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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL LICENCIATURA EM GEOGRAFIA TRABALHO DE CAMPO – “SÁBADO RURAL” ISMAEL BICICGO BERLANDA CHAPECÓ, 17 DE DEZEMBRO DE 2014. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 3 2 RELATOS E PESQUISAS FEITAS EM TRABALHO DE CAMPO ...................................... 4 2.1 TRILHA DO PITOCO ............................................................................................................ 4 2.2 PROPRIEDADE RURAL DE SEU VACCARI ..................................................................... 6 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 12 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho iremos abordar os trajetos e visitas realizadas no dia 13 de dezembro de 2014, utilizando meios como gravação, fotos, relatórios e explicações para ter um melhor desenvolvimento, esclarecimento e compreensão da pesquisa realizada. Tendo como base os relatos das pessoas entrevistadas e mídia obtida durante o percurso. Este trabalho nos dará noção do que é e como é formado o “campo rural” envolvendo sua paisagem, moradores, limites territoriais e diversidades naturais. O objetivo deste trabalho é conhecer as propriedades, intercalando os seus desafios, produtos e a própria história dos lugares visitados. Ajudará a compreender as dificuldades, controle de produção, normas, produtos e técnicas para desenvolvimento da mercadoria com as circunstâncias e necessidades locais no território a ser usado. Vamos apreender como é feito o processo de produção do alimento, desde seu cultivo até a sua comercialização na feira. Diferentes trabalhos e medidas dentro do ramo da agroecologia são usados para se obter rendimento e aproveitamento quase total dos restos inutilizados dos alimentos. Agroecologia é uma alternativa de agricultura familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável, pode ser entendida como ciência e tem como conhecimento a experiência dos saberes populares e tradicionais provenientes dos agricultores, indígenas e camponeses. 2 RELATOS E PESQUISAS FEITAS EM TRABALHO DE CAMPO 2.1 TRILHA DO PITOCO No dia 13 de dezembro de 2014 foi realizado o trabalho de campo no município de Chapecó - SC. Primeiramente nos deslocamos até a parte rural da cidade para percorrer a trilha do Pitoco e conhecer a história da mesma. Durante a caminhada, podemos perceber como a heterogeneidade da biodiversidade está presente em todo o território, a paisagem é natural, mas sofreu certa influência do homem. Essa modificação é feita a partir do momento em que foi inserida espias de aço, escadas e placas indicativas, mas isso é necessário por ser um ponto turístico e tem o objetivo de tornar o término da trilha mais acessível. A trilha é composta por vários desníveis, pontes artificiais, cachoeiras e tocas, tornando-a assim única e especial. O percurso total é de 5 km (ida e volta) e leva cerca de três horas de caminhada. Ao longo do caminho percebemos espécies da fauna e flora local, conhecemos pontos importantes como o memorial do pitoco, Buraco, Pedra do Mistério, Toca da Onça, Pedra de Diamante e a Gruta de Maria Santíssima. Do centro até o início da trilha são 19 km pela SCT-480 e mais 6 km de estrada de chão até a comunidade de São José do Capinzal. Imagens de cachoeiras durante o percurso da trilha. Logo da trilha à esquerda e o verdadeiro pitoco à direita. Imagem de satélite demarcando a trilha com suas cachoeiras e pontos importantes. 2.2 PROPRIEDADE RURAL DE SEU VACCARI No período da tarde, visitamos a propriedade rural de Seu Vaccari, situada também em Chapecó. Agricultor de pequeno porte dedica sua vida ao plantio de vegetais, hortaliças e frutas, assim como derivados dos mesmos. Possui formação em técnico agrícola e trabalha no ramo da agricultura desde 1985 (29 anos). Trabalhou seis anos como empregado e depois de certo tempo resolveu então trabalhar por conta própria. Tentou a prática de produção de hortaliças e frutas durante três anos, percebeu assim que a produção se desenvolveu, então seguiu plantando e cultivando-a. Atualmente sua propriedade está com escassez na mão de obra, mas conta com a ajuda dos seus familiares no auxílio da produção: feira e propriedade rural (esposa e filhos). Sua propriedade está protegida (cercada), inibindo assim o risco de contaminação dos seus produtos, causado através do uso de veneno nas propriedades vizinhas (segundo Seu Viccari, seus vizinhos cessaram o uso de inseticidas e venenos). A relação plantio-colheita estava se desenvolvendo, a oferta e demanda dos alimentos consequentemente se expandiu, surgindo então a necessidade de venda na feira. Suas estufas e áreas de cultivo são livres de agrotóxicos, tornando assim suas mercadorias naturais e saudáveis. Boa parte da sobra dos produtos na feira era trazida de volta à sua propriedade, não tendo recurso e nem conhecimento, o seu excedente era descartado e servia de adubagem para novas plantações. A partir desse momento, onde o percentual de descarte do excedente é grande, cria-se interesse por meio do produtor rural em conhecer e aplicar as técnicas da agroecologia. A agroecologia nesse caso auxilia e permite ao produtor que ele consiga reutilizar o excedente de forma natural e como subsídio. Podemos citar um exemplo simples de reutilização: o tomate é cultivado e levado à feira, o que sobrava nas prateleiras retornava a sua propriedade e era descartado na natureza como forma de adubo. Com a agroecologia, o restante que voltava até a sua propriedade permitia que Seu Viccari reaproveitasse os tomates para outros fins alimentícios como a própria massa de tomate. Aí o produtor lucra com a venda do tomate e com a própria massa do tomate, que seria o aproveitamento total do produto. Outro fator que ajudou na venda dos produtos foi a industrialização, que influenciou no processo e rendimento em uma forma positiva. Como o custo é alto para se sustentar uma empresa, os agricultores buscam formas de parcerias com cooperativas, ou seja, compartilham o mesmo CNPJ, aí a cooperativa ganha porque está auxiliando no plantio, desde à plantação até a comercialização. E o produtor é beneficiado porque não precisará ter a empresa em seu nome, então não arcará com todos os problemas e gastos da empresa. O custo basicamente é de 15.000,00 R$ para a formação da empresa, tirando os gastos com manutenção, contabilidade, impostos e salários dos empregados. O agricultor faz sua parte plantando e comercializando alimentos, a prefeitura faz a sua dando espaço na feira e tornando franca a entrada e estadia para os comerciantes (rurais). Com o mais tardar dos avanços tecnológicos, foi descoberto e usado o fertilizante com o objetivo de melhorar a qualidade dos alimentos. O fertilizante ajudou na produção, acabou deixando as hortaliças com um aspecto mais natural e robusto (aumentaram de tamanho), garantindo assim um olhar mais atraente para seus produtos na feira. Mas não é apenas os fertilizantes artificiais que melhoram a produção, existe um tipo de adubo natural chamado de Húmus. Esta técnica de adubagem é bem simples e eficaz, e a relação custo-benefício é muito grande. Húmus é o produto obtido da ação das minhocas sobre a base de alguma matéria orgânica, menos o tomate, pelo fato da sua vulnerabilidadeà doenças. É usada minhocas de espécies como a vermelha da Califórnia e Gigante da África. Isto é basicamente o esterco produzido pela minhoca, a minhoca quando ingere a matéria orgânica, acaba promovendo a degradação de uma série de substâncias como a celulose. O processo é dividido em várias etapas: Bagaço da laranja em repouso nos recipientes. A laranja é cultivada e usada para fazer suco, a agroecologia entra nessa parte fazendo com que o resto (bagaço) da laranja seja utilizado para outros fins, como é o caso do Húmus. Depois do bagaço descansar nos recipientes, ela é transportada até o solo, para entrar em contato com os nutrientes da terra, facilitando e agilizando o processo de compostagem das minhocas. Minhocas da espécie Vermelha Califórnia. A terra é adubada com restos orgânicos e posteriormente as minhocas começam a se desenvolver e fertilizar o solo em que estão inseridas. O último processo é o de ensacamento da terra adubada com o Húmus produzido pelas minhocas. O produto é criado na propriedade e vendido aos vizinhos, nas feiras e usado também para uso próprio (melhorando o desempenho na produção e agilizando o cultivo). Parte da empresa do Seu Viccari. Meio utilizado para o transporte e comercialização dos produtos. Tomate. Parreiral de uva. Pimentão vermelho. Amoras preta e vermelha. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos então como é importante o uso da agroecologia para o desenvolvimento e aproveitamento dos produtos naturais. Compreendemos que os fertilizantes são essenciais para a produção alimentícia, e que o veneno quando em contato com os produtos, acaba tornando um simples alimento em um perigoso agente intoxicante. Fertilizantes naturais também são ótimos otimizadores na produção, é o caso do Húmus da minhoca, que realiza o trabalho de compostagem e adubagem do terreno onde ela está inserida. As hipóteses do uso da agroecologia foram sustentadas a partir do momento em que se torna viável a reutilização dos produtos que retornavam até a propriedade, que sem o uso dela ficaria muito difícil de se conseguir a margem de lucro e sustentabilidade igual quando se está utilizando do benefício da ecologia no campo.
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