Buscar

PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO

Prévia do material em texto

A OMISSÃO de dados é PUBLICIDADE ENGANOSA
Entende-se por publicidade todo e qualquer ato que aproxime o consumidor do fornecedor. Dentro da legislação brasileira a principal lei que regula a publicidade é o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, mais conhecido como CDC. Nesta regulamentação a mais conhecida dos publicitários e do público em geral é, sem sombra de dúvidas, a publicidade enganosa.
Histórico
A normatização desta prática publicitária começou ao final do século XIX e início do século XX, quando o direito alemão iniciou uma repressão à publicidade enganosa criando várias e diversas leis sobre o tema em 1896 e 1909. De lá para cá, diversos países perceberam o mal que uma publicidade enganosa representa e publicaram leis sobre o assunto. No Brasil, a enganosidade da publicidade está regulamentada no artigo 6º, inciso IV; e artigo 37º, § 1, ambos do CDC.
O texto da lei é muito simples e de fácil compreensão, não gerando dúvidas em torno do que seria um publicidade enganosa, porém há um parágrafo que costuma ocasionar severas dúvidas, principalmente aos publicitários:
Ocasiona dúvidas aos publicitários:
Art. 37. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
É fácil, a publicidade enganosa por ação (ou comissão) é aquela onde o anunciante coloca ou insere dados que não condizem com o produto, são dados mentirosos, falsos, que o consumidor ou público-alvo ao se deparar com o produto ou serviço facilmente percebe que aquele dado prometido e exaltado no anúncio não está presente. É a publicidade enganosa clássica e conhecida de todos.
Agora surge a dúvida: e a publicidade enganosa por omissão? Como alguém pode enganar outras pessoas omitindo ou não inserindo dados na publicidade?
Simples, basta o anunciante omitir um dado que seja tão essencial ao produto anunciado que, caso fosse inserido, influenciasse no negativamente na venda ou na vontade do consumidor. Seguem abaixo dois casos, julgados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que ilustram muito bem o que aqui narro:
Carro quebrado
Caso 1: Trata-se de uma loja de veículos, da cidade de Campinas, que simplesmente anunciou um veículo por um valor e o consumidor (que, por acaso, era publicitário) ao chegar no local percebeu que o anúncio omitia que o motor do automóvel estava fundido. Os desembargadores que julgaram o caso entenderam que o dado omitido, no caso o motor fundido, era de suma importância para o produto, pois era o que denominava o próprio. Sem motor não existe veículo automotor que, como próprio nome diz, se move por meio de um motor próprio. Ficou claro, no caso julgado, que a omissão visava esconder do público-alvo o defeito a fim de que o consumidor fosse ao estabelecimento e lá pudesse ser “convencido” a adquirir o veículo.
Caso 2: Um grupo de turistas foram convencidos, por meio de panfletos e material impresso, a adquirir um pacote turístico para Aruba com direito a hospedagem em um hotel cinco estrelas definido pela agência de viagens como maravilhoso, ótimas acomodações e o melhor da região. Ao chegarem no hotel os turistas se depararam com o mesmo em reforma, onde os quartos eram localizados ao lado das obras, com muita poeira, barulho e desorganização. Foi o suficiente para os Desembargadores entenderem que houve omissão na publicidade de um dado essencial que era a reforma do hotel.
Pelos exemplos acima, facilmente percebemos que a publicidade de produtos ou serviços devem sempre informar o público-alvo de TODOS os detalhes que sejam necessários para a formação da sua vontade de compra. Dados que podem “atrapalhar” a venda têm que ser informados, sob pena de se incorrer na publicidade enganosa por omissão aqui explicada.

Continue navegando