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Guaíba 2015/2 MATEUS CORRÊA CARDOSO UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE DIREITO CONTRATOS ESPECIAIS E AFINS MATEUS CORRÊA CARDOSO CONTRATOS ESPECIAIS E AFINS Trabalho Acadêmico apresentado à Universidade Luterana do Brasil, como requisito parcial para a obtenção de média semestral na disciplina de Direito do Trabalho l. ORIENTADORA: IASMINE CARON ALVES Guaíba 2015/2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3 2 EMPREITADA ............................................................................................. 4 2.1 REGULAMENTAÇÃO SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002 ............. 4 2.1.1 ACÓRDÃO EMPREITADA ......................................................................... 5 3 MANDATO..................................................................................................6 3.1 CLASSIFICAÇÃO DO MANDATO ................................................................... 6 3.1.1 ACÓRDÃO MANDATO ............................................................................. 6 4 CONTRATO DE ESTÁGIO .............................................................................. 8 4.1 RESPONSABILIDADES DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO ........................................ 8 4.2 RESPONSABILIDADES DA EMPRESA CONCEDENTE ........................................ 8 4.3 DIREITOS DO ESTAGIÁRIO .......................................................................... 9 4.3.1 ACÓRDÃO CONTRATO DE ESTÁGIO ......................................................... 9 5 SOCIEDADE ............................................................................................. 10 5.1 DEFINIÇÕES DE SOCIEDADE SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL ................................ 10 5.1.1 ACÓRDÃO .......................................................................................... 10 6 REPRESENTAÇÃO COMERCIAL E/OU AGÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO .................... 12 6.1 DEFINIÇÃO SEGUNDO CÓDIGO CIVIL ......................................................... 12 6.1.1 ACÓRDÃO REPRESENTAÇÃO COMERCIAL .............................................. 12 7 PARCERIA RUAL ...................................................................................... 14 7.1 PARCERIA RURAL SEGUNDO O DECRETO Nº 59.566/66 ............................... 14 7.1.1 ACÓRDÃO PARCERIA RURAL ............................................................... 14 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 16 3 1 INTRODUÇÃO Este trabalho traz um breve conceito e embasamentos legais dos contratos especiais de trabalho e afins como Empreitada, Mandato, Estágio, Sociedade, Representação Comercial e Parceria Rural e acórdãos do TRT4 sobre cada um. 4 2 EMPREITADA “Art. 610 CCB/2002: O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais.” Empreitada é considerado trabalho profissional, porém, não é relação de emprego. É quando uma das partes, no caso o empreiteiro, compromete-se, sem subordinação ou dependência, a prestar certos serviços para outra pessoa, com material próprio ou proporcional ao trabalho executado. Trata-se de um contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo, podendo ajustar-se com caráter aleatório. Existem três critérios que diferenciam empreitada de emprego, são eles: Natureza e continuidade da prestação: visa um fim determinado; Forma de remuneração: o empreiteiro recebe apenas o valor da obra, enquanto o empregado recebe salário; Qualidade do empregador: quando o trabalhador oferece seu serviço ao público ao invés de trabalhar para empregador profissional. 2.1 REGULAMENTAÇÃO SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002 Empreitada de trabalho é quando o empreiteiro entra somente com o seu trabalho, e o beneficiado pela obra entra com o material. Já na empreitada mista, o empreiteiro oferece trabalho e material. O preço pode ser proporcional às partes da obra realizada, podendo ser feito abatimento no preço quando a obra não for concluída ou tiver defeitos. A responsabilidade do empreiteiro pela solidez da obra é de cinco anos, e após o aparecimento de defeitos, decadência de cento e oitenta dias. A suspensão é possível desde que o dono da obra pague as despesas e os lucros dos serviços já executados, mais indenização de perdas e danos sem justa causa. Os direitos do empreiteiro são contratuais, pois dependem de ajuste com o tomador de serviços sobre os seus diferentes aspectos como preço, prazo, ônus da compra de material entre outros. O dono da obra onde o empreiteiro realiza reforma não será responsável pelos direitos trabalhistas dos empregados deste e nem mesmo do empreiteiro pessoa física. “Orientações Jurisprudenciais da SDI-1 TST, 191: Contrato de empreitada. Dono de obra de construção civil. Responsabilidade. [...] não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. 5 2.1.1 Acórdão Empreitada PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 5ª Turma Identificação PROCESSO nº 002059264.2013.5.04.0522 (RO) RECORRENTE: DOMINGOS JAIR GURKEVICZ RECORRIDO: MARIA HELENA PEREIRA DA SILVA, ORILDO DOMINGOS DA SILVA RELATOR: BERENICE MESSIAS CORREA EMENTA PRELIMINARMENTE. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EMPREITADA. Caracterizada, "in casu", relação de natureza civil, ou seja, contrato de empreitada pactuado entre as partes, onde o autor foi contratado e desenvolveu sua atividade na condição de empreiteiro, e não de empregado ou trabalhador individual. A situação dos autos não está inserta na previsão do art. 652, inciso III, da CLT e, em que pese a ampliação trazida pela Emenda Constitucional nº 45, não resta alcançada pela competência da Justiça do Trabalho. Assim, de ofício, anulam-se os atos decisórios praticados na presente demanda e declara-se a incompetência da justiça do trabalho para processar e julgar a presente ação, determinando-se a remessa dos autos à Justiça Comum. ACÓRDÃO Cabeçalho do acórdão Acórdão preliminarmente, à unanimidade de votos, de ofício, anular os atos decisórios praticados na presente demanda e declarar a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a presente ação, determinando se a remessa dos autos à Justiça Comum. 6 3 MANDATO Art. 653, CCB/2002: opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é instrumento do mandato. O contrato de mandato pode ser gratuito ou oneroso e tem como objetivo, sempre um ato jurídico. O mandatário é sempre representante de alguém. Podem haver várias formas de mandato, dentre elas, a direta e a indireta. Na direta, o representante realiza negócios jurídicos em nome do representado, onde as consequências são para o representado. Já na representação indireta, o negócio jurídico é em favor do próprio declarante, mas no interesse de outrem. O mandatário, mesmo desfrutando de maior autonomia, na maioria das vezes trabalha sob instrução do mandante. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DO MANDATO Expresso ou tácito: decorrente de convenção ou dependente de presunção legal; Escrito ou verbal: em forma de documento particular ou público, ou como contratofalado ou compactuado entre as partes de forma verbal; Gratuito ou oneroso: normalmente é praticado sob forma de profissão pelo mandatário, admitindo-se, mediante convecção entre as partes a remuneração do mandatário; Geral ou especial: quando o mandato abrange todos os negócios do mandante; especial, quando houver um fim específico para o mandatário Ad negotia e Ad judicia: o primeiro é concedido para a tomada de atos na esfera extrajudicial. O segundo, quando for especificamente para a defesa da pretensão do mandante no espaço jurídico. A extinção do mandato pode ser feita através da renúncia do mandatário, por revogação por parte do mandante, por morte de uma das partes ou por eventual estado de incapacidade. 3.1.1 Acórdão Mandato PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO Seção Especializada em Execução Identificação 7 PROCESSO nº 002106333.2014.5.04.0009 (AP) AGRAVANTE: BERNARDO SILBERT AGRAVADO: ANDRE LUIS SANTOS DE CARVALHO RELATOR: LUCIA EHRENBRINK EMENTA NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS. NÃO CONFIGURAÇÃO DE MANDADO TÁCITO. Constatada a irregularidade de representação pela ausência de procuração/substabelecimento outorgado ao subscritor do agravo de petição e não configurada a hipótese de mandato tácito, não se conhece do recurso interposto. Aplicação da Súmula nº 164 do TST. Recurso não conhecido, por inexistente. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da Seção Especializada em Execução do Tribunal Regional do Trabalho da 04ª Região: preliminarmente, por unanimidade, não conhecer do agravo de petição interposto pelo agravante BERNARDO SILBERT, por inexistente devido à ausência de representação processual. Intime-se. Porto Alegre, 07 de julho de 2015 (terça-feira). 8 4 CONTRATO DE ESTÁGIO Lei nº 11.788/2008 O contrato de estágio não é uma forma de relação de emprego, é uma modalidade especial de contrato com objetivos pedagógicos e de formação profissional. Deve-se observar seu objetivo de complementar o ensino em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares. Trata-se de uma relação jurídica triangular que tem como centro de imputação da norma jurídica o estagiário, a instituição escolar e a empresa concedente. Cabe a instituição de ensino fiscalizar o estágio. 4.1 RESPONSABILIDADES DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal; Avaliar as instalações do concedente do estágio e sua adequação à forma cultural do educando; Exigir periodicamente do educando, no prazo máximo de 6 meses, relatório das atividades; Reorientar o estagiário para outro locar no caso de descumprimento das normas; Realizar avaliações; Celebrar convênio com a empresa concedente. 4.2 RESPONSABILIDADES DA EMPRESA CONCEDENTE A empresa concedente pode ser Pessoa Jurídica de direito privado ou público, ou profissional liberal de nível superior, e tem as seguintes obrigações: Celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino; Disponibilizar para o estagiário suas instalações; Jornada definida em comum acordo entre instituição de ensino, concedente e aluno ou representante legal. (Art.10, lei 11.788/2008); Jornada de 4 horas diárias e 20 semanais para educação especial e dos anos finais do ensino fundamental; (art. 10, I, lei 11.788/2008) Jornada de 6 horas diárias e 30 horas semanais para ensino superior, profissional, ensino médio e médio regular; (art.10, I, Lei 11.788/2008) Estágios que alteram entre teoria e prática, até 40 horas semanais. (Art.10, §1º, lei 11.788/2008) 9 4.3 DIREITOS DO ESTAGIÁRIO Bolsa estágio; (art.12, 11.788/2008) Auxílio transporte; (art. 12) Seguro contra acidentes; (art. 9º, IV) Recesso de 30 dias, preferencialmente durante as férias escolares; (art. 13) Jornada de trabalho; (art.10) Legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho; (art.14) Termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas. (Art.9º, V) 4.3.1 Acórdão Contrato de Estágio PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 11ª Turma Identificação PROCESSO nº 002043013.2013.5.04.0282 (RO) RECORRENTE: CELIANDRA RAMOS FERREIRA RECORRIDO: ARCTESTSERVICOS TEC. DE INSPECAO E MANUT. INDUSTRIAL LTDA RELATOR: RICARDO HOFMEISTER DE ALMEIDA MARTINS COSTA EMENTA VÍNCULO DE EMPREGO. ESTÁGIO. Não comprovado o preenchimento dos requisitos essenciais do contrato de estágio, nos moldes da Lei nº 11.788/2008, impõe-se o reconhecimento da existência de relação de emprego entre as partes. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 11ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 04ª Região: por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso ordinário da reclamante, para reconhecer o vínculo de emprego entre as partes no período de 10/11/2008 a 16/09/2011 e condenar a reclamada a proceder à sua anotação na CTPS da autora, bem como a pagar-lhe diferenças salariais pela aplicação do salário mínimo nacional, horas extras, 13º salários, férias com 1/3, indenização correspondente ao PIS equivalente a um abono anual e FGTS acrescido da indenização de 40%. Valor da condenação acrescido em R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e custas acrescidas em R$ 80,00(oitenta reais). Intime-se Porto Alegre, 18 de junho de 2015 (quinta-feira) 10 5 SOCIEDADE Sociedade é aquele contrato onde duas ou mais pessoas mutuamente obrigam-se a combinar seus esforços ou recursos, para alcançarem fins comuns. Esse tipo de contrato acarreta direitos e obrigações recíprocas entre os sócios. Existem algumas semelhanças entre o contrato de emprego e o contrato de sociedade, como a comunhão de esforços entre as partes, visando um objetivo comum. Já as diferenças seriam as posições jurídicas distintas ocupadas pelos sujeitos do contrato, devido a contraposição de interesses jurídicos. No contrato de emprego, o objetivo é a prestação de serviços; no contrato de sociedade, o objetivo é a própria formação da sociedade, e, consequentemente, a obtenção de resultados, não havendo relação de subordinação. Na sociedade, predomina o elemento affectio societatis, devido a união de interesses dos sócios. Os sócios unem-se para a formação da vontade social e os riscos do empreendimento recaem sobre eles. A retribuição não é certa, pois nem sempre a atividade da sociedade terá fins econômicos, porém, sempre haverá retribuição material aos empregados. 5.1 DEFINIÇÕES DE SOCIEDADE SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL Art. 981: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Art. 1001: As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e termina quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. Art. 1002: O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em modificação do contrato social. Art. 1039: Somente pessoas físicas podem tornar-se parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sócias. 5.1.1 Acórdão Acórdão do processo 011590033.1984.5.04.0009 (AP) Data: 02/06/2015 Origem: 9ª Vara do Trabalho de Porto Alegre Órgão julgador:Seção Especializada Em Execução Redator: Luiz Alberto De Vargas 11 Participam: João Alfredo Borges Antunes De Miranda, Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo, Vania Mattos, Maria Da Graça Ribeiro Centeno, Lucia Ehrenbrink, João Batista De Matos Danda PROCESSO: 011590033.1984.5.04.0009 AP EMENTA AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXECUTADO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Hipótese em que o ex-sócio teve participação na sociedade durante a vigência do contrato de trabalho mantido entre a empresa Executada e o Exequente. Sendo assim, não pode agora o ex-sócio, que se beneficiou do trabalho do Exequente, eximir-se da responsabilidade decorrente de relação de emprego em questão. Agravo de Petição não provido. Acórdão por unanimidade, negar provimento ao agravo de petição do executado. 12 6 REPRESENTAÇÃO COMERCIAL E/OU AGÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO Representação comercial é um pacto pelo qual uma pessoa física ou jurídica obriga- se a desempenhar, em caráter oneroso, não eventual e autônomo, em nome de uma ou mais pessoas, a mediação para realização de negócios mercantis, agenciamento de propostas ou pedidos para os transmitir aos seus representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios O representante comercial não será mandatário, ele provocará a ocorrência de atos jurídicos, dos quais poderá participar. Realizará diversas funções e será classificado como um colaborador jurídico. Não prestará somente serviços determinados pelo contrato, uma vez que o contrato não descreve as atividades, e sim, o resultado útil do trabalho. A remuneração será feita através de comissões que serão calculadas com base no montante dos negócios realizados, com periodicidade máxima mensal. A rescisão do contrato pode ser feita em decorrência de: desídia do representado; prática de atos que importem descrédito comercial do representado; descumprimento de obrigação; condenação definitiva por crime contra o patrimônio; e, força maior. Neste caso, não caberá indenização e prévio aviso. Já o representante poderá rescindir o contrato em decorrência de: redução da esfera de atividade do representante; quebra direta ou indireta, de exclusividade prevista no contrato; fixação abusiva de preços na zona do representante, com objetivo de lhe impossibilitar o regular exercício de seu trabalho; não pagamento de sua contraprestação na época devida; e, força maior. Neste caso, salvo força maior, fará jus a indenização e aviso prévio. A indenização não será inferior a 1/12 do total recebido durante todo o tempo em que desempenhou a apresentação. O aviso prévio corresponderá a 30 dias ou 1/3 das comissões dos últimos 3 meses, se o contrato for superior a 6 meses. O contrato de representação comercial é regulamentado pela lei 4886/65 e pelo Código Civil Brasileiro. 6.1 DEFINIÇÃO SEGUNDO CÓDIGO CIVIL Art. 710: Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculo de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. § único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. 6.1.1 Acórdão Representação Comercial PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO 13 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 4ª Turma Identificação PROCESSO nº 002014056.2013.5.04.0004 (RO) RECORRENTE: JOAO PAULO RIBEIRO FLORES, BARSA PLANETA INTERNACIONAL LTDA RECORRIDO: BARSA PLANETA INTERNACIONAL LTDA, EDITORA PLANETA DEAGOSTINI DO BRASIL LTDA., JOAO PAULO RIBEIRO FLORES RELATOR: MARCELO GONCALVES DE OLIVEIRA EMENTA VÍNCULO DE EMPREGO. PRIMAZIA DA REALIDADE. O Direito do Trabalho é orientado pelo princípio da primazia da realidade, de maneira que a existência ou não da relação de emprego depende da forma como o trabalho é realizado, independentemente da roupagem formal emprestada à relação travada entre as partes no plano material. Sendo assim, quando a situação de fato revela que estão presentes os requisitos de que tratam os artigos 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, deve ser reconhecido o vínculo jurídico de emprego. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 04ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS BARSA PLANETA INTERNACIONAL LTDA. E OUTRA. Por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO DO RECLAMANTE JOAO PAULO RIBEIRO FLORES para condenar a reclamada ao pagamento de FGTS também em relação ao período de 18/06/2007 a 17/06/2009. Valor da condenação majorado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Custas residuais de R$ 100,00 (cem reais), pelas reclamadas. 14 7 PARCERIA RUAL Parceria rural é o contrato pelo qual uma ou mais pessoas comprometem-se a realizar ou mandar realizar uma ou mais tarefas agrícolas ou pecuárias, em área rural ou prédio rústico, para um empregador de serviços rural, sob direção do próprio prestador e mediante uma retribuição especificada. Além de estar previsto na CLT, é também regulado pelo código civil e pelo estatuto da terra. Segundo o estatuto da terra, o trabalhador recebe do empregador um imóvel rural para ser cultivado por ele sob as ordens do empregador, e o resultado obtido será dividido entre as partes nas proporções acordadas por ambos. O contrato funciona com uma das partes entrando como o trabalho e a outra com o imóvel. A remuneração para o parceiro trabalhador não precisa ser periódica, ele receberá sua parte calculada sobre o resultado final da colheita. A situação econômico-social dos parceiros costuma ser inferior à do tomador rural, por isso, aplica-se no que for possível, as regras trabalhistas. O contrato de parceria rural não exige pessoalidade e nem subordinação, porém, não se proíbe haver a existência de pessoalidade da figura do prestador de serviços. Não há subordinação, pois se houvesse, estaria caracterizada a relação de emprego entre as partes. 7.1 PARCERIA RURAL SEGUNDO O DECRETO Nº 59.566/66 “Parceria rural é o contrato agrário, pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, das partes do mesmo, incluindo ou não benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias primas de origem animal, mediante partilha de riscos de caso fortuito e de força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos na produção que estipularem, observados os limites percentuais da lei.” 7.1.1 Acórdão Parceria Rural PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO 1ª Turma Identificação PROCESSO nº 002023046.2015.5.04.0731 (RO) RECORRENTE: PAULO CESAR DE OLIVEIRA, RICARDA RODRIGUES PACHECO RECORRIDO: ANTONIO DERLI NUNES DA SILVA RELATOR: ROSANE SERAFINI CASA NOVA EMENTA 15 RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMANTES. PARCERIA RURAL. (IN)COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O contrato de parceria rural é modalidade de contrato societário, no qual as partes dividem os lucros e prejuízos advindos do negócio. Não se trata, portanto, de relação de trabalho, de modo que resta afastada a competência desta Justiça Especializada. Recurso desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistradosintegrantes da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 04ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMANTES PAULO CESAR DE OLIVEIRA E RICARDA RODRIGUES PACHECO. 16 REFERÊNCIAS FREDIANE, Yone. Direito do trabalho. São Paulo: Manole, 2011. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito, 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MARTINS, Sérgio Pinto. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Cínthia Machado de e Dorneles, Leandro do Amara Dorneles de. Direito do trabalho. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013. RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado, 4º ed. Ver., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014. BOMFIM, Vólia Cassar. Direito do Trabalho, 9º ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014. CARVALHO, Augusto Cesar Leite de. Direito do Trabalho. Aracaju: Evocati, 2011. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 7º ed. São Paulo: 2011 Site do Tribunal Regional do Trabalho 4ª Região: http://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/home Código Civil Brasileiro de 2002 Consolidação das Leis do Trabalho 1943
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