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13 AfeC90es Sanguineas e Vasculares E 0 termo utilizado para de- nominar a diminuic;:ao da quan- tidade e modificac;:6es da "qua- lidade" dos gl6bulos vermelhos do sangue, ou a deficiencia de hemoglobina, avaliada laborato- rialmente por unidade de volu- me sangulneo. A hemoglobina 8 0 pigmen- to que os gl6bulos vermelhos contem, cuja func;:ao8 captar 0 oxigenio, transporta-Io e, poste- riormente, libera-Io. Os nlveis ou o conteudo de hemoglobina tem muita importancia para os ca- valos de atletas, porque a hemo- globina, ou a capacidade que as hemacias possuem para 0 trans- porte de oxigenio, tem relac;:ao direta com 0 rendimento do ani- mal nas pistas ou durante qual- quer trabalho que exija consumo adicional de oxigenio. A anemia nos cavalos pode ser resultante, como causa se- cundaria, de enfermidades virais (Anemia Infecciosa), nas parasi- toses intestinais (verminoses causadas por estr6ngilos e pa- rascaris), hemoparasitoses (ba- besiose ou nutaliose), intoxica- c;:6es(mercurio, chumbo e f6s- foro) e processos supurativos cr6- nicos que causam intensa de- pressao da atividade da medula 6ssea, resultando em grave es- tado anemico. Sao tamb8m cau- sas de anemia as deficiencias nutricionais, principal mente no que se refere a nutrientes e mi- nerais como ferro, cobre, vitami- na B 12, acido f6lico, vitamina B6, vitamina E eSe, e protelnas, muito embora nao se tenha com- provac;:aode que estas deficien- cias sejam posslveis em animais que consomem, no mlnimo, for- ragens de qualidade razoavel. Potros que desenvolvem ic- terlcia hemolltica devido a ac;:ao de anticorpos anti-hemacias pro- duzidos pela mae durante a ges- tac;:ao,e transportados pelo co- lostro, desenvolvem um quadro de anemia hemolltica semelhan- te a anemia produzida por algu- mas hemoparasitoses. As perdas excessivas de sangue, devidas a processos traumaticos em que houve ruptura arterial ou de um numero grande de venulas, ma- nifestam sinais de anemia he- morragica, que se nao for con- venientemente tratada, pode de- sencadear a morte do animal por perda do volume sangulneo cir- culante, desencadeando quadro de choque hemorragico. Independente da causa da anemia, a repercussao primaria 8 de uma an6xia, isto 8, havera deficiente oferta de oxigenio aos tecidos e, consequentemente, danos que poderao ser irrepara- veis ao metabolismo celular. Animais anemicos apresen- tam como sinal c1lnico principal, palidez de mucosas e da con- juntiva ocular, muito embora graus discretos de anemia po- dem acontecer sem altera<;:6es na colorac;:aodas mucosas e da conjuntiva. Os cavalos que apre- sentam esses graus de anemia, embora nao apresentem sinais de doenc;:a,se cansam com fa- cilidade e tem sua performance diminulda. Nos casos c1lnicos de ane- mia, os sinais que se observam saD: palidez das mucosas e conjuntivas; icterlcia nas anemi- as hemollticas; fraqueza muscu- lar; depressao e anorexia. A fre- quencia cardlaca esta aumen- tada e, nas fases terminais, pode ocorrer aumento da amplitude da respirac;:ao, sem, contudo, haver modificac;:ao da frequen- cia respirat6ria. A temperatura pode ser subnormal com exce- c;:aoda anemia infecciosa e da babesiose, cujos picos febris podem oscilar conforme a fase da doenc;:a. Devido a grande diversida- de etiol6gica, 0 tratamento deve estar voltado para a causa da anemia. Por8m, pode-se realizar um tratamento inespedfico que inclui transfus6es de sangue nos casos de hemorragias agudas e nos processos cr6nicos graves. A administrac;:ao de complexos vitamlnicos e de vitamina B 12 podera ser feita como adjuvante ao tratamento geral, no sentido de se melhorar 0 estado meta- b61ico do animal, sem, contudo, substituir 0 tratamento esped- fico. As injec;:6esde ferro, prin- cipalmente em soluc;:6esde uso intravenoso, nos casos de ane- mia ferropriva, tem demonstra- do bons resultados em substi- tuic;:aoao ferro administrado por via oral. Em todas as situa<;:6es em que os sinais de anemia sejam evidentes, a rapida intervenc;:ao 8 imprescindlvel para a realiza- c;:aodo diagn6stico etiol6gico do processo e instituic;:ao do trata- • mento. Exames hematologicos saG extremamente uteis para a defini<;:aodo diagnostico e para o acompanhamento da evolu- <;:aoda doen<;:a. Para os casos em que seja necessaria a transfusao de san- gue total, considerado 0 limite inferior do parametro de norma- lidade de hemacias, fa<;:aa trans- fusao utilizando sangue total de equinos sadio, colhido, preferen- cialmente, momentos antes da transfusao em frasco a vacuo ou bolsas especiais. Calcule a necessidade de reposi<;:aode hemacias, consi- derando que cada 15 ml de san- gue/kg a ser transfundido re- pora cerca de 1 milhao de he- macias no sangue circulante do animal. Paralelamente a transfusao de sangue, institua 0 tratamen- to adequado a causa primaria da anemia, acrescido de complexos vitamlnicos, alimenta<;:aoequili- brada e de boa qualidade e re- pouso, ate que um novo hemo- grama demonstre a volta a nor- malidade sangulnea. E uma doen<;:a aguda nao contagiosa, caraderizada ge- nericamente pelo desenvolvi- mento de edema no tecido sub- cutaneo e hemorragias (pete- quias e sufusoes) nas mucosas e visceras. A etiologia do processo ain- da permanece obscura, porem, a doen<;:aesta frequentemente associada a animais que apre- sentaram infec<;:oes estrepto- cocicas do trato respirat6rio su- perior. Mais comumente a doen- <;:apode se manifestar em equi- nos reunidos em grandes gru- pos como em haras, Joquei C1u- bes e Hlpicas, em que tenha ocorrido epizooticamente 0 gar- rotilho. A purpura hemorragica pode ainda ocorrer em associa- <;:aocom a arterite equina ou rinopneumonia equina. Muito embora apenas uma pequena parcela de animais pos- sa apresentar 0 quadro, nos sur- tos de garrotilho a incidencia pode estar elevada, provavelmente de- vido a reinfec<;:ao por Strepto- cocus equi em equinos sensibili- zados por infec<;:ao previa. Tal mecanismo pode, em parte, ser explicado quando se admite a teoria alergica do processo, onde o animal seria sensibilizado pela protelna estreptoc6cica. Os sinais c1lnicos geralmen- te come<;:am a aparecer entre duas e quatro semanas ap6s a doen<;:a respiratoria. Ocorrem aumentos de volume edema- tosos e extensos em qualquer parte do corpo, porem, e mais evidente na face, focinho e nos membros, que se apresentam extremamente inch ados, sem aumento de temperatura e indo- lores. A pele ao ser pressiona- da cede e deixa impressa par algum tempo a marca do dedo. Nas form as severas da doen<;:a, alem de pronunciado edema sub- cutaneo, saGobservadas hemor- ragias petequiais na mucosa nasal, bucal, na face ventral da lingua e nas conjuntivas, justifi- cando, desta maneira, a deno- mina<;:aoantiga de febre pete- quial. As vezes, podem apare- cer espalhadas pelo corpo pla- cas urticariformes, decorrentes do processo alergico instalado. Oedema da cabe<;:ae pesco<;:o pode atingir propor<;:oes alar- mantes, dificultando a respira- <;:aoe degluti<;:aoe causar a mor- te par asfixia. Os animais atin- gidos podem relutar, quando for<;:ados,a caminhar. A tempe- ratura frequentemente perma- nece dentro dos parametros nor- mais, muito embora a frequen- cia cardlaca quase sempre pos- sa atingir 90 a 100 batimentos par minuto. Internamente podem ocorrer hemorragias e edema da pare- de intestinal que podem desen- cadear graves crises de colica. o diagnostico se baseia no quadro e na historia de infec- <;:aoprevia do trato respiratorio superior, principal mente 0 gar- rotilho. Algumas vezes a proces- so pode se manifestar sem que haja informa<;:aoanterior de in- fec<;:aoestreptococica. Deve-se fazer 0 diagnostico diferencial com outros processos edema- tosos, diferenciando-os devida a particularidade das hemorra- gias petequiaisque a purpura hemorragica causa. o tratamento, alem do com- bate a infec<;:6es latentes par estreptococos, e puramente in- tuitivo, e se tem obtido bons re- sultados realizando-se transfu- s6es de sangue, drogas anti- histamlnicas, corticosteroides e gluconato de calcio. A transfu- saGde sangue deve ser realiza- da infundindo-se pelo menos quatro a cinco litros a cada 24 a 48 horas, precedidas pela apli- ca<;:aoa cada 12 horas de 0,5 a 1,0 mg/kg de prometazina. 0 gluconato de calcio pode ser administrado diariamente na dose de 100 a 200 ml, pela via endovenosa. Eventualmente, se o caso for grave, podera ser ins- tituido um esquema de cortico- terapia associado ao tratamen- to base. Ao animal devem ser forne- cidos alimentos tenros e fres- cos, de preferencia pontas de capim, agua fresca a vontade e baia arejada e forrada com ca- ma alta e macia. Intercalar re- pouso a passeio de 10 minutos duas vezes ao dia em terreno plano. Devido a possibilidade de asfixia consequente ao edema da cabe<;:ae da regiao farfngea, o animal deve ser observado constantemente, para que se for necessario, seja realizada uma traqueostomia de emergencia. A babesiose, ou nutaliose como era conhecida, e uma doen<;:acausada por protozoa- rios do genero Babesia sp, que pode acometer bovinos, ovinos, sufnos e equinos. Os equinos saG infectados pela Babesia caballi, que e um protozoario relativamente gran- de e que se "instala" nas hema- cias, parasitando-as. 0 outro protozoario que tambem pode infectar os cavalos, nas mesmas condi<;:6es, e a Babesia equi, esta de tamanho menor do que a B. caballi, e produzem, no in- terior das hemacias, ao exame do esfrega<;:osangufneo, form as de roseta e de cruz. A babesiose do cavalo e transmitida por carrapatos, prin- cipalmente 0 Dermacentor sp, Rhipicephalus sp e Hyalomma sp, que ao se alimentarem do sangue de seus hospedeiros transmitem a ele, atraves de seu aparelho bucal, os protozoarios responsaveis pela doenp. A Babesia se instala no interior dos gl6bulos vermelhos e af se re- produz ate causar hem6lise, isto e, a destrui<;:aoda hemacia para- sitada. A hem61ise resulta em anemia grave, icterfcia e, excep- cionalmente, hemoglobinuria, que as vezes e insignificante. A transmissao da B. caballi e da B. equi de uma gera<;:ao a outra de carrapatos da-se por infec<;:aotrans-ovariana. Os ovos ja SaGpostos contendo 0 para- sito que ira acompanhar todo 0 desenvolvimento ate que 0 car- rapato atinja as fases de ninfa e adulto, para tornar-se infectante. o perfodo de incuba<;:aoe de cerca de 8 a 10 dias e os ani- mais adultos, no inicio da doen- <;:a,podem apresentar como uni- co sinal uma eleva<;:aode tem- peratura, que em 24 horas pode atingir ate 4 1 ,5°C. A temperatu- ra, no entanto, pode ceder nas pr6ximas 24 horas ou entao 0 cavalo pode apresentar um cicio febril intermitente quando a in- fec<;:aoe causada pela B. equi, fazendo com que a temperatura oscile em torno de 2°C, coinci- dindo com novas hem61ises e li- bera<;:aode parasitos no sangue. Ocasionalmente podera ocorrer a infec<;:ao pelos dois tipos de babesia. o apetite pode permanecer 'presente nas crises menos gra- ves, ou ate mesmo ocorrer ano- rexia quando os cavalos sao in- tensamente afetados. Nestas condi<;:6es os animais adultos podem ficar im6veis, relutantes para movimentar-se e alguns chegam mesmo a permanecer em decubito esternal ou lateral, nao respondendo quando esti- mulados. A icterfcia aparece como uma discreta descolora- <;:aoda conjuntiva ocular e das mucosas, para posteriormente apresentar-se de colora<;:aofra- camente amarelada, ate amare- lo-escuro. Ha edema na regiao do machinho e, ocasionalmen- te, nas regi6es baixas do corpo e na cabe<;:a.Os animais jovens apresentam os sintomas com muito mais evidencia, manifes- tando intensa icterfcia, fraque- za e petequias nas mucosas. As fezes em todos os doentes po- dem estar cobertas de muco e raramente apresentam estrias de sangue. Ocorre grande eli- mina<;:ao de urina, sendo que nas infec<;:6es por B. equi nao saG raras as ocorrencias de hemoglobinuria. Ocasionalmente, a babesiose no cavalo podera desencadear crise de desconforto abdominal agudo por irrita<;:aocausada pela bilirrubina depositada na serosa do trato gastrenterico e pelo ede- ma da parede intestinal. 0 ba<;:o apresenta-se aumentado (es- plenomegalia), sendo que a dis- tensao de sua capsula podera causar desconforto e dor. Cava- los portadores de babesiose, sem manifesta<;:aoc1inica,quan- do submetidos ao estresse f1si- co ou cirurgico para 0 tratamen- to dos casos de c6lica, poderao manifestar crises agudas de ba- besiose no p6s-operat6rio ime- diato. Esta possibilidade obriga o profissional a realizar acompa- nhamento e monitora<;:aoc1inica p6s-operat6ria ate a alta cirurgi- ca do animal. Devido a hem6lise, a conta- gem dos gl6bulos vermelhos pode chegar a 1,5 milh6es de hemacias por milimetro cubico de sangue, caraderizando um quadro alarmante de anemia hemolltica. o diagn6stico se baseia nos achados c1inicose sobretudo no exame laboratorial do sangue. Ouando mais de 5% das hema- cias estao parasitadas, diante do quadro c1inico descrito, a doen- <;:ae aguda e deve ser imedia- tamente tratada. Nas form as cr6nicas em que os animais apresentam manu- ten<;:aodo apetite, eventual men- te elevac;:6estermicas modera- das, enfraquecimento e anemia paulatinamente progressiva, ape- nas 1 a 2% das hemacias podem ser encontradas parasitadas pela Babesia. Nestas condi<;:6es, ou se a forma aguda da doen<;:a nao for convenientemente tra- tada, e 0 animal nao morrer, ele podera ficar portador da Ba- besia, que podera ser sugada por carrapatos e passar a do- enc;:aa outros cavalos ou, quan- do submetido a condi<;:6es de estresse ou sofrer outra doen<;:a e ficar debilitado, a Babesia po- dera voltar a reproduzir-se e mata-Io em ataque agudo. o tratamento nao esta muito bem estabelecido, porem, exce- lentes resultados tem sido obti- dos com 0 uso do diazoami- nodibenzamidina a 7% na dose de 1 cm/20 kg, que pode ser repetido ap6s 24 horas, se ne- cessario, ou ivermectina na dose de 2 mg/kg, podendo ser verifi- cado por exame de esfrega<;:ode sangue se 0 parasito foi comba- tido. Alguns animais tratados com ivermectina podem desen- volver hiperperistalse e conse- quente desconforto abdominal agudo, tratado geralmente com antiespasm6dico. Procure evitar o usa de atropina, pois a atropi- niza<;:ao,mesmo em doses tera- peuticas, pode causar atonia di- gestiva de longa durac;:aoe de diflcil reversao, nao se justifica, portanto, a sua utiliza<;:aode for- ma "preventiva",cabendo apenas a aplica<;:aode espasmolitico. Os casos mais graves, em que 0 grau de hem6lise e sig- nificativo, podera ser necessaria a institui<;:aode terapia hidroele- trolitica e,ocasionalmente, trans- fusao sanguinea ou transfe- rencia de papa de hemacias. A profilaxia e realizada de maneira semelhante a babesiose bovina, procurando-se erradicar os carrapatos veto res.0 contro- Ie de infesta<;:6espor carrapatos em cavalos de esporte e de tra- balho por meio de aspers6es pe- ri6dicas de carrapaticidas, cons- titui pratica aconselhavel para se evitar a hemoparasitose. 13.4. Tripanossornose ("rn a I-de-cadei ras"). A tripanossomose e uma he- moparasitose causada pelo Trypanossoma equinum, que mesmo nao sendo de ocorren- cia frequente, causa grande a- preensao aos proprietarios de equinos e aos veterinarios, de- vido as manifesta<;:6es c1inicas. o T equinum e transmitido pela picada de moscas hemat6- fagas, que sao os principais vetores, e eventual mente, de for- ma acidental, atraves dos mor- cegos hemat6fagos (Desmodus rotundus). A enfermidade pode se manifestar principalmente nas epocas de maior proliferac;:aodo agente vetor, em regi6es de c1i-ma quente e chuvoso e com uma flora de cobertura exuberante. Os Tripanossomas, ao se- rem inoculados, come<;:am a multiplicar-se ativamente ate que conseguem vencer as bar- reiras de defesas do organ is- mo, aparecendo, consequente- mente, os fen6menos sangui- neos de hem6lise e seu res- pedivo quadro c1inico. Ouando os Tripanossomas se estabelecem no plasma sangui- neo, multiplica-se tanto que po- dem atingir quantidades equiva- lentes a 30% do numero de g16- bulos vermelhos. 0 animal apre- senta febre, que no infcio pode atingir ate 40,5 a 41,51 °C, cujo pico maximo esta relacionado com a invasao do plasma pelos Tripanossomas. Esta elevac;ao termica pode durar de dois a tres dias, com remiss6es diarias ate 39,5°C e rapidamente descer aos valores normais. Em segui- da, geralmente ocorre um perfo- do apiretico de 7 a 9 dias, com remiss6es de 36,6°C, para de- pais se iniciar um novo perfodo febril, porem, sem que os picos iniciais de febre sejam novamen- te alcanc;ados. Os perfodos de febre e de apirexia correspon- dem a presenc;aou ausencia dos protozoarios na corrente sanguf- nea ~ sao desencadeados prin- cipalmente pelos produtos elimi- nados pelos parasitos mortos pelas defesas do organismo. A anemia hemolftica e progressi- va, podendo ocorrer iderfcia que pode ser observada nas muco- sas e conjuntivas amarelas. Pro- gressivamente, devido a altera- c;6esda permeabilidade dos va- sos e diminuic;ao das protefnas plasmaticas, pode aparecer ede- ma,notadamente nos casos cro- nicos, quando a caquexia ja esta instalada. Nesta fase, frequente- mente 0 animal apresenta trans- tornos de locomoc;ao, em virtu- de da reduc;ao do tonus mus- cular, principal mente dos mem- bras posteriores, e paraplegia posterior, nas fases finais e nos casos graves, provavelmente de origem na medula espinhal. o diagn6stico e baseado no exame c1fnico e na analise dos sintomas, principal mente asso- ciado aos transtornos na loco- moc;ao, 0 que justifica a deno- minac;aode "mal-de-cadeiras". E de fundamental importancia para a confirmac;ao do diagn6s- tico, a encontro do paras ita no sangue, que pode ser feito pelo exame direto com sangue fres- co, colhido de uma veia margi- nal (orelha) ou pela gota espes- sa que e um recurso especial que pode ser utilizado quando a exame direto for negativo. Os Tripanossomas tambem podem ser pesquisados para efeito de diagn6stico, no Ifquido cefalor- raquidiano. o tratamento e feito exclu- sivamente com quimioterapicos como compostos de triparsa- mida, triplaflavina e derivados da ureia. Estas drogas atuam de forma definitiva contra as Tripa- nossomas e devem ser acom- panhadas pelo tratamento sin- tomatico, voltado principal men- te para a anemia hemolftica que se instala. Como tratamento adjuvante, ocasionalmente sera necessaria instituic;ao de fluido- terapia hidroeletrolftica e trans- fus6es de sangue ou papa de hemacias. A profilaxia se restringe ao controle dos veto res e aos cui- dados de higiene, eliminando os focos criat6rios das moscas hemat6fagas. Como a reserva- t6rio da infecc;ao e 0 pr6prio ca- valo enfermo cronico, capaz de manter 0 protozoario por muito tempo, deve-se estar atento a qualquer manifestac;ao febril nos outros indivfduos do rebanho, possibilitando 0 diagn6stico e 0 tratamento precoce da doenc;a. A outra tripanossomfase que afeta os cavalos e a durina, cau- sada pelo Tripanossoma equi- perdum, abordada no capftulo das afecc;:6esdo aparelho repro- dutor do macho. 13.5. Trombose das arterias i1facas. E um processo obstrutivo total ou parcial, que acomete as arterias ilfacas no seu ponto de origem na extremidade distal da aorta. A etiologia da trombose ilfa- ca permanece um tanto obscu- ra, porem acredita-se que a arterite parasitaria constitua a lesao primaria responsavel pe- los demais fenomenos e seja a ponto de partida. A larva migran- te do Strongylus vulgaris pode causar arterite, alem das arte- rias ilfacas, na arteria mesen- terica anterior au cranial e seus ramos, desencadeando 0 qua- dro de c61icatromboemb61ica, e mais raramente lesar as arterias cerebrais, renais e coronarias. A lesao da fntima das arterias, que e 0 tecido interno de revesti- mento do vaso, desenvolve um processo inflamat6rio que pode "enfraquecer" a estrutura mus- cular e produzir dilatac;6es co- nhecidas como aneurisma. Es- tas dilatac;6es causam altera- c;6es hemodinamicas e deposi- c;ao de estruturas sangufneas que levam a forma<;ao do trom- boo Ocasionalmente a regiao lesada pode estar situada jus- tamente na bifurca<;ao da aorta, na origem das arterias iliacas, produzindo 0 que se conhece como trambo a cavaleiro. Os sintomas da trombose illaca podem ser de duas formas: uma forma leve em que a obs- tru<;aonao chega a alterar signi- ficativamente 0 fluxo sanguineo para os membros; e uma outra forma aguda de isquemia, atin- gindo geralmente um dos mem- bros posteriores. Na forma leve, ha c1audica<;aosomente duran- te exerdcio longo e pesado e 0 animal volta ao normal ap6s um curto periodo de repouso. Caso o animal seja for<;ado a trabalhar c1audicando, os sinais podem se tornar semelhantes ao da forma aguda severa. Na forma aguda, a dor e 0 primeiro sinal a ser observado, o cavalo fica ansioso e a fre- quencia respirat6ria e cardiaca estarao aumentadas. 0 animal pode suar profusamente, porem o membro afetado estara seco e mais frio do que 0 resto do corpo. A amplitude do pulso da arteria digital pode ser menor, assim como podera ocorrer um enchimento incompleto da veia safena, localizada na face inter- na da coxa, logo ap6s 0 exerd- cio. Alguns cavalos podem apre- sentar retra<;ao temporaria do testlculo correspondente ao membra afetado, devido a dor, assim como podem se deitar e recusar-se a levantar. o diagn6stico e feito com base nos sinais c1inicose 0 pro- fissional podera palpar as altera- <;6esda arteria por via retal. Ha necessidade do diagn6stico dife- rencial com azoturia, porem, nes- ta ocorre tensao nos musculos da coxa e da garupa e mioglobinuria Os tremores nos membros pos- teriores, redu<;aoda amplitude do pulso da arteria digital, tempera- tura menor no membra afetado do que no resto do corpo, saGim- portantes no estabelecimento do diagn6stico final. A redu<;ao do pulso da arte- ria digital podera ser detectada por medidas diretas com doppler eletronico e a redu<;ao da tem- peratura regional atraves da termografia ou termometros di- gitais a laser. A palpa<;aotransretal permi- te a localiza<;aodo vasa trambo- sado e a observa<;ao de fremito arterial. o tratamento geralmente nao produz resultados satisfat6rios e a maioria dos casos evolui para a eutanasia. Raramente a apli- ca<;ao de anticoagulantes tem sido utilizada, e os resultados tambem SaG inconsistentes. A aplica<;aode gluconato de s6dio a 20% precedido de uma serie de inje<;6es de enzimas fibrino- liticas tem sido relatada com bons resultados no tratamento de trombose iliaca. Eo processo inflamat6rio que acomete a veia jugular e pode ser causada por inje<;6es endo- venosas com substancias irritan- tes como 0 gluconato de calcio, fenilbutazona e eter gliceril- guaiacol, ou ser consequencia de uma localiza<;aohemat6gena de germes, por dissemina<;ao de infec<;ao de tecidos circunvizi- nhos, principalmente as decor- rentes de inje<;6es feitas com material contaminado, sangrias com lanceta e utiliza<;ao de ca- teter trombogenico. Na fie bite asseptica a veia se encontra turgida em uma de- terminada regiao ou em toda a sua extensao. 0 cavalo manifes- ta um certo desconforto, ao se tocar 0 vasa que se apresenta duro e cilindrico como um "cabo de vassoura". 0 fluxo sanguineo pode estar prejudicado devido a redu<;aodo lumen vascular. Os casos cronicos, geralmente for- mam trombos que podem se desprender e produzir embolos,que se alojam principal mente nos pulm6es. Os trombos veno- sos saG relativamente comuns no garrotilho, afetando as veias jugulares ou a veia cava caudal. Embora seja ocorrencia pou- co frequente, mesmo nos casos mais graves quando a trombo- se e bilateral, podera haver di- ficuldade de retorno de fluxo sanguineo da cabe<;a,sonolen- cia e afec<;ao respirat6ria gra- ve, decorrente da disfagia e falsa via de alimentos que po- dera ocorrer. Na flebite septica, a regiao fica tumefeita, principal mente sobre a "ferida", que pode dre- nar pus amarelado ou cinzento. Frequentemente, nesta forma de flebite, ocorre a forma<;:13.ode trombos septicos que podem se desprender e causar serios da- nos ao organismo do animal. A veia apresenta-se ingurgitada e o fluxo do sangue torna-se mais diffcil do que no caso anterior. Mesmo em situa<;:6esde trom- bose que pode atingir todo 0 lumen do vaso, nos casos uni- laterais,o retomo venoso regio- nal pode ser compensado pe- los ramos profundos e periferi- cos da jugular correspondente. Raramente, nos quadros de tromboflebite septica, a infec- <;:13.0pode atingir tecido circun- vizinho desenvolvendo sequelas graves que podem tornar 0 qua- dro irreverslvel. o diagn6stico e feito pela observa<;:13.odos sinais descritos, devendo-se, no entanto, avaliar o grau e a extens13.odo proces- so para se instituir 0 tratamen- Figura 13.1 Tromboflebite jugular - edema de cabeya. to. Nos casos de flebite causa- da pela utiliza<;:13.ode substan- cias irritantes, 0 uso de poma- das heparin6ides podendo ser associadas ao DMSO, em fric- <;:6es2 a 3 vezes ao dia, ap6s tricotomia da regi13.oatingida, pode reduzir ou reverter as al- tera<;:6esem menos de uma se- mana. Nas flebites decorrente de infec<;:6es,alem do tratamen- to local com anti-septicos e po- madas antibacterianas, insti ua anti bioticoterapia parenteral. Nos casos assepticos e uni- laterais, podera haver revers13.o quando se associar aplica<;:6es de heparina na dose de 40 U/kg. Figura 13.2 Trombose jugular - trombo. Figura 13.3 Flebite jugular septica. 1 a '2 vezes ao dia, e uma droga antiinflamat6ria nao hormonal como 0 flunixin meglumine, por exemplo, ou mesmo 0 DMSO. Ocasionalmente poden3-ha- ver, nas fie bites septicas, ne- crose cutanea com possibilida- de de ruptura da veia na regiao atingida. Nestas circunstancias, podera ocorrer intensa hemor- ragia, que somente sera estan- cada com a ligadura da jugular e seus ramos pr6ximos ao an- gulo da mandibula, com sua posterior ressec<;ao. Varias sac as pesquisas que estao sendo realizadas objetivando a realiza- <;aode enxerto hom610go de ju- gular, ou sua substitui<;ao por pr6teses sinteticas, possibilitan- do novas op<;6es ao tratamento de tromboflebite jugular. E 0 processo inflamat6rio que acomete progressivamen- te os vasos linfaticos dos mem- bros, geralmente decorrentes da a<;ao de microorganismos, como bacterias e fungos. As afec<;6es dos vasos lin- faticos dos membros, conside- rados como etiopatogenias pri- marias, sac: a linfangite ulcera- tiva causada pelo C. pseudotu- berculosis e a linfangite epizo6- tica, causada pelo Histoplasma farciminosum. A linfangite ulcerativa atin- ge os vasos linfaticos subcuta- neos e tecidos adjacentes com forma<;ao de n6dulos dolorosos, edemaciados, que se fistulizam, drenando pus com caracteristi- ca cremosa. A afec<;ao pode ser transmitida por moscas e pro- duzir metastases em linfonodos abdominais e toracicos A linfangite ulcerativa, pode tambem ser transmitida por moscas, alem de alimentos e objetos de uso diario do haras, quando contaminados, e carac- teriza-se por forma<;6es nodu- lares dolorosas rodeadas por edema. Os n6dulos podem au- mentar de diametro e fistuli- zarem, drenando pus amarelo. As les6es podem se comportar com carater dclico, recidivando varias vezes a cada '2 a 3 me- ses. Os n6dulos fistulizados po- dem se ulcerar e produzir for- Figura 13.4 Pitiose e linfangite. ma<;aode granula<;aoexuberan- te ulcerada. No entanto, 0 que mais co- mumente pode ser observado e a linfangite simples, decorrente de contamina<;ao de ferimentos cutaneos, distais aos membros, por baderias e fungos. A porta de entrada dos microorganis- mos sempre sera um ferimento malcuidado e cr6nico. Os vasos linfaticos apresentam-se infla- mados e eventual mente parcial- mente obstruldos, dificultando a drenagem da linfa. Alem do ferimento primario, os cavalos afetados iraQ apre- sentar graus de c1audica<;aoque variam conforme a extensao da linfangite. 0 membro atingido apresenta-se aumentado de volume que evolui progressiva- Figura 13.5 Linfangite por ferimento distal contaminado. mente da regiao distal ate pr6- ximo a prega inguinal, quando nos membros posteriores. 0 edema e evidente, assim como aumento da temperatura cuta- nea e sensibilidade ao toque. Nos casos acometidos pela pitiose, a lesao primaria apre- senta-se com granula<;ao exu- berante, drenando grande quan- tidade de secre<;aoviscosa. Dis- tribuldo sobre a superflcie de granula<;ao, observa-se nodu- la<;6esnecr6tica semelhantes a caseo com granulos calcifica- dos em seu interior. Os caseos podem se intercomunicar em pianos mais profundos. Quando 0 aumento de volu- me do membro nao apresenta aparentemente nenhuma lesao macrosc6pica externa que 0 jus- tifique, deve-se realizar diagn6s- tico diferencial de trombose ve- nosa do ramo comunicante metatarsico. Alem deste diagn6stico dife- rencial, deve-se considerar sem- pre a necessidade de identifica- <;ao do agente como C. pseu- dotuberculosis, H. farciminosum, Sporotrichose, Nocardiose etc. Qualquer que seja 0 agente e a etiopatogenia desencadea- dora da linfangite, 0 tratamento e sempre demorado e dispendio- so. Na linfangite ulcerativa, 0 agente e senslvel a penicilina, tetraciclina e sulfa com trime- tropim. Quanto as les6es causa- das por fungos, 0 tratamento tem por base a aplica<;ao de anfo- tericina B em altas doses e por um tempo nao menor que 15 a 30 dias, na dose de '2 mg/kg, diluidos em 1 litro de solu<;:aode glicose a 1%, pela via intrave- nasa, associada ao tratamento com iodeto de potassio. Quanta ao edema, podera ser aliviado com aplica<;:ao de duchas 3 vezes ao dia durante vinte minutos cada aplica<;:ao,e avaliado cada caso em particu- lar para se instituir corticoterapia se necessaria, para auxiliar na redu<;:aodo edema au antiinfla- matorio nao esteroidal. As feridas granulomatosas devem ser tratadas de forma con- vencional au cirurgica, conforme a extensao do granuloma e a con- tamina<;:aoque apresentar. Man- tenha sempre a regiao higieni- zada e protegida par bandagens. o controle deve incluir a iso- lamento do animal ate que se estabele<;:a a diagnostico etio- patogenico definitivo. Combata as moscas, realize tratamento adequado a todo e qualquer fe- rimento distal nos membros e desinfete utensnios utilizados e que entraram em cantata com o animal enfermo.
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