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História da Educação de Surdos e Língua de Sinais

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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS SOBRE LIBRAS
 
Breve histórico da Educação de Surdos
Fazer um retrospecto histórico da Educação de Surdos se faz necessário para compreendermos o percurso dessa caminhada e até a configuração que possui hoje. 
Os surdos já foram adorados no Egito, pois eram considerados como interlocutores entre os deuses e os faraós, porém eram lançados ao mar na antiguidade pelos chineses; na Grécia eram vistos como “seres” incompetentes, sendo assim marginalizados. Os romanos não reconheciam o direito do surdo de pertencer à sociedade, pois eram “imperfeitos”. Em Constantinopla, eles até podiam fazer algumas atividades, tais como: pajens das mulheres, serviço de corte ou bobos de entretenimento. 
Até o final da Idade Média, sob o prisma religioso, os pais que possuíam um filho surdo estariam pagando por pecados anteriormente cometidos. As crianças surdas eram consideradas diferentes das crianças ouvintes; sob essa perspectiva da Igreja, elas possuíam alma mortal, pois não podiam pronunciar os sagrados sacramentos. 
Várias são as pessoas que, de alguma forma e em determinados momentos históricos, com maior ou menor intensidade, contribuíram para a construção da história do surdo e da Língua de Sinais. Algumas personalidades se destacaram na construção dessa história e buscamos, através do quadro a seguir, exemplificar brevemente quem foram e suas contribuições. 
	Época 
	Personalidade 
	Fatos 
	Idade Moderna
	Pedro Ponce de Léon
	Fundou uma escola para surdos em Madri, ensinava os filhos surdos de pessoas nobres da sociedade da época. Desenvolveu um alfabeto manual que auxiliava na soletração das palavras. 
	
	Juan Pablo Bonet 
	Utilizava o método oral, estudando e escrevendo sobre as metodologias para ensinar o surdo a ler e a escrever.
	
	John Bulwer 
	Adepto da língua gestual, produziu um método para comunicar-se com os surdos. 
	
	John Wallis 
	Estudioso sobre a surdez, dedicou-se mais ao ensino da escrita. 
	
	George Dalgarno 
	Foi o idealizador do sistema de datilologia. 
	
	Konrah Amman 
	Defensor da leitura labial. 
	
	Charles Michel de L’Épée 
	Muitos o consideram o criador da língua gestual, apesar de se saber que a língua já existia anteriormente. Criou o Instituto Nacional de Surdos-Mudos em Paris (primeira escola de surdos do mundo), reconheceu o surdo como ser humano, assumiu o método como uma educação coletiva, pontuou que ensinar o surdo a falar antes de aprender a língua gestual seria uma “perda de tempo”.
	
	Jacob Rodrigues Pereira 
	Usava os gestos, mas defendia o método oral. 
	
	Thomas Braidwood 
	Fundou uma escola de surdos na Europa (Edimburgo). 
	
	Samuel Heinicke 
	Ensinou vários surdos a falar e criou o método oral, conhecido atualmente. 
	Idade Contemporanêa
	Roch Ambroise Cucurron Sicard
	Criador de vários institutos de surdos na França. 
	
	Pierre Desloges 
	Foi defensor da língua gestual e publicou o primeiro livro escrito por um surdo. 
	
	Jean Itard 
	Médico, dedicou-se ao estudo da deficiência auditiva, usava em suas pesquisas métodos tais como: descarga elétrica, perfuração de tímpanos, entre outros. 
	
	Jean Massieu 
	Primeiro professor de surdos.
	
	Thomas Hopkins Gallaudet 
	Abriu a escola de Hartdford, usava a língua gestual e o alfabeto manual. 
	
	Edward Miner Gallaudet 
	Criador da Universidade Gallaudet. 
	
	Alexander Graham Bell 
	Defensor do oralismo, era contra o casamento entre os surdos. Criou um aparelho para surdez ,pois sua mulher e sua sogra eram surdas
	
	Helen Keller 
	Ficou cega e surda aos 7 anos de idade, criou mais de 60 sinais para se comunicar com seus familiares. Tornou-se uma grande escritora e falava várias línguas. 
Na história dos surdos existe um marco importante, que foi a realização de dois congressos realizados em Milão para discutir e deliberar sobre a educação dos surdos: 
O primeiro foi realizado em 1872 e definiu que o meio para a comunicação do pensamento humano é a língua oral; se os surdos fossem devidamente orientados, poderiam ler os lábios e, consequentemente, falar, e que a língua oral traria um maior desenvolvimento intelectual, moral e linguístico. 
O segundo, em 1880, provocou uma grande transformação na história dos surdos, pois foi conduzida por um grupo de ouvintes que tomou a decisão de excluir definitivamente da educação dos surdos à língua gestual. O oralismo tornou-se o método oficial de educação dos surdos. Deliberaram também que os governos deveriam tomar providências para que todos os surdos tivessem educação; o método mais oportuno para os surdos se apropriarem da fala é o método intuitivo (primeiro a fala, depois a escrita); a idade para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 alunos; deviam ser reunidas as crianças surdas recém-admitidos nas escolas, onde deveriam ser educadas através da fala; essas mesmas crianças deveriam ser separadas das crianças que já haviam recebido educação gestual, a fim de que não fossem contaminadas; os alunos antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral. 
O objetivo dos congressos era definir o melhor método de aquisição da linguagem pelo surdo, conforme Soares (2005, p.35): “[...] nenhum deles demonstrou a preocupação em fazer com que o surdo pudesse adquirir a instrução, tal como era compreendido para os normais”.
OBS: Gerolamo Cardano (1501-1576), matemático, médico e astrólogo italiano, é apontado como um dos primeiros educadores de surdos. Seus estudos iniciais referiam-se mais às questões de fisiologia, porém foi a partir de seus estudos que teria afirmado que a escrita poderia representar os sons da fala ou representar ideias do pensamento e, por isso, a mudez não se constituía em impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento. 
Foi o primeiro a afirmar que a surdez não afetava a inteligência.
LEGISLAÇÃO 
Na busca da garantia dos direitos dos surdos, e na luta pelo reconhecimento dos diferentes aspectos culturais e sociais da comunidade surda, a legislação foi uma aliada na repercussão e legitimidade destes direitos. A comunidade surda tem se organizado no sentido de garantir legalmente estes direitos como espaço de construção e solidificação de sua identidade. 
Vários foram os decretos e leis importantes que, em determinadas épocas históricas, regulamentaram esses direitos. Abordaremos o Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei 10.436/02, que definiu formas institucionais para o uso e a difusão da Língua Brasileira de Sinais (L1) e da Língua Portuguesa (L2), visando o acesso das pessoas surdas à educação, bem como reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
A Lei 10.436/02, no seu Art. 1º, Parágrafo único, define a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como a forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
O Decreto nº 5.626, de 22/12/05, trata da inclusão da LIBRAS como disciplina curricular nos cursos de formação de professores e nos cursos de Fonoaudiologia, da formação do professor de LIBRAS e do instrutor de LIBRAS, da formação do tradutor e intérprete de LIBRAS/ Língua Portuguesa, da garantia do direito à educação e saúde das pessoas surdas ou com deficiência auditiva e do papel do poder público e das empresas no apoio ao uso e difusão da LIBRAS.
Para a certificação dos docentes, tradutores e intérpretes da LIBRAS, e cumprimento da Lei 10.436/2002, o Ministério da Educação – MEC instituiu o Prolibras, Programa de Certificação Nacional, que tem por objetivo realizar, por 10 anos, os exames anuais para a certificação de proficiência em LIBRAS, bem como a certificação de proficiência em tradução e interpretação da LIBRAS
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS SOBRE LIBRAS
Muitas pessoas acreditam que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é o portuguêsnas mãos, na qual os sinais substituem as palavras. Outras pensam que é linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo. Muitas pensam que são somente gestos iguais ao das línguas orais. Entre as pessoas que acreditam que é uma língua, há algumas que creem que são limitadas e expressas apenas informações concretas e que não é capaz de transmitir ideias abstratas.
Pesquisas sobre LIBRAS vêm sendo desenvolvidas, mostrando que, esta língua é comparável em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Esta língua não é uma forma do português; ao contrário, tem suas próprias estruturas gramaticais, que deve ser aprendida do mesmo modo que outras línguas. A LIBRAS difere das línguas orais por utilizar outro canal comunicativo, isto é, a visão em vez da audição. A LIBRAS é capaz de expressar ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda, etc. A LIBRAS pode expressar poesia e humor. Como outras línguas, a LIBRAS aumenta o vocabulário com novos sinais introduzidos pela comunidade surda em resposta à mudança cultural e tecnológica. (Quadros e Karnopp, 2004).
A LIBRAS não é universal. Assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo usam línguas de sinais diferentes.
A LIBRAS foi criada e desenvolvida por surdos do Brasil para a comunicação entre eles e existe há tanto tempo quanto a existência das comunidades de surdos. A maior divulgação da língua de sinais no Brasil começou quando foi fundado o Instituto Nacional da Educação dos Surdos (INES) em 1857, chamada, então, de mímica. Sendo o INES a primeira escola para surdos por muitos anos; funcionando em regime de internato, recebia alunos de todas as regiões do Brasil, os quais, ao voltarem para suas cidades, nas férias, difundiam essa língua por todo país. Assim, a LIBRAS difere da língua de sinais de Portugal. Como havia professor que dominava a Língua de Sinais Francesa no INES, na sua fundação, a LIBRAS hoje traz um pouco das características desta língua de sinais francesa e difere da língua de sinais de Portugal, embora os dois países, Brasil e Portugal tenham historicamente dividido a mesma língua oral.
A partir do Congresso em Milão, Itália, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado que utilizava tanto sinais como o treinamento em língua oral foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo. Muitas pessoas acreditavam que a única forma possível para que as crianças surdas se integrassem ao mundo dos ouvintes seria falar e ler os lábios. E assim muitas escolas passaram a insistir com os alunos surdos para que entendessem a língua oral e aprendessem a falar. Os professores surdos já existentes nas escolas, naquela época, foram afastados, e os alunos desestimulados a usarem a língua de sinais (mímica), tanto dentro quanto fora da sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças para impedi-las de fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil. Mas apesar dessas tentativas de desestimular o uso da língua de sinais, a LIBRAS continuou sendo a língua preferida da comunidade surda. Os surdos, quando viram que o uso de sinais estava proibido, reconheceram e consideram a LIBRAS como sua língua natural, a qual reflete valores culturais e guarda suas tradições e heranças vivas.
LIBRAS, CULTURA SURDA E COMUNIDADE SURDA.
 A LIBRAS é a língua da comunidade surda brasileira. Tem suas regras gramaticais próprias, possibilitando assim, o desenvolvimento linguístico da pessoa surda, favorecendo o seu acesso aos conhecimentos existentes na sociedade.
    Os sinais são formados a partir de parâmetros, como a combinação do movimento das mãos com um determinado formato num determinado lugar, podendo este lugar, serem uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo.
Os parâmetros da LIBRAS são: 
- Configuração das mãos;
 - Locação; 
- Movimentos; 
- Orientação das mãos;
 - Expressão facial e/ou corporal.
Nesta combinação se obtém o sinal. Portanto, produzir sinais é combinar esses parâmetros para a formação das frases e textos num determinado contexto.
Há uma grande confusão e discussão em torno da aceitação ou não da LIBRAS por alguns ouvintes, devido às influências e preconceitos sociais, mas pode-se verificar alguns pontos importantes que devem ser considerados: 
- A LIBRAS é a língua das comunidades surdas: foi criada e é usada pelos surdos no Brasil; 
- O desenvolvimento linguístico, cognitivo, afetivo, sociocultural e acadêmico não depende da audição, mas sim da aquisição e desenvolvimento da língua de sinais; 
- A LIBRAS propicia o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, favorecendo a produção escrita, servindo de apoio para a leitura e compreensão dos textos.
COMUNIDADE E CULTURA SURDA DO BRASIL
     As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações linguísticas regionais.
     As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngue (língua portuguesa e língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças.
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda:
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. (PERLIN, 2004, p. 77-78)
 Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade: [...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vive juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras.
 Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização.
QUANTOS SURDOS NO BRASIL?
      "A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de pessoas (Wrigley, 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem linguística e culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e cinquenta mil casos (conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria das pessoas surdas utiliza a língua brasileira de sinais (LIBRAS).” (Karnopp, 2008, p. 16, Manual da disciplina de Libras EDU 3071 - digitalizado).
 
DEFICIENTE AUDITIVO, SURDO OU SURDO-MUDO?
“ O surdo-mudo é uma das mais antigas e inadequadas denominações atribuídas ao surdo e, infelizmente, ainda utilizadas em certas áreas e divulgadasnos meios de comunicação. Para eles, o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez significa que a pessoa não emite sons vocais.”
 Para a comunidade surda, o deficiente auditivo não participa de Associações e não sabe LIBRAs. O surdo é aquele que tem a LIBRAS como sua língua.
COMPREENDENDO O MUNDO SURDO
     Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que superprotegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes ou mesmo no mundo dos surdos. Outros encaram a língua de sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal desconhecimento, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.
Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvolvem autoestima e têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas “capacitadas”, todos se beneficiam.
COMUNICAÇÃO VISUAL
      Para estabelecer uma boa comunicação com uma pessoa surda é importante o claro e apropriado contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual. 
E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação, podem-se dar umas batidinhas no chão (ele poderá sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilize muito suas expressões faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais.
A FITA AZUL 
 A fita azul representa a opressão enfrentada pelas pessoas surdas ao longo da história. Hoje em dia ela representa as suas silenciosas vozes em um mar de línguas faladas.
 Ela foi introduzida em Brisbane, na Austrália, em julho de 1999, no Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos. Durante o evento foi feita a sensibilização da luta dos Surdos e suas famílias ouvintes, através dos tempos.
 A cor azul foi escolhida para representar "O Orgulho Surdo", para homenagear todos os que morreram depois de serem classificados como "surdo" durante o reinado da Alemanha nazista.
 Ao recordarmos a opressão dos Surdos no passado e hoje, está se tornando claro para um número maior de pessoas que os Surdos podem fazer qualquer coisa, exceto ouvir.
 Aqueles que usam a fita azul têm orgulho em mostrar um pouco de sua própria cultura: A Cultura surda.
Outra orgulhosa conquista feita pelo povo surdo é a comemoração de seu dia, o “Dia do Surdo”. Esta data é comemorada em muitos países, na maioria no mês de setembro com variação de dias. Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Surdo em 26 de setembro, porque nesta data foi um marco histórico importante – foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil ( Foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil, o atual INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos, em Rio de Janeiro no dia 26 de setembro de 1857 pelo prof. Francês surdo Eduard Huet.) Nesta data o povo surdo comemora com muito orgulho tendo sua cidadania reconhecida sem precisar se esconder embaixo de braços de sujeitos ouvintistas, assim como reforça a Lopes (2000, p.11):
O dia do Surdo tem um significado simbólico muito importante. Ele representa o reconhecimento de todo um movimento que teve inicia há poucos anos no Brasil quando o Surdo passou a lutar pelo direito de ter sua língua e sua cultura reconhecidas como uma língua e uma cultura de um grupo minoritário e não de um grupo de “deficientes”.
Os defensores da língua de sinais para os povos surdos asseguram que é na posse desta língua que o sujeito surdo construirá a identidade surda, já que ele não é sujeito ouvinte. A maioria das narrativas tem como base a ideia de que a identidade surda está relacionada a uma questão de uso da língua.
Antes a história cultural dos povos surdos não era reconhecida, os sujeitos surdos eram vistos como deficientes, anormais, doentes ou marginais. Somente depois do reconhecimento da língua de sinais, das identidades surdas e, na percepção da construção de subjetividade, motivada pelos Estudos Culturais, é que começaram a ganhar força às consciências políticos-culturais. Em determinados momentos, quando a luta por posições de poder ou pela imposição de ideias revela o manifesto política cultural dos povos surdos.
Fonte:
http://www.feneis.org.br/page/artigos_detalhe.asp?categ=0&cod=34
http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade1/introducao_libras.html
LIBRAS E SUAS ESTRUTURAS
O registro mais antigo que se tem sobre a Língua de Sinais é datado de 368 a.C., feito por Sócrates, filósofo grego. A Língua de Sinais, atualmente utilizada, foi baseada na Língua de Sinais francesa. Para se comunicar através dessa língua, os sinais são utilizados a partir de combinações, movimentos e expressões que são realizados no momento da comunicação.
A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, assim como acontece em toda língua, também apresenta expressões que diferem de região para região, dentro do mesmo país (os regionalismos) mantendo, mesmo assim, a legitimidade de língua. Cada país desenvolve de maneira própria a sua Língua de Sinais, porém, nos últimos tempos criou-se uma língua que busca ser universal, que é chamada de Gestuno.
PARÂMETROS
Servem para estruturar as diferentes formas de níveis linguísticos. Apresentam-se em três grandes grupos: 
- configuração de mãos (CM); 
- ponto de articulação (PA);
- movimento (M). 
Veja como aparecem esses parâmetros nos sinais no exemplo a seguir, no sinal de avô.
 
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS (CM)
A configuração de mãos é o primeiro parâmetro, ela se apresenta através da forma que a mão toma ao ser realizado o sinal ou a letra do alfabeto manual. Algumas letras são usadas várias vezes para demonstrar uma determinada palavra, porém, se diferenciam pelo ponto no corpo em que é expresso. 
A configuração de mãos pode ser realizada com a mão direita para os destros ou com a mão esquerda para os canhotos, também realizada com as duas mãos. 
Os sinais DESCULPAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo.
PONTO DE ARTICULAÇÃO (PA) 
É identificado através do local onde ocorre o sinal, sendo que este sinal poderá ou não tocar em alguma parte do corpo da pessoa que o está realizando. 
 MOVIMENTO (M) 
Conforme o sinal que se realiza, ele exige movimento ou não, dependendo do que ele representa. O movimento também pode representar intensidade, que também pode apresentar noção de pluralidade (ao realizar o sinal de estudar quero dizer que os alunos estudam, porém, se intensifico esse sinal fazendo um movimento mais rápido, quero dizer que eles estudam muito).
EXPRESSÃO FACIAL/CORPORAL 
Para a compreensão de alguns sinais, as expressões que fazemos com o nosso corpo e rosto são fundamentais para o seu entendimento, pois através delas revelamos nossas emoções de alegria,tristeza, frio, raiva, calor etc. e sentido que atribuímos a determinados fatos, situações e objetos. Conforme a expressão que manifestamos, damos a entonação dentro da Língua de Sinais; ou demonstramos negação, dúvida, questionamento ou afirmamos algo. 
Ex.: o dedo indicador em [G] sobre a boca, com a expressão facial calma e serena, significa silêncio; porém, se o mesmo sinal for realizado mais rápido, com uma expressão de zanga, significa uma ordem maior: Cale a boca!
ORIENTAÇÃO/DIREÇÃO 
Os sinais podem ser determinados conforme o local ao qual você quer se referir, como, por exemplo, os verbos IR e VIR, que se opõem em relação à direção do local referido.
DATILOLOGIA E NUMERAÇÃO
O QUE É A DATILOLOGIA (alfabeto manual)
A datilologia é a utilização das mãos para soletrar o alfabeto, historicamente é considerada como um elemento de comunicação manual. A posição das mãos e dos dedos representa as letras do alfabeto. Algumas línguas de sinais utilizam uma só das mãos para fazer a soletração, outras se utilizam das duas mãos. A datilologia é geralmente utilizada para os iniciantes na aprendizagem da Língua de Sinais, ela usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen.
 Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E, etc
ALFABETO MANUAL
O alfabeto manual é parte integrante da LIBRAS e tem a função de soletrar as palavras. Muitos objetos, palavras, lugares, situações etc não possuem sinais ou a pessoa não conhece o sinal, sendo neste caso, usado o alfabeto para sua nomeação. Cabe salientar que, dependendo do nível de habilidade e rapidez da pessoa que o utiliza sua compreensão pode tornar-se complexa. Por isso, recomenda-se que a soletração das palavras ocorra devagar, utilizando-se uma pausa curta entre elas ou movendo a mão para o lado informando que esta palavra já foi soletrada.
As línguas de sinais possuem formas diferentes para representar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Em LIBRAS possuem também a sua configuração específica, pois, a sinalização dos numerais depende da situação. 
Vejamos os numerais: 
a) cardinais: até 10, representações diferentes para as quantidades, a partir de 11 são idênticos e não possuem movimento.
b) ordinais: do 1º até o 9º têm a mesma forma dos cardinais, mas possuem movimento. 
- 1º ao 4º: têm movimentos para cima e para baixo;
- 5º até o 9º: têm movimentos para os lados. 
A partir do numeral dez não há diferenças.
FONTE:
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Linguística e Filologia, 1995.
FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso básico, livro do professor instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001. 
 
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004.
 
SITES CONSULTADOS:
http://www.cervantesvirtual.com/portal/signos/index.html 
http://www.feneis.org.br 
http://www.ines.org.br 
http://www.libras.org.br/libras.htm

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