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Elementos do Processo Executivo e Responsabilidade Patrimonial

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Elementos do Processo Executivo:
1 – Elementos subjetivos: 	- as partes: credor e devedor
2 – Elementos objetivos:	- a prova do direito líquido, certo e exigível do credor – título
 executivo
- os bens do devedor, passíveis de execução
A – AS PARTES: CREDOR E DEVEDOR
A.1 – NOMENCLATURA:	 tradicionalmente, as partes, na execução, são chamadas de exeqüente e executado, não obstante a preferência do Código de Processo Civil em denominá-las simplesmente credor e devedor. 
A.2 – LEGITIMAÇÃO ATIVA: artigos 566 e 567, do CPC:
Art. 566. Podem promover a execução forçada:
I - o credor a quem a lei confere título executivo;
II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:
I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;
II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;
III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
A.2.1 – Legitimação ativa originária do credor: “a quem a lei confere título executivo”.
	- No título executivo judicial: o credor será o “vencedor” da causa, conforme a sentença proferida pelo juízo, no processo de conhecimento.
	- No título executivo extrajudicial: o beneficiário da obrigação contraída.
A.2.2 – Legitimação ativa extraordinária do Ministério Público: “nos casos previstos em lei”.
	Exemplos: 
- Art. 16, da Lei 4.717/65 (Ação Popular): execução da sentença condenatória proferida em ação popular, caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. 
- Art. 100, da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): “decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida”.
- Art. 15, da Lei 7.347/85 (Ação Civil Pública): “decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados”.
A.2.3 – Legitimação ativa derivada ou superveniente: artigo 567, do CPC:
I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;
	Entende-se, por espólio, o patrimônio deixado pelo falecido, enquanto não ultimada a partilha entre os sucessores.
	“Admite o nosso sistema jurídico a atuação do espólio em juízo, ativa e passivamente, muito embora não lhe reconheça o caráter de pessoa jurídica. Dá-se, portanto, como o espólio, um caso de representação anômala, uma vez que a lei designa o representante, posto não atribua responsabilidade ao representado. Não obstante a ausência de personificação legal, o tratamento dado à herança na qualidade de massa necessária é o de uma pessoa jurídica, ao menos aparente.
	O espólio é representado pelo inventariante ou, excepcionalmente, pela totalidade dos herdeiros, quando o inventariante for dativo, conforme previsto no artigo 12, V e § 1º, do CPC.
	Por herdeiro, deve-se entender quem sucede ao autor da herança, a título universal, ou seja, recebendo toda a massa patrimonial do de cujos, ou uma quota ideal dela, de modo a compreender todas as relações econômicas deixadas, tanto ativas como passivas. E por sucessor simplesmente, tem-se o legatário, que sucede o de cujos a título singular, sendo contemplado, no testamento, com um ou alguns bens especificados e individuados.
(...) Os herdeiros assumem legitimidade para atuar em nome da herança ou espólio, desde a morte do de cujus, enquanto o legatário só pode propor a execução depois que os herdeiros lhe fizerem a entrega do título executivo deixado pelo morto.” [1: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 158]
II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;
	Cessionário é o beneficiário da transferência negocial de um crédito por ato inter vivos, oneroso ou gratuito.
	Enquadra-se, também, nessa modalidade de legitimação ativa, o endossatário dos títulos de crédito, que correspondem, em termos de direitos sobre o título, ao cessionário dos créditos em geral.
III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
	Credor sub-rogado é o terceiro que paga a dívida ao credor, assumindo direito de cobrá-la junto ao devedor. 
	Os casos de sub-rogação legal e convencional estão previstos nos artigos 346 e 347, do Código Civil Brasileiro.
- Legitimação superveniente extraordinária: massa falida, condomínio e herança jacente ou vacante:
	Segundo Humberto Theodoro Júnior, a massa falida, o condomínio e a herança jacente ou vacante, como massas necessárias que são e que se equiparam ao espólio, também podem figurar na relação processual da execução, sendo representados conforme disposto no artigo 12, incisos III, IV e IX, do CPC. 
Obs.: “O Código não exaure a numeração das hipóteses de legitimação ativa. Há outras, em leis esparsas. São exemplos: a legitimidade de qualquer cidadão que não tenha sido autor da ação popular, para executar sua sentença (Lei 4.717/65, art. 16); a execução de sentença pleiteada por qualquer outro dos legitimados para a ação civil pública, além do Ministério Público, quando a associação autora não a promova em sessenta dias (Lei 7.347/85, art. 15); a legitimidade da pessoa jurídica em virtude de sucessão por cisão, fusão ou incorporação de sociedade anônima (Lei 6.404/76, art. 223 e seguintes) ou de outra espécie societária (CC, art. 1113 e seguintes) etc. [2: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. 10ª ed., p. 124]
A.3 – LEGITIMAÇÃO PASSIVA: artigos 568, do CPC:
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; 
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; 
IV - o fiador judicial; 
V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. 
I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo:
- No título executivo judicial: o devedor será o “vencido” da causa, conforme a sentença proferida pelo juízo, no processo de conhecimento.
	- No título executivo extrajudicial: aquele que figurar no documento negocial, como devedor (obrigado, coobrigado, devedor de regresso...).
II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor:
	- Importante ressaltar, aqui, o disposto no artigo 597, do Código de Processo Civil:
Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança Ihe coube.
	Depreende-se desse dispositivo legal (art. 597), que “mesmo depois de aceita a herança, em homenagem ao princípio de que o patrimônio de terceiro não está sujeito à execução, a penhora por dívida do de cujos só deve alcançar os bens que o herdeiro ‘tenha recebido do autor da herança’, salvo, naturalmente, se tiver ocorrido alienação, hipótese em que serão alcançados outros bens do sucessor até a proporção do cota hereditária” .[3: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 165]
	Se, na data do óbito do devedor, a execução já estiver em curso, dar-se-á a sua substituição pelo espólio ou pelos sucessores, na forma do artigo 43 e artigos 1.055 a 1.062, do CPC, suspendendo-se o processo pelo prazo necessário à citação dos interessados, conforme disposto no artigo 265, I, § 1º, do CPC.
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo:
	É o caso da assunção de dívida por terceiro, que se dá mediante a anuência expressa do credor, conforme exigênciado artigo 299, do Código Civil:
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
IV – o fiador judicial: [4: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 167]
	É aquele que presta a garantia pessoal (fiança) ao cumprimento da obrigação de uma das partes, no curso do processo, conforme disposto nos artigos 826 e seguintes do CPC. 
	Exemplos de fiança judicial: artigos 601, p. único; 690, 695, 925, 940 e 1.166, entre outros, do Código de Processo Civil. 
- O fiador extrajudicial:
	Segundo entendimento de Humberto Theodoro Júnior, ob. Cit., p. 168:
	“(...) o artigo 585, nº III, ao enumerar os títulos executivos extrajudicias, arrolou os “contratos de caução”. Ora, caução é sinônimo de garantia, que em direito privado pode ser, evidentemente, real ou fidejussória.
	Se o Código considera o contrato de caução como título executivo, sem qualquer restrição a determinados tipos de garantia, forçoso é concluir que o contrato de fiança (garantia fidejussória) também foi alcançado pelo artigo 585, nº III. 
	O fato de ter o artigo 568, nº IV, incluído tão-somente o fiador judicial entre os sujeitos passivos da execução decorreu da distinção que se deve fazer entre o legitimado passivo originário e o superveniente. O fiador judicial é legitimado superveniente cdomo os sucessores, os herdeiros, o novo devedor etc. Daí a sua menção em inciso próprio. Já o fiado comum é legitimado originário, vinculado ao contrato de garantia ou de caução, isto é, ocupa a posição de “devedor, reconhecido como tal no título executivo (art. 568, I).”
V – o responsável tributário, assim definido na legislação própria:
	Assim dispõe o artigo 121, do Código Tributário Nacional:
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
        Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
        I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
        II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
	O CTN regulamenta a figura do responsável tributário nos artigos 128 a 138, que são complementadas pela legislação específica de cada tributo.
B – OS BENS DO DEVEDOR PASSÍVEIS DE EXECUÇÃO – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL:
	Responsabilidade patrimonial consiste na situação em que se encontra o devedor de não poder impedir que a sanção seja realizada mediante a agressão direta ao seu patrimônio. Traduz-se na destinação dos bens do devedor a satisfazer o direito do credor.
	A regra se encontra no artigo 591, do CPC:
Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
	Há, porém, exceções a essa regra, no sentido de que há bens do devedor que não respondem por suas obrigações e há bens de terceiros que respondem pelas obrigações do devedor.
	Vejamos cada uma dessas situações:
1 – Bens do devedor que não se submetem à responsabilidade patrimonial:
– Bens absolutamente impenhoráveis: 
“Artigo 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; 
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; 
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. 
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. 
§ 2º O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. 
§ 3º (VETADO). 
	Algumas observações relevantes sobre a impenhorabilidade de bens do devedor:
- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução 
 	Trata-se de impenhorabilidade imposta por ato voluntário, nos casos de doação e testamento. Não, na lei, uma disposição específica que regulamenta esse direito. “A única regra evidente aplicável à essa hipótese de impenhorabilidade é de não poder ser imposta em benefício do próprio proprietário do bem, mas somente por ato de disposição, como na doação e testamento.”
	A cláusula não terá eficácia quando a doação é feita em fraude contra credores ou frade à execução, ou seja, nos casos de insolvência do doador. Há que se tomar cuidado, porém, quando a doação não se dá em flagrante insolvência do doador, mas numa situação prévia a essa insolvência, tudo já planejado de forma a beneficiar os próprios doadores, em prejuízo do credor.
	Sobre esse tema, importante analisar o entendimento do STJ, quanto à eficácia da cláusula de inalienabilidade relativamente à impenhorabilidade do bem:
Informativo n. 0374 [5: Extraído do site WWW.lfg.com.br, texto de: Elisa Maria Rudge Ramos- data de publicação: 06/11/2008 ]
Período: 27 a 31 de outubro de 2008. 
As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal. 
IMÓVEL. CLÁUSULA. INALIENABILIDADE. 
O donatário de uma área de terra, doação essa gravada com cláusula de inalienabilidade, transmitiu a seus herdeiros (dois filhos) a nua propriedade do imóvel, com usufruto vitalício em seu favor. Como devedores (pai e filhos), indicaram parte da área mencionada à penhora em favor da CEF, mas pediram, posteriormente, seu cancelamento, em face da inalienabilidade, o que lhes foi negado. Em agravo de instrumento, o Tribunal de origem entendeu eficaz a cláusula e reformou a decisão singular. No presente recurso, a CEF dá por violado o art. 1.723 do CC/1916. Por sua vez, o Min. Relator esclareceu que as únicas exceções aptas a afastar a inalienabilidade referem-se às dívidas de impostos do próprio imóvel e os casos de desapropriação por necessidade ou utilidade pública. Fora desses casos, tem a jurisprudência admitido a quebra da cláusula de inalienabilidade, mas apenas e tão-somente no real interesse dos beneficiários dela, ou seja, os herdeiros e donatários dos bens gravados. No mais, há de prevalecer a inalienabilidade que, conforme a dicção legal, em caso algum poderá ser afastada. A transmissão por ato inter vivos efetivada no caso concreto não tem força bastante para dar supedâneo à quebra do gravame, fazendo recair penhora sobre o bem, porquanto se mostra sem efeito jurídico, não sendo certo, portanto, justificar um erro com outro. A inalienabilidade somente se desfaz com a morte do donatário. Precedentes citados:REsp 80.480-SP, DJ 24/6/1996; REsp 998.031-SP, DJ 19/12/2007, e REsp 729.701-SP, DJ 1º/2/2006. REsp 571.108-RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 28/10/2008. 
NOTAS DA REDAÇÃO 
1 - DO PROCESSO 
Trata-se de recurso especial interposto pela Caixa Econômica Federal contra decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que determinou não ser possível a penhora de bem gravado com cláusula de inalienabilidade. 
Os recorridos haviam recebido doação do imóvel com a cláusula de inalienabilidade. No entanto, por um erro, nomearam tal bem à penhora em favor da Caixa Econômica Federal. Quando perceberam o erro, requereram o cancelamento daquela, o que foi negado em primeira instância, mas concedido pelo TJRS. 
A recorrente alega que o imóvel objeto da penhora não se encontra gravado com tal cláusula, sob o fundamento de que a restrição teria sido imposta apenas ao doador, e não ao donatário, ora devedor. 
O STJ manteve a decisão do TJRS, sob o fundamento de que a restrição imposta é garantia de patrimônio da família e só se extingue com a morte dos donatários. 
2 - DA CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE 
A cláusula de inalienabilidade impõe restrição ao beneficiário quanto à possibilidade de dispor do bem. 
Apesar de ser uma cláusula restritiva, deverá ser interpretada ampliativamente, ou seja, nela incluem-se as cláusulas de impenhorabilidade e incomunicabilidade, conforme artigo 1911 do Código Civil: 
"Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade." 
Porém, o instituidor poderá excluir a incidência de tais cláusulas, manifestando-se de forma expressa e inequívoca. 
A cláusula de Inalienabilidade, assim como as de impenhorabilidade e incomunicabilidade, pode ser instituída por determinação legal ou por declaração de vontade. 
No primeiro caso, temos como exemplo bem de família, que por lei é impenhorável (Lei 8009/90). 
No segundo caso, por meio de um negócio jurídico translativo de direito de propriedade a título gratuito, o dispoente (doador ou testador) pode instituir tais cláusulas. 
A cláusula de inalienabilidade instituída por doação, só poderá ser extinta por mútuo consentimento do doador e donatário, ou, por ser vitalícia, com a morte dos donatários. 
No caso em questão, houve a doação de um imóvel com a cláusula de inalienabilidade por um pai a seus filhos. Com isso, tal imóvel tornou-se também impenhorável e incomunicável e, portanto, não é passível de ser penhorado pela Caixa Econômica Federal. 
CPC, "Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis." 
"Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: 
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;" 
A regra é que o bem gravado com cláusulas de impenhorabilidade ou inalienabilidade é absolutamente impenhorável, e tais cláusulas não podem ser desfeitas nem por decisão judicial. 
Porém, em alguns casos previstos por lei, a impenhorabilidade é relativa. 
Assim, ainda que gravado com cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, o bem poderá ser penhorado nas seguintes hipóteses: para pagamento de alimentos, tributos e taxa condominial. 
CPC, "Art. 649, § 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. § 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia." 
"Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia." 
RECURSO ESPECIAL Nº 571.108 - RS (2003⁄0133762-6)
RELATOR : MINISTRO FERNANDO GONÇALVES 
RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF 
RECORRIDO : HERMILO GONCALVES DE MENEZES 
EMENTA
CIVIL. BEM. CLÁUSULA DE INALIENABILDIADE. PENHORA. IMPOSSIBILDADE.
1 - Nos termos do art. 1.676 do Código Civil de 1916 a cláusula de inalienabilidade, afora as exceções legais (desapropriação e débitos de imposto do próprio imóvel), não pode ser afastada, enquanto vivo estiver o donatário, o que impossibilita possa recair penhora sobre o bem.
2 - A jurisprudência tem admitido a quebra da inalienabilidade, em outras hipóteses excepcionais, mas apenas em prol dos próprios beneficiários da cláusula.
3 - Recurso especial não conhecido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso especial. Os Ministros Aldir Passarinho Junior, João Otávio de Noronha, Luis Felipe Salomão e Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região) votaram com o Ministro Relator.
Brasília, 28 de outubro de 2008. (data de julgamento)
- incisos II e III:
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor.
	Como observa Wambier, para diferenciação dos bens que podem ser penhorados, no caso desses dois incisos, deve-se levar em conta a média nacional de conforto, isto é, o padrão de vida médio da sociedade brasileira. Segundo o autor, a norma refere-se a “médio padrão de vida” e não a padrão de vida do executado. Assim, a manutenção do padrão de vida do executado não é critério adequado a nortear a aplicação do inciso II do art. 649.
	Baseado nessa mesma linha de raciocínio, o § 3º do art. 649 trazia a possibilidade se penhorar parcialmente o salário do devedor. O citado dispositivo tinha a seguinte redação: 
"§ 3o Na hipótese do inciso IV do caput deste artigo, será considerado penhorável até 40% (quarenta por cento) do total recebido mensalmente acima de 20 (vinte) salários mínimos, calculados após efetuados os descontos de imposto de renda retido na fonte, contribuição previdenciária oficial e outros descontos compulsórios."
	Não obstante a sua incontestável importância para a efetividade do processo de execução, este dispositivo foi vetado pelo Chefe do Poder Executivo Federal cujas razões, segundo alguns doutrinadores, são contraditórias e incongruentes, mesmo sendo estritamente constitucional a norma proposta, que se adequaria perfeitamente às expectativas sociais e jurídicas. 
	O mesmo aconteceu com o parágrafo único do artigo 650, do CPC, que permitia a penhora sobre “o imóvel considerado bem de família, se de valor superior a 1000 (um mil) salários mínimos caso em que apurado o valor em dinheiro a quantia até aquele limite será entregue ao executado, sob cláusula de impenhorabilidade”.
1.1.3 – inciso VIII: a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
	Essa impenhorabilidade não estava contida na relação anterior do artigo 649, mas já era amplamente aplicada, por decorrer da Constituição da República, artigo 5º, XXVI:
“XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.”
1.1.4 – inciso X – inovação da Lei 11.232/05: a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos.
	Outra impenhorabilidade importante é a estatuída pela Lei 8.009/90, sobre o imóvel residencial único ou de menor valor do casal ou da entidade familiar:
“Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único.A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
	Deverão ser analisadas, porém, as exceções a essa impenhorabilidade: os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos – art. 2º e ainda a possibilidade de penhora sobre o bem de família quando o processo de execução é movido para as finalidades previstas no artigo 3º, da citada Lei 8.009/90:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991).
	Exclui-se, também, do direito à impenhorabilidade, aquele que, “sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga” – art. 4º, caput, hipótese em que o juiz poderá transferir a impenhorabilidade para a moradia anterior ou anular a venda, liberando o imóvel mais valioso para ser penhorado – art. 4º, § 1º.
	Ainda sobre a impenhorabilidade, tem-se o imóvel destinado para instituição do bem de família, nos termos dos artigos 1.711 e seguintes do Código Civil:
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
(...)
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.
2 – Bens de terceiros sujeitos aos efeitos da execução:
	“Bens de ninguém respondem por obrigação de terceiro, se o proprietário estiver inteiramente desvinculado do caso do ponto de vista jurídico.”[6: LIMA, Alcides de Mendonça, Comentários ao Código Processo Civil, v. VI, tomo II, nº 1.041, p. 471]
	Há casos, porém, em que a lei prevê a execução de bens de terceiros, ou seja, bens que não são do devedor, ainda que o terceiro não tenha assumido qualquer obrigação, como por exemplo, “assunção da dívida constante do título executivo”.
	Essas hipóteses encontram-se elencadas no artigo 592, do Código de Processo Civil:
Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, quando em poder de terceiros;
IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.
	Analisando cada um dos incisos do artigo 592:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória .[7: ação reipersecutória: diz-se da ação em que demandamos o que é nosso e que está fora do nosso patrimônio. Uma ação é reipersecutória quando reivindica a posse ou propriedade sobre uma coisa, geralmente em ações de execução de dívidas ou de posse e propriedade (como execução de penhora, hipoteca ou alienação fiduciária). Do latim rei, genitivo de res (coisa) + persecutoriu (que acompanha, que segue).]
	Segundo Humberto Theodoro Júnior, “a responsabilidade secundária do sucessor a título singular (por negócio oneroso ou gratuito) só ocorre nos casos de sentença proferida em ação fundada em direito real e só atinge o próprio bem que foi objeto da decisão. A eficácia erga omnes é um dos traços característicos do direito real. Dela extrai-se o direito de sequela que permite ao titular do direito de alcançar o bem onde quer que ele esteja.” [8: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 190]
	Como exemplo, podemos citar os bens vinculados em hipoteca, penhor, alienação fiduciária em garantia, alienados pelo proprietário a terceiros. No caso de uma execução, esse bem pode ser penhorado, independentemente de onde e em mãos de quem ele esteja.
	Quanto às obrigações reipersecutórias, temos que, como se extrai do próprio conceito de ação reperseicutória, trata-se de uma ação em que o autor tem como objetivo fazer retornar ao seu patrimônio o que lhe pertence, mas se encontra em poder de terceiro. É o direito que cabe ao proprietário reinvidicar o que é seu, mas se encontra fora de seu patrimônio.
 	O prof. Aureliano de Gusmão considera ações pessoais reipersecutórias as que, derivando de uma obrigação, têm uma direção real, recaindo sobre uma cousa certa (rem sequuntur) e podendo ser propostas ou contra a pessoa obrigada ou contra o possuidor da cousa” (Op cit. P. 89).
	A “ação pauliana” pode ser um exemplo de ação reipersecutória. A referida ação é cabível quando estiver caracterizada a fraude contra credores prevista no artigo 158 do Código Civil. 
	Segundo César Fiúza, “para promover a anulação dos atos fraudulentos, o credor dispõe da ação reipersecutória, também denominada ação pauliana”. [9: FIUZA, César, Direito Civil – Curso Completo, Ed. Del Rey, 9ª Ed., p. 236]
Obs.: “O nome ‘ação pauliana’ e a época em que foi introduzida no próprio Direito Romano são incertos.” [10: NÓBREGA. Compêndio de Direito Romano. 8ª Ed., v. II, p. 195-196]
II – os bens do sócio, nos termos da lei:
	Como já estudado no “Direito Societário”, a vida e o patrimônio das pessoas jurídicas são distintos da vida e do patrimônio de seus sócios. 
 	A Sociedade sempre responderá ilimitadamente pelas dívidas contraídas. A responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade decorre do tipo societário no qual ele se encontra inserido. A enumeração desses casos é feita pelo direito material, civil e comercial. 
	Há também os casos em que a responsabilidade pessoal dos sócios ou administradores pelas dívidas da sociedade não decorre de disposição expressa de lei, mas de certos atos praticados pelo sócio ou administrador. Segundo Humberto Theodoro Júnior, “a responsabilidade extraordinária, como a proveniente de abuso de gestão, violação do contrato, dolo etc., depende de prévio procedimento de cognição e só pode dar lugar à execução quando apoiada em sentença condenatória contra o sócio faltoso”. [11: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 191]
	Para relembrarmos a responsabilidade dos sócios em cada tipo societário, bem como a responsabilidade decorrente de atos anormais praticados pelos sócios ou administradores das sociedades, colacionamos um texto sobre a matéria, com o título “Responsabilidade Civil da Sociedade, dos Sócios e do(s) Administrador(es)”, constante do Anexo I.
III – bens do devedor, quando em poder de terceiros: 
Segundo Humberto Theodoro Júnior: [12: JUNIOR, Humberto Theodoro, Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 39 ed., p. 192]
	“Segundo o inciso III do art. 592, a posse ou detenção de outrem sobre os bens do devedor não é empecilho à execução.
	Naturalmente, se o terceiro desfruta uma posse contratual legítima, como é o caso da locação com eficácia perante o adquirente (CC de 1916, art. 1.197; CC 2002, art. 576, caput), a execução contra o locadorque atingir o bem arrendado não excluirá a continuidade do exercício dos direitos do locatário até o final do contrato. O arrematante, adquirindo a propriedade do bem, ficará sub-rogado na posição do devedor, isto é, do locador.
	Quando o terceiro possuir o bem do devedor em nome próprio, e não em nome do executado, não poderá haver penhora direta sobre o bem, mas apenas sobre o direito e ação do proprietário contra o possuidor. Se o credor insistir e efetuar a penhora, o terceiro poderá manejar, com êxito, os embargos de terceiro para proteger sua posse (art. 1.046, § 1º).”
IV – bens do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida:
	Importante lembrar, aqui, o artigo 3º da Lei 4.121/62 – “Estatuto da mulher casada”:
Art. 3º Pelos títulos de dívida de qualquer natureza, firmados por um só dos cônjuges, ainda que casado pelo regime de comunhão universal, somente responderão os bens particulares do signatário e os comuns até o limite de sua meação.
	Essa é a regra geral. Todavia, essa regra deixa de ser aplicada, quando as obrigações forem contraídas em benefício da família, como previa expressamente o Código Civil de 1916, artigo 246. No Código Civil de 2002, o assunto é tratado nos artigos 1.643 e 1.644. 
	Sobre a posição jurídica do cônjuge do executado, permita-nos transcrever o entendimento de Luiz Rodrigues Wambier: [13: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. 10ª ed., p. 126]
	“Segundo o artigo 655, § 2º, quando a penhora recair sobre bem imóvel, terá de ser intimado dela o cônjuge do executado.
	Discute-se se, pelo fato de ser intimado da penhora, o cônjuge torna-se parte na execução. A questão é relevante em termos práticos. Afinal, caso se entenda que ele assume a condição de parte, sua defesa dar-se-á através de embargos à execução ou de impugnação ao cumprimento de sentença (instituída pela Lei 11.232/2005). Caso se repute que continua sendo terceiro, terá de se defender através de embargos de terceiro. (...)
	A jurisprudência tem adotado a solução mais liberal e flexível possível em favor do cônjuge do executado. Tem-se admitido tanto que interponha embargos à execução (e, a partir da Lei 11.232/2005, impugnação ao cumprimento da sentença, quando for o caso), a fim de discutir a dívida, quanto embargos de terceiro, com base no artigo 1.046, § 2º, para defender sua meação ou bens que lhe sejam reservados.”
V – os bens alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.
	Este item, juntamente com os bens alienados em fraude contra credores, será objeto de estudo em separado.
Responsabilidade patrimonial – Patrimônio Mínimo:
- Sistema atual: a responsabilidade patrimonial limitada à dívida, mas com a idéia do patrimônio mínimo, qual seja, o patrimônio é uma das facetas da dignidade da pessoa humana (decorre do princípio da dignidade humana – para garantia sua subsistência digna).A manutenção do mínimo de patrimônio a fim de garantir uma subsistência digna. A idéia é manter um patrimônio mínimo ao devedor. 
- Esse princípio do patrimônio mínimo está hoje estruturado na idéia de IMPENHORABILIDADE DE BENS:
- IMPENHORABILIDADE DE BENS:
- classificada de duas formas: 	1 – ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS – artigo 649, CPC:
mesmo sendo o único bem do devedor, NÃO será penhorado. Podem ser mais de um: exemplo: uma casa para morar e um carro para trabalhar.
– RELATIVAMENTE IMPENHORÁVEIS: artigo 650, CPC: só serão penhorados à falta de outros bens.
Obs.: art. 649, IV 4º, do CPC: prevê entre as impenhorabilidades absolutas qualquer tipo de ganho derivado de trabalho: salário, remuneração, honorários profissionais... Não obstante essa impenhorabilidade absoluta, o § 2º abre uma exceção na hipótese de dívida de alimentos. Geralmente, a penhora gira em torno de 1/3 do salário, 30% do salário...
- Réu condenado em ação popular (está na Lei de Ação Popular), se ele receber valores de pessoa jurídica de direito público (dos cofres do poder público), pode-se descontar em folha de pagamento.
- Ainda dentre dessa questão (impenhorabilidade de salário etc. e essas exceções), importante uma consideração: No julgamento feito pelo STJ - 3ª T. REsp 1059781 DF e I 435 STJ 3ª T REsp 1.150.738 MG, você percebe uma posição do STJ, que acaba servindo com flexibilização da penhorabilidade: trata da restituição do imposto de renda de natureza salarial. Ora, a restituição, se o pagamento do imposto de renda recaiu sobre salário, terá a mesma natureza deste. Então, tem-se que se analisar no caso concreto se o valor a ser restituído é essencial à sobrevivência digna do devedor. Tem que fazer essa análise: é INDISPENSÁVEL para ele, manter aquele dinheiro. Se sim, é impenhorável. Se se constatar que não é ESSENCIAL, aí você entende esses valores como penhoráveis.
- Opinião do Professor Daniel: o Brasil está quase que isolada entre os países que tratam do tema de impenhorabilidade absoluta do salário. Na Europa, Espanha, Portugal, Inglaterra, França, todos eles tem algum sistema de penhorabilidade do salário. Mas o que o STJ está fazendo, em relação à restituição do IR, está contrário a dispositivo de lei. Ao STJ não cabe o poder de legislar. A ele cabe o poder de aplicar a lei.
Obs.: 2 – A questão da renúncia à impenhorabilidade: você pode renunciar à impenhorabilidade? Se ela é feita para proteção ao patrimônio mínimo do devedor. Ele pode, o executado, renunciar a esse direito. No STJ há uma divergência. É horrível uma divergência no Tribunal superior. A 4ª T, Ag. Reg. Nos E Dcl. No REsp 787.707 – RS, decide que a renúncia é admitida, salvo no bem de família. A idéia é beneficiar, não o devedor, mas a FAMÍLIA. 
Mas aí vem a 2ª T, REsp 864.962-RS, pra dizer que na verdade a renúncia não é admitida em hipótese alguma. Não cabe renúncia à impenhorabilidade. Em nenhum bem. Essa renúncia será ineficaz. Está fundada no interesse público da sobrevivência digna, a impenhorabilidade. Há um interesse público acima do interesse do executado. Para o professor, equivocado esse entendimento: o devedor é uma pessoa correta, quer pagar a dívida, ficar livre para recomeçar a vida. Se o sujeito não quer ter o mínimo, problema dele.

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