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À guisa de introdução ao narcisismo Narcisismo: complemento libidinal do egoísmo próprio da pulsão de autoconservação – presente em todos os seres vivos Fenômenos da esquizofrenia: delírio de grandeza e o desligamento do interesse pelo mundo exterior (pessoas e coisas) levaram Freud a ter ideias sobre o narcisismo Para Freud a esquizofrenia não seria passível de cura pelo processo analítico devido ao afastamento do mundo exterior Neuróticos: também podem se distanciar da realidade, porém, não chegam a suspender seu vínculo com pessoas e coisas – as conservam na fantasia Por um lado substitui os objetos reais por objetos imaginários e por outro lado, através da introversão, desiste de encaminhar as ações necessárias para atingir suas metas em relação a esses objetos Esquizofrênico (parafrênico): retira a libido das pessoas e das coisas do mundo exterior, sem substituí-las por outras na sua fantasia Quando essa substituição ocorre, trata-se de delírio Delírio de grandeza: a libido retirada do mundo exterior foi redirecionada ao Eu – amplificação e explicitação de um estado que já existia antes: narcisismo Narcisismo secundário: chama de novo para si os investimentos antes depositados nos objetos Originalmente o Eu é investido de libido e uma parte dessa libido é depois repassada aos objetos – uma parte permanece retida no Eu Ela se relaciona com os investimentos realizados nos objetos de modo análogo àquele com que o corpo de um protozoário se relaciona com seus pseudópodes que projeta em direção aos objetos Essas emanações da libido, os investimentos objetais, podem ser lançados aos objetos e recolhidos de novo Há uma oposição entre libido do Eu e libido objetal: quanto mais uma consome, mais a outra se esvazia Apaixonamento: mais avançada fase de desenvolvimento que a libido objetal parece ser capaz atingir Seu oposto: fantasia de fim de mundo dos paranóicos (perseguição) O Eu não está presente no indivíduo desde o início, o Eu precisa ser desenvolvido Mas as pulsões auto-eróticas estão presentes desde o início – algo acrescenta-se ao auto-erostismo, uma nova ação psíquica Crítica à Jung: desiste do conteúdo sexual da libido e a faz coincidir com interesse psíquico em geral, a perda da função normal da realidade não poderia ser causada apenas pelo recolhimento da libido Para explicar melhor o narcisismo Freud recorre às doenças orgânicas, hipocondria e vida amorosa Sujeito doente: deixa de se interessar pelas coisas do mundo exterior que não digam respeito ao seu sofrimento – enquanto estiver sofrendo, deixará de amar O doente recolhe seus investimentos libidinais para o Eu e torna a enviá-los depois da cura Estado do sono: também implica um recolhimento narcísico da libido, esta sai das posições antes ocupadas e realoca-se para a própria pessoa, para o egoísmo de dormir Esses são exemplos de alterações na distribuição da libido em consequência da alteração ocorrida no Eu Hipocondria: se manifesta tal como a doença orgânica, por meio de sensações desprazerosas e dolorosas O hiponcondríaco recolhe o interesse e a libido dos objetos do mundo exterior e os concentra sobre o órgão do qual está se ocupando Hipocondria: as sensações desagradáveis calcam-se sobre alterações não comprováveis Quando um órgão apresenta sensibilidade dolorosa sem alteração, encontraremos o protótipo disso no estado de excitação dos órgãos genitais Erogeneidade: atividade que emana de uma parte do corpo e envia estímulos sexualmente excitantes em direção à vida psíquica Zonas erógenas: podem substituir os órgão genitais e comportar-se de maneira análoga a eles Erogeneidade: faculdade geral de todos os órgãos – pode haver aumento ou redução da eronegenidade em determinada parte do corpo – alteração do investimento da libido no Eu Pode explicar os processos da hipocondria, mas também produzir adoecimento material dos órgãos Hipocondria e parafrenia (esquizofrenia) dependem da libido do eu Neuroses: dependem da libido objetal Represamento da libido no Eu é desprazeroso – desprazer é expressão de maior tensão A vida psíquica se vê forçada a ultrapassar as fronteiras do narcisismo e depositar a libido nos objetos quando o investimento de libido no Eu ultrapassar certa quantidade Um forte egoísmo nos protege contra o adoecimento, mas no final precisamos começar a amar para não adoecer e iremos adoecer se em consequência de impedimentos, não pudermos amar Cabe ao aparelho psíquico lidar com as excitações que de outra forma seriam sentidas como desprazerosas ou provocariam efeitos patogênicos Aparelho psíquico realiza um trabalho no escoamento interno de excitações que não podem sofrer remoção imediata no exterior, ou cuja remoção imediata seria indesejável naquele momento Não faz diferença se os objetos são reais ou imaginários, o problema ocorre quando há um represamento libidinal (delírio de grandeza) Quando o represamento libidinal no Eu se torna patogênico, estimula o processo de cura – delírio Na parafrenia: a libido não permaneceu nos objetos na fantasia, mas recolheu-se ao Eu Delírio de grandeza: modo de lidar psiquicamente com esse volume de libido recolhido ao Eu – corresponde ao que se encontra nas neuroses de transferência sob a forma de introversão da libido direcionada às formações da fantasia Nas parafrenias: tentativa de restituição 3 grupos de fenômenos no quadro parafrênico (esquizofrênico): Manifestações de alguma normalidade ou neurose; Manifestações do processo de adoecimento (retirada da libido dos objetos, incluindo delírio de grandeza, a hipocondria, a perturbação afetiva e regressões) Manifestações da tentativa de restituição – novo esforço de anexar a libido aos objetos Terceira via de acesso ao estudo do narcisismo: vida amorosa As primeiras satisfações sexuais auto-eróticas são vividas em conexão com as funções vitais que servem ao propósito da autoconservação As pulsões sexuais apoiam-se, a princípio, no processo de satisfação das pulsões do Eu para vincularem-se e, só mais tarde tornarem-se independente delas Por isso geralmente a mãe ou quem se encarrega dos cuidados e proteção da criança tornarem-se seu primeiro objeto sexual Pode ocorrer que a escolha do futuro objeto de amor não se paute na imagem da mãe, mas em sua própria pessoa Essas pessoas procuram a si mesmas como objeto de amor – escolha de objeto narcísica Porém, os seres humanos não devem ser divididos em grupos de escolha de objeto (veiculação sustentada ou narcísica) Ambos os caminhos para escolha de objeto estão franqueados a todos os seres humanos e um ou outro será privilegiado O ser humano possui dois objetos de amor primordiais: ele mesmo e a mulher que dele cuida – em todo ser humano há um narcisismo primário e eventualmente pode manifestar-se de maneira dominante em sua escolha de objeto Amor objetal de escolha por veiculação sustentada seria característico do homem Supervalorização sexual: transferência desse narcisismo para o objeto sexual Empobrecimento da libido do Eu em benefício da libido objetal Escolha da mulher: narcísica Mulheres belas: auto-suficiência que a compensa pela atrofia de sua liberdade de escolha objetal imposta pela sociedade É só a si mesmas que as mulheres amam com intensidade comparável aos homem que as ama Não têm necessidade de amar, mas de serem amadas e estão dispostas a aceitar o homem que preencher essa condição O narcisismo de uma pessoa exerce grande atração sobre aqueles que renunciaram ao pleno exercício de seu próprio narcisismo e que se encontram à procura do amor objetal Ex: criança, animais É como se invejássemos por conservarem um estado psíquico de felicidade – posição libidinal que abandonamos Porém, há também várias mulheres que amam segundo o modelo masculino Também para as mulheres narcísicas há uma via que conduz ao pleno amor objetal – o filho Amarão como se fosse parte de seu corpo, na forma de outro objeto e, assim, partindo de seu próprio narcisismo, elas podem dedicar seu amor objetal Há mulheres que antes se sentiam masculinas e depois amadurecem de uma maneira feminina Caminhos que conduzem à escolha de objeto (amor narcísico e por veiculação sustentada) p. 109 – 110 Amor dos pais por seus filhos p.110 Perturbações aos quais o narcisismo da criança está exposto – complexo de castração – medo em relação ao próprio pênis no caso do menino e inveja do pênis no caso da menina Observação do indivíduo normal: onipotência infantil desapareceu e o narcisismo infantil foi apagado O que foi feito de sua libido do Eu? Quando os investimento pulsionais entram em conflito com as concepções culturais e éticas do indivíduo, o destino das moções será o recalque Recalque parte do Eu, ele parte da avaliação que o Eu faz de si mesmo Sujeito erige em si um ideal pelo qual mede seu Eu atual – essa é a condição para o recalque Amor por si mesmo desfrutado na infância, dirige-se agora a esse Eu-ideal O indivíduo busca recuperar a completude narcísica da infância na nova forma de um Ideal de Eu O que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é substituto do narcisismo perdido na infância Distinção conceitual entre sublimação e ideal Sublimação: processo que ocorre na libido objetal e consiste no fato de a pulsão se lançar em direção a outra meta – afastamento e desvio do que é sexual Idealização: processo que ocorre com o objeto e por meio do qual o objeto é psiquicamente engrandecido e exaltado, sem sofrer alteração em sua natureza A sublimação pode ser motivada pelo ideal, mas a ocorrência ou não da sublimação independe dessa motivação Outra diferença entre ideal e sublimação: causa das neuroses A formação de ideal eleva o nível de exigências do Eu e é o mais forte favorecedor do recalque A sublimação oferece uma saída para cumprir essas exigências sem envolver o recalque Existe uma instância psíquica especial que atua a partir do ideal de Eu e se incumbe de zelar pela satisfação narcísica – observa o Eu de maneira ininterrupta, medindo-o por esse ideal Consciência moral – vigia Nos casos patológicos é mais evidente, mas está presente na via normal Foi a influência crítica dos pais e educadores: formam o ideal de Eu Vozes nas psicoses (paranóia): instância censora, se apresenta como intrusão hostil oriunda do mundo externo Censura nos sonhos Autoconceito que aparece nas pessoas normais e nos neuróticos – remanescente do sentimento primitivo de onipotência da infância Nas parafrenias o autoconceito se eleva, enquanto que nas neuroses ele se reduz, na vida amorosa a percepção de não estar sendo amado reduz o autoconceito, ao passo que ser amado o eleva O investimento nos objetos não eleva o autoconceito – a dependência do objeto amado tem o efeito de reduzir o autoconceito A única forma de substituir parte do narcisismo perdido no amor é sendo amado Autoconceito parece sempre estar relacionado com o componente narcísico da vida amorosa Sentimento de inferioridade: percepção da impotência Empobrecimento do Eu Porém: atrofias orgânicas e defeitos não leva ao aumento da incidência de enfermidades neuróticas Investimentos amorosos: podem estar em sintonia com o Eu ou sofrem recalque No primeiro caso: o ato de amar é avaliado como qualquer outra atividade do Eu Amar rebaixa o autoconceito, mas ser amado o eleva novamente Porém: quando a libido está recalcada, o investimento amoroso é sentido como uma gravíssima diminuição do Eu Por meio da retirada e do retorno da libido que estava investida nos objetos é possível reenriquecer novamente o Eu Retorno da libido objetal para o Eu reconstitui novamente um amor feliz ou um amor feliz que ocorra no mundo real pode ser capaz de corresponder ao estado originário do narcisismo O desenvolvimento do Eu consiste em um processo de distanciamento do narcisismo primário e produz anseio de recuperá-lo Deslocamento da libido em direção ao ideal de Eu – satisfação obtida pela realização desse ideal Ao mesmo tempo, o Eu lançou os investimentos libidinais aos objetos O Eu empobreceu a favor desses investimentos e do Ideal e voltará a enriquecer tanto pelas satisfações obtidas pelos objetos como pela via de realização do ideal Uma parte do autoconceito é primária, resultado do narcisismo infantil, outra parte provém da onipotência confirmada pela experiência (realização do ideal) e uma terceira origina-se da satisfação da libido objetal Perversões: não se constituiu um ideal de Eu e a vertente sexual se incorporará integralmente à personalidade do sujeito Nas paixões: se baseia nas condições de amor vigentes na infância, tudo aquilo que puder realizar essa condição infantil de amor será idealizado Poderemos amar aquilo que fomos e deixamos de ser ou aquilo que possui qualidades que nunca teremos – será amado aquilo que possui uma qualidade que falta ao Eu para chegar ao ideal Tipo de amor do neurótico Excessivos investimentos objetais empobrecem seu Eu – fica sem condições de realizar seu ideal de Eu Desperdiça a libido enviada aos objetos e envereda ao caminho e volta ao narcisismo Cura pelo amor: o neurótico prefere à cura analítica O neurótico não pode acreditar em outro mecanismo de cura – traz para o tratamento expectativas e as direciona ao médico p.118 Ideal de Eu possui além de uma parcela individual, uma parcela social, o ideal comum de uma família, de uma classe e de uma nação Esse ideal, quando insatisfeito, libera libido homossexual que se transforma em consciência culpada – medo de castigo dos pais, medo da perda de seu amor Mais tarde os pais são substituídos por companheiros REFERÊNCIA: FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução, 1914. In Edição Standard das obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: RJ, Imago, 1980, v. XIV.
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