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ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS II Aula 1 - Competências Organizacionais e Individuais Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer a articulação entre a estratégia organizacional e as competências individuais; 2. Identificar as competências organizacionais e as individuais. Introdução O processo de internacionalização dos mercados, apresentando novos ambientes a serem enfrentados pelas organizações, impõe a adoção de mudanças no modelo de gestão delas. Torna-se fundamental que a organização estabeleça as suas competências essenciais para enfrentar a concorrência globalizada, bem como identificar as competências individuais necessárias em seus colaboradores. Novas tecnologias de Gestão Organizacional surgem com o objetivo de proporcionarem uma melhor aplicação da força de trabalho dos empregados de maneira a propiciar maior agilidade e flexibilidade às organizações em suas respostas ao ambiente externo e isso é fundamental principalmente para as empresas que estão em fase de desenvolvimento do processo de enfrentamento da concorrência global. Ou seja, a permanência neste novo mercado e seu crescimento está diretamente relacionada à capacidade de seus empregados e de seus gestores. A área de Recursos Humanos e o profissional em atuação gerencial, como conhecedores das tecnologias de gestão organizacional e compreendendo os seus papéis como facilitadores das estratégias organizacionais, são elementos fundamentais nos processos de definição das competências organizacionais e individuais, principalmente no que se refere à aplicação dos recursos humanos no desenvolvimento dos Modelos de Gestão. Desta forma, é imprescindível ao gestor desenvolver habilidades e competências gerenciais para se tornar um bom gestor de pessoas e agir alinhando as competências individuais com as competências organizacionais. Há uma relação intrínseca entre as competências organizacionais e as competências individuais de seus empregados e a área de Recursos Humanos tem papel central na definição para o alinhamento de suas ações, de forma que os programas desenvolvidos pela área conduzam os esforços dos colaboradores, no exercício de suas competências ao alcance das competências organizacionais. Outro elemento de relevância nesse processo é o gestor, enquanto formador e desenvolvedor de equipes. Ao gestor cabe a busca e o desenvolvimento de profissionais com competências individuais para o desenvolvimento organizacional, devendo assim, identificar quais são as competências organizacionais para a constituição de times de trabalho que atendam as estas competências Entendendo de competências organizacionais São aquelas que definem os modelos organizacionais em seu processo de relacionamento com o meio externo e no ambiente interno, refletindo seus valores. Representa o saber da organização e que pode ser transmitido através da aprendizagem organizacional, onde o papel do gestor é o de coach ou mentor. Competências Organizacionais segundo Lado e Wilson Para Lado e Wilson (1994 apud Carvalho, 2009), as competências organizacionais se apresentam em quatro grupos: Competências de Gestão: A articulação da visão e das estratégias organizacionais pelos líderes aos seus liderados, capacitando a equipe ao alcance dos objetivos organizacionais. Competências de Entrada: Referem-se aos recursos necessários, inclusive os humanos, para gerarem os produtos e os serviços que atendam às exigências dos seus stakeholders. Competências Transformacionais: Relacionadas à conversão das entradas em saídas, ou seja, em produtos ou serviços e para tal envolvem a capacidade de inovar, o empreendedorismo, o desenvolvimento de uma aprendizagem organizacional. Competências de Saída: Relacionados ao valor dos produtos e serviços da organização para seus stakeholders. Competências Organizacionais segundo Joel Dutra Joel Dutra destaca que para avaliarmos as competências organizacionais devemos questionar os seus recursos, pois a articulação entre esses é que vão sinalizar as competências desta em relação às demandas do mercado. Em todas as competências organizacionais as pessoas são o elemento que as produzem, através das suas próprias competências. Isso faz com que seja fundamental distinguir as competências organizacionais para que a área de Recursos Humanos possa recrutar, reter e desenvolver os profissionais que tenham as competências adequadas para a manutenção e o desenvolvimento das competências organizacionais. Competências Organizacionais segundo Mills Para Mills et al. (2002 apud Dutra, 2004, p. 25) é importante criar “categorias distintivas” de competências organizacionais conforme apresentamos a seguir: Competências Essenciais: Fundamentais para a sobrevivência da organização e centrais em sua estratégia. Competências Distintivas: Reconhecidas pelos clientes como diferenciais em relação aos competidores; conferem à organização vantagens competitivas. Competências de Unidade de Negócio: Pequeno número de atividades-chave (entre três e seis) esperadas pela organização das unidades de negócio. Competências de Suporte: Atividades que servem de alicerce para outras atividades da organização. Por exemplo: a construção e o trabalho eficiente em equipes podem ter grande influência na velocidade e qualidade de muitas atividades dentro da organização. Capacidade Dinâmica: Condição da organização de adaptar continuamente suas competências às exigências do ambiente. Competências organizacionais – Conclusão do professor Nossa conclusão é a seguinte: são as pessoas que, ao articularem os recursos da organização através das suas competências individuais, irão realizar as competências organizacionais, bem como desenvolvê-las para se adequarem as demandas do mercado. Competências Individuais Competências individuais são aquelas que agregam valor às pessoas e podem ser observadas em seu desempenho profissional em um determinado contexto organizacional. Esta combinação segundo Fleury e Fleury (2004), pode ser dividida em três blocos: Competências de Negócio: dizem respeito ao entendimento de um indivíduo em relação ao “negócio” da sua organização, seus objetivos organizacionais, incluindo o conhecimento sobre o ambiente político e social no entorno da organização. Competências Técnico-profissionais: são direcionadas para os requisitos da operação, ocupação ou atividade. Competências Sociais: referem-se à capacidade social do indivíduo com as pessoas, como por exemplo: comunicação, negociação, mobilização para mudança, sensibilidade cultural e trabalho em equipe. Compreendendo conceito de ‘competência’ Para simplificação do conceito de competência segundo Fleury e Fleury (2004), entende-se competência como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que proporcionam ao profissional um melhor desempenho de suas atribuições funcionais, com eficiência no desenvolvimento das atividades e eficácia nos resultados do trabalho junto as suas organizações. Ou seja, é a capacidade do profissional e/ou organização em associar as suas qualidades individuais para um melhor desempenho na sua área de atuação: saber o que e por que faz, saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros, saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos, ser responsável e ético, assumindo os riscos e as consequências de suas ações, conhecer e entender as atribuições da organização e seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas. Gestão por Competências Não existe um modelo único previamente definido para a gestão de pessoas e competências Consequentemente deve haver um constante esforço do gestorem adaptar as organizações e seus funcionários a um modelo adequado à realidade, que envolvam e comprometam os empregados com os objetivos organizacionais. Para tal o gestor deve compreender as competências organizacionais, que são as de nível macro, aquelas que são essenciais para a organização crescer com sustentabilidade frente à concorrência definir as competências de nível micro, relacionadas às habilidades, aos conhecimentos, comportamentos e a capacidade de aprendizagem, dos indivíduos que irão compor sua equipe. Grupos e Equipes de Trabalho A formação dos grupos e equipes de trabalho envolve a compreensão da relação das competências organizacionais com as competências individuais de cada membro da equipe, sendo este o papel do gestor na constituição e no desenvolvimento delas. Saiba Mais. As equipes da NASA tinham de identificar rapidamente e chegar a um acordo quanto aos materiais e ao desenho das cápsulas espaciais que seriam utilizadas para trazer amostras de rochas e solo de Marte. Por mais incertas que fossem as condições a serem encontradas pela cápsula, os engenheiros deviam chegar a alguma decisão final. Foi a percepção geral das finalidades do projeto que permitiu que essas equipes concordassem com determinadas especificações técnicas sem se enredarem em opiniões e disputas pessoais (Dahle, 1999 apud Quinn, 2003, p. 66). Comprometer os indivíduos com as competências organizacionais fazendo com que coloque em uso as suas competências profissionais, motivar os indivíduos, comprometê-los com a compreensão de que são partes integrantes de um time, sem o qual os objetivos organizacionais não poderão ser realizados, torna-se a principal função do gestor a associação dos talentos individuais. Para que as pessoas possam contribuir com o máximo de suas potencialidades individuais e na integração da equipe como um time onde os profissionais associam suas competências é necessário que o gestor apresente um plano de metas de desempenho especificando quais as metas individuais e o seu relacionamento com os resultados finais do setor. Desenvolvimento e Construção de Equipes O processo de construção de equipes e seu desenvolvimento passam por etapas distintas, que podem ser identificadas segundo o comportamento de seus membros entre si e em relação à tarefa, pois as necessidades individuais e coletivas se modificam ao longo do tempo. Assim, quanto mais ciente o gestor estiver de qual estágio de desenvolvimento sua equipe está, poderá auxiliar o reforço do comprometimento dos indivíduos. Estágio 1: é a fase do teste, quando os indivíduos ainda estão aprendendo a se relacionar com suas tarefas e identificar seu papel no grupo. Normalmente se mantém em uma posição de reserva e precaução, no sentido de preservarem sua identidade e competências evitando abrir sua “caixa preta”. Cabe ao gestor desenvolver atividades que busquem a interação, defina bem o papel de cada um dentro da equipe, inspire a confiança mútua e gere um sentimento de complementariedade através do relacionamento interpessoal. Estágio 2: é o momento em que os membros do grupo começam a estabelecer uma estrutura de funcionamento, já se conhecem e são conhecidos em suas diferenças individuais. É natural surgirem conflitos e cabe ao gestor definir uma organização com o estabelecimento de normas e um sistema de compartilhamento da informação, incentivar a participação com sugestões e administrar os conflitos. Estágio 3: nesta fase, o gestor deve-se objetivar o estabelecimento da interdependência dos membros do grupo, desestimular a competição pela liderança única salientando que, em decorrência da natureza de cada tarefa, um membro pode estar mais qualificado para atuar na coordenação dos demais, criando assim um sistema de rotatividade da liderança informal. É importante que os membros da equipe ajam com autonomia e confiança, bem como exista entre eles o reconhecimento sobre suas competências individuais. Estágio 4: é a fase do amadurecimento da equipe, onde se entende como um time preocupado com a produção e avaliação coletiva do trabalho. Possuem um claro entendimento da competência e responsabilidade de cada um e entendem o resultado como fruto da contribuição de cada membro deste time. O gestor deve incentivar o feedback entre seus membros de forma construtiva e madura, bem como saber receber com segurança o retorno da equipe sobre sua atuação na gestão. Por isso a importância do processo de comunicação, da escuta reflexiva, do autoconhecimento, do conhecimento de suas forças e fraquezas e como estas se refletem em seu comportamento para poder estabelecer um relacionamento interpessoal bom com os membros de sua equipe e entre os mesmos Competências Gerenciais A análise das competências organizacionais demonstra que é necessário que os gestores tenham foco nos seus objetivos estratégicos, na aplicação dos seus Recursos Humanos, aproximando a ação dos empregados das atividades fins da organização, com o propósito de fornecer produtos e serviços que atendam melhor à demanda dos seus stakeholders. Um dos fatores mais críticos quando se fala em desempenho de uma organização é a gerência. Ela deve estar preparada para atuar na definição e na adequação dos Recursos Humanos na estratégia de gestão adequada à organização. Assim, é necessário o aprimoramento das competências destes profissionais através de ações de desenvolvimento gerencial como MBAs e cursos de pós-graduações. Não se trata apenas de empreender ações convencionais de aprimoramento dos modelos gerenciais comumente adotados, mas principalmente de buscar modelos mais flexíveis, menos hierarquizados que habilite os empregados à autogestão como forma de desenvolverem suas competências individuais para sustentarem e desenvolverem as competências organizacionais. Síntese da Aula Nesta aula, você: Identificou a articulação entre a estratégia organizacional e as competências individuais; Reconheceu os conceitos sobre as competências organizacionais e as individuais. Aula 2 - Modelo de Gestão por Competências Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer o modelo de gestão de pessoas articulado por competências para a movimentação e o desenvolvimento de pessoas. Introdução Um modelo de gestão por competências perpassa pelas práticas de gestão articuladas com o modelo de Gestão de Recursos Humanos adotado pela organização. Assim, é através das políticas e práticas adotadas pela área de Recursos Humanos que se concretiza o modelo de gestão por competências. A partir do entendimento da realidade organizacional e suas necessidades de mudanças e melhorias é que a área de Recursos Humanos irá desenvolver as políticas, os programas e os instrumentos para ter uma ação interventora sobre esta realidade organizacional. Desta forma, a visão sistêmica de Recursos Humanos, associando os esforços e as ações de todas as áreas de recursos humanos, é que irá dar a sustentação necessária aos gestores das demais áreas para poderem atuar segundo um modelo de gestão por competências. Na aula anterior, finalizamos destacando a importância do pleno entrosamento entre os gestores e as políticas e práticas de Recursos Humanos para o desenvolvimento de um modelo de gestão empreendedor e que direcione as competências individuais no sentido das competências organizacionais. Suas ações devem ser compatíveis com um modelo de gestão de pessoas articulado por competências, comprometido com a movimentação de pessoas e seu desenvolvimento, que deve ser desenvolvido pela área de RH. Desta forma, o sucesso de um modelo de gestão por competências está intrinsicamentecomprometido por essa parceria entre a área de gestão de Recursos Humanos e os demais gestores da organização. Habilitar os empregados à autogestão instigando-os a demonstrarem e desenvolverem suas competências adotando um modelo participativo é sem dúvida o primeiro passo para promover a sustentação de um modelo de gestão por competências. Características Organizacionais Para Nadler et all (1994), criadores da arquitetura organizacional, há “um conjunto amplo de características organizacionais a ser considerado pelos executivos” ao proporem a construção de um novo modelo: 1. Analisar a relação de adequação entre empresa e o seu ambiente externo. 2. Promover a compreensão da organização como um sistema integrado, onde as partes interagem para se fazer cumprir os objetivos organizacionais. 3. Deve-se observar as premissas básicas para se promover uma nova arquitetura física voltada a gerir uma organização mais eficiente. 4. Princípio da finalidade: o modelo físico deve ser adequado à função da organização. 5. Adequação arquitetônica: se mostrar ágil às respostas que a empresa deve proporcionar às variáveis externas. 6. Atender às demandas internas: compreender as necessidades dos gestores, empregados em relação à melhoria dos processos administrativos. 7. Desenvolver a organização: promover os valores organizacionais e sua cultura. Gestão de Portas Abertas Tão importante quanto a definição da modelagem organizacional é a empresa definir o seu modelo de gestão. Uma gestão com total transparência das informações em todas as direções, a definição das metas sustentadas pelas justificativas em consonância com os objetivos da organização, dos resultados alcançados responsabiliza os empregados em suas ações para com a organização. Este é o princípio da gestão de portas abertas que implica aos gestores não apenas em levar as informações aos empregados, mas saber ouvi-los e considerar suas informações como relevantes para o ajuste das forças organizacionais produtivas em uma mesma direção. Implica que haja um processo de comunicação fluindo entre as áreas, eliminando as “caixas pretas” entre gestores e empregados. Significa a empresa se perceber como um verdadeiro sistema orgânico onde o sucesso de um depende do sucesso de todos. Para tal é fundamental que a organização promova um bom clima e um ambiente que inspire a confiança entre seus membros e o espírito de cooperação que deve ser sustentado pelas políticas e programas desenvolvidos pela área de Recursos Humanos, inclusive no sentido de preparar os gestores para uma nova postura gerencial e com programas para agregar, desenvolver e reter pessoas com as competências necessárias à organização. Programas O momento altamente competitivo que as organizações enfrentam exige um novo modelo de gestão de pessoas que seja articulado por competências. As pressões sofridas pelas organizações não permitem mais ações vinculadas a um modelo tradicional de RH, requerendo programas que comprometam o empregado com a organização e vice-versa. Os programas de gestão de pessoas devem objetivar as ações de movimentação delas segundo suas competências, associando as ações de desenvolvimento de suas potencialidades e sua valorização segundo os resultados apresentados. Nesses aspectos, as ações da área de Recursos Humanos devem considerar a profunda relevância da parceria com os gestores organizacionais, não somente no sentido de fornecer subsídios para serem desenvolvidos tais programas, como também de aplicá-los de forma transparente utilizando-se as ferramentas de gestão de RH de forma adequada e justa. Expectativas Segundo Dutra (2004, p. 58) deve-se considerar as seguintes expectativas em relação a um modelo de gestão de pessoas por competências: Permitir ao gestor mapear as alternativas decisórias sobre as pessoas e os riscos de cada alternativa para a empresa, para a pessoa, para a equipe e para o próprio gestor; Permitir ao gestor avaliar os desdobramentos da decisão tomada; Garantir um processo contínuo de aprendizado quanto à gestão de pessoas. Implementação Para implementar um modelo de Gestão por competências, faz-se necessário seguir os passos: Movimentação de pessoas. Baseia-se no levantamento de necessidades de Recursos Humanos. Procura no mercado de RH por pessoas com as competências necessárias à organização que não foram identificadas dentro do espaço organizacional. Vale a observação de que para cada espaço ocupacional existe a pessoa com as competências mais adequadas e, partindo-se desse princípio, busca-se, em primeiro plano, a realocação dos empregados segundo seu potencial e as necessidades organizacionais. Assim, para Dutra (2004, p. 61) a captação de pessoas adequadas às necessidades da organização exige a concretização dos seguintes aspectos: Perfil profissional; Perfil comportamental esperado da pessoa; Entregas desejadas da pessoa, para atender as necessidades da organização tanto presentes quanto futuras; Condições de trabalho; Condições de desenvolvimento profissional; Condições contratuais, definindo os vínculos empregatícios a serem estabelecidos. Desenvolvimento Pessoal No momento atual, tanto a empresa necessita de pessoas com um perfil estabelecido pelas suas competências essenciais, organizacionais, quanto as pessoas necessitam de empresas que as permitam desenvolver suas competências individuais. Como isso representa a exigência de tempo para que esse relacionamento se estabeleça ao ponto de gerar resultados para a organização junto ao mercado, cabe a ela elaborar programas de desenvolvimento e recompensas dos talentos individuais, para que estes desenvolvam o capital intelectual da organização diferenciando-a no mercado competitivo. Como a rotatividade de pessoas com competências desejadas pelas organizações é atualmente de alto custo e complexidade o foco principal observado na tabela a seguir, é a trajetória na carreira, sendo assim, destaca-se a necessidade de programas de desenvolvimento de pessoas gerando a capacidade de assumir as atribuições cada vez mais complexas e com níveis de responsabilidade maior. Dutra (2002) apud Dutra (2004, p. 63) apresenta as diferenças entre a abordagem tradicional e a abordagem por competências. Desta forma, deve-se mensurar o nível de desenvolvimento da pessoa, considerando-se que a crescente complexidade do trabalho torna o nível de desenvolvimento da pessoa perecível com o tempo e que pessoas com esse perfil de competências necessitam de estímulos constantes, desafios, para manterem seu grau de motivação. Competência Interpessoal Para se estabelecer a competência interpessoal, ou seja, a capacidade de conhecer o outro e estabelecer um bom relacionamento com ele, é necessário desenvolver a competência intrapessoal que está relacionado à capacidade de autoconhecimento, identificar suas habilidades e competências. Considerando que para se estabelecer equipes interativas, potencialmente competentes e competitivas é fundamental que o gestor tenha um alto conhecimento de si. Esta deve ser uma prática constante no seu contexto organizacional. Devemos compreender que por mais que as pessoas de uma equipe tenham algumas características comuns, cada indivíduo guarda em si características específicas que associadas aos demais elementos da equipe faz com que esta seja mais fortalecida e capacitada a responder as expectativas organizacionais. Assim, cabe ao gestor identificar as habilidades e as competências de cada participante de sua equipe, bem como seu comportamento diante das situações, além de seus interessese necessidades próprias para propiciar o inter-relacionamento entre os membros de sua equipe, estabelecendo quem trabalha melhor em uma determinada tarefa, com quem trabalha bem em harmonia e complementação. Autocompreensão A autocompreensão permite ao indivíduo compreender seus sentimentos, suas habilidades e competências, bem como seus limites e fraquezas, e relacioná-los aos seus atos, avaliar suas experiências com ênfase em um aprendizado e buscar o autodesenvolvimento, revelando-se um profissional mais autoconfiante e seguro gerencialmente. A técnica do feedback é uma ferramenta importante para ampliar nossa autocompreensão e entendermos como nossas ações estão sendo percebidas pelos outros, além de ajudar-nos na compreensão dos outros, como funcionam evitando que em nossas ações criemos situações de exposição dos outros e as áreas de conflito no desenvolvimento do grupo. Apresentando um comportamento de sensibilidade e respeito às necessidades e áreas sensíveis e privadas dos outros, o gestor demonstra abertura à participação dos demais membros da equipe e propicia que sigam este comportamento como exemplo para suas próprias ações. Isso reforça a capacidade de empatia*, de se colocar no lugar do outro o que aumenta a tolerância e a capacidade de enxergar a situação sob a ótica do outro, ajustando seu comportamento a esta percepção podendo evitar conflitos e criar uma ação mais cooperativa e integradora de uma equipe de colaboração mútua. *Algumas práticas para o desenvolvimento da capacidade de empatia segundo a visão de Quinn (2003, p. 39): 1. Antes de mais nada é preciso realizar um autoexame. Se você não quiser verdadeiramente compreender o outro, se for insincero, a empatia não vai funcionar. 2. A comunicação envolve mais que palavras. Procure ser sensível aos casos com que os pensamentos e os sentimentos expressos não são congruentes. É preciso ler tanto os indícios não verbais quanto os verbais. 3. Não se precipite diante de descrições imprecisas dos fatos; atente para os sentimentos ocultos no subtexto antes de apressar- se em corrigir os fatos. 4. Permita que a pessoa fale a verdade emocional, que talvez inclua sentimentos negativos a seu respeito. Esteja pronto a explorar abertamente esse feedback negativo. 5. Utilize a escuta reflexiva. Comunicação Interpessoal A comunicação interpessoal é uma ação aparentemente simples, mas ao analisarmos mais especificamente esta importante competência gerencial, compreendemos melhor seu alto grau de complexidade e o grande esforço a ser despendido pelos envolvidos nesse processo. Podemos nos achar claros ao transmitir uma mensagem, mas essa clarificação depende de várias análises que antecedem a ação de comunicar. Traduzir em palavras e símbolos nossos pensamentos depende, em primeiro lugar, em entender como eles serão compreendidos pelo receptor. “Muitas coisas influenciam o processo de codificação, entre elas a urgência da mensagem, a experiência e a habilidade do emissor e a imagem que ele tem do receptor.” (Quinn, 2003, p. 42). Comunicação Interpessoal – Meio e Feedback A escolha do meio também é fundamental e esta escolha depende da análise do conteúdo a ser transmitido, sua complexidade, a necessidade de sigilo, o envolvimento de outros no processo etc. Assim, entre a escolha de um e-mail, um telefonema, uma reunião individual ou em equipe, uma videoconferência, entre outros, deverá haver uma cuidadosa análise por parte do gestor. Algo que não pode ser esquecido é a necessidade de se aplicar o feedback no processo de comunicação. Entre o comunicador e o receptor deve-se estabelecer uma linha aberta ao feedback, condição elementar para se evitar ruídos que distorçam o teor e o objetivo da mensagem. Delegação Através do processo de delegação o gestor deverá pôr em prática todos os pontos abordados nesta aula até o momento, entendendo envolver etapas que não devem ser esquecidas sob pena de não permitir ao subordinado a realização de sua tarefa com eficiência e eficácia. Antes de tudo é necessária a compreensão de que a responsabilidade pelo sucesso do empreendimento a ser realizado por seu subordinado sempre será sua responsabilidade ao final enquanto gestor. Desta forma, a comunicação ao subordinado segundo os critérios estabelecidos anteriormente, o monitoramento e a supervisão deverá ser exercida continuamente pelo gestor, sempre acompanhada por uma escuta reflexiva. Síntese da Aula Nesta aula, você: Reconheceu o modelo de gestão de pessoas articulado por competências para a movimentação e o desenvolvimento de pessoas. Aula 3 - Modelo de Gestão por Competências Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer os Modelos de Avaliação de Desempenho e Potencial. Introdução Nesta aula, vamos abordar uma das principais ferramentas de suporte para uma gestão com base em competências. Trataremos da Avaliação de Desempenho e Potencial que tem por propósito não somente salientar as necessidades de adequação ao cargo, cujo empregado ocupa no presente momento da organização, mas de sinalizar o seu potencial para ocupar outros cargos tanto em tempo atual quanto em situações futuras. Através de uma Avaliação do Potencial latente do empregado o gestor e a área de Recursos Humanos podem investir suas ações de desenvolvimento de competências nas pessoas segundo suas reais necessidades de crescimento profissional, bem como sobre as necessidades organizacionais futuras preparando as pessoas para novas ocupações. Avaliação de Desempenho A Avaliação de Desempenho é uma atividade que sempre gera ansiedade e desconforto nas pessoas, quer seja ao avaliador, quer seja ao avaliado. Em parte, por não haver um processo sistematizado corretamente, na maioria das organizações, como também por não haver uma preparação correta dos envolvidos no processo. Associamos a Avaliação de Desempenho a críticas de conotação negativa e perdemos a oportunidade de aproveitar esse momento para observarmos melhor as condições que devem e podem ser melhoradas no nosso desempenho. Pode ser o momento de destacarmos as potencialidades do empregado e do gestor para que as ações dos programas de Recursos Humanos tenham uma ação mais direcionada às reais necessidades de desenvolvimento e planejamento de carreiras, além de poderem gerar promoções e premiações associadas à remuneração variável de forma justa e transparente. Em um contexto da gestão por competências, a Avaliação de Desempenho deve ter seus objetivos associados às estratégias organizacionais verificando como a organização está caminhando para o alcance de suas metas e como seus empregados estão sendo aplicados nos seus processos e nas suas atividades. Na medida em que o empregado identifica a harmonia de valores entre os seus e os da organização, recebem o respeito pelo seu talento por parte da empresa através da oportunidade de participar e crescer profissionalmente; aumenta a sua vontade de se desenvolver profissionalmente e investir na organização. Segundo Vergara (2000, p. 48) “é natural do ser humano gostar de sentir-se importante, de ser reconhecido”. Dessa forma, a Avaliação de Desempenho é o instrumento pelo qual o talento possa se sentir reconhecido e relevante para a organização, sendo estimulados a apresentarem suas competências e habilidades com satisfação em fazer parte dos resultados organizacionais. Desta forma, a Avaliação de Desempenho vai além de uma ferramenta de mensuração dos resultados obtidos pelos empregados no desempenho de suas atividades, tornando-se um mecanismo essencial ao planejamento estratégico da organização. O Planejamentode Recursos Humanos O Planejamento de Recursos Humanos compreende o processo gerencial de identificação e análise das necessidades organizacionais para subsidiar a área de RH no desenvolvimento de políticas, programas, sistemas e atividades que atendam às necessidades organizacionais a curto, médio e longo prazo, assegurando a realização das suas estratégias, dos seus objetivos e de sua continuidade sob condições de mudanças, constantes no mundo globalizado. Identificar, analisar e ajustar as necessidades organizacionais do corpo funcional, em nível de competência profissional e de desempenho, promovendo programas de atração e retenção, de forma a assegurar a efetividade organizacional é papel da área de Recursos Humanos em parceria com os demais gestores da organização. Assim, para a implementação de tais ações, a Avaliação de Desempenho se apresenta como uma ferramenta fundamental nos subsídios necessários. A importância da Avaliação de Desempenho A ferramenta de Avaliação de Desempenho se mostra importantíssima para diagnosticar as necessidades de desenvolvimento da qualificação e do potencial dos empregados, fornecendo recursos para que as organizações respondam, em tempo hábil, às mudanças e a imprevisibilidade do mundo moderno segundo Lucena (1992, p.15). Assim, o grande desafio para as empresas é desenvolver o potencial de seus colaboradores para obter, em contrapartida, alto desempenho, partindo-se do reconhecimento que o desempenho humano é o fator impulsionador do sucesso da empresa. Para Chiavenato (2004, p. 223), a avaliação do desempenho é: (...) uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. A Avaliação de Desempenho é um processo que serve para julgar ou estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo qual é a sua contribuição para o negócio da organização. Sendo assim compreendido, o desempenho do empregado está ligado a diversas variáveis como motivação e remuneração de forma individual; variáveis estas que terão significado e importância distinta, devendo ser consideradas as diferenças individuais*, pois tanto em desempenho quanto em potencial há diferenciações. *Naturalmente cabe aos gestores e à área de Recursos Humanos detectarem, no cotidiano organizacional, as características que diferenciam os profissionais, na execução de tarefas e nos aspectos comportamentais, identificando as habilidades individuais e as características de personalidade dos seus funcionários. Isto tudo para determinar o seu correto posicionamento em cargos onde elas sejam mais bem aproveitadas. Bergamini (1986, p. 59), cita as causas das diferenças individuais de desempenho no trabalho: Primeiro: porque já nasceram diferentes umas das outras; são as chamadas variáveis inatas. Segundo: porque passaram por experiências de vida diferentes; são as chamadas variáveis adquiridas. Responsabilidade pela Avaliação de Desempenho Dependendo da política de RH da empresa, a responsabilidade pela Avaliação de Desempenho pode ser atribuída da seguinte forma: Nas organizações, atualmente, observamos em sua na maioria, ser atribuída à responsabilidade do gestor, compreendendo que pela sua ação diária junto ao empregado é o personagem que possui as informações necessárias sobre o seu subordinado e as habilidades requeridas para cada tarefa relacionada aos cargos do seu setor. Mas, para que essa atribuição seja bem executada pelo gestor é necessária a orientação da área de RH na sua preparação sobre a importância e os critérios que devem ser observados no momento da avaliação do seu subordinado, tais como: A imparcialidade, O conhecimento do trabalho do avaliado, Manter-se sempre como observador, Utilizar os métodos e as ferramentas desenvolvidos pela área de RH adequadamente e Registrar o desempenho do funcionário durante todo o período compreendido pela avaliação de desempenho. Uma curiosidade a ser destacada sobre John Rawls vem do seu interesse por questões sociais. Isso ocorreu devido ao envolvimento de sua mãe com movimentos feministas e por sua indignação diante da situação das populações negras da cidade de Baltimore, que viviam em condições muito inferiores aos brancos, além de ter tido contato com brancos pobres em outras regiões. Periodicidade das ações de avaliação Outra questão que deve ser observada como relevante é a periodicidade das ações de avaliação, pois durante o período de 1 ano, os dados referentes ao desempenho do empregado podem variar, segundo diversas variáveis sofridas por ele dentro e fora da organização. Principalmente quando a avaliação se encontra associada às ações de treinamento e desenvolvimento e recompensas. Em virtude disso, muitas organizações têm realizado as ações de avaliação em períodos menores, trimestrais, quadrimestrais ou semestrais, realizando ao final do ano a curva do desempenho do empregado, tornando assim o método mais preciso e justo. Meios de Avaliação Organização democrática Organizações com uma política mais democrática costumam utilizar a autoavaliação, levando o empregado a avaliar seu próprio desempenho e gerando no indivíduo um senso de responsabilidade pelos seus resultados. Em um segundo momento, o gestor imediato e o indivíduo comparam e discutem os resultados das avaliações e juntos se responsabilizam pelo fechamento da avaliação de desempenho. Essa metodologia compromete ambas as partes com os resultados, principalmente os futuros, gerando maior participação de ambos, bem como uma maior motivação dos empregados, que não se sentem alijados do processo, principalmente no estabelecimento de objetivos para cada cargo, dando ênfase na mensuração e no controle dos resultados através de um sistema contínuo de avaliação. Sendo assim, a orientação é para o planejamento do desempenho futuro conciliando as necessidades da organização com os objetivos de carreira do avaliado. Organização Autocrática Nas empresas mais autocráticas, a área de Gestão de Recursos Humanos é uma opção mais utilizada. O RH assume a maior parte da responsabilidade pela Avaliação de Desempenho de todos os funcionários da empresa e busca informações sobre a atuação com cada gerente. Normalmente, também, não há o processo de autoavaliação, impedindo o empregado de vivenciar esse método, o que gera o sentimento de alijamento pelos resultados atuais e futuros, já que não permite a participação que causa o comprometimento dos empregados com suas ações e resultados. Saiba Mais. Outra opção utilizada, em algumas organizações, é a da Comissão de Avaliação de Desempenho, que tem como desvantagens o fato de exigir um maior número de pessoas e tempo reservado para a avaliação. A comissão deve ser constituída por profissionais de diversos órgãos, todos comprometidos com a tarefa. As suas vantagens estão em neutralizar a questão do subjetivismo por parte do avaliador que, no caso, não sendo o gestor direto do empregado se torna um elemento neutro na avaliação, bem como tem caráter uniforme nos padrões de avaliação, já que todos estarão sendo avaliados pelos mesmos indivíduos e sob os mesmos critérios. Avaliação 360º Quando observamos a Avaliação de Desempenho com o caráter de desenvolvimento de competências a Avaliação 360 Graus, onde o funcionário é avaliado por todas as pessoas que de alguma forma mantêm contato profissional com ele, apresenta-se como um método mais preciso. Nessa metodologia, o gestor imediato, o próprio empregado, os seus subordinados, os colegas de trabalho, os clientesinternos e externos da organização são envolvidos na avaliação do empregado. Por ultrapassar o espaço organizacional, bem como envolver todos os que têm alguma forma de interface com o indivíduo avaliado é considerada uma metodologia mais completa, pois consegue obter informações de diferentes percepções sobre o empregado. Entretanto, sua aplicação torna-se muito mais trabalhosa, já que envolve um grande número de avaliadores, devendo ser definidos para cada empregado. Observe abaixo o esquema de Chiavenato que demonstra o processo. Deve-se observar que podem ser utilizados diversos processos de avaliação para obter as informações que serão processadas e utilizadas no processo. Sendo que a escolha do método a ser utilizado pela empresa é um fator fundamental para o sucesso da Avaliação de Desempenho, devendo ter seus objetivos ajustados aos propósitos das organizações e seus critérios estabelecidos de forma clara. Métodos de Avaliação de Desempenho 1 - Método das Escalas Gráficas Utiliza-se um formulário de dupla entrada, onde nas linhas horizontais estão listados os fatores e nas colunas o grau de avaliação. Estes graus estão intercalados entre desempenho fraco ou insatisfatório e ótimo ou excelente. É o método mais simples e justamente em virtude disso é mais suscetível à subjetividade do avaliador. A forma de apresentação dos resultados é outra crítica ao método, pois prioriza todos os resultados em formatos numéricos, estatísticos e matemáticos. Em contrapartida as vantagens estão em ser de fácil aplicação e apresentar uma visão resumida dos fatores de avaliação e a facilidade no registro. 2 - Método da Escolha Forçada Utilizam-se frases descritivas de alternativas de tipos de desempenho individual, dispostas em blocos, onde o avaliador é forçado a escolher apenas uma ou duas frases que mais se assemelham ao desempenho do avaliado. Devido à complexidade exigida, na sua montagem e elaboração dos instrumentos, exigem um planejamento cuidadoso, sendo um ponto de crítica negativa, além de se tratar de um método comparativo e discriminativo que apresenta resultados possíveis de serem encontrados no comportamento do indivíduo avaliado sem muitas informações ao avaliador, apenas descrimina os empregados entre bons, médios e fracos. Uma crítica positiva está em eliminar os efeitos de halo, quando um avaliador compreende como bom ou ruim o desempenho do indivíduo avaliado em todos os aspectos questionados pela avaliação, sem uma análise mais criteriosa por conta do subjetivismo e do protecionismo do gestor sobre o empregado. 3 - Método da Pesquisa de Campo É baseado em entrevistas de um especialista em avaliação com o supervisor direto do empregado, onde se procura diagnosticar o seu desempenho, identificando as causas do desempenho considerado inadequado e seguindo uma sequência de ações: Avaliação inicial, Análise suplementar, Planejamento e Acompanhamento. Por permitir avaliar o desempenho e suas causas, bem como planejar em conjunto com o supervisor formas para o seu desenvolvimento e o acompanhamento do desempenho do empregado, é o método é mais completo. Como vantagens podemos observar que proporciona ao avaliador uma assessoria e um treinamento relacionado ao acompanhamento de um especialista em avaliação, gerando um planejamento para melhorar o desempenho futuro do empregado e do gestor e proporcionando uma avaliação profunda, imparcial e objetiva de cada empregado. Avaliação de potencial No contexto de uma economia globalizada e de alta concorrência, a avaliação de potencial é uma ferramenta fundamental para preparação dos talentos necessários à empresa, principalmente nos aspectos relacionados ao seu futuro, identificando os empregados que possuam talento e potencialidades que serão canalizados para suprir as necessidades futuras da organização quanto à aplicação de Recursos Humanos qualificados. Assim, para diagnosticar o potencial de seus empregados as organizações buscam dados relacionados ao comportamento do indivíduo, seus processos de trabalho, suas habilidades específicas que o diferenciam dos demais e indicam ser possíveis de serem desenvolvidas para levá-los a novas ocupações e carreiras. Segundo Lucena (1995, p.134): O potencial que o indivíduo possui distingue o que ele é capaz de fazer hoje e o que será capaz de fazer amanhã, dimensiona o que ele é hoje e o que poderá ser no futuro. Este potencial refere-se às características inatas do indivíduo, tais como habilidade, aptidões, inteligência, raciocínio lógico etc. e características adquiridas como conhecimento, experiências. Talentos e potencial Identificamos as pessoas classificadas com talentos para a organização como aquelas que se destacam no desempenho de suas atividades e demonstram condições de irem além das que já ocupam. Naturalmente demonstram um prazer na realização de seus objetivos organizacionais e gostam de assumir maiores desafios e investimentos em suas carreiras. Têm característica de procurarem empresas que lhes proporcionem estas condições, que tenham um ambiente de trabalho dinâmico e um bom clima organizacional. Também objetivam trabalhar em organizações que proporcionem o desenvolvimento de suas carreiras e as recompensas financeiras e sociais. Além de ter bem estabelecidas as competências individuais, do cargo e da organização a área de Gestão de Recursos Humanos deve estabelecer estratégias de desenvolvimento dos talentos detectados, conhecimento dos resultados almejados pelo negócio e o acompanhamento da evolução do quadro de pessoas como veremos nas aulas a seguir. Síntese da Aula Nesta aula, você: Reconheceu o modelo de gestão de pessoas articulado por competências para a movimentação e o desenvolvimento de pessoas. Aula 4 – Remuneração Estratégica Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer os Modelos de Avaliação de Desempenho e Potencial Introdução Nesta aula, trataremos da Remuneração Estratégica que tem por propósito não somente recompensar o esforço e as competências individuais, como também reter os investimentos realizados em recursos humanos no desenvolvimento dos talentos organizacionais. Estabelecer os princípios da Remuneração Estratégica baseada na remuneração variável, definindo as diferenças entre as recompensas financeiras e não financeiras, bem como o papel do gestor na operacionalização delas junto aos membros de sua equipe de trabalho. Estruturas organizacionais As empresas vêm sofrendo constantes modificações em suas estruturas organizacionais, alterando a distribuição e a forma de funcionamento dos setores e em decorrência da composição dos próprios cargos. Mas você sabe o que propõe esses novos modelos de estruturas? Mais flexibilidade e menos níveis organizacionais, refletindo na construção de cargos mais amplos, mais maleáveis e que permita que seus ocupantes tenham tarefas enriquecidas através de uma visão ampla do contexto organizacional interno e externo. Dentro desta nova ordem de construção das organizações é possível a formação de equipes multidisciplinares e autogerenciadas, o que é o pilar para um novo modelo de Gestão, mais participativo e exigente com as competências e as habilidades dos empregados, com um grau de cobrança contínuo sobre o nível de participação do indivíduo na dinâmica organizacional. Observando o grau de exigência que tem sido cobrado deste novo perfil de profissionais, o sistema de remuneração tem que acompanhar com a mesma dinâmica e flexibilidade. O indivíduo deve ser recompensado adequadamente por todo o esforço produtivo e interativocom a sociedade organizacional, com o foco em resultado. A constituição do cargo Para todas as áreas do sistema de Recursos Humanos a constituição do cargo é fundamental, pois a base das descrições de tarefas e funções do cargo é o subsídio para as ações de Treinamento, Avaliação de Desempenho, Planejamento de Carreiras entre outras. O cargo identifica para o empregado suas ações no esforço produtivo, sua responsabilidade e amplitude de autoridade e poder, bem como para os gestores que supervisionam os seus ocupantes. Através da descrição do cargo fica mais clara a complexidade das tarefas e o grau de responsabilidade que é exigido de seu ocupante, podendo-se assim identificar as competências e as habilidades exigidas de seus ocupantes. A área de ocupação e o nível hierárquico A área de ocupação e o nível hierárquico também são demonstradores das competências que devem ser exercidas pelo empregado no espaço organizacional, além do modelo de produtividade e o estabelecimento de metas a serem cumpridas para alavancarem a organização ao cumprimento do seu planejamento estratégico. A descrição do cargo é importante porque através dela podemos identificar: As qualificações necessárias aos seus ocupantes; O processo de trabalho e sua metodologia; Os conhecimentos necessários ao desempenho das funções e tarefas; Sua relação com a estrutura da organização; A relação de poder, autoridade e responsabilidade. Assim, podemos estabelecer não somente o valor relativo deste cargo para a organização, sua importância para a empresa, como também o valor absoluto, em termos de remuneração. O Diferencial Um diferencial da atualidade nas empresas é ir além deste tipo de avaliação convencional de cargos, segundo objetivos de remuneração, para considerar o valor do indivíduo no exercício do seu cargo, procurando diferenciar o desempenho significativo para o sucesso da empresa. Isto se justifica em virtude da dinâmica de atuação que é solicitada das organizações para darem respostas ao ambiente externo altamente competitivo, cobrando que as empresas revejam suas estruturas e modelos de gestão para adquirirem maior flexibilidade e agilidade em suas respostas aos stakeholders. Mudanças nos modelos de remuneração e incentivo Da mesma forma, as organizações transferem aos empregados parte destas cobranças, no sentido de que eles assumam novas tarefas e responsabilidades, tendo que apresentar um desempenho com resultados que estejam diretamente relacionados com o desempenho organizacional. Dentro destas premissas cabe observar que os modelos de remuneração e incentivo tiveram que evoluir em seus princípios anteriormente formados, dentro de parâmetros de uma estrutura rígida e inflexível, baseada em cargos estreitos para atender as expectativas de cargos amplos e enriquecidos. Através do aumento gradativo de tarefas mais complexas e desafios propostos em sua execução e em relação aos objetivos organizacionais o enriquecimento do cargo delega mais responsabilidade ao seu ocupante, trazendo uma maior satisfação intrínseca ao empregado, reconhecendo-o como um ser mais participativo e autônomo no contexto organizacional. Programas de Incentivo São programas que visam incentivar o empregado a aumentar seu desempenho e seu grau de participação na empresa, objetivando ganhos diretos tanto de cunho social quanto de remuneração. Embora estes programas tenham premissas comuns, cada organização tem a flexibilidade de criar um modelo adequado a sua cultura e aos seus objetivos estratégicos. O importante é que sejam bem definidos os critérios para a participação do empregado nestes programas e que sua divulgação seja ampla e transparente, para não causar dúvidas sobre os resultados. Não podemos esquecer que de forma indireta os programas de incentivos trazem uma conotação de punição aos que não sejam premiados. Assim, os modelos de incentivo devem ser cuidadosamente estruturados para não descaracterizar um trabalho de equipe através de uma competição desagregadora e desleal. Um bom programa deve observar ganhos individuais que destaque os desempenhos excepcionais e ganhos coletivos como reconhecimento da importância do trabalho em equipe. De forma geral os modelos de recompensas relacionam o conjunto de benefícios que a empresa oferece aos seus empregados e as condições desta oferta, cabendo ao empregado enquadrar- se a estas e aceitar as condições apresentadas pela empresa. É normal que as empresas para evitarem abusos no uso dos benefícios e vantagens estabeleçam condições aos empregados incluindo até mesmo descontos percentuais em seus salários para se estabelecer o direito ao benefício oferecido. Exemplo. Como exemplo, podemos citar o auxílio creche, estabelecendo que o empregado tenha filhos em idade que requer este suporte ao seu bem-estar enquanto os pais estão trabalhando. Algumas empresas optam por pagamento integral em creches credenciadas ou um valor teto, podendo o empregado matricular a criança em um estabelecimento de sua preferência e arcar com a diferença na mensalidade. Outro exemplo é o vale refeição, que muitos empregados, em cargos executivos, são desestimulados a aceitarem em virtude do desconto a ser feito em seus salários serem superiores ao valor do benefício a ser recebido. Esta medida é executada pela empresa por ser perceptível que estes empregados desviavam tal benefício aos filhos para divertimento pessoal ou aos seus empregados domésticos, enquanto o objetivo da aplicação do benefício é o bem-estar e a saúde do empregado durante o horário de trabalho. O desconto de um percentual de 2%, por exemplo, sobre o valor do salário de um operário tem um reflexo diferenciado deste mesmo desconto sobre o salário de um executivo. Assim, enquanto para um operário este percentual é muito inferior do valor do vale refeição, para um executivo é o vale alimentação que será bem inferior ao desconto que sofrerá em seu salário. Desta forma, o benefício não restringe a participação do empregado, mas o próprio empregado reconhece que aquele vale não lhe é conveniente e não o solicita a organização. Atenção. Também é importante a participação financeira do empregado no custo do benefício por uma questão de gestão das condições de sua oferta. A partir do momento em que há um desconto financeiro, por menor que seja o empregado sente-se no direito de cobrar um melhor atendimento e auxilia a área de RH a supervisionar as condições de oferta deste benefício, principalmente quando é proveniente de uma empresa terceirizada. A participação do empregado nos resultados da empresa Embora não possamos desconsiderar que os benefícios são uma forma de recompensa aos empregados, nosso foco nesta aula é a recompensa que diferencia a participação do empregado nos resultados da empresa. Ou seja, na visão de Chiavenato (2010), aquelas que: • Aumentam a consciência e a responsabilidade do indivíduo e do grupo dentro da organização. Isto é, que incentivam o espírito de missão na empresa. • Ampliam a interdependência do indivíduo para com o grupo e do grupo para com toda a organização. Em outras palavras, estimulam o espírito de equipe e o trabalho em conjunto. • Ajudam a enfrentar a constante criação de valor dentro da organização. Impulsionam as ações que agreguem valor à organização, ao cliente e às próprias pessoas. O desempenho excelente deve ser premiado. Modelos de Remuneração Há vários modelos de remuneração vinculada aos incentivos à participação do trabalhador, cabe à organização verificar qual atende melhor aos seus objetivos estratégicos, bem como as suas condições de manutençãode oferta destes incentivos, pois, como sabemos, segundo a visão de Herzberg os incentivos financeiros podem até não motivar o empregado a desenvolver um comportamento mais produtivo, mas a retirada deles, com certeza, irá desestimular o empregado trazendo perda de produtividade. Desta forma, o estudo preliminar destes objetivos da organização e de suas condições de manutenção dos estímulos financeiros deve ser muito bem verificado. Reconhecimento É importante também entender que “nem só de pão vive o homem” e que reconhecimentos, principalmente os motivacionais, levam o empregado a ser reconhecido afetiva e socialmente dentro e fora do grupo organizacional, bem como a sua autorrealização profissional e pessoal é fundamental para sua motivação no trabalho. Assim, os planos de incentivo* devem observar não somente os ganhos financeiros, mas também o reconhecimento por parte da organização, dos gerentes e demais empregados pela atuação do indivíduo no contexto organizacional. *O processo de Avaliação de Desempenho deve ser a base principal destes modelos de incentivos, observando questões objetivas, associadas à produtividade do indivíduo, e também seu comportamento junto ao grupo organizacional. Tipos de planos de incentivos Qualquer que seja o modelo escolhido pela organização é fundamental que as regras sejam claras e amplamente divulgadas, bem como o processo de Avaliação de Desempenho do empregado seja o mais transparente possível. 1 - Remuneração Variável: Parte do estabelecimento de uma remuneração fixa por ocupação ou função a partir deste patamar e através da Avaliação de Desempenho dos seus ocupantes estabelece percentuais sobre esta remuneração fixa. Assim, se diferencia financeiramente aqueles empregados que apresentam um desempenho superior aos demais. 2 - Plano de Bonificação Anual: É uma variante da remuneração variável, mas a contrapartida ao desempenho do empregado é anual. Através de critérios estabelecidos pela organização, como aumento nos lucros, na produtividade, na qualidade do produto e nos clientes entre outros, estabelece o grau de participação do empregado para o alcance da empresa e de seu sucesso. 3 - Distribuição de Ações: É uma variação da bonificação anual, substituindo o valor em dinheiro por ações da organização. Neste modelo, as ações são doadas aos empregados em uma proporção direta ao seu desempenho e aos resultados obtidos com esta participação do indivíduo pela organização. 4 - Opção de Compra de Ações: É uma variação da distribuição de ações, mas com a participação ativa do empregado. Segundo o desempenho do indivíduo e sua participação no sucesso da empresa, há a oferta, a preços subsidiados, de suas ações aos empregados. Cabe ressaltar que tanto a distribuição de ações como a opção de compra não são modelos muito observados nas empresas brasileiras. Naturalmente não são muito apreciados pelos indivíduos ocupantes de cargos mais baixos na hierarquia organizacional que têm preferência por remunerações mais imediatas e por valores monetários expressos em sua remuneração. 5 - Participação nos Resultados Alcançados: É relacionado ao desempenho do indivíduo ou do grupo com as metas e os resultados estabelecidos pela organização para determinado período. Estas metas organizacionais devem estar decompostas entre os departamentos e seus setores e estabelecidas no âmbito do indivíduo. 6 - Remuneração por Competência: Também identificada como habilidades ou qualificação profissional, remunerando o indivíduo pelas habilidades e competências, técnicas e comportamentais, que ele empreende na sua atuação, na empresa, independente das exigências do cargo. Assim, criatividade, motivação e traços de sua personalidade são bem valorizados, além de seu conhecimento técnico e experiência. Esta participação personalizada parte de um processo que envolve a discussão entre o gestor e seu subordinado sobre quais as habilidades e as competências são importantes para a organização e através da análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo são estabelecidas as metas de melhoria de seu desempenho. Naturalmente deve haver uma ação conjunta da empresa e do empregado em estabelecer um programa de treinamento, que crie um comprometimento mútuo com a melhoria do desempenho do empregado. Entende-se que a partir daí uma remuneração individual pode ser mais coerente com o grau de envolvimento do indivíduo para com a empresa. 7 - Distribuição do Lucro: Este tipo de remuneração anual foi estabelecido no Brasil a partir de 1946, pela Constituição Federal, e define que a empresa distribua parte do seu lucro aos seus empregados. É uma imposição legal e remunera coletivamente, não criando diferenciais individuais. Segundo Chiavenato, um plano de incentivos é interessante quando na organização: • As unidades de resultados podem ser facilmente medidas. • Existe uma clara relação entre o esforço do funcionário e a quantidade de resultados alcançados. • Os cargos são padronizados, o fluxo de trabalho é regular e não há demora na aferição dos resultados. • A qualidade é menos importante do que a quantidade ou quando é facilmente medida e controlada. • As condições de competição impõem que as unidades de custo sejam precisas e conhecidas. Assim, os planos de incentivo devem recompensar os indivíduos na medida diretamente proporcional a sua participação na produtividade da empresa, cabendo a ela fornecer as condições necessárias ao exercício profissional do empregado. É fundamental que as regras estabelecidas pela empresa para a sua concessão sejam: • claras e mensuráveis pelo empregado para garantir um resultado transparente. • sejam viáveis de serem alcançadas. • sejam estabelecidas junto com os empregados, negociadas entre os gestores e seus subordinados, com o devido apoio da organização às necessidades do empregado para superarem seu desempenho. O corpo gerencial da organização deve apoiar o modelo de remuneração variável estabelecido pela organização e em hipótese alguma a empresa deve reduzir os incentivos quando os resultados forem alcançados. Prós e os contras de uma remuneração Chiavenato ainda destaca os prós e os contras de uma remuneração variável, que devem ser observados pela organização ao resolver adotar um modelo de incentivos desta natureza: Modelo de incentivo baseado em remuneração Não podemos deixar de admitir que um sistema de remuneração flexível permita ao empregado uma autogestão do seu desempenho e uma maior participação produtiva no contexto organizacional, mas devemos garantir por parte da organização um estudo pormenorizado das vantagens e desvantagens da adoção e manutenção de um modelo de incentivo baseado em remuneração. Cabe à organização, também, reconhecer que não basta apenas estabelecer um programa desta natureza baseado apenas no esforço de seus empregados, devendo proporcionar as condições para eles executarem suas ações e superarem seus pontos fracos, gerando melhorias nos seus desempenhos. Assim, um processo de avaliação de desempenho deve estar alinhado com ações de Treinamento & Desenvolvimento profissional. Síntese da Aula Nesta aula, você: Reconheceu os princípios da Remuneração Estratégica. Aula 5 - Benefícios como Incentivo Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Benefícios como incentivos; 2. Identificar os principais tipos de benefícios oferecidos pelas organizações. Introdução Na aula anterior, observamos a importância da remuneração variável para incentivar a participação e a produtividade do empregado nas organizações. Atualmente, os Benefícios & Serviços oferecidos pelasorganizações aos seus empregados são percebidos por ambos os lados como “salários indiretos” agregando valor à qualidade de vida do trabalhador, bem como potencializando seu poder econômico na medida em que retiram ou minimizam os custos com despesas para adquirirem tais serviços de forma individualizada e particular. Para as organizações os benefícios garantem, além da qualidade de vida do trabalhador, uma forma de atrair e reter talentos, enquanto para o empregado significa, além da qualidade de vida, uma forma de remuneração indireta que aumenta o poder de compra do seu salário, desonerando- o dessas despesas cobertas pelos benefícios ofertados pela organização. A importância dos benefícios para as organizações e para as pessoas Os benefícios surgiram, nas organizações, baseados nas necessidades humanas fisiológicas, de forma paternalista e com objetivos bem definidos de manter os aspectos de alimentação e saúde do empregado, adequados para eles estarem aptos à produtividade. Evolutivamente, os benefícios são encarados, na atualidade, como serviços oferecidos aos seus empregados de forma direta ou indireta, pela organização, objetivando prover condições de bem-estar e como forma de um pagamento adicional ao salário. Tipos de Benefícios As organizações visam com esses produtos ou serviços aumentar, também, o poder aquisitivo dos empregados, bem como melhorar a captação e a retenção deles em suas fronteiras. Segundo Chiavenato (2008) os benefícios podem ser oferecidos de forma monetária e não monetária, sendo os principais: Benefícios Monetários X Benefícios não Monetários Benefícios Monetários são concedidos em dinheiro, comumente através da folha de pagamentos e gerando encargos sociais decorrentes. Os principais são: Férias; 13º salário; Gratificações; Complementação do salário nos afastamentos prolongados por doenças etc. Benefícios não monetários são os benefícios não financeiros oferecidos na forma de serviços, vantagens ou facilidades para os usuários, como: Refeitório; Assistência médico-hospitalar; Assistência odontológica; Serviço social e aconselhamento; Clube ou grêmio; Transporte de casa para a empresa e vice-versa; Horário móvel ou flexível etc. Objetivos assistenciais, recreativos e supletivos Além dos benefícios obrigatórios por lei, como 13º salário e férias, as empresas, cada vez mais, vêm investindo em benefícios assistenciais, recreativos e supletivos. Esses benefícios têm como objetivos aumentar a qualidade de vida do trabalhador e sua família e, com isso, diferenciar a empresa no mercado de trabalho, tornando-a mais atrativa aos candidatos às vagas e aos empregados contratados, promovendo assim a manutenção do empregado no seu quadro funcional. Benefícios assistenciais É de grande importância a oferta de tais benefícios, principalmente aqueles que ocupam as deficiências deixadas pela previdência social, como plano de saúde, odontológico, complementação salarial em caso de licença médica superior a 15 dias. Desta forma, os assistenciais têm por característica prover o empregado e sua família de recursos relacionados à saúde, à educação, à complementação de aposentadoria, aos empréstimos sociais, ao seguro de vida entre outros citados por Chiavenato. Benefícios recreativos Os recreativos proporcionam lazer aos empregados e podem ser estendidos aos familiares, objetivando o alívio do estresse, trazendo qualidade de vida à saúde física e psicológica do empregado. Desta forma, é comum a área de Recursos Humanos organizar festas comemorativas em datas especiais como Natal, Dia dos Pais entre outras, convênios com clubes e academias de ginástica, campeonatos de futebol entre departamentos, passeios etc. Atenção. É importante salientar que tais atividades proporcionam, para a organização, um fortalecimento das relações dos grupos informais gerando um sentido de time, de parceria entre os empregados da empresa que resulta em benefícios à organização informal que favorecem a organização formal. Benefícios Supletivos Já os supletivos procuram ofertar facilidades aos empregados como agência bancária no local de trabalho, bolsas de estudos, restaurantes no local de trabalho, horário flexível entre outros. De toda forma, os benefícios buscam a qualidade de vida do funcionário, aderência à organização, um sentimento de que a empresa se preocupa com eles; elevam o nível de comprometimento dos empregados com a organização e com seus grupos de trabalho, refletindo diretamente no clima organizacional. Benefícios como opção É importante, para a empresa, que os benefícios ofertados estejam compatíveis com o perfil dos seus trabalhadores, em suas necessidades, para serem atrativos e atenderem aos objetivos primários da organização de captação e retenção dos empregados. Para tal, é aconselhável que se atue com uma pesquisa que levante as reais necessidades dos empregados e que se comece a implantação pelos mais requisitados por eles. Assim, a empresa pode ser mais assertiva quanto a este investimento bem como desenhar um Plano de Benefícios adequado aos interesses dos empregados. Atenção. O sistema de oferta desses benefícios pode ser flexível, permitindo que os empregados optem por aqueles que lhe são mais interessantes, assim, por exemplo, se um dos empregados já tem um plano de saúde, considerado melhor que o ofertado pela empresa, através de seu cônjuge, pode abrir mão desse benefício ofertado. Bem como não há sentido em um empregado receber auxílio creche se não tem filhos na faixa etária compatível com tal benefício. Outra característica do sistema de oferta é associar algum percentual de desconto à oferta do benefício. Por exemplo, o vale-refeição. Considerando-se um valor de desconto igual ou superior ao valor do benefício, isso estimula que o próprio empregado o descarte de sua cesta de benefícios. Desta forma, a empresa tem mais segurança de que o benefício será usado a favor da própria empresa e não repassado a terceiros e, portanto, aplicado como um investimento direto da empresa à qualidade de vida do trabalhador. Desconto O desconto em proporção ao nível salarial, em que se enquadra o favorecido, permite que a empresa atenda aos empregados que realmente deles necessitam, bem como estabelece uma relação de gestão participativa nos serviços prestados, uma vez que ao serem descontados os empregados sentem-se lesados quando à qualidade dos serviços não estão atendendo qualitativamente as suas necessidades. Chiavenato (2004, p.321) destaca os prós e os contras dos Benefícios Flexíveis conforme a seguir. A administração dos benefícios, na organização, depende do desenho organizacional, pode ser realizada por um setor independente ou vinculada ao Serviço Social. Mas não é incomum estar localizada na área de Administração de Pessoal e Cargos & Salários, visto que são compreendidos como salários indiretos concedidos aos empregados. As próprias pesquisas salariais desenvolvidas pelas organizações junto ao mercado, na maioria das vezes, incluem os benefícios que estão sendo ofertados pelas demais empresas e a forma de concessão aos seus empregados. A seguir veremos essas formas de concessão. Formas de Concessão Por mera liberalidade. Aqueles benefícios que não são obrigatórios e que a empresa decide ofertar aos empregados como forma de melhoria da qualidade de vida e aderência dos interesses dos empregados em se manterem na organização; Por força de lei. Aqueles que estão prescritos na legislação trabalhista; Por força de acordos sindicais. Aqueles que são negociados pelos sindicatosatravés do Acordo Coletivo de Trabalho como ganhos indiretos e melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Cada organização tem suas características próprias que irão definir o seu modelo de plano de benefícios, isso depende de seus interesses estratégicos, dos interesses dos empregados e da capacidade orçamentária para proporcionar e manter os produtos e os serviços relacionados aos benefícios propostos. Assim sendo, não há uma quantidade ou tipos de benefícios padronizados a serem ofertados, cabendo a cada organização desenvolver seu pacote de benefícios conforme as premissas citadas anteriormente. Etapas do plano de benefícios Entretanto podemos citar algumas etapas que devem ser observadas na elaboração do desenho do plano de benefícios por parte da organização, segundo Chiavenato (2004, p. 321): 1 - Estabelecer objetivos e a estratégia de benefícios Existem três tipos de estratégias de benefícios. 1.1 - Estratégias de pacificação: Oferecer os benefícios que os funcionários desejam em função de suas expectativas. 1.2 - Estratégias comparativas de benefícios: Proporcionar programas similares aos programas existentes no mercado. 1.3 - Estratégia de benefícios mínimos: Oferecer os benefícios espontâneos de menor custo. Essas decisões dependem dos objetivos que a organização pretende alcançar, antes de concentrar-se nos custos, com os benefícios. Se ela pretende criar um contexto de trabalho extremamente atraente ou apenas atender às exigências legais são aspectos que devem ser levados em conta como critérios básicos. 2 - Envolver todos os participantes e sindicatos Escolhidos os objetivos e as estratégias, o passo seguinte é pesquisar e saber o que os funcionários realmente desejam e necessitam. Isso requer ampla consulta e participação. Algumas organizações fazem pequenas pesquisas internas, enquanto outras criam equipes de funcionários para consultar, desenhar e sugerir planos de benefícios. 3 - Comunicar os benefícios Um poderoso método para melhorar a eficácia dos benefícios é desenvolver um amplo programa de comunicação. Para que os benefícios afetem a satisfação das pessoas é necessário que elas compreendam perfeitamente o plano e suas condições. Meios de comunicação, como boletins, brochuras, relatórios anuais, avaliação dos funcionários, relatórios de custos, devem ser intensamente utilizados. 4 - Monitorar os custos Os benefícios devem ser administrados corretamente. O monitoramento requer acompanhamento e constante avaliação do desempenho e dos custos envolvidos. Comparar de forma contínua os custos e os benefícios é indispensável. Os seguintes aspectos devem ser avaliados e ponderados: 4.1 Custo total dos benefícios mensal e anual para todos os funcionários. 4.2 Custo mensal e anual por funcionários. 4.3 Percentagem da folha de pagamento, mensal e anual. 4.4 Custo por funcionário, por hora. 4.5 Participação da organização e do funcionário no programa. 4.6 Retorno do investimento para a organização e para o funcionário. Sistema de Auditagem Deve-se manter um sistema de auditagem constante sobre as formas como os benefícios estão sendo utilizados pelos empregados e a relação custo/benefício que têm trazido para a organização, com total ciência de que os benefícios, para a empresa, devem refletir uma ação de investimento na qualificação do bem-estar e da segurança dos empregados, resultando em uma maior fidelização à empresa e um comprometimento com os resultados estratégicos objetivados por ela. Atenção. Outras questões devem ser consideradas por parte da organização para a avaliação da concessão dos benefícios como a isenção de impostos que podem ser abatidos pela empresa, o conceito da Responsabilidade Social que se sobrepõe no contexto atual criando uma boa imagem da organização para a sociedade. Observações importantes A reação dos empregados enquanto força de trabalho deve ser mensurada também, além de serem analisados os resultados nas pesquisas de clima que demonstram a percepção dos empregados sobre a qualidade de vida pessoal e no trabalho. Outra observação que deve ser feita é em relação à redução no índice de turnover e do absenteísmo, o aumento na capacidade de atração e retenção de mão de obra e o aumento da produtividade na organização. E, principalmente, analisar a relação entre o salário e os benefícios como salário indireto ampliando o poder aquisitivo do empregado. Síntese da Aula Nesta aula, você: Compreendeu a importância dos benefícios para as organizações e para as pessoas; Identificou a distinção entre as necessidades atendidas pelos benefícios; Aprendeu as diferentes formas de concessão dos benefícios; Compreendeu a importância da flexibilização dos benefícios. Aula 6 - Planos de Carreira e de Sucessão Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Reconhecer a importância de as empresas adotarem planos de desenvolvimento de carreiras associados ao planejamento sucessório da empresa; 2. Avaliar o planejamento de carreiras como estratégia de retenção de talentos pelas organizações. Introdução Na atualidade, as organizações vêm demandando cada vez mais mão de obra qualificada tanto no nível técnico quanto no gerencial como forma de garantir seu diferencial competitivo. Também os profissionais buscam trabalhar em empresas que desenvolvam programas de aproveitamento do potencial latente de seus empregados, ofertando planos de carreiras que sinalizem oportunidades de crescimento profissional. As organizações, que em sua maioria promoviam seus empregados tendo por base o desempenho, hoje têm por objetivo o potencial do indivíduo que traga retorno ao investimento aplicado. Desta forma, há de se observar a relação direta entre o processo sucessório da organização e o planejamento de carreiras desenvolvido pela área de Recursos Humanos. Sucessão na Área Empresarial A sucessão na área empresarial é um assunto que tem ocupado um crescente espaço na mídia e no meio acadêmico. Especialistas, no Brasil e no exterior, pesquisam e discutem a respeito do momento mais apropriado para o presidente ou o fundador se afastar da organização e escolher o seu sucessor ou os sucessores de cargos estratégicos. Reconhecer que é a hora de parar não é tão simples quanto parece, pois envolve aceitar seus limites e a dificuldade de se adaptar ao novo contexto socioeconômico. O executivo precisa ter muita autocrítica para reconhecer suas limitações e decidir pelo afastamento. É importante tanto para a empresa quanto para o profissional que o afastamento seja planejado. Contudo, saber o momento certo de parar ainda é um dilema para muitos executivos experientes. Há vários motivos que propiciam o executivo a decidir pelo afastamento do comando dos negócios. Dificuldade de manter os negócios competitivos; Necessidade de novas habilidades para conduzir o negócio; Demonstração de cansaço no comando da empresa; Falta de motivação para continuar a desempenhar as atividades na empresa; Dificuldade de acompanhar a dinâmica da mudança no ambiente empresarial; Queda dos resultados; Vontade de trocar as atividades de executivo nas empresas por atividades mais nobres em uma ONG; Querer dedicar mais tempo à família; Vontade de aprender coisas novas; Desejo de montar o seu próprio negócio. Plano de Sucessão O planejamento sucessório é importante e essencial para a continuidade da organização, mas, às vezes, se torna uma situação embaraçosa para as pessoas envolvidos. Nem todas as organizações dão a devida atenção que o assunto merece, porém, na
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