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Distúrbios Imunológicos Prof.: Daniela Pontes Introdução • Nem todas as respostas dos sistema imunológico produzem um resultado desejável, como a imunidade à doença. • Às vezes, as reações do sistema imunológico são nocivas ou o sistema não funciona adequadamente. DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS Introdução • Exemplos de reações nocivas do sistema imunológico: - Febre do feno: resulta da exposição repetida ao pólen de plantas. - Rejeição de uma transfusão de sangue e de órgão transplantado: caso o doador não seja compatível com o receptor. - Doenças autoimunes. O sistema imunológico identifica as células doadas como estranhas, atacando-as. Introdução • Exemplos de funcionamento inadequado do sistema imunológico: - Quando um patógeno causa doença se uma vacina ou doença prévia falham em fornecer imunidade. - Câncer: indicação de falha menos aparente. Introdução • Algumas pessoas já nascem com o sistema imunológico defeituoso. • A efetividade do sistema imunológico diminui com a idade. • Muitas pessoas têm seus sistemas imunológicos deliberadamente bloqueados (imunodeprimidos) para minimizar o potencial de rejeição de órgãos transplantados. • Algumas pessoas sofrem os efeitos do HIV, que ataca o sistema imunológico. HIPERSENSIBILIDADE Hipersensibilidade Refere-se a uma resposta antigênica maior do que aquela considerada normal. • Alergia: sinônimo de hipersensibilidade. • As respostas de hipersensibilidade ocorrem em indivíduos que foram sensibilizados por uma exposição prévia a um antígeno (alérgeno). Quando um indivíduo que já havia sido sensibilizado antes é exposto àquele antígeno novamente, seu sistema imunológico reage ao mesmo de modo prejudicial. Hipersensibilidade • Tipos: - Reações Tipo I (Anafiláticas) - Reações Tipo II (Citotóxicas) - Reações Tipo III (Imunocomplexos) - Reações Tipo IV (Mediadas por Células) Hipersensibilidade Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas): • Frequentemente ocorrem de 2 a 30 minutos após uma pessoa sensibilizada a um antígeno ser exposta novamente a ele. • Também chamadas de reações de hipersensibilidade imediata. • Anafilaxia: termo para as reações causadas quando certos antígenos se combinam com anticorpos IgE. Significa “o oposto de protegido”, do prefixo ana-, contra, e do termo grego filaxis, proteção. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas): • Tipos: - Reações sistêmicas: produzem choque e dificuldade de respirar e algumas vezes são fatais. - Reações localizadas: incluem condições alérgicas comuns como a febre do feno, a asma e a urticária. * Urticária: áreas cutâneas levemente inchadas, que frequentemente dão coceira e são avermelhadas. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas): Os anticorpos IgE produzidos em resposta a um antígeno ligam-se às superfícies de células como os mastócitos e os basófilos. Ex.: o veneno de um inseto ou o pólen de uma planta. Prevalentes no tecido conjuntivo da pele e do trato respiratório e nos vasos sanguíneos circundantes. Circulam na corrente sanguínea. Constituem menos de 1% dos leucócitos. Ambos estão cheios de grânulos contendo uma variedade de substâncias químicas denominadas mediadores. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – O mecanismo da anafilaxia: A IgE e um antígeno interagem para causar as reações alérgicas comuns. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Mediadores: • Causam os efeitos desagradáveis e nocivos de uma reação alérgica. • Servem como agentes quimiotáticos que, em algumas horas, atraem os neutrófilos e os eosinófilos ao local da célula degranulada. • O mais conhecido é a histamina. Então, ativam vários fatores que causam sintomas inflamatórios: dilatação dos capilares, edema, secreção aumentada de muco e contrações involuntárias de músculos lisos. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Tipos de Mediadores: • Histamina: • Leucotrienos: • Prostaglandinas: Aumenta permeabilidade e a dilatação dos capilares sanguíneos, resultando em edema e eritema; além de aumento da secreção de muco (coriza, por ex.) e da contração muscular lisa, que resulta em dificuldade para respirar nos brônquios respiratórios. Tendem a causar contrações prolongadas de certos músculos lisos, contribuindo para os espasmos dos brônquios que ocorrem durantes as crises asmáticas. Afetam o músculo liso do sistema respiratório e causam aumento da secreção de muco. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Anafilaxia Sistêmica: • Sinônimo: choque anafilático. • Pode ocorrer quando um indivíduo sensibilizado a um antígeno é exposto a ele novamente. • Os Ag’s injetados têm maior probabilidade de causar uma resposta dramática que os Ag’s introduzidos por outras portas de entrada. Liberação de mediadores Dilatação de vasos sanguíneos periféricos ↓ Pressão arterial (Choque) Choque: qualquer perda de pressão arterial com risco de vida. * Essa reação pode ser fatal dentro de poucos minutos. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Anafilaxia Localizada: • Geralmente associada a Ag’s ingeridos (alimentos) ou inalados (pólen). Leite de vaca Ovos Nozes Soja Trigo Peixes Amendoim Mariscos Grãos de pólen Ácaro Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Anafilaxia Localizada: • Nas alergias envolvendo o sistema respiratório superior (rinite alérgica), a reexposição ao Ag transmitido pelo ar pode ocorrer por meio de um material ambiental comum: - Pólen de plantas, - Esporos fúngicos, - Fezes de ácaros domésticos, - Pelos de animais. Trigo Sintomas típicos: - Olhos lacrimejantes e coçando, - Passagens nasais congestionadas, - Tosse, - Espirros. Hipersensibilidade Reações Tipo I (Anafiláticas) – Anafilaxia Localizada: • A asma é uma reação alérgica que afeta principalmente o sistema respiratório inferior. Trigo Sintomas típicos: sibilos e dispneia. Causados pela constrição dos músculos lisos nos brônquios. Hipersensibilidade Reações Tipo II (Citotóxicas): • Geralmente envolvem a ativação do complemento pela combinação de IgG ou IgM com uma célula antigênica. • As reações mais familiares são as reações transfusionais: Estimula o complemento a causar lise da célula afetada. Sistemas de grupos sanguíneos ABO e Rh. Dirigidas contra Ag’s localizados na superfície das células ou tecidos. Hipersensibilidade Reações Tipo II (Citotóxicas): Sistema ABO Hipersensibilidade Reações Tipo II (Citotóxicas): Sistema ABO Hipersensibilidade Reações Tipo II (Citotóxicas): Fator Rh Hipersensibilidade Reações Tipo II (Citotóxicas): Fator Rh Hipersensibilidade Reações Tipo III (Imunocomplexos): • Envolvem Ac’s contra Ag’s solúveis no soro. (Diferentes do tipo II que são dirigidas contra Ag’s localizados na superfície das células ou tecidos.) • Os complexos Ag-Ac são depositados nos órgãos e causam lesão inflamatória. • Os Ac’s envolvidos são geralmente IgG. • Glomerulonefrite é uma condição do imunocomplexo que causa danos inflamatórios aos glomérulos do rim, que são sítios de filtragem sanguínea. * Imunocomplexo: agregado antígeno-anticorpo circulante, capaz de fixar o complemento. * Fixação do complemento: processo em que o complemento se combina a um complexo Ag-Ac. Hipersensibilidade Reações Tipo III (Imunocomplexos): Hipersensibilidade Reações TipoIV (Mediadas por Células): • Envolvem respostas imunológicas mediadas por células e são causadas principalmente por células T. • Após um indivíduo sensibilizado ser exposto novamente a um Ag, as reações tardias ocorrem dentro de um dia ou mais. • Ocorre ativação de células T, que liberam citocinas. As citocinas contribuem para a reação inflamatória ao Ag estranho, atraindo macrófagos ao local e ativando-os. • Também chamadas de reações de hipersensibilidade tardia. (Tempo necessário para as células T e macrófagos participantes migrarem e se acumularem junto aos Ag’s estranhos.) Hipersensibilidade Reações Tipo IV (Mediadas por Células): Dermatite de contato alérgica • Geralmente causada por haptenos que se combinam com as proteínas na pele para produzir uma resposta imunológica. • Exemplos: reações à hera venenosa, aos cosméticos, ao látex e aos metais em bijuterias (principalmente níquel). O desenvolvimento de uma alergia (dermatite de contato alérgica) aos catecóis da planta hera venenosa. O pentadecacatenol é uma mistura de catecóis, que são óleos secretados pela planta e que dissolvem facilmente nos óleos da pele e a penetram. Na pele, os catecóis atuam como haptenos, isto é, eles se combinam com as proteínas da pele para se tornarem antigênicos e provocar respostas imunológicas. O primeiro contato com a hera venenosa sensibiliza a pessoa suscetível, e a exposição subsequente resulta em dermatite de contato (mostrada acima na foto de um braço). DOENÇAS AUTOIMUNES Doenças Autoimunes • Ocorrem quando a ação do sistema imunológico ocorre em resposta a auto-antígenos e causa lesão aos próprios órgãos da pessoa. • Ocorrem quando existe uma perda da autotolerância, a capacidade do sistema imunológico diferenciar o próprio (self) do estranho (nonself). • São relativamente raras, atingindo cerca de 5% da população de países desenvolvidos. Cerca de 75% dos casos afetam mulheres. Doenças Autoimunes • Tipos: - Autoimunidade Tipo I - Reações autoimunes Tipo II (Citotóxicas) - Reações autoimunes Tipo III (Imunocomplexos) - Reações autoimunes Tipo IV (Mediadas por Células) Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo I: • Envolve anticorpos que atacam o self. • Ex.: O vírus da hepatite C pode ser responsável pela hepatite autoimune. Podem ser produzidos em resposta a um agente infeccioso, como um vírus. As semelhanças sequenciais entre proteínas self e virais podem resultar nos Ac’s atacando as células self. Doença inflamatória do fígado muito semelhante a outras inflamações hepáticas. Observa-se hipergamaglobulinemia e presença de auto-anticorpos de diferentes especificidades. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo II (Citotóxicas): • Exemplos: - Doença de Graves - Miastenia grave Envolvem reações de Ac’s contra Ag’s da superfície da célula, embora não exista destruição citotóxica das células. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo II (Citotóxicas): • Exemplos: - Doença de Graves Causada por Ac’s denominados estimulantes da tireoide de ação longa, que se fixam a receptores nas células da glândula (células-alvo normais do TSH, produzido pela hipófise). A tireoide é estimulada a produzir quantidades aumentadas de hormônios tireoideanos, tornando-se aumentada. Sintomas: bócio e exoftalmia. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo II (Citotóxicas): • Exemplos: - Miastenia grave Doença em que os músculos ficam progressivamente mais fracos. Causada por Ac’s que recobrem os receptores de acetilcolina nas junções em que os impulsos nervosos atingem os músculos. Sintomas: fraqueza muscular, falta de ar, cansaço excessivo, dificuldade para mastigar e engolir, visão dupla e pálpebras caídas. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo III (Imunocomplexos): • Exemplos: - Lupus Eritematoso Sistêmico - Artrite Reumatoide Envolvem reações com imunocomplexos. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo III (Imunocomplexos): • Lupus Eritematoso Sistêmico Doença autoimune sistêmica, envolvendo reações de imunocomplexos, que afeta principalmente as mulheres. Os indivíduos afetados produzem Ac’s dirigidos a componentes de suas próprias células, incluindo o DNA, que provavelmente é liberado durante a degradação normal dos tecidos, especialmente da pele. Os efeitos mais lesivos resultam de depósitos de imunocomplexos nos glomérulos renais. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo III (Imunocomplexos): • Artrite Reumatoide Doença em que imunocomplexos de IgM, IgG e complemento são depositados nas articulações. Imunocomplexos denominados fatores reumatoides podem ser formados pela ligação da IgM à região Fc da IgG normal. A inflamação crônica causada por essa deposição acaba levando à lesão grave da cartilagem e do osso articular. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo IV (Mediadas por Células): • Exemplos: - Esclerose múltipla - Tireoidite de Hashimoto - Diabete melito insulino-dependente Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo IV (Mediadas por Células): • Esclerose múltipla Doença neurológica em que as células T e os macrófagos atacam a bainha de mielina dos nervos. A progressão da doença é lenta, medida ao longo de muitos anos. Sintomas: fraqueza e paralisia severa. Stephen Hawking Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo IV (Mediadas por Células): • Tireoidite de Hashimoto Hipotireoidismo auto-imune que resulta da destruição da glândula tireoide, principalmente por células T. Ocorre queda nos níveis de T3 e T4, com aumento de TSH na tentativa de recompensar. Acomete mais mulheres que homens (4 a 7 vezes mais) de 30 a 50 anos. Sintomas: cansaço; pele seca e fria; prisão de ventre; mixedema (edema duro no pescoço); diminuição do apetite; sonolência; ganho de peso. Doenças Autoimunes Autoimunidade Tipo IV (Mediadas por Células): • Diabete melito insulino-dependente Também conhecida como diabete tipo I. Condição causada pela destruição imunológica das células secretoras de insulina do pâncreas (células beta); as células T estão envolvidas na doença. Sintomas: poliúria (aumento do volume urinário); polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos); polifagia (apetite aumentado); fadiga; perda de peso (apesar de muitas vezes aumentar o apetite). IMUNODEFICIÊNCIAS Imunodeficiências • Imunodeficiência: ausência de resposta imunológica suficiente. • Podem ser: - Congênitas: algumas pessoas nascem com o sistema imunológico defeituoso por defeitos ou ausências de uma série de genes hereditários. Ex.: Síndrome de DiGeorge – indivíduos com ausência do timo e, assim, não possuem imunidade mediada por células. - Adquiridas: podem ser causadas por drogas, cânceres ou agentes infecciosos. Ex.: AIDS. AIDS • AIDS: Acquired ImmunoDeficiency Syndrome • HIV: Agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). Causa uma doença crônica progressiva que pode levar à destruição do sistema imunológico. http://www.aids.gov.br/publicacao/boletim-epidemiologico-2010 http://www.aids.gov.br/publicacao/boletim-epidemiologico-2010 HIV: • Família Retroviridae, gênero Lentivirus. • Dois tipos de vírus: - HIV-1: mais virulento e mais disseminado pelo mundo; apresenta 9 subtipos (A, B, C, D, F, G, H, J e K). - HIV-2: menos patogênico e é encontrado, quase que exclusivamente, no oeste da África; possui 5 subtipos (A- E). AIDS Estrutura do HIV: AIDS • Infectividade: - Principais alvos da infecção por HIV: Células T auxiliares e seus precursores na medula óssea e no timo Monócitos e macrófagos Eosinófilos Células dendríticas e micróglias do SNC Possuem receptores CD4 AIDS Biossíntese do HIV. 1 – adsorção ao receptor CD4 e ao co-receptor CCR5 e CXCR4; 2 – fusão; 3 – penetração e desnudamento; 4 – transcrição reversa; 5 – integração; 6 – transcrição; 7 – tradução; 8 – replicação; 9 – montagem; 10 – brotamento; 11 – vírus imaturo; 12 – maturação (vírus infeccioso). • Infectividade: - Proteção do HIV ao sistema imunológico: Se transforma num provírus dentro da célula. Ocorre fusão de uma célula infectada com uma adjacente não-infectada, permitindo a passagem do vírus de uma para outra. Sofre rápidas alterações antigênicas através de mutações. AIDS • Transmissão: - Por relações sexuais; - Por uso de drogas injetáveis; - Vertical (da mãe para o filho durante a gestação, parto ou aleitamento); - Por transfusão de sangue ou produtos sanguíneos contaminados; - Ocupacional. AIDS • Prevenção e controle: - Esclarecimento à população (formas de transmissão e maneiras de proteção); - Incentivo ao uso de preservativos; - Esclarecimentos sobre o uso de agulhas e seringas descartáveis; - Controle do sangue e hemoderivados; - Adoção de cuidados na exposição ocupacional; - Tratamento de outras DSTs que podem facilitar a infecção por HIV. AIDS • Tratamento: - Terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART – highly active antiretroviral therapy) Redução da carga viral para um nível indetectável Diminuição da morbidade e mortalidade em pacientes infectados AIDS Bibliografia • TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. • NEVES, C.; ALVES, M.; DELGADO, J. L.; MEDINA, J. L. Doença de Graves. Arquivos de Medicina. Vol. 22, Nº 4/5, 2008. • EINSTEIN SAÚDE. Miastenia gravis, a doença da fraqueza. Albert Einstein – Sociedade Beneficente Israelita Brasileira, 2013. Disponível em: http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina- einstein/Paginas/miastenia-gravis-a-doenca-da-fraqueza.aspx. Acesso em 17 nov. 2014, 15:00:50. • SANTOS, N. S. O.; ROMANOS, M. T. V.; WIGG, M. D. Introdução à Virologia Humana. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
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