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CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA CÁLCULO DA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA NBR 15220/2005 CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA PARTE 1 INTRODUÇÃO CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA Se imaginarmos dois objetos com mesmo material e com um mesmo fluxo de calor, a condução de calor ocorrerá de modo mais rápido no objeto com menor dimensão no sentido do fluxo, ou seja, aquele que possuir menor espessura. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA MATERIAIS IGUAIS Q Q Se imaginarmos dois objetos com material diferentes e com um mesmo fluxo de calor, a condução de calor dependerá do tipo de material. Para saber em que objeto a condução ocorrerá de modo mais rápido, precisamos saber quais são os materiais. A característica dos materiais que está ligada a condução de calor é a condutividade. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA MATERIAIS DIFERENTES Q Q A condutividade é a característica que indica se um material conduz mais ou menos calor. Quanto maior o valor da condutividade mais condutor é esse material, e mais fácil o calor atravessa o elemento construtivo. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA CONDUTIVIDADE CERÂMICA ARGAMASSA CONCRETO GRANITO BRITA MANTA ASFÁLTICA MADEIRA MDF GESSO EPS LÃ DE ROCHA ALUMÍNIO λ (W/m.k) 0,90 1,15 1,75 3,00 0,70 0,23 0,23 0,20 0,35 0,035 0,045 230 Quanto maior o valor da condutividade, mais condutor é o material. Quanto menor o valor da condutividade, menos condutor é o material. Fonte: NBR 15220/2005 Se foi visto que tanto a espessura quanto a condutividade afetam a capacidade que um determinado objeto tem de resistir a passagem de calor, podemos associar essas duas características em um só valor: a resistência térmica. A resistência térmica é capacidade de um objeto de resistir a passagem do calor. Quanto maior seu valor, mais resistente ele será. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA RESISTÊNCIA TÉRMICA (R) ESPESSURA (e) CONDUTIVIDADE (λ) R = e λ Quando temos um elemento em que fluxo de calor atravessa materiais diferentes e consecutivos, dizemos que ele possui mais de uma camada. No exemplo acima, o elemento possui três camadas, e para cada camada, teremos espessuras e condutividades diferentes para cada uma. Por isso podemos afirmar que serão três valores de resistência térmica diferentes. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA EXTERIOR PAREDE INTERIOR CAMADA 1 CAMADA 2 CAMADA 3 Q R1 R2 R3 Sendo assim, podemos afirmar que a resistência térmica do elemento é a soma de todas as resistências de todas as camadas, independente do número, já que o fluxo de calor deverá atravessar todas elas, uma de cada vez. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA Rt = R1 + R2 + R3 + … RESISTÊNCIA TÉRMICA DO ELEMENTO (Rt) RESISTÊNCIA DA CAMADA 1 (R1) RESISTÊNCIA DA CAMADA 2 (R2) RESISTÊNCIA DA CAMADA 3 (R3) Além das resistências de cada uma das camadas, o fluxo de calor sempre precisa vencer as resistências das camadas de ar que estão localizadas nas superfícies, externa e interna, dos elementos construtivos. A essa resistência do ar chamamos de resistência superficial. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA EXTERIOR PAREDE INTERIOR RSE RSI CAMADA 1 AR AR CAMADA 2 CAMADA 3 Q R1 R2 R3 O sentido do fluxo de calor é importante para o cálculo da transmitância. A transmitância pode ser calculada para fluxos horizontais e verticais. A resistência imposta pelo ar ao calor na direção horizontal não varia com o sentido, porém na direção vertical varia. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA COBERTA Q Q Q Q PAREDE COBERTA GANHO DE CALOR PERDA DE CALOR PAREDE DO EXTERIOR PARA O INTERIOR DO INTERIOR PARA O EXTERIOR DESCENDENTE HORIZONTAL ASCENDENTE HORIZONTAL Os valores de resistência superficial externa e interna foram descobertas em laboratório, e foram publicadas na norma NBR 15220/2005. Os valores estão indicados acima a partir do sentido do fluxo de calor: horizontal, ascendente e descendente. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA RESISTÊNCIA SUPERFICIAL INTERNA EXTERNA è 0,13 HORIZONTAL é 0,10 ASCENDENTE ê 0,17 DESCENDENTE è 0,04 HORIZONTAL é 0,04 ASCENDENTE ê 0,04 DESCENDENTE Fonte: NBR 15220/2005 O somatório de todas as resistências as quais o fluxo de calor deve atravessar em um só elemento construtivo, ou seja, a soma das resistências superficiais com a resistência térmica do elemento, é chamada de resistência térmica total. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA RESISTÊNCIA TÉRMICA TOTAL (RT) RESISTÊNCIA SUPERFICIAL EXTERNA (RSE) RESISTÊNCIA TÉRMICA DO ELEMENTO (Rt) RESISTÊNCIA SUPERFICIAL INTERNA (RSII) RT = RSE + Rt + RSI Se a resistência térmica é a dificuldade imposta ao calor ao atravessar um determinado elemento, a transmitância térmica é a facilidade. A transmitância térmica é o inverso da resistência térmica total. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA (U) RESISTÊNCIA TÉRMICA TOTAL (RT) U = 1 RT PARTE 2 CÂMARAS DE AR CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA Em um elemento construtivo maciço, o calor é transmitido entre uma superfície e outra através da condução (C). Entretanto, em alguns casos, os elementos construtivos possuem câmaras de ar internas, que interferem a condução (C) do calor. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA MATERIAL CÂMARA DE AR MATERIAL Q R1 R3 MATERIAL Q C C R1 PAREDE A PAREDE B Quando ocorre uma câmara de ar, a condução é interrompida e a troca de calor entre as superfícies opostas da câmara de ar ocorre por radiação (R). A capacidade de emitir radiação (R) das superfícies, ou seja a emissividade, interfere na passagem de calor, alterando o valor da transmitância térmica. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA R MATERIAL CÂMARA DE AR MATERIAL Q R1 R3 MATERIAL Q C C RAR C R1 PAREDE A PAREDE B As câmaras de ar possuem uma resistência térmica com valores apresentados na tabela acima. Pode-se observar que o valor da resistência varia de acordo com o sentido do fluxo de calor, a espessura da câmara de ar e a emissividade do material que a envolve. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA è é ê 0,15 0,13 0,14 0,18 0,14 0,16 0,21 0,14 0,17 0,29 0,23 0,29 0,43 0,25 0,34 0,61 0,27 0,37 1 ≤ e ≤ 2 2 < e ≤ 5 e > 5 1 ≤ e ≤ 2 2 < e ≤ 5 e > 5 ALTA EMISSIVIDADE BAIXA EMISSIVIDADE (ε < 0,20) ESPESSURA RESISTÊNCIA DA CÂMARA DE AR Fonte: NBR 15220/2005 A maioria dos materiais construtivos apresentam superfície com alta emissividade. O alumínio, porém é um material de baixa emissividade. Além disso, por ter espessuras muito pequenas, as peças de alumínio são desconsideradas no cálculo, afetando apenas o valor da resistência da câmara de ar. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA R MATERIAL CÂMARA DE AR MATERIAL ALUMÍNIO R1 R3 C RAR CR MATERIAL CÂMARA DE AR MATERIAL R1 R3 C RAR C MENOR RESISTÊNCIA DA CÂMARA DE AR MAIOR RESISTÊNCIA DA CÂMARA DE AR PARTE 3 SEÇÕES CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA Quando temos um elementoem que fluxo de calor atravessa materiais diferentes e consecutivos, dizemos que ele possui mais de uma camada. A camada é a mudança de material no sentido do fluxo de calor. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA EXTERIOR PAREDE INTERIOR CAMADA 1 CAMADA 2 CAMADA 3 Q R1 R2 R3 Porém, em alguns elementos construtivos, para um mesmo sentido de fluxo de calor temos grupos de camadas diferentes e repetidos. Em parcelas diferentes dos elemento construtivo, o fluxo de calor irá percorrer grupos de camadas distintas. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA EXTERIOR PAREDE INTERIOR Q MATERIAL 1 MATERIAL 2 MATERIAL 4 MATERIAL 3 Para cada grupo de camadas diferentes, mas repetidos, que fluxo de calor percorrer, chamaremos de seção. No exemplo acima podemos observar duas seções com três camadas cada. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA EXTERIOR PAREDE INTERIOR Q MATERIAL 1 MATERIAL 2 MATERIAL 4 MATERIAL 3 A B SEÇÃO A: MATERIAL 1 è MATERIAL 3 è MATERIAL 4 SEÇÃO B: MATERIAL 1 è MATERIAL 2 è MATERIAL 4 A B A B A B A B De acordo com exemplo acima podemos afirmar que o número de camadas e o número de seções são independentes. Além disso, vale ressaltar que as seções podem possuir materiais iguais, porém com espessuras diferentes. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA SEÇÃO A 2 CAMADAS SEÇÃO A 1 CAMADA SEÇÃO A 1 CAMADA SEÇÃO A 2 CAMADAS SEÇÃO B 2 CAMADAS SEÇÃO B 2 CAMADAS SEÇÃO B 2 CAMADAS SEÇÃO B 2 CAMADAS PAREDE 1 PAREDE 2 PAREDE 3 PAREDE 4 EXEMPLO DE CÁLCULO: ELEMENTO COM MAIS DE UMA SEÇÃO CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA Podemos observar no exemplo que temos uma parede de alvenaria de tijolo cerâmico maciço revestido em ambos os lados por uma cada de reboco. Se considerarmos a área de tijolo e a área de argamassa de assentamento, podemos afirmar que o tijolo é muito mais representativo para o valor final da transmitância da parede. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA PORCENTAGEM DE MATERIAIS MÓDULO DA ALVENARIA ALVENARIA COM REVESTIMENTOS 21% ARGAMASSA 79% TIJOLO Q Q Podemos afirmar também que a camada alvenaria, por possuir dois materiais, impõe a existência de duas seções nessa parede, ambas com reboco nas extremidades, mas com a camada central mudando de material entre a cerâmica e a argamassa. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA MEDIDAS DO TIJOLO: LARGURA = 20cm ALTURA = 5cm ARGAMASSA: LARGURA = 1cm ESPESSURAS: REBOCO = 2cm ALVENARIA = 10cm A B SEÇÃO A: REBOCO (2) è CERÂMICA (10) è REBOCO (2) SEÇÃO B: REBOCO (2) è ARGAMASSA (10) è REBOCO (2) O cálculo deve ser iniciado separando as seções. A partir disso, deve-se descobrir a área e a resistência térmica de cada seção. A resistência de cada seção é realizada da mesma forma que a resistência térmica do elemento quando este possui apenas uma seção. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA SEÇÃO A: REBOCO è CERÂMICA è REBOCO ÁREA: A = 0,20 x 0,05 = 0,01 m2 RESISTÊNCIA: R = 0,02 1,15 + 0,10 0,90 + 0,02 1,15 = 0,1459 SEÇÃO B: REBOCO è ARGAMASSA è REBOCO ÁREA: A = 0,21 x 0,06 - 0,20 x 0,05 = 0,0026 m2 RESISTÊNCIA: R = 0,02 1,15 + 0,10 1,15 + 0,02 1,15 = 0,1217 Quando o elemento possui apenas uma seção é necessário apenas a soma das resistências das camadas. Porém para unir os valores das diferentes seções deve-se realizar a média ponderada dos valores das resistências, utilizando as áreas de cada seção. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA SEÇÃO A: REBOCO è CERÂMICA è REBOCO A = 0,01 m2 R = 0,1459 m2k/w SEÇÃO B: REBOCO è ARGAMASSA è REBOCO A = 0,0026 m2 R = 0,1217 m2k/w Rt = AA + AB + AA RA AB RB RESISTÊNCIA TÉRMICA DO ELEMENTO Rt = 0,1401 m2k/w O restante do cálculo é igual ao procedimento adotado em elementos com apenas uma seção. Com o valor da resistência térmica do elemento, podemos obter a resistência térmica total e a transmitância térmica. CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 1 UGO SANTANA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA RT = RSE + Rt + RSI RESISTÊNCIA TÉRMICA TOTAL RT = 0,04 + 0,1401 + 0,13 RT = 0,3101 U = 1 RT U = 1 0,3101 U = 3,2248 w/m2k
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