Buscar

[APOSTILA] BIOCLIMATISMO NO PROJETO DE ARQUITETURA = DICAS DE PROJETO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BIOCLIMATISMO 
NO PROJETO DE ARQUITETURA: DICAS DE PROJETO 
ALGUNS FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS PARA 
CONCEPÇÃO 
EM CLIMA TROPICAL ÚMIDO 
PARA EDIFICAÇÕES PREVISTAS SEM CLIMATIZAÇÃO OU COM 
CLIMATIZAÇÃO MISTA 
 
 
 
 
Autores: 
Arq. Cláudia Barroso-Krause, D.Sc. 
Arq. Maria Júlia de O. Santos, M.Sc. 
Arq. Maria Lygia Niemeyer, M.Sc. 
Arq. Maria Maia Porto, D.Sc. 
 
Alunos de graduação 
Anna Manuela Rodriguez Carneiro Gomes 
Kamila Cobbe Teixeira 
José Cláudio Peixoto Gomes 
 
Proarq - DTC 
FAU- UFRJ 
 
 
 
Março de 2005 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 2
 
 
Algumas palavras... 
 
Esta apostila propõe, para o aluno de graduação, em linguagem simples, as informações básicas 
para o início da abordagem bioclimática do projeto sujeito à climatização mista e à opção pela não 
climatização; um glossário simples, que explica os principais conceitos (sublinhados no texto) 
utilizados; anexos com instrumentos úteis para o acompanhar o desenvolvimento da concepção do 
projeto e um guia de utilização destes instrumentos no processo do projeto. 
Ela não pretende resolver os problemas ligados ao bioclimatismo e a conservação de energia em 
edificações residenciais ou de climatização mista em clima tropical brasileiro, nem apresentar em 
detalhes todo o resumo do conhecimento disponível sobre o assunto, mas apresentar noções 
básicas que possam ser incorporadas ao processo de início de concepção arquitetônica permitindo 
a otimização do projeto face a seu entorno climático e às necessidades de seus futuros ocupantes. 
A pesquisa em qualidade das construções em clima tropical úmido vai muito mais longe e tem sido 
objeto de pesquisa intensa. Nossos centros universitários - de Norte a Sul do país - e institutos de 
pesquisas tecnológicas vêm procurando integrar e adequar os princípios físicos da transmissão de 
calor e as necessidades de caráter ambiental dos diversos tipos de usuários à nossas diversidades 
climáticas, culturais e às nossas leis de uso do solo. Muitas das informações aqui transmitidas vêm 
dessa massa multidisciplinar de pesquisadores. Outras, de uma geração anterior, a quem o 
pioneirismo deve ser reconhecido. 
Especificamente a pesquisa em conforto ambiental nas edificações tem procurado tomar uma nova 
atitude frente a arquitetura. Ela procura definir uma abordagem do projeto da construção desde 
seu início em ligação “íntima” com o lugar, seu entorno, o clima e os hábitos construtivos locais. Ela 
procura preservar a liberdade de escolha, mas associando-a à sua responsabilidade ambiental. 
Viemos nos dar conta que fomos um pouco longe demais, ao ter confiança cega no uso de 
equipamentos para resolver a posteriori aspectos do conforto ambiental no interior das edificações. 
A arquitetura do século XX se caracterizará talvez (ao menos do ponto de vista histórico) por ter 
dado exagerada importância à tecnologia, a exclusão de qualquer outro valor. De lá esta 
dependência atual em relação ao controle mecânico do ambiente interior, em detrimento da 
exploração dos fenômenos climáticos naturais para satisfação de nossas exigências de conforto. 
Embora tenha havido um grande acúmulo de conhecimento, o acesso à essa informação já 
disponível constitui hoje um dos grandes problemas em todas as áreas, inclusive a da construção. 
A medida que os fenômenos envolvidos tornam-se mais complexos e que a gama de materiais e 
técnicas possíveis se aperfeiçoam, nos defrontamos na prática, à dificuldade de acesso a esse 
saber. 
Assim, em geral, arquitetos, construtores e sobretudo auto-construtores, deixam de lado estas 
informações, mesmo disponíveis, por se apresentarem sob forma técnica, complexa e fastidiosa. 
Donde os erros, ou no mínimo as “prises” de riscos consideráveis na concepção do projeto 
arquitetônico. Com isso, a qualidade do ambiente resultante acaba sempre diferente - e em geral 
bem inferior - do esperado. 
Para o profissional já “em campo” permanece uma certa dificuldade na matéria. Quando sem 
tempo para reciclar, com hábitos já enraizados, acaba com dificuldades para incluir, desde os 
primórdios do projeto os conceitos necessários à uma boa inserção de sua arquitetura no meio. 
Este é talvez o momento mais importante da concepção onde há mais liberdade de escolha 
(implantação, partidos, materiais, etc.), escolha essa que “engessará” para sempre (ou até uma 
reforma) a edificação. 
Assim, hoje, o tema de conforto ambiental faz parte do novo currículo universitário brasileiro do 
curso de Arquitetura. A partir da constatação de que as construções deixaram de responder às 
necessidades mínimas de conforto dos indivíduos e às novas necessidades de conservação de 
 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 3
energia do país, surgiu esta disciplina, ministrada na UFRJ em um período letivo. É disciplina 
introdutória de outras mais específicas, eletivas mas essenciais e fortemente recomendadas à 
formação completa do arquiteto atual. 
Que não se espere obter daqui valores precisos previsionais do comportamento do projeto após 
sua construção. Estes dados serão sempre resultados de um trabalho especializado, de um nível 
de detalhamento muito superior. Mas espera-se que as informações lhes sejam úteis para orientá-
los na iniciação da abordagem bioclimática do projeto. 
 Cláudia Barroso Krause 
 
 
P.S. Softwares, freeware e outras dicas para apoio ao projeto podem ser encontrados na página 
da FAU ( www.fau.ufrj.br ), no link “alunos”. 
 
Conforto Ambiental 2°semestre 2004 Índice 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 4
 
Introdução_____________________________________________________________________________6 
 
1. 
O homem e suas necessidades ambientais. ..................
1.1. O diagnóstico do microclima. ....................
1.2.2 Trocas por condução .................................................. 15 
1.2.4. Muros e esquadrias................................................... 20 
1.3 Insolação e o projeto.................................................... 21 
2.1. A construção e as fontes de luz ........................................... 27 
2.1.2. Fontes de luz natural.................................................. 27 
2.1.3. Fontes de luz artificial ................................................. 28 
3. Homem e suas necessidades acústicas ..................................... 35 
3.2.1 Fonte sonora ........................................................ 38 
3.2.2. Propagação ........................................................ 39 
3.3. Qualidade Acústica ....................
3.3.2. Absorção Acústica / Materiais Absorventes ................................. 43 
3.3.3. Tempo de Reverberação (TR) ........................................... 44 
3.4. O Ruído e Projeto ....................
3.4.2. Qualificação Acústica dos Espaços ....................................... 44 
3.4.3.Tratamento das Fontes de Ruído de Impacto ................................ 45 
3.4.4. Afastar Espaços Sensíveis das Fontes de Ruído ............................. 45 
3.4.5. Isolamento dos Ruídos Aéreos .......................................... 45 
3.4.6. Condicionamento Acústico ............................................. 46 
1. Higrotermia ........................................................... 48 
Material ................................................................ 55 
Anexo T2 – Cartas solares para diversas latitudes ................................. 57 
Anexo T4 – Valores médios de absorção solar (α) e absorção e emissividade (α e ε) 
infravermelha para alguns tipos de materiais opacos (segundo diversos autores). .......... 59 
Anexo T5 – Alguns materiais de construção e suas características térmicas médias. (Segundo 
FROTA e fabricantes – ver bibliografia)......................................... 60 
Anexo T9 – Diversos fatores de sombra normalmente utilizados em projetos.............. 66 
Anexo T10 – Valores de transmissão de calor para vidros ........................... 66 
Material ................................................................ 68 
% reflexão .............................................................. 68 
% transmissão ........................................................... 68 
% absorção ............................................................. 68 
Efeito resultante.......................................................... 68 
Vidro Opaco negro ........................................................ 68 
0,5 68 
0 68 
0,95 68 
Reflexão difusa .......................................................... 68 
Vidro Opaco branco ....................................................... 68 
0,75...0,80 .............................................................. 68 
0 68 
0,25...0,20 .............................................................. 68 
Vidro Transparente 2 a 4 mm ................................................ 68 
0,08 68 
0,9 68 
0,02 68 
Conforto Ambiental 2°semestre 2004 Índice 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 5
Transmissão dirigida ...................................................... 68 
Vidro Mate externo 1,5 a 3 mm ............................................... 68 
0,07...0,20 .............................................................. 68 
0,87...0,63 .............................................................. 68 
0,06...0,17 .............................................................. 68 
Transmissão semi dirigida .................................................. 68 
Vidro Mate interno 1,5 a 3 mm ............................................... 68 
0,06...0,16 .............................................................. 68 
0,89...0,77 .............................................................. 68 
0,05...0,07 .............................................................. 68 
Vidro Opal branco 2 a 3 mm................................................. 68 
0,30...0,55 .............................................................. 68 
0,66...0,36 .............................................................. 68 
0,04...0,08 .............................................................. 68 
Vidro Opal vermelho 2 a 3 mm ............................................... 68 
0,04...0,05 .............................................................. 68 
0,04...0,02 .............................................................. 68 
0,92...0,93 .............................................................. 68 
Transmissão difusa ....................................................... 68 
Vidro Opal laranja 2 a 3 mm ................................................. 68 
0,05...0,08 .............................................................. 68 
0,10...0,06 .............................................................. 68 
0,85...0,86 .............................................................. 68 
Vidro Opal amarelo 2 a 3 mm ................................................ 68 
0,25...0,30 .............................................................. 68 
0,20...0,12 .............................................................. 68 
0,55...0,58 .............................................................. 68 
Vidro Opal verde 2 a 3 mm .................................................. 68 
0,08...0,10 .............................................................. 68 
0,09...0,03 .............................................................. 68 
0,83...0,87 .............................................................. 68 
Vidro Opal azul 2 a 3 mm ................................................... 68 
0,08...0,10 .............................................................. 68 
0,01...0,03 .............................................................. 68 
0,82...0,87 .............................................................. 68 
Papel branco ............................................................ 68 
0,60...0,80 .............................................................. 68 
0,10...0,20 .............................................................. 68 
0,30...0,10 .............................................................. 68 
Reflexão e transmissão difusas............................................... 68 
Papel apergaminhado...................................................... 68 
0,50 68 
0,30 68 
0,20 68 
Pergaminho ............................................................. 68 
0,48 68 
0,42 68 
0,10 68 
Seda branca ............................................................ 68 
0,28...0,38 .............................................................. 68 
0,61...0,71 .............................................................. 68 
0,01 68 
Reflexão semidirigida. Transmissão difusa ...................................... 68 
Conforto Ambiental 2°semestre 2004 Índice 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 6
Seda colorida............................................................ 68 
0,20...0,10 .............................................................. 68 
0,54...0,13 .............................................................. 68 
0,44...0,86 .............................................................. 68 
Hora .................................................................. 73 
Hora .................................................................. 73 
Hora .................................................................. 74 
Hora .................................................................. 74 
Anexo A2 – Tempo de reverberação ideal ....................................... 78 
Vidro simples......................................................................................................................................................................79 
Vidro duplo.........................................................................................................................................................................79 
Bibliografia.........................................................................................................................................................................82 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 7
Introdução 
 
O novo cenário de nossos projetos arquitetônicos: as intervenções humanas e o 
microclima. 
Os grandes centros urbanos assistiram recentemente a uma variação importante no seu 
microclima, em função da mudança do ritmo da atividade humana: os milhares de deslocamentos 
diários dos automóveis, a refrigeração (ou o aquecimento) e a iluminação intensiva dos edifícios e 
dos locais públicos, e mesmo a presença dos milhares de seres humanos constituem hoje fonte de 
calor e de tipos diversos de poluição (ruídos, poeiras, hidrocarburetos e vários produtos das 
combustões), e determinam o microclima urbano. Se a estes fatores se associam situações 
geográficas especiais, assistimos, tanto em São Paulo como em Atenas e na cidade do México - 
situadas em uma depressão e fora do alcance dos ventos de alta velocidade - a um acúmulo 
destes digamos subprodutos das atividades humanas, gerando um adensamento dos gases e uma 
situação de poluição muito forte. 
Resumindo, ao concentrar suas atividades em um só lugar - a cidade - o homem modifica seu 
microclima: acontecem temperaturas médias mais elevadas, há a modificação do regime de 
chuvas, o aumento da nebulosidade devido à poluição do ar. As chuvas, sendo rapidamente 
evacuadas para o sistema de esgoto, pelo excesso de solo impermeável, não tem tempo de 
refrescar o solo e o ar, salvo perto dos parques e jardins. Bairros inteiros passam a sofrer com o 
calor no verão e na meia-estação. Estes bairros, mais quentes, acabam atraindo as massas de ar, 
e, como estas estão carregadas departículas poluentes, tornam-se bairros quentes e poluídos. 
As antigas regras de bem morar dormir de janelas escancaradas, cercar-se de muros baixos, 
insinuantes de propriedade, se modificam: por medo ou ruído ou chuva, não se permite a livre 
circulação de ar no interior das construções; os muros, cada vez mais altos e impenetráveis, 
afastam os ventos de todo o terreno. Construções em "paredão" como em Copacabana, impedem 
também o acesso dos ventos locais aos quarteirões internos, impedem o acesso do Sol às ruas 
estreitas e aos andares mais baixos das edificações, prejudicando a qualidade do ar em climas 
úmidos. 
Mas não é só o meio urbano quem sofre. As zonas rurais padecem das filosofias agrícolas 
"modernas", e das novas implantações de fábricas, ambas trabalhando com a técnica de terreno 
arrasado. Limpa-se e planifica-se o terreno e em seguida começa-se, com mais "conforto" o projeto 
de implantação. Com a retirada da camada fértil do solo, e da variedade florestal existente, o 
microclima se modifica. Uma parte importante da fauna e da flora desaparecem e permite a 
ocorrência de erosão e do empobrecimento progressivo do solo. A qualidade da água dos 
mananciais é comprometida e será, segundo alguns o desafio maior do próximo século. Perde-se o 
amortecimento da vegetação em relação à ação das chuvas, dos ventos, da radiação solar. A 
amplitude de temperatura aumenta. 
O microclima se degrada e as soluções tradicionais de projeto deixam de responder aos anseios 
de seus usuários. 
O homem e suas necessidades ambientais. 
Sentir-se confortável é talvez a primeira sensação procurada pelo ser humano. O bebê confortável 
ressona ou brinca tranqüilo e, a medida que esse equilíbrio vai se rompendo, dá sinais claros de 
agitação e descontentamento. Cada um de nós é incapaz de descrever, quando confortável, os 
limites ou as características desta sensação. Entretanto, ao rompimento deste estado, 
conseguimos descrever se trata de um ruído, um excesso - ou falta - de calor, uma ausência ou 
excesso de luz que nos incomoda. 
Depreendemos daí que só existe um conforto, global, indefinível, mas várias fontes, independentes 
(mas capazes de se somarem) de desconforto. Assim, o que nos preocupa na realidade não é o 
conforto, mas o desconforto. É este que devemos bem conhecer, para melhor determinarmos suas 
causas. Desta forma, poderemos, no projeto nosso de cada dia, projetar mecanismos para evitar 
ou minorar suas conseqüências. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 8
Por uma questão de hábito, chamaremos este estudo de conforto ambiental. Dividiremos neste 
curso a noção de conforto ambiental basicamente em três: conforto térmico, lumínico e acústico; 
embora como vimos sejam apenas algumas das facetas1 de um único conceito que envolve o 
Homem e suas necessidades ambientais. Conhecendo as bases conceituais destes "confortos”, 
capacitamo-nos ao projeto arquitetônico responsável com o usuário e o seu entorno. 
 
1 Aliás, como arquitetos, outros confortos igualmente importantes nos são cobrados, como o respiratório, ergonômico, táctil, visual, 
etc..que devem interagir no momento das decisões projetuais. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 9
1. O homem e suas necessidades higrotérmicas 
 
O homem é o que chamamos um animal homeotérmico, ou seja, sua energia vital é conseguida 
através de fenômenos térmicos em um processo chamado metabolismo. Sua energia útil, 
entretanto é apenas 20% da metabolizada. Os restantes 80% são transformados em calor e devem 
ser eliminados para que o equilíbrio seja mantido. 
Sempre que o organismo, através de seu sistema termo-regulador, necessita trabalhar muito para 
manter este equilíbrio, ocorre a fadiga, e a conseqüente queda de rendimento das atividades, em 
um primeiro estágio, e a longo prazo, algum tipo de dano físico (tontura, desmaio, etc.). É o que 
pode acontecer, por exemplo, ao se jogar partidas seguidas de vôlei de praia no verão sem 
descanso, ou durante as corridas feitas em horários de muito calor, etc. 
Assim, o conforto higrotérmico é obtido sempre que consegue manter, através das trocas 
higrotérmicas (Fig.T1), um equilíbrio entre seu corpo (que está em torno de 36,7°C) e o entorno. 
 
 
 
M - Metabolismo, ou a produção de calor interno do corpo. 
R - trocas por radiação. Entre o Sol e o corpo, entre o corpo 
e a abóbada celeste, entre o corpo e os demais corpos 
(paredes, etc.) 
C - trocas por condução, contato. Entre o corpo e toda 
superfície em que ele toca. 
Cv - trocas por convecção. Entre o corpo e o ar que está 
em seu contato direto. 
E - trocas por evaporação. Eliminação do calor pela troca 
pulmonar, na expiração e através da pele, pelos poros. 
Fig. T1 – Trocas higrotérmicas entre o homem e seu entorno. 
 
 
As trocas ilustradas anteriormente ocorrem todo o tempo e podem mudar de sentido - de perda 
para ganho de calor - segundo haja mudança de local, de momento (dia/noite), de atividade 
(metabolismo) e de vestuário2. O fundamental, para que estejamos em sensação de conforto 
higrotérmico é que o somatório dessas trocas seja nulo. Ou seja, todo calor que estejamos 
produzindo em excesso possa ser eliminado e que não percamos calor necessário à manutenção 
do equilíbrio interno3. 
Ou seja, o rendimento de qualquer atividade, possui um vínculo estreito com as condições 
higrotérmicas do seu entorno. Para conhecer estes valores, várias pesquisas foram feitas com 
inúmeras pessoas em várias situações. Os resultados foram transformados em gráficos de ajuda 
ao diagnóstico de conforto higrotérmico chamados diagramas bioclimáticos. Eles interpretam os 
valores instantâneos de umidade e temperatura do ar em função de parâmetros de conforto. O 
mais utilizado é o realizado pela equipe do Prof. Givoni4 (Fig. T2). 
 
 
2 na realidade, de forma mais completa, podemos afirmar que o bom aproveitamento da atividade humana - no lazer ou no trabalho - é 
função (com pesos distintos e variáveis) do perfil de cada indivíduo. Chamaremos aqui de perfil sua descrição em termos de compleição 
física (devido à idade, tamanho, sexo, saúde, raça, etc. ..), vestimenta, atividade, e, de mais difícil mensuração, de seus fatores 
econômicos, sociais e psicológicos. 
3 ou seja, para garantir as condições de saúde do organismo, necessitamos que a equação M ±R ± C ± Cv - E = 0 se mantenha ao 
longo do tempo. 
4 Fonte GIVONI 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 10
 
 
 
N, N' - zona de conforto e zona de conforto ainda 
aceitável. 
AC - resfriamento através de métodos ativos 
(condicionamento de ar). 
EC, EC' - resfriamento através da evaporação. W - necessidade de umidificação suplementar. 
D - desumidificação necessária. H,H' - limite do aquecimento por métodos passivos. 
V,V' - resfriamento através de ventilação. M,M' - uso de materiais do envoltório construtivo. 
 
Fig. T2 – Diagrama original de Givoni e as situações “vividas” fora do polígono de conforto. 
 Fonte: GIVONI, A – L´homme, L´architeture et le Climat 
O diagrama do Prof. Givoni identifica “zonas” de conforto e/ou de estratégias de arquitetura 
bioclimática, em função dos valores que encontramos no local de umidade e temperatura do ar. 
Fora do poligono central – N ou em verde na figura T2 – encontram-se situações climáticas 
associadas à sensações de desconforto higrotérmicas, que podem ser corrigidas ou minoradas se 
aplicarmos as respectivas estratégias. 
 Assim, se plotarmos em um diagrama bioclimático como o anterior os principais valores de 
temperatura e umidade de um local, poderemos obter um primeiro diagnóstico de seu clima e das 
melhores estratégias de projeto.Exemplo (Fig. T3): 
 
Cidade dados climáticos médios diagnóstico 
Estação verão inverno verão inverno 
Valores temperatura média (°C) 
umidade rel. 
média (%) 
temperatura 
media (°C) 
umidade rel. 
média (%) 
 
Belém 26,2 83 26,2 82 
Brasília 21,5 77 18,1 65 (50) 
Fortaleza 27,3 74 25,9 81 
R. de Janeiro 25,5 76 20,6 23,3 
São Paulo 20,4 80 15,6 80 
Porto Alegre 23,3 70 14,2 85 
 
Fig. T3 - Tabelas climatológicas do Min. da Aeronáutica - Período 1961/1965 (Fonte: FROTA) 
 
O que é importante entender é que a escolha das estratégias deve ser feita em função do tipo e do 
período de ocupação (meses e horas do dia). Em homenagem ao belo trabalho de apoio 
desenvolvido pelos Labcon e LabEee (UFSC), ilustremos com as estratégias adequadas para um 
projeto de casa de férias usada prioritariamente no inverno ou no verão em Florianópolis.(Fig. T4) 
 
 
mucosas 
desidratação
suor 
aparente 
frio 
condensação 
nas partes frias 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 11
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. T4 - Diagramas bioclimáticos aplicados a Florianópolis para período de 24h no inverno (15/06 
a 15/08) e no verão (15/11 a 15/02). Fonte : Programa Analysis 2.0 - LabEEE UFSC 
 
1.1. O diagnóstico do microclima. 
 
Além do tipo de clima, para todo estudo arquitetônico, é necessário o conhecimento do microclima 
envolvido, ou seja, o clima do entorno próximo. Os valores que encontramos nas estações 
meteorológicas, são medidos em circunstâncias muito especiais e em geral distintas daquelas do 
nosso dia a dia. É necessário um estudo, sobre planta de relevo, para verificar as mudanças 
ocasionadas por topografia, cobertura vegetal, densidade urbana, etc. Da mesma forma que as 
montanhas, construções vizinhas podem esconder a radiação solar direta, refletir os raios de Sol, 
obstruir e modificar o sentido ou a velocidade dos ventos dominantes. 
Na realidade, no estudo do microclima existe um limite além do qual, o assunto torna-se estudo de 
urbanismo, escapando às possibilidades de intervenção do arquiteto. Desta forma, é preciso 
avaliar apenas o impacto do entorno próximo à edificação - entorno natural, construído ou legislado 
- sobre a performance da construção. O que queremos é conseguir identificar os elementos 
específicos deste entorno capazes de modificar os dados climáticos padrão das estações 
meteorológicas. 
Para uma primeira definição das estratégias bioclimáticas de projeto, não sendo possível conseguir 
os dados das estações climatológicas, uma pesquisa no terreno pode ajudar-nos a determinar qual 
o tipo de clima em jogo. Medem-se os valores médios (média das médias) da temperatura do ar e 
da umidade dos meses extremos - que são os piores - e aplica-se na tabela a seguir (Fig. T5): 
 
TEMPERATURA diagnóstico UMIDADE ABSOLUTA diagnóstico 
< que 10°C Frio > 6 g/Kg Úmido 
 <4 g/Kg Seco 
10°C a 20°C Temperado > 6 (10°C) e >9 g/Kg (10°C) Úmido 
 < 4 g/kg5 Seco 
20°C a 30°C Quente > 10 (20°C) e >16 g/Kg (30°C) Úmido 
 <4 g/Kg Seco 
> que 30°C Muito Quente > 186g/Kg Úmido 
 < 14 g/Kg Seco 
Fig. T5 - (Fonte FERNANDEZ) 
 
Combinando os diagnósticos de temperatura e umidade é possível gerarmos definições de clima 
como temperado úmido, quente seco, etc. Os resultados servirão de base na escolha das 
estratégias mais adequadas. 
Quanto aos ventos, em caso de ausência de dados, uma conversa com um ribeirinho, uma olhada 
no terreno com uma bússola e a tabela de Beaufort (ver figura T6), em horas, dias e estações 
 
5 Segundo a relação de tensão de vapor do diagrama de GIVONI, pg. 32. 
 
0
5
10
15
20
25
30
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
TBU[°C]
W[
g/
Kg
]
1
2
3
4
5
6
7
ento
89
10
11
12
0
5
10
15
20
25
30
0
5
1
1
2
2
3
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
TBU[°C]
1
2
3
4
5
6
7
ento
89
10
11
12
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 12
diferentes, podem nos dar uma idéia, pela simples observação dos fenômenos ocorrentes, da 
velocidade e direção dos ventos e do tipo de abertura e esquadria necessária ao pleno 
aproveitamento deste recurso natural (exemplo de aplicação no anexo T7). 
 
Fig. T6 – Tabela de BEAUFORT ref.: Gret (ver bibliografia) 
Os dados geo-climáticos podem ser assim em seguida classificados pelo arquiteto como 
vantagens, trunfos, ou desvantagens, facilitando sua compreensão na escolha das estratégias de 
resfriamento passivo ou ativo, umidificação, desumidificação, aquecimento passivo ou ativo, 
inércia, etc., e serem incorporados à seu estilo, sua estética e a de seu entorno. 
 
1.2. A construção, o usuário e o clima 
 
Gerar uma arquitetura adequada a determinado clima significa elaborar espaços que propiciem ao 
seu usuário condições internas microclimáticas compatíveis ao funcionamento de seu metabolismo 
nas diversas atividades ali exercidas. 
Como dissemos antes, o conforto higrotérmico é obtido sempre que se consegue manter, através 
de trocas com o meio ambiente ou via uma mudança metabólica, um equilíbrio entre o corpo e o 
entorno. 
Já temos um instrumento – o diagrama bioclimático de Givoni – que nos permite verificar quais as 
estratégias mais eficazes para garantir no interior das edificações um nível de temperatura e 
umidade compatível no período ocupado com a atividade prevista. 
Por exemplo, no diagrama de Givoni aplicado para a cidade do Rio de Janeiro ( Ilha do Fundão) e 
para um período de ocupação total observamos a seguinte repartição de horas de conforto: 15% 
frio (mas não tanto quanto em Florianópolis), 20% conforto e 65% calor (Fig. T7). 
Escala 
de 
Beaufort 
Velocidade dos 
ventos Fenômenos comumente observados 
0 0 a 0,2 m/s a fumaça (churrasqueira, chaminé, cigarro, etc.) sobe de forma vertical. 
1 0,3 a 1,5 m/s o vento faz a fumaça se inclinar, mas ainda não consegue girar um cata-vento.
2 1,6 a 3,3 m/s o ser humano percebe o vento no rosto, as folhas das árvores e do cata-vento começam a se mexer. 
3 3,4 a 5,4 m/s as folhas e os pequenos ramos das árvores se mexem de forma contínua e o vento faz as bandeiras se mexerem. 
4 5,5 a 7,9 m/s o vento tira a poeira do chão e levanta folhas de papel. 
5 8,0 a 10,7 m/s as pequenas árvores começam a balançar e começa a fazer espumas nas ondinhas dos lagos. 
6 10,8 a 13,8 m/s fios elétricos começam a se mexer e fica muito difícil usar guarda-chuva. 
7 13,9 a 17,1 m/s as árvores ficam completamente agitadas e fica muito difícil de se andar de frente para o vento. 
8 17,2 a 20,7 m/s os pequenos ramos das árvores se quebram e não se pode andar normalmente sem um esforço terrível, de frente para o vento. 
9 20,8 a 24,4 m/s as telhas dos telhados começam a ser arrancadas, ocorrem pequenas catástrofes com relação à casa. 
10 24,5 a 28,4 m/s normalmente só ocorre no mar. Quando ocorre na terra, pode arrancar árvores com a raiz. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 13
 
Legenda: 
1- Conforto 2- Ventilação 3-Resfriamento evaporativo 
4-Massa térmica para resfr. 5- Ar-condicionado 6-Umidificação 
7- Massa térmica/ Aquec. solar 8- Aquec. Solar passivo 9-Aquec.Artificial 
Fig. T7 - Diagrama de conforto para Rio de Janeiro. Fonte: Efic.Energ.Arq. (CD) Lamberts et all 
 
Ora, não nos cabe - como arquitetos - interferir em estratégias que impliquem em uma mudança 
metabólica (mudança de vestuário ou de atividade, por exemplo). 
Desta forma só nos resta assegurar, via criação do envelope construtivo, uma relação favorável 
entre as necessidades humanas e o clima. Assim, retomando a figura das trocas higrotérmicas 
(Fig. T1), podemos inserir os elementosconstrutivos mais comuns e analisá-los (Fig. T8): 
 
 
 
Principais trocas higrotérmicas entre o 
homem e a construção: 
R - trocas por radiação: entre o Sol e a 
construção, entre a abóbada celeste e a 
construção, entre o corpo e as paredes, entre as 
paredes. 
C - trocas por condução, contato entre o corpo e 
toda superfície em que ele toca, através das 
paredes. 
Cv - trocas por convecção. Entre o corpo e o ar 
que está em seu contato direto, entre o ar e as 
paredes (externa e internamente). 
 
 Fig. T8 
 
 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 14
1.2.1 Trocas por radiação 
 
Vejamos onde acontecem as trocas por radiação na construção: 
• nas superfícies exteriores da construção, coberturas e fachadas, por absorção da 
radiação solar, e emissão de calor6 para o céu ou para a abóbada celeste; 
• nas superfícies internas da construção expostas à radiação solar, por absorção da 
mesma e emissão , se possível7, de calor para a abóbada celeste; 
• entre as superfícies internas da construção, paredes, teto e piso, por absorção e 
emissão de calor e entre aquelas e o corpo humano , segundo a temperatura que se 
encontrem . 
Exemplos: Lareiras e tetos radiantes (Fig. T9). 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. T9 
 
O que acontece? O fogo da lareira irradia tanto para o próprio corpo da lareira quanto para o 
espaço à frente da 'boca'. Ao entrar em contato com corpos sólidos, as ondas eletromagnéticas 
absorvidas provocam efeitos térmicos (esquentam). Lembramos neste exemplo que a radiação não 
esquenta o ar como um todo. Este se aquece indiretamente pela convecção provocada pelo 
aumento de temperatura das superfícies atingidas pela radiação, (ver exemplo de convecção no 
glossário). Se por acaso a lareira for mal feita, a parede da lareira deixará passar, por 
condução, o fluxo de calor provocado pelo excesso de temperatura da superfície interna da lareira. 
Outro exemplo de aplicação da radiação em arquitetura ilustrado na figura T9 é o conceito de teto 
radiante, usado em locais frios. O forro possui um sistema ativo de aquecimento (uma resistência 
elétrica ou tubulação de água quente embutida no teto). O teto aquecido esquenta por radiação o 
ambiente abaixo, sendo conseguida até uma diferença de 6 a 7°C acima da temperatura do ar. 
Como idéia de sua eficácia, para uma temperatura do ar de 17°C, é possível obter-se uma 
temperatura resultante de 23° a 24°C, em uma diferença da sensação que vai do frio ao conforto. 
A variação da radiação solar recebida ao longo de um dia, para cada m2 de uma superfície, pode 
ser simulada através de programas de computador. Verifica-se maior ou menor ganho de calor de 
acordo com a orientação ou inclinação destas superfícies, que podem ser fachadas ou águas do 
telhado de uma construção. 
Um dos programas simuladores aos quais temos acesso chama-se CASAMO. Veja exemplo de 
simulação no anexo T3. 
É importante notarmos ainda que a emissão ou a absorção das ondas eletromagnéticas é função 
da geometria da troca, da temperatura dos corpos e das características do material de 
revestimento das superfícies. O que nos dá instrumentos para manipular essas trocas, 
aumentando-as ou reduzindo-as. O anexo T4 mostra as características de alguns materiais quanto 
à capacidade de absorção à radiação solar e de emissão e absorção em relação a outros corpos, 
para trocas de calor (na faixa do infravermelho). 
 
6 Chamamos aqui de calor às emissões de ondas eletromagnéticas na faixa do infravermelho. 
7 Alguns elementos de construção, como o vidro, são capazes de deixar a radiação solar atravessá-los, permitindo que alcance piso e 
paredes, mas impedem, por sua constituição, a emissão de ondas de calor (ou na faixa do infravermelho), no sentido contrário, de volta 
à calota, retendo o calor no ambiente. É o princípio do tão famoso efeito-estufa. 
R 
R 
R 
Cv 
C 
Cv 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 15
Assim em climas quentes, lajes planas recebem uma carga térmica muito maior que telhados 
inclinados e prioriza-se o uso de cores claras nos revestimentos, pois oferecem fatores de 
absorção solar baixos, em torno de 0,20 a 0,30, impedindo a absorção de 80 a 70% da radiação 
solar incidente respectivamente. 
Telhados em lajes com revestimento asfáltico (betume) aparente (α = 0,90), por exemplo, deixam 
entrar 70 % mais de radiação solar que a mesma laje revestida com pintura a óleo branca (α = 
0,20). 
No Rio de Janeiro, no verão, isto significa que estamos trabalhando potencialmente com valores 
bastante diferentes segundo nossa decisão de projeto: 
- laje plana com asfalto: 7846 Wh/m2 x 0,90 =7061,4 Wh/m2 
- mesma laje com pintura clara: 7846 Wh/m2x0,30 =2353,8Wh/m2, ("ganho" evitado de 4700Wh/m2) 
- telhado de uma água (25°) à Sul c/ o revestimento anterior (pintura clara): 7007 Wh/m2 x 0,30 = 
2102,1 Wh/m2, 
teremos um "ganho" evitado de 5744 Wh/m2 ao longo de um só dia em relação à laje tradicional e 
250 Wh/m2 em relação à laje plana - um excelente método de resfriamento passivo, não? 
Embora, lembrando sempre que como arquitetos, devemos pensar nos demais fatores 
determinantes de projeto, tais como a manutenção de um revestimento, antes de escolhermos um 
material exposto às intempéries. (Por que?) 
 
1.2.2 Trocas por condução 
 
Vimos através da figura T9, que as trocas térmicas por condução são as responsáveis pela 
"chegada" e "partida" do calor nos ambientes. Isto porque é ela quem propicia a propagação do 
calor através de um corpo homogêneo ou entre camadas distintas de um corpo em temperaturas 
diferentes. 
O fluxo de calor variará em função da densidade do material (o ar enclausurado é melhor isolante 
que a matéria), de sua natureza química (medida através da condutividade) - onde materiais 
amorfos são menos sujeitos à condução que os cristalinos, e de sua taxa de umidade (já que a 
água é melhor condutora de temperatura que o ar). Veja as características térmicas médias de 
alguns materiais de construção no anexo T5. 
Em projeto, o importante é que a condução constitui o mais poderoso instrumento, junto à radiação 
para controle das condições higrotérmicas internas das edificações, instrumentos extremamente 
necessários para obtermos conforto por meios passivos ou o mais baixo consumo de energia 
elétrica nos casos onde necessitemos utilizar resfriamento ativo8 ( ar condicionado). 
Vamos dar um exemplo: 
Uma sala onde necessitemos condicionar artificialmente o ar (sala de computadores por exemplo), 
e mantê-lo a 18°C para que a temperatura resultante fique em torno dos 20-21°C. Se as 
temperaturas das paredes desta sala forem muito superiores a 18°C, ocorrerão trocas por 
convecção e o ar da sala não ficará naquele patamar exigido pelo projeto de 18°C. Imaginemos 
que estamos em um instante que o Sol aparece e o exterior está a 37°C (Fig. T10): 
 
8 Lembramos que o princípio da climatização ativa é o de obter o conforto ao uso mínimo de energia. Não se trata de sacrificar as 
condições de conforto higrotérmico, mas assegurá-las racionalmente. 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 16
Fig. T10 
No instante seguinte o que acontece: 
 - a parede externa, em função do material que escolhemos sofre um incremento de temperatura, e 
chega, digamos a 40°C. Tendo de um lado 40°C e de outro 18°C, inicia-se um fluxo de calor de 
fora para dentro que só irá parar quando as duas superfícies limites da parede estiverem em uma 
temperatura de equilíbrio. 
Imaginando, por absurdo, que os raios solares deixem de chegar (Fig. T11), que não haja mais 
trocas da parede externa com o exterior e que não haja mais nenhuma outra fonte interna de troca, 
este valorserá: (40° + 18°) /2, ou 29°C. 
 
Fig. T11 
A nova temperatura resultante de equilíbrio será: (18° + 29°)/2 =23,5 °C; obrigando o sistema de 
condicionamento de ar a ser projetado para uma temperatura de entrada mais fria, o que gerará: 
- um consumo maior de energia; 
- um desconforto no usuário provocado pelo insuflamento de um ar a uma temperatura muito mais 
baixa que a circundante. 
 
O que fazer? Trabalhar com o projeto e os materiais de forma a: 
- ter o mínimo de absorção solar na superfície externa - via escolha de orientações apropriadas de 
fachadas (anexo T3), sombreamento e/ou fatores de absorção solar baixo (anexo T4); 
- escolher materiais de pouca condutividade (anexo T5); 
- trabalhar com a espessura das paredes (vejam na fórmula da condução acima que a espessura 
(e) aparece no denominador, ou seja, quanto maior for (e), menor será o valor do fluxo 
transmitido). 
Naturalmente a situação é ainda mais importante quando não estivermos climatizando, pois não 
teremos uma "fonte de frio" para compensar o fluxo de calor que estará chegando. 
 
1.2.3 Trocas por convecção 
 
As trocas por convecção constituem o recurso mais próximo ao ser humano, pois intervém 
diretamente na capacidade do ser humano de evacuar o calor pela evaporação nos poros. Ela 
serve também, para dissipar o calor acumulado nas superfícies internas da edificação - paredes, 
pisos e teto. 
Além disto é ela quem garante a manutenção da qualidade do ar que respiramos. Se a taxa de 
renovação de ar de um ambiente é insuficiente para o tipo de atividade que ali se desenvolve, o 
usuário será prejudicado, a respiração torna-se menos ativa e há o aparecimento de uma fadiga 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 17
prematura e o risco de contaminação aumenta9. Embora possa aumentar segundo a atividade 
exercida, admite-se como taxa de renovação mínima de ar novo para obtermos a qualidade do ar 
interno, um valor em torno de 30m³/h por pessoa. No anexo T7, o quadro 4 traz um cálculo 
estimado de vazão de ar segundo o tipo de esquadria, da posição da abertura e do entorno 
construído e alguns valores de renovação desejáveis. 
Voltando ao conforto higrotérmico: em climas quente-úmidos, onde o corpo perde pouco calor por 
radiação e por condução (porque as temperaturas ambientes estão elevadas) e se refresca pouco 
através da transpiração, devido à alta umidade relativa do ar, as correntes de ar controladas 
podem agir de forma bastante positiva para obtermos um conforto higrotérmico no verão. 
Como funciona? Através de um meio fluido - o ar - em movimento ele promove "trocas térmicas por 
condução" de diversas zonas gasosas do ambiente e entre o ar que nos circunda e a pele de 
nosso corpo e dos elementos sólidos em contato - paredes, tetos, pisos, móveis, etc. - criando um 
processo de equilíbrio térmico. 
Essas trocas ocorrem naturalmente sempre que há uma diferença de temperatura entre um sólido 
e um gás, ou uma diferença de pressão entre dois pontos gasosos distintos. 
Na Natureza, os principais responsáveis pelas trocas por convecção são os ventos. Embora um 
estudo mais aprofundado dos ventos e de seu manuseio seja complexo, podemos adiantar 
algumas ponderações úteis para o projeto: 
 
1- À medida que o ar se aquece, ele fica mais leve (ou menos denso) e sobe, cedendo espaço 
para outra massa de ar mais frio (e mais denso). O ar quente que sobe cria uma área que 
chamamos de depressão (sucção) e o ar frio que desce gera uma força de pressão sobre a 
terra (Fig. T12). 
 
 
 
 
 
 
Fig. T12 
 
No interior das construções o mesmo fenômeno acontece: o ar aquecido tende a se estratificar, ou 
seja, a subir rumo ao forro (ou a um eventual andar de cima) e, uma vez sem ter para onde se 
deslocar, cria uma camada quente estacionária, que irá aquecer o teto, provocando trocas por 
radiação complementares (Fig. T13). 
 
Fig. T13 
 
 
 
2- O vento possui movimento preponderantemente horizontal (Fig. T14) com duas características 
essenciais: turbulência e velocidade: a turbulência se caracteriza por um movimento 
 
9 Diversos parâmetros agem sobre a qualidade do ar e o homem é extremamente sensível às menores variações de sua composição. 
Por exemplo a proporção de CO2 no ar fresco é em torno de 0,03% em volume. Logo que esta proporção atinge 0,15%, o ar já é 
considerado viciado, a partir de 0,4%, acontecem as dores de cabeça e os problemas de concentração. 
pressão depressão 
-+
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 18
desordenado do vento em várias direções, provocado pela rugosidade em grande escala 
(prédios), é maior perto do solo e diminui com a altitude; a velocidade do vento aumenta à 
medida que a altitude (altura) aumenta até tornar-se estável (z ± 400m). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. T14 - Em vista e em planta o deslocamento esquemático do ar. 
 
Para o projeto isto significa algumas interferências diretas: 
- Em zona muito urbanizada (com muitos obstáculos), nós não contamos em geral com a 
intensidade do vento que nos é oferecida pela estação meteorológica e sim com um valor 
menor e eventualmente até em direção contrária, como mostra a figura T14; 
 
- Com as maiores diferenças de velocidade e direção se dando até 100m do solo, a criação de 
edifícios de grande altura merece um estudo mais aprofundado dos ventos locais, do entorno 
construído e a construir (Fig. T15). A turbulência piora com a altura pelo aumento do 
movimento aleatório provocado pelo encontro com a subida do ar por convecção (pela 
diferença de temperatura entre a área da empena junto ao térreo e ao teto); uma solução seria 
a adoção do uso de pilotis, que direcionam o fluxo a nível do solo, afastando a zona de 
turbulência da fachada posterior do edifício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. T15 
 
- Quando da implantação de diversas unidades residenciais independentes, é importante evitar 
o efeito de barreira à ventilação (causado pela obstrução frontal ao vento da fachada mais 
ampla das construções da primeira fila). De uma maneira genérica, quanto mais alta a 
edificação, mais afastada será a zona de turbulência da fachada oposta à direção dos ventos 
dominantes; esta situação pode ser atenuada pela alternância das posições, o que vai 
aumentar as zonas de pressão (que irão "succionar" as turbulências). Um esboço desta 
solução e algumas proporções podem ser observados na figura T16 a seguir: 
Linha de separação 
Zona de 
turbulência 
Ponto de 
atração 
 - 
- + 
- + 
+
+ 
- 
- 
-
- 
+
+ 
- 
--
-
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 19
Fig. T16 - (Fonte: Hertz) 
 
- De uma forma geral o ar externo passa pelas construções seguindo a direção dos ventos ou 
por uma diferença de temperatura gerando zonas de pressão e de depressão (Fig. T16) e 
passará por seu interior entrando pelas zonas de pressão (+) e saindo pelas de depressão (-). 
Assim é fundamental que nos asseguremos de que exista efetivamente uma superfície de 
entrada e outra de saída para este ar em cada ambiente (permeabilidade da construção), a fim 
de garantir que a renovação de ar ocorra satisfatoriamente. 
 
3- Horário da ventilação. Considerando que quando promovemos a entrada e saída do vento no 
nosso projeto, facilitamos o equilíbrio das temperaturas externa e interna, um cuidado a se 
tomar é quanto ao horário de troca. A ventilação cruzada, estratégia mais comum causadora 
das trocas por convecção, faz entrar em equilíbrio a temperatura interna do ar com a externa. 
Assim, em horas de temperatura externa superior à interna, deixa de ser interessante o uso 
sem controle da ventilação. Em contrapartida, uma boa opção de esquadria e posição de 
aberturaspode permitir ao usuário resfriar seu ambiente em caso de queda de temperatura por 
chuvas ou noite, sem que sua rotina seja alterada.( Anexo T8 ) 
 
4- De uma maneira geral, em climas quentes, o uso de forros ventilados é sempre uma boa 
estratégia a qualquer hora. Isto porque, como vemos no glossário, a intensidade do fluxo 
térmico se expressa por: q= hc ∆T (W/m2) onde hc (W/mºC ) é um coeficiente de trocas 
térmicas que varia segundo a posição da troca - horizontal ou vertical - e a sua velocidade de 
passagem. E ∆T é a diferença de temperatura das duas superfícies onde ocorre a troca por 
radiação, no nosso caso, a superfície interna do telhado e a superior do forro. 
 
 
 
Fig. T17 
 
Agora se observarmos a figura anterior, poderíamos afirmar que, ao menos durante o dia, a 
temperatura do telhado será sempre mais elevada que a temperatura externa (pois soma-se à 
temperatura externa em contato com o telhado a parcela oriunda da absorção solar). Assim, 
ventilando bastante o ático, promovemos trocas entre a superfície interna do telhado e o ar exterior 
que passa, diminuindo sua temperatura. A temperatura de superfície sendo mais baixa, ocorrerá 
menos troca por radiação entre a parte inferior do telhado e o forro; donde menor temperatura de 
forro e menos fluxo de calor atingindo o ambiente. 
É, aliás, o que torna tão atraente a telha de barro colonial sem verniz ou pintura: 
A = altura média 
das edificações da 
primeira linha 
< 2 A
A
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 20
 
 
 
 
Fig. T18 - Esquema de ventilação natural das telhas 
 
Essas e várias outras estratégias são utilizadas para climatizar naturalmente ambientes, com e 
sem uso de umidificação. Em climas muito secos, como Brasília, o recurso de piscinas na direção 
do vento e próximas às casas, constitui um desses recursos. O vento ao soprar por sobre a 
superfície de água, se umidifica (em valores absolutos), o que faz refrescar o ar (ver anexo 
T1/Diagrama Bioclimático de Givoni) e assegura uma umidade relativa menos baixa e mais 
confortável. 
 
5- Finalmente, o vento pode trazer sensação de frescor (por quê?), mas também de desconforto, à 
medida que se torna mais forte do que nossa necessidade de eliminação de suor. Embora varie 
em função da vestimenta, da atividade de condições metabólicas e da temperatura circundante, 
podemos admitir as seguintes velocidades do ar como as máximas confortáveis para evitar a 
sensação de arrepio, que é uma reação do organismo à perda de calor acima da desejada (Fig. 
T19): 
 
Velocidade máxima 
tolerada (m/s) 
situação do usuário (atividade) 
5 sentado ou em pé, imóvel. 
10 estado de pouca mobilidade (conversando em pé, dando pequenos 
passos). 
15 andando. 
25 andando rápido ou correndo. 
>25 desconforto em qualquer atividade. 
Fig. T19 - Fonte FERNANDEZ 
 
O mais importante nesta fase de interação com os conceitos do bioclimatismo talvez seja que 
absorvamos a noção de que o aproveitamento da ventilação natural é uma estratégia muito 
importante para o conforto e a economia de energia em edifícios residenciais10. Somente a sua 
otimização deve ser pensada na fase de projeto e em função do entorno para uma correta 
adequação do sistema de aberturas e esquadrias em relação aos ventos disponíveis. 
E que ao invés do pensamento tradicional de concepção do projeto "em planta" para posterior 
elevação, em bioclimatismo é necessário e útil que o projeto seja elaborado simultaneamente em 
elevação... 
1.2.4. Muros e esquadrias 
Os muros e as esquadrias são os "elementos" que administram a ventilação disponível no entorno 
construído. 
 
 
 
 
 
Fig. T20 - (Fonte Hertz) 
A correta escolha de seu tipo e de sua posição no ambiente projetado é que determinará o melhor 
aproveitamento dos ventos incidentes e garantirão a permeabilidade da edificação. É muito 
 
10 E públicos, comerciais, industriais..., dependendo das opções de projeto de climatização feitas e do entorno climático. 
Altura = h 
Distância à casa = 2m 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 21
importante que não se confunda aberturas destinadas à renovação de ar e destinadas à 
iluminação. 
Os desenhos a seguir (Fig. T21) ilustram bem esta diferença. As aberturas para ventilação dos 
ambientes serão sempre no máximo de mesma superfície que aquelas projetadas para iluminação 
do ambiente. 
Em clima tropical úmido torna-se muito importante que se tenha o pleno aproveitamento das 
aberturas para a ventilação – mesmo em situação de chuvas – para garantir o melhor 
aproveitamento possível, já que a ventilação cruzada não é matéria fácil de se obter em 
empreendimentos multifamiliares. 
 
 
 
Fig. T21 - Tipos diferentes de esquadrias e muros. 
 
No anexo T 7 encontram-se alguns valores de redução do vento disponível em função do entorno, 
do ângulo de aproximação escolhido para a fachada e o tipo de esquadria. São, como 
praticamente tudo o mais que diga respeito ao deslocamento livre do ar, fruto de estatística e 
observação, sendo seus valores mais importantes do ponto de vista relativo que absoluto. É 
necessário que a escolha das esquadrias obedeça a critérios de eficiência, para garantir a 
superfície de ventilação mesmo em caso de chuva, necessidade de obscuridade e proteção solar. 
Alguns tipos de esquadrias - como as janelas de correr - reduzem o espaço efetivo de ventilação, 
outras dirigem a distribuição do fluxo de ar no interior do ambiente e a localização e o 
dimensionamento dos vãos devem levar em conta estes fatores. O anexo T 8 traz alguns tipos de 
esquadrias e uma descrição de suas vantagens e desvantagens mais importantes para orientação 
no projeto. 
 
1.3 Insolação e o projeto 
Falamos da recepção do corpo humano às diversas formas de calor vindas do construção. 
Falamos também, dos meios de transmissão desse fluxo de calor pelo envoltório construído. 
Comentamos a maneira pela qual este envoltório interage com o meio ambiente, sobretudo com a 
calota celeste e o Sol. 
Vimos no anexo T3 que o valor da radiação solar varia de acordo com a orientação. Ela também 
varia, de acordo com os dias do anos, pela maior ou menor proximidade e inclinação dos raios 
solares. Por isso, falaremos um pouco do que é insolação e o que queremos dela, do ponto de 
vista térmico, como arquitetos. 
O Sol possui uma trajetória aparente que varia ao longo do dia, ao longo do ano. Entretanto, para 
cada latitude, essa trajetória teoricamente se repete a cada ano. Assim, para cada local, segundo a 
hora do dia, a estação do ano e a orientação escolhida, temos sempre uma única posição espacial 
e um único valor de radiação11. 
Para efeitos de projeto, o que queremos saber é, a cada hora desejada, aonde está o Sol, para 
conhecermos a direção de seus raios e a potência desta radiação. Desta forma poderemos 
conhecer as fachadas mais expostas à radiação, para dimensioná-las e calcular a forma de suas 
proteções (beirais e brises). Para isso, o primeiro passo é a compreensão da posição solar. 
 
11 Na realidade, as condições de nebulosidade e poluição também influenciam, atenuando seu valor. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 22
 
Fig. T22 
 
A posição espacial do Sol pode ser reproduzida no projeto se soubermos qual a sua altura solar α- 
e o seu azimute - a . Se, sobre um ponto do globo, marcarmos a direção dos pontos cardeais e 
fizermos uma projeção sobre o solo do Sol em determinado instante, chamamos de azimute ao 
ângulo plano que esta projeção fará com o Norte12.E sobre este novo eixo, de α, ao ângulo relativo 
à altura solar. 
Estes pontos estão marcados em cartas solares disponíveis para as principais altitudes. Veja no 
anexo T2 alguns exemplos. Mas como lê-las? Bastante simples: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fig. T23 
 
Vemos na figura T23 acima uma grande círculo, representando uma projeção do horizonte visto de 
cima. Nele, estão marcados os pontos cardeais e as trajetórias solares, sob forma de linhas que 
vão do Leste ao Oeste. linhas que se encontram em posição quase paralela, e que têm à sua 
direita e esquerda o número do dia ao qual se referem. Cortando-as, existe outro grupo de linhas 
que identificam os pontos de passagem do Sol em determinadas horas13 do dia. Finalmente, na 
parte inferior do eixo Norte-Sul, encontram-se marcações com valores da altura solar, de 0° 
representado pelo círculo externo do horizonte, até 90°, no zênite (representado nas carta solares 
pelo ponto de interseção dos 2 eixos). 
 
12 Consideramos que para as latitudes Sul do Equador o Sol está ao Norte. No hemisfério Norte a situação se inverte (literalmente 
questão de ponto de vista), e o Sol passa a se posicionar a Sul. Para os seus habitantes, o azimute é então calculado em relação ao 
Sul. Como consideramos para efeito de projeto a Terra cilíndrica e repartida ao meio no Equador, isto não faz nenhuma diferença. 
13 Horas solares, e não horas legais. Ver glossário. Entre outros cuidado, é necessário descontar os horários de verão, quando 
estivermos trabalhando com este valores. 
 N
LO 
S
16
13 8 10
17
6 
7 
18
22/06 22/06 
22/09 21/03 
22/1222/12
80° 
70° 
50° 
30° 
10° 
30° 20° 30° 20° 
10° 10° aa
α 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 23
Assim, para conhecermos um ponto na trajetória solar, traçamos um segmento de reta até o círculo 
externo. O valor do ângulo formado pela reta com o Norte nos dará o valor do azimute solar neste 
instante. A altura solar correspondente se consegue com ajuda de um transferidor solar (Anexo 2). 
 
Fig. T24 – transferidor auxiliar para o desenho em corte da insolação 
 
E como aplicá-la para construção das proteções? Em princípio, para conhecer o efeito dos raios 
solares em uma determinada hora e dia sobre as plantas baixas, usamos seu valor do azimute, e 
para conhecer a projeção vertical do ângulo espacial, traçamos o valor da altura solar sobre os 
cortes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depois é só geometria e desejo para achar a cobertura que melhor se adeqüe ao projeto (Fig. 
T26): 
 
Fig. T26 - Projeções diversas de mesma eficiência ( sobre desenho original de Olgyay) 
 
55
58º 
Fig. T25 - Aplicação para 10h dos dias 21/3 ou 24/9 e projeção sobre desenho de Olgyay. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 24
Esta é talvez a parte mais importante da cartilha e é preciso confessar talvez a menos atraente em 
uma primeira abordagem. No entanto após a segunda inserção dos ângulos transferidos sobre 
cartas solares no projeto, desenvolve-se um automatismo e a tarefa flui sem problemas. 
Para aqueles que sempre projetam em uma mesma cidade, é possível a obtenção de um diagrama 
específico para os pontos cardeais e os secundários, de forma a obtermos um traçado de sombra 
em horas exatas, o que nos permite ganhar algum tempo. 
 
2. O homem e suas necessidades lumínicas 
 
Nós vimos anteriormente as necessidades higrotérmicas do homem para a plena execução de 
suas atividades. Quanto às necessidades lumínicas, elas estão relacionadas, não só à 
manutenção da saúde, mas à comunicação. A visão talvez seja o sentido mais solicitado para a 
comunicação. A visão permite avaliar distâncias, distinguir formas, cores e volumes com precisão. 
Mas, para que suas necessidades lumínicas sejam satisfeitas, alguns requisitos devem ser 
atendidos. Em determinadas circunstâncias, como veremos mais tarde, estes requisitos podem ser 
antagônicos às necessidades higrotérmicas, outras vezes as complementarão. 
Toda iluminação deve permitir a visão nítida dos objetos, de forma que o homem possa ali exercer 
suas atividades o mais eficazmente possível e com conforto, sem que haja fadiga dos órgãos 
oculares. 
Se todo nosso corpo permite-nos sentir o calor, o frio e a umidade, as células sensíveis à luz 
concentram-se nos olhos. O olho é um instrumento ótico que coleta as ondas luminosas e as 
transforma em impulsos nervosos que estimulam o cérebro, permitindo a formação e decodificação 
de imagens. De modo que a visualização do espaço depende, a princípio, da abrangência 
espacial do campo visual (Fig. L1), das propriedades de acomodação e adaptação do olho e da 
mobilidade da cabeça. Destaca-se a capacidade de ajuste focal (processo de acomodação do 
cristalino) na visualização de pontos de diferentes distâncias e a possibilidade de adaptação das 
células fotossensíveis a diversos níveis de iluminação num curto espaço de tempo. 
 
Fig. L1 – Abrangência do campo visual : A parte central corresponde à área vista pelos dois olhos 
juntos, as partes laterais correspondem à visão de cada um dos olhos separadamente, e as partes 
pretas correspondem às partes bloqueadas pelo nariz e pelas sobrancelhas. 
 
Evidentemente, a capacidade do sistema visual de bem realizar estes processos varia em função 
da saúde dos órgãos envolvidos – incluídas aí, as doenças congênitas e as de desgaste devido à 
idade (fig. L2) e ao mau uso – mas também da boa iluminação. Cada tarefa visual, em função do 
nível de detalhes envolvidos, merece ser iluminada adequadamente. O mesmo se diz sobre o 
entorno, já que o sistema visual se concentra tanto em seus planos de trabalho – objeto de seu 
interesse, como também se apercebe da área circundante. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 25
 
 
Fig. L2 – Influência da idade na visão (Fonte ABILUX) 
 
De toda forma, embora variando de um indivíduo a outro, podemos dizer que a ausência de uma 
situação mínima de conforto traz fadiga e desgaste dos órgãos visuais, reduz a acuidade visual 
trazendo o mau desempenho das tarefas propostas (mesmo aquelas prazerosas, como ler, admirar 
quadros , etc.). 
Na realidade, o desempenho visual de uma tarefa é determinado pelo tipo de atividade 
envolvido ( tamanho da tarefa visual, sua distância até o olho ,etc) e pelo grau de saúde do 
indivíduo. O grau de desempenho visual para a percepção de um certo objeto cresce até um certo 
nível, em função do aumento do contraste, da iluminância, ou do grau de luminância e pode se 
estabilizar ou decrescer diante de um brilho intenso (fig. L3). 
 
Fig. L3 – Desconforto e performance visual ( Fonte Hopkinson) 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 26
O ofuscamento é sentido sempre que há claridade demais no campo visual. Pode ser causado 
por uma fonte de luz de grande luminosidade, como lâmpadas, janelas, ou pela reflexão dessa 
fonte de luz no campo visual do observador (figura L4), como superfícies refletoras "em ação", etc. 
 
Fig. L4 – Reflexão da fonte de luz no campo visual do observador. 
 
Assim podemos resumir dizendo que o desempenho visual fundamentalmente depende de dois 
parâmetros ambientais: 
 do nível de iluminamento e/ ou da luminância na superfície de trabalho; 
do nível de contraste entre o objeto observado e seu suporte (ou seu entorno). 
De uma forma geral, para se obter um ambiente visual não-cansativo, deve-se respeitar, as 
seguintes relações de luminância entre á área foco de nossas atividades e o entorno (fig. L5): 
 
 
 
Entre o campo visual central (a) e a tarefa 
visualpropriamente dita (b) 
 
Entre a tarefa visual (b) e seu entorno 
imediato (c) 
 
Entre a fonte de luz e o fundo sobre o qual se 
destaca 
 
Entre dois campos quaisquer do campo visual
 
3:1 
 
10:1 
 
 
20:1 
 
40:1 
 
Fig. L5 – Relação de luminância recomendadas (ref. ABILUX) 
 
Para cada tipo e atividade existe uma tabela de necessidades lumínicas - expressa em termos de 
iluminância dada em lux e de luminâncias (ver anexos L1 e L2, respectivamente). Esta lista está 
longe de ser exaustiva, e menciona na realidade valores para campos de trabalho e não 
forçosamente a iluminância necessária a todo o ambiente envolvido. Assim vemos que são 
necessários 540 lux para uma boa atividade de barbear ou maquiagem, enquanto que a boa 
qualidade na leitura de jornais é assegurada com apenas 320 lux em um ambiente que pode estar 
a 110 lux. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 27
Cabe ao arquiteto conhecendo as atividades previstas para cada ambiente projetado, assegurar 
uma iluminância mínima adequada, evitar o ofuscamento e a mudança brusca de graus de 
iluminância entre ambientes vizinhos. 
 
2.1. A construção e as fontes de luz 
 
Uma vez determinadas as necessidades lumínicas dos indivíduos, o passo seguinte seria 
determinar onde e como fornecer a luz que propiciará esta iluminância. 
E a que chamamos luz? Luz é a manifestação visual de energia radiante, ou seja, radiação visível. 
De uma forma geral, a faixa de radiação que conseguimos enxergar (faixa visível) é bastante 
estreita em relação a todo o espectro solar (fig. L6). 
 
 
 
Fig. L6 – Distribuição espectral da energia radiada pelo sol. 
 
Essa luz, vem naturalmente do Sol - em uma faixa estreita do espectro da radiação solar, 
acompanhada de seu efeito térmico, ou pode ser reproduzida artificialmente. No primeiro caso, 
varia em qualidade (cor e direcionalidade) e em intensidade segundo o período do dia e ano. 
Iluminação gratuita, deve ser bem aproveitada pelo projeto. No segundo, o arquiteto determina os 
parâmetros necessários ao sistema de iluminação, sem restrições de clima ou hora do dia1. 
 
2.1.1. Luz e Cor 
 
Um conceito associado a luz é o de cor. A visão das cores depende de três elementos: da fonte 
luminosa, das superfícies iluminadas e dos olhos que as vêem. 
Chamamos de luz branca, àquela resultante da combinação de todos os raios luminosos de 
diferentes comprimentos de ondas provenientes do espectro visível da radiação solar. Já a cor de 
um material é na realidade função da reflexão seletiva do fluxo luminoso incidente, reflexão esta 
variável segundo as características físicas de sua superfície. Um material que absorva todo fluxo 
luminoso nos parece negro fosco, uma porta vermelha, na realidade, absorve todos os 
comprimentos de onda do espectro luminoso, exceto o de 700nm (nanômetros), correspondente ao 
vermelho. 
 
2.1.2. Fontes de luz natural 
 
 
1 o parâmetro térmico de toda iluminação não pode ser esquecido, já que, como podemos observar, a sensação luminosa é sempre 
acompanhada de um efeito térmico, dada sua condição eletromagnética. 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 28
O Sol é a fonte de luz natural fundamental. É a luz do sol que, difundida na atmosfera torna-se luz 
do céu ou da abóbada celeste sendo fonte primária na iluminação natural de interiores. Em dias 
claros e sem nuvens, a luz do céu claro pode ser a principal fonte de luz em um ambiente, podendo 
ainda haver uma iluminação suplementar considerável através da luz do Sol refletida pelo solo, 
pelas empenas vizinhas à construção, envidraçadas ou não. 
Assim, devido à sua grande intensidade e dinamismo (muda permanentemente de posição), 
embora o Sol seja a fonte primária da iluminação natural, pode não ser considerado como tal no 
projeto e cálculos. Usamos, na maioria das situações, o seu efeito sobre a abóbada, o que nos dá 
valores mais constantes, intensos o suficiente para tarefas visuais e menos ofuscantes (a luz do 
céu sobre um plano não costuma ofuscar, quem ofusca é o trecho de céu visto.). 
Assim padronizamos três tipos de abóbadas, segundo as condições de nebulosidade 
apresentadas: céu claro, onde a nuvem é ocasional, parcialmente encoberto (1/3 a 2/3 do total), e 
o céu encoberto. A intensidade da luz difusa disponível é menor na primeira situação e maior na 
última. 
O entorno, natural e construído, comporta-se como uma outra fonte secundária de luz, em função 
da cor, tamanho e distância ao ponto de estudo. Em climas tropicais ensolarados, a luz refletida 
pelas superfícies externas representa, no mínimo 10 a 15% do total de luz diurna recebida pelas 
aberturas nas edificações. Este entorno pode chegar a contribuir com 30% da iluminação recebida 
por um edifício em cidades densamente urbanizadas. 
A luz natural, dado a seu espectro, nos fornece toda a gama de cores do espectro visível. Ela é 
considerada psicologicamente mais atraente, quebrando, ao longo do dia a monotonia, devido às 
suas mudanças sutis. 
 
2.1.3. Fontes de luz artificial 
Quando energizamos determinados elementos estes passam a emitir ondas na faixa do visível, 
gerando o que chamamos de luz artificial. Os produtos que as geram chamam-se lâmpadas e são 
classificadas em dois grupos principais: incandescestes (fig. L7) e de descarga (fig. L8). 
 
 
 
Fig. L7 – Exemplos de lâmpadas incandescentes (Fonte Catálogo GE) 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 29
 
 
Fig. L8 – Exemplos de lâmpadas de descarga (Fonte Catálogo GE) 
 
As primeiras fornecem luz pelo aquecimento elétrico de um filamento a uma temperatura que 
produza uma radiação na parte visível do espectro (ver fig. L7). São as conhecidas lâmpadas de 
vidro transparente ou translúcidas, espelhadas, halógenas, etc. 
Já a luz em uma lâmpada de descarga é produzida pela passagem da corrente elétrica em um gás 
ou vapor ionizado. São as lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, etc. 
Fig. L9 
Se a iluminância natural depende das condições da abóbada celeste, a artificial também tem suas 
restrições. Como essa luz é resultado da aplicação de uma tensão elétrica oriunda da rede pública, 
observamos sérios efeitos segundo a relação tensão da rede/ tensão da lâmpada encontrada (fig. 
L10). 
 
TENSÃO DA LÂMPADA CONSEQUÊNCIAS 
MAIOR que a tensão da 
concessionária. 
redução da Potência da lâmpada, redução da 
iluminação e aumento da duração da lâmpada. 
IGUAL à tensão da 
concessionária. 
a lâmpada terá suas características mantidas em 
100% dos valores previstos. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 30
MENOR que a tensão da 
concessionária 
aumento da potência da lâmpada, aumento da 
iluminação e redução da vida da lâmpada 
 
Fig. L10 – Relação entre tensão da rede e tensão da lâmpada. 
Dissemos antes que o parâmetro térmico de toda iluminação não pode ser esquecido, já que a 
sensação luminosa é sempre acompanhada de um efeito térmico No caso da fonte de luz artificial, 
existe um efeito a mais, o do gasto energético. 
Todo efeito térmico não desejável da fonte luminosa é um duplo desperdício, pois foi gerado às 
nossas custas e, em caso de climatização artificial , será retirado com outro gasto. Para administrar 
estes fatores, criou-se uma grandeza, chamada Eficiência Luminosa (de uma fonte), que exprime a 
eficiência luminosa de uma lâmpada, em relação ao seu consumo. E para conhecer o percentual 
da energia consumida pela lâmpada que é convertida no ambiente em luz e calor, basta dar uma 
olhada nesta tabela geral da ABILUX (fig. L11). 
 
Tipo de Lâmpada calor emitido pelo reator 
Calor 
infravermelho 
calor emitido por convecção e 
condução LUZincandescente 0 72 18 10 
fluorescente 9 32 36 23 
Mercúrio 11 48 27 14 
vapor metálico 13 35 31 21 
sódio de alta pressão 14 38 22 26 
Fig. L11 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 31
2.1.3.1. Características operacionais das lâmpadas 
 
Pode-se avaliar todas as lâmpadas - incandescentes, fluorescentes e de descarga de alta 
intensidade - em termos de quatro características básicas de operação. São elas: 
? EFICIÊNCIA LUMINOSA: É a quantidade de luz emitida por unidade de potência aplicada. 
? MANUTENÇÃO DE LÚMENS: Diz respeito à diminuição do fluxo luminoso da lâmpada ao 
longo do uso. 
? MORTALIDADE: Expectativa de vida média de um grupo de lâmpadas. 
? COR: As qualidades de cor de uma lâmpada são caracterizadas por duas diferentes 
atribuições: 
? A aparência de cor (que poderá ser descrita pela sua temperatura de cor). 
? A sua capacidade de reprodução de cor (que afeta a aparência da cor de objetos 
iluminados pela lâmpada). 
 
2.1.4. A reflexão e a transmissão 
 
Como vimos, não somente da fonte luminosa, o usuário recebe o fluxo luminoso. Ele também o 
recebe através da reflexão da luz sobre paredes e demais superfícies e via transmissão por 
elementos translúcidos ou transparentes à sua propagação (fig. L12). 
 
Fig. L12 – Reflexão e transmissão do espectro luminoso (Fonte Mascaró, in ABILUX). 
 
Esta recepção de fluxo luminoso pode ocorrer sem que haja modificação da freqüência dos 
componentes cromáticos. Na realidade grande parte da luz que vemos, nos chega através de 
múltiplas reflexões, transmissões e difusões, desde sua emissão pelas fontes primárias. 
Estas propriedades dos materiais circundantes (ver anexos L3 e L4) constituem excelente recurso 
para incrementar ou reduzir a intensidade luminosa de um determinado ambiente ou zona de 
atenção. Consideramos de uma forma geral dois tipos de reflexão e de transmissão: a especular, 
que permite a reflexão ou a transmissão do raio luminoso sem difusão, como em um espelho, e a 
difusa, na qual não acontece uma reflexão regular. 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 32
2.2. Iluminação e projeto 
 
O que se deveria fazer cada vez mais seria trabalhar a iluminação no projeto, desde os primeiros 
esboços, ou seja, junto com a concepção da forma da construção, virem se instalando as primeiras 
noções básicas de iluminação dos ambientes, integradas às demais restrições. 
E como se poderia pensar nisso? Existem etapas que devem ser seguidas na elaboração de um 
projeto de iluminação. 
O primeiro passo é analisar o programa. As necessidades visuais são diferentes em cada 
ambiente. Pode-se privilegiar a iluminação de uma tarefa localizada, a percepção do ambiente 
como um todo, e/ ou ressaltar elementos deste com o uso da luz. As pessoas e a Arquitetura, em 
sua expressão se beneficiam da boa iluminação. 
A segunda ponderação diz respeito ao fato de que luz e calor são indissociáveis (em maior ou 
menor escala, quer a fonte seja natural ou artificial). Assim pensarmos se queremos ou não, e 
quando, este acréscimo de carga térmica no ambiente, em função do clima e das atividades ali 
desenvolvidas, já nos dá um rumo a seguir. 
Então devemos confrontar níveis especificamente requeridos nas tarefas com valores de 
luminosidade disponível no local e procurar orientar e dimensionar os vãos pensando em ganho de 
luz natural e de calor. Do mesmo modo devemos nos preocupar quanto aos efeitos qualitativos que 
podem ser explorados. 
O terceiro passo é a complementação da luz natural pela artificial. Esta ponderação deve levar em 
conta dois parâmetros: eficiência e custo. Ou o nosso velho custo-benefício. 
Em princípio, como a iluminação natural é de melhor qualidade, gratuita, e portanto sem custos ou 
desperdícios, tudo nos leva a optar por utilizá-la como iluminação básica, complementando-a com 
a artificial, sempre que as necessidades de conforto lumínico a solicitarem. Destacamos as 
situações de tarefas pontuais num largo ambiente (fig. L13). 
 
Fig. L13 – Complementação da luz natural com uma fonte pontual artificial. 
 
A partir das decisões tomadas nesta fase podemos abordar a questão lumínica do projeto de várias 
maneiras, como por exemplo: 
 - verificando o alcance da iluminação natural nos ambientes, programando a distribuição de 
sua utilização e estudando sua complementação artificial; 
 - ou fazendo o caminho inverso ou seja, verificando qual (quais) dos ambientes necessita 
de um nível de iluminância mais elevado e posicionando próximo às aberturas; 
Como cada projeto e cada arquiteto deve seguir seu próprio caminho, apenas explicaremos aqui as 
técnicas relativas à utilização da luz natural nos ambientes, e da complementação com a luz 
artificial. 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 33
2.2.1. Sistemas de Iluminação natural : Zenitais e Laterais 
Uma vez que já sabemos o que necessitamos em termos de iluminamento (anexos L1 e L2) e 
quanto dispomos na cidade de nosso projeto (ver anexo L6 – RadLite), o passo - sábio- a seguir é 
estudar as possibilidades de se atender a estas exigências. Várias maneiras se apresentam, mais 
ou menos sofisticadas2, para nos atender nas diversas fases do projeto. Aqui mencionamos o 
método apresentado pelo IPT. Após conhecermos o potencial da nossa região podemos ter um 
pré-dimensionamento das aberturas, cruzando esta informação com a ilustrada no ábaco do anexo 
L7. 
O passo seguinte é resolver qual forma de "coleta de luz natural disponível" melhor convém ao 
projeto: a lateral ou a zenital. 
A primeira se traduz, no projeto, pelas aberturas feitas nas fachadas, que atingem o ambiente. 
Naturalmente o maior aproveitamento da luz natural neste caso ocorre perto das janelas, comum 
grande declínio a medida que nos afastamos dela (fig. L15). 
 
Fig. L15 – Curva de amortecimento da iluminação natural no ambiente segundo a profundidade do 
ambiente; estimativa para uma relação área de janela/ área de parede entre 35% e 100% (Fonte: 
JORGENSEN, R. Fan Engeneering, in QUEIROZ, T.) 
. 
 
Observamos que traçando curvas isolux, formadas por pontos de mesmo nível de iluminamento, é 
possível verificar distribuição da luz no ambiente, modificando-a segundo seu projeto de aberturas. 
De uma forma geral, o óbvio prevalece, ou seja, quanto maior a área iluminante, maior a 
iluminância do ambiente. Entretanto é preciso ficar atento aos problemas ocasionados por zonas 
de contraste elevado e de ofuscamento, que ocorrem geralmente quando há incidência solar direta, 
superfícies excessivamente refletoras ou visão do céu. A questão térmica associada à esta 
penetração de radiação solar direta também deve ser ponderada. 
 
2 e sofisticada aqui não tem nenhuma conotação pejorativa, mas simplesmente refere-se à maior ou menor necessidade de exatidão 
dos cálculos, em função do nível de desenvolvimento do projeto. Na realidade, são os cálculos de Waldram que se tornarão a 
ferramenta mor do projeto de iluminação natural, fora do objeto desta cartilha e bem descrita no livro energia na edificação de Lúcia 
Mascaró, editora Projeto ( objeto do II prêmio Light de energia na Edificação) 
 
 
Conforto Ambiental 1° semestre 2005 
 PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 34
 
 
Uma última recomendação: a função de uma janela como elemento de integração exterior–interior 
não pode ser esquecida, e na verdade é esta mistura de parâmetros que pode tornar fascinante o 
projeto das aberturas. Assim podemos usar nosso conhecimento de orientação, reflexão externa 
(em pisos do entorno imediato) e interna (tetos) para gerar um sistema de abertura que reuna 
todos estes requisitos, como mostra esquematicamente o desenho da figura L16. 
 
 
Fig. L16 – Exemplo de combinação

Outros materiais