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1 
UMA VISÃO SOBRE A COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS 
TRIBUTÁRIOS NA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL 
 
 
 
A compensação é uma das formas de extinção de crédito tributário, 
previstas no art. 156 do Código Tributário Nacional – CTN. Dispondo sobre o tema, o 
art. 170 do mesmo diploma assim determinou: 
 
Lei nº 5.172, de 1966 
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação 
em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos 
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo 
contra a Fazenda pública. 
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os 
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução 
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer 
entre a data da compensação e a do vencimento. 
 
2. O exemplo mais “clássico” do dispositivo legal é a histórica 
possibilidade de o sujeito passivo compensar até 50% (cinqüenta por cento) do Imposto 
Territorial Rural – ITR, com Títulos da Dívida Agrária – TDA. Os TDA são créditos 
líquidos e certos, com prazos de vencimentos definidos em sua emissão, reconhecidos 
como dívida pública pela União, que os emite em razão das desapropriações agrárias. A 
Lei nº 4.504/64, Estatuto da Terra, já autorizava que esses créditos, TDA, pudessem ser 
utilizados para amortização de até metade de créditos tributários de ITR, pagando-se em 
dinheiro o restante do crédito tributário devido. 
 
3. Não se conhece na legislação outra forma de, administrativamente, no 
âmbito da Secretaria da Receita Federal, compensar-se créditos tributários devidos pelos 
sujeitos passivos com créditos líquidos e certos decorrentes de quaisquer outros títulos 
ou papéis emitidos pelo Governo. Isso, óbvio, não alcança os indébitos, os direitos 
creditórios de natureza tributária que o contribuinte adquire junto à Fazenda Pública, 
por pagar a maior ou indevidamente um tributo. 
 
4. Por décadas, o processo de quitar créditos tributários devidos por sujeitos 
passivos credores de indébitos junto ao Tesouro desenrolou-se da mesma maneira. 
Reconhecido um direito creditório, mediante processo administrativo de pedido de 
restituição (indébitos) ou de ressarcimento (benefícios fiscais), efetuava-se uma 
pesquisa de débitos do contribuinte credor e, havendo-os, procediam-se suas quitações, 
com os acréscimos legais devidos, ou na proporção do valor do crédito. Vejamos alguns 
atos legais tratando do tema nos últimos quarenta anos: 
 
Lei nº 4.862, de 1965: 
Art. 18. A restituição de qualquer receita da União, descontada ou recolhida a maior 
será efetuada mediante anulação da respectiva receita, pela autoridade incumbida de 
promover a cobrança originária, a qual, em despacho expresso, reconhecerá o direito 
 
 
 
 2 
creditório contra a Fazenda Nacional e autorizará a entrega da importância considerada 
indevida. 
 
Decreto-Lei nº 2.287, de 1986: 
Art. 7º A Secretaria da Receita Federal, antes de proceder a restituição ou ao 
ressarcimento de tributos, deverá verificar se o contribuinte é devedor à Fazenda 
Nacional. 
§ 1º Existindo débito em nome do contribuinte, o valor da restituição ou ressarcimento 
será compensado, total ou parcialmente, com o valor do débito. 
§ 2º O Ministério da Fazenda disciplinará a compensação prevista no parágrafo anterior. 
 
Instrução Normativa SRF nº 05, de 1987: 
1. Os contribuintes pessoas físicas e jurídicas com direito a restituição ou ressarcimento 
de tributos federais, que estiverem em débito para com a Fazenda Nacional, terão o valor 
de suas restituições utilizado para compensação com o valor do débito. 
(...) 
3. Os acréscimos legais incidentes sobre os débitos de natureza tributária serão 
calculados até o mês da efetiva compensação. 
 
5. A partir de 1992, uma mudança se deu na legislação de regência da 
matéria com a entrada em vigor da Lei nº 8.383/91, que em seu art. 66 assim 
determinou: 
 
Lei nº 8.383, de 1991: 
Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e contribuições 
federais, inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, 
revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a 
compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a períodos 
subseqüentes. 
§ 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos e contribuições da mesma espécie. 
§ 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. 
 
6. Uma razão lógica assistia à lei. Os recolhimentos são ingressos de 
receitas no Tesouro. Recolhido indevidamente um tributo (ou uma contribuição federal), 
e apropriado pela União, na forma da lei, bastava então ao sujeito passivo descontar o 
valor equivalente em recolhimentos futuros que devesse fazer, de créditos tributários da 
mesma espécie. Naturalmente, em tese, se ajustavam as contas públicas, contudo, 
perdia-se o controle sobre os créditos tributários que estavam sendo compensados pelo 
contribuinte, que do fato não teria de dar ciência à Receita Federal. 
 
7. O mesmo princípio, acerto contábil das contas do Tesouro, foi observado 
a partir de 1997, quando da entrada em vigor da Lei nº 9.430/96: 
 
Lei nº 9.430, de 1996: 
Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7º do Decreto-lei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, 
a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em 
procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: 
I – o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou 
da contribuição a que se referir; 
II – a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será 
creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição. 
 
 
 
 3 
Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, 
atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a 
serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e 
contribuições sob sua administração. 
 
8. Regulamentando o dispositivo, a Instrução Normativa IN SRF nº 21, de 
1997, criou um novo documento no Sistema Siafi, chamado Nota de Compensação – 
NT. A NT deveria, atendendo ao disposto no art. 73 da Lei nº 9.430/96, proceder aos 
lançamentos contábeis no Tesouro. A emissão desse documento naquele sistema gera, 
automaticamente, um Darf e apesar da compensação estar sendo feita numa data 
passada, (de princípio a data em que se originou o crédito), chamada data de 
valorização, o Darf é processado como um recolhimento normal feito pelo sujeito 
passivo no mês de sua emissão, ou seja, um valor que nunca saiu do Tesouro é 
informado como um novo ingresso. Tratado como recolhimento, vai compor a chamada 
“arrecadação bruta”, cujos recordes são divulgados para a imprensa todos os meses. 
 
9. Uma outra novidade apresentada pela IN SRF nº 21/97, sem que em lei 
se possa identificar sua previsão legal, foi a criação do “Pedido de Compensação de 
Crédito com Débito de Terceiros”. Por esse documento, um sujeito passivo que se 
pretendia credor junto à Fazenda Nacional autorizava a Receita Federal a, 
reconhecendo-lhe o direito creditório, compensá-lo com créditos tributários devidos à 
União por um terceiro. Toda a sorte de eventos foram vistos em nome deste documento, 
principalmente no âmbito judicial. Créditos que, administrativamente (e essa seria, 
inicialmente, a única esfera das operações) não poderiam adquirir certeza e liquidez, 
foram sendo buscados judicialmente, aos milhões. E muito antes de sua certeza e 
liquidez (necessidade imposta pelo art. 170 do CTN), que se daria com o trânsito em 
julgado das ações, suas compensações já eram determinadas, até mesmo por meio de 
liminares, criando, com isso, uma grande banca de negócios, envolvendo os pretensos 
direitos. Supostos detentores de créditos passarama pagar seus fornecedores com 
Documentos Comprobatórios de Compensação – DCC, uma espécie de título público, 
também criado pela IN SRF nº 21/97, e desaparecido na edição da IN SRF nº 210, de 
2002. Em vez de receber pelas mercadorias vendidas, as empresas fornecedoras 
deixavam de pagar seus impostos, mediante a utilização de supostos créditos 
transferidos pelos seus clientes. 
 
10. Às Unidades Administrativas da Receita Federal interessavam as 
compensações, na medida em que os Darf gerados a cada NT emitida ajudavam a 
atingir as metas de arrecadação, criando a falsa idéia de alcance de resultados na gestão 
pública. Havia situações em que, mesmo não tendo débitos, aceitavam-se pedidos de 
compensação do sujeito passivo envolvendo créditos tributários vincendos, só para que 
não houvesse emissão de ordem bancária de restituição, de tal forma que ainda hoje se 
identificam nos processos em curso, pedidos de compensação de créditos tributários que 
os sujeitos passivos só apurariam, por exemplo, um ano depois de formulado o pedido. 
 
11. Um outro grande campo de negociações foi aberto com a possibilidade, 
também criada pela IN SRF nº 21/97, dos detentores de créditos reconhecidos 
 
 
 
 4 
judicialmente desistirem das ações de execução e, livrando-se dos indesejáveis 
precatórios, compensarem aqueles valores com créditos tributários próprios, ou mesmo 
de terceiros, devidos à Receita Federal. Exemplos existem em que os litigantes contra a 
União deixaram de ser os antigos credores e passaram a ser os tais terceiros (com a 
conseqüente mudança de pólo ativo). 
 
12. No contexto da fragilização dos controles da legalidade do instituto da 
compensação (e da restituição de indébitos, da qual a compensação é espécie), com a 
edição da Medida Provisória nº 1.699-42, de 27 de novembro de 1998, convertida na 
Lei nº 10.552, de 2002, foi extinta a figura do recurso de ofício. Era obrigatório, tanto 
para as decisões favoráveis ao pedido do sujeito passivo, prolatadas pela autoridade 
fiscal que o jurisdicionasse, quanto pelas Delegacias de Julgamento, recorrer de ofício 
de sua decisão à instância superior quando o crédito deferido ultrapassasse um 
determinado valor. A edição do ato legal soterrou a possibilidade de revisão do direito 
concedido, considerada necessária até então. A medida concede um poder ilimitado nas 
mãos de autoridades administrativas: autorizar o pagamento de alegados indébitos a 
serem restituídos ou compensados, sem qualquer restrição de valor e sem que a 
decisão passe por qualquer revisão que assegure o necessário controle dos direitos 
indisponíveis titulados difusamente pela sociedade e, só por mera ficção, concentrados 
no ente Estado. Tal conclusão ganha maior relevância se for feito um paralelo com as 
decisões judiciais. Numa ação de repetição de indébito tributário, o juiz (aquele que diz 
o direito), julgando favoravelmente ao contribuinte, obrigatoriamente submete o 
decisum ao Tribunal, para que seja cumprido o duplo grau de jurisdição, nos termos do 
art. 475, do Código de Processo Civil. 
 
13. Voltando ao disciplinamento normativo do instituto da compensação, três 
anos depois de criado, sem que qualquer mudança ocorresse em lei, o Pedido de 
Compensação de Crédito com Débito de Terceiros foi extinto pela Instrução Normativa 
IN SRF nº 41, de 2000. Com a ação, fica claro que a autoridade administrativa 
apropriou-se de prerrogativa legal para criar direito não previsto em lei, já que, 
decorrido razoável intervalo de tempo, em ato de mesma hierarquia, o pretenso direito 
foi extinto, deixando a idéia de que, ou nunca poderia ter existido, ou não deveria ter 
sido extinto. O fato é que, mesmo deixando de ser aceito administrativamente, por ter 
existido um dia, muitos contribuintes continuaram obtendo, judicialmente, aquele 
direito, abarrotando as unidades da Receita Federal de trabalho, por entenderem que sua 
extinção fora uma arbitrariedade. 
 
14. Era tanto trabalho que foi preciso mudar a lei. O art. 74 da Lei nº 
9.430/96, sofreu então sua primeira alteração, ao ser editada a Medida Provisória nº 66, 
de 2002, convertida em Lei nº 10.637, de 2002, adotando, então a seguinte redação: 
 
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em 
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita 
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação 
de débitos próprios relativos a quaisquer tributos ou contribuições administrados por 
aquele Órgão. 
 
 
 
 5 
§ 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito 
passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e 
aos respectivos débitos compensados. 
§ 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito 
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. 
§ 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo, não poderão ser 
objeto de compensação: 
I – o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da 
Pessoa Física; 
II – os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de 
Importação. 
§ 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa 
serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos 
previstos neste artigo. 
§ 5º A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. 
 
15. Um adeus ao art. 170 do CTN. As necessárias certeza e liquidez do 
crédito não mais seriam exigidas para que uma compensação pudesse ser feita. Com a 
nova redação do dispositivo, o sujeito passivo, e não mais o Estado, levanta o crédito, 
faz suas compensações e, simplesmente, as declara. E a Receita Federal que corra atrás 
do prejuízo para apurar se, de fato, existe ou não o crédito alegado. Uma situação típica 
surgida com essa prerrogativa é a seguinte: um contribuinte, ao solicitar uma certidão 
negativa na Receita Federal, é informado da existência de débitos nos sistemas; ato 
contínuo, prepara e entrega (hoje pela internet) uma Declaração de Compensação – 
DComp, extinguindo seus débitos nos sistemas de controle da SRF e possibilitando o 
recebimento da certidão negativa requerida. Para reaver o crédito tributário 
indevidamente extinto por compensação, a Receita Federal terá de provar a não-
existência dos créditos alegados pelo contribuinte. 
 
16. Porque papéis produzem muito volume e acumulam muita poeira, as 
DComp, acompanhando a sistemática de apresentação de todas as declarações devidas à 
Receita Federal, passaram a ser entregues por meio eletrônico desde maio de 2003. Até 
hoje, dois anos depois de instituídas, resumem-se a um grande banco de informações, 
sem um programa definido de trabalho, sem um sistema de cruzamento de dados que 
lhes confirme a autenticidade, ou qualquer procedimento de controle administrativo que 
defina, dentre as milhares de declarações apresentadas, o que é, e o que não é 
verdadeiro. Simplesmente, se surgir algum interesse funcional, uma DComp é 
“baixada” em papel para ser analisada. 
 
17. Até abril de 2005, mais de 55 bilhões de reais em créditos tributários 
estavam extintos pelas compensações informadas em formulários de papel, aguardando 
apreciação dos processos nas Unidades da SRF, conforme registro no Sistema Processos 
Fiscais. Por nota datada de 22 de fevereiro de 2005, as Coordenações de Administração 
Tributária e de Tecnologia e Segurança da Informação informam que, anualmente, 
setecentas mil DComp são transmitidas, correspondendo a 45 bilhões de reais. Como 
são dois anos de existência de DComp eletrônica, deve haver 90 bilhões de reais em 
créditos tributários extintos por esse mecanismo aguardando análise. Em nota à 
imprensa divulgada em janeiro de 2005, o Sr. Superintendente da Receita Federal na 1ª 
 
 
 
 6 
Região Fiscal declarou que “somente na Delegaciada Receita Federal em Brasília, 
foram identificadas utilizações indevidas de crédito em valor superior a R$ 1 bilhão”. 
Já em recente nota à imprensa, o Sr. Superintendente da Receita Federal na 10ª Região 
Fiscal (Rio Grande do Sul), rebatendo denúncias tornadas públicas na operação policial 
federal “Tango” disse que “nos últimos 18 meses, de mais de 5.200 processos 
analisados, envolvendo restituição, ressarcimento e compensação, cujo valor 
consolidado atingiu 1,92 bilhão de Reais, foi indeferido ou não-homologado 1,14 
bilhão de Reais (59%)”. A autoridade confirma, assim, estatisticamente, que três 
quintos das declarações de compensação podem não ser verdadeiras. Em números 
ampliados: cerca de 90 bilhões de reais do que hoje está posto. 
 
18. O trabalho agigantando-se e o aparelho fiscal insuficiente para reprimir 
fraudes, uma segunda alteração foi providenciada no art. 74 da Lei nº 9.430/96, por 
meio da Medida Provisória nº 135, de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003, 
incluindo incisos no § 3º, alterando a redação do § 5º, e inserindo novos parágrafos ao 
artigo. Assim ficou: 
 
Art. 74 .......................... 
§ 3º Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, 
não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da 
declaração referida no § 1º 
(...) 
III - os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da 
Receita Federal que já tenham sido encaminhados à Procuradoria-Geral da Fazenda 
Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; 
IV – os créditos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da 
Receita Federal com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação 
Fiscal – Refis, ou do parcelamento a ele alternativo; e 
V – os débitos que já tenham sido objeto de compensação não homologada pela 
Secretaria da Receita Federal. 
§ 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 
5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. 
§ 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e 
suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. 
§ 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o 
sujeito passivo e intimá-lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do 
ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. 
§ 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à 
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, 
ressalvado o disposto no § 9º. 
§ 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de 
inconformidade contra a não-homologação da compensação. 
§ 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá 
recurso ao Conselho de Contribuintes. 
§ 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 
obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e 
enquadram-se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 
1966 - Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 
§ 12. A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo, podendo, para 
fins de apreciação das declarações de compensação e dos pedidos de restituição e de 
 
 
 
 7 
ressarcimento, fixar critérios de prioridade em função do valor compensado ou a ser 
restituído ou ressarcido e dos prazos de prescrição. 
 
19. O parágrafo quinto é um primor legislativo. Numa só penada, milhões em 
créditos tributários foram dados por perdidos sem justa causa, quando se fixou em 
5 (cinco) anos o prazo para que a Secretaria da Receita Federal se manifestasse sobre a 
compensação declarada pelo sujeito passivo, prazo esse aplicado retroativamente aos 
processos em curso. O dispositivo alcançou em cheio processos em andamento nas 
Unidades da SRF, na medida em que os simples pedidos de compensação já haviam 
sido transformados em declarações de compensação pela MP nº 66, de 2002. Em 
qualquer unidade da Receita Federal essa situação pode ser encontrada. Os processos 
estão “encostados”, principalmente porque ainda se estar por saber como proceder ao 
acerto contábil nas contas do Tesouro se o crédito não existe. Não há como cumprir o 
art. 73 da Lei nº 9.430/96. 
 
20. Em 1997, quando inventado o Pedido de Compensação, a Receita 
Federal adotou, ao arrepio da lei, o procedimento de interromper a cobrança dos 
créditos tributários inseridos nos pedidos. Ora, o pedido de compensação nunca fez 
parte da lista do art. 151 do CTN, que dispõe sobre a suspensão de exigibilidade do 
crédito tributário. Mesmo assim, por força das Instruções Normativas IN SRF nºs 14, 15 
e 16, de 1999, os créditos tributários objetos de pedido de compensação só seriam 
comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional, para inscrição em Dívida Ativa da 
União, trinta dias após a ciência da decisão definitiva na esfera administrativa, que 
mantivesse o indeferimento, o que poderia ser a última instância (Câmara Superior de 
Recursos Fiscais). Nas unidades da SRF os créditos tributários foram prescrevendo por 
conseqüência da prática determinada. Não se inscreviam os créditos tributários em 
Dívida Ativa da União porque havia um pedido de compensação e os créditos que os 
sujeitos passivos alegavam possuir demandavam muito tempo para que fossem 
analisados e se decidisse por seu indeferimento definitivo. O parágrafo quinto, do art. 74 
da Lei 9.430/96 trouxe, enfim, o perdão para a falta administrativa. Transformados 
inicialmente em declaração, o que eram simples pedidos, passaram a extinguir os 
créditos tributários até ulterior homologação. Impedidos pela nova redação legal de não-
homologar, os delegados da Receita Federal viram fechar-se em torno de si o círculo de 
elogio à inoperância. E nenhum contribuinte precisa alegar a prescrição do crédito 
tributário para não pagá-lo. Simplesmente, foi a lei ... 
 
21. Mas não só o instituto da prescrição dos créditos tributários foi atingido. 
Também o foi o da decadência. Imagine-se, por exemplo, que PIS e Cofins, apurados 
por um sujeito passivo em 1997 e 1998, não declarados em DCTF, constem de pedidos 
de compensação protocolizados naquela época. Hoje, mesmo não existindo direito 
creditório, estão homologados por decurso de prazo, conforme § 5º do art. 74 da Lei nº 
9.430/96. Nem todos os contribuintes, naqueles anos, estavam obrigados à apresentação 
daquelas declarações. Não declarados, não estão confessados; não sendo o pedido de 
compensação forma de confissão de dívida, conclui-se que aqueles créditos tributários 
não foram constituídos. Como o prazo de decadência das contribuições sociais, por lei, é 
de dez anos, extinguindo-se os créditos tributários por homologação de compensação 
 
 
 
 8 
por decurso de prazo de cinco anos, sem existência de direito creditório, a autoridade 
tributária, que, normalmente, ainda teria tempo de constituí-los, não mais poderá fazê-
lo. 
 
22. Inicialmente, qualquer débito, independentemente de sua situação, 
poderia ser extinto mediante entrega de uma declaração de compensação. Com a 
mudança do parágrafo terceiro do dispositivo sob análise, foi vedada a compensação de 
débitos consolidados no âmbito do REFIS mediante apresentação de DComp. Foi 
também vedada a compensação mediante DComp de débitos já encaminhados pela SRF 
à Procuradoria – Geral da Fazenda Nacional para inscrição em dívida ativa. Contudo, a 
percepção de outros tantos pontos vulneráveis impôs uma nova alteração no já tão 
surrado art. 74 da Lei nº 9.430/96, para que pudessem ser fechadas possibilidades de 
vazamento na estrutura do instituto. Assim, no bojo da conversão da Medida Provisória 
nº 219, de 2004, convertida em Lei nº 11.051, de 2004, as seguintes mudanças foram 
promovidas: 
 
 
 
 
Art. 74 ..........................§ 3º.................... 
IV – o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela 
Secretaria da Receita Federal – SRF 
V – o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a 
compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e 
VI – o valor objeto de pedido de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido 
pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal – SRF, ainda que o pedido 
se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. 
(...) 
§ 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: 
I – previstas no § 3º deste artigo; 
II – em que o crédito: 
a) seja de terceiros; 
b) refira-se a “crédito-prêmio” instituído pelo art. 1º do Decreto-Lei nº 491, de 5 de 
março de 1969; 
c) refira-se a título público; 
d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou 
e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita 
Federal – SRF. 
§ 13. O disposto nos §§ 2º e 5º a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 
12 deste artigo. 
§ 14. A Secretaria da Receita Federal – SRF disciplinará o disposto neste artigo, 
inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para a apreciação de processos de 
restituição, de ressarcimento e de compensação. 
 
23. Vem se alterando, constantemente, o teor do dispositivo para inibir 
práticas nocivas ao interesse público. De forma que hoje, se pode resumir os trabalhos 
de acerto do art. 74 da Lei nº 9.430/96 da seguinte forma: 
 
caput – original da Lei nº 9.430/96; 
 
 
 
 9 
caput - alterado pela Lei nº 10.637/2002; 
§ 1º - incluído pela Lei nº 10.637/2002; 
§ 2º - incluído pela Lei nº 10.637/2002; 
§ 3º - incluído pela Lei nº 10.637/2002; alterado pela Lei nº 10.833/2003; 
inciso I – incluído pela Lei nº 10.637/2002; 
inciso II - incluído pela Lei nº 10.637/2002; 
inciso III - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
inciso IV - incluído pela Lei nº 10.833/2003; alterado pela Lei nº 11.051/2004; 
inciso V - incluído pela Lei nº 10.833/2003; alterado pela Lei nº 11.051/2004; 
inciso VI - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
§ 4º - incluído pela Lei nº 10.637/2002; 
§ 5º - incluído pela Lei nº 10.637/2002; alterado pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 6º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 7º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 8º incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 9º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 10º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 11º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; 
§ 12º - incluído pela Lei nº 10.833/2003; alterado pela Lei nº 11.051/2004; 
inciso I - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
inciso II - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
alínea “a” - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
alínea “b” - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
alínea “c” - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
alínea “d” - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
alínea “e” - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
§ 13º - incluído pela Lei nº 11.051/2004; 
§ 14º - incluído pela Lei nº 11.051/2004. 
 
 
 
Brasília, 15 de dezembro de 2005. 
 
_________________________________________________________ 
Documento elaborado pelo UNAFISCO SINDICAL – Sindicato Nacional dos Auditores 
Fiscais da Receita Federal – Departamento de Estudos Técnicos 
 
É permitida a reprodução deste texto e dos dados neles contidos, desde que 
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