéias socialistas surgiram, justificando a partir dos fatos econômicos as crises 
sofridas pelas sociedades européias. Durkheim discordava dessas idéias, 
acreditando que os problemas da sociedade eram muito mais morais do que 
econômicos, e que ocorriam devido à fragilidade da época. 
 Durkheim considerava a sociedade como um sistema formado pela 
associação de indivíduos e com características próprias e que esta, ao transmitir a 
cultura aos seus componentes, inculcava crenças e práticas sociais. Via na sociedade o fim e a fonte da 
moral. Encarava a moral côo social, em inúmeros sentidos. As regras morais são sociais na origem, são 
gerais dentro de uma dada sociedade, e pressupõem a associação humana, impõe obrigações sociais aos 
indivíduos, proporcionando um quadro de referências externo para o indivíduo, vincula-nos fins sociaise envolve altruísmo. Para ele a divisão de trabalho propiciada pela formação de produção industrial 
provocava muito mais solidariedade entre os homens, levando muito mais a uma interdependência, do 
que conflitos sociais. 
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Aula 
04
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 Durkheim acreditava que a ciência poderia, através de suas investigações, encontrar a 
solução para os problemas da época. A sociologia deveria se ocupar dos Fatos Sociais. Fato social, em 
sua tese consiste em: “toda maneira de fazer, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o individuo uma 
coerção exterior, que é geral na extensão de uma dada sociedade, apresentando uma existência própria, 
independentemente das manifestações individuais que possa ter” 
 
 
 Para garantir um estatuto científico à sociologia, Durkheim formulou alguns 
parâmetros lógicos: 
 Os fatos sociais podem somente serem explicados por outro fato social; 
 Os fatos sociais devem ser analisados como se fossem coisas, isto é, na sua materialidade; 
 É necessário abandonar os preconceitos ao analisar os fatos sociais. 
 Outra preocupação de Durkheim foi com o processo educacional e a maneira como a 
sociologia poderia servir para que a educação francesa se desvencilhasse das amarras religiosas 
presentes em seu tempo. Os esforços para conferir um estatuto cientifico a sociologia e as primeiras 
analises propriamente sociológicas do processo educativo caminharam juntos. Essas análises estavam 
relacionadas com a possibilidade de se instituir uma educação de cunho laico e republicano, em 
contraposição a presença religiosa e monarquista no sistema de ensino francês. 
 
 
 
 A sociologia como disciplina foi inicialmente ministrada nos cursos secundários e só 
depois nos cursos universitários. Esteve vinculada a transformação da educação francesa e a nova 
moral burguesa. Após a morte de Durkheim, continuaram seu trabalho, principalmente seu sobrinho 
Marcel Mauss (1872-1950). Mas foi após a segunda guerra mundial que a sociologia na França 
desenvolveu-se de maneira extraordinária, tomando as mais variadas tendências. 
 
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
 
Questão 14 (UEL-PR/adaptado) Um jovem que havia ingressado recentemente na universidade foi 
convidado para uma festa de recepção de calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia 
informações sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, imaginando que a festa seria formal, 
compareceu vestido com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam trajando roupas 
esportivas, causou estranheza, provocando risos, cochichos com comentários maldosos, olhares de 
espanto e admiração. O calouro não estava vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre 
seu comportamento. As regras que regem o comportamento e as maneiras de se conduzir em sociedade 
podem ser denominadas, segundo Émile Durkheim (1858-1917), como fato social. 
 Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile 
Durkheim. 
 
(01) O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. 
(02) O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. 
(04) O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. 
(08) O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. 
 
Resposta [ ] 
 
Questão 15 – A respeito da acepção Durkheimiana de fato social, é CORRETO afirmar: 
(01) Todo e qualquer acontecimento de uma sociedade é fato social. 
(02) O sistema eleitoral não é fato social, pois não acarreta punições 
(04) O sistema financeiro de determinada nação é fato social 
(08) A educação é um fato social, pois se impõe a todos, existe independente da vontade individual e 
coage os indivíduos. 
 
Resposta [ ] 
 
Questão 16 (UNIFAP) Para Émile Durkheim é fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível 
de exercer sobre o individuo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma dada sociedade, 
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais. A partir dessa 
definição dos fatos social citado, julgue os itens a seguintes: 
 
(01) As características do fato social são a exterioridade, a coerência e a generalidade. 
(02) A educação, a religião, o idioma e a moeda são exemplos de fato social, porque impõe sanções aos 
indivíduos. 
(04) Para Durkheim, a natureza do fato social são a exterioridade, a coerência e a generalidade. 
(08) As características dos fatos sociais levam a conclusões de que estes não podem transcender os 
indivíduos, porque estão acima e fora deles, portanto independente das particularidades. 
 
Resposta [ ] 
 
Questão 17 – Para o sociólogo Francês Émile Durkheim, o fato social é conceituado como: 
 
(01) Ações individuais que orientam as condutas coletivas, voltadas para organização da sociedade. 
(02) Regras e normas sociais que guiem a vida individual e regulem as ações dos indivíduos. 
(04) Leis e fenômenos psíquicos compartilhados por indivíduos de uma mesma sociedade. 
(08) Pode ser considerado como “coisa” passível de ser observado no meio social, onde a conduta 
individual e causada por um coletivo. 
 
Resposta: [ ] 
 
Exercícios da Aula S-4 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
Questão 18 – (UEL-PR/adaptado) Antônio Candido, crítico literário com formação em sociologia, assim 
escreve sobre as formas de solidariedade na vida social rural do interior do estado de São Paulo (1948-
1954): “ Na sociedade caipira a sua manifestação mais importante é o multirão, cuja origem tem sido 
objeto de discussões. Qualquer que ela seja, todavia, é prática tradicional (...). Consiste essencialmente 
na reunião de vizinhos, convocados por um deles, a fim de ajudá-lo a efetuar determinado trabalho: 
derrubada, roçada, plantio, limpar, colheita, malhação, construção de casa, fiação, e tc. Geralmente os 
vizinhos são convocados e o beneficiário lhes oferece alimento e uma festa, que encerra o trabalho (...). 
Um velho caipira me contou no multirão não há obrigação para com as pessoas e sim para com Deus. 
Por amor de quem serve o próximo; por isso a ninguém é dado recusar auxilio pedido” (CANDIDO, 
Antonio. Os parceiros do rio bonito. São Paulo: Duas cidades, 2001, p. 87-88) 
 Com base no texto e nos estudos de Émile Durkheim sobre solidariedade, assinale a(s) 
alternativa(s) que define(m) a forma de solidariedade que prevalece no caso citado. 
 
(01) A produção rural desenvolveu o multirão como forma de solidariedade racional baseada no calculo 
econômico do lucro. 
(02) A solidariedade tradicional que aparece na sociedade caipira, estimulada pelo multirão, 
fundamenta-se no modelo de organização do trabalho industrial. 
(04) A produção rural decorre ao multirão como uma forma de solidariedade orgânica, sustentada na 
especialização das tarefas e na remuneração equivalente a qualificação profissional. 
(08) O multirão garante o assalariamento da vizinhança, fortalecendo a solidariedade rural. 
(16) O multirão pode ser caracterizado como uma forma de solidariedade mecânica, pois se baseia na 
identidade por vizinhança e nos valores religiosos do grupo social. 
 
 
Resposta: [ ] 
 
 
Questão 19 – (UNIFAP) Julgue as informações a seguir, que se referem à contribuição de Émile 
Durkheim, extraídas do livro de Meksenas intitulado sociologia. 
 
(01) A solidariedade mecânica é uma característica das sociedades anteriores ao capitalismo, como as 
sociedades tribais e feudais. 
(02) A solidariedade orgânica se dá através da união existente em sociedades unidas pela tradição, 
religião ou sentimento. 
(04) Na sociedade feudal predominava o trabalho artesanal, o que implicava que apenas uma pessoa 
desenvolviatodo o processo de produção de um determinado objeto, sem depender do trabalho de 
outras pessoas. 
(08) Nas sociedades onde predominava a divisão do trabalho, a solidariedade orgânica predominava e 
se caracteriza pelo fato de as pessoas se unirem não por uma crença comum, mas devido a uma 
interdependência das funções sociais. 
 
 
Resposta: [ ] 
 
 
Questão 20 – (CEP - Pré-Vestibular) Para Durkheim é fato social: 
(01) Todo e qualquer hábito individual 
(02) O sistema educacional e as normas que regem o funcionamento da escola 
(04) As organizações político-partidárias 
(08) O estilo arquitetônico de construção de igrejas, residências, etc. 
(16) O modo de se vestir. 
 
Resposta: [ ] 
 
 
 
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
 
 
Max Weber (1864-1920) e a Sociologia Compreensiva 
 
Nasceu em Erfurt, na Turíngia, a 21 de abril de 1864. Max Weber nasceu no 
período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais 
começavam a se desenvolver dentro da Europa, principalmente em seu país, a 
Alemanha. Filho de uma família de classe média alta, Weber encontrou em sua 
casa uma atmosfera intelectual estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e 
desde cedo o orientou para o estudo das ciências humanas. Recebeu excelente 
educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1894, Weber tornou-se professor de 
economia na Universidade de Freiburg da qual se transferiu para a Universidade de Heidelberg em 
1896. Dois anos depois passou a enfrentar períodos difíceis em função de sofrer sérias perturbações 
nervosas, levando-o a deixar os trabalhos docentes. 
 As respostas encontradas por Max Weber para intricados e difíceis problemas 
metodológicos, que ocuparam a atenção dos cientistas sociais do inicio do século XX, possibilitaram 
trazer novas luzes sobre vários problemas históricos e sociais e dar contribuições importantes para as 
ciências sociais. Max weber busca interpretar as relações entre as ideias e atitudes religiosas por um 
lado e as atividades e organização econômica por outro. 
 Weber desenvolveu o método tipológico, considerando que a realidade social, sendo 
uma, reflete-se em todas suas funções e manifestações. Com base em qualquer tipo social, podemos 
analisar a sociedade como um todo. Tomando dois tipos - um econômico (capitalismo) e outro religioso 
(protestantismo) – expôs-lhes as mutuas implicações na obra “A ética protestante e o espírito do 
capitalismo”. Ressalvou a necessidade de apontar o racionalismo ascético em relação aos outros 
componentes da cultura contemporânea. 
 Nas relações entre a ascese protestante e o espírito do capitalismo apresentadas por 
Weber, destacam-se os seguintes aspectos: 
a) Riqueza: riqueza como empreendimento de um dever vocacional é não só moralmente permitida, 
mas diretamente recomendável. Querer ser pobre equivale a querer ser doente, pois é reprovável da 
perspectiva da glorificação do trabalho e derrogatório a glória de Deus. 
b) Lucro: Quando surge a oportunidade de lucro é uma disposição de Deus. Esse chamado divino deve 
ser aproveitado como propósito de cumprir a própria vocação. 
c) Trabalho: Constitui o mais alto instrumento de ascese, pois é o preventivo específico contra todas as 
tentações. O trabalho identifica-se com a própria finalidade da vida. A falta de vontade trabalhar é 
um sintoma de ausência de estado de graça. 
d) Ascetismo e racionalização: O puritanismo baseava-se no ethos da organização racional do capital e 
do trabalho, adotando a ética judaica somente no que se adaptasse a esse propósito. De acordo com 
a mentalidade ascética, quanto maiores às posses, maior a responsabilidade de conservá-las 
integralmente, ou de aumentá-las por meio de infatigável trabalho para a glória de Deus. 
 O ascetismo secular protestante: 
 Considerava a perda de tempo como o primeiro e principal de todos os pecados; 
 Condenava o uso irracional da riqueza; 
 Liberava a aquisição de bens e desejo de lucro; 
 Levava a conduta racional baseada na idéia de vocação. 
 Segundo a doutrina calvinista, Deus permite que muitos permaneçam pobres porque 
sabe que eles não estariam aptos a resistir às tentações que as riquezas podem proporcionar. Nesse 
caso a pobreza assegura a obediência a Deus. Essa posição doutrinária teve como resultante as teorias 
da produtividade por meio de baixos salários. 
 O ascetismo transferido para a vida profissional contribuiu para a formação da ordem 
econômica moderna e da técnica ligada à produção em série. 
 Quanto à burocracia, os principais elementos dessa estrutura são atividades normais 
exigidas para os propósitos de organização se encontram distribuídas de maneira estável sob a forma 
de deveres formais. A rígida divisão do trabalho só permite o emprego do pessoal especializado e, com a 
globalização, essas especializações tendem a ficar mais exigentes no mercado de trabalho, cada vez 
mais competitivo e com menores oportunidades de empregabilidade. 
Aula 
05
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 Max Weber tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações. 
Segundo esse autor, a sociedade existe concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e 
sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim Weber partindo do 
individuo e das motivações, pretende compreender a sociedade como um todo. 
O conceito básico para Weber é o de ação social, entendida como o ato de se comunicar, de se 
relacionar, tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. “outros”, no caso, podem significar 
tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos. Como o próprio Weber 
exemplifica, o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de 
troca de qualquer bem e que outro individuo utiliza porque sua ação está orientada pela 
expectativa de que outros tantos, conhecidos ou não, estejam dispostos a também 
aceita-los como elemento de troca. 
 Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma 
ação homogênea de muitos indivíduos. Ele dá um exemplo: quando estão caminhando 
na rua e começa a chover, muitas pessoas abrem seus guarda-chuvas ao mesmo tempo. 
A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais, mas sim pela necessidade 
de proteger-se da chuva. 
 Weber também afirma que a ação social não é idêntica a uma ação 
influenciada, que ocorre freqüentemente nos chamados fenômenos de massa. Quando há uma grande 
aglomeração, quando se reúnem muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por 
comportamentos grupais, isto é, fazem determinadas coisas porque todos estão fazendo. 
 Max Weber ao analisar o modo como os indivíduos agem levando em conta as maneiras como 
eles orientam suas ações, agrupou as ações individuais em quatro tipos, a saber: 
 A ação tradicional tem por base um costume arraigado, a tradição familiar ou um hábito. E 
um tipo de ação que se adota quase automaticamente, reagindo a estímulos habituais. Expressões 
como “eu sempre fiz assim” ou “lá em casa é desse jeito” exemplificam tais ações. 
 A ação afetiva tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está 
nela mesmo. Age efetivamente quem satisfaz suas necessidades, seus desejos, sejam de alegria, de 
gozo, de vingança, não importa. O que importa dar vazão as paixões momentâneas. Age dessa forma 
aquele indivíduo que diz: “tudo pelo prazer” ou “O principal é viver o momento” 
 A ação racional com relação a valores fundamenta-se em convicções, tais como o dever, a 
dignidade, a beleza, a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja o seu 
gênero, sem levar em conta as conseqüênciasprevisíveis. O individuo age baseado naquelas convicções 
e crê que tem certo mandado para fazer aquilo. Se as conseqüências forem boas ou ruins, prejudiciais 
ou não, isso não importa, pois ele age de acordo com aquilo em que acredita. 
 Ação racional com relação a fins fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. 
Nesse tipo de ação, o individuo pensa antes de agir em uma situação dada. Age dessa forma o individuo 
que programa, pesa e mede as conseqüências, e afirma: “se eu fizer isso ou aquilo, pode acontecer tal ou 
qual coisa; então vamos ver a melhor alternativa. 
 Para Weber, esses tipos de ação social não existem em estado puro, pois os indivíduos, quando 
agem no cotidiano, mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São tipos ideais, construções teóricas 
utilizadas pelo sociólogo para analisar a sociedade. 
 Como se pode perceber, para Weber, ao contrário do que defende Durkheim, as normas, os 
costumes e as regras sociais não são algo externo ao indivíduo, mas estão internalizados, e, com base 
no que traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e comportamentos, dependendo das situações 
que se lhe apresentam. Assim, as relações sociais consistem na probabilidade de que se aja socialmente 
com determinado sentido, sempre numa perspectiva de reciprocidade por parte dos outros. 
 
 
TEXTO COMPLEMENTAR 
 
 
 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
Eu etiqueta 
 
Em minha calça está grudado um nome/ que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho/ Meu blusão traz lembrete de bebida/ Que já pus na boca nesta vida. 
Em minha camiseta a marca do cigarro/ que não fumo, até hoje não fumei 
Minhas meias falam de produto/ que nunca experimentei/ mas são comunicados aos meus pés 
Meu tênis é proclama colorido/ de alguma coisa não provada/ por este provador de longa idade 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,/ minha gravata e cinto escova e pente, 
Meu copo, minha xícara/ minha toalha de banho e sabonete,/ Meu isso, meu aquilo 
Desde a cabeça ao pico dos sapatos,/ são mensagens/ letras falantes/ gritos visuais 
Ordens de uso, abuso, reincidência/ costume, hábito, premência/ indispensabilidade 
E fazem de mim homem anuncio itinerante,/ escravo da matéria anunciada 
Estou, estou na moda/ É doce estar na moda, ainda que a moda/ seja negar a minha identidade, 
Trocá-la por mil, açambarcando/ todas as marcas registradas,/ todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser/ eu que antes era e me sabia/ tão diverso de outros, 
Tão mim mesmo/ ser pensante, sentinte e solidário/ com outros seres diversos e conscientes 
De sua humana, invencível condição./ Agora sou anúncio/ ora vulgar ora bizarro 
Em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer principalmente) 
E nisto me comprazo, tiro glória/ de minha anulação 
Não sou – vê lá – anúncio contratado 
Eu que mimosamente pago/ para anunciar, para vender/ em bares, festas, praias, pérgulas, piscinas, 
E bem visto exibo esta etiqueta/ global no corpo que desiste/ de ser veste sandália de uma essência tão 
viva,/ independente,/ que moda ou suborno algum a compromete./ Onde terei jogado fora 
Meu gosto e capacidade de escolher,/ minhas idiossincrasias tão pessoais 
Tão minhas que no rosto se espelhavam/ e cada gesto, cada olhar,/ cada vinco de roupa 
Resumia numa estética?/ hoje sou costurado, sou tecido/ sou gravado de forma universal, 
Saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiram, recolocam,/ objeto pulsante, mas objeto 
Que se oferece como signo de outros/ objetos estáticos, tarifados 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso/ de não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem./ Já não me convém o título de homem./ Meu nome novo é coisa 
Eu sou a coisa, coisamente. 
 ANDRADE, Carlos Drummond de. O corpo. RJ: Record, 1987. P.85-7 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 21 – Segundo Max Weber, a respeito da sociologia, como ciência, é CORRETO afirmar: 
 
(01) Pretende compreender interpretando o sentido da ação social. 
(02) Weber considera que os valores culturais não podem ser extintos como pré-noções, mas utilizados 
como instrumentos pelo qual o pesquisador introduzirá um princípio de ordem, selecionando aspectos 
culturalmente significativos para a pesquisa. 
(04) Pretende compreender as ações humanas em suas conexões significativas interiores. 
(08) A observação da vida social revela de imediato é uma multidão de ações humanas cujo próprio 
caráter social reside exclusivamente no significado interno, isto é, no sentido objetivo que as ações têm 
para os indivíduos que a praticam. 
 
Resposta: [ ] 
 
 
 
 
 
Exercícios da Aula S-5 
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
Questão 22 – A conduta social seria o caminho para a compreensão da situação social e o entendimento 
das intenções. Dessa maneira, a sociologia se caracteriza como o estudo das interações significativas de 
indivíduos em suas relações com os outros na sociedade. Com base nos estudos weberianos, a ação 
social pode ser: 
 
(01) Racional, visando aos fins, que consiste em agir racionalmente avaliando sua ação de acordo com a 
finalidade, meios e conseqüências. 
(02) Racional, visando aos valores determinada por estados afetivos ou sentimentais. 
(04) Afetiva ou conduta emocional: quando a ação é direcionada pelos valores (ético, estético, religioso, 
etc). O sentido da ação reside na própria ação. 
(08) Tradicional determinado pelo costume arraigado. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 23 – (CEP – Pré-Vestibular) A respeito do conceito weberiano de ação social, é correto afirmar 
que: 
 
(01) O exercício religioso da fé é uma ação afetiva. 
(02) A decisão empresarial de inovação tecnológica para enfrentar a concorrência no mercado é uma 
ação racional com relação a fins. 
(04) A ação que se orienta por valores não é uma ação social racional 
(08) Uma ação que se caracteriza pela livre escolha é tradicional. 
 
Questão 24 – (UEL-PR/adaptado) Ao receber um convite para uma festa de aniversário é comum que o 
convidado leve um presente. Reciprocamente, na festa de seu aniversário, este individuo espera 
receber presentes de seus convidados. Do mesmo modo, se o vizinho nos convida para o casamento de 
seu filho, temos certa obrigação em convidá-lo para o casamento de nosso filho. Nos aniversários, nos 
casamentos, nas festas de amigo-secreto e em muitas outras ocasiões, trocamos presentes. Segundo o 
sociólogo francês Marcel Mauss, a prática de “presentear” é algo fundamental a todas as sociedades: 
segundo ele, a relação de troca, esta obrigatoriedade de dar, de receber e de retribuir é mais 
importante que o bem trocado. 
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir: 
 
(01) O ato de presentear instaura e reforma as alianças e os vínculos sociais. 
(02) A troca de presentes cria e alimenta um circuito de comunicação nas sociedades. 
(04) O lucro obtido a partir dos bens trocados é o que fundamenta as relações de troca de presentes. 
(08) O presentear como pratica social originou-se quando da consolidação do modo capitalista de 
produção. 
 
Resposta: [ ] 
 
Questão 25 – (UFU-MG) É evidente que, tecnicamente, o grande estado moderno é absolutamente 
dependente de uma base burocrática. Quanto maior é o estado e principalmente quanto mais é, ou 
tende a ser uma grande potencia, tanto mais incondicionalmente isso ocorre (WEBER, Max. Ensaios de 
sociologia. RJ: Guanabara, 1982) 
a) Cite os três tipos puros de dominação legítima e explique cada um deles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
 
Karl Marx e a Sociologia Crítica 
 
Karl Heirinch Marx nasceu na cidade de Trier, na Alemanha, em 05 de maio de 
1818. Depois de concluídos seus estudos no Liceu de Trier, Marx entra na 
Universidade de Bonn e posteriormente na de Berlim, nas quais estudou 
primeiramente direito e, sobretudo história e filosofia. Com apenas 23 anos (1841) 
Marx concluiu o curso de filosofia defendendo tese sobre filosofia de Epicuro. Nesta 
época, fazia parte do agrupamento de “hegelianos de esquerda” ou “jovens 
hegelianos” e tenta ingressar na vida acadêmica, postulando uma cadeira na 
Universidade de Bonn. Suas posições políticas, no entanto, não são bem vistas pela 
universidade que o recusa. 
 Esta era uma época de profundos debates intelectuais na Alemanha, pois compartilhavam a 
mesma época os principais expoentes da rica filosofia daquele país. Marx proibido de seguir a carreira 
acadêmica começa a trabalhar no jornal “gazeta Renana”, no qual já em 1842 viria a ser o redator- 
chefe e transformá-lo em importante instrumento de suas posições democrático-revolucionárias. Isto 
fez com que o jornal fosse proibido de circular um ano depois. 
 Karl Marx casa-se em 1843 com Jenny, de quem já era noivo desde o tempo de estudante e 
que pertencia a uma nobre e influente família. 
 Marx e Jenny passam a morar em Paris, cidade da qual manteve contato com vários 
intelectuais da época, entre eles Friedrick Engels, que viria a se tornar seu melhor amigo e parceiro de 
varias obras, até o fim de sua vida. O governo francês, no entanto, a pedido do governo alemão, expulsa 
Marx de Paris, que passa a residir em Bruxelas, Bélgica. Nesta cidade Marx e Engels filiam-se a “Liga 
dos comunistas”, primeira organização internacional d proletariado, que os incumbe da redação do 
“Manifesto do Partido Comunista”, no qual é exposto com clareza e vigor genial a crítica ao capitalismo 
e o papel revolucionário da classe operária. 
 Naturalmente o governo Belga também não poderia permitir a presença de Marx em seu 
território, que volta – de passagem – a Paris, e vai fixar-se na Alemanha onde funda a “Nova Gazeta 
Renana”, na qual escreve importantes textos revolucionários. 
 Em 1848, após novamente proibido de residir em seu próprio país, Marx radica-se em 
Londres, cidade na qual viverá até o fim da vida. Na capital britânica, Marx é um dos fundadores da 
“Associação Internacional dos Trabalhadores” 
 Em Londres, Marx e sua família atravessam dificuldades financeiras, tendo sido 
fundamental o apoio de seu amigo Engels. A Inglaterra, como berço da Revolução industrial é 
importante laboratório para os estudos de Marx. É nesta época que Karl Marx mergulha na biblioteca 
de Britsh Museum, estudando em várias línguas durante cerca de 14 horas por dia para escrever sua 
principal obra, “O capital”, cujo primeiro tomo é publicado em 1867, mas sua saúde já debilitada o 
impede de concluir a obra. Karl Marx morre em sua poltrona no dia 14 de março de 1881. Os 
manuscritos dos tomos 2 e 3 são compilados por Engels e publicados em 1885 e 1894, respectivamente. 
 Marx ao lado de Engels (1820-1903) elaborou um pensamento sociológico crítico, mediante 
estudos sobre as relações sociais e o modo de produção capitalista, ligando esses fatores às mudanças 
capazes de provocar a transformação da sociedade. 
 Ao contrário do pensamento positivista que pregava a manutenção da ordem capitalista, o 
pensamento socialista analisava a nova sociedade como transitória e, ao evidenciar seus antagonismos 
e suas contradições, realizava uma crítica a esse tipo de sociedade. A partir do pensamento socialista, 
surgiu, portanto, um pensamento sociológico altamente crítico e negador da sociedade capitalista. 
Marx e Engels, em suas lutas políticas, buscaram explicar o conjunto da sociedade, colocando em 
evidências suas dimensões globais. 
 O pensamento socialista evidenciava a desigualdade social existente na sociedade capitalista, 
cuja origem se encontrava na dominação exercida sobre a classe trabalhadora. Utilizava-se da teoria 
sobre materialismo histórico-dialético, a teoria da mais valia e a luta de classes, para explicar como se 
processava essa dominação, apontando, a partir daí, uma saída para o proletariado. 
 A teoria sobre materialismo histórico se constitui num fator de fundamental importância 
para a análise sociológica, uma vez que não se trata de determinação mecânica do econômico, mas de 
uma forma específica de tratamento da dominação da sociedade que evidencia a luta de classes como 
Aula 
06
 
CADERNO DE SOCIOLOGIA / PS 2011 
fenômeno político, colocando nas mãos dos homens o poder da condução da sociedade, e apontando o 
socialismo como fase de transição entre capitalismo e o comunismo. Com objetivo de se obter uma 
sociedade sem classes e sem conflitos sociais. 
 Marx procurou estabelecer os condicionamentos históricos da desigualdade social e da 
dominação nas sociedades, identificando o capitalismo côo marcado pela posse da riqueza econômica, 
distinguindo os donos dos meios de produção, dos que nada possuem além de sua força de trabalho. O 
pensamento marxista revelou a historicidade do conhecimento do ser humano, e da formação 
socioeconômica, destacando que as sociedades humanas encontram-se em continuas transformações e 
que os conflitos e as contradições existentes entre as classes sociais constituem o motor da história. 
 A teoria social que surgiu da inspiração marxista não se limitou a campo da política, filosofia 
e economia. Tentou estabelecer uma ligação entre teoria e prática, ciência e interesse de classe. O 
conhecimento da realidade social deve se converter em um instrumento político, capaz de orientar os 
grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade. A função da sociologia, nessa 
perspectiva, não era a de solucionar os “problemas sociais” com o propósito de restabelecer o bom 
funcionamento da sociedade, como pensavam os positivistas. Longe disso, ela deveria contribuir para a 
realização de mudanças radicais na sociedade. Sem dúvida, que foi o socialismo marxista que 
despertou a vocação crítica da sociologia unindo a explicação e alteração da sociedade, ligando -a aos 
movimentos de transformação da ordem existente. 
 A sociologia científica se iniciou a partir da concepção de práxis, por Marx: 
a) A noção de práxis pressupõe a reabilitação do sensível e a restituição do prático-sensível, ou seja, o 
mundo humano foi criado e transformado pelos homens. As relações que os seres vivos mantêm 
entre si fazem parte desse mundo sensível onde o ser sujeito dessa realidade permiti-lhe exercer 
atividade, refletir e ter desejos. 
b) O homem é antes de qualquer coisa, ser de necessidade. Em todo ser humano, a necessidade 
aparece como fundamento. As necessidades apresentam-se como individualizadas, sociais, políticas, 
imediatas, cultivadas, naturais, artificiais, reais e alienadas. O estudo das necessidades revela um 
entrelaçamento de processos dialéticos. O homem difere do animal na medida em que, para 
conseguir o objeto de suas necessidades, criou instrumentos e inventou o trabalho. A necessidade é, 
ao mesmo tempo, ato (atividade) e relação, em si mesma, complexa, com a natureza, com outros 
seres humanos e com objetos. O trabalho se apresenta não somente como produto de objetos e 
instrumentos, mas também de novas necessidades não somente na produção, como também da 
produção. A historia

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