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NOÇÕES DE PODER ENTORNO DA OBRA O PRÍNCIPE

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INTRODUÇÃO
Segundo o Dicionário Houaiss (2001, p. 2244), poder é “ter a faculdade ou a possibilidade de possuir força física ou moral; ter influência, valimento; ter autorização para ser capaz de; estar em condições de; correr risco para; ter autoridade moral para; ter o motivo, a razão; direito ou capacidade de decidir, agir e ter voz de mando”.
Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, escrita em 1513, descreve maneiras seguras de como se ter um bom governo. Tal assunto causou tanta repercussão que, mesmo em dias atuais, faz-se a análise deste livro para estudos políticos.
A produção de Maquiavel ganhou destaque por se tratar de assuntos que antes não eram bem discutidos, dando ao autor o título de Pai da Ciência Política. É considerada uma obra revolucionária e polêmica pela maneira que é escrita.
Maquiavel (1998) estabelece conceitos como virtude e fortuna, crueldade e clemência, ser amado e ser temido, aspectos estes sempre antagônicos, de natureza completamente opostas, umas para explicar como os governantes poderiam aumentar seu poder e outras que poderiam limitar o seu poder. Para ele o planejamento e a estratégia eram elementos indispensáveis para a preservação de um poder absolutista.
Em seus capítulos, Maquiavel (1998) discorre sobre líderes que foram elevados pela forma que governaram e representantes que não alcançaram glória por não saberem comandar. São levantadas questões eminentes que o tornam uma pessoa fria, perversa e até cruel.
A obra é, sobretudo, um manual de ação para líderes, principalmente de principados ou monarquias, mas vai, além. A narrativa é uma obra que qualquer líder deveria ter conhecimento, mesmo sendo ele um republicano ou um parlamentar. 
É sobre esta obra-prima de Nicolau Maquiavel que será descrito este trabalho, a fim de analisar e compreender as questões levantadas nesta produção. Com intuito de ampliar o conhecimento sobre a política, para assim saber como detê-la. Para isto será observado e avaliado cada capítulo.
Partindo do conceito de “poder”, segundo Houaiss (2001) será possível perceber, nesta resenha, a ênfase que será dada principalmente à noção de poder que Maquiavel descreve.
NOÇÕES DE PODER ENTORNO DA OBRA O PRÍNCIPE
O Príncipe, obra escrita por Nicolau Maquiavel, foi publicada em uma época transitória entre o medievalismo e a Idade Moderna. Naquele tempo, os principais regimes políticos eram os principados ou monarquias, normalmente governados por um rei absoluto ou um rei e seus auxiliares.
Havia uma distinção entre principados: aqueles comandados por apenas o rei; aqueles governados por um rei e alguns barões; e aqueles liderados por um rei e seus ministros. Os barões e os ministros tinham funções similares quanto à assistência no governo. No livro, Maquiavel (1998) faz referência aos ministros. Ele relata que a escolha do ministro deve ser de extrema importância, pois quando bem escolhido o ministro, isto implicará em um príncipe sábio e inteligente.
O principal tema desenvolvido em toda a produção de Maquiavel (1998) foi a noção de poder. Naquela época, a obra teve grande oposição da sociedade, porque não se via discorrer sobre os maus líderes e, portanto, Maquiavel estava fazendo isso.
A obra, apesar de ser direcionada a políticos, se torna mais clara, pois, nos capítulos, o autor usa uma linguagem mais acessível, fazendo sempre analogia a príncipes que tiveram bons governos e príncipes que não conseguiram sucesso como líderes.
No capítulo I da obra O Príncipe Maquiavel (1998 p. 15) afirma que os únicos Estados existentes são repúblicas ou principados: “Todos os Estados que existem e já existiram são e foram sempre repúblicas ou principados”. Na narração ele relata apenas sobre os principados, Maquiavel (1998, p.17): 
“Não pretendo discorrer aqui sobre as repúblicas, assunto que já estudei extensamente em outra parte. Discorrerei somente sobre os principados, examinando de que modo suas várias modalidades podem ser mantidas e governadas”.
Nos capítulos posteriores, Maquiavel (1998), distingue os tipos de principados: principado hereditário e principado misto. O primeiro designa-se a governos que foram herdados. O outro ele retrata como sendo um novo tipo de monarquia em que se conquista o poder.
O autor descreve que a dificuldade de se manter principados herdados (hereditários) é muito pequena, pois o povo já está acostumado com o governo daquela família, ele ainda mostra o que se deve evitar para não perder o poder. Isto ele afirma na obra (1998, p.17):
“[..]a dificuldade de se manter Estados herdados cujos súditos são habituados a uma família reinante é muito menor que a oferecida pelas monarquias novas, basta para isso evitar transgredir os costumes tradicionais e saber adaptar-se a circunstâncias previstas.”
Sobre as monarquias mistas Maquiavel (1998) diz que apresentam mais dificuldades, pois não se trata de uma liderança nova, mas de uma parte de um Estado misto, podendo sofrer mudanças implicando em dificuldades. A respeito deste tipo de monarquia ele diz o seguinte (1998, p. 19):
“As dificuldades aparecem nas monarquias novas. Em primeiro lugar, se não se trata de um governo inteiro, mas de um membro acrescentado a um Estado misto, por assim dizer tenderá a sofrer variações originadas em uma própria aos novos Estados: os homens mudam de governantes com grande facilidade, esperando sempre melhoria.”
O Príncipe ficou conhecido como um livro perigoso na época em que foi escrito. O Catolicismo naquele tempo pertencia à classe mais alta e tudo aquilo que imaginavam ir contra seus preceitos era queimado, a obra de Maquiavel (1998) foi um dos livros que ameaçaram acabar.
A obra é bem objetiva, Maquiavel (1998) se posiciona e relata de maneira muito clara o assunto que discorre. É caracterizada pela frieza com que o autor descreve o livro. Muitos o consideram como uma pessoa crítica, fria, perversa e cruel.
O livro, como sendo um manual sobre política retrata muito bem as melhores maneiras de se conseguir o poder e quando isto ocorre o modo como se comportar. Maquiavel (1998) acaba se tornando frio por relatar que não importa a forma que se conseguiu alcançar o poder, o importante é ser um bom líder. Mas é descrito que mais confiável se ascender no poder quando o conquista do que quando a liderança é herdada ou conseguida por sorte ou pelo crime. 
O termo “maquiavélico” surgiu a partir desta obra, esta acepção é designada a pessoas más, ambiciosas, sem muitas emoções, cruéis etc. Segundo o Dicionário Houaiss (2001, p.1845) “maquiavélico” quer dizer: “relativo à ou próprio do maquiavelismo, que envolve perfídia, falsidade; doloso; pérfido, que se caracteriza pela astúcia; ardiloso, velhaco”.
No livro Maquiavel (1998) introduz ideias sobre a crueldade e a clemência afirmando que é melhor ser um príncipe clemente, porém deve-se evitar o mal uso dessa clemência, mas se for cruel não deve se incomodar com a reputação. Maquiavel (1998, p.87) relata que houve príncipes cruéis que se tornaram clementes:
“[...]todos os príncipes devem preferir ser considerados clementes, e não cruéis. É necessário, contudo, evitar o mau emprego dessa clemência. César Borgia foi tido como cruel, mas sua crueldade impôs ordem à Romanha; unificou-a, reduzindo-a à paz e gerando confiança. Se examinarmos bem este ponto, veremos que na verdade ele foi muito mais clemente[...]”
No mesmo capítulo ele descreve que um príncipe deve ser amado e temido, porém essas qualidades são difíceis de caminharem juntas, por isso, é preferível ser temido. Um homem amado se falhar é derrotado, já um homem temido sabe como lhe dar. Esta colocação é afirmada no Capítulo XVII da obra O Príncipe (1998, p.88) em que ele narra sobre a clemência e a crueldade: “Se é preferível ser amado ou temido”:
“Chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado que temido. A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar”.
No capítulo XVIII Maquiavel (1998, p.92) expõe que um príncipedeve se espelhar no modelo da raposa e do leão: a raposa para reconhecer as armadilhas e o leão para se defender delas. Essas qualidades são necessárias para que se tenha bom êxito como governante.
“[...]deve o príncipe valer-se das qualidades da raposa e do leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas, e a raposa não consegue defender-se dos lobos. É preciso, portanto, ser raposa para reconhecer as armadilhas, e leão para afugentar os lobos.”
É possível perceber que as maneiras que Maquiavel (1998) indica para ser um bom líder fazem jus ao termo referente a ele. A forma como ele retrata sobre como se comportar um príncipe é extremamente individualista: o príncipe deve sempre procurar conquistar seu povo, porém não deve pensar tanto neles, mas sim na forma de conseguir permanecer na liderança. 
Para se entender de fato as ideias de Maquiavel em sua obra O Príncipe, é necessário avaliar-se criticamente o mesmo, analisando, discorrendo e colocando em destaque a máxima do livro: “Os fins justificam os meios”. Primeiramente deve-se esclarecer que não se encontra na obra de Maquiavel esta máxima popularizada, “os fins justificam os meios”, que surgiu, na verdade, durante o período da Contra - Reforma. Maquiavel via a política como uma junção de técnicas. Ele buscava os meios em função de alcançar a eficiência política, independentemente de estes meios serem bons ou maus. Assim depara-se com a realidade de que esta sentença nem mesmo consta em seus escritos, sendo encontrada algumas vezes em algumas traduções, porém sem existir no texto original, onde na realidade o que encontramos é: “Para todo fim, existe um meio para alcança-lo” Maquiavel (1513, p.85).
Nesta linha de pensamento de Maquiavel, muitos valores tinham de ser abandonados para o alcance do êxodo no domínio político e para se garantir a soberania do Estado. Em uma alusão a certos fins, algumas atitudes anti-éticas ou violentas poderiam ou deveriam ser aplicadas, devendo ser extremamente técnico, frio e calculista. Entre os requisitos para ser um governante de sucesso era preferível a fortuna à virtude, a crueldade, às vezes, à clemência, o ser temido ao amado. Podemos perceber tal pensamento quando Maquiavel (1998 p.128) diz que “o homem que tenta ser bondoso todo tempo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons”. Para ele o planejamento e a estratégia eram elementos indispensáveis para a preservação de um poder absolutista.
Outra fala do autor releva a essência de sua teoria quando ele diz que o mal deve ser feito bem depressa para que as pessoas não se lembrem, mas o bem deveria ser feito lentamente, para que pensem que você é sempre bom. Percebe-se, portanto que ele, claramente, ensina a manipulação do povo através de estratégias onde os valores morais pela fé e pela sociedade não poderiam restringir a ação do rei. Sendo governar uma arte seria sempre necessário muita coerência e praticidade.
Enfim, O Príncipe ultrapassou as décadas, e hoje chega como um livro ainda atual, sendo seu pensamento inclusive utilizado por muitos governadores que marcaram a história como Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler. Com o seu caráter altamente individualista Maquiavel traçou um manual de como ser um político bem-sucedido, sempre sob a perspectiva de que os objetivos finais são mais importantes, não importando o que é feito para se chegar a estas metas. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que foi abordado nesta resenha descritiva pôde-se compreender as principais temáticas levantadas na obra O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Durante toda a narrativa foram discutidos três abordagens: os tipos de monarquias ou principados; as forma de se conseguir o poder; e as maneiras de se manter no poder. E nesta resenha foi discutido uma outra questão que é a máxima levantada pelos pós-maquiavélicos “os fins justificam os meios”.
Considerando o que foi dito sobre os principados, pode-se notar que Maquiavel (1998) discorre apenas sobre este tipo de Estado, apesar de fazer menção à república no primeiro capítulo. Ainda sobre os principados ou monarquias ele diz que há dois tipos: hereditários ou mistos. O primeiro sendo governantes que pertencem à mesma linhagem familiar. E, o segundo são dados como novos, sendo acréscimos dos governos hereditários.
Sobre as formas de se conseguir o poder e como permanecer nele é possível considerar as maneiras informadas por Maquiavel (1998). Pode se alcançar o poder através de herança, de conquista própria ou até pelo crime. E como permanecer na liderança Maquiavel descreve maneiras que o tornam sem sentimento, pois ele declara que é melhor ser temido que amado, ter fortunas que virtudes, ser, às vezes, cruel que clemente, dando origem aí ao termo maquiavélico.
A respeito da máxima “os fins justificam os meios” encontrada no livro, mas não na forma original, aprofundada pelos pós-maquiavélicos é aceitável dizer que não importa a maneira realizada para se conseguir o que é desejado se a finalidade for justificável. 
Maquiavel (1998) em sua magnífica obra O Príncipe indica maneiras que se forem seguidas têm efeito sobre a liderança de um governante. Em um dos seus últimos capítulos (1998, p.123) ele declara o seguinte:
“Tudo o que disse até aqui, se observado com prudência, fará com que um soberano novo pareça de antiga estirpe, tornando-o logo mais seguro e mais firme no governo de seu Estado do que se há muito estivesse lá estabelecido.”
Portanto, é possível reafirmar que esta obra publicada no ano de 1513 é um manual para líderes, informando as maneiras de se comportar como um bom governante diante do seu próprio governo e dos seus governados, como já foi dito é um manual de ação para políticos.

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