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UNIVERSIDADE PAULISTA MICHELY CRISTINA NOVAES MENEZES RA 0585985 BANCO CENTRAL DO BRASIL PIM IV Serra Talhada - PE 2020 UNIVERSIDADE PAULISTA MICHELY CRISTINA NOVAES MENEZES RA 0585985 BANCO CENTRAL DO BRASIL PIM IV Projeto Integrado Multidisciplinar IV para obtenção do título Tecnólogo em Gestão Pública apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Serra Talhada - PE 2020 RESUMO O projeto tem como foco analisar o Banco Central do Brasil com base nos conceitos estudados nas disciplinas do período. O método utilizado foi pesquisa bibliográfica, além de informações e dados fornecidos pela própria autarquia. Em Gestão Pública e Políticas Públicas no Brasil são apontadas as diferenças entre administração pública e privada, o tipo de modelo de administração pública usado pela entidade, e o seu organograma. Também é enfatizada a questão da governabilidade, governança e accountability, o conceito de sustentabilidade, o uso de novos métodos e tecnologias na administração pública; e, por último, sua atuação no que concerne às políticas públicas. Em Introdução à Teoria do Estado são abordados os conceitos de livres mercados e intervenção estatal, os serviços oferecidos pela autarquia relacionados ao setor público e ao atendimento à sociedade, e as políticas macroeconômicas. Em Dinâmica das Relações Interpessoais é discutido o tema da liderança, do mesmo modo, a questão de como é realizada a administração de conflitos na instituição. Palavras-Chave: Gestão Pública, Teoria do Estado, Relações Interpessoais, Banco Central do Brasil. ABSTRACT The project focuses on analyzing the Central Bank of Brazil from the concepts studied in the disciplines of the period. The method used was bibliographic research, in addition to information and data provided by the autarchy itself. In Public Management and Public Policies in Brazil, the differences between public and private administration are pointed out as well the type of public administration model used by the entity and her organization chart. Also emphasized the matter in question of governability, governance and accountability, the concept of sustainability, the use of new methods and technologies in public administration and at last her performance with regard to public policies. In Introduction to The Theory of the State are addressed the concepts of free markets and state intervention, the services offered by the municipality related to the public sector and the service to society and macroeconomic policies. In Dynamics of Interpersonal Relations, the theme of leadership is discussed, likewise the question of how the administration of conflicts is carried out in the institution. Keywords: Public Management; State Theory; Interpersonal Relations; Central Bank of Brazil. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6 2 GESTÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL .............................. 7 2.1. Administração Pública e Privada ................................................................... 7 2.2. Modelos de administração pública ................................................................ 8 2.3. Organograma do Banco Central .................................................................. 10 2.4. Governança, Governabilidade e Accountability ........................................... 12 2.5. Sustentabilidade ......................................................................................... 14 2.6. O uso de novos métodos e tecnologias na administração pública ............... 15 2.6.1 O método de melhoria contínua (Kaizen) .................................................. 16 2.7. As políticas econômicas .............................................................................. 17 3 INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO .......................................................... 20 3.1. Livres mercados e intervenção estatal ........................................................ 20 3.2. Serviços relacionados ao setor público e ao atendimento à sociedade ....... 22 3.2.1 Facilidade de acesso a serviços ............................................................... 22 3.3. Políticas Macroeconômicas ......................................................................... 22 4 DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS .............................................. 25 4.1. A liderança e como ela é abordada na instituição ....................................... 25 4.2. A administração de conflitos ....................................................................... 26 5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 28 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 29 6 1 INTRODUÇÃO Usando como exemplo prático o Banco Central do Brasil, o Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) IV tem como objetivo desenvolver os conhecimentos adquiridos, ao longo do período, nas seguintes disciplinas: Gestão Pública e Políticas Públicas no Brasil, Introdução à Teoria do Estado e Dinâmica das Relações Interpessoais. Para tanto, utilizando-se da literatura e de informações fornecidas pelo site da autarquia analisada. Criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964 e com sede em Brasília, o Banco Central do Brasil (BC, BCB ou BACEN) é uma autarquia federal, com jurisdição em todo território nacional, que integra o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e é vinculada ao Ministério da Economia. Suas regionais são: Recife, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. Considerada uma pessoa jurídica de caráter público, possui o papel de maior autoridade monetária do país. O BC, além de exercer funções de execução no que tange à política monetária e à política cambial, de atuar como a secretaria executiva do Conselho Monetário Nacional (CMN) e de ficar responsável por aplicar e fiscalizar as normas do SFN; através de suas competências, desempenha as funções de ser o “banqueiro do governo” e o “banco dos bancos”. Há na autarquia um total de 3.629 (três mil seiscentos e vinte e nove) servidores, dos quais 2.810 (dois mil oitocentos e dez) são homens e 819 (oitocentos e dezenove) mulheres. Divididos em 2.993 (dois mil novecentos e noventa e três) analistas, 164 (cento e sessenta e quatro) procuradores e 472 (quatrocentos e setenta e dois) técnicos. (Banco Central, 2019). Esse projeto, portanto, é desenvolvido com intuito de identificar conceitos trabalhados nas disciplinas do bimestre e aplica-los à realidade, utilizando-se como ferramenta a pesquisa bibliográfica (para melhor entendimento dos conteúdos trabalhados) e como objeto de estudo a entidade descrita. 7 2 GESTÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL Administração Pública ou Gestão Pública pode ser entendida como a reunião de órgãos, serviços e agentes do Estado, que tem como objetivo garantir a satisfação das necessidades (saúde e educação, por exemplo) da sociedade. (CHIAVENATO, 2008). A administração pública pode ser compreendida em dois sentidos. Em sentido objetivo, como define Carvalho Filho (2016, p.11): Trata-se da própria gestão dos interesses públicos executada pelo Estado, seja através da prestação de serviços públicos, seja por sua organização interna, ou ainda pela intervenção no campo privado, algumas vezes até de forma restritiva (poder de polícia). Seja qual for a hipótese da administração da coisa pública (res publica), é inafastável a conclusão de que a destinatária última dessa gestão há de ser a própria sociedade,ainda que a atividade beneficie, de forma imediata, o Estado. É que não se pode conceber o destino da função pública que não seja voltado aos indivíduos, com vistas a sua proteção, segurança e bem-estar. Essa a administração pública, no sentido objetivo. Já no sentido subjetivo, para Di Pietro (2014, p.50), pode ser entendido “(...) como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.” 2.1. Administração Pública e Privada Como aponta Paludo (2012, p. 48–49), as características que diferenciam a administração pública da privada, em síntese, são: • O principal objetivo do governo é garantir o bem comum; em contrapartida, a iniciativa privada tem como propósito o lucro financeiro. • Os princípios do art. 37 da Constituição de 1988 (mil novecentos e oitenta e oito) - legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência - são aplicados obrigatoriamente à Administração Pública. • Na Administração Pública é por meio de impostos que o cidadão paga pelos serviços, ainda que não os use. Já na iniciativa privada, ele só paga pelo bem/serviço se ele comprar/utilizar. 8 • As atividades públicas, na maioria das vezes, são monopolistas; na administração privada, a livre concorrência possibilita diversas opções. • O Governo existe para servir aos interesses da sociedade – O setor privado serve aos interesses de um indivíduo ou conjunto. • É visto como papel do Governo solucionar os conflitos de outrem, com propósito de alcançar o máximo de bem-estar geral – já a iniciativa privada, preocupa-se em como resolver suas dificuldades e, portanto, com o seu próprio bem-estar. • O Governo responde à sociedade – as organizações privadas respondem aos proprietários e acionistas. • A avaliação da eficiência e a eficácia das entidades públicas medem sobretudo pelo cumprimento de sua missão e pelo atendimento das necessidades da sociedade – na iniciativa privada, especialmente pelo aumento de suas receitas e pela diminuição de seus gastos. • A direção da Administração Pública é frequentemente substituída em função das eleições – nas organizações privadas, o costume é manter a alta administração, raramente há alterações. O Banco Central segue os princípios que regem a Administração Pública, e seu propósito de existir está diretamente ligado ao conceito de crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade. Seu presidente é tratado como ministro, embora a autarquia não seja um Ministério. Além disso, sua indicação (assim como a dos diretores) é feita pelo Presidente da República. Atualmente, no entanto, há um projeto de lei em andamento que visa maior autonomia da entidade, o que implicará em mudanças significativas, como a não mais vinculação ao Ministério da Economia - passando, assim, a ser considerada uma Autarquia de Natureza Especial e seu presidente e diretores a ter um mandato fixo de 04 (quatro) anos. 2.2. Modelos de administração pública Os modelos de administração são três: o patrimonialista, o burocrático e o gerencial. 9 O primeiro modelo de administração do Estado foi o patrimonialista. Nele não havia diferença entre bens públicos e privados. Aquele que possuía poder absoluto detinha toda propriedade e podia utilizar livremente os bens sem qualquer prestação de contas à sociedade. (PALUDO, 2010). Posterior ao patrimonialismo, nasceu o modelo burocrático que surgiu como resposta à corrupção e ao nepotismo comuns no modelo anterior. De acordo com Paludo (2010, p.59), estão presentes na administração burocrática: “(...) a profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese: o poder racional-legal.” Já no modelo gerencial, as características que mais se destacam são: a) orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário ou cidadão-cliente; b) ênfase no controle dos resultados através dos contratos de gestão (ao invés de controle dos procedimentos); c) fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal, organizada em carreiras ou "corpos" de Estado, e valorização do seu trabalho técnico e político de participar, juntamente com os políticos e a sociedade, da formulação e gestão das políticas públicas; d) separação entre as secretarias formuladoras de políticas públicas, de caráter centralizado, e as unidades descentralizadas, executoras dessas mesmas políticas; e) distinção de dois tipos de unidades descentralizadas: as agências executivas, que realizam atividades exclusivas de Estado, por definição monopolistas, e os serviços sociais e científicos de caráter competitivo, em que o poder de Estado não está envolvido; f) transferência para o setor público não-estatal dos serviços sociais e científicos competitivos; g) adoção cumulativa, para controlar as unidades descentralizadas, dos mecanismos (1) de controle social direto, (2) do contrato de gestão em que os indicadores de desempenho sejam claramente definidos e os resultados medidos, e (3) da formação de quase-mercados em que ocorre a competição administrada; h) terceirização das atividades auxiliares ou de apoio, que passam a ser licitadas competitivamente no mercado. (BRESSER, 1998, p.80-81) Apesar de haver características burocráticas, o modelo de administração pública seguido pelo BC é o gerencial, uma vez que, se trata de uma entidade executora (descentralizada) que exerce atividades específicas do Estado; e cuja preocupação está voltada ao crescimento econômico do país. Há também um claro destaque ao controle de resultados, além da presença de autonomia dos gerentes, incentivo à inovação etc. 10 2.3. Organograma do Banco Central Resumidamente, de acordo com Ditticio (2014, p.40), o organograma de uma entidade pública acompanha os seguintes sistemas: • sistema de autoridade; • sistema de atividade; • sistema de comunicação. Ficando o primeiro sistema responsável pela questão de tomada de decisões, gerenciamento humano e demais recursos. O segundo, pela repartição e cumprimento de tarefas. E o terceiro, pelo compartilhamento de informações entre todos que fazem parte da organização. Há vários tipos de organogramas: clássico, horizontal, matricial, funcional, em barras, radial/circular. O organograma adotado pelo BC é o radial. O ponto forte desse organograma é o conceito de integração, posto que, todas as camadas/divisões fazem parte do mesmo conjunto. Nesse modelo, a autoridade deriva do centro, ou seja, quanto mais centrada a posição estiver, mais poder há. 11 Figura 1 - Organograma do Banco Central Fonte: Banco Central do Brasil, 2019 O BC dispõe de uma estrutura organizacional dirigida por uma Diretoria Colegiada da qual faz parte o presidente e 8 (oito) diretores: o diretor administrativo; o diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos; o diretor de fiscalização; o diretor de organização do sistema financeiro e controle de operações do crédito rural; o diretor de política econômica; o diretor de política monetária; o diretor de regulação; e o diretor de relacionamento institucional e cidadania. Todos indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado. 12 Como nesse caso, hierarquicamente, a Diretoria Colegiada é o nível de mais poder na organização, o planejamento estratégico fica por conta dela. Esse planejamento é classificado como de longo prazo, ao passo que engloba a entidade como um todo. É nele que são definidas a missão, a visão e os valores da organização. Figura 2 - A missão, a visão e os valores da organização Fonte: Banco Central do Brasil, 2019 Do mesmo modo, há as Unidades Administrativas subordinadas à Diretoria Colegiada, cuja função é realizar atividades próprias a elas atribuídas. Com duração de médio prazo, é nessa categoria que ocorre o planejamento tático e onde tambémse é criado o ambiente para aquilo que foi idealizado no planejamento estratégico se torne real. Por fim, com duração de curto prazo, há também o planejamento operacional cujo interesse está ligado às atividades e tarefas do cotidiano. Sua elaboração geralmente fica sob responsabilidade de supervisores e gerentes, porém todos da entidade são envolvidos. 2.4. Governança, Governabilidade e Accountability Conforme explica Melo (1996, p.68-69): para o Banco Mundial, “governança é definida como a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos econômicos e sociais tendo em vista o desenvolvimento” (World Bank, 1992). Como consequência, há a distinção do seu conceito e do de governabilidade, que apresenta “as 13 condições sistêmicas de exercício do poder em um sistema político”. Enquanto a governabilidade diz respeito às condições do exercício da autoridade política, governança qualifica o modo de uso dessa autoridade. Já no que tange ao accountability, Pinho e Sacramento (2009, p.1364) esclarecem que “(...) o significado do conceito envolve responsabilidade (objetiva e subjetiva), controle, transparência, obrigação de prestação de contas, justificativas para as ações que foram ou deixaram de ser empreendidas, premiação e/ou castigo.” A estrutura de governança do BC é composta pelo Presidente, pela Diretoria Colegiada, por comitês, por atores externos (como o Fundo Monetário Internacional – FMI) e por instâncias de apoio: como Auditoria Interna, Ouvidoria, Corregedoria, entre outros (Banco Central, 2019). Figura 3 - Estrutura de governança do BC Fonte: Banco Central do Brasil, 2019 Anualmente, o Banco Central mede o seu índice de governança (IGovBC) usando como base de avaliação critérios de: “desempenho, ética e conduta, riscos, estratégia, transparência e accountability, auditoria interna e modelo de governança.” (Banco Central, 2019). Em relação à prestação de contas, seguindo a Lei de Acesso à Informação (LAI), o Bacen disponibiliza para a sociedade, no seu site, acesso a: auditorias, 14 convênios, acordos, transferências, receitas, despesas, balancetes, demonstrações financeiras-contábeis, licitações, contratos, remuneração de servidores, entre outros. 2.5. Sustentabilidade Atualmente, se discute bastante sobre sustentabilidade, seu conceito tornou-se amplamente divulgado pelas pessoas e, inclusive, fala-se em várias versões dela, por exemplo: sustentabilidade social, política, financeira e econômica, além do consumo e investimento sustentável. (DITTICIO, 2014). Segundo a visão de Cavalcanti (2001, p.11): Sustentabilidade quer dizer o reconhecimento de limites biofísicos colocados, incontornavelmente, pela biosfera no processo econômico. Esta é uma percepção que sublinha o fato de que a primeira (a ecologia) sustenta o último (a economia), dessa forma, obrigando-o a operar em sintonia com os princípios da natureza. O discurso oficial, entretanto, gira em torno da ideia de que o desenvolvimento sustentável pode ser conquistado com crescimento infinito, desde que certas ressalvas de proteção ambiental sejam observadas. Esta noção difere muito da compreensão de que o meio ambiente deve ser visto como a fonte derradeira de certas funções, sem as quais a economia simplesmente não pode existir ou operar, e cujos ritmos determinam a velocidade do que pode ser feito. Para ser sustentável, com efeito, o sistema econômico deve possuir uma base estável de apoio. Isto requer que as capacidades e taxas de regeneração e absorção sejam respeitadas. Se não for assim, o processo econômico vai se tornar irremediavelmente insustentável. Nesse sentido, o BC vem a cada ano priorizando ações sustentáveis. Seguindo, por exemplo, as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma das ações diz respeito ao destino dado ao numerário fragmentado. Utilizando-se de uma tecnologia limpa (o coprocessamento), esses resíduos de cédulas tornam-se insumo energético para empresas de cimento ou para fabricação de revestimento, briquetes e itens de mobiliário. O BCB tem se engajado também em outras causas voltadas à sustentabilidade, como parcerias com instituições de pesquisa, objetivando a produção de itens de papelaria e plásticos duros por meio do uso de tecnologias e utilizando cédulas não mais usáveis. Uma outra política da instituição é a do descarte, junto a cooperativas de catadores de materiais recicláveis. 15 Figura 4 - Cédulas retiradas de circulação: 2009 - 2019 Fonte: Banco Central do Brasil, 2019 2.6. O uso de novos métodos e tecnologias na administração pública Em um cenário cada vez mais globalizado em que as entidades (públicas e privadas) estão inseridas, seu desenvolvimento ou até mesmo sua sobrevivência está diretamente ligada à sua capacidade de inovação. Isso vai além da criação de novos produtos e serviços, pois não basta simplesmente criar. Faz-se necessário que o inovar seja de forma sustentável e eficiente, respeitando o meio ambiente, e que haja investimento em outras áreas, como educação (capacitações continuadas da equipe que compõe a entidade) Resumidamente, para Blumen (2006, p. 81), há uma exigência cada vez maior da sociedade brasileira para com nossos administradores públicos no sentido de cobrar-lhes não só honestidade, ética profissional, boa gestão dos recursos públicos e transparência, mas, em especial, um maior controle nas entidades que lhes cabe administrar. 16 Atualmente, a prática de governança eletrônica (e-governance), tem sido cada vez mais valorizada, pois promove à sociedade o acesso aos serviços públicos, o apoio à preparação de políticas públicas e incentiva a participação do cidadão nos processos decisórios O também uso das novas tecnologias de redes (Twiiter, Facebook, Instagram) permite um ambiente adequado para a prática da governança pública. (DITTICIO, 2014, p.62). 2.6.1 O método de melhoria contínua (Kaizen) Inicialmente, o método de melhoria contínua (Kaizen) era utilizado apenas pelo setor privado, posteriormente, passou a ser usado também pelo setor público. Essa técnica, basicamente, é centrada na valorização do trabalho em equipe, tendo como foco principal a melhoria da qualidade de produtos e serviços numa perspectiva futura. (PALUDO, 2012). Alguns princípios encontram-se relacionados ao uso desse método, são eles: promover aprimoramentos contínuos; enfatizar os clientes; reconhecer os problemas abertamente; promover a discussão aberta e franca; criar e incentivar equipes de trabalho; gerenciar projetos por intermédio de equipes multifuncionais; incentivar o relacionamento entre as pessoas; desenvolver a autodisciplina; comunicar e informar todas as pessoas; treinar e capacitar todas as pessoas. (PALUDO, 2012, p. 196). Conforme IMAI (1994, p.3): “A filosofia do Kaizen afirma que o nosso modo de vida – seja no trabalho, na sociedade ou em casa – merece ser constantemente melhorado.” Em relação ao BC, o método de melhoria contínua pode ser percebido pela ênfase que se é dada aos clientes, seja na questão de atendimento, comunicação ou prestação de contas. Também pelo reconhecimento das falhas da autarquia descritas no RIG mais recente – o ato de reconhecer os problemas existentes é outro princípio que faz parte dessa ferramenta. Bem como, pelo incentivo à criação de equipes de trabalho e relacionamento entre as pessoas (equipes de Team Shift) e a preocupação em capacitar os servidores. Já na questão das inovações referentes à tecnologia, além de aplicativos (e assistentes virtuais) para acesso da população a serviços, foi lançada a versão em língua inglesa do site do BCB com a mesma interface (os elementos gerais do site) 17 em português, ambos com estruturas acessíveis. Há, ainda, o plano de ampliação de toda a rede de comunicação (incluindo o sistema de videoconferência)e o de investimento em solução do virtual desktop (ambiente virtual de trabalho). 2.7. As políticas econômicas Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas e Lynn (1980), como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. Peters (1986) segue o mesmo veio: política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como "o que o governo escolhe fazer ou não fazer". A definição mais conhecida continua sendo a de Laswell, ou seja, decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz. (SOUZA, 2006, p.16) Dentre as políticas públicas pode-se citar as políticas econômicas, as quais são um conjunto de diretrizes que têm como foco o crescimento econômico, menos desemprego, menor inflação e o aumento do volume de bens e serviços – bem como, o acesso da população a eles. As políticas econômicas podem ser divididas em: política monetária, cambial e fiscal. O CMN é responsável pelas normas e diretrizes da política monetária e cambial; enquanto o Banco Central, pela execução das mesmas. Das três, a única política que não fica sob responsabilidade das duas entidades (BACEN e CMN) é a fiscal. Nesse caso, as diretrizes e normas são responsabilidades do Tesouro Nacional, enquanto que a execução fica a cargo da Secretaria do Tesouro Nacional. No tocante à política monetária, ela pode assumir dois caráteres: expansionista (comum quando se quer incentivar o consumo, usando como meio para isso o aumento do fluxo de moeda na economia e a redução de taxa de juros) ou contracionista (utilizada quando se quer diminuir a inflação, nesse caso, há aumento da taxa de juros). Visto que no dia 5 de agosto de 2020 o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu diminuir a taxa de 2,25% para 2% – e mantê-la assim na penúltima reunião do ano, realizada nos dias 27 e 28 de outubro, entende-se que a política monetária atual é expansionista. 18 Figura 5 - Taxa básica de juros Fonte: Jornal O Globo, 2020 A respeito da Política Cambial, há circunstâncias em que o BC age de maneira a manter (ou modificar) dentro de determinados limites a cotação do câmbio (o preço da moeda nacional em relação às moedas estrangeiras). Exemplos de atuação do BC: compra e venda de títulos do governo e leilão de dólares das reservas internacionais. As reservas, como explica Sandroni (1999, p.527): “Originam-se de superávits no balanço de pagamento e destinam-se a cobrir eventuais déficits das contas internacionais e/ou lastrear a estabilidade cambial, evitando ataques especulativos contra a moeda nacional.” 19 Figura 6 – Exemplo de atuação do BC relacionada à Política Cambial Fonte: Brasil Econômico, 2020. 20 3 INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO A Teoria Geral do Estado abrange um conjunto de ciências aplicadas à explicação do fenômeno estatal, destacando-se principalmente a Sociologia (Teoria Social do Estado), a Política (Teoria Política do Estado) e o Direito (Teoria Jurídica do Estado). (MALUF, 2018) Segundo é citado por Maluf (2018, p.22), há vários conceitos sobre o Estado: “O Estado é uma parte especial da humanidade considerada como unidade organizada” (John W. Burgess); “O Estado é uma sociedade de homens unidos para o fim de promover o seu interesse e segurança mútua, por meio da conjugação de todas as suas forças” (Thomaz M. Cooley); “O Estado é uma associação que, atuando através da lei promulgada por um governo investido, para esse fim, de poder coercitivo, mantém, dentro de uma comunidade territorialmente delimitada, as condições universais da ordem social” (R.M. Mac Iver). A respeito da estrutura do Estado, ele possui três elementos fundamentais: a população, o território e o governo. A condição de Estado perfeito, entende Maluf (2018, p.23), “pressupõe a presença concomitante e conjugada desses três elementos, revestidos de características essenciais: população homogênea, território certo e inalienável e governo independente.” 3.1. Livres mercados e intervenção estatal O Livre Mercado (Economia de Mercado ou Livre Iniciativa) é um modelo econômico associado ao liberalismo. A ideia é que o Estado intervenha o menos possível. Nele os mercados são defendidos e vistos como extensão da liberdade humana, como pode ser percebido no trecho do famoso livro de Adam Smith, A mão invisível: Assim, portanto, se removidos todos os sistemas de favorecimento ou de restrição, o óbvio e simples sistema de liberdade natural se estabelece por si mesmo. Cada homem, enquanto não infringir as leis da justiça, é deixado perfeitamente livre para perseguir seu próprio interesse a seu próprio modo, e a trazer tanto seu trabalho quanto seu capital para concorrer com os de qualquer outra pessoa ou categoria de pessoas. (SMITH, 2013, p.120) A entidade analisada intervém na economia, em nome do Estado, o que faz parte da sua natureza. No entanto, faz-se necessário que antes de se compreender como isso ocorre, entenda-se a motivação. Existe um porquê de ela intervir. E, 21 normalmente, é uma necessidade provocada pelo ambiente de livre mercado, conforme explica IORIO (2008, p.1): Um dos argumentos mais utilizados na tentativa de justificar o intervencionismo do Estado no processo de mercado é a alegação de que se tornam necessárias correções, por parte do poder público, das imperfeições e falhas apresentadas pela economia de livre mercado. Levando-se, portanto, em consideração que num ambiente de livre mercado nem sempre a economia flui como deveria, o Governo brasileiro, através do Banco Central, participa dos mercados financeiros, realizando, por exemplo, a compra e venda dos seus títulos. As transações no mercado de títulos revelam a “dupla personalidade” de atuação dos governos, ora como controlador das atividades econômicas em que é responsável, ora como suporte ao seu próprio funcionamento e manutenção, como ocorre com qualquer agente econômico. (DITTICIO, 2014, p.145) Um outro e recente exemplo de regulamentação econômica executada pelo Banco Central foi o limite de juros no cheque especial. Essa ação, justifica o BC, em matéria do jornal Valor Econômico: “cumprirá o papel normalmente exercido pela concorrência nos mercados em que ela funciona de forma satisfatória. Mitigará, ainda, as consequências da “hipossuficiência de consumidores de baixa escolaridade e com forte restrição ao crédito”. Figura 7 - Exemplo de regulamentação econômica Fonte: Valor Econômico, 2019 22 3.2. Serviços relacionados ao setor público e ao atendimento à sociedade Segundo a abordagem conceitual de Meirelles (2006, p.134): “Serviço é fundamentalmente diferente de um bem ou de um produto. Serviço é trabalho em processo, e não o resultado da ação do trabalho; por esta razão elementar, não se produz um serviço, e sim se presta um serviço” O serviço público, esclarece Schier (2015, p.2): deve ser compreendido como atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administradores, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público. Nesse contexto, há também alguns serviços considerados essenciais e que devem ser garantidos pelo Estado, como: assistência médica e hospitalar; funerários, distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; produçãoe distribuição de energia elétrica; tratamento e abastecimento de água; captação e tratamento de esgoto e lixo, entre outros. Esses e demais serviços podem ser verificados no artigo 10 da Lei 7783/89. 3.2.1 Facilidade de acesso a serviços Além de atuar na prestação de serviços econômicos à sociedade, o BC, como forma de descomplicar a vida do cidadão, oferece ferramentas e informações (de fácil acesso), as quais a instituição julga serem bastante úteis. Entre elas: • Aplicativos (Calculadora do Cidadão, Dinheiro Brasileiro, Câmbio Legal); • Ranking de Instituições por Índice de Reclamações; • Ranking do Valor Efetivo Total (VET) das operações de câmbio. 3.3. Políticas Macroeconômicas A Macroeconomia é entendida como o estudo mais amplo da economia que, de acordo com Garcia e Vasconcellos (2002, p. 83), é realizado através de análise determinística e comportamental de grandes agregados "(...) tais como: renda e 23 produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio". Dentro do estudo geral da economia, há as Políticas Macroeconômicas, que visam alcançar determinado objetivo, assim como demais políticas. Para garantir que isso se consolide, o governo utiliza-se da Política Cambial, Fiscal, Monetária, Comercial e de Renda. Como dito anteriormente, o BC é responsável pela Política Monetária e Cambial. Resumidamente, na Política Monetária, o Banco Central executa algumas medidas, tais como: colocar em circulação a moeda; receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; controlar as taxas de empréstimos em operações efetivadas com as instituições financeiras e fixar o valor da taxa Selic (a taxa de juros básica da economia). Sobre essa última, a lógica é a seguinte: Com taxas de juros mais baixas, os financiamentos ficam mais baratos. Empresas podem usar os recursos para fazer mais investimentos, por exemplo, e pessoas físicas podem se sentir mais encorajadas para tomar empréstimos ou fazer financiamentos imobiliários. A taxa de juros baixa é considerada “estimulativa”, ou seja, ajuda a induzir a atividade econômica. (Banco Central, 2019) “Para que as transações internacionais sejam viáveis, os preços nos diferentes países devem poder ser comparados, e deve haver formas de converter a moeda de um país na moeda de outro.” (LOPES; VASCONCELLOS, 2000, p.184). Assim, dessa relação de trocas de moedas entre nações surge a taxa de câmbio. Essa taxa é representada pelo preço de uma unidade de moeda estrangeira em moeda nacional. No caso do Brasil, a taxa de câmbio é expressada medindo-se quantos reais valem um dólar (por exemplo, o dólar custa R$ 5,31). Chamamos a relação entre quantidades de moeda de taxa de câmbio nominal. Dizemos que ocorreu uma valorização nominal de câmbio quando a moeda nacional ficou relativamente mais cara que a moeda estrangeira em termos monetários, ou seja, uma unidade de moeda nacional compra mais unidades de moeda estrangeira. (...) Já quando a moeda de um país passa a valer relativamente menos em comparação com uma moeda estrangeira, dizemos que ocorreu uma desvalorização nominal. (LOPES; VASCONCELLOS, 2000, p.185) Os principais tipos de regime cambial que determinam o valor da taxa nominal de câmbio são: o câmbio fixo e o câmbio flutuante. No que diz respeito ao câmbio fixo, o BC age estabelecendo o valor da taxa, e se comprometendo a comercializar moedas estrangeiras (divisas) a esse valor. "o 24 Banco Central deve possuir moeda estrangeira em quantidade suficiente para atender a uma situação de excesso de demanda por esta moeda (uma situação de déficit na Balança de Pagamentos)" (LOPES; VASCONCELLOS, 2000, p.186). Quanto ao regime de câmbio flutuante, é o mercado de câmbio (também chamado de mercado de divisas) que determina a taxa, portanto, o BC não tem obrigação de intervir. O Brasil segue esse regime desde 1999. As vantagens dele é a liberdade dada à política monetária, dessa forma, ela pode ser usada para outros propósitos; e o fato de a taxa ficar menos dependente das decisões governamentais. Com as turbulências atravessadas pelo país no final de 1998 e início de 1999, em janeiro deste ano o governo decidiu deixar o câmbio flutuar livremente. Após o período inicial de flutuação, em que as autoridades se ausentaram do mercado cambial, o governo se definiu pela adoção definitiva de um regime flexível, sem, contudo, abdicar de alguma atuação para tentar conter uma maior volatilidade, caracterizando um regime de “flutuação suja”. (DE MELO, 1999, p.76) Como visto acima, apesar do país adotar o regime de câmbio flutuante, o que ocorre de fato é chamado de “flutuação suja”, já que o BC mesmo não sendo, na teoria, obrigado a intervir, acaba fazendo isso em situações de necessidade. 25 4 DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Embora gramaticalmente parecidas, relação intrapessoal e interpessoal diferem em seus respectivos significados. Enquanto a primeira refere-se ao modo como as pessoas se comunicam com elas mesmas; a segunda, tem a ver com a maneira que os indivíduos se relacionam uns com os outros. Segundo Moscovici (2001, p. 35): Relações interpessoais e clima de grupo influenciam-se recíproca e circularmente, caracterizando um ambiente agradável e adverso, ou neutro e monótono [...]. A liderança e a participação eficaz em um grupo dependem essencialmente da competência interpessoal do líder e dos membros. O trabalho em equipe só terá expressão real e verdadeira se e quando os membros do grupo desenvolverem sua competência interpessoal, o que lhes permitirá alcançar a tão desejada e propalada sinergia, em seus esforços colaborativos, para obter muito mais que a simples soma das competências técnicas individuais como resultado conjunto do grupo. Pode-se notar, portanto, que no meio organizacional, é de grande importância o relacionamento interpessoal, pois uma boa convivência entre colegas, por mínima que seja (um cumprimento, por exemplo), ou ser capaz de sentir empatia por seu companheiro de trabalho no momento de necessidade, contribui para tornar o ambiente menos estressante e mais produtivo. 4.1. A liderança e como ela é abordada na instituição “Liderança é o processo de dirigir o comportamento das pessoas em direção ao alcance de alguns objetivos. Dirigir, nesse caso, significa levar as pessoas a agir de certa maneira ou seguir um curso particular de ação” (CHIAVENATO, 2010, p. 353) Ainda de acordo com Chiavenato (2012, p.172), existem três tipos de liderança: a autocrática, a liberal e a democrática: A primeira caracteriza-se pela condução coercitiva e impositiva das pessoas: o líder dá ordens e espera o seu cumprimento. A segunda caracteriza-se pela extrema liberalidade com relação às pessoas: o líder apenas sugere e não tem qualquer ascendência sobre as pessoas. A primeira é uma liderança extremamente dura, enquanto a segunda é uma liderança apagada, sem força. Na primeira, as pessoas são coagidas a fazer alguma coisa, enquanto na segunda as pessoas simplesmente fazem o que querem, sem nenhuma ação de coordenação do líder. O ideal é a terceira opção, a liderança democrática, na qual o líder expõe a situação e os objetivos pretendidos, delineia as alternativas e discute com a equipe os melhores cursos de ação. Os subordinados têm, então, plenas condições de participar ativamente nas 26 decisões a respeito do seu trabalho, mas dentro da panorâmica traçada pelo líder. Pode-se dizer que não há um tipo de liderança ideal, visto que o melhor estilo numa determinada situação não necessariamente será o mais adequado em outra. Tudo vai depender de uma série de fatores. Cada estilo pode ser eficaz ao seu modo, nas circunstâncias em que se encontra, cabendo à chefia fazer uma análise minuciosa e colocar em prática a que julgar maisadequada ao seu contexto. Não foram encontradas informações sobre o tipo de liderança que o Presidente do Banco Central exerce. Contudo, o histórico dele em outras entidades dá indícios de uma possível liderança democrática: Colegas que trabalharam com Campos Neto durante seus dez anos no Santander disseram que ele era um negociador habilidoso, com uma abordagem flexível que o ajudava a construir relacionamentos duradouros não apenas com seus superiores no banco, mas também com sua equipe e clientes. Eles disseram que ele criava um ambiente calmo e relaxado enquanto servia como mentor para seus colegas, se diferenciando de outros executivos do banco com estilo de gestão que às vezes promovia a humilhação de subordinados. (UOL, 2019) Além disso, conforme registrado no RIG de 2019 do BC, no que diz respeito ao tópico de liderança, foram realizados cursos e palestras para líderes de equipe e táticos; assim como desenvolvidas turmas de workshop para líderes estratégicos; e também a formação de equipes com a participação de servidores gerais. Foram, ainda, adquiridos livros especializados em temas de liderança, ficando à disposição para os servidores na biblioteca da entidade. 4.2. A administração de conflitos Chiavenato (2010, p.455) entende que: “As pessoas nunca têm objetivos e interesses idênticos. As diferenças de objetivos e interesses pessoais sempre produzem alguma espécie de conflito”. E Berg (2012, p.28) complementa ao dizer “que o conflito na atualidade é sempre evidente e não há como evita-lo. Porém, saber lidar com ele, é essencial tanto para o sucesso pessoal quanto para o profissional”. Normalmente quando se escuta falar em “conflitos” nos telejornais, a palavra é associada a guerra, revolta. Não que esteja errada a associação, porém, conflitos podem ocorrer em qualquer contexto, desde que haja ausência de entendimento, oposição, choque de interesses, disputa de ideias, e mais de uma pessoa envolvida. É importante entender, contudo, que conflito é algo natural da convivência humana. 27 De acordo com o que consta no RIG de 2019, há no BC ações voltadas à prevenção e à gestão de conflitos, que segundo a autarquia têm como foco esclarecer dúvidas sobre esses assuntos “(...) ajudando a prevenir comportamentos nas relações interpessoais que afetem o clima, a produtividade, a saúde e o bem-estar no trabalho.” Para tanto, é oferecida uma “Oficina de Comunicação Não Violenta” aos gestores no intuito de trabalhar a questão da comunicação gerencial. A cada dois anos também, na entidade, é feita uma pesquisa de clima organizacional. A última edição, divulgada em 2019, mostrou melhoria expressiva do clima por parte dos servidores, destacando-se, por exemplo, os seguintes pontos: “Mobilidade e comissionamento”, “Gestão do trabalho da equipe” e “Atuação gerencial”. Porém, “Carreira”, “Comunicação gerencial”, “Adequação da força de trabalho”, “Programa de Assistência à Saúde dos Servidores do Banco Central” e “Programa de Gestão” aparecem como áreas que sinalizam merecer maiores cuidados. (Banco Central, 2019). 28 5 CONCLUSÃO Mediante esse projeto foi possível perceber a importância de aplicar conceitos estudados, nas disciplinas do período, à realidade. O PIM proporcionou uma maior fixação dos conteúdos vistos nas aulas, facilitando um maior entendimento e um conhecimento mais amplo. Essa experiência prática torna o curso mais atrativo, à medida que estimula o aluno a enxergar o quanto a Gestão Pública é importante e necessária. Além de cumprir seu papel de regulação econômica do país, a autarquia analisada tem buscado melhorar em alguns aspectos: como atender com mais qualidade a sociedade, facilitando o acesso a seus serviços. Quanto aos recursos humanos, tem se preocupado em capacitar seus servidores e incentivar a criação de equipes de trabalho. No mais, tem priorizado causas voltadas à sustentabilidade e inovações referentes à tecnologia. Há pontos, no entanto, que merecem uma maior atenção, como no que diz respeito a alguns tópicos avaliados na pesquisa de clima organizacional, à administração de conflitos, à falta de informações mais detalhadas sobre o tipo de liderança utilizada pelo presidente, bem como, à opinião dos colaboradores sobre a nova gestão. 29 REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020. Relatório Integrado 2019. Disponível https://www.bcb.gov.br/publicacoes/relatoriointegrado2019. Acesso em: 10 out. 2020. BC já gastou US$ 23,4 bi desde março em intervenções para conter dólar. 29 out. 2020. Brasil Econômico. Disponível em: https://economia.ig.com.br/2020-10-29/bc- ja-gastou-us-234-bi-desde-marco-em-intervencoes-para-conter-dolar.html. Acesso em: 28 nov. 2020. BERG, Ernesto Artur. 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