
Renato Barra fez um comentário
Bom dia Lincoln, tu poderias me enviar este livro por e-mail por favor? renatobarra41@gmail.com
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Francesco Carnelutti AS MISÉRIAS DO PROCESSO PENAL Tradução RICARDO RODRIGUES GAMA 1ª edição eBook 2013 Campinas/SP ÍNDICE Nota do Tradutor Dados Biográficos do Autor Prefácio do Autor Capítulo I – A Toga Capítulo II – O Preso Capítulo III – O Advogado Capítulo IV – O Juiz e as Partes Capítulo V – Da Parcialidade do Defensor Capítulo VI – Das Provas Capítulo VII – O Juiz e o Acusado Capítulo VIII – O Passado e o Futuro no Processo Penal Capítulo IX – A Sentença Penal Capítulo X – Da Execução da Sentença Capítulo XI – Da Libertação Capítulo XII – Além do Direito NOTA DO TRADUTOR A presente obra de Francesco Carnelutti não vem estampada de seu conteúdo simplesmente com o contado com o título, reclamando a leitura dos primeiros capítulos para tomar contato com a tentativa do autor em ensinar assuntos complexos para o homem leigo, isso sem deixar escapar os detalhes tão importantes que somente os doutores poderiam ter acesso. Além do prazer de transportar as ideias do autor para o nosso vernáculo, fomos tomados pela voraz vontade de mapear todos os desdobramentos gerados com blocos de ideias constantes em cada um dos capítulos. Verificamos a fusão da disposição para promover a tradução com a caminhada habitual de um leitor, ambos interessados no desfecho de cada uma das histórias contadas, nas lições que o autor pretendia passar com suas reflexões, nas comparações possíveis apenas para um exímio jurista e até mesmo na evolução dos temas abordados genialmente. A estrutura do poder judiciário, com o auxílio dos advogados e membros do Ministério Público, apresenta-se como perfeita, montada sobre a mais refinada técnica para excluir da sociedade o criminoso, faltando até consciência das dimensões malignas da decisão que rompe todas as barreiras do cumprimento da pena, marcando a pessoa delinquente para sempre. Na maioria das passagens, fica evidente o esforço do autor em fazer-se compreender, chegando a retornar a condição de criança, relatando suas experiências num período que não tinha envolvimento algum com o direito. Na passagem pela maior parte de sua vida, uma vez que o autor faleceu oito anos depois de escrever a presente obra, as mazelas cometidas pelo autor são exaltadas para evitar que outras pessoas possam assumir a frieza em nome da técnica, voltar-se à fantasia por puro descaso com a realidade, deixar de lado a religião em nome da expansão nos próprios conhecimentos, afastar-se da simplicidade para viver em plena contemplação à inutilidade... As falhas do processo penal não podem ser superadas com o conhecimento científico, claramente porque a realidade dos fatos não pode encontrar solução na norma jurídica, ainda mais quando se deixa de lado os sentimentos das pessoas envolvidas no processo por terem infringido à legislação penal ou como meio de expressar seus conhecimentos mais profundos... RICARDO RODRIGUES GAMA DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR Francesco Carnelutti foi advogado, jurista e professor em Milão, Catania, Pádua e Roma. Nasceu em Udine em 1879 e morreu em Milão em 1965. Graduou-se em Pádua em 1900 e tornou-se advogado no ano seguinte, livre docente em Direito Comercial em 1905, e professor de Direito Comercial em Catania em 1911, de Direito Processual Civil em Pádua em 1915 e em Milão em 1935 e de Direito Penal Puro em Milão em 1942 e finalmente de Direito Processual Penal em Roma em 1946. Quando completou 75 anos era professor emérito do mesmo ateneu. Fundou em Giuseppe Chiovenda a Rivista di Diritto Processuale Civil; e foi redator do projeto do Código Civil italiano. Escreveu inúmeras obras sobre Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Comercial e Direito do Trabalho. Em seus últimos anos escreveu obras literárias de caráter filosófico. PREFÁCIO DO AUTOR A Voz de São Jorge[1] é o veículo de comunicação do Centro de Cultura e Civilidade da Fundação Giorgio Cini[2], que tem sua sede em Veneza, cidade maravilhosa, naquela ilha situada defronte à Praça de São Marcos e ao Palácio Ducal[3], cuja arquitetura de Buora[4], de Palladio[5] e de Longhena[6] hoje ressurgida em seu antigo esplendor, estando circundado de tantas maravilhas. O Centro propõe-se a servir à cultura e à civilidade, ou seja, dizendo de forma mais simples, o saber servindo à bondade. Deveria ser este o destino do saber; nem sempre as coisas acontecem como deveriam acontecer. Também o saber, para citar um exemplo, como a energia atômica, pode servir ao bem ou ao mal, para tornar os homens piores ou melhores, fazendo-os erguer a cabeça em ato de soberba ou incliná-la em ato de humildade. O que se deveria fazer este ano, com tal objetivo, é concluir algo em torno do processo penal. Um raciocínio científico, à primeira vista, pouco conveniente para uma conversação com o grande público, o qual, especialmente no rádio, tem prazer em se divertir. Mas aqui está precisamente o nodo[7] da questão, em termos de civilização. Divertir-se quer dizer escapar da vida cotidiana, a qual é tão monótona, tão difícil, tão amarga, tornando irresistível a necessidade de evasão. Não estou fora da realidade ao extremo de não reconhecer, e ainda de não experimentar esta modesta necessidade. Mas existe outra saída para se evadir, além da diversão. É a saída oposta; e assim diz o provérbio que os opostos se atraem. Esta saída é o isolamento. Ao término e ao extremo, não há evasão mais completa do que a prece, que é a forma ideal do isolamento. Muitas pessoas não o sabem por que não experimentaram; mas aqueles que experimentaram o conforto da oração sabem o que pensar da diversão e do isolamento. Um pouco em todos os tempos, mas na atualidade cada vez mais o processo penal interessa à opinião pública. Os jornais ocupam boa parte das suas páginas para a crônica dos delitos e dos processos. Quem as lê, aliás, tem a impressão de que existem muito mais delitos do que boas ações neste mundo. A eles é que os delitos assemelham-se às papoulas que, quando se tem uma em um campo, todos delas se apercebem; e as boas ações se escondem, como as violetas entre as ervas do prado. Se dos delitos e dos processos penais os jornais se ocupam com tanta assiduidade, é que as pessoas por estes se interessam muito; sobre os processos penais assim ditos célebres a curiosidade do público se projeta avidamente. E é também esta uma forma de diversão: foge-se da própria vida ocupando-se da dos outros; e a ocupação não é nunca tão intensa como quando a vida dos outros assume o aspecto do drama. O problema é que assistem ao processo do mesmo modo com que deliciam o espetáculo cinematográfico, que, de resto, simula com muita frequência, assim, o delito como o relativo processo. Assim como a atitude do público voltado aos protagonistas do drama penal é a mesma que tinha, uma vez, a multidão para com os gladiadores que combatiam no circo[8], e tem ainda, em alguns países do mundo, para a corrida de touros, o processo penal não é, infelizmente, mais que uma escola de incivilização. Com estes colóquios, o que se desejaria é fazer do processo penal um motivo de isolamento, em vez de sê-lo diversão. Não vale fazer oposição em torno desse processo no qual reúnem os homens da ciência; e não têm aqui o que fazer os homens comuns. Os juristas, certamente, o estudam ou, até agora, deveriam estudá-lo ainda melhor para conseguir que seu mecanismo, delicado como nenhum outro, aperfeiçoe-se; este é um problema com muito mais semelhanças do que se possa crer a respeito dos problemas de