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234026804-Revisao-Para-o-Concurso-Do-TJ-DFT (1)

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Revisão de véspera de prova – Concurso de Juiz do TJDFT 2014 
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REVISÃO PARA O CONCURSO DE 
JUIZ DE DIREITO TJDFT 2014 
 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
BLOCO I 
 
DIREITO CIVIL 
 
Direito à imagem: existe ofensa mesmo que a veiculação não tenha caráter vexatório 
A ofensa ao direito à imagem materializa-se com a mera utilização da imagem sem autorização, ainda 
que não tenha caráter vexatório ou que não viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde que o 
conteúdo exibido seja capaz de individualizar o ofendido. 
A obrigação de reparação decorre do próprio uso indevido do direito personalíssimo, não sendo devido 
exigir-se a prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida da imagem. 
STJ. REsp 794.586/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012 (Info 493 STJ). 
 
A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 do Código Civil de 2002, é a SELIC. 
A incidência da taxa Selic como juros moratórios exclui a correção monetária, sob pena de bis in idem, 
considerando que a referida taxa já é composta de juros e correção monetária. 
STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1.025.298-RS, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Luis 
Felipe Salomão, julgados em 28/11/2012 (Info 510 STJ). 
 
Súmula 472-STJ: A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos 
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros 
remuneratórios, moratórios e da multa contratual. 
STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012. 
 
A medida de busca e apreensão prevista no art. 3º do DL 911/69 somente pode ser proposta por 
instituição financeira ou pessoa jurídica de direito público titular de créditos fiscais e previdenciários. Isso 
porque, de acordo com o art. 8º-A do referido DL, o procedimento ali previsto somente é aplicável 
quando se tratar de operações do mercado financeiro e de capitais ou de garantia de débitos fiscais ou 
previdenciários. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.101.375-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/6/2013 (Info 526). 
 
Sempre que ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano moral, não 
sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento. Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral 
presumido). 
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STJ. 3ª Turma. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012 (Info 513 STJ). 
 
Não constitui ato ilícito apto à produção de danos morais a matéria jornalística sobre pessoa notória a 
qual, além de encontrar apoio em matérias anteriormente publicadas por outros meios de comunicação, 
tenha cunho meramente investigativo, revestindo-se, ainda, de interesse público, sem nenhum 
sensacionalismo ou intromissão na privacidade do autor. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.330.028-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/11/2012 (Info 508 STJ). 
 
A relação da Google® com seus usuários é uma relação de consumo, mesmo sendo gratuita. 
A Google® não responde objetivamente pelos danos morais causados por mensagens ofensivas 
publicadas pelos usuários do Orkut®. 
Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita que os usuários externem livremente sua opinião, 
deve o provedor de conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um 
desses usuários. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.306.066-MT, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 17/4/2012 (Info 495 STJ). 
 
No entanto, ao ser comunicada pelo ofendido de que determinado texto ou imagem que está em uma 
rede social (Orkut®, Facebook®, Twitter® etc.) possui conteúdo ilícito, deve a empresa provedora da rede 
retirar a página do ar no prazo máximo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o autor 
direto do dano, em virtude da omissão praticada. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.308.830-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2012 (Info 497 STJ). 
 
Os serviços prestados pela Google® na internet, como é o caso de seu sistema de buscas, mesmo sendo 
gratuitos, configuram relação de consumo. 
O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito não desvirtua a relação de 
consumo, pois o termo “mediante remuneração”, contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado 
de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 
O provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo. 
A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada usuário não constitui atividade intrínseca ao 
serviço prestado pelos provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos 
termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os resultados das buscas. 
Os provedores de pesquisa não podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados 
da busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou 
texto específico. 
Não se pode, sob o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o 
direito da coletividade à informação. Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violação de 
cada um deles, o fiel da balança deve pender para a garantia da liberdade de informação assegurada pelo 
art. 220, § 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet representa, hoje, importante veículo de 
comunicação social de massa. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.316.921-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/6/2012 (Info 500 STJ). 
 
O titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção, em seu site, 
por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro. 
REsp 1.381.610-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013. 
 
Não são permitidas indenizações por danos morais ilimitadas que, a pretexto de repararem 
integralmente vítimas, mostrem-se desproporcionais. 
Em caso de dano moral decorrente de morte de parentes próximos, a indenização deve ser arbitrada de 
forma global para a família da vítima, não devendo, de regra, ultrapassar o equivalente a 500 salários 
 
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mínimos, podendo, porém, esse valor ser aumentado segundo as particularidades do caso concreto, 
dentre elas o grande número de familiares. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.127.913-RS, Rel. originário Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 20/9/2012 (Info 505 STJ). 
 
O noivo não possui legitimidade para pedir indenização por danos morais em razão do falecimento de 
sua noiva. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.076.160-AM, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/4/2012 (Info 495 STJ). 
 
 
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE 
 
O que é a teoria da perda de uma chance? 
Trata-se de teoria inspirada na doutrina francesa (perte d’une chance). Segundo esta teoria, se alguém, 
praticando um ato ilícito, faz com que outra pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de 
evitar um prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos danos causados. Em outras palavras, o autor do 
ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a oportunidade de obter uma situação futura 
melhor. 
 
A teoria da perda de uma chance é adotada no Brasil? 
SIM, esta teoria é aplicada pelo STJ que exige, no entanto, que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de 
um juízo de probabilidade, e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro 
da responsabilidade civil, em regra, não é indenizável (REsp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, 
julgado em 9/6/2009). 
Em outros julgados, fala-se que a chance perdida deve ser REAL e SÉRIA, que proporcione ao lesado 
efetivas condições pessoais de concorrer à situação futura esperada. 
(AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 17/03/2011) 
 
Natureza do dano 
O dano resultante da aplicação da teoria da perda de uma chanceé considerado dano emergente ou lucros 
cessantes? 
Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa à responsabilização 
do agente causador não de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário 
entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito 
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. 
(STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2010) 
 
Exemplo de aplicação desta teoria 
Aplica-se a teoria da perda de uma chance ao caso de candidato a Vereador que deixa de ser eleito por 
reduzida diferença de oito votos após atingido por notícia falsa publicada por jornal, resultando, por isso, a 
obrigação de indenizar. (STJ. 3ª Turma, REsp 821.004/MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/08/2010) 
 
Perda de uma chance e perda do prazo pelo advogado 
O simples fato de um advogado ter perdido o prazo para a contestação ou para a interposição de um 
recurso enseja indenização pela aplicação desta teoria? 
NÃO. Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como 
negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimentada, as demandas que 
invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca 
das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico. 
 
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Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso em apreço, 
ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da 
perda de uma chance. 
É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de 
se sagrar vitoriosa. (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
16/11/2010) 
 
Perda de uma chance nas relações de direito público 
A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada nas relações de direito público? 
SIM, existem alguns Ministros do STJ que defendem que a teoria da perda de uma chance poderia ser 
aplicada também nas relações entre o Estado e o particular. Nesse sentido: Min. Mauro Campbell Marques 
e Min. Eliana Calmon. 
 
Perda de uma chance e erro médico 
A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a apuração de responsabilidade 
civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e 
reais de cura de paciente que venha a falecer em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo 
médico. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012. 
 
Caso concreto julgado pelo STJ: 
“R”, viúvo de “V”, ajuizou ação de indenização contra “M”, médico responsável pelo tratamento da 
falecida, que possuía um câncer no seio. 
O autor alegou que, durante o tratamento da doença, “M” cometeu uma série de erros médicos, entre os 
quais se destacam os seguintes: após o tratamento inicial da doença não foi recomendada quimioterapia; a 
mastectomia realizada foi parcial (quadrantectomia), quando seria recomendável mastectomia radical; não 
foi transmitida à paciente orientação para não mais engravidar; com o desaparecimento da doença, 
novamente o tratamento foi inadequado; o aparecimento de metástase foi negado pelo médico; entre 
outras alegações. 
O laudo pericial apontou que houve, de fato, erro médico. 
O réu foi condenado por danos morais e materiais, tendo sido aplicada a teoria da perda de uma chance. 
 
Perda de uma chance clássica X Perda de uma chance por conta de erro médico 
A aplicação da teoria da perda de uma chance no caso de erro médico possui algumas diferenças da 
aplicação tradicional da teoria da perda de uma chance às demais hipóteses (baseado nas lições da Min. 
Nancy Andrighi): 
 
Teoria da perda de uma chance CLÁSSICA 
(TRADICIONAL) 
Teoria da perda de uma chance no caso de 
ERRO MÉDICO 
Ocorre quando o agente frustrou a 
oportunidade da pessoa de auferir uma 
vantagem. 
Ocorre quando o médico, por conta de um 
erro, fez com que a pessoa não tivesse um 
tratamento de saúde adequado que 
poderia tê-la curado e evitado a sua morte. 
Há sempre certeza quanto à autoria do fato 
que frustrou a oportunidade. Existe incerteza 
quanto à existência/extensão dos danos. 
Aqui, a extensão do dano já está definida (a 
pessoa morreu), e o que resta saber é se esse 
dano teve como concausa a conduta do réu. 
 
Não é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular, indenização por dano moral 
relacionado à violação da honra ou da imagem. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013 (não divulgado em 
Info de 2013). 
 
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Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensatórios incidentes em período anterior à entrega 
das chaves nos contratos de compromisso de compra e venda de imóveis em construção sob o regime de 
incorporação imobiliária. Em outras palavras, os “juros no pé” não são abusivos. 
STJ. 2ª Seção. EREsp 670.117-PB, Rel. originário Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos 
Ferreira, julgados em 13/6/2012 (Info 499 STJ). 
 
No contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, o segurado não tem direito à indenização caso, 
agindo de má-fé, silencie a respeito de doença preexistente que venha a ocasionar o sinistro, ainda que a 
seguradora não exija exames médicos no momento da contratação. 
STJ. AgRg no REsp 1.286.741-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2013. 
 
É possível o reconhecimento da paternidade biológica e a anulação do registro de nascimento na 
hipótese em que isso for pleiteado pelo filho que foi registrado conforme prática conhecida como 
“adoção à brasileira”. 
Caracteriza violação ao princípio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de conhecimento da origem 
genética, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade psicológica de se conhecer a verdade biológica. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.167.993-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2012 (Info 512 STJ). 
 
Para que a ação negatória de paternidade seja julgada procedente não basta apenas que o DNA prove que o 
“pai registral” não é o “pai biológico”. É necessário também que fique provado que o “pai registral” nunca foi 
um “pai socioafetivo”, ou seja, que nunca foi construída uma relação socioafetiva entre pai e filho. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.059.214-RS, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/2/2012 (Info 491 STJ). 
 
É possível a flexibilização da coisa julgada material nas ações de investigação de paternidade, na situação 
em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova. 
Contudo, não se admite o ajuizamento de nova ação para comprovar a paternidade mediante a utilização 
de exame de DNA em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova 
pericial produzida de acordo com a tecnologia então disponível. 
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 929.773-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012; REsp 
1.223.610-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012 (Info 512 STJ). 
 
O abandono afetivo decorrente da omissão do genitor no dever de cuidar da prole constitui elemento 
suficiente para caracterizar dano moral compensável. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/4/2012 (Info 496 STJ). 
 
Três conclusões sobre este julgado: 
I – O “cúmplice” (amante) da esposa não tem o dever de indenizar o marido traído. Em que pese o alto 
grau de reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada, o “cúmplice” da esposa 
infiel não é responsável a indenizar o marido traído, pois ele nãoera obrigado, por lei ou contrato, a zelar 
pela incolumidade do casamento alheio. 
II – A esposa infiel não tem o dever de restituir ao marido traído os alimentos pagos por ele em favor de 
filho criado pelo casal, ainda que a adúltera tenha ocultado do marido o fato de que a referida criança 
era filha biológica sua e de seu “cúmplice” (amante). 
III – A esposa que traiu pode ser condenada a indenizar por danos morais o marido traído em hipóteses 
excepcionais, como o caso julgado pelo STJ, no qual, além de a traição ter ocorrido com um amigo do 
cônjuge, houve o nascimento de uma criança registrada erroneamente como descendente do marido, 
mas que era filho biológico do amante. Na hipótese, a esposa ocultou do ex-marido por anos após a 
separação, o fato de que a criança nascida durante o matrimônio e criada como filha biológica do casal 
era, na verdade, filha sua e de seu “cúmplice”. 
 
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STJ. 3ª Turma. REsp 922.462-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/4/2013. 
 
Em se tratando de execução de prestação alimentícia, o alimentando (credor) poderá escolher, dentre 
quatro opções, o local onde irá ajuizar a execução: 
a) o foro do seu domicílio ou de sua residência; 
b) o juízo que proferiu a sentença exequenda; 
c) o juízo do local onde se encontram bens do alimentante sujeitos à expropriação; ou 
d) o juízo do atual domicílio do alimentante. 
STJ. 2ª Seção. CC 118.340-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/9/2013 (Info 531). 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Lei n. 12.810/2013: 
Vale destacar o novo art. 285-B do CPC, que foi inserido pela Lei n. 12.810/2013: 
Art. 285-B. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou 
arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, 
aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso. 
Parágrafo único. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados. 
 
A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário não pode retroagir 
para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes. 
Dessa forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça conduta pautada por 
lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contraditórios. 
Em outras palavras, aplica-se também o venire contra factum proprium para atos do juiz e dos 
serventuários da justiça. 
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 91.311-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2012. 
 
O STF entende que a OAB não é uma autarquia. A Ordem é um serviço público independente, categoria 
única no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. No entanto, apesar disso, as 
funções atribuídas à OAB possuem natureza federal. Portanto, o Presidente da seccional da OAB exerce 
função delegada federal, motivo pelo qual a competência para o julgamento do mandado de segurança 
contra ele impetrado é da Justiça Federal. 
STF. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.255.052-AP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012. 
 
Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que, em ação civil pública 
proposta para a apuração de ato de improbidade administrativa, tenha determinado — até que haja 
pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos bens do réu a fim de assegurar o 
ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013. 
 
Não é possível a aplicação do art. 285-A do CPC quando o entendimento exposto na sentença, apesar de 
estar em consonância com a jurisprudência do STJ, divergir do entendimento do tribunal de origem. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.225.227-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013. 
 
A União deverá figurar como litisconsorte necessária em ação na qual se discute com particulares se 
determinada área é remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo que na 
ação já exista a presença da Fundação Cultural Palmares (fundação federal). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.116.553-MT, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012. 
 
 
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Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que 
demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
É ônus do Estado arcar com os honorários periciais na hipótese em que a sucumbência recai sobre 
beneficiário da assistência judiciária, tendo em vista o dever constitucional de prestar assistência 
judiciária aos hipossuficientes. 
STJ. 2ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1.327.281-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012. 
 
Se ocorrer alguma OMISSÃO, ATRASO ou EQUÍVOCO na divulgação da tramitação processual no site do 
Tribunal, isso constitui justa causa a ensejar a devolução do prazo processual? 
• Omissão ou atraso: NÃO HÁ JUSTA CAUSA 
• Equívoco: PODE CONFIGURAR JUSTA CAUSA 
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 76.935-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 18/10/2012. 
 
Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios, 
Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado, não cabe o chamamento ao 
processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.009.947-SC, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/2/2012. 
 
Não é possível que o autor impetre um mandado de segurança para obter fornecimento de 
medicamentos para tratamento da doença que o acomete. 
Isso porque a instrução de MS somente com laudo médico particular não configura prova pré-constituída 
da liquidez e certeza do direito do impetrante de obter do Poder Público determinados medicamentos e 
insumos para o tratamento de enfermidade. 
STJ. 2ª Turma. RMS 30.746-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/11/2012. 
 
Independentemente de requerimento, os réus com diferentes procuradores têm prazo em dobro para 
contestar, mesmo sendo casados entre si. 
STJ. 4ª Turma. REsp 973.465-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/10/2012. 
 
O recurso produz efeitos somente ao litisconsorte que recorre, ressalvadas as hipóteses de litisconsórcio 
unitário, em que se aplica a extensão prevista no art. 509 do CPC. O art. 509 do CPC aplica-se tão 
somente às hipóteses de litisconsórcio unitário, não havendo espaço para incidência deste quando se 
trata de litisconsórcio simples. 
STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 908.763-TO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/10/2012. 
 
O autor ingressa com uma ação e pede a tutela antecipada. O juiz defere. Na sentença, o juiz julga 
improcedente a demanda e revoga a tutela antecipada. 
Ocorre que a tutela antecipada causou danos morais e materiais ao réu. 
O autor da ação tem a responsabilidade objetiva de indenizar o réu quanto a esses prejuízos, 
independentemente de pronunciamento judicial e pedido específico da parte interessada. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.191.262-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/9/2012. 
 
ASTREINTES 
 O juiz pode arbitrar as astreintes de ofício (STJ. REsp 1.198.880-MT). 
 É cabível a cumulação de astreintes com juros de mora (STJ. REsp 1.198.880-MT). 
 O destinatário das astreintes é o autor da demanda (STJ. REsp 949.509-RS). 
 
 
PRERROGATIVAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA 
 
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INTIMAÇÃO PESSOAL DE ADVOGADOS PÚBLICOS 
 
Alguns membros de determinadas carreiras possuem a prerrogativa da intimação pessoal: 
 Advogados da União 
 Procuradores da Fazenda Nacional 
 Procuradores Federais 
 Procuradores do Banco Central 
 Defensores Públicos 
 Membros do Ministério PúblicoOs Procuradores do Estado/DF possuem a prerrogativa de somente serem intimados pessoalmente dos 
atos processuais? 
NÃO. O STJ possui entendimento consolidado de que não se aplica a prerrogativa de intimação pessoal 
aos Procuradores Estaduais, tendo em vista a ausência de previsão legal. Logo, eles são intimados por 
publicação na Imprensa Oficial. 
 
Exceções: 
Será obrigatória a intimação pessoal do Procurador do Estado/DF em duas hipóteses: 
a) no caso de execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita 
pessoalmente (art. 25 da Lei n. 6.830/80). 
b) no caso de mandado de segurança, o Procurador do Estado deverá ser intimado pessoalmente: 
b.1) da sentença que conceder a segurança (para que possa apresentar apelação); ou 
b.2) caso tenha sido denegada a segurança e o impetrante tenha apelado (nesse caso, o Procurador é 
intimado pessoalmente para apresentar contrarrazões da apelação). 
 
Ainda tratando sobre mandado de segurança, segundo o STJ, após a intimação pessoal da sentença, ou da 
interposição da apelação pela impetrante, se for o caso, a intimação dos demais atos judiciais segue a 
sistemática prevista no art. 236 do CPC, ou seja, a intimação via Imprensa Oficial. 
 
A intimação dos procuradores dos estados deverá ser realizada por publicação em órgão oficial da 
imprensa, salvo as exceções previstas em leis especiais. Inexistindo previsão legal para a intimação 
pessoal, deve prevalecer a intimação realizada por publicação em órgão oficial da imprensa. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.317.257-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/10/2012. 
 
A greve de advogados públicos não constitui motivo de força maior a ensejar a suspensão ou devolução 
dos prazos processuais (art. 265, V, do CPC). 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.280.063-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/6/2013. 
 
A Fazenda Pública não é isenta do pagamento de emolumentos cartorários, havendo, apenas, o 
diferimento deste para o final do processo, quando deverá ser suportado pelo vencido. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.276.844-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 5/2/2013. 
 
O erro material passível de ser corrigido de ofício (art. 463, I, do CPC) e não sujeito à preclusão é o 
reconhecido primu ictu oculi (à primeira vista, de maneira evidente), consistente em equívocos materiais 
sem conteúdo decisório propriamente dito. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.151.982-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2012. 
 
O juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário diverso do requerido na inicial, desde que 
preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefício concedido. Isso porque, tratando-se de matéria 
 
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previdenciária, deve-se proceder, de forma menos rígida, à análise do pedido. Assim, nesse contexto, a 
decisão proferida não pode ser considerada como extra petita ou ultra petita. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.367.825-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/4/2013. 
 
Em regra, se a parte já possuía o documento antes da propositura da ação original (o documento era 
preexistente), não tendo sido juntado por desídia, não será permitido, em regra, que ajuíze a ação 
rescisória trazendo esta prova como documento novo. 
De forma excepcional, o STJ entendeu que é possível ao tribunal, na ação rescisória, analisar documento 
novo para efeito de configuração de início de prova material destinado à comprovação do exercício de 
atividade rural, ainda que esse documento seja preexistente à propositura da ação em que proferida a 
decisão rescindenda referente à concessão de aposentadoria rural por idade. 
Nesse caso, é irrelevante o fato de o documento apresentado ser preexistente à propositura da ação 
originária, pois devem ser consideradas as condições desiguais pelas quais passam os trabalhadores 
rurais, adotando-se a solução pro misero. 
STJ. 3ª Seção. AR 3.921-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2013. 
 
 
RECURSOS 
 
A protocolização de petições e recursos deve ser efetuada dentro do horário de expediente regulado pela 
lei local (art.172, § 3º, do CPC). 
Logo, é intempestivo o recurso protocolizado após o encerramento do expediente, no último dia do 
prazo recursal, no regime do plantão judiciário. 
STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 96.048-PI, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/8/2012. 
 
Mesmo que o advogado não tenha conseguido interpor o recurso, via fax, por conta de um problema técnico 
do próprio Poder Judiciário, ele não terá oportunidade de ajuizar o recurso em outra data fora do prazo. 
Em outras palavras, o recurso interposto via fax fora do prazo recursal deve ser considerado 
intempestivo, ainda que tenha ocorrido eventual indisponibilidade do sistema de protocolo via fax do 
Tribunal no decorrer do referido período de tempo. 
São de responsabilidade de quem opta pelo sistema de comunicação por fax os riscos de que eventuais 
defeitos técnicos possam impedir a perfeita recepção da petição. 
STJ. 2ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 237.482-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/2/2013. 
 
Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa 
jurídica de direito público à qual pertença (Súmula 421/STJ). 
Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa 
jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.102.459-RJ, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ-RJ), 
julgado em 22/5/2012. 
 
Súmula 484-STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a 
interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito 
controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
 
 
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O § 3º do art. 515 do CPC prevê a chamada “teoria da causa madura”, nos seguintes termos: 
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde 
logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato 
julgamento. 
 
A redação literal do § 3º exige que a causa verse sobre questão exclusivamente de direito. No entanto, o 
STJ amplia esta possibilidade e afirma que o mencionado dispositivo deve ser interpretado em conjunto 
com o art. 330, I, o qual permite ao magistrado julgar antecipadamente a lide se esta versar unicamente 
sobre questões de direito ou, “sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em 
audiência”. 
 
Logo, no exame de apelação interposta contra sentença que tenha julgado o processo sem resolução de 
mérito, o Tribunal pode julgar desde logo a lide, mediante a aplicação do procedimento previsto no art. 
515, § 3º, do CPC, na hipótese em que não houver necessidade de produção de provas (causa madura), 
ainda que, para a análise do recurso, seja inevitável a apreciação do acervo probatório contido nos autos. 
STJ. Corte Especial. EREsp 874.507-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/6/2013. 
 
Não é possível a homologação de pedido de desistência de recurso já julgado, pendente apenas de 
publicação de acórdão. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no AgRg no Ag 1.392.645-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/2/2013. 
 
 
Não é possível conhecer de recurso especial interposto sem assinatura de advogado. 
Se não consta a assinatura no recurso especial este deve ser considerado como inexistente. 
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 219.496-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/4/2013 (Info 521). 
 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
No mandado de segurança,se o impetrante morre, os seus herdeiros não podem se habilitar para 
continuar o processo. Assim, falecendo o impetrante, o mandado de segurança será extinto sem 
resolução do mérito, ainda que já esteja em fase de recurso. Isso ocorre em razão do caráter 
mandamental e da natureza personalíssima do MS. 
STF. 1ª Turma. RMS 26806 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 22/5/2012. 
 
O STF decidiu que o impetrante pode desistir de mandado de segurança a qualquer tempo, ainda que 
proferida decisão de mérito a ele favorável, e sem anuência da parte contrária. 
O mandado de segurança, enquanto ação constitucional, com base em alegado direito líquido e certo 
frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, não se reveste de lide, em sentido material. 
STF. Plenário. RE 669367/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 2/5/2013. 
 
A implementação de gratificação no contracheque de servidor público cujo direito foi reconhecido pelo 
Poder Judiciário, inclusive em sede de mandado de segurança, deve se dar após o trânsito em julgado da 
decisão, nos termos do artigo 2º-B da Lei n. 9.494/1997. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.132.607-RN, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 7/11/2012. 
 
CAUTELAR 
Súmula 482-STJ: A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da 
eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
 
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EXECUÇÃO 
Na execução de pagar quantia certa (título extrajudicial), o art. 745-A do CPC prevê expressamente a 
possibilidade do devedor parcelar em até seis vezes o valor cobrado na execução, desde que depositado 
30% do valor e preenchidos os demais requisitos legais. 
Apesar de não haver previsão legal expressa, o STJ admite essa possibilidade de parcelamento também 
ao devedor no caso de cumprimento de sentença. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.264.272-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2012. 
 
Se foi tentada a penhora on line e não se conseguiu êxito, novas tentativas de penhora eletrônica somente 
serão possíveis se o exequente (credor) apresentar ao juízo provas ou indícios de que a situação econômica 
do executado (devedor) foi alterada, isto é, se o exequente indicar que há motivos concretos para se acreditar 
que, desta vez, poderá haver valores depositados em contas bancárias passíveis de penhora. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.284.587-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 16/2/2012. 
 
Súmula 497-STJ: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde 
que coexistam penhoras sobre o mesmo bem. 
STJ. 1ª Seção, 1ª Seção, DJe 13/8/2012. 
 
Súmula 487-STJ: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado 
em data anterior à da sua vigência. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
IMPUGNAÇÃO 
Para que o devedor apresente IMPUGNAÇÃO (na fase de cumprimento de sentença) é necessária a 
garantia do juízo, ou seja, é indispensável que haja prévia penhora, depósito ou caução. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.195.929-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012. 
 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
 
Existe uma ordem de prioridades na citação do executado na execução fiscal. Inicialmente, deve-se 
tentar a citação pelo correio. Se não for possível, deve-se buscar a citação por Oficial de Justiça. Caso esta 
também reste infrutífera, realiza-se a citação por edital. 
Vale ressaltar, no entanto, que não é necessário o exaurimento de todos os meios para que o Oficial de 
Justiça tente localizar o paradeiro do executado para se admitir a citação por edital. O meirinho procura 
o devedor em seu domicílio fiscal e, se não o encontrar, a citação por edital é possível. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 206.770-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012; AgRg no 
AREsp 198.239-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/11/2012. 
 
A caracterização de má-fé do terceiro adquirente, ou mesmo a prova do conluio, não é necessária para 
caracterização da fraude à execução fiscal. A natureza jurídica do crédito tributário conduz a que a 
simples alienação de bens pelo sujeito passivo por quantia inscrita em dívida ativa, sem a reserva de 
meios para quitação do débito, gere a presunção absoluta de fraude à execução. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 241.691/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/11/2012, DJe 
04/12/2012. 
 
Assim, na execução fiscal, para que se presuma a fraude basta que o devedor tenha alienado ou onerado 
os bens ou rendas após o débito ter sido inscrito na dívida ativa e fique sem ter patrimônio para pagar a 
Fazenda. Não é necessário discutir se houve má-fé do terceiro adquirente. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.341.624-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 6/11/2012. 
 
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O representante judicial de conselho de fiscalização profissional possui a prerrogativa de ser intimado 
pessoalmente no âmbito de execução fiscal promovida pela entidade. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.330.473-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 12/6/2013. 
 
Em execução fiscal, o juiz não pode indeferir o pedido de substituição de bem penhorado se a Fazenda 
Pública concordar com a pretendida substituição. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.377.626-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/6/2013. 
 
A oposição de embargos à execução fiscal depois da penhora de bens do executado não suspende 
automaticamente os atos executivos, fazendo-se necessário que o embargante demonstre a relevância 
de seus argumentos ("fumus boni juris") e que o prosseguimento da execução poderá lhe causar dano de 
difícil ou de incerta reparação ("periculum in mora"). 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.272.827-PE, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013 (recurso repetitivo). 
 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
É possível a instauração e o prosseguimento de inquérito civil com a finalidade de apurar possível 
incompatibilidade entre a evolução patrimonial de vereadores e seus respectivos rendimentos, ainda que 
o referido procedimento tenha se originado a partir de denúncia anônima, na hipótese em que realizadas 
administrativamente as investigações necessárias para a formação de juízo de valor sobre a veracidade 
da notícia. 
Ressalte-se que o art. 13 da Lei de Improbidade obriga os agentes públicos a disponibilizarem 
periodicamente informações sobre seus bens e evolução patrimonial. Vale destacar que os agentes 
políticos sujeitam-se a uma diminuição na esfera de privacidade e intimidade, de modo que se mostra 
ilegítima a pretensão de não revelar fatos relacionados à evolução patrimonial. 
STJ. 2ª Turma. RMS 38.010-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 4/4/2013. 
 
A competência para processar e julgar ação civil pública é absoluta e se dá em função do local onde ocorreu o 
dano. STJ. 1ª Seção. AgRg nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 14/11/2012. 
 
Súmula 489-STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas 
propostas nesta e na Justiça estadual. 
STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012. 
 
É possível determinar a suspensão do andamento de processos individuais até o julgamento, no âmbito 
de ação coletiva, da questão jurídica de fundo neles discutida. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.353.801-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/8/2013. 
 
 
PRAZO PARA IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA 
A Lei n. 12.016/2009 prevê um prazo para o ajuizamento do MS: 
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, 
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
 
Prazo do MS: 120 dias. 
 
 
 
 
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Natureza deste prazo: 
A posição majoritária afirma que se trata de prazo decadencial.Vale ressaltar, no entanto, que o STJ afirma que, se o marco final do prazo do MS terminar em sábado, 
domingo ou feriado, ele deverá ser prorrogado para o primeiro dia útil seguinte: 
(...) 4. O termo inicial para a impetração é a data da ciência do ato, mas a contagem só tem início no primeiro 
dia útil seguinte e, caso o termo final recaia em feriado forense ou dia não útil (sábado ou domingo), 
prorroga-se automaticamente o término do prazo para o primeiro dia útil que se seguir. A observância do 
prazo inicial e final para o exercício do direito à ação de mandado de segurança não deve se afastar do que 
dispõe o artigo 184 do CPC (...) (MS 14.828/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, julgado em 
08/09/2010). 
 
A previsão de um prazo para o MS é constitucional? 
SIM. Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de 
segurança. 
 
Termo inicial do prazo: 
O prazo para impetrar o MS inicia-se na data em que o prejudicado toma ciência do ato coator praticado. 
(...) Considerou, ainda, que a ofensa ao direito líquido e certo não se conta a partir da expedição da 
resolução (ato impugnado no mandado de segurança), mas sim do momento em que produzir efeitos. Tal 
entendimento harmoniza-se com a jurisprudência do STJ de que o prazo decadencial no mandado de 
segurança tem início na data em que o interessado teve ciência inequívoca do ato atacado. (...) 
REsp 1.088.620-SP, Rel. para o acórdão Min. Castro Meira, julgado em 18/11/2008. 
 
O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato sucessivo? 
Como é contado o prazo para o MS no caso de a Administração Pública suprimir ou reduzir determinada 
vantagem paga ao servidor? 
 
Para o STJ é preciso fazer a seguinte distinção: 
 
Ato que SUPRIME 
vantagem 
Ato que REDUZ vantagem 
Ato que reajusta benefício 
em valor inferior ao devido 
Ato único. Prestação de trato 
sucessivo. 
Prestação de trato 
sucessivo. 
O prazo para o MS é 
contado da data em que o 
prejudicado toma ciência 
do ato. 
O prazo para o MS renova-
se mês a mês 
(periodicamente). 
O prazo para o MS renova-
se mês a mês 
(periodicamente). 
 
 
PRECATÓRIOS 
A expressão “na data de expedição do precatório” constante no § 2º do art. 100 da CF/88 foi declarada 
INCONSTITUCIONAL. O STF entendeu que esta limitação até a data da expedição do precatório viola o 
princípio da igualdade e que esta superpreferência deveria ser estendida a todos credores que 
completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do precatório de 
natureza alimentícia. O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são INCONSTITUCIONAIS. 
Para o Supremo, este regime de compensação obrigatória trazido pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma 
enorme superioridade processual à Fazenda Pública, viola a garantia do devido processo legal, do 
contraditório, da ampla defesa, da coisa julgada, da isonomia e afeta o princípio da separação dos Poderes. 
O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta 
de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF. 
 
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Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também declarou 
inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art. 5º da Lei n. 11.960/2009, 
que deu a redação atual ao art. 1º-F. da Lei n. 9.494/97. 
O STF também declarou a inconstitucionalidade da expressão “independentemente de sua natureza”, 
presente no § 12 do art. 100 da CF, com o objetivo de deixar claro que, para os precatórios de natureza 
tributária se aplicam os mesmos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário. 
O Supremo declarou inconstitucionais o § 15 do art. 100 da CF/88 e todo o art. 97 do ADCT. 
STF. Plenário. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, Min. Luiz Fux, 14/3/2013. 
 
Não é possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de tributos federais. Isso 
porque, nessa hipótese, não há identidade entre devedor e credor. 
STJ. AgRg no AREsp 334.227-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 6/8/2013. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Conceito de consumidor e teoria finalista aprofundada 
Em regra, somente pode ser considerado consumidor, para fins de aplicação do CDC, o destinatário fático 
e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 
Com isso, em regra, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como 
aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, 
o preço final) de um novo bem ou serviço. 
Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência do 
STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para 
admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e sociedades empresárias em que, 
mesmo a sociedade empresária utilizando os bens ou serviços para suas atividades econômicas, fique 
evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista 
mitigada, abrandada ou aprofundada. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012 (Info 510 STJ). 
 
É possível aplicar o CDC à relação entre proprietário de imóvel e a imobiliária contratada por ele para 
administrar o bem. Em outras palavras, a pessoa que contrata uma empresa administradora de imóveis 
pode ser considerada consumidora. 
STJ. 3ª Turma. REsp 509.304-PR, Rel. Min. Villas Bôas Cueva, julgado em 16/5/2013. 
 
Se houver descredenciamento de médicos ou hospitais, a operadora de plano de saúde tem o dever de 
informar esse fato individualmente a cada um dos associados. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.144.840-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/3/2012 (Info 493 STJ). 
 
O plano de saúde é solidariamente responsável pelos danos causados aos associados pela sua rede 
credenciada de médicos e hospitais. Assim, no caso de erro médico cometido por profissional 
credenciado, a operadora responderá, solidariamente, com o médico, pelos danos causados ao paciente. 
O plano de saúde possui responsabilidade objetiva perante o consumidor, podendo, em ação regressiva, 
averiguar a culpa do médico ou do hospital. 
STJ. 4ª Turma. REsp 866.371-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/3/2012. 
 
É abusiva a cláusula do contrato de seguro-saúde (plano de saúde) que estabeleça limite de valor para o 
custeio de despesas com tratamento clínico, cirúrgico e de internação hospitalar. 
STJ. 4ª Turma. REsp 735.750-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/2/2012 (Info 492 STJ). 
 
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Plano de saúde não pode negar o custeio de cirurgia de gastroplastia (indicada para tratamento de 
obesidade mórbida) 
Assim, é abusiva a negativa do plano de saúde em cobrir as despesas de intervenção cirúrgica de 
gastroplastia, necessária à garantia da sobrevivência do segurado. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.249.701-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2012 (Info 511 STJ). 
 
É vedado o envio de cartão de crédito, ainda que bloqueado, à residência do consumidor sem prévia e 
expressa solicitação. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.199.117-SP, Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/12/2012 (Info 511 STJ). 
 
A legislação permite que o contrato estipule prazo de carência nos contratos de planos de saúde e de 
seguros privados de saúde. No entanto, mesmo havendo carência, as operadoras são obrigadas a 
oferecer cobertura nos casos de urgência e emergência a partir de 24 horas depois de ter sido assinado o 
contrato (art. 12, V, c, da Lei n. 9.656/98). 
STJ. 4ª Turma. REsp 962.980-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgadoem 13/3/2012 (Info 493 STJ). 
 
O banco pode ser condenado a pagar reparação por dano moral coletivo, em ação civil pública, pelo fato 
de oferecer, em sua agência, atendimento inadequado aos consumidores idosos, deficientes físicos e 
com dificuldade de locomoção. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.221.756-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/2/2012 (Info 490 STJ). 
 
A instituição financeira não pode ser responsabilizada por assalto sofrido por sua correntista em via 
pública, isto é, fora das dependências de sua agência bancária, após a retirada, na agência, de valores em 
espécie, sem que tenha havido qualquer falha determinante para a ocorrência do sinistro no sistema de 
segurança da instituição. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.284.962-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2012 (Info 512 STJ). 
 
A inversão do ônus da prova de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é REGRA DE INSTRUÇÃO, devendo a 
decisão judicial que determiná-la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo 
ou, pelo menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo a reabertura de 
oportunidade para manifestar-se nos autos. 
STJ. 2ª Seção. EREsp 422.778-SP, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti (art. 52, IV, b, do RISTJ), 
julgados em 29/2/2012 (Info 492 STJ). 
 
Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito 
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 
STJ. 2ª Seção, DJe 1/8/2012. 
 
Qual é o prazo prescricional para que moradores de casas atingidas por queda de avião ajuízem ação de 
indenização contra a companhia aérea? 
5 anos (art. 27 do CDC). 
Os moradores, embora não tenham utilizado o serviço da companhia aérea como destinatários finais, 
equiparam-se a consumidores pelo simples fato de serem vítimas do evento. São conhecidos como 
bystanders (art. 17 do CDC). 
Não se aplica o prazo prescricional do Código Brasileiro de Aeronáutica quando a relação jurídica 
envolvida for de consumo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.202.013-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/6/2013. 
 
 
 
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Súmula 477-STJ: A decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter 
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. 
STJ. 2ª Seção, DJe 19/6/2012. 
 
I – Na ação regressiva, devem ser aplicadas as mesmas regras do CDC que seriam utilizadas em eventual 
ação judicial promovida pelo segurado (consumidor) contra o restaurante (fornecedor). Isso porque, após 
o pagamento do valor contratado, ocorre sub-rogação, transferindo-se à seguradora todos os direitos, 
ações, privilégios e garantias do segurado em relação à dívida contra o restaurante, de acordo com o 
disposto no art. 349 do CC. 
II – O restaurante que ofereça serviço de manobrista (valet parking) prestado em via pública não poderá 
ser civilmente responsabilizado na hipótese de roubo de veículo de cliente deixado sob sua 
responsabilidade, caso não tenha concorrido para o evento danoso. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.321.739-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 5/9/2013 (Info 530). 
 
Responsabilidade civil do médico em caso de cirurgia plástica 
I – A obrigação nas cirurgias meramente estéticas é de resultado, comprometendo-se o médico com o 
efeito embelezador prometido. 
II – Embora a obrigação seja de resultado, a responsabilidade do cirurgião plástico permanece subjetiva, 
com inversão do ônus da prova (responsabilidade com culpa presumida) (não é responsabilidade 
objetiva). 
III – O caso fortuito e a força maior, apesar de não estarem expressamente previstos no CDC, podem ser 
invocados como causas excludentes de responsabilidade. 
STJ. 4ª Turma. REsp 985.888-SP, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/2/2012 (Info 491 STJ). 
 
É vedada a denunciação da lide para que ingresse terceiro em processo de autoria do consumidor, 
cuidando-se de relação de consumo, propiciando ampla dilação probatória que não interessa ao 
hipossuficiente e que apenas lhe causa prejuízo. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1305780/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/04/2013. 
 
Não cabe a denunciação da lide nas ações indenizatórias decorrentes da relação de consumo, seja no 
caso de responsabilidade pelo fato do produto, seja no caso de responsabilidade pelo fato do serviço 
(arts. 12 a 17 do CDC). 
Assim, a vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade de 
comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses de 
responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.165.279-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/5/2012 (Info 498 STJ). 
 
A responsabilidade por débito relativo ao consumo de água e serviço de esgoto é de quem efetivamente 
obteve a prestação do serviço. Trata-se de obrigação de natureza pessoal, não se caracterizando como 
obrigação propter rem. Assim, não se pode responsabilizar o atual usuário por débitos antigos contraídos 
pelo morador anterior do imóvel. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.313.235-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/9/2012 
(Info 505 STJ). 
 
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas 
incluam no cadastro de inadimplentes os consumidores em débito que estejam discutindo judicialmente 
a dívida. 
Trata-se da defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores, havendo interesse social 
(relevância social) no caso. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.148.179-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/2/2013 (Info 516 STJ). 
 
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Os Conselhos Seccionais da OAB podem ajuizar ACP em relação aos temas que afetem a sua esfera local 
(art. 45, § 2º, da Lei n. 8.906/84). 
Vale ressaltar que a legitimidade ativa para propositura de ações civis públicas por parte da OAB, seja 
pelo Conselho Federal, seja pelos Conselhos Seccionais, deve ser lida de forma abrangente, em razão das 
finalidades outorgadas pelo legislador à entidade, que possui caráter peculiar no mundo jurídico. 
Não é possível limitar a atuação da OAB em razão de pertinência temática, uma vez que a ela 
corresponde a defesa, inclusive judicial, da Constituição Federal, do Estado de Direito e da justiça social, 
o que, inexoravelmente, inclui todos os direitos coletivos e difusos. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1351760/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/11/2013 (não divulgado em 
Info em 2013) 
 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
Conforme autoriza o art. 149 do ECA, o juiz pode disciplinar, por portaria, a entrada e permanência de 
criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsáveis em estádios, bailes, boates, teatros 
etc. No entanto, essa portaria deverá ser fundamentada, caso a caso, sendo vedada que ela tenha 
determinações de caráter geral (§ 2º do art. 149). 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.292.143-SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/6/2012. 
 
O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública a fim de obter compensação por 
dano moral difuso decorrente da submissão de adolescentes a tratamento desumano e vexatório levado 
a efeito durante rebeliões ocorridas em unidade de internação. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.368.769-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/8/2013. 
 
O simples fato de um maior de idade ter se utilizado da participação de um menor de 18 anos na prática 
de infração penal já é suficiente para que haja a consumação do crime de corrupção de menores 
(previsto inicialmente no art. 1º da revogada Lei n. 2.252/1954 e atualmente tipificado no art. 244-B do 
ECA). 
Assim, para a configuração do delito não se exige prova de que o menor tenha sido efetivamentecorrompido. Isso porque o delito de corrupção de menores é considerado formal. 
STJ. 6ª Turma. HC 159.620-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/3/2013. 
 
 
APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL 
 
Ato infracional 
Quando uma criança ou adolescente pratica um fato previsto em lei como crime ou contravenção penal, 
esta conduta é chamada de “ato infracional”. 
Assim, juridicamente, não se deve dizer que a criança ou adolescente cometeu um crime ou contravenção 
penal, mas sim ato infracional. 
 
Criança: é a pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos. 
Adolescente: é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade. 
 
Quando uma criança ou adolescente pratica um ato infracional, não receberá uma pena (sanção penal), 
considerando que não pratica crime nem contravenção. O que acontece então? 
 Criança: receberá uma medida protetiva (art. 101 do ECA). 
 
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 Adolescente: receberá uma medida socioeducativa (art. 112 do ECA) e/ou medida protetiva (art. 101 
do ECA). 
 
Procedimento aplicável no caso de apuração de ato infracional 
A apuração de ato infracional praticado por criança ou adolescente é regulada por alguns dispositivos do 
ECA. No entanto, como o Estatuto não tratou de forma detalhada sobre o tema, o art. 152 determina que 
sejam aplicadas subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente. 
 
No caso de apuração de ato infracional, aplica-se subsidiariamente o CPP ou o CPC? 
Depende. Aplica-se: 
 o CPP para o processo de conhecimento (representação, produção de provas, memoriais, sentença); 
 o CPC para as regras do sistema recursal (art. 198 do ECA). 
 
Resumindo: 
1ª opção: normas do ECA. 
Na falta de normas específicas: 
 CPP: Para regular o processo de conhecimento. 
 CPC: para regular o sistema recursal. 
 
Procedimento no caso de uma criança praticar ato infracional 
1) Deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar (art. 136, I, do ECA). 
2) É aconselhável que o Conselho Tutelar registre a ocorrência do ato infracional na Delegacia de Polícia, 
sem a presença da criança. 
3) O Conselho Tutelar poderá aplicar à criança as medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII, do ECA. 
Deve-se lembrar que as crianças não estão submetidas às medidas socioeducativas, ainda que tenham 
praticado ato infracional. 
4) Para a aplicação das medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII do ECA, o Conselho Tutelar não 
precisa da intervenção do Poder Judiciário, que somente será necessária nas hipóteses de “inclusão em 
programa de acolhimento familiar” (inciso VIII) e “colocação em família substituta” (inciso IX). 
 
Procedimento no caso de um adolescente praticar ato infracional 
1) Se o adolescente foi apreendido em flagrante: deverá ser, desde logo, encaminhado à autoridade 
policial competente (art. 172 do ECA). 
 
2) Se o ato infracional foi praticado mediante violência ou grave ameaça à pessoa: 
A autoridade policial deverá (art. 173): 
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente (é como se fosse um auto de 
prisão em flagrante); 
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; 
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração. 
 
3) Se o ato infracional foi praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa: 
Regra: o adolescente será prontamente liberado, devendo, no entanto, o pai, a mãe ou outro 
responsável pelo menor assinar um termo de compromisso e responsabilidade no qual fica 
estabelecido que o adolescente irá se apresentar ao representante do Ministério Público, naquele 
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato (art. 174). 
Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do 
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência (art. 176). 
Exceção: mesmo o ato infracional tendo sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, a 
autoridade policial poderá decidir, com base na gravidade do ato infracional e em sua repercussão 
social, que o adolescente deve ficar internado a fim de garantir: 
 
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a) a sua segurança pessoal; ou 
b) a manutenção da ordem pública. 
 
4) Caso o menor NÃO tenha sido liberado: o Delegado encaminhará, desde logo, o adolescente ao 
representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de 
ocorrência (art. 175). 
Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade 
de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas. 
Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade 
policial. À falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em 
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo 
de 24 horas. 
 
5) Peças de informação: 
Na apuração de ato infracional, o procedimento de investigação feito na polícia com a colheita dos 
depoimentos e juntada de outras provas não recebe a denominação de “inquérito policial”, sendo 
chamado de “peças de informação”, que deverão ser encaminhadas pelo Delegado ao MP. 
 
6) Oitiva informal do menor pelo MP: 
Como visto acima, o adolescente apontado como autor de ato infracional deverá ser ouvido pelo MP. 
Assim, apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público procederá imediata e 
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. 
Pode parecer estranho, inclusive gerando dúvidas nos candidatos quando aparece nas provas de 
concurso, mas o art. 179 do ECA afirma que essa oitiva do adolescente, feita pelo MP, é informal. Por 
isso, alguns autores defendem que não é necessário que esse ato seja reduzido a escrito, podendo o 
Promotor de Justiça ouvir o menor sem registro formal. 
 
7) Providências adotadas pelo Promotor de Justiça (art. 180): 
Após ouvir o menor, o representante do Ministério Público poderá: 
I - promover o arquivamento dos autos; 
II - conceder a remissão; 
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa. 
Obs: além dessas três situações previstas no ECA, a doutrina afirma também que o MP poderá 
determinar a realização de novas diligências investigatórias. 
 
8) Remissão ministerial: 
Remissão, no ECA, é o ato de perdoar o ato praticado pelo adolescente e que irá gerar a exclusão, a 
extinção ou a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja. 
A remissão não significa necessariamente que esteja se reconhecendo que o adolescente praticou 
aquela conduta nem serve para efeito de antecedentes. 
A remissão de que estamos tratando neste momento é a remissão concedida pelo Ministério Público 
como forma de exclusão do processo, ou seja, para que este nem se inicie. Encontra-se prevista nos 
arts. 126 e 127 do ECA: 
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante 
do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às 
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente 
e sua maior ou menor participação no ato infracional. 
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária 
importará na suspensão ou extinção do processo. 
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da 
responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a 
 
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aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdadee 
a internação. 
 
Segundo decidiu o STJ, é possível cumular a remissão com a aplicação de medida socioeducativa que não 
implique restrição à liberdade do adolescente infrator. 
Em outras palavras, é possível a concessão de remissão cumulada com medida socioeducativa, desde que 
não a semiliberdade e a internação. 
STJ. 6ª Turma. HC 177.611-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 1º/3/2012. 
 
Cumpre relembrar a existência de súmula sobre o tema: 
Súmula 108-STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é 
da competência exclusiva do juiz. 
 
9) Representação: 
O art. 182 do ECA determina que, se o representante do Ministério Público não promover o 
arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação ao juiz, propondo a instauração de 
procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar mais adequada. 
A “representação” de que trata o ECA é como se fosse a “denúncia” no processo penal. 
A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato 
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária 
instalada pela autoridade judiciária (§ 1º do art. 182). 
A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade (§ 2º do art. 182). 
 
10) Juiz designa audiência de apresentação: 
Oferecida a representação, se o juiz entender que não é o caso de rejeição da peça, designará 
audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção 
da internação (art. 184 do ECA). 
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e 
notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado. 
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao 
adolescente. 
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e 
apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. 
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação 
dos pais ou responsável. 
 
11) Audiência de apresentação 
O art. 186 do ECA determina que, na audiência de apresentação, o juiz irá ouvir o adolescente, seus 
pais ou responsável, “podendo solicitar opinião de profissional qualificado”. 
 
A realização desse estudo (“opinião de profissional qualificado”) de que trata o art. 186 do ECA é 
obrigatória? 
NÃO. Segundo decidiu a 1ª Turma do STF, o referido estudo serve para auxiliar o juiz, especialmente 
para avaliar a medida socioeducativa mais adequada, não sendo, contudo, obrigatório. Assim, não há 
nulidade do processo por falta desse laudo técnico, uma vez que se trata de faculdade do magistrado, 
podendo a decisão ser tomada com base em outros elementos constantes dos autos (STF. Primeira 
Turma. HC 107473/MG, rel. Min. Rosa Weber, 11/12/2012). 
 
12) Possibilidade de ser concedida remissão judicial 
 
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Segundo o § 1º do art. 186 do ECA, a autoridade judiciária, após ouvir o representante do Ministério 
Público, poderá proferir decisão concedendo a remissão. Neste caso, trata-se da remissão judicial que 
funciona como forma de suspensão ou extinção do processo. 
A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do 
procedimento, antes da sentença (art. 186 do ECA). 
 
13) Instrução e debates 
Não sendo o caso de se conceder a remissão, será realizada a instrução. 
Depois da instrução haverá os debates entre Ministério Público e defesa. 
 
14) Sentença 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para os atos infracionais. 
STF. Segunda Turma. HC 112400/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 22/5/2012. 
Trata-se de posição pacífica no STF e no STJ. 
 
 
MEDIDAS PROTETIVAS 
 
O juiz da infância e juventude tem o poder de determinar, de ofício, a realização de providências em 
favor de criança ou adolescente em situação de risco (no caso concreto, matrícula em escola pública), 
sem que isso signifique violação do princípio dispositivo. 
STJ. 2ª Turma. RMS 36.949-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 13/3/2012. 
 
O juiz da infância e juventude expediu ofício ao Município “X” requisitando que fossem providenciadas 
vagas em escola pública em favor de certos menores que estariam sob medida de proteção. 
 
As medidas de proteção são aplicáveis a crianças ou adolescentes em situação de risco, ou seja, quando 
seus direitos estiverem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta. 
 
As medidas de proteção estão previstas no art. 101 do ECA. 
 
O Município insurgiu-se contra o ofício expedido pelo Juiz, alegando que somente seria obrigado a cumprir 
qualquer mandamento do juízo se a referida determinação fosse derivada de um processo judicial. Alegou 
que em nenhum momento houve a propositura de ação judicial, de modo que a ordem exarada teria sido 
tomada sem que houvesse ocorrido o ajuizamento da ação judicial cabível, seja pelos menores, seja pelo 
Ministério Público. 
 
A polêmica que chegou ao STJ, portanto, foi a seguinte: pode o juiz da infância e da juventude requisitar, de 
ofício, providências ao Município para atender interesses de crianças e adolescentes mesmo sem processo 
judicial em curso? 
SIM. Com base no art. 153 do ECA: 
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra 
lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido 
o Ministério Público. 
 
 
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Desse modo, com base neste dispositivo, cabe ao magistrado adotar a iniciativa para investigar os fatos e 
ordenar de ofício as providências necessárias. Neste ponto, o ECA conferiu ao juiz um papel mais ativo, não 
dependendo de provocação do MP ou dos menores. 
O Ministro Relator afirmou ainda que a doutrina especializada é pacífica no sentido de que o juízo da 
infância pode agir de ofício para demandar providências em prol dos direitos de crianças e de adolescentes. 
 
 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
 
Quais são as medidas socioeducativas que implicam privação de liberdade 
 Semiliberdade; 
 Internação. 
 
Semiliberdade (art. 120 do ECA) 
Pelo regime da semiliberdade, o adolescente realiza atividades externas durante o dia, sob supervisão de 
equipe multidisciplinar, e fica recolhido à noite. 
O regime de semiliberdade pode ser determinado como medida inicial imposta pelo juiz ao adolescente 
infrator, ou como forma de transição para o meio aberto (uma espécie de “progressão”). 
 
Internação (arts. 121 e 122 do ECA) 
Por esse regime, o adolescente fica recolhido na unidade de internação. 
A internação constitui medida privativa da liberdade e se sujeita aos princípios de brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
Pode ser permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo 
expressa determinação judicial em contrário. 
A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão 
fundamentada, no máximo a cada seis meses. 
Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. 
Se o interno completar 21 anos, deverá ser obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internação. 
 
Para o STJ, o juiz somente pode aplicar a medida de internação ao adolescente infrator nas hipóteses 
taxativamente previstas no art. 122 do ECA, pois a segregação do adolescente é medida de exceção, 
devendo ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade,em observância ao espírito 
do Estatuto, que visa à reintegração do menor à sociedade (HC 213778): 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 
 
Observa-se com frequência, na prática, diversas sentenças que aplicam a medida de internação ao 
adolescente pela prática de tráfico de drogas, valendo-se como único argumento o de que tal ato 
infracional é muito grave e possui natureza hedionda. O STJ não concorda com este entendimento e tem 
decidido, reiteradamente, que não é admitida a internação com base unicamente na alegação da gravidade 
abstrata ou na natureza hedionda do ato infracional perpetrado. O tema revelou-se tão frequente que a 
Corte decidiu editar a Súmula 492 expondo esta conclusão: 
 
Súmula 492-STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à 
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. 
STJ. 3ª Seção, DJe 13/8/2012 
 
 
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Logo, o adolescente que pratica tráfico de drogas pode até receber a medida de internação, no entanto, 
para que isso ocorra, o juiz deverá vislumbrar, no caso concreto, e fundamentar sua decisão em alguma das 
hipóteses do art. 122 do ECA. 
 
 
AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR 
 
Na ação de destituição do poder familiar proposta pelo Ministério Público não cabe a nomeação da 
Defensoria Pública para atuar como curadora especial do menor. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.176.512-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1º/3/2012. 
 
Caso o Ministério Público perceba que os pais do menor não estão cumprindo regularmente suas 
atribuições e que a criança ou o adolescente encontra-se em situação de risco, poderá ajuizar ação de 
destituição do poder familiar. 
Sendo ajuizada ação de destituição do poder familiar contra ambos os pais, será necessário nomear a 
Defensoria Pública como curadora especial deste menor? NÃO. 
 
Argumentos: 
 Não existe prejuízo ao menor apto a justificar a nomeação de curador especial, considerando que a 
proteção dos direitos da criança e do adolescente é uma das funções institucionais do MP (arts. 201 a 
205 do ECA); 
 Cabe ao MP promover e acompanhar o procedimento de destituição do poder familiar, atuando o 
representante do Parquet como autor, na qualidade de substituto processual, sem prejuízo do seu 
papel como fiscal da lei; 
 Dessa forma, promovida a ação no exclusivo interesse do menor, é despicienda a participação de outro 
órgão para defender exatamente o mesmo interesse pelo qual zela o autor da ação; 
 Não há sequer respaldo legal para a nomeação de curador especial no rito prescrito pelo ECA para ação 
de destituição. 
 A Relatora entendeu que a nomeação de curador ao menor deve ocorrer nos casos previstos no art. 
142, parágrafo único do ECA, o que não se verificava no caso. 
 
 
ADOÇÃO 
 
ADOÇÃO CONJUNTA FEITA POR DOIS IRMÃOS 
 
Pelo texto do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados ou vivam 
em união estável. No entanto, a 3ª Turma do STJ relativizou essa regra do ECA e permitiu a adoção por 
parte de duas pessoas que não eram casadas nem viviam em união estável. Na verdade, eram dois 
irmãos (um homem e uma mulher) que criavam um menor há alguns anos e, com ele, desenvolveram 
relações de afeto. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012. 
 
Conceito de adoção 
Adoção é um ato jurídico em sentido estrito, que depende sempre de uma decisão judicial constitutiva, por 
meio do qual se cria um vínculo jurídico irrevogável de pai e filho(a) ou de mãe e filho(a) e cujos efeitos são 
exatamente os mesmos decorrentes de uma filiação biológica. 
 
Regime jurídico 
A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pelo ECA. 
A adoção de pessoas maiores de 18 anos também acaba observando as regras trazidas pelo ECA, 
considerando que, atualmente, o Código Civil quase nada disciplina sobre o tema. 
 
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Capacidade para adotar 
Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. 
O adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando. Ex: se o adotando tiver 4 anos, o 
adotante deverá ter, no mínimo, 20 anos. 
 
O que é adoção unilateral? 
É aquela realizada por uma só pessoa. Nesse caso, o adotante deve ter mais de 18 anos. 
 
O que é adoção bilateral (conjunta)? 
É aquela realizada por duas pessoas conjuntamente. Ex: um casal, que não pode ter filhos biológicos, 
decide adotar uma criança. 
 
Dois irmãos podem adotar um menor? 
Exemplo hipotético: Júlia (25 anos) e Pedro (30 anos) são irmãos e, por serem solteiros, ainda moram 
juntos. Júlia e Pedro criam, há alguns anos, um menor que encontraram na porta de sua casa. Júlia e Pedro 
podem adotar esse menor? 
 
Segundo o texto do ECA: NÃO 
Segundo a literalidade do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados 
ou vivam em união estável (§ 2º do art. 42). Excepcionalmente, a Lei permite que adotem se já estiverem 
separados, mas desde que o estágio de convivência com o menor tenha começado durante o 
relacionamento amoroso (§ 4º do art. 42). 
Art. 42 (...) § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou 
mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. 
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, 
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha 
sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de 
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da 
concessão. 
 
Segundo entendeu o STJ: SIM 
O conceito de núcleo familiar estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, devendo ser 
ampliado para abarcar a noção plena de família, apreendida nas suas bases sociológicas. 
O simples fato de os adotantes serem casados ou companheiros, apenas gera a presunção de que exista um 
núcleo familiar estável, o que nem sempre se verifica na prática. 
Desse modo, o que importa realmente para definir se há um núcleo familiar estável que possa receber o 
menor são os elementos subjetivos, que podem ou não existir, independentemente do estado civil das 
partes. 
Nesse sentido, a chamada família anaparental (ou seja, sem a presença de um ascendente), quando 
constatado os vínculos subjetivos que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles 
grupos familiares descritos no art. 42, §2º, do ECA. 
Em suma, o STJ relativizou a proibição contida no § 2º do art. 42 e permitiu a adoção por parte de duas 
pessoas que não eram casadas nem viviam em união estável. Na verdade, eram dois irmãos (um homem e 
uma mulher) que criavam um menor há alguns anos e, com ele, desenvolveram relações de afeto. 
 
 
ADOÇÃO POST MORTEM MESMO QUE O ADOTANTE NÃO TENHA INICIADO O PROCEDIMENTO FORMAL 
ENQUANTO VIVO 
 
 
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Pelo texto do ECA, a adoção post mortem (após a morte do adotante) somente poderá ocorrer se o 
adotante, em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar e iniciou o procedimento de 
adoção, vindo a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. 
Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o menor, poderá 
ocorrer a adoção post mortem mesmo que não tenha iniciado o procedimento de adoção quando vivo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy

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