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Aula 9 ocidental

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Aula 9: A Cultura no Mundo Romano 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Identificar a importância da produção cultural romana para a formação do 
universo mental de diversos povos antigos 
 
2. enumerar as principais áreas de conhecimento desenvolvidas no mundo 
romano; 
 
3. determinar os principais componentes da religiosidade no mundo romano; 
 
4. apontar as diversas afinidades entre a cultura grega e a cultura romana; 
 
5. detectar as permanências da cultura romana no mundo contemporâneo. 
 
RELIGIÃO ROMANA ANTIGA: 
 
Os romanos tinham sua religião baseada na fides (fidelidade) entre os homens 
e os deuses. Essa fidelidade-confiança depositada pelos deuses nos homens 
poderia ser assegurada através de rituais. Para eles, o ser humano individual 
não era importante; sua vivência de religiosidade era uma questão da 
comunidade. Esse princípio valia, inclusive, para toda a vida romana, na qual a 
individualidade era absorvida pela família, clã e Estado. 
O chefe da família (pater familiae) controlava, entre outras coisas, o culto 
doméstico. Os deuses domésticos, deuses lares, eram cultuados diariamente, 
a cada refeição e nenhum acontecimento familiar poderia ocorrer sem a 
aprovação divina e dos ancestrais. 
A religiosidade romana não possuía dogmas, livros sagrados e seus 
sacerdotes não formavam, necessariamente, uma camada à parte. Apesar 
disso, a religiosidade era algo real e vivido cotidianamente. Os deuses eram 
“cidadãos nacionais”, poderosos, que favoreciam os romanos que obedeciam 
rigorosamente os muitos ritos que lhes eram devidos. 
 
 
As Divindades Romanas 
 
Por muito tempo essas divindades não foram imaginadas como seres 
individualizados; eram potências. Os romanos não cultivaram o hábito, tão 
peculiar dos gregos, de personificá-los, dar-lhes formas humanas, criar-lhes 
imagens e tão pouco atribuir-lhes uma mitologia. 
Uma das poucas divindades personificada era a deusa Vesta. Ela era cultuada 
pelas Virgens Vestais, junto ao Foro, em sua redonda cabana de palha que 
mais tarde se transformou em templo, era a deusa do fogo de Roma. 
Destacava-se também no culto familiar. 
Essa impessoalidade foi mudando tão logo os romanos começaram a conviver 
com os habitantes da Etrúria, por sua vez, influenciados pelas ideias gregas 
das cidades da Magna Grécia. 
 
DIREITO ROMANO: 
 
O Direito romano evoluiu muito ao longo da República, mais precisamente, na 
segunda metade do século III a.C. No ano de 253 a.C, um sumo sacerdote 
(Pontifex Maximus) de origem plebeia, Tito Coruncânio, permitiu que seus 
alunos assistissem às consultas jurídicas que realizava devido a seu posto. 
Essa medida permitiu que fossem treinados os primeiros juristas leigos 
romanos (iurisprudentes). 
Tais indivíduos, cuja longa linhagem se inaugura aqui, não eram advogados 
(essa era a função dos oradores profissionais), mas eram consultores, 
professores, escritores e figuras públicas. Influenciavam pretores, juízes e 
outros funcionários. Além disso, assessoravam os cidadãos em vários assuntos 
dando repostas (responsa prudentium) em questões ligadas ao direito. 
 
Os Tribunais Seculares 
 
Se antes tudo estava nas mãos do Pontifex Maximus, a partir de então, os 
tribunais seculares tornaram-se norma. Os juristas compareciam aos 
julgamentos, contribuindo de forma vital. Esses homens interpretaram, 
modificaram as leis romanas a começar pela Lei das XII Tábuas, editos, e 
outros estatutos. O reconhecimento público gradual de tais decisões foi um dos 
legados da civilização romana. 
Uma segunda criação, datada do mesmo período, também auxiliou 
consideravelmente na consolidação do Direito Romano, o praetor peregrinus 
(242 a.C). Seu papel era de examinar os casos jurídicos onde um dos 
envolvidos era um estrangeiro (peregrinus), indivíduo que não tinha cidadania 
romana. 
A criação desse cargo auxiliou uma das mais poderosas ideias romanas, a lei 
das nações (ius gentium), cuja evolução de significado atingiu nossos dias. O 
princípio da ius gentium partia da premissa de um corpo de princípios legais 
universalmente aceitáveis. 
O direito romano era muito superior em precisão e substância a outros direitos 
da mesma época. Apesar disso, os demandantes romanos sofriam com 
demoras para a solução de suas questões. (Não muito diferente dos dias de 
hoje). 
 
LITERATURA ROMANA NA REPÚBLICA 
 
Na literatura romana, vários nomes tiveram grande destaque escrevendo os 
mais diversos gêneros: poemas épicos, tragédias, comédias, narrativas 
históricas entre outros. Um dos nomes mais antigos nesse campo é o do 
versátil poeta Névio (270-201 a.C). Nascido em Cápua, sul da península, cujos 
habitantes a essa altura já haviam atingido a cidadania, Névio escreveu obras 
patrióticas, das quais só sobreviveram fragmentos, sobretudo relacionados às 
Guerras Púnicas. Redigiu também algumas comédias, mas nesse gênero foi 
sobreposto por Plauto. 
Tipos de Textos Acadêmicos: Todo trabalho acadêmico, ou seja, toda pesquisa 
ou atividade acadêmica, pode e deve ser divulgada em diferentes tipos de 
textos: 
O comediógrafo nascido na Úmbria nos deixou vinte e uma peças completas, 
mas sabemos, por referências indiretas, que produziu mais de cem obras. O 
modelo por ele utilizado era o da Comédia Nova grega, utilizando seus enredos 
e personagens. O resultado, no entanto, era algo totalmente inusitado, pois 
conseguiu adaptar a métrica dos versos gregos ao latim. 
Além disso, era muito mais explícito em suas críticas e sarcasmo. Sua obra é o 
clássico exemplo do CONTAMINATIO, a mistura de elementos das duas 
culturas gerando um produto diferenciado, ainda que pareça haver a 
predominância de valores gregos. 
Suas obras apresentavam uma exuberante inversão dos padrões morais em 
vigor: o respeito paterno, o valor do matrimônio, as relações de patronagem. 
Para evitar perseguições, sofridas por Névio, por exemplo, Plauto “disfarçava” 
suas colocações deixando claro que aqueles elementos ali criticados não eram 
romanos e, sim, gregos, estrangeiros em geral. 
 
O Poeta Ênio 
 
Ênio, outro poeta, alguns anos mais jovem que Plauto, também foi muito 
importante ao longo da República. Escreveu sátiras moralizante e racionalizou 
a mitologia tradicional. É considerado o primeiro literato profissional de Roma e 
pai da poesia latina. Entre os anos de 101 a.C. a 14 d.C, temos a a chamada 
fase clássica da literatura latina onde se destacaram figuras como Vírgilio, 
autor de Eneida, Horácio, famoso por expressões como carpe diem, e Ovídio. 
 
ARQUITETURA NA REPÚBLICA: 
 
Ao longo da República, houve um considerável aumento do afluxo de moedas 
e barras de ouro e prata para Roma, resultado de seu expansionismo. Já 
superava todas as cidades do lado ocidental em riqueza. Seus edifícios 
começaram então a acompanhar tal crescimento. A influência do Helenismo 
era evidente na criação de grande pórticos e basílicas. A mais antiga é a de 
Pompeia (120 a.C), uma grande estrutura retangular com colunas internas. 
Posteriormente, essas basílicas foram reconstruídas adotando uma solução 
tipicamente romana, os arcos redondos. Mais algumas décadas e os romanos 
estabeleceram uma nova transformação, os arcos monumentais ou 
comemorativos, isolados de qualquer outra construção. 
Foram os precursores dos arcos de triunfo imperiais que ainda são vistos nos 
dias de hoje. Essa evolução dos arcos e arcadas, vãos e abóbodas foi possível 
graças à descoberta do concreto, a mais revolucionária de todas as técnicas. 
Os gregos já utilizavam calcário e água misturados desde o século anterior. 
Mas os romanos descobriram as admiráveispropriedades de um material 
existente no seu solo, resultado da fusão natural, pulverizada de cinzas e 
argila. Era conhecido como pozzolana, pois era encontrado em abundância na 
região de Pozzuoli, Nápoles. 
A partir daí, várias possibilidades foram exploradas. Os aquedutos, por 
exemplo, se difundiram. Em 144 a.C., foi criado o primeiro em Roma, apoiado 
em arcos, o Acqua Marcia, que abastecia a cidade a partir de uma fonte 
distante em torno de 50km. 
Essa obra simbolizou o marco para um abastecimento constante em Roma e 
nas províncias. Representou, ainda, a preocupação romana com obras 
públicas sólidas e utilitárias. O abastecimento de água foi muito empregado 
também em termas, banhos públicos e chafarizes, para melhorar as condições 
da cidade. 
Paralelamente à construção dos aquedutos teve início uma expansão da malha 
viária ligando várias regiões. Embora estreitas, as vias romanas eram 
duradouras e resistentes, pavimentadas com a lava do Monte Albano. 
Obviamente a opulência romana, embora expressa em obras públicas, não 
atingiu aos mais pobres em suas vidas privadas. A crescente população das 
cidades vivia em casas mal erigidas, sem iluminação, sem calefação, sujeitas a 
incêndios e enchentes. 
Por outro lado, os mais ricos gozavam também em suas vidas privadas desse 
avanço tecnológico. Suas casas passaram a ser revestidas de pedras, as 
fachadas eram lisas e bem estruturadas. Algumas tinham, inclusive, água 
canalizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Cloaca Máxima 
 
Não podemos deixar de citar também um grande feito romano em termos de 
saneamento público, a Cloaca Máxima. Ela começou a ser construída ainda no 
período etrusco, mas sua conclusão data da República. Através dessa obra, 
era drenado o lixo e as águas residuais da cidade para o rio Tibre, em direção 
ao Mar Tirreno. 
O grande labirinto se espalhava pelos subterrâneos de toda a capital, 
recolhendo seus detritos de casa em casa através de pequenos túneis, 
compondo um complexo sistema de túneis e galerias maiores . Ela foi 
conservada e aprimorada ao longo de todo o Império. 
 
 
ARQUITETURA NO IMPÉRIO 
Desde a instauração do império, no século I a.C., a arte foi utilizada em Roma 
como demonstração de grandeza. A imagem da capital mudou, bem como do 
resto das cidades do império. Palácios, casas de veraneio, arcos de triunfo, 
colunas com estelas comemorativas, alamedas, aquedutos, estátuas, templos, 
termas e teatros foram erguidos ao longo dos domínios romanos. 
As termas eram ambientes de prestação de serviços a ambos os sexos, em 
separado; com banhos em atmosfera aquecida (à romana) e banhos frios em 
piscinas. 
Elas já existiam ao longo da República, mas seu uso foi mais disseminado 
nesse período. Todos podiam frequentá-las, mas os pobres só as utilizavam no 
 final do dia. Mulheres e crianças também, mas em horários diferentes dos 
homens. As termas de Caracalla, um marco do Império, permitiam o banho 
simultâneo de mil e seiscentas pessoas. 
Os teatros e os anfiteatros romanos apareceram pela primeira vez no final do 
período republicano. 
Diferentemente dos teatros gregos, situados em declives naturais, os teatros 
romanos foram construídos sobre uma estrutura de pilares e abóbadas e, 
dessa maneira, puderam ser instalados no coração das cidades. Os teatros 
romanos também seguiram a tradição helênica, mas buscaram outra solução 
através dos anfiteatros, cujo exemplo máximo é o Coliseu, com capacidade de 
sessenta mil pessoas. 
O Coliseu foi construído por ordem do imperador Vespasiano e concluído no 
governo de seu filho, Tito. Era utilizado para apresentações de gladiadores 
lutando entre si, com feras e, por vezes, no martírio de cristãos. 
Os circos, por sua vez, representam uma versão dos estádios gregos, com 
pista alongada e tribunas laterais para o público, serviam a realização de 
corridas de carros tracionados por dois cavalos (bigas), ou por quatro 
(quadrigas). No governo de Constantino, alguns desse espaços foram 
utilizados para cultos cristãos.

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