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Da revolução industrial inglesa ao imperialismo

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Da revolução industrial inglesa ao imperialismo
Eric Hobsbawm
Inglaterra em 1750
“Economia monetária e de mercado à escala nacional” (27);
Londres 15% da população
“demanda insaciável de alimentos e combustível” ;
Desenvolvimento das regiões sul e leste da Inglaterra;
Unificação do mercado e dos preços dos alimentos, diminuindo variações regionais
Concentração da posse da terra:
“uns poucos milhares de proprietários arrendando suas terras e algumas dezenas de milhares de pessoas num sistema de parceria, enquanto estes, por sua vez, as cultivavam com o trabalho de algumas centenas de milhares de trabalhadores agrícolas, servos ou colonos que vendiam seu tempo de trabalho” (28);
Inglaterra em 1750
Atividades econômicas e manufatureiras
Caráter rural e indústria doméstica e dispersa
O trabalhador era um artesão de aldeia ou pequeno proprietário que trabalhava em casa = tecidos, vestuários, artigos de metal;
Aldeias se transformavam em vilas industriais;
Especialização manufatureira e surgimento de outras aldeias para fornecer alimentos;
Duas consequências
Preocupação dos proprietários locais com melhoramentos de transporte, estradas e canais para escoar a produção das aldeias e vilas;
O produtor local conseguia impor seus interesses e determinar a política governamental nas aldeias e vilas em interesse do mercado interno;
Proibição de importações de tecidos de algodão em finais do XVII
A origem da Revolução Industrial
Aceleração em virtude de transformação econômica e social;
Aumento da produção de uma maneira revolucionária;
Industrialização capitalista: busca do lucro privado levou à transformação tecnológica;
Revolução industrial inglesa: a primeira revolução industrial: diferente de todas as outras industrializações
“As revoluções posteriores puderam utilizar a experiência, o exemplo e os recursos britânicos;
“a imitação das técnicas mais avançadas, a importação de capital, o impacto de uma economia mundial já industrializada” (34);
Revolução Industrial Inglesa não pode ser explicada em termos puramente britânicos;
Inglaterra fazia parte da “economia europeia” da “economia mundial dos Estados marítimos europeus” (34);
Ligação de áreas adiantadas [Inglaterra] com áreas dependentes [produtoras de matérias primas e de alimentos]
Sistema de transações comerciais e de fluxos financeiros;
Estados “territoriais” e regiões concorrentes: Inglaterra, França, Holanda, cidades italianas e alemãs;
Problemas: explicar porque a RI ocorreu na Inglaterra e apenas no final do século XVIII. 
Explicações para a revolução industrial
Fatores climáticos: boas colheitas; geográficos: carvão, facilidade de transporte, acesso ao mar:
“fatores climáticos, geografia e distribuição de recursos naturais não atuam por si sós, mas apenas dentro de um dado quadro econômico, social e institucional” (35);
Acidentes Históricos: 
descobrimentos marítimos, revolução científica do século XVII, Reforma protestante;
Fatores políticos
Todos os países desejavam a industrialização e, ainda que o Estado inglês favorecesse a busca de lucros desde 1660, a industrialização ocorreu um século depois
Pré-condições para industrialização
Pré-condições para industrialização já existiam desde o início do século ou seriam facilmente criadas (37);
Campesinato sem propriedade da terra;
Inexistência de agricultura de subsistência;
Acumulação de capital capaz de financiar o investimento em máquinas e equipamentos;
Em vias de consolidação de um mercado nacional integrado;
Setor manufatureiro extensivo e desenvolvido;
Estrutura comercial desenvolvida;
Meios de transporte e comunicação baratos;
Baixa exigência de qualificação da mão-de-obra.
Existência das condições socioeconômicas fundamentais;
Tipo de industrialização relativamente barato em relação aos recursos do país
Explicar porque a RI ocorreu na Inglaterra e apenas no final do século XVIII. 
Não a acumulação de recursos, de materiais explosivos, mas como esses recursos se transformaram numa Revolução Industrial, como os explosivos foram detonados;
Relação entre “obtenção de lucro e a inovação tecnológica” (39). 
A inovação não é uma característica da iniciativa privada:
A economia “só revolucionará as atividades econômicas no caso de esperar maiores lucros com a revolução do que sem ela” (39);
Nas sociedades pré-industriais, os mercados de luxo possuem mais lucratividade do que a produção em massa, dependente do consumo de trabalhadores;
A Industrialização rompe esse modelo, criando seu próprio mercado de produtos baratos, padronizados
Quais condições levaram os homens a revolucionar a produção?
Mercado Interno;
Mercado Externo;
Governo. 
Mercado Interno
Possibilidades de crescimento do mercado interno:
Crescimento da população;
Aumento da população entre 1740-80, respondendo a causas econômicas: necessidade de criar famílias para complementar a renda;
O crescimento populacional não deu origem à RI, mas decorreu dela
Transferência para atividades monetizadas;
Já existia uma economia de mercado e um grande e crescente setor manufatureiro
Aumento da renda per capita;
Houve um crescimento da renda desde o início do século
Estímulos do mercado Interno:
Melhoria nos meios de transporte = procura de alimentos e combustível nas cidades;
Demanda por alimentos [farinha], bebidas industrializadas [cerveja], insumos industriais [carvão vegetal], ferro [panelas, pregos, fogões];
Mercado Interno: “dimensão e constância”; proporcionou o crescimento econômico e protegeu as atividades de exportação em períodos de crise
Mercado Externo
Violentas flutuações e grandes margens de lucro;
Expansão muito maior que a produção para mercado interno, mais de dez vezes superior;
“Produção de algodão [a primeira a se industrializar] estava vinculada essencialmente ao comércio ultramarino” (45); 
Condições de expansão do mercado externo: 
Conquista de mercados para exportação = colonização
Destruição da concorrência interna = guerra
Decisivo apoio governamental
Governo
Subordinação da política externa a interesses econômicos;
Influência crescente dos próprios grupos comerciais e financeiros na condução da política externa;
Proteção contra a importação de tecidos indianos conseguida pelos produtores de lã ingleses;
Política de “agressividade sistemática”: virtual monopólio entre as potências europeias, de colônias externas e o virtual monopólio de poder naval em escala mundial” (47);
Demanda de produtos de ferro pela marinha inglesa: canhões, artilharia, etc, estimularam a produção de ferro
Setor externo: 
centelha = constituíram o setor básico da industrialização, melhoraram o transporte marítimo;
Setor Interno:
Mercado interno a base geral para uma economia industrializada; melhorias no transporte terrestre, consumo de carvão e mercado para inovações tecnológicas;
Governo: 
apoio sistemático a comerciantes e manufatureiros; incentivos para inovação técnica e desenvolvimento da indústria de bens de capital
RI se inicia na Inglaterra
Em 1750, não havia dúvidas de que a Grã-Bretanha iria iniciar a Revolução Industrial;
Holandeses atividades comerciais
Franceses não tinham as manufaturas e as dimensões comerciais da grã-bretanha;
Em 1760;
Alterações no padrão comercial a partir do século XVII:
Estados marítimos;
Relações comerciais entre as áreas avançadas e o resto do mundo;
Mercado europeu para produtos coloniais;
Tráfico de escravos pelos britânicos;
Surgimento de impérios coloniais territoriais;
Ampliação do comércio de manufaturas ;
Concentração dos mercados coloniais pela Inglaterra
“a Revolução Industrial foi gerada nessas décadas, após a década de 1740, quando esse amplo, mas lento, crescimento das economias nacionais juntaram-se à expansão rápida – após 1750, rapidíssima – da economia internacional. E ocorreu no país que aproveitou suas oportunidades internacionais para açambarcar uma parcela substancial dos mercados ultramarinos” (51)
A revolução Industrial, 1780-1840
Eric Hobsbawm
Algodão deu o tom da mudança industrial;
Produto principal no comércio internacional, principalmente colonial;
Matéria-prima de origem colonial
[origem africana e caribenha e, depois norte-americana;
Incentivo a partir da proibição da importação de tecidos indianos;
Produção para o comércio colonial, 90% da produção era exportada;
Garantida por monopólio imperial britânico
Problema técnico
Disparidade entre as manufaturas de tecelagem e a fiação;
Fiação era lenta em relação à tecelagem;
Invenções na fiação 
Spinning Jenny [filatório] = trabalhar com vários fios de uma só vez;
Water frame [força hidráulica] = combinação de rolos e fusos;
Mule [mula] = aplicação da energia a vapor;
Duas últimas, energia hidráulica e a vapor, implicavam produção industrial;
Multiplicação dos teares e tecelões manuais...
Implantação e difusão do tear mecânico ocorreria no início do século XIX
Racionalismo na produção [“um certo regime de produção”, segundo Paul Mantoux].
Construção funcional de fábricas;
Iluminação a gás permitiu ampliação da jornada de trabalho;
Simplicidade das inovações, poderiam ser aplicadas apenas por “homens de negócio e artesãos hábeis” (57);
A amplitude do mercado absorvia grandes quantidades, em detrimento da qualidade, o que dava grande resultado aos pequenos inventos;
Ocorreram diversas pequenas inovações para reparar problemas técnicos;
“A novidade não estava nas inovações, e sim na presteza com que homens práticos se dispunham a utilizar a ciência e a tecnologia desde muito disponíveis e a seu alcance; e no amplo mercado que se abria às mercadorias, à medida que os preços e os custos caíam rapidamente. Não estava no florescimento do gênio inventivo individual, e sim na situação prática que fazia voltar o pensamento humano para problemas solúveis” (57).
A capacidade de gerar lucros nas atividades algodoeiras, faz com que a indústria criasse uma dinâmica própria
Expansão das novas indústrias durante o século XIX:
Teares mecânicos:
2.400 em 1813;
55.000 em 1829;
85.000 em 1833;
224.000 em 1850
Tecelões: 
250.000 por volta de 1820; 
100.00 em 1840;
50.000 em 1850. 
Consequências do rápido avanço da produção industrial do algodão
Atividades descentralizadas, sem planejamento: “complexo de firmas altamente especializadas de médio porte” (60)
Fios, tecelagem, tinturaria, descoradores, estampadores, acabamento, etc.;
Mercado intersetorial, que unificava a produção especializada;
Surgimento de movimento sindical: trabalhador proletário como um agente social definido dentro de um ramo produtivo:
Divisão da população entre capitalistas e trabalhadores despossuídos de meios de produção;
Fábrica e maquinaria, regulando o trabalho dos homens;
Economia dominada pelo lucro capitalista
Algodão foi a atividade mais importante da industrialização britânica;
Alta lucratividade e baixo custo de mão-de-obra: mulheres e crianças;
Algodão não estimulou outras atividades, sobretudo indústrias de bens de capital: carvão, ferro e aço.;
Carvão 
foi estimulado pela urbanização;
Bombeamento da água: vapor;
Transporte: estrada de ferro
Ferro
Estímulo das forças armadas e da Marinha;
Utilização em máquinas ferramentas, construção, sem atingir grande escala, 
Somente com o advento das ferrovias, carvão, ferro e aço terão uma demanda industrial de grande escala, consolidando a indústria de bens de capital;
Outros setores produtivos, calçados, móveis, material de construção, metalurgia leve tiver pouca ou nenhuma penetração de tecnologias industriais
Instabilidade da Industrialização 1780-1840
A economia atravessou uma grave crise nos anos 1930;
Insatisfação social, rebeliões, movimentos de sindicalistas, ludistas, socialistas, etc;
Relação entre a pobreza crescente dos trabalhadores e a limitações ao mercado interno de consumo;
Crescentes déficits comercias e de serviços da Grã-Bretanha;
Houve, durante esse período, um conjunto de rebeliões sociais, conjugadas a uma desaceleração do consumo e a superprodução que pode ensejar a possibilidade de crise do modo de produção capitalista

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