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ÉTICA E CIDADANIA

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Zeno Crocetti
Ética e
Cidadania
Ética e
Cidadania
É
ti
ca
 e
C
id
ad
an
ia
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3026-2
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
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mais informações www.iesde.com.br
Zeno Crocetti
Ética e Cidadania
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Edição revisada
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Shutterstock
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
________________________________________________________________________________
C954e
 
Crocetti, Zeno, 1959-
 Ética e cidadania / Zeno Crocetti. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 
 84p. : 28 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3026-2
 
 1. Ética. 2. Cidadania. I. Título. 
12-5698. CDD: 170
 CDU: 17
10.08.12 17.08.12 038052 
________________________________________________________________________________
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mais informações www.iesde.com.br
Sumário
Organização social e dinâmica social ..................................................................................7
Homem e natureza se transformam .........................................................................................................7
A vida em sociedade ................................................................................................................................7
A origem histórica e social da moral .......................................................................................................8
O primeiro eu ...........................................................................................................................................9
A nova comunidade .................................................................................................................................10
Visão do futuro ........................................................................................................................................10
O homem a ser feito .................................................................................................................................11
Democracia e cidadania .......................................................................................................15
O Estado ...................................................................................................................................................15
Vida política e ética ..............................................................................................................21
A sociedade contra o Estado ....................................................................................................................21
Origem e finalidade da vida política ........................................................................................................24
Que é política? .........................................................................................................................................25
Ética e cidadania ..................................................................................................................31
Da moral para a ética ...............................................................................................................................31
Tomando partido, entre o fato e o valor ...................................................................................................31
História e virtudes ....................................................................................................................................34
Saber e poder ...........................................................................................................................................35
Cultura e mudança social .........................................................................................................................36
Cultura ..................................................................................................................................41
A construção pessoal da moral ................................................................................................................42
Entre o caráter social e pessoal da moral .................................................................................................42
Cidadania e os movimentos populares .................................................................................47
A utopia do possível .................................................................................................................................47
Partidos políticos .....................................................................................................................................47
Movimento estudantil ..............................................................................................................................48
Organização popular ................................................................................................................................50
Capital e trabalho: cidadania e ética ....................................................................................55
O movimento sindical ..............................................................................................................................55
O salário: a renda do trabalhador .............................................................................................................56
O sindicato e o salário ..............................................................................................................................56
Mulher e sua dupla jornada ......................................................................................................................57
Economia e política ..............................................................................................................63
Meio ambiente, ciência e poder ..............................................................................................................63
O que é desenvolvimento sustentável? ....................................................................................................64
O que é conservacionismo? .....................................................................................................................65
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Ciência e poder ....................................................................................................................69
Cidadania, economia e política ................................................................................................................69
A questão da fome ..................................................................................................................................69
A questão do trânsito ............................................................................................................75
Trânsito e cidadania ................................................................................................................................75Trânsito e democracia ..............................................................................................................................76
Conviver no trânsito: uma prática de cidadania ......................................................................................77
Espaço e trânsito ......................................................................................................................................77
Referências ...........................................................................................................................81
Anotações .............................................................................................................................83
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Apresentação
E screver para jovens e adultos sempre significou um desafio. De um lado, temos consciência de que não basta esparramar “conteúdos” pelas páginas ou amontoar o bolor acadêmico no decor-rer das aulas. De outro, sabemos que a resposta não se encontra na apresentação de fórmulas 
mágicas ou na utilização de uma linguagem que, pretendendo ser mais direta, apenas “pasteurize” o 
conhecimento.
Este é o volume de Ética e Cidadania para o ensino de jovens e adultos. Seus conteúdos se ma-
terializam na construção dos princípios de respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade – é uma 
reflexão a respeito da atuação humana em diferentes momentos e em suas diferentes formas de mani-
festação. No convívio escolar, o aluno aprende a resolver conflitos em situações de diálogo; aprende 
a ser solidário ao ajudar e ao ser ajudado; a ser democrático quando tem oportunidade de dizer o que 
pensa; a submeter suas ideias ao juízo dos demais e a saber ouvir as ideias dos outros.
Este volume apresenta os conteúdos do currículo do Ensino Médio destinados ao primeiro pe-
ríodo, para que cada aluno aumente seu saber sobre este fascinante ramo do conhecimento humano, 
que procura compreender e explicar as contradições presentes no mundo atual. 
Ao estudar, a construção do conhecimento deverá estar pautada por procedimentos como a 
observação, a descrição, a analogia, a interpretação e a síntese. Esses procedimentos, como muitos 
outros de igual valor, deverão servir como estimuladores para que o aluno faça sua própria leitura do 
mundo, sob os mais diversos aspectos.
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Organização social e 
dinâmica social
Por mais diferenças que possam existir entre os países, todos partilham 
processos históricos comuns e contêm importantes semelhanças 
em sua existência social.
José Luiz dos Santos
Homem e natureza se transformam
N esta aula, que inicia o estudo de Cidadania e Ética, vamos aprofundar nosso conhecimento a respeito da origem e formação da sociedade, enquanto constru-
ção de nossos valores culturais ao longo do tempo, nos seus 
mais variados processos de relação entre as várias civiliza-
ções, tradições e culturas espalhadas em todos os cantos deste 
vasto mundo. Vamos aprender que, ao transformar a natureza, 
o homem (sociedade) também se transforma; e iremos avaliar 
as transformações culturais que ocorreram no decorrer dos 
tempos, enquanto produto histórico da atividade humana.
Todos os objetos que fazem parte da vivência, das ex-
periências do homem, modificam-se ou evoluem; a mente hu-
mana não consegue imaginar tais objetos alienados dessa mu-
dança constante: é o que Aristóteles chamava “movimento”. 
Também esses mesmos objetos só podem ser percebidos em 
contínua interação uns com os outros, sempre estabelecendo 
relacionamentos; nunca isolados.
Os organismos naturais diversificaram-se rapidamente 
há um bilhão de anos, evoluindo em razão da energia e da 
configuração da natureza mineral e vegetal, proporcionando 
com as suas vidas uma nova imagem e uma nova realidade 
dinâmica à biosfera.
A vida em sociedade
Desde pequeno você percebe que as pessoas com quem convive todos os dias formam um grupo 
especial: a sua família. Observando o mundo ao seu redor, percebe que as pessoas só vivem em gru-
pos. Estudando a evolução da humanidade, os pesquisadores concluíram que o homem sempre viveu 
assim, desde que surgiu na Terra. 
O Faraó Miquerinos e sua esposa.
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Organização social e dinâmica social
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Por mais que consigamos recuar no tempo, veremos os homens vivendo em 
grupos, reunidos à beira do fogo, abrigando-se em cavernas, caçando ou vagando 
em bandos de um lugar para outro. Inúmeras pesquisas demonstram que viver em 
sociedade faz parte da natureza humana.
Pesquisando em livros, rádio, televisão, internet e outros meios, você apren-
de que em outras regiões do planeta Terra vivem pessoas de aparência e costumes 
diferentes dos nossos. Mas, embora diferentes em muitas coisas, também vivem 
em sociedade, como nós.
Podemos sintetizar que o ser humano vive em grupos para: 
 sobreviver e fazer-se adulto, pois é fraco e indefeso e morre facilmente, 
se não for protegido e se não receber cuidados;
 satisfazer suas necessidades, pois, mesmo depois de adulto, depende dos 
outros para alimentar-se, vestir-se, abrigar-se, para promover suas necessi-
dades espirituais, afetivas e tantas outras para que viva adequadamente;
 aprender a viver como gente, pois estudos e casos verídicos, como o do 
menino lobo da Índia, comprovam que a vida em sociedade é fundamen-
tal para que se adquiram certas características humanas, sem as quais o 
indivíduo não se comportará como ser humano que é;
 compartilhar a evolução humana, pois todo progresso humano apenas 
parece ser possível com a vida em sociedade. A História já nos mostrou 
que o convívio em sociedade possibilitou – em um processo coletivo – 
muitos avanços e aperfeiçoamentos. 
Vimos que a sociedade existe para ajudar as pessoas, e deve ser organizada 
de modo que todos possam satisfazer suas necessidades. Entretanto, observando 
o mundo à nossa volta, vemos que isso ainda não acontece. Basta acompanhar o 
noticiário de um único dia para ver que a sociedade é muito desigual, injusta e 
cruel com muitas pessoas.
A origem histórica e social da moral
O homem deve garantir a própria sobrevivência por meio do trabalho e, 
como vive em grupos, a moral foi estabelecida para viabilizar a ação coletiva, isto 
é, com a finalidade de possibilitar o estabelecimento e a preservação de relações 
entre os indivíduos.
Inicialmente, consideremos a moral como o conjunto de regras que determi-
na o comportamento dos indivíduos em um grupo social.
É de tal importância a existência desse mundo moral que se torna impossí-
vel imaginar um povo sem qualquer conjunto de regras. Destaca-se como uma das 
características fundamentais do homem a sua capacidade de produzir interdições 
(proibições). Segundo o antropólogo francês Lévi-Strauss, a passagem do reino 
animal ao reino humano, ou seja, a passagem da natureza à cultura é produzida 
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Organização social e dinâmica social
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pela instauração da lei, por meio da proibição do incesto. É assim que se estabe-
lecem as relações de parentesco e de aliança sobre as quais é construído o mundo 
humano, que é simbólico.
Exterior e anterior ao indivíduo há, portanto, a moral constituída, que orienta 
seu comportamento por meio de normas. Com a adequação ou não à norma estabe-
lecida, o ato será considerado moral ou imoral.
O comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme asexigências das condições nas quais os homens se organizam ao estabelecer formas 
efetivas e práticas de trabalho. Cada vez que as relações de produção são alteradas, 
sobrevêm modificações nas exigências das normas de comportamento coletivo.
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Entende-se por família extensa aquela composta por várias 
gerações. Tal estrutura é sumamente rica em vínculos afetivos.
Por exemplo, a Idade Média caracterizou-se pelo regime feudal, baseado na 
rígida hierarquia de suseranos, vassalos e servos. O trabalho era garantido pelos 
servos, possibilitando aos nobres uma vida de ócio e de guerra. A moral cavalhei-
resca, de que derivou, baseava-se no pressuposto da superioridade da classe dos 
nobres, exaltando a virtude da lealdade e da fidelidade – suporte do sistema de 
suserania – bem como na coragem do guerreiro. Em contraposição, o trabalho era 
desvalorizado e restrito aos servos. Essa situação se alterou com o aparecimento 
da burguesia, que, formada pela classe de trabalhadores oriunda da liberação dos 
servos, estabeleceu novas relações de trabalho e fez surgir novos valores, como a 
valorização do trabalho e a crítica à ociosidade. 
O primeiro eu
Ao admitirmos a tese acadêmica, tacitamente admitimos a superioridade 
do homem e reconhecemos que um muro considerável se ergue entre esse ser 
superior (mais apto nas manifestações de comportamento e habilidades) e outros 
seres situados em escala inferior: o mais hábil chimpanzé não consegue aprender 
por si mesmo e nem se servir de um instrumento pré-histórico de pedra. A natu-
reza encontra atalhos que diferem das experiências que um laboratório apresenta. 
Podemos admitir que os extremos desse processo distinguem bem o homem mo-
derno dos primatas atuais, como os chimpanzés, psiquicamente mais integrados. 
Porém, seria arriscado qualificar de “cultura” uma fase qualquer desse progresso 
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Organização social e dinâmica social
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na atividade instrumental e também de definir por ela o homem (assim como ne-
gar a priori a natureza e a consciência humanas ao primata, ou, como quer que 
tal se classifique), que possui e transmite esse modelo de conduta integrada, num 
mundo de percepções e expressões verbais e conceituais dotadas de eficácia social 
por uma capacidade de valorização. O ruim é que essas experiências e condutas 
humanas não ficaram impressas em fósseis, nem em pedras lascadas, e, por isso, 
sua evidência indireta nessas primeiras etapas é muito frágil e difusa.
A nova comunidade
Seja qual for a definição ou conteúdo conceitual do eu ou pessoa na cultura 
e nas filosofias ditas ocidentais, e do lugar que ele ocupa na hierarquia de valores 
eficazes, como causas de conduta e organizações gramaticais em outras culturas, 
parece necessário admitir que a humanidade nascente, para atingir o estado que 
hoje ocupa, dispôs do organismo e de funções vantajosas de um lado, e necessi-
tou, de outro, da coesão grupal e da projeção ao meio, que parecem exigir suas 
tradições diferentemente progressivas de fabricação de utensílios e o próprio sis-
tema de caça e desenvolvimento de atividades, conforme revelam os lugares dos 
sítios de ocupação, ao longo da sua evolução ascendente. Hoje, o novo sentido de 
comunidade e de valor implica uma leitura do indivíduo em seu espaço vivido. 
Da leitura de seu comportamento, de suas relações nessa comunidade e de seus 
valores conscientes, nasceu a cultura. 
Visão do futuro
O homem continua em evolução, mas o legado que deixa à humanidade 
jovem e às gerações futuras é muito preocupante. Pergunta-se muitas vezes aonde 
chegará essa evolução e como será o homem do futuro. Se terá a cabeça maior ou 
se será quase todo ele cabeça, perdidos os dentes e reduzido ao mínimo um siste-
ma digestivo que seria inútil num regime de nutrição sintética; reduzida a coluna 
vertebral como a das rãs; totalmente atrofiados e fundidos os dedos dos pés, que 
não necessitam permanecer diferenciados para mover-nos com um simples pisar 
de pedais; e simplificadas também as mãos, que não teriam mais que manejar 
simples alavancas e pressionar teclas e botões. 
Mas tudo isso são apenas especulações mais ou menos hipotéticas; afinal de 
contas, a mudança física da humanidade futura interessa relativamente pouco. Por 
outro lado, tais previsões podem pecar pela base, se consideramos que tendem a 
permanecer em vigor, ou simplesmente estacionárias, pelas preocupações huma-
nas com a própria estética, com o prazer gastronômico, e mais ainda se impulsio-
na o desenvolvimento da engenharia biológica para corrigir, conservar ou suprir 
elementos esqueléticos com peças plásticas ou metálicas, e o cultivo do corpo, seu 
movimento e ritmo, por meio do esporte e da dança.
Mais interesse, incomparavelmente, apresenta a perspectiva da cultura e da 
sociedade, dos modos de vida e de organização da comunidade humana a médio 
e longo prazo, da previsível evolução da conduta e da vida propriamente humana. 
A tecnologia altera 
as relações sociais.
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Organização social e dinâmica social
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Nesse campo, a nova ciência analítica tropeça com uma falta de informação básica, 
tanto mais inquietante quanto mais acelerado é o progresso técnico e a potencialização 
do poder do homem sobre o homem, subtraído à reflexão e ao controle racional.
O homem a ser feito
Só nos cabe a difícil tarefa de questionar o futuro do desenvolvimento hu-
mano. Nos dias atuais, cada vez mais nossa integração, nossa governabilidade tem 
sido comandada virtualmente, portanto somos guiados de longe.
Já não podemos fazer muitas coisas para mudar essa tendência, mas pelo 
menos podemos questionar quais valores, que tipo de cidadão queremos formar. 
Difícil tarefa essa. Mas se concordamos que até agora o homem tem inventado 
o homem – ainda que sem querer, sem um projeto universal –, também inventa-
remos o homem de amanhã, se é que já não o inventamos. Cabe perguntar-nos, 
refletir ou questionar que tipo de consciência ética e de cidadania ele terá. E se 
ainda poderemos evitar uma futura humanidade individualista, descartável e ir-
responsável, ou se há uma possibilidade de criar uma humanidade plural, honesta 
e totalmente nova e digna.
1. Por que os seres humanos precisam viver em grupos? Explique.
2. Quais seriam, na sua opinião, as finalidades da sociedade humana?
3. Explique a frase: “nenhum homem é uma ilha”.
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Organização social e dinâmica social
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4. Coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernam-
buco, Jaime Amorim, disse que a medida mais eficiente do governo federal contra a seca “foi a 
repressão aos saques”. “Isso foi o que o governo fez de melhor. O policiamento ostensivo para 
a repressão, isso o governo soube fazer. Foi isso que inibiu a população de fazer novos saques”, 
disse Amorim. A distribuição de cestas básicas e a instalação das frentes de trabalho não foram 
as medidas responsáveis pelo fim da onda de saques, segundo Amorim. [...] De abril até ontem, 
o MST havia organizado 16 saques no Estado, sendo seis deles em rodovias.
(Folha de S.Paulo, 12 de julho de 1999.)
 Os movimentos camponeses de saques de gêneros alimentícios não são novidade na História. 
Ao contrário, a Europa assistiu a muitos deles nos séculos XVII e XVIII, também em função 
das más colheitas, igualmente geradas, como no caso do Brasil hoje, por fatores meteorológicos 
(no caso da Europa, pelo inverno muito rigoroso em determinados anos). 
Analise as afirmações verdadeiras e assinale a alternativa correta.I. Nos séculos XVII e XVIII, os reis nunca interferiram na economia, por considerarem a 
intervenção uma prática paternalista que ia contra os princípios do mercantilismo vigente 
na época.
 II. O pensador liberaI, Adam Smith, um dos fundadores da Economia Política, defendia que o 
Estado não deveria interferir na economia, pois esta possui leis próprias de funcionamento, 
sendo automaticamente regulada por uma “mão invisível”.
III. Durante a Revolução Francesa, a rainha Maria Antonieta teria dito, ao saber da fome do 
povo devido à falta de pão: “Se não têm pão, que comam brioches”. Essa frase refere-se 
à alienação da corte em relação à situação de penúria do povo, devido à fome gerada pela 
péssima safra de trigo ocorrida no ano anterior. 
a) I e II estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) Somente a I está correta.
e) Todas estão corretas.
5. Entre as reformas propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso está a reforma política. 
Um dos pontos mais polêmicos é o da representação desigual dos estados na Câmara dos Depu-
tados:
 “A justificativa para esse sistema, segundo quem o defende, é que as regiões mais pobres devem 
ter direito a mais cadeiras na Câmara como forma de estimular o desenvolvimento. Por conta 
desse sistema, deputados do Sul e do Sudeste têm de obter muito mais votos para se eleger do 
que seus colegas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste”.
 Será que você pode dizer quando o sistema de representação proporcional à população de cada 
estado foi implantado no Brasil? Caso necessário, pesquise! 
a) Durante o Império, devido à pressão das classes médias urbanas que não possuíam escravos 
e propriedade para votar, enfraquecendo o Partido Liberal.
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Organização social e dinâmica social
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b) Com a implantação da república, para respeitar as zonas de grande população analfabeta que 
não tinha direito ao voto, como o caso de São Paulo.
c) A partir da política dos governadores, porque fortaleceria as oligarquias do cacau e da bor-
racha contra aquelas do café e do leite que predominavam até então.
d) Foi implementado com Getúlio Vargas, para favorecer o Rio Grande do Sul, que possuía a 
maior população do país e até então estava desalojado do poder.
e) Foi imposto através da reforma eleitoral conhecida como o Pacote de Abril de 1977, como 
uma das estratégias do Regime Militar para garantir à Arena a maioria na Câmara dos Depu-
tados, desfavorecendo o MDB. 
6. “Diante de uma enxurrada de denúncias de corrupção, o voto eletrônico não altera esse senti-
mento de desconfiança em relação ao candidato. Uma camiseta, uma cesta básica ou um saco de 
cimento, e o eleitor se sente compelido a retribuir em votos o presente que recebeu. É a lógica 
da reciprocidade, resíduo dos ‘clãs eleitorais’, como dizia Oliveira Vianna” (VASCONCELLOS, 
Gilberto).
 O texto de Gilberto Vasconcellos analisa a persistência de práticas clientelistas no processo 
eleitoral da política brasileira, apesar da modernização.
 Sobre isso, é correto afirmar que
a) no período do Império, a Constituição estabelecia o voto universal e obrigatório.
b) com a Proclamação da República, o voto passou a ser censitário, ou seja, restrito a pessoas 
que tivessem uma determinada renda.
c) com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas estabeleceu as primeiras eleições com voto secre-
to, estendendo o direito de voto às mulheres.
d) após o fim da Segunda Guerra e a queda de Vargas, o voto se estendeu também aos soldados 
e analfabetos.
e) O regime militar implantado em 1964 suspendeu as eleições para todos os cargos do Execu-
tivo e também do Legislativo, havendo novamente eleições para deputado apenas em 1988.
7. Um dos rapazes presos na Praça da República em São Paulo sob suspeita de participação no 
assassinato do adestrador de cães, Edson Neris da Silva, 35, confirmou à polícia que integra um 
grupo de neonazistas. O nome desse grupo é
a) headbangers.
b) fanqueiros.
c) punks.
d) carecas do ABC.
e) neofascistas liberais.
8. Em maio de 2000 uma ala da Igreja Católica manifestou reclamações contra o padre Marcelo 
Rossi, alegando que ele não aborda temas sociais em suas pregações e, além disso, faz declara-
ções públicas consideradas antiéticas. Como é chamada a ala que condena a atuação do padre 
Marcelo Rossi?
a) Progressista.
b) Teologia da Libertação.
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Organização social e dinâmica social
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c) Renovação Carismática.
d) Opus Dei.
e) TFP.
9. Deputados estão realizando investigações na CPI dos medicamentos. Qual o objetivo principal 
dessa CPI? 
a) Averiguar e punir os responsáveis pelo superfaturamento nas vendas dos medicamentos.
b) Averiguar e punir os responsáveis por fórmulas fraudadas.
c) Averiguar e punir os responsáveis pela má distribuição de remédios no país.
d) Averiguar a eficácia da utilização dos chamados “genéricos”.
e) Averiguar a atuação da máfia dos planos de saúde e suas implicações para a população.
Gabarito
1. Para sobreviver, fazer-se adulto, satisfazer suas necessidades, além de compartilhar a evolução 
humana.
2. Viver em sociedade é da natureza humana e sua finalidade é satisfazer suas necessidades.
3. Pois, segundo os pesquisadores, o ser humano não consegue viver só, ele só se realiza vivendo 
em grupos.
4. B
5. E
6. C
7. D
8. B
9. A
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Democracia e cidadania
 O Estado tem medo da filosofia em geral.
Friedrich Nietzsche
O Estado
Atribui-se a Maquiavel a introdução do emprego do termo Estado (stato) e a Bodin, a sua definição jurídica como poder estabelecido por lei; mas tanto a Antropologia como a So-ciologia apresentaram um conceito descritivo de Estado, relacionado à vida social, muitos 
séculos antes de esses pensadores políticos se manifestarem. O Estado, como categoria política, 
surgiu quando o Poder, como domínio, pressão e orientação de certos elementos da sociedade sobre 
outros, deixou de limitar-se à organização íntima e familiar da gens, do clã, ou mesmo da tribo, 
para se tornar o domínio que passou a representar a sociedade de classes, como organização pública 
da cidade. A Grécia Antiga deu o exemplo com o cidade-Estado ou pólis e depois seguiu-se-lhe o 
cidade-Estado de Roma, dos germanos e de outros povos, até a Idade Média lhe acrescentar a sobe-
rania da Igreja e o convívio religioso moral das comunidades dos castelos feudais e do artesanato 
das pequenas populações e da cidade.
A passagem seguinte, de Engels, é fundamental para o esclarecimento da origem do Estado: 
[...] O processo de formação do Estado tem início com a crise das comunidades gentílicas (estágio de transição 
entre a barbárie e a civilização), que tem sua origem com a expansão do comércio, do dinheiro, da usura, da pro-
priedade territorial e da hipoteca. [...] O regime gentílico já estava caduco. Foi destruído pela divisão social do 
trabalho que dividiu a sociedade em classes e substituído pelo Estado. Já estudamos, uma a uma, as três formas 
principais de como o Estado se construiu sobre as ruínas da gens (divisão social do trabalho, expansão do comér-
cio e do dinheiro, além é claro da propriedade privada). Atenas apresenta a forma que podemos considerar mais 
pura, mais clássica; ali, o Estado nasceu direta e fundamentalmente dos antagonismos de classe que se desen-
volviam mesmo no seio da sociedade gentílica. Em Roma, a sociedade gentílica converteu-se numa aristocracia 
fechada, entre uma plebe numerosa e mantida à parte, sem direitos mas com deveres; a vitória da plebe destruiu 
a antiga constituição da gens, e sobre os escombros instituiu o Estado,onde não tardaram a confundir-se a aris-
tocracia gentílica e a plebe. Entre os Germanos, por fim, vencedores do Império Romano, o Estado surgiu em 
função direta da conquista de vastos territórios estrangeiros que o regime gentílico era impotente para dominar 
[...] O Estado não é, pois, de modo algum, um poder que se impôs à sociedade de fora para dentro; tampouco é 
“a realidade da ideia moral”, ou “a imagem e a realidade da razão”, como afirma Hegel. É antes um produto da 
sociedade quando esta chega a um determinado grau de desenvolvimento [...]. (ENGELS, 1987, p. 187-191)
A respeito da natureza do Estado, não só os doutrinários, os ideólogos, os filósofos e os juristas, 
mas também os pensadores sociais e sociólogos adotam uma qualificação, ora não apropriada, ora sim-
plesmente formal, ora ambígua, como fenômeno social. Identificar o Estado com os chefes de grupos 
sociais, com a elite da sociedade corresponde, pode dizer-se, a um modo de ver objetivo existente na 
época histórica em que o Estado surgiu como entidade pública a impor-se às entidades familiares ou 
privadas; ou então, corresponde a uma autodignificação pessoal como, por exemplo, a do monarca Luís 
XIV da França: “o Estado sou eu (L’état c’est moi)”, ou, ainda, a de um papa estadista ou de um impe-
rador que não admite a ultrapassagem histórica. Por outro lado, invocar o pensamento filosófico grego, 
ou mesmo, o de Hegel para justificar a “teoria orgânica” do Estado, o materialismo mecanicista de 
Hobbes e o empirismo (baseado apenas na experiência e sem caráter científico) de Locke para falar de 
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um Estado-máquina “como coisa feita pelo homem”; 
a doutrina da “vontade geral” de Rousseau para des-
crever o princípio de liberdade do Estado-contrato, 
ou a do próprio Hegel, que considera o Estado “um 
superorganismo” como realização do “espírito di-
vino” (justificação de que o nazismo e o fascismo 
se aproveitaram); finalmente, invocar o marxismo e 
referir o Estado de classe, de modo que a categoria 
classe por si só interviesse direta e abertamente no 
comando da sociedade. Todo esse pensamento polí-
tico, enfim, é pura doutrina e defesa ideológica, que 
mantém o significado da natureza do Estado ainda 
por definir.
De qualquer modo, depois da noção nua e 
pessoal de Estado, Marx e Engels não só explicam 
sua origem social, como também reduzem a sua natureza a um domínio e engre-
nagem de determinada classe.
Sobretudo os juristas, que tanto procuram legitimar a figura do Estado, como 
necessitam determinar o termo jurídico para o qualificar, servem-se da linguagem 
comum usada até hoje pelos pensadores sociais, aceitam os termos já existentes de 
governo, instituição e poder e confirmam, uns, que o Estado é o governo ou o seu 
poder, e, outros, que é uma instituição.
Falar em Estado sem considerar as entidades públicas que o referem ou que 
ele representa e sem ter em conta as regras sociais ou normas jurídicas que o defi-
nem é separá-lo de toda a realidade e torná-lo um conceito vazio, mesmo que lhe 
chame governo, instituição e poder. Além disso, governo significa, em concreto, 
uma pessoa singular ou coletiva, coisa que o Estado manifestamente não é. A 
instituição nem formal nem juridicamente é uma pessoa, e como simples padrão 
de comportamento, verificado em qualquer agrupamento social ou na sociedade 
como um todo, é coisa bem diversa do que o Estado é como referência ou repre-
sentação de entidades públicas e como símbolo de prescrições, de poder, de admi-
nistração, de coerção, de outras potencialidades e atividades que as regras sociais 
ou normas jurídicas lhe atribuem. O poder, quer físico, quer social, mesmo como 
soberania ou autoridade, é mero aspecto do Estado, e é o Estado.
Portanto, o Estado não é o governo ou um órgão, nem uma instituição ou 
simplesmente o poder. É de natureza bem mais complexa: é, antes de tudo, uma 
expressão do poder político, isto é, do domínio e autoridade do governo, da admi-
nistração pública, das forças militares e policiais, dos tribunais e das assembleias 
legislativas e parlamentares, enfim, de todas as entidades públicas sobre a socie-
dade como um todo; é a referência ou a representação de tais entidades públicas; 
e é, ao mesmo tempo, o símbolo de prescrições, de soberania, de administração e 
controle, de coerção, de outras potencialidades e atividades que as normas políti-
cas lhe atribuem.
Naturalmente que na sociedade capitalista, como sociedade de classes, a 
classe burguesa, como única proprietária dos meios de produção, facilmente se 
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O pensamento do Iluminismo desempenhou um importante 
papel na gênese da Revolução Francesa, que acabou com o 
Antigo Regime e a hegemonia da aristocracia. Na gravura, 
aristocratas no Almoço de ostras, de Jean-François de Troy 
(Museu Condé, Chantilly).
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torna possuidora do poder político, domina todas as entidades públicas, cria e 
aplica todas as normas que regulam a vida política da sociedade.
Por isso, Engels diz: 
Como o Estado nasceu da necessidade de conter a contradição entre as classes, e como, 
ao mesmo tempo, nasceu o conflito entre elas, é, por regra geral, o Estado da classe mais 
poderosa, da classe economicamente dominante, classe que, por intermédio do Estado, 
se converte também em classe politicamente dominante que adquire novos meios para a 
repressão e exploração da classe oprimida. Assim [...] o moderno Estado representativo é 
o instrumento de que se serve o capital para explorar o trabalho [...] sendo assim, o Estado 
é um organismo para a proteção dos que possuem contra os que não possuem [...]. (EN-
GELS, 1987, p. 193-194)
1. Problematização:
 “Num estudo baseado em pesquisa realizada na França sobre a despolitização, Marcel Merle 
faz distinção entre duas espécies de antipoliticismo ou atitude contrária à participação política: 
a tática e a doutrinária. 
 O desinteresse pregado por motivos táticos é baseado na intenção de afastar o povo das decisões 
políticas. Os grupos de tendência totalitária, que desejam decidir sozinhos, sem interferência 
do povo, procuram desestimular a participação política. Através de um trabalho de propaganda, 
tentam difundir a ideia de que o povo não pode e não quer perder tempo com problemas políti-
cos.
 Paralelamente à divulgação de ideias visando desestimular a participação política dos cidadãos, 
os grupos que tomam um governo e querem evitar que o povo exija procedimentos democráti-
cos e honestos costumam forçar a mudança das leis para concentrar em suas mãos a maior soma 
possível de poderes. Desse modo, o povo sente que não influi de maneira alguma nas decisões e 
que sua participação é apenas uma formalidade sem importância. E acaba por se desinteressar 
até dessa participação formal, deixando o grupo dominante governar como quiser, sem nenhu-
ma responsabilidade”
(DALLARI, Dalmo de Abreu. Participação Política. São Paulo: Brasiliense, 1984.)
a) Com base no texto acima, responda: a quem interessa o desinteresse político?
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2. Comentário do ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero: 
 “Na vaga de entusiasmo suscitado pela queda do muro de Berlim festejou-se prematura-
mente o fim da história. Pela primeira vez, desde a Revolução Russa de 1917, desaparecia 
da cena o desafio ideológico ao monopólio dos valores ocidentais da democracia represen-
tativa e da economia de mercado.” 
O socialismo serviu como modelo alternativo ao capitalismo durante o período da Guerra Fria.
Sobre omodelo socialista da antiga União Soviética, marque a incorreta: 
a) inexistência de sindicatos.
b) modelo político baseado em um partido único.
c) monopólio estatal dos meios de produção.
d) economia planificada.
e) altos investimentos na indústria bélica.
3.
O neoliberal 
Haroldo de Campos
neoliberal:
de tanto neoliberar 
o neoliberal 
neolibera-se de neoliberar
tudo aquilo que não seja neo (leo) 
libérrimo:
o livre quinhão do leão
neolibera a corveia da ovelha
Sobre o neoliberalismo, é incorreto afirmar que:
a) neoliberalismo baseia-se na ideia geral da não intervenção do Estado na economia, da des-
regulamentação das estatais e da sua privatização para sanear as dívidas públicas, de que é 
necessária a redução dos incentivos fiscais ao mínimo pela abertura do mercado às importa-
ções, do corte de gastos sociais para o controle do déficit fiscal do estado. 
b) neoliberalismo é uma doutrina econômica surgida por volta dos anos 1970, que se firmou 
ao longo dos anos 1980 com os governos conservadores de Margaret Tatcher na Inglaterra 
e Ronald Reagan nos Estados Unidos, e ganhou espaço na América Latina nos anos 1990, 
depois da queda do muro de Berlim.
c) ao fim dos anos 1990, o neoliberalismo pareceu estar ameaçado por uma crise mundial que 
muitos alertaram que poderia ser comparável à crise do liberalismo em 1929, quando ocor-
reu a quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
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d) nos Estados Unidos, um dos efeitos mais graves da adoção de políticas neoliberais é o au-
mento do índice de desemprego, o que não parece afetar ainda a Europa, que recentemente 
tem elegido governos conservadores de direita nos principais países.
e) a globalização, gerada pelo incremento das comunicações, é um fator que permite hoje uma mo-
bilidade muito grande do capital dos investidores e pode gerar uma rápida fuga de capitais. 
4. “Tem gente que não gosta de futebol. Não são poucos, não. Tem outro tipo de brasileiro que 
vê no futebol uma espécie de armadilha, engodo, um analgésico social, capaz de amortecer e 
obscurecer a consciência e o espírito crítico das pessoas.” 
 O texto de Luiz Inácio Lula da Silva, publicado no dia da disputa entre Brasil e França na Copa 
do Mundo de 1998, associa política e futebol em referência a que período? 
a) Segundo governo Vargas, quando o presidente pretendia impor a vitória da seleção brasileira 
na Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil.
b) Governo JK, que aliava o desenvolvimento econômico à vitória do Brasil na Copa do Mundo 
da Suécia em 1958.
c) Governo Jango, que procurou tirar proveito do bicampeonato do Brasil no Chile para promo-
ver suas “reformas de base”.
d) A ditadura militar, que associou a conquista da Taça Jules Rimet na Copa do México, em 
1970, com o chamado “Milagre Econômico”, procurando criar um clima de otimismo que 
desviasse a atenção popular em relação aos problemas políticos do país.
e) Governo Sarney, que pretendia transformar uma eventual vitória da Copa do México em 
1986 em um símbolo da Nova República.
5. A respeito do racismo, é correto afirmar que 
a) as diferenças físicas entre povos levam naturalmente ao surgimento do racismo.
b) o racismo atual manifesta-se principalmente pela aversão aos estrangeiros pobres ou aos 
migrantes de regiões menos desenvolvidas.
c) os povos com raça pura, ou seja, que apresentam homogeneidade de traços físicos, progri-
dem mais que os povos que apresentam variedade étnica.
d) as condições históricas possibilitaram a formação de povos mais homogêneos e culturalmen-
te superiores.
6. Todos os termos citados a seguir são formas do “velho jeitinho brasileiro de fazer política”, nota-
damente de políticos como Antônio Carlos Magalhães e outros velhos coronéis nordestinos. É o 
chamado clientelismo na política, exceto: 
a) Paternalismo.
b) Troca de favores.
c) Voto de cabresto.
d) Compra de votos.
e) Liberdade e respeito às opções políticas de outrem.
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Democracia e cidadania
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7. O ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, foi indiciado, em março de 2000, por eva-
são de divisas. O nome do caso que Chico Lopes protagonizou (e que já se transformou em uma 
novela, com longos e intermináveis capítulos) é: 
a) caso Seiko.
b) caso Marka/ FonteCidam.
c) caso BC.
d) caso Nacional.
e) caso de polícia.
Gabarito
1. Problematização:
a) Quando alguém diz que não se interessa por política, acreditando que pode cuidar exclusiva-
mente de seus interesses particulares e que estes nada têm a ver com as atividades políticas, 
está revelando a falta de consciência. Na realidade, não existe quem não sofra as consequên-
cias das decisões de Governo, que são essencialmente políticas. Manter-se alheio à política é 
uma forma de dar apoio antecipado e incondicional a todas as decisões do governo, o que é, 
em última análise, uma posição política.
2. A
3. D
4. D
5. B
6. E
7. B
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Vida política e ética
O Homem é uma corda – atada entre o animal e 
o além do homem – uma corda sobre um abismo.
Friedrich Nietzsche
A sociedade contra o Estado
N esta aula estudaremos as duas grandes respostas sociais ao poder: a resposta despótica e a política. Em ambas, a sociedade procura organizar-se economicamente – a forma da proprie-dade –, mantendo e, até mesmo, criando diferenças sociais profundas entre proprietários e 
não proprietários, ricos e pobres, livres e escravos, homens e mulheres. Essas diferenças produzem 
lutas internas que podem levar à destruição todos os membros do grupo social.
Para regular os conflitos, garantir que os ricos conservem suas riquezas e os pobres aceitem sua 
pobreza, surge uma chefia que, como vimos, pode tomar duas direções: ou o chefe se torna senhor 
das terras, das armas e dos deuses e transforma sua vontade em lei, ou o poder é exercido por uma 
parte da sociedade – os cidadãos –, por meio de práticas e instituições públicas fundadas na lei e no 
direito como expressão da vontade coletiva. Nos dois casos, surge o Estado como poder separado da 
sociedade e encarregado de dirigi-la, comandá-la, arbitrar os conflitos e usar a força. Há, porém, um 
terceiro caminho.
Fomos forçados e acostumados pela antropologia europeia a considerar as sociedades existentes 
na América como atrasadas, primitivas e inferiores. Essa visão nasceu do processo de conquista e 
exploração iniciado no século XVI. Os exploradores e colonizadores que chegaram à América inter-
pretaram as diferenças entre eles e os nativos com distinção hierárquica entre superiores e inferiores: 
para eles os índios não tinham lei, rei, fé, escrita, moeda, comércio, história; eram seres desprovidos 
dos traços daquilo que, para o europeu cristão, súdito de monarquias, constituiria a civilização.
Sem dúvida, os conquistadores encontraram grandes impérios na América: Incas, Astecas e 
Maias. Por isso os destruíram a ferro e fogo, exterminando as gentes, pilhando-lhes as riquezas e 
construindo suas igrejas sobre os templos deles. Mas, fora esses impérios que eles destruíram, as de-
mais nações americanas estavam organizadas de forma incompreensível, se comparadas aos modelos 
de monarquias absolutistas dos europeus. Tratavam essas nações americanas, as quais eram incapazes 
de compreender, como algo inferior e atrasado, considerando-as selvagens e bárbaras para justificar a 
escravidão, a evangelização e o extermínio.
A visão europeia, depois compartilhada pela elite dominante branca dos americanos, foi e é 
etnocêntrica, isto é, considera padrões, valores e práticas dos brancos adultos e proprietárioseuropeus 
como universais e definidora da cultura e da civilização. Para esse tipo de pensamento explorador 
e colonizador, portanto, as sociedades nativas americanas possuem sociedades atrasadas, pois falta- 
-lhes o mercado (moeda e comércio), a escrita (alfabética), a história e o Estado. Possuem, portanto, 
sociedades sem comércio, sem escrita, sem memória e sem Estado.
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Vida política e ética
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O antropólogo francês, Pierre Clastres, que estudou essas sociedades por 
um prisma completamente diferente, longe do padrão europeu costumeiro, mos-
trou que elas possuem uma escrita que não é alfabética nem ideográfica ou hie-
roglífica (isto é, não é a escrita conhecida pelos ocidentais e orientais), mas sim-
bólica, gravada no corpo das pessoas por sinais específicos, inscrita em objetos 
determinados e em espaços determinados; são os europeus, somos nós que não 
sabemos lê-la.
Mostrou também que possuem memória, mitos e narrativas dos povos, 
transmitida oralmente de geração a geração, transformando-se de geração em ge-
ração. Mostrou, pelas mudanças na escrita e na memória, que tais sociedades 
possuem história, mas que ela é inseparável da relação dos povos com a natureza, 
diferentemente da nossa história, que narra como nos separamos da natureza e 
como a dominamos. Mas, sobretudo, mostrou por que e como tais sociedades são 
contra o mercado e contra o Estado. Em outras palavras, não são sociedades sem 
comércio e sem Estado, mas contrárias a eles.
As sociedades indígenas estudadas por Clastres habitam a porção sul- 
-americana, encontrando-se num estágio anterior ao das sociedades indígenas da 
América do Norte e dos três grandes impérios situados no México, na América 
Central e no norte da América do Sul. São, portanto, sociedades que não se orga-
nizaram na forma das chefias norte-americanas nem dos grandes impérios, mas 
inventaram uma outra organização deliberada para evitar aquelas duas formas 
de poder.
D
om
ín
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 p
úb
lic
o.
O Estado indígena, uma forma de organização política comunitária.
As sociedades indígenas são tribais ou comunais. Nelas não há propriedade 
privada nem divisão social do trabalho, não havendo, portanto, classes sociais 
nem luta de classes. A propriedade é tribal, ou comum, e o trabalho se distribui 
conforme o sexo e a idade. São comunidades no sentido pleno do termo, isto é, 
são internamente iguais, unas e indivisas, possuindo uma história e um destino 
comuns. São sociedades do cara a cara e nelas todos se conhecem pelo nome e são 
vistos uns pelos outros diariamente.
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Vida política e ética
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Por isso mesmo, delas o poder não se destaca nem se separa, não forma uma 
instância acima delas (como na política), nem fora delas (como no despotismo). A 
chefia não é um poder de mando a que a comunidade obedece. O chefe não man-
da; a comunidade não obedece. A comunidade decide para si mesma, de acordo 
com suas tradições e necessidades.
A oposição se estabelece não no interior da comunidade, mas em seu exte-
rior, isto é, nas relações com as outras comunidades, portanto, no que se refere à 
guerra e às alianças de sangue pelo casamento. A função da chefia é representar a 
comunidade perante outras comunidades.
O que é e o que faz o chefe, uma vez que não tem a função do poder, pois 
pertence à comunidade e dela não se separa? O chefe possui três funções: doar 
presentes, promover a paz e falar.
Exprimindo a benevolência dos deuses e a prosperidade da comunidade, o 
chefe deve, em certos períodos, oferecer presentes a todos os membros da tribo, 
isto é, devolver a ela o que ela mesma produziu. A doação de presentes é a maneira 
deliberada que a comunidade utiliza para impedir que alguém possa concentrar 
bens e riquezas, tornar-se proprietário privado, criar desigualdade econômica e 
social, de que surgem a luta de classes e a necessidade do poder do Estado.
Quando famílias ou indivíduos entram em conflito, o chefe deve intervir. 
Não dispõe de códigos legais para arbitrar o conflito em nome da lei. Que faz ele? 
A paz. Como a obtém? Apelando para o bom senso das partes, aos bons sentimen-
tos, à memória da comunidade, à tradição do bom convívio entre as pessoas. Em 
suma, por meio dele a comunidade fala para reafirmar-se como indivisa.
Excetuando-se a doação de presentes, a paz entre membros da comunidade, 
a diplomacia para tratar com outras comunidades aliadas e o direito a usar a força, 
liderando os guerreiros durante a guerra, a grande função da chefia situa-se na 
fala ou na Grande Palavra. Todas as tardes, o chefe se dirige a um local distante 
da aldeia, mas visível e de onde possa ser ouvido, e ali discursa. Embora ouvido, 
ninguém deve dar-lhe atenção e o que ele diz não é ordem ou comando que obri-
gue à obediência. Que diz ele? Diz a palavra do poder: canta sua força e coragem, 
seu prestígio, sua relação com os deuses, seus grandes feitos. Mas ninguém lhe dá 
atenção. Ninguém o escuta.
A Grande Palavra tem significa-
do simbólico: a comunidade lembra a si 
mesma, diariamente, o risco e o perigo 
que correria se possuísse um chefe que 
lhe desse ordens e a quem devesse obede-
cer. A Grande Palavra simboliza a manei-
ra pela qual a comunidade impede o ad-
vento do poder como algo separado dela 
e que a comandaria pela coerção da lei e 
das armas. Com a cerimônia da Grande 
Palavra, a sociedade se coloca contra o 
surgimento do Estado.
D
iv
ul
ga
çã
o.
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Vida política e ética
24
Toda vez que o chefe não realiza as três funções internas e a função externa, 
tais como a comunidade as define, todas as vezes que pretende usar suas funções 
para criar o poder separado, ele é morto pela comunidade.
Evidentemente, nossa tendência será dizer que tal organização é própria de 
povos pouco numerosos e de uma vida socioeconômica muito simples, parecendo- 
-nos, a nós, membros de sociedades complexas e de classes, uma vaga lembrança 
utópica. Pierre Clastres, porém, indaga por que outras comunidades, mundo afora, 
não foram capazes de impedir o surgimento da propriedade privada, das divisões 
sociais de castas e classes, das desigualdades que resultaram na necessidade de 
criar o poder separado, seja como poder despótico, seja como poder político? Por 
que, afinal, os homens sucumbiram à necessidade de criar o Estado como poder 
de coerção social.
Origem e finalidade da vida política
Entre as várias explicações sobre a origem da vida política, três delas são 
consideradas as mais completas e legitimadas pelos pesquisadores; isso não quer 
dizer que representem referências absolutas e que excluam outras possibilidades. 
 São inspiradas no mito da Idade de Ouro. No princípio os homens vi-
viam na companhia dos deuses. Eram imortais e felizes, sem necessi-
dade de leis e governo. Mas ocorreu a expulsão dos homens do paraíso; 
afastados pelos deuses, tornaram-se mortais, passaram a viver na flores-
ta isoladamente, sem moradia, alimentação. Pouco a pouco evoluíram, 
descobriram o fogo, fabricaram utensílios, trabalharam metais, criaram 
armas, desenvolveram a agricultura e se tornaram sedentários. E, com a 
organização social em cidades, apareceram os primeiros legisladores, e 
com eles as primeiras leis. A razão funda a política, ou seja, a lei é im-
posta pela necessidade de se organizar e viver em comunidade.
 Pelo mito de Prometeu – O trabalho e os dias, de Hesíodo –, a origem da 
vida política vincula-se à doação do fogo feita aos homens pelo semideus 
Prometeu. Essa descoberta faz que os homens passem a viver em comu-
nidades, dividindo os trabalhos e as tarefas.Vivendo nelas, colocam-se 
sob a proteção dos deuses, de quem recebem as leis e as orientações para 
governar. Mas a vida lhes traz problemas que exigem soluções, que só os 
deuses podem encontrar. Dessa maneira, os homens são levados para a 
vida em comunidade sob leis. A convenção funda a política, ou seja, na 
submissão às leis divinas, o homem passa a respeitar as leis que cria e 
que emanam das orientações ditadas pelos deuses.
 Finalmente a teoria da cidade natural, ou seja, a política decorre da nature-
za. As dificuldades históricas enfrentadas pelos homens ao longo da histó-
ria, ou, por outras palavras, a política surge da necessidade de os homens 
resolverem seus problemas num longo e natural processo histórico. Nós 
somos diferentes dos outros animais por que somos dotados de logos, isto 
é, do instrumento capaz de possibilitar a comunicação por meio da fala e 
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Vida política e ética
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do pensamento – da palavra. Sendo assim, somos animais políticos, vive-
mos em sociedade, como diz Aristóteles. A Natureza funda a política.
Essas teorias deixam claro que a política sempre surge como remédio para 
os problemas da comunidade, ora como perda da felicidade, ora como evolução 
das técnicas e costumes, ou, ainda, como essência do homem, como natureza do 
homem que vive em comunidade. Mas qual seria sua função? Para o pensamento 
helenístico, a finalidade da vida política era a justiça na comunidade, entendida 
como concórdia, conseguida na discussão pública dentro de uma diversidade de 
opiniões e interesses contraditórios, na busca de uma unidade de propósitos, de 
um consenso. Mas foram desvirtuados ao longo do processo histórico, ou seja, 
se a política e as leis são convenções humanas, podem mudar se mudarem as 
circunstâncias. E a única via capaz de possibilitar mudanças sem destruição da 
ordem política passa pelo debate de ideias para se chegar ao consenso, isto é, a 
expressão pública da vontade da maioria, obtida pelo voto.
Por esses e outros motivos, os sofistas, e outros grupos da elite social, apre-
sentavam-se como professores da arte da discussão e da persuasão pela palavra 
(retórica). Mediante o pagamento de um valor em dinheiro, ensinavam os jovens a 
discutir em público, a defender e combater opiniões, ensinando-lhes argumentos 
persuasivos para os prós e os contras em todas as questões.
Que é política?
A palavra política é usada há séculos com os mais variados sentidos. Por 
esse motivo, é necessário esclarecer desde logo em que sentido a política é tratada 
nesta aula. Não significa estabelecer um ótimo conceito, nem procurar um sentido 
único para a expressão. Mas sim, simplesmente fixar uma noção precisa, que faci-
lite a compreensão do que virá em seguida.
Para estabelecer um conceito básico de política, um caminho conveniente é 
buscar a origem da palavra, isto é, de onde ela veio e em que sentido foi usada no 
início. Tal verificação demonstra que ela tem origem grega e foi usada por vários 
filósofos e escritores da Grécia antiga. A obra denominada Política, escrita por 
Aristóteles, filósofo que viveu em Atenas no quarto século antes da Era Cristã foi 
especialmente importante para a compreensão do seu sentido primitivo.
Os gregos deram o nome de pólis à cidade, isto é, ao lugar onde as pesso-
as vivem juntas. E Aristóteles disse que o homem é um animal político, porque 
nenhum ser humano vive sozinho e todos precisam da companhia de outros. A 
própria natureza dos seres humanos é que exige que ninguém viva sozinho. Assim 
sendo, “política” se refere à vida na pólis, ou seja, à vida em comum, respeitando 
as regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões 
sobre todos esses pontos.
É importante notar que dessa maneira se tem uma sociedade natural, isto é, 
formada espontaneamente para atender a uma necessidade da natureza humana. 
Isso é que torna tal sociedade diferente de outras que são formadas pela vontade 
de alguns ou de muitos homens, sem que haja uma necessidade natural.
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Vida política e ética
26
Partindo desses elementos, alguns estudiosos do assunto concluíram que tra-
tar de política é cuidar das decisões sobre problemas de interesse da coletividade, e 
por isso definiram política como arte e ciência do governo. Consideram que é arte 
porque comporta e exige muita invenção e uma sensibilidade especial para conhecer 
os seres humanos, suas necessidades, preferências, caprichos, virtudes, visando a 
encontrar o modo mais conveniente de conseguir a concordância de muitos e pro-
mover o bem comum. E consideram que é ciência porque hoje existem várias de-
las que estudam os comportamentos humanos e assim se torna possível estabelecer 
cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre como os 
seres humanos deverão reagir em cada situação. Outros entendem que a tomada de 
decisões sobre assuntos de interesse comum é sempre um ato de poder e, a partir daí, 
preferem definir política como o estudo do poder. Outros ainda acham que moder-
namente a capacidade de tomar essas decisões está nas mãos do Estado ou depende 
dele, e por isso preferem conceituar política como “ciência do Estado”.
Há também inúmeros cientistas políticos que acham indispensável ressal-
tar que a própria natureza humana exige a ação livre dos homens como base da 
política. Esses autores entendem que é fundamental a ideia de conjugar as ações 
humanas e orientá-las para uma direção que seja da conveniência de todos. O 
trabalho de harmonização das ações pode e deve ser realizado com plena liber-
dade, sem que alguém imponha qualquer coisa. Por muitos motivos é preferível, 
segundo esses estudiosos, que o bom senso e a boa vontade de cada um criem 
condições para que uns colaborem com os outros e haja respeito recíproco, sem 
necessidade de uso da força.
De qualquer modo, mesmo que as ações humanas sejam harmonizadas pa-
cificamente e sem a necessidade de coagir as pessoas, é preciso que tais ações 
sejam coordenadas e orientadas para um objetivo de interesse de todos. Com base 
nesses argumentos e tendo em conta a necessidade de dar uma direção às ações 
humanas, adoto o seguinte conceito: política é a conjugação das ações de indiví-
duos e grupos humanos, dirigidas a um fim comum.
É preciso considerar que política tanto pode referir-se 
à vida de seres humanos integrados e organizados numa so-
ciedade, em que são tomadas decisões sobre os assuntos de 
interesse comum; como pode referir-se ao estudo dessa orga-
nização e dessas decisões.
Assim, por exemplo, quando trabalhadores de determi-
nada categoria, que não suportam mais a baixa remuneração 
e as péssimas condições de trabalho, decidem iniciar um mo-
vimento de protesto e reivindicação, estão tomando uma de-
cisão política. Eles pretendem atingir um objetivo que é de 
interesse de todo o grupo. Esse movimento reivindicatório, 
que é uma ação política, deve ser organizado. É provável que 
entre os membros do grupo existam ideias diferentes a res-
peito da forma de condução do movimento. Se cada um agir 
a seu modo, haverá dispersão de forças e de recursos, sen-
do mesmo possível que uns atrapalhem os outros. Por isso é 
D
iv
ul
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o.
Nos anos 1960 e 1970, as comunidades hippies 
eram uma forma de resistência política ao Es-
tado Moderno.
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necessária a coordenação de todos os elementos, o que dará coesão e força ao 
grupo e garantirá que todos os atos sejam dirigidos para o objetivo comum, que 
é a conquista de melhores condições de trabalho. Aí se tem, portanto, um grupo 
políticodesenvolvendo uma ação política.
Do mesmo modo, o conjunto de todos os trabalhadores, desde que orga-
nizados e capazes de agir coordenadamente, forma uma entidade política, e seu 
objetivo permanente de conquista de uma ordem social livre e democrática, com 
a valorização do trabalho e a garantia de igualdade de possibilidades para todos, 
é um objetivo político.
Assim, portanto, independentemente da forma adotada e dos meios utiliza-
dos para a tomada de decisões, podemos chamar de política:
 a organização social que procura atender à necessidade natural de con-
vivência dos seres humanos;
 toda ação humana que produza algum efeito sobre a organização, o 
funcionamento e os objetivos de uma sociedade. 
1. Problematização: quando alguém diz que não se interessa por política, acreditando que pode 
cuidar exclusivamente de seus interesses particulares e que estes nada têm a ver com as ati-
vidades políticas, está revelando falta de consciência. Quando alguém diz que não sofre as 
consequências das decisões de governo, que pode manter-se alheio à política, acredita que pode 
manter-se fora da política, sem nenhuma relação com ela.
a) O que é participação política? Explique.
b) Qual o significado do termo consciência usado frequentemente na linguagem diária?
– A feiticeira perdeu a consciência.
– Guevara agiu de acordo com a sua consciência.
– que significa “perder a consciência”?
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2. Os anos 1980 e 1990 ficaram marcados para a América Latina como as “décadas perdidas”. Para 
superar a condição de estagnação econômica que a região viveu nesse período, órgãos finan-
ceiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), propuseram uma série de 
medidas, conhecidas como ajustes estruturais, para tentar superar o impasse.
Assinale a alternativa que contenha os itens principais desses ajustes.
a) Redução do déficit público, diminuição das exportações e criação imediata de organismos 
supranacionais como o Mercosul.
b) Forçar a volta de regimes democráticos, estimular as exportações e aumentar o déficit públi-
co em até 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
c) Reduzir o déficit público, estimular a abertura econômica com a redução das tarifas alfande-
gárias e estimular o processo de privatização das estatais.
d) Criar organismos supranacionais como o Mercosul, aumentar o déficit da balança comercial 
e promover a maior participação do Estado como agente econômico.
e) Privatizar as estatais, ampliar o modelo de substituição das importações e estimular a criação 
de organismos como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e Área de Livre Comér-
cio Sul-Americana (ALCSA).
3. A influência da TV, na atualidade, tem sido decisiva. Marque com V os exemplos que represen-
tam uma consequência dessa influência e com F os que não representam.
( ) Incentivo ao consumismo.
( ) Manipulação da opinião pública.
( ) Divulgação da pluralidade cultural.
( ) Rápida difusão de informações.
( ) Contenção da violência.
4. O bombardeio da Iugoslávia por forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), 
capitaneadas pelos Estados Unidos, teve como pretexto: 
a) proteger os muçulmanos da Bósnia contra a limpeza étnica promovida pelos sérvios nessa 
região da antiga Iugoslávia.
b) proteger as minorias de origem croata e albanesa que vivem em Kosovo e que se sentem 
ameaçadas pelo processo de limpeza étnica promovida pelo governo da Sérvia.
c) proteger a minoria sérvia de Kosovo, ameaçada pela maioria da população que é de origem 
albanesa.
d) razões humanitárias no sentido de impedir que o governo da Sérvia acelerasse o processo de 
limpeza étnica promovida contra a população de origem albanesa de Kosovo.
e) impedir que o governo da “nova Iugoslávia” incorporasse a região de Kosovo a seu território 
nacional.
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5. (ENEM-98) Um estudo sobre o problema do desemprego na Grande São Paulo, no período 
1985-1996, realizado pelo Seade-Dieese, apresentou o seguinte gráfico sobre taxa de de-
semprego:
Médias anuais da taxa de desemprego total
16,0%
14,0%
12,0%
10,0%
8,0%
85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96
SE
PL
A
N
, C
on
vê
ni
o 
SE
A
D
E/
D
IE
ES
E.
Pela análise do gráfico, é correto afirmar que, no período considerado:
a) a maior taxa de desemprego foi de 14%.
b) a taxa de desemprego no ano de 1995 foi a menor do período.
c) a partir de 1992, a taxa de desemprego foi decrescente.
d) no período 1985-1996, a taxa de desemprego esteve entre 8% e 16%.
e) a taxa de desemprego foi crescente no período compreendido entre 1988 e 1991.
6. (ENEM-98) Depois de estudar as migrações, no Brasil, você lê o seguinte texto: 
 O Brasil, por suas características de crescimento econômico, e apesar da crise e do retrocesso 
das últimas décadas, é classificado como um país moderno. Tal conceito pode ser, na verdade, 
questionado, se levarmos em conta os indicadores sociais: o grande número de desempregados, 
o índice de analfabetismo, o déficit de moradia, o sucateamento da saúde, enfim, a avalanche de 
brasileiros envolvidos e tragados num processo de repetidas migrações [...]
(VALIN. Migrações: da perda de terra à exclusão social. São Paulo: Atual, 1996. p. 50. Adaptado.)
 Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da atualidade é a “Globalização”, a qual provo-
ca impacto de forma negativa
a) na mão de obra desqualificada, desacelerando o fluxo migratório.
b) nos países subdesenvolvidos, aumentando o crescimento populacional.
c) no desenvolvimento econômico dos países industrializados desenvolvidos.
d) nos países subdesenvolvidos, provocando o fenômeno da “exclusão social.
e) na mão de obra qualificada, proporcionando o crescimento de ofertas de emprego e fazendo 
os salários caírem vertiginosamente. 
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7. (ENEM) Analisando os indicadores citados no texto, você pode afirmar que
a) o grande número de desempregados no Brasil está exclusivamente ligado ao grande aumento 
da população.
b) existe uma “exclusão social” que é resultado da grande concorrência existente entre os que 
oferecem a mão de obra qualificada.
c) o déficit da moradia está intimamente ligado à falta de espaços nas cidades grandes.
d) os trabalhadores brasileiros não qualificados engrossam as fileiras dos “excluídos”.
e) por conta do crescimento econômico do país, os trabalhadores pertencem à categoria de mão 
de obra qualificada.
Gabarito
1. Problematização:
a) Justamente porque todos os seres humanos vivem em sociedade e porque as decisões polí-
ticas sempre se refletem sobre a vida e os interesses de todos, a participação política é um 
direito fundamental a todos os indivíduos. Assim, todos devemos participar da vida social, 
política, e exercer influência sobre as decisões de interesse comum.
b) No primeiro e no último casos, a consciência é perder o sentimento da existência de nós mes-
mos e do mundo. Trata-se da consciência psicológica, que é o conhecimento de nós mesmos 
e revela o que somos, o que fazemos e que mundo nos rodeia.
No segundo caso (“Che Guevara agiu...”) trata-se da consciência moral, aquela voz que nos 
orienta, de maneira pessoal, sobre o que devemos fazer em determinada situação. Antes de fa-
zer a ação, nossa consciência moral emite seu juízo como uma voz que aconselha ou proíbe.
2. C
3. V, V, V, V, F
4. B
5. D
6. D
7. D
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Ética e cidadaniaética [Fem. substantivado do adj. ético.]
1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível 
de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a 
determinada sociedade, seja de modo absoluto.
moral [Do lat. morale, ‘relativo aos costumes’.]
1. Filos. Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de 
modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
2. Conclusão moral que se tira de uma obra, de um fato etc.
S. m.
3. O conjunto das nossas faculdades morais; brio, vergonha.
4. O que há de moralidade em qualquer coisa.
Aurélio, 1992
Da moral para a ética
É tica, ou filosofia moral, é uma reflexão sistemática a respeito do comportamento moral. Ela in-vestiga, analisa e explica a moral de uma determinada sociedade. Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção entre o comportamento moral e outras formas de agir, 
da liberdade e da responsabilidade e, ainda, de questões como a prática do aborto, da eutanásia e da 
pena de morte. A ética não diz o que deve e o que não deve ser feito em cada caso concreto. Isso é da 
competência da moral. A partir dos fatos morais, a ética tira conclusões, elaborando princípios sobre 
o comportamento moral.
Recentemente surgiu a bioética, que trata das questões éticas suscitadas pelas experiências das 
ciências biomédicas e da engenharia genética, tais como: o transplante de órgãos, a fecundação arti-
ficial e a manipulação dos genes.
Quando usado na expressão ética profissional, o termo ética significa o conjunto de princípios 
a serem observados pelos indivíduos no exercício de sua profissão. É assim que se fala, por exemplo, 
da ética dos jornalistas, dos advogados, dos médicos, dos publicitários.
Tomando partido, entre o fato e o valor
Se dissermos “está nevando”, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o 
juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: “a neve é prejudicial para as plantas” ou “a 
neve é bela”, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo 
de valor.
Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida 
cotidiana, mas também nos estudos do ser enquanto ser e nas ciências, esse tipo de juízo está presente. 
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Ética e cidadania
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Diferentemente deles, os juízos de valor, avaliações sobre coisas, pessoas, situa-
ções são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.
Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimen-
tos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, 
desejáveis ou indesejáveis.
Os juízos éticos de valor são também normativos, isto é, enunciam normas 
que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comporta-
mentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações, segun-
do o critério do correto e do incorreto.
Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, 
crime e vício circunscrevem aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou 
contra o grupo. Simultaneamente, erguem os valores positivos – o bem e a virtude 
– como barreiras éticas contra a violência.
Em nossa cultura, a violência é entendida como o uso da força física e do 
constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua na-
tureza e ao seu ser. Ela é a violação da integridade física e psíquica da dignidade 
humana de alguém. Eis por que o assassinato, a tortura, a injustiça, a mentira, 
o estupro, a calúnia, a má-fé, o roubo são considerados violência, imoralidade e 
crime.
Considerando que a humanidade reside no fato de o homem ser racional, 
dotado de vontade livre, de capacidade para a comunicação e para a vida social, 
de capacidade para interagir com a natureza e com o tempo, nossa cultura e socie-
dade nos definem como sujeitos do conhecimento e da ação, localizando a violên-
cia em tudo aquilo que reduz um sujeito à condição de objeto. Do ponto de vista 
ético, somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos 
se oferecem, portanto, como expressão e garantia de nossa condição de sujeitos, e 
proíbem moralmente aquilo que nos transforma em coisa usada e manipulada.
A ética é normativa exatamente por isso, suas regras visam a impor limites 
e controles ao risco permanente da violência.
O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as 
seguintes condições: 
 ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhe-
cimento da existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele; 
 ser dotado de vontade, capacidade para controlar e orientar desejos, im-
pulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com 
a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alter-
nativas possíveis;
 ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar seus 
efeitos e consequências sobre si e sobre os outros, assumi-la assim como 
às suas consequências, respondendo por elas; 
 ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sen-
timentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos 
que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A 
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Ética e cidadania
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liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o 
poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta. 
Para que uma sociedade subsista, é preciso que haja leis, como é preciso haver regras para 
cada jogo. A maioria dessas leis parece arbitrária, dependem dos interesses, das paixões, 
das opiniões dos que as inventaram e da natureza do clima onde os homens se reuniram 
em sociedade. [...] Em Esparta, encorajava-se o adultério; em Atenas, era punido com a 
morte. O nome do rei é sagrado em muitos nações e abominado em outras. [...] A maioria 
das leis contraria-se tão visivelmente que aquelas que governam um Estado importam 
muito pouco: o que importa é que, uma vez estabelecidas, sejam executadas. [...] A vir-
tude e o vício, o bem e o mal moral são, portanto, em todos os lugares, aquilo que é útil 
ou daninho à sociedade; e, em todos os lugares e em todos os tempos, aquele que mais se 
sacrificar ao público será considerado o mais virtuoso. (VOLTAIRE, 1978)
O campo ético é, portanto, constituído por dois polos internamente relacio-
nados: o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas.
Do ponto de vista do agente ou sujeito moral, a ética faz uma exigência es-
sencial, qual seja, a diferença entre passividade e atividade. Passivo é aquele que 
se deixa governar e arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas cir-
cunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela 
vontade de um outro, não exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade 
e responsabilidade.
Ao contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente seus im-
pulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o 
sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser 
respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, 
avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão 
e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem 
submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções 
e recusa a violência contra si e contra os outros. Numa palavra, é autônomo.
A palavra autônomo vem do grego: autós (eu mesmo, si mes-
mo) e nómos (lei, norma, regra). Aquele

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