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Oficina da Alegria melhora autoestima de idosos acamados

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Oficina da Alegria melhora autoestima de idosos acamados
Em Santa Terezinha de Itaipu, um projeto desenvolvido pelo grupo da Melhor Idade Amor e Carinho está contribuindo para a melhora da autoestima de idosos acamados. Trata-se da Oficina da Alegria, iniciativa implantada em 2013 com o apoio da secretaria municipal de Assistência Social, onde membros da Melhor Idade se reúnem para visitar colegas que não participam mais dos eventos por razão de enfermidade, cirurgias, entre outros motivos.
“Por algum motivo a pessoa não pode mais participar, então quando ela recebe a visita dos amigos fica muito contente, sente que não foi esquecida. A oficina trás resultados positivos na autoestima tanto de quem recebe a visita como de quem participa do projeto”, observou a secretária de Assistência Social Ellis Regina Eberhard.
As visitas são recheadas de muita música e um bate-papo. Dona Maria Lídia Veríssimo Barbosa, 77, deixou de participar depois que amputou uma das pernas. Nesta sexta-feira (31) foi a vez de ela receber a Oficina da Alegria. “Que coisa maravilhosa saber que tem amigos que não se esquecem da gente. É uma felicidade muito grande recebe-los aqui em casa”, disse emocionada.
Todas as sextas-feiras a tarde um ônibus disponibilizado pelo município transporta o grupo da Oficina da Alegria até as residências dos idosos acamados
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O paciente acamado além de cuidados com o corpo para evitar que ocorram danos musculares e infecções oportunistas prolongando o seu tempo de imobilização, necessita também de estímulos morais.
Para diminuir o desconforto, a vergonha e a sensação de falta de produtividade é preciso que familiares e cuidadores trabalhem a debilitada autoestima de pacientes impossibilitados de se locomover, fato que contribui consideravelmente para melhorias em seu quadro clínico.
 
Como Ocupar o Tempo Livre de Pessoas Acamadas
Práticas e atividades lúdicas para pessoas acamadas quando adequadamente planejadas podem ocupar boa parte do dia destas pessoas, pois como estão privadas de algumas funções motoras podem demorar mais para executá-las.
Para isto devem ser elaboradas tarefas estimuladoras que proponham desafio aos pacientes desta forma, além de melhorias em sua autoestima haverá benefícios como manutenção de sua capacidade funcional e diminuição do seu nível de dependência.
Embora as tarefas devam ter um caráter desafiador não subestimando a capacidade do paciente acamado, também não é recomendado propor atividades que você certamente sabe que ele não conseguirá desempenhar.
É importante também que o cuidador permita a conclusão da tarefa pelo paciente esperando o tempo que for necessário sem apressá-lo. 
O Lúdico Como Ferramenta de Estímulo para Pessoas Acamadas
Atividades lúdicas destinadas ás pessoas acamadas podem contribuir consideravelmente para a redução do estresse, pois quando prazerosas liberam endorfina proporcionando sensação de bem estar.
Quando estamos diante de uma tarefa desafiadora os nossos batimentos cardíacos aumentam, provocando uma dilatação dos vasos sanguíneos e artérias, fato que permite uma diminuição da pressão arterial beneficiando pessoas hipertensas.
Desta forma atividades ergonômicas cognitivas podem estimular a percepção, atenção, tomadas de decisões, controle motor, além de servirem como entretenimento para de pessoas que se encontram acamadas.
 
Dez Atividades para pessoas Acamadas
Para que as atividades não se tornem monótonas e repetitivas é necessário que você não crie uma rotina e sim proponha tarefas diferentes a cada semana é claro ficando sempre a escolha por conta da pessoa acamada.
1.  Leitura de trechos de livros, notícias de jornal ou revistas: você pode disponibilizar para a pessoa acamada livros com temas de sua preferência, jornais e magazines que tratam de temas variados, desta forma ele poderá se sentir atualizada com os acontecimentos do mundo.
2. Atividades culinárias: cozinhar geralmente faz parte da vida de muitas pessoas, idosos acamados sentem-se sem utilidade por não poderem realizar atividades culinárias.
Portanto solicite pequenas tarefas neste sentido como confeites de bolos, embalagens de doces e balas, sempre evitando a utilização de utensílios perfuro cortantes.
3. Desenho, pintura ou escultura: estimular a criatividade através da pratica de trabalhos artísticos, além de ser terapêutico se forem produções de qualidade podem até mesmo serem vendidos, permitindo que as pessoas acamadas de sintam produtivas.
4. Práticas de trabalhos manuais: confeccionar objetos artesanais feitos de palitos de picolé, jornais, fibras sintéticas, garrafas pet, entre outros ocupa o tempo livre, sendo considerada uma alternativa interessante de distração.
5. Trabalhos em tricô e crochê: confeccionar peças em tricô e crochê além de distrair pode proporcionar ao acamado uma renda extra, aumentando a sua autoestima.
6. Prática de Jogos: reunidos em família ou entre amigos podem ser propostos jogos de cartas, quebra-cabeças, adivinhações, fazendo com que o acamado se divirta e ao mesmo tempo esteja integrado e sinta-se querido pelo núcleo familiar.
7. Escrever artigos para Web: pessoas acamadas que possuem certo dom literário podem escrever artigos para sites na internet, onde são disponibilizados temas que tratam sobre variados assuntos.
8. Jogos eletrônicos: participar de jogos via internet além de distração pode permitir ao acamado se socializar com outras pessoas.
9. Palavras cruzadas: as cruzadinhas além de serem uma forma de distração estimulam a utilização da memória e o desenvolvimento da inteligência.
10. Atividades musicais: ouvir músicas ou mesmo tocar algum instrumento como violão, Flauta, por exemplo, pode aliviar a tensão e auxiliar na ocupação do tempo livre.
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de contribuir para os Idosos na sua vivencia e os profissionais que atuam na área da psicopedagogia a, desenvolvendo um olhar, uma escuta para cada sujeito de forma única, possibilitando-se encontrar ferramentas de trabalho nas funções como um psicopedagogo. Durante as leituras, os trabalhos, estágios e os estudos realizados, no decorrer do curso da psicopedagogia, sentiu-se grande necessidade de abordar e compreender a função, a competência e a habilidade na atuação como profissional da psicopedagogia na Instituição, tendo como objetivo principal utilizar os conhecimentos para desenvolver um novo saber a respeito das dificuldades de cognição dos Idosos enquanto sujeito de um asilo. Assim, a proposta deste estudo é de compreender que o sujeito é um ser humano único que traz consigo uma constituição, o organismo o corpo, a estrutura cognitiva e a estrutura simbólica. 
O objetivo geral desse trabalho foi atender as necessidades dos idosos do asilo SAME proporcionando-lhes uma elevação da autoestima e bem-estar. Já os objetivos específicos: despertar no idoso o desejo de viver retirando-o de uma situação de isolamento e promovendo ações que permitam sua integração social. Como também atender os idosos acamados promovendo ações de estimulação que possam levá-los a sentirem-se acolhidos emocionalmente promovendo o seu bem-estar e desenvolver mudanças no ambiente de convivência dos idosos, tornando-o mais acolhedor, e agradável. A nossa justificativa do presente trabalho foi desenvolver uma ação de inclusão social, atendendo as especificidades necessárias em relação aos idosos assistidos, minimizando o descaso e o abandono dos idosos que se encontram numa situação menos favorável que os demais.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1Terceira Idade
Envelhecer faz parte da experiência do ser vivo. A velhice é uma fase natural da vida e não há como se ver fora deste contexto.
Para Stuart-Hamilton(2002. p. 25), a velhice “é uma fase onde ocorrem manifestações somáticas no ciclo natural da vida”. O corpo por sua vez sofre grandes modificações. A pele e os músculos ficam menos elásticos, há o comprometimento da visão e audição sendo também bastante comuns durante o envelhecimento alguns problemas neurológicos. 
O acelerado ritmo de envelhecimento no Brasil cria novos desafios para a sociedade brasileira contemporânea. A terceira idade ocorre num cenário de profundas transformações sociais, urbanas, industriais e familiares. Hoje, a sociedade marcada pelo envelhecimento, passa a ter uma nova missão: cuidar de idosos necessitados de várias modalidades de serviços; em face das perdas funcionais que tornaram problemática a vida dessas pessoas que chegam a essa faixa etária.
Leite (1995) afirma que o envelhecimento da população brasileira sofreu um rápido aumento a partir dos anos 60, quando começou a crescer em ritmo bem mais acelerado do que as populações adulta e jovem. Estima-se que a partir de meados do próximo século, a população brasileira com mais de 60 anos será maior que a de crianças e adolescentes com 14 anos ou menos. 
Para o Brasil, os custos do envelhecimento são desafiadores e alarmantes, pois os mecanismos que este possui para lidar com os problemas da velhice avançada são precários e escassos. Os custos médicos, assistenciais e da aposentadoria indicam que o sistema atual para a gestão da velhice é inviável e que, provavelmente, não poderá arcar com esses gastos sociais num futuro bem próximo. 
Essa temática provocou uma preocupação generalizada em diversos segmentos profissionais e fez com que, nos últimos anos, proliferassem no Brasil os programas e associações destinados aos idosos, como o movimento dos aposentados, os movimentos assistenciais e os socioculturais. Em razão dessa visibilidade alcançada pelos idosos nos últimos anos, e graças aos esforços de organização dos profissionais dedicados a essa área de atuação, através de núcleos de estudo e pesquisa, os estudos teóricos e empíricos na área do envelhecimento começaram a florescer no Brasil. 
Nesse sentido, Debert (1999, p. 40) diz que:
[...] a perspectiva do idoso como fonte de recurso exige a criação de um novo ideal de produtividade, com receitas que ensinam aos que não querem sentir-se velhos, a maneira adequada de dirigir a vida e participar de atividades de lazer e de prevenção contra a velhice. 
Os idosos apresentam um perfil diferenciado, grande nível de sedentarismo, carência afetiva, perda de autonomia causada por incapacidades físicas e mentais, ausência de familiares para ajudar no autocuidado e insuficiência de suporte financeiro. Estes fatores contribuem para a grande prevalência de limitações físicas e comorbidades refletindo em sua independência e autonomia. O novo paradigma de saúde do idoso brasileiro é como manter a sua capacidade funcional mantendo-o independente e preservando a sua autonomia. Portador de múltiplas doenças crônicas, problemas associados e sendo mais fragilizado, o idoso geralmente não consegue arcar sozinho com a complexidade e as dificuldades da senescência e/ou senilidade. Como se pode ver, o prolongamento da vida não é uma atitude isolada. 
Profissionais que trabalham com a terceira idade nas mais diversas áreas do saber tentam proporcionar, em todos os níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário), o bem estar bio-psico-social dos idosos, potencializando suas funções globais, a fim de obter uma maior independência, autonomia e uma melhor qualidade para essa fase da vida. 
2.2 Estatuto do Idoso
O Estatuto do Idoso visa resgatar a dignidade, garantindo a todos que se enquadrem nessa condição, uma vida mais justa, digna e saudável.A edição do Estatuto do idoso foi um importante passo na concretização e aplicabilidade dos direitos fundamentais, porém estes direitos não possuem efetividade, e assim o estatuto transformar-se- em mais um instrumento legislativo inócuo as necessidades sociais. 
A sociedade brasileira precisa de adaptar a sua nova realidade demográfica, haja vista que, os idosos somam uma parcela importante e cada vez maior na sociedade atual.Registra-se que no campo legislativo, em 1996, surgiu a Lei 1948 que oficializou a política de saúde do idoso disciplinando as ações de atenção à saúde em atenção aos princípios do SUS e da Política Nacional do Idoso, priorizando ainda mais a figura da pessoa como parte integrante da sociedade. 
Porém, ainda existe uma lacuna muito grande em relação à concretização da participação social dos idosos na garantia de seus direitos sociais. Por isso, consideramos que é por dentro dos programas direcionados para os idosos que devemos trabalhar essas questões. 
Para que isto ocorra, precisa-se envolver os idosos nessa interação social. Eles já percebem que são discriminados por outros segmentos e que suas pensões e aposentadorias não dão conta de atender a suas necessidades básicas, mas ainda são poucos aqueles que acreditam serem capazes de lutar por seus interesses. É nesse sentido que percebemos nas associações de aposentados e pensionistas a tentativa de ampliar seus quadros, oferecendo serviços, palestras, passeios e atividades que também estimulem os idosos à participação ativa na sociedade.
2.3 Fragilidade do Idoso
Falar em fragilidade quando se fala de terceira idade é relacionar a um conjunto de fatores decorrentes do envelhecimento, dentre eles: biológicos, psicológicos, cognitivos e sociais, ao longo da vida, com potencial para prevenção, identificação e tratamento dos sintomas da idade avançada. A fragilidade é uma das condições que indicam que nem tudo está bem com o idoso. Muitas vezes, eles mesmos reconhecem esta condição, devido às suas limitações físicas.
Nesse contexto, Fried; Walston (2000) dizem que, em geral, os idosos percebidos como frágeis são aqueles que apresentam riscos mais elevados para desfechos clínicos adversos, tais como: dependência, institucionalização, quedas, piora do quadro de doenças crônicas, doenças agudas, hospitalização, lenta ou ausente recuperação de um quadro clínico e morte.
O respeito e a precaução são os diferenciais fundamentais para proteger a pessoa idosa fragilizada. Além dessas circunstâncias, para amenizar a cada dia a exclusão e a discriminação, faz-se necessário uma alteração no modo de perceber a vida e suas variáveis. É preciso cuidado com o outro e a participação na construção de uma sociedade mais inclusiva.
2.4 Asilamento
Durante a nossa vida ouvimos muitas coisas a respeito de idosos abandonados pela família em asilos. Esse sempre foi um fato chocante, pois não é fácil imaginar pessoas que renegam seus entes queridos ao confinamento e isolamentos desses lugares. Assim, a palavra asilo tornou-se um rótulo para especificar abandono, pobreza e rejeição.
Viver um processo de asilamentoé uma experiência dolorosa, principalmente no que diz respeito ao indivíduo velho, que passa a ser esquecido pelos familiares e pela sociedade, criando mecanismos de defesa e rejeição, numa tentativa de fuga da realidade de isolamento na qual se encontra. 
No entanto, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), adotou uma nova expressão para substituir os termos abrigos e asilos, nomeando-os de Instituições de Longa Permanência pra Idosos (ILPI’s). Araújo, Coutinho e Saldanha (2005) explicam que esses locais são espaços sociais que em sua maioria possuem idosos que foram abandonados por seus familiares ou que não possuem família. Neste local os indivíduos dispõem de moradia, assistência médica, alimentação, recreação, entre outros.
Devemos considerar que, ao entrar nessa instituição o idoso passa a fazer parte de um novo rumo diferente e longe de outro mundo que foi construído ao longo da sua vida e que deixou de existir de repente. Ou seja, esse isolamento social e familiar os leva a uma solidão imensa.
2.5 Estímulo e Qualidade de Vida na Terceira Idade
O envelhecimento da população é algo que passa a exigir da sociedade várias alteraçõesda dinâmica pessoal, familiar, social e profissional, contribuindo com a readaptação nas políticas ligadas ao ambiente laboral, à saúde e segurança social nos estados onde essa perspectiva de vida tem aumentado.
Para essa grande parcela da população, não há nada na denominação de “melhor idade”. Nem todos estão em uma condição em que impera o amor, trabalho, respeito e o pensamento. Para muitos, o que restou foram lembranças, saudades e o sentimento de abandono.
Idoso, melhor idade e terceira idade, em nossa sociedade são denominações que se referem ao ser humano por inteiro, aquele que produz, que pensa, que trabalha, aquele que dá um sentido a sua vida, não apenas visando de causas próprias, mas num sentido amplo de realização.
O envelhecimento bem sucedido depende da capacidade e da forma que o indivíduo idoso possui para responder e adaptar-se aos desafios resultantes das transformações do corpo, da mente e do ambiente. Para ter um envelhecimento sucedido, é necessário adquirir um estilo de vida saudável a fim de diminuir a ocorrência de um envelhecimento patológico, através do cultivo de novos hábitos mentais e físicos.
Diz Nahas (2001) que a qualidade de vida é definida com sendo a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano.
Porém, para os idosos que vivem em asilos, os esquecidos em hospitais e clínicas psiquiátricas, o trabalho há muito tempo deixou de existir e o sentido pela vida morre a cada dia.Como todo ser humano precisa de cuidados, o idoso precisa adaptar-se às mudanças físicas, psicológicas e emocionais. Para que essas mudanças não causem um impacto negativo em sua vida, é necessário que os indivíduos à sua volta, desde familiares, amigos, cuidadores formais e informais, os técnicos e até mesmo a comunidade em que eles estejam inseridos, sejam preparados para lidar com estas respectivas mudanças, proporcionando-lhes uma qualidade de vida adequada.
2.6 O Papel do Psicopedagogo na Humanização dos Idosos
O trabalho psicopedagógico com o idoso visa, basicamente, reintegrá-lo à sociedade, retomando à autoria da sua própria história com orgulho e com sabedoria que apenas os mais velhos têm. Nesse caso não seria a produção, mas a reprodução de um conhecimento de uma vivência, que nenhum livro ou manual consegue captar.
O psicopedagogo precisa estar atento à valorização dos significados que cada idoso apresenta, ao sentido que assegura a continuidade da sua vida, a sua razão de existir. Não basta a dedicação externa aos cuidados externos e o conhecimento das suas necessidades básicas, se seus sentimentos, significados de valores não forem respeitados.
A humanização deve ser exercitada integralmente, o idoso precisa reconhecer-se como ser humano e sentir-se capaz de realizar algo que deseja. Isso é possível através da autonomia e dos estímulos diários que as atividades psicopedagógicas podem promover. 
O psicopedagogo tem papel fundamental na valorização e humanização do idoso, trabalhando dentro de suas limitações, estimulando seu bem-estar e proporcionando uma vida mais saudável e feliz.
A humanização depende da capacidade de falar e de ouvir, pois as coisas do mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com os semelhantes, ou seja, viabilizar nas relações e interações humanas o diálogo, não apenas como uma técnica de comunicação verbal que possui um objetivo pré-determinado, mas sim como forma de conhecer o outro, compreendê-lo e atingir o estabelecimento de metas conjuntas que possam propiciar o bem-estar recíproco (OLIVEIRA, 2001, p.104).
2.7 Propostas Psicopedagógicas para Serem Trabalhadas com Idosos
Para que o idoso alcance sua autonomia, é necessário desenvolver um projeto educativo e transformador,que visa corrigir o afastamento institucional, social e educacional, devolvendo-lhes a relevância que tem como pessoa, valorizando suas experiências de vida seu potencial e perspectiva de mundo. É essencial inventar uma metodologia que estimule o idoso em suas competências motoras, cognitivas, afetivas, social e espiritual.
Para Franco (1991, apud Sarriera 2004, p. 164):
A pessoa na idade avançada precisa acreditar em si mesma, redescobrir-se com as alterações que a idade lhe provoca, precisa continuar socialmente integrada, com possibilidade de produzir para poder manter-se com confiança e com ideal de vida na velhice.
As pessoas idosas tendem a usar menos, de modo espontâneo, as técnicas de memorização (organização, associação ou imagens). Talvez esse fato esteja relacionado à diminuição da velocidade no processamento das informações, uma vez que o uso de mecanismos compensatórios pode ser mais difícil para os mais velhos. Nessa perspectiva, verificamos a importância de trabalhar o cognitivo por meio de estímulos e associações.
O caminho a partir de agora é dar condições para o individuo desafiar a mente através de mecanismos de ativação da memória, utilizando estratégias cognitivas, as quais oferecem ao idoso a conquista da autoconfiança, o resgate da autoestima e autonomia, abolindo a preguiça mental. Não se deve esquecer que a mente precisa de estímulos, como nosso corpo precisa de atividade física. É preciso desenvolver propostas para promover a longevidade e intervir nos estágios iniciais do declínio cognitivo, além disso, desenvolver projetos educacionais que levem em conta a escolaridade do grupo e seu nível cognitivo.
A utilização de jogos de observação e reflexão como o quebra-cabeça e o jogo da memória são estratégias lúdicas, através das quais o idoso estará aprendendo de uma forma prazerosa utilizando recursos disponíveis para ampliação de sua capacidade cognitiva. É importante ressaltar que estas propostas de intervenção psicopedagógica visam fortalecer, reeducar e estimular não só a mente, mas a alma desses sujeitos, redescobrindo seu potencial e respeitando suas limitações.
No entanto, sabe-se que muito das alterações fisiológicas e funcionais observadas nos idosos são muito mais resultado da inexistência de estímulos do que alterações atribuídas ao envelhecimento, segundo Barry e Eathorne (1994). Visando essa melhoria e logo após a separação por grupos mediante suas especificações, podem ser aplicadas as seguintes atividades:
Exercício de memorização através de leitura, da dança e dos jogos, além de atividades manuais as quais tenham aptidão formada ao longo da vida, exemplo de músicos aposentados, pintores e artistas em geral;
Formar rodas de debates para que eles retomem aprendizagens adquiridas ao longo da vida, exaltando experiências positivas e negativas, ressaltando maneiras de fortalecê-las ou evitá-las;
O estímulo do cérebro através de desafios pedagógicos diversificados;
Introdução às novas tecnologias de fácil acesso de forma didática;
A realização de atividades físicas de natureza leve com acompanhamento profissional adequado para a melhoria do desempenho físico.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Desenvolvendo Arte Através de Desenhos e Pinturas
Ao vivenciarmos e realizarmos as etapas que são relativas à intervenção psicopedagógica, ocorridas no Asilo SAME, nas tardes dos dias 11 e 14 de Outubro do presente ano, utilizamos técnicas que envolvessem o processo lúdico e criativo dos presentes assistidos, no intuito de levar os idosos a participarem interativamente confeccionando desenhos e pinturas que estimulassem a criatividade e a exposição de emoções através das cores e formas projetadas. 
Segundo Aranha (1993), a criatividade é uma capacidade humana, e como tal pode ser desenvolvida ou reprimida. Dependendo do ambiente, com as suas condições, o estímulo à exploração do comportamento e do pensamento, incentivando o uso da imaginação, a criatividade surge sem temor, sem preconceitos. Entendemos então, que criatividade não é um dom, mas uma capacidade que todos temos, e podemos desenvolver em qualquer momento de nossas vidas, independente de ser jovem ou não.
Por meio da arte, o idoso pode resgatarsituações de vida que não foram devidamente elaboradas, e a partir dos recursos artísticos e expressivos, pode configurar a tais situações e elaborá-las e integrá-las à sua consciência. Fazer e vivenciar arte promove relaxamento, rebaixamento do nível da ansiedade, inquietude, impaciência e angústia, que é normal no indivíduo idoso. É uma oportunidade de ser escutado, de receber atenção, que em muitos casos é o que muitos idosos precisam. 
No Asilo SAME, iniciamos nossa proposta de intervenção no pavilhão masculino. Houve uma pequena inibição por parte de alguns no início, por se tratar da primeira intervenção com nosso subgrupo, mas com o decorrer da tarefa, essa introspecção foi superada.
Tivemos a oportunidade de trabalhar com quatro idosos. Organizamos as mesas para que eles pudessem se acomodar em frente ao pavilhão, sentaram-se em duplas e foram explorando o material à medida que explicávamos o que iriam realizar. Alguns receosos, outros ansiosos para começar a tarefa. 
Ao iniciar a atividade, percebemos veementemente que, os desenhos de alguns são confusos, devido à coordenação motora estar um tanto quanto afetada. Determinados desenhos apresentam poucas cores e formas não identificadas. 
Em outras projeções, pudemos perceber que os idosos produzem desenhos nítidos, relacionando paisagens e cores aos fatos vividos no passado. Notamos que ao desenhar, sempre surgem figuras solitárias (um homem sozinho no mar, um caminhão na estrada) evidenciando-se, aspectos de solidão e abandono. 
Na ausência da família, o idoso pode vivenciar experiências de solidão e abandono. Figueiredo e Tonini (2006), afirmam que o medo de sofrer perdas faz com que os idosos iniciem um processo de isolamento, eles optam por ficar sozinhos, evitando relacionar-se emocionalmente para não sofrer novas perdas.
Porém, em alguns casos, tivemos que desenhar as figuras para que eles pudessem pintar, uma vez que, alegavam que nada sabiam fazer e permaneciam sentados, somente olhando o material. Nas pinturas, alguns que se sentiam à vontade para participar da atividade, utilizavam e exploravam todas as cores, sem mais restrições.Diante dessa perspectiva, Figueiredo e Tonini (2006), relatam que as pessoas da terceira idade sentem-se solitárias por diversos motivos: não são estimuladas a fazer algo; têm dificuldade de relacionar-se com pessoas fora de seus antigos trabalhos; falta de comunicação com os outros; têm um modo próprio de viver; não aceitam ser orientadas ou submetidas à decisão de outras pessoas ou familiares.
No segundo momento, trabalhamos no pavilhão feminino. Sentimos um pouco mais de dificuldade no início da nossa intervenção, pois muitas idosas introspectivas recusaram-se a realizar a tarefa. Tivemos que conversar, procurar interagir com as mesmas para que pudéssemos concretizar nosso projeto. Reunimos ao todo três senhoras em uma mesa grande e espaçosa localizada dentro do pavilhão feminino. 
Para Dantas (1999), saber usufruir de todos os momentos de lazer, a interação social e o desenvolvimento de hobbies e interesses diversos colaboram para que a mente mantenha-se ativa e saudável. Ainda conforme Dantas (1999) é importante que o idoso seja respeitado como ser humano que é com todas as limitações inerentes à sua idade. Se já não possui a vitalidade da juventude, por outro lado tem o conhecimento adquirido através das experiências ao longo de toda uma vida. A partilha desses conhecimentos com as novas gerações proporciona ao idoso a possibilidade de manter-se integrado à sociedade. 
No decorrer da nossa intervenção com a ala feminina, explicamos a tarefa proposta e logo começaram a surgir as primeiras projeções. Foi o momento mais marcante para nós como psicopedagogas. Realizamos a tarefa no intuito de resgatar uma participação social e inclusiva, uma vez que entre as senhoras, existia uma que possui deficiência visual. 
As participantes que não possuíam limitações trabalharam lindamente, cada uma da sua maneira e dentro da nossa perspectiva. Desenharam flores e algumas formas não definidas da natureza. Explicaram detalhadamente o que significava cada figura, exploraram as cores e empenharam-se ao máximo na execução da tarefa. 
Porém, o que mais chamou-nos atenção foram os desenhos da terceira participante, com visão comprometida. V. (inicial do seu primeiro nome) nos informou que fazia vestidos de noivas. Cada vestido que fazia, era uma peça única. As mulheres daquele tempo ficavam maravilhadas com os detalhes de suas obras. Informou-nos nostalgicamente, que aquele período foi a melhor fase da sua vida, pois se sentia requisitada pelas noivas que iriam casar e suas produções eram umas das mais bonitas do estado. 
Como V. perdeu a visão há um tempo, ficou sem realizar suas costuras e sente-se muito triste por conta disso. Ela viu nesta possibilidade, uma forma de resgatar a emoção, expondo oralmente as obras que fazia. À medida que ela descrevia detalhadamente os trajes que ela produzia, uma de nós registrou suas lembranças em forma de desenho. 
Notamos a alegria dela ao perceber que dávamos atenção e afabilidade no momento em que falava. Aquela circunstância proporcionava-lhe uma lembrança boa do que ela viveu no passado. Era como se ela voltasse ao tempo naqueles minutos e pudesse rever e reviver com os olhos alma aquela fase marcante em sua vida. Naquele momento, a situação proporcionou-lhe resgatar uma emoção adormecida. 
Para nós, psicopedagogos, esse trabalho foi altamente significativo. Ajudou-nos grandemente a ampliar o despertar da sensibilidade, semeando o afeto, o respeito e a solidariedade para com o próximo.
3.2Relatos de Histórias de Vida: Resgatando o Passado Através de Contos Literários
A seleção dos idosos que participaram desta etapa foi realizada mediante critério de lucidez, com capacidade para dar uma entrevista e estarem dispostos a participarem da intervenção. Tomando por base esses critérios, o grupo foi composto de 13 idosos e realizamos três entrevistas com cada um deles.
Por ser um tema que desperta lembranças tristes ou alegres, que evocam ausências e perdas durante as entrevistas, evitamos exposição desnecessária respeitando o limite de cada idoso. Trabalhamos a partir da consigna: “Conte-me um história”. Visando garantir o anonimato dos sujeitos, utilizamos apenas as iniciais dos nomes.
No que diz respeito às técnicas desenvolvidas para coleta dos dados, adotamos dois procedimentos: a entrevista temática que aborda especificamente a participação do entrevistado no tema escolhido como objeto principal e a observação participante indireta que possibilita o estudo da conduta não verbal.
Os instrumentos utilizados na obtenção foram: caderno de campo, máquina fotográfica, roteiro de entrevista semiestruturada e um terceiro profissional para escrever as histórias.
Para análise dos dados utilizamos a técnica de observação do conteúdo temático. Inicialmente fizemos uma leitura flutuante do material coletado, precedida de organização e ordenamento de conteúdos significativos concorrentes e divergentes até emergir unidades para a elaboração de uma locução ou temas.
Os temas que emergiram foram: sonhos, saudades de casa, da família, dos amigos, prazer em contar as histórias, amargura, culpabilidade. Durante o processo de intervenção ocorreu a elevação da auto estima e valorização durante da fala, proporcionando-lhes um ambiente de escuta e acolhimento, sendo que esses elementos, muitas vezes, são suficientes para que os idosos exteriorizem e compartilhem quase como um legado, suas memórias da infância e de um mundo que segundo eles, são “sobreviventes”. 
Durante o processo da nossa intervenção psicopedagógica, observamos efeitos positivos, pois estávamos cercados de boa aceitação pelas pessoas do abrigo e os que foram abordados para o experimento se mostraram solícitos e bem receptivos ao falarem sobre suas vivências, demonstrando interesse em apresentar sempre mais fatos e detalhes que até então, eram apenas íntimos de cada um deles. Isso fica claroquando um deles verbaliza: “Olha, a história que eu tenho pra contar é longa, to preocupado com o tempo de vocês”. Será que podemos ler nessa frase um prazer imensurável começando a ser nomeado e vivenciado? Quando éramos interrompidos para uso de medicação pela enfermeira, voltavam rapidamente para nossa varanda, a fim de retomar a história.
Para Goldfarb (1998, p. 82),
A reminiscência pode então ser compreendida como uma forma de exercício da memória histórica, que não conseguirá ser elaborativa se esbarrar na falta de eco no outro e de aproveitamento do relato por parte do meio social; mas que impedirá a depressão se achar um meio de escuta adequado.
Essa prática de permitir ao idoso, contar e ser ouvido em seus relatos acerca de sua própria história abre portas para que ocorram mudanças. Relembrar não é estar preso a um passado que não volta mais, mas é estar no tempo presente se permitindo recriar e reelaborar. 
Alguns depoimentos dos idosos durante a ação de intervenção psicopedagógica: 
“Meu casamento foi um praga, mesmo.” (M.P.)
“Queria sair da enxada, eu vou viver do que aqui?” (J.R.)
“Eu tinha um namorado, o nome dele era Reginaldo.” (M.S)
“Eu era muito namorador.” (J.J.)
O conjunto das falas denota representações muito significativas e que nos levaram a refletir sobre a magnitude da vivência experimentada pelos idosos. Evidenciando que a longevidade hoje é um aspecto humano que deve trazer diversas transformações em nossas existências. Precisamos apenas aprender a ouvir.
Os resultados das ações de intervenção serão transcritas em uma revista, onde ficarão registradas as histórias de vida contadas pelos idosos e que serão de suma importância para deixar registradas essas vivências relatadas.
3.3Trabalhando o Artesanato e a Montagem de Quebra- Cabeças
A atividade foi concretizada com quatro idosas, pois as demais criaram alguma resistência ao informarmos da tarefa a ser produzida. Organizamos o material a ser utilizado para construção do artesanato, pedimos que o explorassem e explicamos passo a passo a construção do artesanato a ser confeccionado. 
À medida que íamos esclarecendo, algumas idosas ficavam concentradas, curiosas, ansiosas, outras não deixavam transparecer nenhum sentimento. Segundo Park et al. (2001), muitas evidências sugerem que adultos mais velhos têm mais dificuldade de assimilar novas informações, e habilidades de raciocínio diminuídas. Em geral, os idosos são mais lentos para responder algumas tarefas cognitivas, e são mais suscetíveis ao rompimento da informação que adultos mais jovens.
A ilustração acima relata o início da realização das atividades, a confecção de bonecas de pano. Percebe-se nitidamente que alguns idosos tem mais coordenação motora que outros, mas todas gostam de coser. No momento em que chegamos, algumas estavam costurando e outras conversando. Fomos recebidos cordialmente e pelos relatos que obtivemos durante a realização da tarefa, alcançamos uma aceitação positiva diante do objetivo que pretendíamos alcançar.A partir dessa atividade ou de outras atividades futuras que desenvolvam a coordenação motora, propostas podem ser elaboradas e produzidas para idosos, de maneira que seja um processo contínuo para a o desenvolvimento de futuros trabalhos artesanais.
Diante da intervenção, percebemos que as idosas puderam reviver alguns momentos da sua vida, promovendo uma reação prazerosa, aumentando a sua autoestima e ao final, sentindo-se útil devido ao seu desempenho. 
O segundo momento foi realizado no pavilhão masculino e feminino. Dentre os homens, apenas um idoso quis participar da atividade lúdica de quebra-cabeça, os demais estavam deitados ou com visita de familiares. 
No pavilhão feminino, três idosas participaram sem demonstrar nenhuma rejeição. A princípio, pretendíamos trabalhar com um grupo grande de mulheres ativas. Porém, algumas delas se recusaram,pois estavam desmotivadas para realizar a tarefa. Outras não quiseram participar porque iriam para um passeio.Lira (2000) faz uma comparação em relação ao desejo dos idosos sobre duas dimensões da motivação: intrínseca e extrínseca: “O primeiro refere-se ao interesse, ao desejo e ao prazer de participar que atuam no espírito dos indivíduos para levá-los à ação. O segundo refere-se ao uso de incentivos ou por valores de ordem social, relacional, afirmação, hierarquia, diferença”.
Perante a atividade proposta ilustrada acima, evidenciamos que os idosos sentiram um pouco mais de dificuldade em realizar a tarefa, por ser um quebra-cabeça. Então, sempre iniciávamos a montagem com algumas peças e logo após íamos mostrando as demais, a fim de que eles dessem continuidade e fossem encaixando passo a passo. Logo reconheceram a figura por ser a logomarca do SAME e ficaram felizes. Não conseguimos formar o quebra-cabeça completo com nenhum dos idosos,já que ficavam impacientes e diziam que não mais queriam fazer.
Alguns idosos apresentaram dificuldades devido às suas limitações fisico-motoras, mas que o resultado esperado foi obtido com sucesso. Geraldes (2008) ressalta que “o envelhecimento leva a uma perda progressiva da aptidão funcional do organismo humano”. Alterações ocorridas nos domínios biopsicossociais põem em risco a qualidade de vida das pessoas idosas, também, por limitar sua capacidade de realizar, com vigor, atividades do cotidiano. A perda de independência pode ocorrer em vários aspectos, sendo um dos principais ocasionado pela diminuição da mobilidade.
9 . CONCLUSÃO
Ao chegar ao fim desse trabalho psicopedagógico realizado na Instituição “SAME”. Observou-se que a questão de estímulos nos idosos necessita de um olhar mais amplo das organizações e dos profissionais que ali interagem, para um trabalho organizado sistemático com intuito de dar um continuo desenvolvimento físico-cognitivo aos idosos.
Espera-se com esse trabalho buscar solidificar o papel do psicopedagogo assumindo uma postura mais bem definida, provocando novos entendimentos para uma maior compreensão da realidade vivenciada pelos idosos no Asilo SAME. 
- APÊNDICES – 
CONTE-ME UMA HISTÓRIA
EM BUSCA DE UM SONHO
-Sobe ou fica moleque? 
Perguntou o motorista, cerrando as sobrancelhas. 
Era o ano de 1958 e, desde que se entendia por gente, só conhecia a miséria. 
-Menino! Menino! Tenho o dia todo não! Sobe ou fica? 
Tornou a falar, olhando o relógio. 
Era um ano difícil, não havia emprego nem na capital. Um jovenzinho pobre e analfabeto de 14 anos. Que esperança poderia ter ele em Aracaju? Estava pronto para mudar, não era mesmo? Sair daquela vida difícil, daquela dor de cabeça que lhe inchava os olhos. Sempre pensou partir com o vento infinito, ir pra longe, porém, também lhe vinham os seus pais, transpassados pela dor e pelo desgaste da passagem do tempo e da enxada nas costas. 
Parou. Respirou. Ajeitou a camisa. 
-Vou. Esta terra seca só dá água a pouca gente. Vou embora pra São Paulo, lá tem carne de primeira, filé! O senhor já foi lá? 
-Ó! Diabo! Deixa de conversa mole e sobe já nesse pau-de-arara! Não sei de São Paulo, mas em Salvador chegamos antes do amanhecer. Como é seu nome? 
-J. R.S.S.
-Olha só! Pobre sempre tem Silva ou Santos no nome. Você tem os dois! 
Então soltou uma gargalhada tossida, dando uma tragada num cigarro que estava em suas mãos.
O garoto subiu no caminhão, tremendo de frio. Eram dez da noite. Deu vontade de chorar, a solidão apertou, o medo aumentou... Sentou numa tábua grossa. O mundo cresceu em volta dele com a tristeza. Reparou que haviam quinze ou vinte pessoas junto dele, amontoados, feito bois. Todos tinham pressa, fugiam da miséria, assim como ele. Apoiou a cabeça, perdeu-se um momento na paisagem escura, não havia sequer uma estrela. Dormiu. 
-Todo mundo descendo do pau-de-arara! Não posso levar vocês até a feira D’água de Menino não! Essa hora já tem muita gente da prefeitura doida pra pegar trabalhador honesto que nem eu e dar multa! 
Disse o homem barbudo, nervoso. 
-Que horas são? 
Alguém perguntou, com a voz sonolenta.-03(três) da manhã, senhora. Não se preocupe que vou deixar vocês na Estação de Calçada. 
Lá é seguro!
O menino desceu. Ficou observando todo mundo sumir pela escuridão rumo aos seus desejos e fantasias. Preferiu ficar lá dentro. Vagou pelos corredores vazios da estação à procura de algo que nem ele mesmo sabia o que era. Novas lágrimas escorreram. Resolveu pegar o jornal e amassar, fez um travesseiro, deitou nele, confortável não era, mas era melhor que o chão. Ouviu alguns passos, não deu muita importância, vai ver era algum gato. 
-Ei, você! Chegou de onde? Não pode dormir aqui dentro não! Dorme lá fora, ninguém mexe! A gente olha! 
Gritou um homem, longe, levantando uma lanterna acesa em sua direção. 
Será que tinha feito o certo? Sair de casa só por não querer trabalhar na roça? Não queria uma vida de arado. Queria construir algo diferente. Sentia naquela vida do campo um conformismo total, uma falta de ritmo, uma desarrumação de idéias e valores. Era novo, mas sabia o que queria. Não ia mais chorar, ia reagir. 
-Vim de Aracaju, moço. Já to indo lá pra fora. 
Veio o dia junto de um copo de leite morno. 
-Toma, bebe aí! A sede da empresa de ônibus é lá na cidade alta. Não é pra São Paulo que você quer ir? Tem que pegar o elevador. Tem dinheiro aí? 
-Tenho sim, senhor. 
-Então, caminhe! Vá embora! E se eu vir que você ta por essas bandas fazendo coisa errada, você vai ver só! 
Foi se movendo pela calçada, chutando pedrinhas pelo caminho, passando pelo povo que andava pra lá e pra cá, meio afobado, bem diferente do seu interior. Avistou o tal do elevador, seria a primeira vez que andaria em um. Deu umas moedas a alguém e esperou uns minutos para que as portas de uma das cabines do Lacerda se abrissem. 
Lá em cima passeou mais um bocado, sem pressa, meio maravilhado com ruas do centro histórico e toda sua beleza. Bem que poderia morar ali, iria viver feliz com aquela vista das ondas riscando de branco as costas do mar azul. 
Saiu andando, achou a sede da empresa de ônibus. Antes de entrar na casa, ainda olhou encantado, por uns minutos, o vai-e-vem lento dos pincéis de um pintor de rua que demonstrava sua arte numa pracinha. Depois abriu a porta e aproximou-se timidamente do balcão. 
-Eu quero ir pra São Paulo! 
Disse meio perdido, tirando 20 mireis do bolso. 
Aquele era o único dinheiro que possuía. Aquele era o dinheiro que podia comprar as roupas de seus irmãos, o feijão e a carne da mesa da família ou as sementes caso a chuva prevista não viesse. Era agora tudo apostado no seu futuro. 
-Que horas é que sai o Ônibus, moça? 
-Às 11. 
-Olhou o relógio, hora de partir. 
Fim de tarde. Choro de criança pequena. Alvoroço. 
-Menino! Acorda! Cadê seus documentos? Você tem autorização de seus pais pra viajar? 
Um toque forte no ombro alertou J. R. 
-Tenho. 
-Cadê? 
- É de boca. 
Disse, sem constrangimento algum. Não sabia nada de leis. 
- De boca? Essa é nova. Eu sou do DNR e preciso passar o visto no registro, senão vai ter que ficar aqui. Você é menor, não é? Por que ta viajando sozinho? 
- Moço, eu vou descobrir o mundo! Lá na nossa terra não tem nada pra gente, nem roupa, nem sapato, nem estudo. Se eu voltar, só vou levar a tristeza e a amargura pra minha família. Me deixa seguir, por favor! 
-Que graça! Vai que hoje eu to bonzinho. Um conselho: muito cuidado daqui pra frente, agora você vai pra cidade grande, lá ninguém sabe da vida dos outros, ninguém nota se você está ou não sozinho. Preste atenção ao que vai fazer por lá. 
Desceu na estação. Loucura. Nunca tinha visto tanta gente. Parou estupefato. Será que ia se adaptar? Não tinha jeito. Era homem agora. 
Arrumou trabalho na manhã seguinte, servente de pedreiro, ferramenteiro, com o tempo foi cansando, mais e mais, mãos cheias de feridas e calos, mas não podia vacilar, pegava jornal velho para enrolar as mãos e aguentar um pouco a dor. Trabalho difícil mesmo, chegava ao cortiço e desabava na cama. Despertador tocava e já começava outro dia de trabalho. 
Queria coisa melhor. Com alguns meses de serviço braçal, já tinha algum trocado guardado. Foi pra Santos. Arrumou vaga na pensão de uma amiga, na Praça dos Andradas. 
- Você pode ficar naquele quarto. Tem um bêbado lá, mas não deve dar nenhum transtorno, ele vai sair em alguns dias e tem duas camas. 
- Bêbado? Minha senhora me desculpe, mas de sujeito de fogueira quero distância, esse sujeito pode querer brigar. Vim aqui pra trabalhar e só disso quero saber! 
E era assim mesmo, em poucos dias começou a limpar os depósitos de uma cervejaria das redondezas. Em duas semanas estava com a caixaria apoiada no ombro, como ajudante de caminhão. Ia pela cidade toda, conhecendo cada bequinho e viela, entregando cerveja. Nunca tomou nenhuma, e tinha um orgulho enorme disso, era moço direito. 
Passou três anos nessa vida, até que decidiu tirar a carta de motorista. Pagou as taxas, fez os testes, mas não foi autorizado. Naquela época não era qualquer um que poderia dirigir um veículo. Pediu a doutor advogado daqui e vereador dali, até conseguir. Já tinha outra cabeça, já era esperto. Ganhou a carteira. 
- O J.R. é um funcionário de primeira. Sabe exercer seu ofício, mesmo com todo trânsito desta cidade. Ele enfrenta tudo! 
Seus colegas de profissão se enciumavam um pouco. 
Passou a dirigir pelas estradas. Fazia todo tipo de entrega. Ganhava um dinheirinho bom e uma ou duas vezes por ano ia visitar seus pais e irmãos no nordeste. Continuava sem tempo pra nada. Trabalhava, trabalhava, trabalhava. 
Numa dessas viagens foi pro Rio de Janeiro, recebeu uma proposta melhor de uma empresa carioca, terminou ficando por lá. Cinco anos de mais empenho ao serviço, nada de moças ou diversão, não tinha tempo pra isso. Copacabana, Leblon? Coisa de gente rica, ele sempre foi aquele batalhador, cabra macho, o tal do sertanejo que Euclides da Cunha tanto se admirava e que ganhava o mundo com sua valentia. 
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Seu J.R. cansou, voltou para Aracaju. 
Anos depois, sem cuidar de sua saúde, e sem ter quem cuidasse dele, terminou indo para um asilo. 
Uma tarde veio alguém lhe pedir uma história. Qual poderia ser melhor que sua própria? E tratou de narrar os fatos. Ao final, o brilho nos olhos alheios. Curiosidade. 
- O senhor acha que valeu a pena toda essa luta? 
Tirando os óculos escuros, derramou lágrimas. O pensamento melancólico no vazio da vida. Ficou olhando aquela desconhecida, sem dar uma resposta. 
- Essa é uma boa história pras novas gerações. Obrigado! Muito obrigado! 
MARCAS DO PASSADO
Quanto desprazer pode ter em uma só vida? Vida de cão, vida insossa. Casou nova, com 14 anos. Casou porque quis, mas lá sabia que ia ser assim? Comer o pão que o diabo amassou? Entrou de véu e grinalda no altar, como diz a cerimônia, face pintada e feliz. 
-Não vou ficar presa dentro de casa não! Sou nenhuma bandida!
-Oxe! Vai sim! Mulher minha tem que ficar cuidando dos filhos e da casa e pronto! Vai fazer o que na rua? 
- Ver meus pais pelo menos!
- Nada disso! Quem quiser que venha te ver e disso não abro mão, pois quem manda aqui sou eu!
Ela se azedava. Como pode ter homem assim ainda no mundo? Cheio de marra, querendo ser o dono de tudo? Querendo ser o dono dela? Era duro, difícil, um permanente naufrágio onde jamais deveria ter ingressado. Mas já era tarde.
Tentava reagir, procurava adaptar-se, dar na mesma moeda, um dia desses cortou as cordas da rede de maneira que ficassem bem frouxas, numas balançadas o marido estapeou-se no chão, xingando e gritando contra ela. Ficou o tempo todo na janela, olhando, dando risada.
-Sou Alagoana está me entendendo? Sou mulher de sangue forte!
Pior foi depois, engravidou, não acreditava. Não queria por filho no mundo pra sofrer também, pra passar por tudo aquilo. No íntimo não sabia o que fazer, sentia que ia enlouquecer. Era culpada, iria agüentar até o fim.
Quando o menino nasceu veio a doçura infinita, a suprema alegria do choro infantil. Estava longe todo o sofrimento inauditodas brigas com o marido. Nem se lembrava mais de haver sofrido. 
-Que graça! Um amorzinho esse meu filhinho!
Um torpor manso se apoderava do seu corpo. Enfim ia descansar, ia ser feliz. 
Mas o homem voltou a atormentá-la. Assim que o garoto cresceu um pouquinho as humilhações, as revoltas e o sofrimento voltaram. Não tinha jeito pra eles, brigavam diariamente.
-Calada, M.P! Eu não falto em casa! O que mais você quer? Não sabe respeitar o seu marido, não? 
Estava disposta a acabar com aquela vida. Então ele achava que ela fosse trabalhar como escrava dele? Então julgava que ela estava disposta a acabar a vida no fogão? Estava doido! Não tinha jeito pra aquilo. Ele que arrumasse alguma atrasada para servi-lo. 
Deixou-se convencer por esse pensamento a tal ponto que este foi maior que seu amor ao filho. Sua coragem falou mais alto e fugiu das Alagoas pra longe. Pegou um ônibus qualquer e sentou no assento da janela.
-Menina, vai pra onde?
-Pra qualquer lugar, moço, que o vento sopre forte.
A vida de M. P. hoje aos 85 anos, sentada em uma cadeira de rodas, vítima de um derrame nas mãos, reflete em sua fala que alegria é uma palavra desconhecida em seu dicionário e tristeza é uma cicatriz que não saide suas lembranças. 
LEMBRANÇAS DE UM GRANDE AMOR
M. J. é uma dessas senhoras que possuem um belo sorriso, um jeito maroto de olhar e um semblante calmo. A protagonista desta história nos conta uma história de amor que não tem um final feliz.
-Estava na praça com as meninas, ele veio, sentou ao meu lado e começamos a conversar. Foi só isso. 
Fez-se um silêncio comprido e então ela tornou a falar.
M.S. tinha uma vida pacata, morava num povoado em Capela e tinha hábitos simples de menina moça. Ia pro colégio, pra casa das amigas e vez por outra pra cidade passear. Era tudo bem comum e nada fugia muito à rotina diária.
Um domingo qualquer desses foi tomar sorvete e viu Reginaldo. Alto e bonito, chamou sua atenção. Olhar fixo, timidez. Ele se aproximou:
-Oi, qual seu nome?
-M.S
-Bonito nome. Posso me sentar aqui?
-Pode sim!
E assim começou toda a história dos dois. Foram beijinhos e docinhos pra toda uma estação. 
Foi então que M.Scomeçou a perceberque seu amor bebia muito. 
A estampa de tanta felicidade durou pouco. Reginaldo era alcoólatra, eram várias garrafas e não havia dia certo pra ele encher a cara. M.S implorava de todas as maneiras para que parasse de beber, mas não tinha jeito, ele se consolava diariamente na cachaça. Seu pai falava, reclamando da inocência da menina:
-Olha aí o que você foi arrumar! Um pinguço! Um vagabundo!
Ela soluçava, mas seus prantos não surtiam efeito, jáestava apaixonada. Acreditara no amor, e prosseguiuem seusencontros.
Resistiu até o fim, tinha esperança de consertar as coisas, tirar Reginaldo da bebedeira. Mas foi em vão, ele estava bebendo tanto que terminou morrendo em poucos meses. No seu peito a dor da perda, sua alma se devorava. Como tão cedo pôde receber tanta tempestade? 
Não passou muito tempo em casa. Seu pai e sua mãe morreram quase juntos, na diferença de poucos meses. Sozinha,ela foi pra casa de uma madrinha, ajudar nas tarefas domésticas, cuidar das crianças. Não podia ser outra coisa, homem nunca mais. 
Hoje, M.S. tem diabetes e viveno asilo, onde fala com uma voz macia e um sorrisodoce, e que recebe visitas constantes da madrinha para quem ela serviu durante muitos anos . 
Para M. S.não havia mais barulho em seu coração. Na canção dos passarinhos que ouvia a todo instante, nas doces brisas que recebia dos céus, no encanto maravilhoso do amor da juventude, tudo havia valido a pena.
VIDA DE CAMINHONEIRO
J.J trabalhava na lavoura em São Paulo. Há alguns anos tinha saído de Moita Bonita, em Sergipe, pra tentar a sorte por lá. Lembrava de seu pai na roça, sua mãe com a vassoura na calçada, também lhe vinha à mente a caatinga braba e o calor desumano. Tinha feito bem em ir pra cidade grande. 
- Vou levar aquele caminhão ali!
Disse, apontando, todo alegre. 
A venda dos legumes que plantava no seu sítio tinha dado um dinheiro bom, vendera tudo pra um grande supermercado e decidira comprar um caminhãozinho, pra ajudar no serviço e quem sabe até alugar pra alguém quando não estivesse precisando, afinal era mais uma renda. 
As coisas não saíram bem como planejadas e, logo nos primeiros dias da nova aquisição, conseguiu trabalho como caminhoneiro de uma empresa de carga e transporte. 
-Olha J.J, dinheiro certo todo mês. Na plantação você não tem garantia de nada, vende o terreno e cai na estrada, cara. Já pensou? Conhecer o Brasil todo? Tem vontade não?
Seu colega insistia para que aceitasse.
-É, acho que vou gostar.
Homem novo é perigoso. J.J conhecia muita mulher na estrada e gostava de conversar, copiava versos na mente e soltava durante seus galanteios, fala doce, jeitinho manso. Fama de namorador, de moço perdido. Nessa época, era difícil ter algum momento de mau-humor, vivia de bem com a vida, solto nas rodovias do País, se mostrando, chamando atenção das meninas por onde passava e gastando boa parte do dinheiro que ganhava.
De tempos em tempos tinha uma carga pra Bahia, ou até pra Sergipe mesmo, e ele aproveitava pra ir ver sua família por uns dias. 
Havia uma menina que vivia a esperar por um príncipe encantado. Em Moita Bonita não havia ninguém à altura de casar com ela. Ficara ansiosa pra conhecerJ.J.
-Será que ele vai de noite festejar de novo?
-Ah! Com certeza! Homem como ele não fica em paz, sempre tá correndo atrás de rabo de saia!
Elaine, apesar de ser uma cabocla da roça, era mais constrangida que todas as outras. As amigas, para mostrar que não eram do interior, falavam pelos cotovelos, riam alto, diziam besteiras nos ouvidos umas das outras, parecendo pássaros soltos, chilreando, parolando festivas.
Os olhos do João, não acostumados com esse tipo de mulher, pousaram logo sobre a flor gentil do sertão. Gostou daquele recato, do medo. Gostou ainda muito mais dos olhos negros envolventes.
Pôs-se a cortejá-la, meio bobo e macio. Já não tinha as largas expansões que ele julgara próprias dele e de seu estilo “Dom Juan”. Havia, na verdade, um quê de inesperado nos seus modos. Ficava mais constrangido, mais direito, como em adoração.
Em uma semana toda a gente sabia. Que o filho do Souza, o caminhoneiro se apaixonara pela moça simples que ele iria levar embora. 
-Então, Elaine, que mistérios são esses? Vai mesmo casar?
E o pedido veio.
-Mas a gente nem se conhece direito J.J! 
-Não diga que é muito cedo!
-Mas...
Casaram só no cartório, não tinham dinheiro nem tempo pra igreja. 
Levou a esposa pra São Paulo. Casa pequena, baixa, humilde. Casal feliz. J.J. não podia parar de trabalhar e continuava a percorrer o Brasil com seu caminhãozinho. Nos primeiros meses dava tudo certo, ia e vinha sem problemas, todo carinho que tinha prometido, eram tempos felizes, sem dúvidas.
J.J. foi cansando daquela vida pacata demais, aos poucos tudo foi esfriando até o ponto de dizer adeus.
Até pensou em voltar, sentia falta.
Era tarde. Foi melhor assim, foi melhor assim. Também tinha o orgulho...
Mas que adiantavam essas palavras se nada encontraria mais eco no seu coração. Os braços afagavam o abandono. Abandono ali, abandono aqui. A vida é mesmo regida pelas leis da física: ação e reação.
Tudo em espaço simples. Daqui para a frente tem que ser corrigido. 
HORTÊNCIA 
Segundo Hortência, só conseguimos amar os que nos rodeiam quando nos amamos primeiro, pois ninguém dá o que não tem ou não conhece. 
Para Hortência, amar é uma escolha que devemos fazer todos os dias, pois a beleza vem de dentro para fora e não o contrário. 
Hortência relatou que não gosta de escuridão. A escuridão invoca a solidão, a falta de luz, a mágoa e o arrependimento. 
Cada pessoa sempre terá algo a acrescentar; e cabe a nós lembrarmos que somo especiais e temos qualidades que dignificam e nos fazem bem. 
Para Hortência, a liberdade para agir com a própria vontade implica em assumir responsabilidades pelos seus atos. 
Dificilmentepassa dias preocupada com problemas, pois é do tipo que encontra soluções para os problemas, em segundos.
LÓTUS 
Lótus, bela senhora, no alto de seus noventa e três anos de idade mostra que traz no seu íntimo a segurança, a tranqüilidade, as emoções em perfeito estado de equilíbrio. 
Tem força de vontade e sutileza. Traz uma afirmação de fé e esperança. 
Lótus é otimista, afetuosa. Seu otimismo permite que, mesmo diante das difíceis situações, encontre um lado positivo. 
Lótus não gosta de falar, prefere ouvir as pessoas. Desde mocinha aprendeu com o pai que não é bom ter ódio no coração. 
Com a família aprendeu que se deve perdoar, e nunca agredir ninguém. 
Na vida encontrou pessoas ignorantes, mentirosas, indiferentes. Essas pessoas a incomodava. Ela sofria e as odiava. 
Viver como a flor de Lótus. Ela nasce no esterco, entretanto, essa flor é pura e perfumada. Extrai do adubo mal cheiroso tudo que lhe é útil e saudável, mas não permite que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. 
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem.
GIRASSOL 
O girassol se movimenta em direção ao Sol, o que descreve essa bela senhora. No alto dos seus noventa e três anos, essa bela senhora mostra-se lúcida, perfumada e bem cuidada. 
O que mais cativa é o seu olhar; sorri com os olhos, é uma pessoa que gosta de viver. 
Está sempre em atividade. gosta de tricotar para passar o tempo. 
Girassol gosta de relembrar da época em que dava aula de corte e costura para jovens em sua cidade do interior da Bahia. 
Gostava de conviver com aquelas jovens sonhadoras, que turma após turma realizava os sonhos de tantas jovens, que ao final do curso competiam para receber a homenagem especial para a aluna mais aplicada da turma. 
Girassol relatou para um amigo das dificuldades das jovens para formatura por falta de dinheiro. 
Comovido com a situação, resolveu ajudar as jovens. Esse amigo dizia: “Eu sou um rolo compressor descendo a ladeira de Santo Antônio destruindo toda a tristeza do meu povo.”
ROSA 
No jardim do SAME existe uma linda rosa, essa rosa gosta de cuidar das pessoas, de ajudar a resolver os problemas dos outros. 
Mas, quando o problema é seu, tende a sentir-se desnorteada. 
Sente-se mais confortável em decidir as coisas com a cabeça fria, o que ocorre quando resolver os problemas alheios. 
A generosidade faz parte de sua vida desde a infância. Rosa, raramente se fecha em seu mundinho... 
Rosa relatou que sabe fazer bolo de banana, panquecas, sucos, tapioca, faz tudo com carinho. 
Rosa, uma mulher de coragem, enfrenta todas as barreiras que a vida oferece. A dança de capoeira sempre alegrou seu coração. 
Mulher de olhar para frente, está sempre pronta para ouvir o outro. É amiga de todo momento.
1.1 Conclusão
Ao chegar ao fim desse trabalho psicopedagógico na Instituição “SAME”, uma proposta voltada para os Idosos e seu desenvolvimento físico-cognitivo estimulando a aprendizagem com atividades cognitivas.
Observou-se que a questão de estímulos nos idosos necessita de um olhar mais amplo das organizações e dos profissionais que ali interagem, para um trabalho organizado sistemático com intuito de dar um continuo desenvolvimento físico-cognitivo aos idosos.
Espera-se que com esse trabalho busque solidificar o papel do psicopedagogo assumindo uma postura mais bem definida, buscando novos entendimentos para uma maior compreensão da realidade da vivencia dos idosos no Asilo.
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PARK, D. C. et al. Cerebral aging: brain and behavioral models of cognitive function. Dialogues in Clinical Neuroscience, v. 3, n. 3, 2001.
Publicado em 08/04/2014 18:36:00
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2- PRESERVE A ESTIMA DO IDOSO:
Não trate o idoso como criança ou como doente! Trate-o com respeito, como adulto, como idoso que é. Continue compartilhando de sua vida com o idoso, mostre a ele que você o estima, o ama, fala de suas emoções, de suas atividades e de seus passatempos.
O idoso pode não saber se comunicar direito, mas pode entender razoavelmente os sentimentos e emoções que podem acontecer. Preserve, assim, a dignidade e o respeito do idoso.Nunca discuta problemas relacionados com ele, na sua frente, como se ele não entendesse, não existisse ou não estivesse ali. Explique e ensine estas dicas para toda família e para os amigos.
3 -MANEIRAs DE FALAR:
O cuidador deve permanecer sempre tranqüilo e falar de um modo gentil e amigável. Comunicar com frases curtas e simples, enfocando uma idéia ou uma opinião de cada vez. Dê tempo para o idoso entender o que lhe é dito.
Deve-se falar claro e lentamente, sem elevar a voz. Se for necessário, pode-se repetir palavras que expressam o mesmo sentido. Exemplo: tomar banho, lavar o corpo, entrar no chuveiro...
Ao dizer nomes, dê-lhe uma orientação: "Maria, sua filha!", "João, seu vizinho!"
Procura-se não discutir ou convencer o idoso, não partindo para conversas mais complexas e de difícil entendimento. Falar com simplicidade!
5- OUTRAS DICAS
Encoraje sempre o riso! O bom humor é a melhor maneira de contornar a confusão e o mal-entendido. Com o sorriso tudo pode ficar mais fácil.
Evite levar preocupações e tristezas ao idoso. Deixá-lo frustrado não ajuda em nada, e poderá piorar seu estado geral.
Mostrando e tocando objetos, retratos e quadros, pode-se ajudar a "puxar"a memória e a melhorar a conversa.
Música pode ser um excelente modo de comunicação, ajudando o idoso a recordar sentimentos, pessoas e situações mais antigas
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AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES DO IDOSO 
ACAMADO NA COMUNIDADE 
Cristina Katya Torres Teixeira Mendes1
, Maria Adelaide Silva Paredes Moreira2
, Luípa Michele Silva3
, 
Antonia Oliveira Silva4
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um fenômeno natural da vida do indivíduo e está submetido a fatores biológicos, 
psicológicos, socioculturais, ambientais, econômicos e políticos. Sabemos que, o envelhecimento da 
população é um dos maiores desafios das últimas décadas. 
O maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações 
que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima 
qualidade possível (1).
A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a 
autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde 
para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa 
política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (2
A autonomia, entendida como um princípio ético, é uma forma de liberdade pessoal baseada no respeito 
pelas pessoas, no qual os indivíduos têm o direito de determinar seu curso de vida enquanto este direito não 
infringir a autonomia dos outros(3). 
Para ser autônomo, o indivíduo deve ser capaz de pensar racionalmente e se autogerenciar; caso contrário, 
sua capacidade para a tomada de decisões estará comprometida e, portanto, deverá ser realizada por outra 
pessoa. Contudo, não há um ponto claro tanto eticamente como legalmente sobre em que momento ou quais 
situações que levem a perda da autonomia e, assim, a tomada de decisão poderia ser assumida por outra 
pessoa.
A maioria dos idosos acamados, ou seja, restritos ao leito devido uma deficiência física, enfrentam muitas 
vezes, uma série de obstáculos físicos e interpessoais, na realização das atividades da vida diária. Esta perda

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