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Cap´ıtulo 6 Condutores 6.1 Breve Introduc¸a˜o Em um mau condutor, como vidro ou borracha, cada ele´tron esta´ preso a um particular a´tomo. Num condutor meta´lico, de forma diferente, um ou mais ele´trons por a´tomo na˜o possuem restric¸o˜es quanto a movimentac¸a˜o atrave´s do material. Eles esta˜o livres para estar na parte do condutor que desejarem. ( Em condutores l´ıquidos, como a a´gua com cloreto de so´dio, a´gua com sal de cozinha, sa˜o os ı´ons que fazem esse movimento. Um condutor perfeito poderia ser um material que possu´ısse a proprie- dade de ser uma fonte ilimitada de cargas livres. Na vida real, na˜o existem condutores perfeitos, mas muitas substaˆncias esta˜o muito pro´ximas de ser. A partir dessa pequena definic¸a˜o, pode-se descobrir algumas propriedades eletrosta´ticas de condutores ideais. Elas sera˜o listadas logo abaixo. 6.2 Propriedades dos Condutores Essas propriedades esta˜o relacionadas com condutores em equil´ıbrio ele- trosta´tico, ou seja, quando na˜o ha´ movimento ordenado de cargas ele´tricas no seu interior e na sua superf´ıcie. Seus ele´trons livres encontram-se em 85 86 CAPI´TULO 6. CONDUTORES movimento aleato´rio. Propriedade 1 (Propriedade Ba´sica). Um condutor e´ um so´lido que possui muitos ele´trons livres. Os ele´trons podem se deslocar no interior da mate´ria, mas na˜o deixar a superf´ıcie. Propriedade 2. O Campo ele´trico dentro do condutor em equil´ıbrio eletrosta´tico e´ nulo. ( E = 0 dentro do condutor ) Se tivesse campo dentro do condutor os ele´trons iriam se mover e na˜o es- tariam na situac¸a˜o eletrosta´tica. Quando colocamos um condutor na presenc¸a de um campo externo as cargas dentro do condutor tendera˜o a se distribuir de forma que o campo no interior do condutor cancele o campo externo. Figura 6.1 Propriedade 3. A densidade volume´trica de carga dentro do con- dutor e´ zero.( ρ = 0 dentro do condutor ) �∇ · �E = ρ ε0 , se �E = 0→ ρ = 0, no interior do condutor na˜o ha´ cargas. Propriedade 4. As cargas ficam localizadas na superf´ıcie do con- dutor. Propriedade 5. O condutor e´ uma equipotencial. Se �E = 0 dentro do condutor, enta˜o �E = −�∇V Propriedade 6. �E e´ perpendicular a` superf´ıcie. Se tivesse uma componente paralela a carga se moveria. Como, E = 0,� �E · d�l = 0→ Va = Vb. 6.3. CARGA INDUZIDA 87 Figura 6.2 Propriedade 7. Vimos que a descontinuidade de E era ?/?0. Como Edentro = 0, enta˜o o campo imediatamente fora e´ proporcional a` densidade de carga local. �E = σ ε0 nˆ Em termos de potencial: σ = ε0 � −∂V ∂n � Observac¸a˜o 6.1. Esta equac¸a˜o permite calcular a densidade de carga super- ficial de um condutor. 6.3 Carga Induzida Um condutor e´ um so´lido que possui muitos ele´trons livres. Os ele´trons podem se deslocar livremente. Quando se aproxima uma carga ele´trica de um condutor carregado eletricamente, devido as fenoˆmenos de atrac¸a˜o e re- pulsa˜o eletrosta´ticas, observa-se uma nova distribuic¸a˜o das cargas ele´tricas no condutor. A figura abaixo exemplifica o processo: 6.3.1 O campo numa cavidade de um condutor Consideremos um condutor com uma cavidade vazia de forma arbitra´ria. Consideremos uma superf´ıcie gaussiana S. Em todo ponto de S temos que E = 0 (campo dentro do condutor = 0). Enta˜o o fluxo atrave´s de S = 0, logo a carga total dentro de S e´ zero. 88 CAPI´TULO 6. CONDUTORES Figura 6.3 Figura 6.4 Mas se a carga total e´ igual a zero, poder´ıamos dizer que ha´ igual quan- tidade de cargas positivas e negativas, havendo, assim, a presenc¸a de um campo ele´trico. Se tive´ssemos esta situac¸a˜o, � Γ �E · d�l �= 0, o que na˜o pode ser. Portanto, na˜o pode haver campo dentro da cavidade, nem cargas na superf´ıcie interna. Nenhuma distribuic¸a˜o esta´tica de cargas externas pode produzir campo no interior do condutor. Agora vamos considerar uma cavidade com uma carga q dentro dela. Teremos cargas induzidas na superf´ıcie interna, afim de cancelar o campo dentro do condutor ( Edentro = 0 ), Trac¸ando uma gaussiana S que conte´m a cavidade, percebe-se que o fluxo nessa gaussiana e´ zero, pore´m, 6.3. CARGA INDUZIDA 89 Figura 6.5 Figura 6.6 trac¸ando-se outra gaussiana, contida na cavidade, percebe-se que o campo na cavidade na˜o e´ zero. Fato Importante: Campo dentro do condutor e´ zero! A cavidade e seu conteu´do esta˜o eletricamente isolados do mundo ex- terno ao condutor. Nenhum campo externo penetra no condutor. Ele sera´ cancelado pela carga induzida na superf´ıcie externa ( da mesma forma que a cavidade vazia ). A cavidade esta´ isolada do mundo externo ao condutor. Exemplo 6.1. Uma esfera condutora neutra centrada na origem possui uma cavidade de formato desconhecido. Dentro da cavidade ha´ uma carga q. Qual e´ o campo fora? Havera´ dependeˆncia com a forma da cavidade? Resoluc¸a˜o. A carga +q induzida, por sua vez, na superf´ıcie externa ira´ se 90 CAPI´TULO 6. CONDUTORES Figura 6.7 distribuir uniformemente na superf´ıcie da esfera. (a influeˆncia assime´trica da carga +q interna foi cancelada pela carga -q induzida na superf´ıcie interna). O campo externo sera´ igual ao produzido pela superf´ıcie esfe´rica carregada com carga +q. �E = q 4πε0r2 rˆ O condutor, dessa forma, cria uma barreira, na˜o deixando passar ne- nhuma informac¸a˜o sobre como e´ a cavidade, revelando somente a carga total que a mesma possui. 6.4 Me´todo das Imagens Suponha uma carga q a uma distaˆncia d de um plano condutor aterrado. Pergunta: Qual e´ o potencial na regia˜o acima do plano? Na˜o e´ so´ q 4πε0r , pois havera´ carga induzida no plano condutor e na˜o sabemos quanta carga e´ induzida e como ela esta´ distribu´ıda. Outra situac¸~ao: : Carga e uma esfera condutora. 6.4. ME´TODO DAS IMAGENS 91 Figura 6.8 Figura 6.9 Antes de atacarmos este problema vamos recordar um problema muito mais simples que ja´ estudamos: duas cargas +q e -q ; e A e B superf´ıcies equipotenciais. Figura 6.10 Considere a superf´ıcie equipotencial A. Suponha que pegamos uma folha fina de metal da forma desta superf´ıcie. Se a colocarmos exatamente no lugar da superf´ıcie equipotencial e ajustamos o seu potencial a um valor 92 CAPI´TULO 6. CONDUTORES apropriado de forma que nada mudasse, no´s na˜o dar´ıamos conta de que a superf´ıcie meta´lica estaria ali. Ter´ıamos a soluc¸a˜o do novo problema: Figura 6.11 O campo no exterior ao condutor e´ exatamente o mesmo campo de duas cargas pontuais! Dentro �E = 0 e �E e´ perpendicular a` superf´ıcie. Enta˜o, para calcularmos os campos das situac¸o˜es discutidas, basta calcu- lar o campo devido a` uma carga q e uma carga -q imagina´ria localizada em um ponto apropriado. Caso mais simples: 6.4.1 Carga e o Plano Condutor Aterrado Figura 6.12 V (x, y, z) = 1 4πεo q� x2 + (y − d)2 + z2 � 1 2 − q� x2 + (y + d)2 + z2 � 1 2 6.4. ME´TODO DAS IMAGENS 93 Figura 6.13 , para y ≥ 0. Condic¸a˜o de contorno V (x, 0, z) = 0 V → 0parar˜→∞ 6.4.2 Densidade De Carga Induzida Na Superf´ıcie Do Plano σ = −εo ∂V ∂n = −εo ∂V ∂y ���� y=0 σ (x, y, z) = − εoq 4πεo ∂ ∂y 1� x2 + (y − d)2 + z2 � 1 2 − 1� x2 + (y + d)2 + z2 � 1 2 ������ y=0 σ (x, y, z) = − q 4π 2 (y − d) � −1 2 � � x2 + (y − d)2 + z2 � 3 2 − 2 (y + d) � −1 2 � � x2 + (y + d)2 + z2 � 3 2 ������ y=0 σ (x, y, z) = − q 2π d (x2 + d2 + z2) 3 2 94 CAPI´TULO 6. CONDUTORES ⇒ σ e´ negativa como esperado. A carga total induzida Qinduzida = � σds = −ε0k2qd � ds (x2 + y2 + z2) 3 2 x2 + z2 = d2 ds = rdθdr Qinduzida = −ε0k2qd ∞�0 2π� 0 rdθdr (r2 + d2) 3 2 Qinduzida = −ε0kqd2π ∞� d2 du (u) 3 2 = −ε0kqd 4πε0 2π � 2 d � = −q r2 + d2 = u du = 2rdr A carga q e´ atra´ıda pelo plano, pois ha´ carga negativa induzida. Forc¸a de atrac¸a˜o �F = − q 2 4πεo(2d) 2 jˆ No´s assumimos tudo igual ao sistema de duas cargas, mas cuidado, nem tudo e´ igual. A energia: U = 1 2 � E2dv Uduascargas = − 1 4πεo q2 2d 6.5. PODER DAS PONTAS 95 Ucargaeplanocondutor = − 1 8πεo q2 2d que e´ a metade. Por que? Somente a regia˜o de y¿0 possui E �= 0 A integral U = 1 2 ∞� 0 E2dv = 1 2 1 2 ∞� −∞ E2dv Tudo isso foi poss´ıvel, pois: Dado uma configurac¸a˜o de condic¸o˜es de contorno, a soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Laplace e´ u´nica, de modo que, se algue´m obtiver uma soluc¸a˜o V (x, y, z) por qualquer meio e se este V satisfizer todas as condic¸o˜es de contorno, ter-se-a´ encontrado enta˜o uma soluc¸a˜o completa do problema. 6.5 Poder das Pontas Figura 6.14 Figura 6.15 VAα Q�A RA VBα Q�B RB 96 CAPI´TULO 6. CONDUTORES VA = VB ⇒ Q�A RA = Q�B RB Q�A RA = 4πR2Aσ � A RA = 4πR2Bσ � B RB ⇒ RAσ � A = RBσ � B ⇒ σ�A σ�B = RB RA ⇒ σ�A = RB RA σ�B 6.6 Carga Na Superf´ıcie e Forc¸a Em UmCon- dutor Ja´ vimos que �E = σ εo nˆ (Campo externo ) e vimos que σ = −εo ∂V ∂n . Na presenc¸a de um campo ele´trico, uma superf´ıcie carregada ira´ sentir uma forc¸a. ⇒ Forc¸a por unidade de a´rea �f = σ �E. Mas temos um problema: o campo e´ descont´ınuo na superf´ıcie. Qual devo usar: �Eacima, �Eabaixo Resposta: Voceˆ deve usar a me´dia dos dois: �f = σ �Emedia = 1 2 σ � �Eacima + �Eabaixo �
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